Capítulo

Brasil
6
Arquitetura em Brasília

ARTE • GRUPO 4 •
RELAÇÕES
Um dos mais importantes arquitetos

RICARDO AZOURY / PULSAR IMAGENS

do mundo, Oscar Niemeyer foi responsá-
vel pelos projetos de diversos prédios da
cidade de Brasília, atual capital do Brasil, à
época de sua fundação. O projeto urbanís-
tico da capital ficou a cargo de Lúcio Costa.
PAULO FRIDMAN / CORBIS / CORBIS (DC) / LATINSTOCK

Professor(a), o obje-
tivo da aula é apresen-
tar o arquiteto Oscar
Niemeyer e conhecer o
seu trabalho e sua im-
Vista da fachada norte do antigo Ministério portância para a arqui-
da Educação e da Cultura (MEC), atual tetura brasileira. É ne-
cessário contextualizar
edifício Gustavo Capanema, Rio de Janeiro
o período em que ele
criou suas obras mais
importantes, tendo em
ISMAR INGBER / PULSAR IMAGENS vista as mudanças polí-
ticas e sociais do Brasil.
Niemeyer deixou mui-
tas obras no mundo, e
Foto de Oscar Niemeyer esta aula é para desta-
Oscar Niemeyer fez parte da equipe car as obras da cidade
de Brasília e contar um
do arquiteto suíço Le Corbusier no pro- pouco da história do ar-
jeto do edifício Gustavo Capanema, que tista e do local.
já foi sede do Ministério da Educação e É importante para os
da Cultura (MEC), no Rio de Janeiro. A alunos adquirirem co-
relação que Niemeyer tinha com Le Cor- Pilares na entrada principal do nhecimento de onde vi-
busier influenciou muito o trabalho do antigo MEC, atual edifício Gustavo vem e compreenderem
Capanema, no Rio de Janeiro que a arquitetura tam-
brasileiro. bém é uma manifesta-
EF9P-14-41

ção artística, sobretudo

Informação complementar ao se considerarem os
conceitos modernistas
O edifício Gustavo Capanema apresenta em sua construção a modernidade arquitetônica de Oscar Niemeyer.
que traduzia o anseio de progresso e modernização do país. O revestimento externo é deco- Despertar o olhar
rado por azulejos com pinturas de Cândido Portinari e outros artistas. estético do aluno em
relação às construções,
 226 Capítulo 6 – Brasil \ Grupo 4

estimulando-o a rela-
cionar as obras analisa-
As oportunidades para Niemeyer esta- Não é o ângulo reto que me atrai,
das em sala de aula com vam apenas começando, quando o arqui- nem a linha reta, dura, inflexível, cria-
as que vivencia no seu teto conheceu o então prefeito de Belo da pelo homem. O que me atrai é a
dia a dia. Horizonte, Juscelino Kubitschek, em 1940, curva livre e sensual, a curva que en-
que o convidou para produzir o seu pri- contro nas montanhas do meu país, no
Indicar aos alunos o meiro trabalho individual: uma série de curso sinuoso dos seus rios, nas ondas
documentário A vida é
um sopro, sobre a vida edifícios em Pampulha, subúrbio de Belo do mar, no corpo da mulher preferida.
de Niemeyer, e a série Horizonte. De curvas é feito todo o Universo, o
“JK”, da Rede Globo, Com esse trabalho, o complexo de Universo curvo de Einstein.
também encontrada Pampulha, Niemeyer conseguiu a atenção Oscar Niemeyer
em DVD. Link: <http:// internacional.
www.globomarcas.
com.br/globomarcas/
Em 1956, o arquiteto fez parte da
pages/viewProduct.jsf? equipe que idealizou um dos mais im-
DELFIM MARTINS / PULSAR IMAGENS

VP=wYbuVyWBub2tpd portantes projetos arquitetônicos do

B3NkNq18Y7FWVwaCq mundo. Novamente, as antigas relações
q1JYJMLGFNDU%3D&V com Juscelino Kubitschek, desta vez
PP=DVD+BOX+JK>. como presidente do Brasil, abriu cami-
Instigar os alunos a nho para Niemeyer ser convidado para
observarem as imagens projetar os prédios públicos da nova ca-
apresentadas. pital: Brasília.
• Eles identificam as Com traços inconfundíveis, curvas e
curvas e linhas sinuosas linhas sinuosas e delicadas, o arquiteto
nas obras de Niemeyer?
• São obras parecidas
Foto do conjunto arquitetônico da Pampulha, criou edifícios incríveis para a nova capital.
com as que eles obser- Belo Horizonte, Minas Gerais. Niemeyer ficou encarregado de organizar
vam no seu cotidiano? O complexo arquitetônico é formado as produções do território. Abriu um con-
• Quais as diferenças pelo Museu de Arte da Pampulha, a curso para escolher quem faria o plano pi-
entre os prédios de Casa do Baile, o Iate Tênis Clube e a loto da cidade, e o vencedor foi seu antigo
Brasília e os prédios co- Igreja de São Francisco de Assis.
muns de outra cidade? patrão e amigo Lúcio Costa. O projeto de
Lúcio Costa tinha conceitos bastante mo-
dernos, o que agradou o arquiteto.
ANTHONY CORREIA / SHUTTERSTOCK

VENEZUELA OCEANO ATLÂNTICO

REPRODUÇÃO
COLÔMBIA Equador

Brasília BRASIL
Recife
E.P.I.A PERU Brasília Salvador
BOLÍVIA
CHILE São Paulo
PARAGUAI
OCEANO Rio de Janeiro
PACÍFICO ARGENTINA Porto Alegre
URUGUAI
o
Para rto
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S l Rodoviário N
Av L-2
en
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EMBAIXADA
N
L-4
PRAÇA
da DOS TRÊS
s
Discuta com os alunos as Na PODERES

questões abaixo:
Igreja de São Francisco de Assis çõ
es
ou Igrejinha da Pampulha, em
EF9P-14-41

Lago
– O que se considera obras Paranoá
belas? Belo Horizonte, Minas Gerais Lago
– Alguém conhece a capital Paranoá
do Brasil pessoalmente?
– É muito importante escutar O trabalho de Niemeyer era diferencia-
as opiniões dos alunos no mo- do. O arquiteto trabalhava, em seus proje-
mento de análise das imagens.
– Existe em sua cidade uma
tos, a linha curva, dificilmente utilizada na Plano piloto de Brasília,
obra de arte famosa? arquitetura moderna até então. desenhado por Lúcio Costa.
 Arte \ Relações 227

Lúcio Costa ficou encarregado de proje-

tar a cidade, e Oscar Niemeyer dedicou-se

OSTILL / SHUTTERSTOCK
às construções dos edifícios que emergi-
ram em Brasília como verdadeiras obras
de arte. Entre as construções idealizadas
por Niemeyer, estão o Palácio da Alvorada,
o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal
Federal, o Congresso Nacional e a Catedral
de Brasília.
FÁBIO COLOMBINI

Edifício do Supremo Tribunal Federal

ou STF, instância máxima do Poder
Judiciário do Brasil. O prédio foi tombado
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan), em 2007.
Exterior do Palácio da Alvorada,
designado como a residência
oficial do presidente do Brasil.

GARY YIM / SHUTTERSTOCK

SÉRGIO LIMA / FOLHAPRESS

Palácio do Planalto, onde está localizado o

gabinete presidencial.
EF9P-14-41

O prédio também abriga a Casa Civil,

a Secretaria-Geral e o Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência
da República. O lugar é a sede do Poder
Executivo do governo federal e situa-se
na Praça dos Três Poderes em Brasília.
O prédio do Congresso Nacional
Brasileiro, é considerado o maior
símbolo da cidade de Brasília.
 228
JAMES HARRISON / SHUTTERSTOCK
Catedral Metropolitana de Brasília
OSTILL / SHUTTERSTOCK
Vista panorâmica do interior
da Catedral de Brasília
Os edifícios do Palácio do Planalto, do
Supremo Tribunal Federal e do Congresso
Nacional fazem parte do conjunto nome-
ado de Praça dos Três Poderes, um amplo
espaço que deixa as três construções em
perfeita harmonia. Nesse amplo espaço,
estão também as esculturas Os guerreiros,
de Bruno Giorgi, em frente ao Palácio do
Planalto, e A justiça, de Alfredo Ceschiatti,
em frente ao Supremo Tribunal Federal.
Capítulo 6 – Brasil \ Grupo 4
OSTILL / SHUTTERSTOCK
Os guerreiros ou Os candangos, escultura
de bronze de Bruno Giorgi, 1959. A obra
de Giorgi está localizada em frente ao
Palácio do Planalto e é uma homenagem
aos operários que trabalharam na
construção da cidade de Brasília.
GARY YIM / SHUTTERSTOCK
EF9P-14-41
A justiça, obra de Alfredo Ceschiatti, de 1961,
em granito. Localiza-se em frente ao Supremo
Tribunal da Justiça, em Brasília, e representa
o Poder Judiciário como uma mulher
com os olhos vendados e uma espada.
 Arte \ Relações
Brasília foi inaugurada em 21 de abril
de 1960, e Oscar Niemeyer foi nomeado
membro honorário do Instituto America-
no de Arquitetos. Além das obras iniciais
da capital, Niemeyer trabalhou em outros
projetos para a cidade, como o Palácio
Itamaraty (1962), o Complexo Cultural da
República (2006), a Sede da Ordem dos
Advogados (2008), entre outros.
RUBENS CHAVES / PULSAR IMAGENS
Palácio Itamaraty, em Brasília.
Sede do Ministério das Relações
do Exterior do Brasil, conhecido
popularmente como Palácio dos Arcos,
por seus enormes arcos, que formam o
maior hall sem colunas do mundo.
OSTILL / SHUTTERSTOCK
O Museu Nacional faz parte do Complexo
Cultural da República, cujo objetivo
é divulgar eventos culturais.
EF9P-14-41
229
Oscar Niemeyer recebeu o prêmio
Pritzker, em 1988, como o arquiteto do
ano, pela solidez, beleza e funcionalidade
de suas obras.
Entre suas obras recentes, destacam-se
o Museu de Arte Contemporânea de Nite-
rói (MAC, 1996), o Museu Oscar Niemeyer,
em Curitiba (2002), a Cidade Administra-
tiva de Minas Gerais (2010) e o Centro
Cultural Internacional Oscar Niemeyer, na
Espanha (2011).
ELDER VIEIRA SALLES / SHUTTERSTOCK
Museu de Arte Contemporânea de Niterói
(MAC), no estado do Rio de Janeiro
Oscar Niemeyer Ribeiro Soares Filho
chegou a trabalhar até os seus últimos dias
de vida. Aos 104 anos, o arquiteto faleceu
no Hospital Samaritano, no Botafogo, Rio
de Janeiro, no dia 5 de dezembro de 2012.
Capítulo

6 Brasil

Atividades 10 e 11 • Arquitetura em Brasília

ARTE • GRUPO 4 •
RELAÇÕES

A arquitetura é uma atividade humana que existe há muito tempo. Ela consiste no
ato de o ser humano projetar e edificar o ambiente que habita por meio de desenhos,
plantas, projetos e edificação.
COMISSÃO CONSTRUTORA DE BELO HORIZONTE / REPRODUÇÃO

Planta baixa da cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Um projeto é um desenho

básico da futura construção, uma das maneiras como a arquitetura se manifesta.
VITORIANO JUNIOR / SHUTTERSTOCK

EF9P-14-42

Belo Horizonte, em Minas Gerais. A foto apresenta construções físicas de edifícios, casas etc.
É a arquitetura manifestada em sua forma tridimensional, posterior aos projetos e às maquetes.
 Arte \ Relações 231

Exercícios de Aplicação
Um excelente arquiteto como foi Niemeyer precisa ter muita noção de espaço, visto
que, no espaço tridimensional, surgirá sua obra. Para estudar o local em que a constru-
ção será realizada, os arquitetos produzem desenhos, que são os projetos da construção.
Observe a imagem a seguir.

NORTHMELODY / SHUTTERSTOCK

Planta baixa de um apartamento, em cujo projeto é possível observar os cômodos

do local, suas entradas, os corredores e até mesmo a posição de alguns móveis.

01) Em uma folha de sulfite, tente criar O objetivo do exercício

a planta baixa da sua casa. Concentre-se
DAVID PEREIRAS / SHUTTERSTOCK

não é que o aluno faça

nas portas e nos corredores. Assim que uma planta perfeita de
tudo estiver definido (quartos, banheiro, sua casa; o importante
cozinha, sala etc.), insira alguns móveis. é observar a noção de
espaço do aluno, se ele
conseguiu passar para o
Oscar Niemeyer foi um dos principais papel de forma lógica o
arquitetos modernistas e fez diversos ambiente da sua casa. É
EF9P-14-42

projetos que o consagraram como gran- um exercício de racio-

de artista. Prédios públicos, museus, cínio e memória, além
Brasília, espaços culturais, entre outros, de fazer com que o alu-
no busque estabelecer
fazem parte das grandes construções do uma relação entre o
arquiteto, que tinha como paixão a linha Centro Cultural Internacional Oscar bidimensional e o tridi-
curva. Niemeyer, em Aviles, na Espanha mensional.
 232 Capítulo 6 – Brasil \ Grupo 4

Providenciar, com an-

tecedência, os materiais
02) Pensando na linha curva e sinuosa, Lembrete:
para a realização da ma- faça um desenho de um edifício ao estilo Para elaborar uma maquete, é necessá-
quete: modernista de Oscar Niemeyer. rio reservar os materiais que serão utiliza-
– dividir os alunos em dos. Seguem algumas dicas para ajudá-lo
grupos; Entre as atividades do arquiteto, está a na execução do trabalho.
– retomar as obras produção de maquetes, que servem para A base da maquete poderá ser feita com:
de Oscar Niemeyer para
que os alunos possam ele ter noção de como seu projeto fica- 1. folha de isopor;
fazer relação e esco- rá depois de construído. É o modelo da 2. folha de madeira, aglomerado, com-
lher de qual construção construção em uma escala bem menor do pensado;
será feita a releitura. É que a pretendida. As maquetes são uti- 3. tampa de papelão grosso e firme.
importante que cada lizadas principalmente para planejar as
grupo tenha uma cons-
trução diferente para
construções. Os edifícios podem ser feitos com vá-
rios materiais:
1. caixas variadas, como de fósforo, sa-
bão em pó, medicamentos, cosméticos,
ANDRR / SHUTTERSTOCK

entre outros;
2. desenhados em papel cartão e cola-
dos de maneira a formar o que se deseja;
3. EVA (pequenas placas porosas de espu-
ma para recortar e montar todas as partes);
4. papel corrugado (tipo de papelão
que vai ser usado principalmente para os
edifícios que podem ter formato redondo
ou em curvas, como no caso das obras de
que a atividade fique Maquete urbana
Niemeyer).
diversificada.
Esta atividade pro-
porciona ao aluno inte- 03) Seguindo as orientações do seu Posteriormente, você e seus colegas po-
ração com os colegas e professor(a), você e seus colegas farão derão adicionar outros elementos para dar
incentiva o comporta- uma releitura de alguma construção do ar- beleza a suas maquetes, como ruas, ave-
mento coletivo. quiteto Oscar Niemeyer por meio de uma nidas, lagos, relevos, montanhas, automó-
A atividade estabele-
ce relação com a forma
maquete urbana. veis, pessoas, árvores, animais e plantas.
tridimensional, fazendo
com que o aluno des- Exercícios Propostos
perte o olhar para o
espaço em que vive e se 04) Pesquise, em jornais, revistas e in- 05) Pesquise, em sua cidade, uma edi-
locomove. ternet, imagens de construções arquite- ficação que possua curvas, círculos e
Retomar os exercícios tônicas modernas. Cole-as em uma folha linhas sinuosas em suas composições,
com os alunos. de sulfite, criando o seu complexo arqui- assim como nas obras de Niemeyer. Fo-
Na atividade 2, se não tetônico. tografe-a e descreva-a.
for possível fotografar, o
aluno deve pelo menos
desenhar e descrever as
construções visitadas.
EF9P-14-42

Museus
A palavra "museu" teve sua origem na
Grécia Antiga. As divindades da mitologia
grega Zeus e Mnemósine tiveram nove fi-
lhas, chamadas de musas, que foram no-
meadas protetoras das atividades artísti-
cas e científicas.
ACERVO DO HOTEL DE VILLE DE
CONDÉ-SUR-L'ESCAUT, FRANÇA
Deusa Atena junto às musas, de Frans
Floris, 1560. Óleo sobre madeira.
Para louvar as musas, existiam lugares
que eram chamados de templos, que fica-
ram conhecidos como Templos das Musas
ou Mouseion. O primeiro Mouseion de que
se tem registro data do século III a.C., na ci-
dade de Alexandria, no Egito.
REPRODUÇÃO
EF9P-14-41
Ilustração baseada em registros
arqueológicos do interior do Museu
de Alexandria, no Egito.
Capítulo
Mostras e eventos
7
Com o tempo, o museu de Alexandria
ARTE • GRUPO 4 •
RELAÇÕES
incorporou obras literárias, tornando-se
uma biblioteca – a Biblioteca de Alexan-
dria, destruída na Antiguidade.
Em 2002, a Biblioteca foi reerguida pelo
governo egípcio na mesma cidade, procu-
rando manter viva a busca pelo conheci-
mento.
O hábito de colecionar
O ser humano tem o hábito de cole-
cionar artefatos desde os primórdios, atri-
buindo-lhes valores afetivos, culturais ou
materiais.
Foi apenas a partir do Renascimento,
com a valorização do ser humano e de
suas atividades, que a arte de colecionar
caracterizou-se como prática particular
associada aos hábitos de príncipes e fa-
mílias nobiliárquicas, possibilitando a
ostentação de poder e riqueza. Suas co-
leções foram chamadas de gabinetes de
curiosidades ou museus. A partir desse
momento histórico, a palavra "museu"
passou a ser utilizada com seu significa-
do atual.
DELL'HISTORIA NATURALE, NÁPOLES, 1599
A primeira ilustração de um gabinete
de curiosidades, publicada por
Ferrante Imperato em Dell’Historia
Naturale, Nápoles, 1599.
Ainda que as coleções nobiliárquicas
tenham se tornado mais aprimoradas e
organizadas em categorias específicas,
seguindo os critérios que acompanhavam
 234
o progresso científico entre os séculos XVII
e XVIII, continuavam a manter seu caráter
privado. Em 1683, na Inglaterra, foi inau-
gurado o Museu Ashmolean, o primeiro
museu público, ainda que restringisse a vi-
sitação a estudantes e especialistas.
STEPHEN FINN / SHUTTERSTOCK
Fachada do Museu Ashmolean, na
Universidade de Oxford, na Inglaterra
Capítulo 7 – Mostras e eventos \ Grupo 4
O museu moderno
A Revolução Francesa (1789-1799), que
alterou o quadro político e social da popu-
lação, foi responsável, também, por alterar
a realidade do museu, tornando pública a
visitação às exposições. Durante o auge do
movimento revolucionário, ocorreu a fun-
dação do Museu do Louvre, em 1793.
KIEV.VICTOR / SHUTTERSTOCK
Museu do Louvre, em Paris, na França
A preservação do civismo
A historiadora Letícia Julião procura ca-
racterizar assim a relevância dos museus
com a eclosão da Revolução Francesa:
Para preservar a totalidade e diver-
sidade de um patrimônio nacionalizado,
no contexto da Revolução, foram de-
senvolvidos métodos para proceder ao
seu inventário e gestão. Também foram
concebidas formas de compatibilizar es-
ses bens "recuperados pela Nação" com
as demandas de seus novos usuários, ou
seja, o povo, o que, às vezes, implica-
va atribuir-lhes novas funções. No caso
dos bens imóveis, estes deveriam ser
transferidos para depósitos abertos ao
público, denominados, a partir de en-
tão, de museus. A intenção era instruir
a nação, difundir o civismo e a história,
instalando museus em todo o território
francês, pretensão que não se efetivou,
à exceção do Louvre (...).
EF9P-14-41
JULIÃO, Letícia. Apontamentos sobre a
história do museu. Disponível em: <http://
www.museus.gov.br/sbm/downloads/cader-
nodiretrizes_segundaparte.pdf>. Acesso em:
25 set. 2013.
 Arte \ Relações
No Brasil, com a transferência da Corte
portuguesa (1808-1821), observou-se maior
dinamização da vida social. D. João VI fun-
dou, em 1818, o Museu Real (atual Museu
Nacional), cujo acervo contava, à época,
com uma coleção de história natural, doa-
da pelo próprio monarca.
MARC FERREZ
Museu Nacional de Belas Artes, fotografia de
Marc Ferrez, sem data.
Atualmente, árvores ocultam boa
parte da fachada do museu.
MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO
Pégaso, de 1675 a 1680, óleo sobre tela de
Jan Boeckhorst.
Esta obra pertencia ao monarca
EF9P-14-41
D. João VI e atualmente faz parte
do acervo do museu carioca.
Após a Independência, em 1822, no-
vas instituições foram fundadas no Rio de
Janeiro:
235
– 1838: Museu do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro;
– 1864: Museu do Exército;
– 1868: Museu da Marinha (atual Es-
paço Cultural da Marinha).
No período em que o Brasil se tornou
República, foi fundada a Pinacoteca do
Estado de São Paulo, em 1905, instalada
no antigo edifício do Liceu de Artes e Ofí-
cios. Os museus instalados até esse pe-
ríodo tinham, no Brasil, função enciclo-
pédica, devendo preservar e incentivar
o desenvolvimento das áreas do saber e
a cultura no país. Apenas em 1922, com
a fundação do Museu Histórico Nacional
(MHN), as instituições nacionais rompe-
ram com a tradição europeia e procura-
ram representar a nação e educar o povo
brasileiro, sendo o MHN exemplo para
outras instituições.
RUBENS CHAVES / PULSAR IMAGENS
Entrada do Museu Histórico
Nacional, no Rio de Janeiro
O Museu Histórico Nacional promoveu
notável mudança na forma de organizar e
transmitir informações ao público, incen-
tivando até mesmo a criação do curso de
Museologia no ano de 1932.
Além deste curso, os museus do Brasil
poderiam contar com a atuação do Servi-
ço do Patrimônio Histórico e Artístico Na-
cional (SPHAN), criado em 1937. O SPHAN
transformou a política do patrimônio cul-
tural e passou a proteger os monumentos
históricos do país.
236 Capítulo 7 – Mostras e eventos \ Grupo 4

Bibliografia
ABREU, Regina. Me-
Conclusão ral de nosso passado para compreender o
mória, história e cole- Os museus, além de ser locais de pro- nosso presente.
ção. Anais do Museu dução do conhecimento, têm muito mais Trabalhar conceitos educacionais é a
Histórico Nacional. Rio objetivos. É importante ressaltar que esses principal função dessas instituições, para
de Janeiro, v. 28, 1996. locais são espaços que servem à educação que, dessa forma, as pessoas possam com-
SUANO, Marlene. O em geral, ambientes que procuram pro- preender a importância da preservação da
que é museu. São Paulo:
Brasiliense, 1986. mover a interação com o público, incenti- memória, da arte e, consequentemente,
vando a reflexão sobre a produção cultu- da História.

EF9P-14-41
 Capítulo
Mostras e eventos
7
Atividade 12 • Museus

ARTE • GRUPO 4 •
RELAÇÕES
Quando se estudam os museus e sua origem, percebe-se que o ser humano tem o
hábito de colecionar e guardar objetos há muito tempo. Príncipes e nobres costumavam
ter coleções que muitas vezes eram chamadas de "gabinetes de curiosidades", por con-
ter todo tipo de objeto interessante e curioso para a época.

REPRODUÇÃO

Ilustração de um famoso gabinete de curiosidades, cujo inventário ilustrado

foi publicado, em 1655, sob o título Museum Wormianum.

Neste capítulo, estudamos alguns dos muitos museus do mundo e do Brasil e apren-
demos que é importante preservar monumentos históricos para compreender melhor o
passado e entender o presente.

Exercícios de Aplicação
01) Se você pudesse criar um museu,
quais objetos comporiam seu acervo? E
qual seria a importância de sua coleção
para a sociedade?
02) Desenhe em folha avulsa três dos ob-
jetos da coleção que você criou na ativida-
EF9P-14-42

de 1.
Uma das maiores dificuldades de se
visitarem museus e exposições é a locali-
zação dessas instituições. Não são todas
as pessoas que têm o privilégio de viajar e
aproveitar para visitar museus.
 238 Capítulo 7 – Mostras e eventos \ Grupo 4

Professor(a)
Exercício 3: Faça um
Felizmente, com o desenvolvimento da 03) Escolha um site de algum museu do
círculo com os alunos e informática e da Internet, muitos museus Brasil ou do mundo e acesse sua galeria
peça p/ cada um deles possuem sites que possibilitam visitas on- virtual, para enriquecer seu repertório cul-
detalhar os pontos sig- line. Apesar de não se compararem a uma tural. Explique sua impressão acerca desta
nificativos do museu. visita feita pessoalmente, elas são excelen- visita.
tes para proporcionar às pessoas um pas-
seio por importantes galerias e o contato
com o mundo da arte.

Exercícios Propostos
Localizado no Parque do Ibirapuera, desenho de um espaço cultural, partindo
em São Paulo, o pavilhão Lucas Nogueira de uma outra inspiração, como os donuts.
Garcez é popularmente conhecido como
"Oca". O nome popular deve-se à sua ar-
quitetura, projetada por Oscar Niemeyer

MARAZE / SHUTTERSTOCK
em 1951, que se assemelha à oca de algu-
mas populações indígenas brasileiras.
GARY YIM / SHUTTERSTOCK

Momento de novas descobertas

Fachada da Oca, Parque do
Ibirapuera, em São Paulo.
A Oca abrigou, no passado, o Museu
da Aeronáutica de São Paulo e o Museu
do Folclore. Atualmente, é utilizada como
espaço cultural, onde se promovem expo-
sições variadas.
05) O objetivo da criação de um slogan,
pelas agências de publicidade, é que ele
seja uma frase de fácil memorização e
que produza grande efeito sobre as pes-
soas, a fim de fixar e popularizar uma
determinada marca, um produto ou uma
empresa.
Com base nesse conceito, elabore com
EF9P-14-42

seu grupo, um slogan de uma exposição

04) Niemeyer inspirou-se nas habitações cujo tema é "Diversidade cultural". Crie
dos ameríndios para criar a Oca. Crie um uma imagem associada ao slogan.