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De acordo com a tradição da mitologia grega, os Hiperbóreos eram um povo mítico

vivendo no extremo norte da Grécia, próximo aos Montes Urálicos. Sua terra, chamada
de Hiperbória traduzido como "além do bóreas" (bóreas, o vento norte), era
perfeita, com o sol resplandecente 24 horas por dia. Os gregos pensavam que Bóreas,
...

o deus do vento norte, vivia na Trácia. A Hiperbórea, portanto, era uma nação
desconhecida, localizada na parte norte da Europa e da Ásia. Exclusivamente entre
os Olímpios, apenas Apolo era venerado pelos hiperbóreos: o deus passava os
invernos junto a esse povo. Esses últimos enviavam presentes misteriosos, embalados
em palha, que primeiro chegavam a Dodona e depois eram passados de povo em povo até
chegar ao tempo de Apolo em Delos (cf. Pausânias). Teseu e Perseu também visitaram
os hiperbóreos.

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Devemos referir-nos brevemente à possível etimologia do termo "paraíso'', em sua


acepção relacionada com uma terra maravilhosa na qual moravam pessoas
privilegiadas. Segundo indicam alguns especialistas, teria sido utilizado pela
primeira vez para designar o reino perdido do extremo oriente, o Agartha, cujo nome
em sânscrito era "Paradesha", a "Comarca Suprema", onde haviam sido preservados
conhecimentos de enorme antiguidade provenientes de outras humanidades
desaparecidas. De tal denominação derivou "paradiso" e "paraíso" como centro
espiritual à margem de nossa realidade. Por outro lado, nas mitologias dos povos
nórdicos encontramos uma significativa crença em Tula ou Thule, cidade que regia os
destinos de Hiperbórea, mais primitiva ainda que "Paradesha".

Em todo o mundo conhecemos muitos lugares para os quais está sendo utilizada esta
palavra e que derivam dela como Toulon, Tulle, Tolosa e inclusive a cidade mexicana
de Tula, fundada como se diz pelos toltecas sobreviventes do suposto continente que
desapareceu engolido pelas águas do Atlântico.Há vários milhares de anos aconteceu
um cataclismo de proporções gigantescas ao qual se referem as mitologias dos povos
mais diversos. A "Grande Inundação", o "Dilúvio", destruiu boa parte da humanidade
civilizada e houve outras que dispersaram os sobreviventes. No entanto, as regiões
setentrionais não foram demasiadamente afetadas e os povos nórdicos salvos deste
cataclismo iniciaram urna evolução cultural muito rica, criando o que a tradição
denominou Hiperbórea, o continente paradisíaco dos ários.

Após várias transformações operadas no tipo biológico, por efeito do clima, dos
costumes e dos cruzamentos, os Hiperbóreos conseguiram estabelecer os elementos
etnográficos essenciais e definitivos do homem branco, de estatura alta, cabelos
ruivos, olhos azuis, feições delicadas. Nessa época, o continente começou a sofrer
um processo de intenso resfriamento, que tornou toda a região, inóspita, hostil à
vida humana. Por essa razão, os Hiperbóreos foram obrigados a emigrar em massa para
o sul, invadindo o centro do planalto europeu, através de florestas iluminadas por
auroras boreais, acompanhados de cães e impulsionados por mulheres videntes

Segundo a lenda, este paraíso, construído com pedras de cristal rodeado por altas
muralhas de gelo, qual imenso iceberg, é localizado na Groenlândia, a "Terra Verde"
dos povos do norte. E claro que o conceito em nada se assemelha à realidade atual.
Se este lugar existiu em algum tempo, desapareceu por completo, e se foi um
estímulo arquetípico, cumpriu perfeitamente sua função. E constante a relação de
Hiperbórea com o frio, a incrível brancura de seus inacessíveis prédios e a
presença dos misteriosos ário. Algumas zonas geográficas bem longínquas desta
tradição conservam recordações sobre a mesma e deste modo encontramos que na índia
se conhecia a região dos "bem-aventurados" como "Shwetadwipa", a "Ilha Branca",
localizada no grande norte, que nos leva a identificá-la como a Tule hiperbórea.

Em tal lugar, elevava-se a "Montanha Branca" ou "Montanha Polar", coincidente com a


Ursa Maior, morada simbólica dos sete sábios, cujo número é tradicionalmente
venerado em muitas iniciações esotéricas. Certas obras consideradas por seu
conteúdo como reveladoras de grandes mistérios, mencionam a existência de tal
região. O "Livro de Enoch", que se diz descoberto na Abissínia por um pesquisador
escocês, Jacques Bruce, no século XVIII, é uma obra profética que narra a história
das sucessivas raças humanas e sua relação com os seres divinos, tudo isso
acompanhado por um bom número de referências astronômicas e cósmicas muito
estranhas.

Principalmente, vemos com assombro a relação mantida entre os chamados "anjos"


enviados do Senhor, procedentes do Cosmos, e os seres humanos. Aqueles contemplam
com satisfação a beleza das mulheres, o que lhos impulsiona a coabitar, gerando a
raça dos gigantes, e assim os descreve no capítulo XII.

Além do vento norte

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Hiperbórea (do grego ?pe?, hiper, "super" ou "além"; e ß??e?a, bóreia, "norte";
traduzido como "além do bóreas", o vento norte) era na mitologia grega uma terra
mítica em um lugar ao norte muito distante. A Hiperbórea era perfeita, com o sol
resplandecente 24 horas por dia. Os gregos pensavam que Bóreas, o deus do vento
norte, vivia na Trácia. A Hiperbórea, portanto, era uma nação desconhecida,
localizada na parte norte da Europa e da Ásia. Exclusivamente entre os Olímpios,
apenas Apolo era venerado pelos hiperbóreos: o deus passava os invernos junto a
esse povo. Esses últimos enviavam presentes misteriosos, embalados em palha, que
primeiro chegavam a Dodona e depois eram passados de povo em povo até chegar ao
templo de Apolo em Delos (cf. Pausânias). Teseu e Perseu também visitaram os
hiperbóreos.

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Nos mapas gregos do período de Alexandre, o Grande, a Hiperbórea - mostrada por


vezes como uma península, por vezes como uma ilha - localizava-se além da França,
possuindo maior área latitudinal que longitudinal. Aparentemente a Hiperbórea é o
resultado de uma combinação de noções do que hoje seria a Grã-Bretanha e a
Escandinávia.

O que impressiona no tocante à Hiperbórea é que a região era uma das muitas terrae
incognitae nos mundos grego e romano antigos, onde Plínio e Heródoto, bem como
Virgílio e Cícero, relataram que ali as pessoas atingiam idades de mil anos e
gozavam de vidas permeadas de completa felicidade. De acordo com Heródoto (4.13),
os hiperbóreos viviam para além dos Arimáspios e foram visitados por Aristeas, de
quem se diz haver escrito um poema em hexâmetro (hoje perdido) falando daquela
raça. Heródoto relata que também Hesíodo menciona os hiperbóreos, "e também Homero
em sua Epígones, se é que tal trabalho dele realmente veio." Além disso, dizia-se
que o sol nascia e punha-se apenas uma vez ao ano na Hiperbórea; e ali havia
quantidades massivas de ouro, guardadas pelos grifos.

Assim como outras lendas dessa natureza, alguns detalhes podem ser conciliados com
o conhecimento moderno. Acima do Círculo Ártico, do período do equinócio da
primavera até o período do equinócio de outono, o sol brilha durante 24 horas por
dia (chamado de "sol da meia noite" - tal fenômeno pode ser visto na parte norte da
Suécia, Noruega e Finlândia, por exemplo). No Polo Norte o sol nasce e se põe
apenas uma vez ao ano - provavelmente levando à errônea conclusão de que "um dia"
para pessoas residentes ali tenha a extensão de um ano, de forma que viver mil
dias, portanto, signifique viver mil anos.
Significado Atual

O termo "hiperbóreo" é usado atualmente para indicar qualquer um que viva em clima
frio. Por exemplo, no sistema de classificação da Biblioteca do Congresso nos
Estados Unidos, o termo "Línguas Hiperbóreas" refere-se a todas as línguas
desprovidas de relação lingüística pertencentes aos povos que habitam as regiões
árticas, como os Inuit (esquimós). Também são entidades hiperbóreas Ábaris, o
sábio, e Ilitía, a deusa cretense.

Hiperbórea no ocultismo

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As concepções de Rudbeck e Bailly seriam retomadas e desenvolvidas por várias


vertentes do esoterismo. Entretanto, em boa parte da exploração mais direta do mito
por correntes racistas e proto-nazistas, o nome dado à terra "ariana" do extremo
norte foi Thule.
Tanto Helena Blavatsky e os discípulos da teosofia quanto Julius Evola deram à
Hiperbórea um papel importante na origem da humanidade, mas suas concepções foram
diferentes.

A Hiperbórea teosófica

Na versão teosófica, Hiperbórea ou Plaksha foi um continente desaparecido no qual


se desenvolveu a "segunda raça-raiz", em um esquema evolutivo que compreende sete
raças. Compreendia regiões em torno do círculo ártico, inclusive a Groenlândia,
Spitzbergen, Nova Zemlya, a Escandinávia, Kamchatka e a atual baía de Baffin. Seu
clima era estável e mesmo tropical, devido à posição do eixo da Terra, que mais
tarde se desviou de sua posição original. Teria existido entre o período
Carbonífero e o Permiano, períodos que na concepção teosófica teriam se dado há
pouco mais de 30 milhões de anos (na verdade, o Carbonífero se deu de 359,2 milhões
de anos a 299 milhões de anos antes de nossa era e o Permiano de 299 milhões a 245
milhões de anos atrás).

A "raça" que habitava Hiperbórea, porém, era constituída apenas de matéria etérea
invisível. Segundo Annie Besant, era chamados Kimpurushas (nome de seres referidos
no Mahabharata como meio-homens, meio-leões) e mostravam, durante a existência,
dois tipos marcados, de acordo com a "dualidade característica da consciência
búdica" que os dominava, relacionados a fogo e água, Sol e Lua.

O primeiro tipo era completamente assexuado e se multiplicava por expansão e


brotamento, como a "primeira raça-raiz" que o havia precedido. À medida que suas
formas foram se tornando mais sólidas, cobertas com uma camada mais espessa de
partículas terrosas, essa forma de reprodução tornou-se impossível e pequenos
corpos passaram a ser "extrudados" a partir deles como gotas de suor. Viscosos e
opalescentes, gradualmente endureciam, cresciam e tomavam várias formas. Nessa
etapa, eles mostravam esboços dos dois sexos, sendo considerados andróginos
latentes.

Dos germes dispersados pelos "humanos" dessa segunda raça, o reino dos mamíferos
graduamente desenvolveu-se em toda a sua variedade de formas. Os animais "abaixo"
dos mamíferos foram conformados pelos espíritos da natureza. Sua cor (etérica,
invisível à visão normal) era amarelo-dourado, às vezes chegando quase ao
alaranjado, outras vezes amarelo-limão pálido. Seus corpos eram filamentosos e
muito heterogêneos em forma, freqüentemente com aparência de árvores, às vezes de
animais, outras vezes semi-humanos. Andavam à deriva, flutiavam, planavam e
ascendiam, chorando um para os outros com sons de flauta, através de florestas
tropicais, "cheias de trepadeiras florescentes de botões deslumbrantes", segundo
Besant (mesmo se, na realidade, as flores surgiram muito depois do fim do
Permiano).

No final de seu período, um novo continente, a Lemúria emergiu das águas ao sul de
Hiperbórea, enquanto este continente afundava parcialmente e se fragmentava.
Entretanto, a "segunda raça-raiz" teria continuado a existir até meados do período
lemuriano, quando o eixo da Terra se inclinou, iniciaram-se os dias e noites de
seis meses. Os que restava da Hiperbórea foi coberto de gelo e neve e os
remanescentes da sua "raça" se extinguiram.

Julius Evola

Outra concepção dos hiperbóreos aparece com o ocultista italiano Julius Evola, em
seu livro Revolta contra o Mundo Moderno (Rivolta contro il mondo moderno), de
1934. Enquanto ocultistas tradicionalistas como René Guénon seguiam as concepções
indianas que faziam da casta sacerdotal dos brâmanes os árbitros supremos, Evola
pôs a casta guerreira dos kshatriyas no topo e lhes atribuiu uma religião
diferente, uma tradição nórdica de adoração do Sol e valores masculinos, em
oposição aos cultos femininos do Sul. A Idade de Ouro teria sido a dos guerreiros e
do deus-Sol e a Idade de Prata, a dos sacerdotes e dos cultos da Lua e da Terra. O
fenômeno físico da inclinação do eixo da Terra teria causado a mudança climática
que provocou a mudança de uma época para a outra e essa "desordem da natureza"
seria, por sua vez, reflexo de uma certa situação da ordem espiritual.

De qualquer forma, em certo momento o frio e a "noite eterna" desceram sobre a


região polar - à qual Evola dá principalmente o nome de Hiperbórea - e a migração
forçada inaugurou a segunda grande era, o Ciclo Atlante. Da "raça Boreal", partiram
duas correntes migratórias, a primeira do norte para o sul e a segunda, posterior,
de oeste para leste.

A primeira teria atingido a América do Norte e o norte da Eurásia. A segunda foi


até a América Central, mas se estabeleceu principalmente na Atlântida. Formaram-se
dois centros, um Boreal, referindo-se diretamente à luz do Norte e mantendo a
orientação original polar e "uraniana" tanto quanto possível e outro Atlante, que
foi transformado pelo contato com os poderes "demoníacos" do Sul, dos antigos
lemurianos cujos descendentes sobreviviam nas raças "escuras". Seriam duas
culturas, uma heróica, condicionada pelo clima duro, que celebrava o solstício de
inverno. A outra, ctônica e "titanizada", com uma religião naturalista e panteísta,
da promíscua fertilidade animal e vegetal.

Essas idéias parecem baseadas tanto em A Origem da Humanidade de Herman Wirth (leia
detalhes em Atland) quanto na teosofia de Helena Blavatsky, que em seus escritos
havia afirmado que "os atlantes gravitaram rumo ao Pólo Sul, a cova, cosmicamente e
terrestrialmente, de onde sompram as paixões quentes são sopradas em furacões pelo
elementais cósmicos que ali têm sua morada. (...) Toda ação beneficente (astral e
cósmica) vem do norte, toda influência letal vem do Pólo Sul. Elas estão muito
conectadas com as influências das magias da mão direita e esquerda".

Evola aspirou a ser o ideólogo do fascismo italiano, sem sucesso. Seus pontos de
vista aristocráticos (descendia da pequena nobreza siciliana) colidiam com o
populismo de Mussolini. Em 1930, atacou a concordata com o Vaticano que impôs o
catolicismo como religião oficial (ele defendia um imperialismo pagão, inspirado na
antiga Roma) e sua revista La Torre foi proibida. Mais tarde, reaproximou-se do
regime e Mussolini elogiou seu livro Sintesi di dottrina della razza de 1941, na
qual defendia, contra o racismo "biológico" da Alemanha, um racismo "espiritual"
que via opunha o "espírito semítico" ao "espírito nórdico". Mesmo assim, Evola
nunca teve influência real sobre o fascismo.

O Mito de Hiperbórea
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Por Hyranio Garbho, 2012 - Falar de Hiperbórea supõe pelo menos duas questões
distintas, mas não incompatíveis. Hiperbórea é, por uma parte, uma lenda da que nos
contam, do antigo, os poetas, historiadores, sábios e filósofos gregos. Mas
Hiperbórea é também um arquétipo, um símbolo, uma realidade transcendente que faz
referência a conquista de um ideal, a busca de um tesouro espiritual. Entre essas
duas Hiperbóreas, é possível desenhar um quadro de paralelismos, correspondências e
sincronias.

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É possível dizer que esse quadro não se aplica por si, somente. A realidade
transcendental a que Hiperbórea faz referência supõe estar familiarizado,
medianamente, com a natureza arquetípica do mito e saber, ademais, de tais questões
como sincronia ou correspondências analógicas. Como sabemos que ele, em grande
porcentagem, não é assim, o caminho de exposição que faremos suporá determos, cada
vez que se faz necessário, em todos aqueles conceitos que, de um modo ou de outro,
constituem a matriz ou marco de compreensão deste assunto. Assim, esperamos ir
implantando uma inteligência mais compreensiva do Mito de Hiperbórea, e fazer luz
sobre uma série de questões que pertencem, de maneira definitiva, do destino do
homem de nossos dias.

A Lenda de Hiperbórea

As notícias sobre Hiperbórea nos chegam desde os tempos mais remotos e são os
gregos os primeiros a informá-los sobre ela. Embora não exista uniformidade de
critérios acerca do mito, todos os relatos parecem coincidir em que se trata de uma
ilha ou região localizada no mais extremo norte. Essa pequena informação é a base
para começar a reconstruir o Mito de Hiperbórea. Hiperbórea significa,
literalmente, “mais além do vento do norte”. Para os gregos, correspondia à região
ao norte da Trácia, residência dos Bóreas. Esse lugar era concebido pelos gregos
como uma região de bosques exuberantes e impenetráveis, tomado por criaturas
terríveis, a que seguia um imenso espaço de oceano congelado, a mítica região dos
gelos eternos. Hiperbórea estaria situada mais além desta região, em uma terra de
clima temperado que seguiria a esses gelos. Desde o ponto de vista arquetípico,
esta é uma informação não menos do que devia se ter em conta, na série de
correspondências e analogias que irão se desdobrando em torno do mito.

Outra versão do mito identifica Hiperbórea com a ilha de Ávalon, conhecida também
como a “Ilha Branca”. O nome de Ávalon vem de Albionia, antiga denominação com a
que foi conhecida a Ilha da Bretanha. Os gregos falam em seus mitos de “Leuké”, a
Ilha Branca (de “Leukós”, que em grego quer dizer “branco”). Diodoro de Sicília
fala de Hiperbórea e a chama de “Ilha Branca” (Leuké). Segundo este autor, a Ilha
se encontraria no Oceano, mais além dos Pilares de Hércules, em frente da Pátria
dos Celtas. Também Cólquida, na saga dos argonautas, se falava mais além dos
Pilares de Hércules, nos confins da Terra.

Os hindus falam de Çveta Dvipa, a Ilha Branca, ou Ilha Resplandecente, residência


dos Vishnu, localizada também no último lugar do mundo. Ávalon, Leuké, e Çveta
Dvipa, são Ilhas Brancas, Ilhas da transfiguração espiritual,o mesmo que Cólquida,
residência do ‘vellocino dorado’. Em todas elas, a correspondência com Hiperbórea
se explicita. Segundo esta outra versão do mito Hiperbórea, haveria sido uma Ilha
Branca Resplandecente (a famosa Ilha dos Abençoados, talvez), localizada no Grande
Oceano, em alguma região perdida nos confins da Terra. Hiperbórea era a residência
de Apolo, o mesmo que Çveta Dvipa era a terra originária de Vishnu.
Existem correspondências e analogias extraordinárias entre Apolo e Vishnu, o mesmo
que há entre Dionísio e Shiva. Vishnu está para Shiva da mesma forma que Dionísio
está para Apolo, e vice-versa. Desde uma perspectiva arquetípica, a identificação
entre Çveta Dvipa e Hiperbórea está amplamente justificada, pois o rol arquetípico
que joga Apolo entre os gregos guarda sincronia com o papel que desempenha, entre
os Hindús, Vishnu (isto se explicitará mais adiante quando tornaremos compreensível
ao leitor as chaves da inteligência arquetípica).

Mas também é clara a identificação de Hiperbórea com Ávalon, Leuké, e Cólquida, as


Ilhas do Oceano mais além dos Pilares de Hércules, nas que se conserva o tesouro da
natureza espiritual (o Sagrado Graal em Ávalon e o ‘vellocino dorado’ em Cólquida).
Segundo Strabone, esta Ilha se encontrava a seis dias pelo mar da Bretanha, nas
proximidades do mar congelado. O mar congelado é Mare Cronide, lugar em que,
segundo Plutarco e Plínio, Cronos permanece dormido. Na mitologia grega, Hiperbórea
é a terra a que Cronos é levado, acorrentado, depois de ser derrotado por Zeus, seu
filho. Este é outro paralelismo simbólico interessante, pois Cronos representa o
Tempo (Xronos, em grego, significa Tempo). Em Hiperbórea, Cronos permanece dormido
ou acorrentado. O simbolismo disto é evidente. Se trata de uma Ilha em que o tempo
não transcorre (Eternidade), ou marcha em uma direção contrária (Involução), em
direção ao retorno da Idade Dourada, a Idade dos Heróis e dos Deuses.

Entre esta segunda versão do mito e a primeira, existe, claro, uma analogia
interessante. No primeiro relato, Hiperbórea se encontra mais além dos Gelos
Eternos, no extremo Norte. Na segunda versão, Hiperbórea se encontra mais além do
Mare Cronide, o mar das águas congeladas. Tanto os Gelos Eternos como o Mare
Cronide constituem um arquétipo do insondável, um símbolo dos perigos que depara a
viagem até a si mesmo. Também, o bosque é um arquétipo dos perigos do insondável, a
região ou terra que se precisa atravessar para chegar a si mesmo. Em termos
simbólicos, o bosque, o mar, os gelos eternos, representam a prova da alma, os
desafios que o herói deve superar para conquistar a imortalidade. Hiperbórea
simboliza a imortalidade a que só se pode ascender depois de cruzar um bosque de
vegetação impenetrável e exuberante, a que se segue um mar de águas congeladas, ou
gelos eternos. Na outra versão do mito Hiperbórea, se fala dos confins da terra,
símbolo, este último, do inalcançável, a que se chega unicamente pelo mar, depois
de atravessar um oceano de águas profundas e perigosas.

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Uma última correspondência analógica vincula a Hiperbórea a “airyanem vâejô”, a


residência originária da estirpe ária. O símbolo perene dos ários sempre foi a
Swastika, forma hindu estilizada da cruz céltica, símbolo de Ávalon e Hiperbórea.
Na verdade, Vishnu, deus que reside, segundo a mitologia dos hindus em Çveta Dvipa
(Hiperbórea), tem como símbolo representativo a Swastika. Tem-se estabelecido que
este símbolo presta sua estrutura básica a todo o símbolo ário, influindo desde
esse universo cultural a todas as formas de cultura que, em alguma medida ou outra,
tinha algum grau de contato ou relação com os ários.

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A forma primitiva do símbolo prescreve uma linha reta horizontal, atravessada por
uma linha reta vertical, em forma de uma cruz, com todos os braços equidistantes, e
fechada em um círculo. O círculo simbolizaria o intemporal, a eternidade, ou uma
concepção do tempo pela perspectiva do retorno ou involução. A linha vertical
representaria o princípio do masculino do manifestado, e a horizontal, o lado
feminino. O símbolo, em sua completude, representaria a idéia ária do perfeito,
ideal que em seu devir transcendente irá cobrando outras formas análogas de
representação.

Analogias, Sincronias e Sincretismos


Mais além de todas as considerações prévias sobre Hiperbórea, os deuses e os
símbolos que a representam, o mito em si resulta em uma estrutura básica da que
podemos desprender sua função como arquétipo. Em todas as versões deste mito,
Hiperbórea aparece como uma Terra mágica de clima temperado, com uma abundante e
generosa vegetação, localizada no extremo norte ou nos confins mais remotos da
terra, libertada do tempo, a que se pode chegar somente ultrapassando bosques
impenetráveis, gelos eternos, ou mares congelados, cuja civilização haveria
participado de uma forma de conhecimento transcendente, na que seus habitantes
haveriam sido seres vindos de outras estrelas. Todos esses aspectos do mito nos
falam inequivocamente de um símbolo-arquétipo, uma estrutura da realidade
transcendente, cuja compreensão se faz, quiçá, mais nítida, caso se põe em relação
esse mito com as distintas formas de correspondências das que já temos falado, e de
algumas outras que nos falta mencionar.

Hiperbórea, residência de Apolo

Começamos, pois, a estabelecer a primeira correspondência e sincronia. Trata-se de


Hiperbórea como residência de Apolo. Segundo a lenda, Apolo se retirava à
Hiperbórea a cada dezenove anos, para rejuvenescer. Isso sugere que a região foi
concebida pelos gregos antigos como um lugar mágico de transfiguração. Apolo
rejuvenesce em Hiperbórea. Aceitemos que rejuvenescer é outra forma de renascer. O
nascido é um rejuvenescido, pois ao voltar a nascer se experimenta a mesma operação
alquímica que no ato de rejuvenescer. Agora, bem, no sanscrito, a palavra para
dizer “renascer” é “aryo”, do que se deriva a palavra moderna “ário”. O ário ou
aryo é o renascido, o rejuvenescido no espírito. É preciso enfatizar este último,
porque a condição de “aryo” ou ário é a de um “homem espiritual”, ou de um homem
que voltou a nascer no espírito. A palavra também, em outras acepções, se
identifica com a condição de nobre, de onde tiramos que, na época antiga, a nobreza
estava mais bem associada à uma condição espiritual (de iniciação) mais do que à
posse de riquezas materiais.

Se Apolo rejuvenesce em Hiperbórea é porque Hiperbórea é um lugar mágico, uma terra


de transfiguração. Esse poder está representado em outros mitos por diversos
objetos ou qualidades, entre as que se destaca o “resplandecente”, as cores
“douradas” ou o “branco”, e, em alguns casos, a propriedade esférica ou piramidal
dos objetos. Exemplo disto são as maçãs “douradas” do jardim das Hespérides, ou o
‘vellocino’ de “ouro” que o dragão custodia na remota ilha de Cólquida. Ambos
objetos são dourados e resplandecem do mesmo que a Ilha de Ávalon e Çveta Dvipa, a
Hiperbórea dos hindus, residência de Vishnu. Mas também, ambos objetos são mágicos
e representam a imortalidade. Quem come as maçãs douradas do jardim das Hespérides
alcança a imortalidade, o mesmo que quem possui o apreciado ‘vellocino’ de ouro.

Na mais antiga mitologia pagã, a mesma função está reservada ao Graal, a pedra
mágica desprendida da coroa de Lúcifer. O Graal é igualmente uma pedra
resplandecente, com cujo poder se alcança a máxima operação alquímica, a
transformação dos elementos. Acrescentando, as maçãs do jardim das Hespérides e o
‘vellocino’ de ouro possuem o mesmo poder. Isto levou aos antigos a postular
Hiperbórea como a pátria originária deste antigo poder. O ‘vellocino’ de ouro, as
maçãs do jardim das Hespérides, e o Graal, não são nada senão três nomes distintos
para referir-se à mesma realidade arquetípica. Essa realidade não é a da Opera
Alchimica, o poder da transformação dos elementos, a transfiguração (ou libertação)
do Espírito.

Lúcifer e o Graal original

O segundo paralelismo, e sincronia, está referido à Ávalon, Leuké, e Çveta Dvipa.


Segundo os relatos medievais, Ávalon é a residência do Graal. O Graal responde a
uma tradição pagã antiqüíssima, estragada pelas deturpações e adições feitas pelo
cristianismo. Em seu sentido original, o Graal não tem nada que ver com taça de
nenhum carpinteiro da Galiléia, crucificado no Oriente Médio. Antes, bem, o Graal é
um símbolo arquetípico fundamental do inconsciente coletivo ário. As lendas mais
antigas do Graal dizem que este é uma pedra preciosa desprendida da coroa de
Lúcifer, depois da caída deste do paraíso (segundo as fontes provenientes de
Wartburgkrieg).

Lúcifer, por certo, não é o diabo. A associação entre Lúcifer e o diabo é algo
relativamente tardio e forma parte das tantas deturpações que o cristianismo levou
a cabo. Nas tradições mais antigas, Lúcifer (Eosphoros, em grego) aparece como uma
divindade menor, como um deus associado à Estrela da Manhã, ou Estrela Vespertina
(Vênus). É o portador da Luz, ou da Aurora, o que ilumina na obscuridade.

Não existe, em rigor, nenhum relato bíblico que faça referência à conhecida
história de Lúcifer e sua expulsão do paraíso. As duas únicas passagens em que
parece basear-se nesta história são tão ambíguas que não constituem uma fonte
sólida para referir-se à esses acontecimentos. Não obstante, a história parece
haver-se popularizado às margens dos relatos bíblicos e, para o século XIII,
constitui uma história sólida e de profunda tradição popular.

Baseado nos textos de Isaías 14 e Ezequiel 28, a imaginação do Medievo supôs que
havia existido, no princípio dos tempos, uma grande conflagração entre Deus e
Lúcifer, o anjo rebelde. O motivo da discórdia haveria sido a soberba de Lúcifer,
quem, como principal e favorito de Deus, acreditou poder igualá-lo em poder e
magnitude. Com uma força igual a um terço dos anjos do paraíso, se rebelou contra
Deus e protagonizou uma guerra da que sairia derrotado e expulso às regiões do
submundo.

Ainda que esta história, narrada assim, não aparece em nenhuma parte da Bíblia e em
nenhum outro livro de data similar, a história passou como versão oficial do
acontecido com Lúcifer no paraíso. E ainda que seja assim, ainda que história de
Lúcifer não seja mais que uma recreação tardia, feita a partir de elementos da
tradição oral cristã, não deixa de surpreender os profundos paralelismos que guarda
com outras histórias surgidas em outros complexos culturais e étnicos,
particularmente, no que se diz relacionado à cultura ária.

Depois de tudo, essa história se popularizou no Medievo cristão, entre as gentes


européias, que puderam muito bem, por associação analógica, reconstruir suas
próprias lendas a partir dos novos elementos que referiam as narrações populares
cristãs. No Wartburgkrieg, conta-se que Lúcifer, depois da sua caída no submundo,
perde um objeto muito apreciado, uma pedra que se desprende de sua coroa. Essa
pedra é o Graal, e simboliza, em princípio, o poder e a magnitude perdidas por
Lúcifer depois da sua derrota. A pedra se encontra, segundo os relatos medievais,
em Ávalon, a Ilha Branca (não esqueçamos que Leuké e Hiperbórea são Ilhas Brancas),
e seu poder é tal que somente está reservada à elite que vencerá com êxito uma
série de perigos. O esquema arquetípico se repete.

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Mais além de Lúcifer e dos relatos bíblicos, mais além, inclusive, da lenda do
Graal (a que, por certo, voltaremos mais adiante), os mais antigos relatos nórdicos
e ários nos falam, efetivamente, de uma grande conflagração cósmica, de uma guerra
de proporções épicas, na que alguns deuses são derrotados e mortos em combate
(Wotan entre eles), ou, simplesmente, depois de vencer, sucumbem à morte (Thor é um
exemplo deste último). É a Ragnarok, o crepúsculo dos deuses, ocorrida na última e
mais obscura de todas as épocas.

A Ragnarok
Como nenhuma outra, a mitologia nórdica descreve um final para os deuses. A
diferença das crenças cristãs, judias, e islâmicas (todas, por certo, surgidas do
mesmo tronco semítico), cujas superstições levam a crer na existência de um deus
eterno, a mitologia nórdica, do contrário, propõe um final aos deuses no crepúsculo
dos tempos, um final escatológico, cujas correspondências e analogias com
Hiperbórea cabe mencionar aqui. A causa da Ragnarok, seu motivo principal, é a
conflagração que enfrenta, com sorte desigual, a deuses e gigantes; mas o
verdadeiramente relevante, nesta linha de paralelismos e sincronias que
construímos, é a desaparição conjunta de deuses, gigantes e outros seres que povoam
a terra, junto ao contexto escatológico que serve de escárnio à esta monumental
batalha do fim dos tempos.

Nos Eddas pode-se ler o seguinte:

“O Inverno de Fimbul chegou. Cai muita neve dos quatro pontos do mundo; a geada
assassina prevalece. O Sol se obscurece ao meio dia; já não se tem alegria;
tormentas devoradoras sopram sem fim. Os homens esperam a chegada do verão em vão.
O inverno não segue ao inverno três vezes no mundo cheio de neve, geada e
gelo...não obstante, fazem-se guerras, derrama-se sangue, e existe cada vez mais
maldade...”

E em outra passagem:

“Há desastre no céu. O lobo gigante Skoll se aproximou cada vez mais do Sol, e
agora o traz. A Lua é devorada por Hati-Managarm...Assim que o Sol esteja
obscurecido, ao meio dia, e os céus e a terra se ponham vermelhos de sangue, os
tronos dos grandes deuses gotejam sangue. A Lua também está perdida na obscuridade,
enquanto as estrelas desaparecem nos céus...Midgard arrasado; a fumaça ronda pelos
picos das montanhas; tudo se queima; nada vive. Asgard está arrasada e o fogo
envolve o tronco de Yggdrasyl...a Terra ardendo e negra, desaparece no oceano; as
ondas a cobrem... Agora não há mais nada senão uma escuridão espessa e um silêncio
total...”

Também, o Völuspá oferece uma descrição similar do Ragnarok:

“O Sol se escurece, a terra se afunda no mar, se agitam do céu das brilhantes


estrelas; surge um vapor furioso, o fogo se espalha, e chega calor até o céu.”

Todas essas passagens da literatura nórdica refletem um final escatológico dos


tempos, na que deuses e demais habitantes do planeta desaparecem. Agora, bem, mais
além da conflagração que enfrentam deuses e gigantes no fim dos tempos, mais além,
inclusive, do sentido escatológico desse final, o verdadeiramente importante, o
relevante em primeiríssimo sentido, é o acontecimento de que os deuses desaparecem
da face da terra, é a idéia de que há um fim para os deuses. Essa questão é
relevante porque marca um princípio de originalidade no relato nórdico.

Outros complexos culturais do mundo (para não dizer, a maioria deles) referem-se a
um final apocalíptico da terra, com o escurecimento da Lua e do Sol, e chuvas de
fogo, que ameaçam queimar o planeta. A história do dilúvio (a terra engolida pelos
mares e oceanos) também constitui uma narração comum a muitas culturas. Mas a idéia
de que os deuses desaparecem no final dos tempos, quando a terra é engolida pelas
águas e o Sol e a Lua se escurecem, essa idéia, digo, somente é comum aos povos
nórdicos da raça ária.

Diferentemente da Ragnarok, o mito de Hiperbórea não se refere à nenhuma


catástrofe, nenhuma final escatológico no crepúsculo dos tempos. Mas percebido
cuidadosamente, se fez do Mito de Atlântida a história de uma civilização que
sucumbiu no lapso de uma noite a raiz de uma catástrofe do tipo escatológico.

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