DOUTRINA: CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITE DOUTRINA: IVES GANDRA SILVA MARTINS FILHO Lei Complementar n. 150/2015. - Conceito: art. 1º Serviço contínuo, subordinado, oneroso e pessoal; Prestação de serviço para pessoa (física) ou família, sendo vedado pessoa jurídica; Sem finalidade lucrativa à pessoa ou à família empregadora; Realização do serviço no âmbito residencial da pessoa ou família; Mais de 2 dias por semana; Maior de 18 anos, sendo vedado contração de menor de idade. Elementos caracterizadores da relação de emprego doméstico: a) Prestação de serviços de forma continua, por mais de dois dias por semana: a partir da Lei Complementar n. 150/2015, o legislador positivou como parâmetro a baliza dos “mais de dois dias” de prestação de serviços por semana. Se o serviço doméstico for prestado uma ou duas vezes por semana será desprovido das proteções jurídicas oferecidas aos reconhecidos como empregado, caracterizando apenas como um “trabalho doméstico não contínuo”. Em suma, ainda que desenvolvidos com pessoalidade, onerosidade, alteridade, regularidade, previsibilidade do dia de repetição, subordinação e dependência econômica do trabalhador, não serão inseridas no modelo de um contrato de emprego. b) Prestação de serviço para pessoa ou família: somente pessoas físicas ou agrupamento familiar de pessoas físicas, unidas por laços de parentesco ou de afinidade, podem contratar empregados domésticos. Se a contratação do trabalhador for operada por empresa ou por entidade a ela assemelhada, o vínculo empreendido não será doméstico, mas sim urbano ou rural. - Impossibilidade de sucessão de empregadores: se um casal viaja para o exterior e “repassa” sua empregada doméstica para outro casal amigo, não se poderá falar em sucessão de empregadores, uma vez que esse instituto pressupõe o exercício de uma atividade econômica entre sucessor e sucedido. - Numa família a responsabilidade é compartida porque os integrantes do núcleo familiar, desde que juridicamente capazes, são devedores solidários entre si. A responsabilidade compartida, entretanto, pode cessar na medida em que um dos integrantes do núcleo familiar (atendido pelo doméstico) dele se afaste. Aquele que deixa a unidade servida pelo doméstico terá responsabilidade patrimonial até o instante da retirada. A representação processual patronal é feita em juízo por qualquer integrante do núcleo familiar (Súmula 377 do TST). c) âmbito residencial de pessoa ou família: normalmente aquele que realiza habitualmente serviços na residência de pessoas ou família é efetivamente um trabalhador doméstico. Se a atividade dele reverte em favor de um núcleo familiar, sem gerar lucratividade para os destinatários, haverá, quase sempre, um trabalho doméstico. Afirma-se “quase sempre” porque existem prestadores de serviços em domicílio legalmente integrantes de categoria profissional diferenciada. Nada impede, todavia, que um integrante de categoria profissional regulamentada por lei aceite a proposta de ser empregado doméstico para realizar atividades típicas do ambiente residencial, cabendo a comprovação desse especial ajuste contratual. - Área territorial de atuação: o trabalho doméstico não se restringe ao interior da residência de pessoa ou de família. Entende-se por âmbito residencial a esfera, o campo por onde se estendem as atividades familiares, sem que elas necessariamente estejam restritas ao interior das casas residenciais. d) Atividades sem fins lucrativos: o trabalho prestado pelo doméstico não produz consequências ou resultados econômicos, uma vez que se restringe ao atendimento dos interesses pessoais do tomador ou de sua família. Se o empregado doméstico é solicitado para auxiliar seu empregador em atividade econômica que vise à produção ou à circulação de bem ou de serviços, o ajuste sofrerá grave alteração. Nesse caso, a partir do instante em que se encetou o desvirtuamento, será iniciado um novo ajuste de emprego (efeito ex nunc), desta vez de natureza urbana ou rural, a depender da atividade econômica desenvolvida. A contagem do prazo prescricional para a postulação de vantagens relacionadas ao vínculo de emprego doméstico começa a fluir a partir do supracitado desvirtuamento contratual. Obs: há quem entende que o desvirtuamento gera efeitos ex tunc, vale dizer, retroação à data de início do contrato de emprego originalmente doméstico para transformá-lo integralmente em contrato de emprego urbano ou rural. Não seria razoável, por conta do princípio da primazia da realidade. - Não se deve confundir a problemática dos efeitos decorrentes do desvirtuamento contratual com aquela que diz respeito à possibilidade de celebração de “contratos em separado”, porque é possível a contratação concomitante de um mesmo empregado para a realização de serviços domésticos e para a operação de alguma atividade econômica, desde que em horários compatíveis. CLASSIFICAÇÃO a) Empregados efetivamente domésticos: são os empregados que estão disciplinados pela Lei Complementar n. 150/2015; b) Empregados em condomínios residenciais: embora domésticos na essência, os empregados porteiros, zeladores, faxineiros e serventes de prédios de apartamentos residenciais são excluídos da categoria regida pela Lei Complementar n. 150/2015. Isso ocorre por força do disposto na Lei n. 2.757/56, desde que os mencionados obreiros estejam a serviço da administração do edifício, e não de cada condômino em particular. Assim, por comando legal, esses trabalhadores estão regidos pela CLT. Anote-se que a se aplica a qualquer modalidade condomínio residencial, e não apenas aos prédios de apartamentos residenciais, conforme literalmente previsto na citada lei. Em qualquer hipótese, entretanto, os condôminos responderão, proporcionalmente, pelas obrigações previstas nas leis trabalhistas, inclusive as de natureza judicial e extrajudicial. São considerados representantes dos empregadores os síndicos eleitos.
RESPONSABILIDADE CIVIL DAS AGÊNCIAS
ESPECIALIZADAS NA INDICAÇÃO DE DOMÉSTICOS Nos termos da Lei n 7.195/84, as agências especializadas na indicação de empregados domésticos são civilmente responsáveis pelos atos ilícitos cometidos por estes no desempenho de suas atividades. No ato da contratação, a agência firmará compromisso com o empregador, obrigando-se reparar qualquer dano que venha a ser praticado pelo empregado contratado, no período de um ano.
DIREITOS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS
DEVIDOS AOS DOMÉSTICOS - Têm direito a tudo o que está previsto no parágrafo único do art. 7º da CF e ao que, embora não constante do referido dispositivo constitucional, lhe tenha sido estendido por lei ou por contrato. - Ocorrerá serviço em viagem sempre que o empregador se deslocar para lugar diverso daquele em que normalmente se dá a prestação dos serviços. Deseja-se excluir do conceito de serviço de viagem aquele realizado em segunda residência familiar, desde que, evidentemente, exista previsão contratual nesse sentido ou, pelas circunstâncias, isso se possa presumir. - O ônus de provar a jornada de trabalho do empregado doméstico, de início, é do empregador, pois a lei lhe impôs a produção de prova específica (Súmula 338, III, do TST).