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ENCONTRO INTERNACIONAL DE ENSINO E PESQUISA EM CIÊNCIAS NA AMAZÔNIA

Tabatinga – AM, de 28 de novembro a 02 de dezembro de 2016


Centro de Estudos Superiores de Tabatinga

O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DIDÁTICA PARA O DESENVOLVIMENTO DO


CÁLCULO MENTAL

Karem Keyth de Oliveira Marinho1


Diene Bento Ramos2
Max Nogueira Falcão3
Ivan Mauricio Velasquez Ruiz4

RESUMO
A presente experiência foi realizada com apoio do Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência – PIBID, da CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil e desenvolvida pela equipe do subprojeto de
Matemática do Centro de Estudos Superiores de Tabatinga da Universidade do
Estado do Amazonas, no período de 2012 e 2013. Assim sendo, trazemos no
presente trabalho o relato de experiência realizada no âmbito do Pibid, em que
refletimos sobre as potencialidades do lúdico e do material concreto como recursos
para estimular o cálculo mental. Como experiência, retratamos uma regência
realizada no 9º ano do Ensino Fundamental envolvendo as operações de
multiplicação e divisão com Números Inteiros, a partir do Jogo STOP e do quebra-
cabeça triangular. Durante a regência percebemos o entusiasmo dos alunos e o
quanto essas dinâmicas facilitaram o desenvolvimento dos cálculos presentes na
solução dos problemas propostos ao final da regência. Notamos também a
dificuldade dos alunos em interpretar os enunciados e, por esse motivo,
evidenciamos a relevância de atividades como esta estarem mais presentes nas
aulas de Matemática.

Palavras-chave: Educação Matemática. Números Inteiros. Resolução de


Problemas. Pibid.

1 INTRODUÇÃO

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - Pibid oportuniza


uma melhor formação profissional, pois incentiva a aplicação de metodologias
diferenciadas e inovadoras em sala de aula. Assim, o subprojeto de Matemática do
Centro de Estudos Superiores de Tabatinga implementado no período de 2012 e
2013 buscou ao longo da realização de suas atividades, utilizar a Resolução de
Problemas, uma vez que acreditamos que ao serem alcançados os objetivos

1
Universidade do Estado do Amazonas – UEA. karemdeoliveira@gmail.com.
2
dienebento@gmail.com.
3
max20010_falcao@hotmail.com.
4
ivan_mauricio11@hotmail.com.
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propostos por esta metodologia, é possível minimizar as dificuldades dos alunos em


relação ao aprendizado da Matemática.
Nesta direção, dentre as várias atividades realizadas no período acima
mencionado, está uma regência voltada para o desenvolvimento do raciocínio lógico,
pois consideramos que “é preciso desenvolver no aluno a habilidade de elaborar
raciocínios lógicos e fazer o uso inteligente e eficaz dos recursos disponíveis, para
que ele possa propor boas soluções às questões que surgem em seu dia a dia, na
escola ou fora dela” (DANTE, 2009, p. 19).
Para tanto, compreendemos que antes de desenvolver o raciocínio lógico o
aluno precisa ser estimulado a realizar cálculos mentais o que consequentemente irá
auxiliá-lo no enfrentamento de situações-problema, então buscamos realizar
atividades lúdicas e materiais concretos que proporcionassem aos alunos um
contato com situações que explorassem o cálculo mental, para em seguida
solucionarem problemas.
Como base para nossas atividades, selecionamos as operações de
multiplicação e divisão com números inteiros, pois em um estudo recente, realizado
neste mesmo subprojeto, fora revelado que esses conteúdos estão dentre os que os
alunos apresentam maior dificuldade de compreensão (PEREIRA et al, 2012).
Assim, enfatizamos nesta regência, atividades envolvendo o conjunto dos
Números Inteiros, haja vista que até o 6º ano do Ensino Fundamental o aluno só
trabalha com Números Naturais, em que o zero é tido como o menor número e o
primeiro na contagem, e ao iniciar o estudo dos números inteiros o aluno se depara
com números negativos e positivos, gerando dificuldades de compreensão, pois
além de ser um conceito novo, nem sempre o aluno consegue perceber a aplicação
destes em seu cotidiano.
Logo, trazemos no presente trabalho, o planejamento e o desenvolvimento da
regência, relatando e refletindo sobre a experiência vivenciada pela equipe do Pibid.

O PLANEJAMENTO DA REGÊNCIA
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A regência foi planejada para ser realizada com 36 alunos do 9º ano do


ensino fundamental no turno vespertino da Escola Estadual Conceição Xavier de
Alencar, localizada no Município de Tabatinga, Estado do Amazonas.
Ao iniciarmos as atividades revisamos, por meio de uma aula expositiva
dialogada, o conceito e operações com números inteiros, especificamente a
multiplicação e divisão. Optamos pela aula expositiva tendo em vista que, apesar de
uma das técnicas de ensino mais antiga, ainda é útil e necessária, e assumimos a
posição de diálogo, haja vista que “a mensagem apresentada é simples pretexto
para desencadear a participação dos alunos, podendo haver contestação, pesquisa
e discussão, sempre que oportuno e necessário”. (Piletti, 2010, p.106)
Após a explanação, dividimos a sala em dois grupos, um formado por
meninos e o outro por meninas, em seguida aplicamos o jogo matemático chamado
Jogo do STOP e após a finalização deste jogo, os grupos montaram um quebra-
cabeça triangular, conforme descritos a seguir:

 Jogo do STOP5: Esse jogo é comumente utilizado com palavras que devem
ser escritas a partir de uma determinada letra indicando, por exemplo, nomes
próprios, cidades, frutas etc. Em matemática adaptamos o jogo, utilizando números
e operações com Números Inteiros (figura 1), onde preenchemos a grade, efetuando
os cálculos até chegar ao “total de pontos”. A cada número ditado, novas linhas vão
se formando. O grupo considerado vencedor era aquele que terminasse primeiro e
que deveria falar a palavra “STOP”, e com isso, todos os demais deveriam param.
Cada linha certa o grupo ganhava 1 ponto e ao final os pontos eram somados
indicando o grupo vencedor.

Figura 1. Tabela utilizada no jogo STOP.

Fonte: Arquivo pessoal.

5
Disponível em: <mariaaparecida0.tripod.com/pagina4.htm>. Acesso em: 10 abr. 2013.
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Objetivamos nesse jogo estimular o cálculo mental dos alunos, uma vez que
para o preenchimento das linhas há a necessidade de rapidez nas respostas a fim
de garantir a pontuação do grupo. Como estávamos trabalhando com números
inteiros, utilizamos números positivos e negativos: (-2), 7, (-5), 1 e 9.

 Quebra-cabeça triangular: Composto por um triângulo de madeira com 15


peças que para serem encaixadas no triângulo é preciso efetuar os cálculos
presente nas extremidades de cada peça (figura 2). Cálculos esses envolvendo
operações de multiplicação e divisão com Números Inteiros.

Figura 2. Base triangular e peças do quebra-cabeça triangular.

Fonte: Arquivo pessoal.

Assim como no jogo anterior, este quebra-cabeça também visa estimular o


cálculo mental a partir do cálculo das expressões sem o uso de anotações. Logo, o
grupo que conseguisse montar primeiro, ganhava 1 ponto.
Após essas dinâmicas, os alunos foram conduzidos a resolver dois problemas
(figura 3) a fim percebermos se o lúdico estimulou o calculo mental e
consequentemente, o raciocínio lógico.
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Figura 3. Problemas utilizados na regência.

Fonte: arquivo pessoal de RAMOS, D. B.

Os problemas utilizados (figura 3) remetem situações-problemas que segundo


Dante (2009, p.27)

São aqueles que retratam situações do dia a dia e que exigem o uso da
matemática para serem resolvidos. [...] por meio de conceitos, técnicas e
procedimentos matemáticos procura-se matematizar uma situação real,
organizando os dados em tabelas, traçando gráficos, fazendo operações
etc. (DANTE, 2009, p. 27)

Assim, buscamos situações nos quais os alunos poderiam explorar os


conceitos de números positivos e negativos em situações reais, observando uma
das aplicações do conteúdo. Através destes problemas, avaliamos o entendimento
dos alunos, a fim de perceber a compreensão dos mesmos acerca da utilização dos
conteúdos em situações-problemas e assim, verificar se o lúdico contribuiu na
aprendizagem dos discentes.

A REGÊNCIA

A aula expositiva dialogada para revisar as operações de multiplicação e


divisão com números inteiros se tornou nosso primeiro desafio, pois mesmo sendo
uma das técnicas mais antigas e necessárias para sala de aula, nem sempre atinge
seu objetivo de oportunizar o debate sobre o conteúdo entre alunos e professores
(PILETTI, 2010). Mas, apesar de inicialmente os alunos se mostrarem tímidos, aos
poucos começaram a interagir demonstrando interesse pelo conteúdo explanado.
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Durante a realização do jogo STOP os alunos apresentaram dificuldades em


realizar os cálculos, por esse motivo, as duas linhas iniciais necessitaram de mais
tempo para serem preenchidas, e algumas operações foram realizadas no quadro
para esclarecer as dúvidas, mas aos poucos os alunos começaram a melhorar sua
habilidade em responder a tabela com rapidez.
Após esta brincadeira, ao propor o quebra-cabeça triangular, notamos que os
alunos conseguiam efetuar os cálculos com mais facilidade e rapidez, salientando a
concepção de Moura ao afirmar que

[...] Os jogos são recursos importantes a serem utilizado pelo professor,


desde que eles tenham clareza do seu papel e de que os jogos por si só
não vão garantir a aprendizagem de certos saberes que precisam ser
sistematizados e correlacionados à proposta e aos objetivos pedagógicos
que se esperam atingir.[...] (MOURA, 2003, p.79 apud SOSTISSO;
FARIAS; OLIVEIRA, 2010, 586)

Durante a resolução de problemas os discentes sentiram mais dificuldades


em compreender o enunciado da questão do que aplicar a operação correta, para
minimizar esta problemática propomos a utilização das quatro etapas de Polya
(2006) que consistem em:

1. Compreender o problema:

Primeiro que todo, o enunciado verbal do problema precisa ficar bem


entendido. O aluno deve também estar em condições de identificar as
partes principais do problema, a incógnita, os dados, a condicionante. [...] O
estudante deve considerar as partes principais do problema, atenta e
repetidamente, sob vários pontos de vista. (POLYA, 2006, p.5)

2. Elaborar um plano;

Nesta etapa, elaboramos um plano de ação para resolver o problema,


fazendo a conexão entre os dados do problema e o que ele pede, muitas
vezes, chegamos a uma sentença matemática, isto é, a uma linguagem
matemática que parte da linguagem usual. (DANTE, 2009, p. 30)

3. Executar o plano;
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“Nesta etapa, é preciso executar o plano elaborado, verificando cada passo a


ser dado. Completamos os diagramas (se for o caso) e efetuamos os cálculos
necessários.” (DANTE, 2009, p. 32)

4. Revisar o resultado encontrado.

A esta altura, o estudante cumpriu o seu plano. Ele escreveu a resolução


verificando cada passo. Assim tem boas razões para crer que resolveu
corretamente o seu problema. Apesar de tudo, é sempre possível haver
erros, especialmente se o argumento for longo e trabalhoso. Daí a
conveniência de verificações. Em particular, se houve algum processo
rápido e intuitivo para verificar, quer o resultado, quer o argumento, ele não
deverá ser desprezado. (POLYA, 2006, p.12)

Após explanarmos sobre as Etapas de Polya (2006) os alunos demonstraram


mais interesse em responder os problemas propostos por meio das etapas
sugeridas, além disso, percebemos que os estudantes estavam mais concentrados e
atenciosos (figura 2) para encontrar a solução correta dos problemas. E ao final das
resoluções, ambos os grupos comentaram sentir menos dificuldades com o uso das
etapas de Polya (2006).

Figura 4. Alunos resolvendo os problemas.

Fonte: Arquivo pessoal.

A resolução dos problemas ainda fazia parte da competição sugerida entre os


grupos meninas versus meninos, notamos que nesta atividade as meninas estavam
mais ágeis que os meninos. Esse comportamento do grupo das meninas também se
manteve em todos os jogos anteriores e ao final da competição, este grupo foi o
campeão.
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A resolução dos problemas, ao final da regência, evidenciou que os jogos


lúdicos contribuem na compreensão do conteúdo e estímulo do cálculo mental,
corroborando com o que Hiratsuka (2004, p. 183) nos diz, ao elucidar que nesse
processo de aprendizado “[...] o aluno torna-se o agente dessa construção ao
vivenciar situações, estabelecer conexões com o seu conhecimento prévio, perceber
sentidos e construir significados”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A regência realizada com os alunos do 9° ano resultou em uma experiência


exitosa em relação aos resultados obtidos, pois constatamos que é possível utilizar o
lúdico e o material concreto em diferentes conteúdos, como por exemplo, os
Números Inteiros.
Notamos também o interesse, motivação e o aprendizado dos alunos
envolvidos. Com a utilização do lúdico, do material concreto e da Resolução de
Problemas, a aula tornou-se mais produtiva e motivou a participação dos alunos.
A regência evidenciou também que recursos simples podem ser utilizados nas
aulas de Matemática e muito contribuem no aprendizado dos alunos, por isso
sugerimos a utilização destes ao menos uma vez no contexto das aulas como meio
facilitador de aprendizado no ensino da matemática.
Consideramos que o uso do material lúdico em sala de aula é uma forma
eficaz para compreender os conteúdos e despertar o interesse dos alunos. No
entanto entendemos que para utilizar materiais lúdicos é necessário que saibamos
realizar as atividades para que esta aula não se torne sem significado para os
alunos.

AGRADECIMENTOS

Ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, da


CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil,
pelo apoio na realização deste projeto.
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REFERÊNCIAS

DANTE, L. R. Formulação e resolução de problemas de matemática: teoria e prática.


São Paulo: Ática, 2009.

HIRATSUKA, P. I. A mudança da prática do professor e a construção do conhecimento


matemático. 2004. Disponível em?
<http://www.unesp.br.prograd/PDFNE2004/artigos/eixo3/mudancadapraticadoprofessor.pdf>
Acesso em 03 abr. 2013.

PEREIRA, S. da C. et al. O desinteresse dos discentes do 8º ano do Ensino


Fundamental em estudar Matemática. In: Encontro Internacional de Ensino e
Pesquisa em Ciências na Amazônia, 2, 2012, Tabatinga. Anais... Manaus, UEA
Edições, 2013. p. 286-297.

PILETTI, C. Didática Geral. 24. ed. São Paulo: Ática, 2010

SOSTISSO, A. F.; FARIAS, A. G. de; OLIVEIRA, M. C. de. O uso do TANGRAM na


sala de aula. 2010. Disponível em:
<http://www.pucrs.br/edipucrs/erematsul/minicursos/usodotangramnasaladeaula.pdf
> Acesso em: 03 abr. 2013.

POLYA, G. A arte de resolver problema. Traduzido por Heitor Lisboa de Araújo.


Rio de Janeiro: Interciência, 2006.

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