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Belo Horizonte
2019
Alberto Ivan Weinem
Agradeço aos amigos JP e João que entre algumas cervejinhas das sextas,
contribuíram com alguns esclarecimentos, durante nossas conversas notúrnicas.
Agradeço aos demais colegas e amigos de turma que ajudaram construir um
ambiente gostoso de aprender e conviver.
Por último, aos Céus, que me auxiliaram com alguma concentração, capaz de
me fazer entender a essência desta experiência, compartilhada com todos da turma
de 2019.
RESUMO
Geotechnical engineering is part of the world of uncertainties. In this context, the slope
stability analyst must gather data that helps him to deal with this complex framework,
where the dispersion of geotechnical parameters should be evaluated. Fortunately, the
effort and dedication of professionals, icons in the area, allow us to translate results
that will be interpreted and consolidated, so that, they can be used with degrees of
certainty compatible with the magnitude of the works. For that, the information be
obtained depends on prior planning; these are related to field and laboratory
investigations. In this scenario, the present work seeks to list topics of importance
related to the already established methods. Objectively, the aim is to establish a road
map that contemplates the important concepts of geotechnical engineering, such as
drained and undrained conditions and the phenomena of overburdening and of the
liquefaction of soils, in order to obtain data for mathematical modeling.
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
1.1 Objetivo ......................................................................................................... 1
1.2 Justificativa .................................................................................................. 1
1.3 Metodologia .................................................................................................. 2
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................. 3
2.1 Aterros Sobre Solos Moles ............................................................................. 3
2.2 Estabilidade de Taludes .................................................................................. 4
2.2.1 Método do Equilíbrio Limite............................................................................................... 4
2.2.2 Fator de Segurança (FS) ................................................................................................... 5
2.2.3 Método Tensão Sigma ....................................................................................................... 6
2.3 Deformações com Carregamentos Verticais ................................................. 7
2.3.1 Recalques Elásticos ........................................................................................................... 8
2.3.2 Recalques Primários por Adensamento ....................................................................... 10
2.3.2.1 A Analogia Mecânica de Terzaghi ...................................................................... 11
2.3.3 Recalques Secundários por Compressão .................................................................... 12
2.3.4 Métodos para Controle de Recalques ........................................................................... 14
2.4 Liquefação em Maciços ................................................................................. 15
2.4.1 Resumo .............................................................................................................................. 15
2.4.2 Critérios .............................................................................................................................. 16
2.4.2.1 Modelo do Estado Crítico ..................................................................................... 19
2.4.2.2 Critério do Parâmetro de Estado (ψ).................................................................. 21
2.4.2.3 Critério Composicional .......................................................................................... 22
2.4.3 Resistência ao Cisalhamento na Liquefação ............................................................... 23
2.4.4 Gatilho da Liquefação Estática ....................................................................................... 24
2.4.5 Fundamentos em Barragens com Alteamento a Montante ....................................... 26
2.5 Investigações Geotécnicas ........................................................................... 28
2.5.1 Conceituação: Solos Pré Adensados ............................................................................ 29
2.5.2 Amostras de Solo ............................................................................................................. 31
2.5.3 Sondagens a Percussão ................................................................................................. 34
2.5.4 Ensaio SPT-T .................................................................................................................... 40
2.5.4.1 O Índice de Torque (Tr) .......................................................................................... 41
2.5.4.2 O Conceito de N Equivalente (Neq) ..................................................................... 41
2.5.5 Ensaios de Caracterização ............................................................................................. 41
2.5.6 Ensaio De Palheta (Vane Test) ...................................................................................... 43
2.5.7 Ensaios Triaxiais ............................................................................................................... 48
2.5.7.1 Parâmetros De Poropressão A e B..................................................................... 50
2.5.8 Ensaio de Cisalhamento.................................................................................................. 51
2.5.9 Ensaio de Adensamento Oedométrico ......................................................................... 53
2.5.10 Ensaio do Piezocone ..................................................................................................... 54
2.5.10.1 Classificação Preliminar de Solos (SBT) ........................................................ 56
2.5.10.2 Resistência não Drenada SU .............................................................................. 57
2.5.10.3 Razão de Resistência não Drenada na Liquefação ..................................... 57
2.5.10.4 Condutividade Hidráulica ................................................................................... 59
2.5.10.5 Parâmetro de Estado (ψ) ........................................................................................... 62
2.6 Drenos Verticais ............................................................................................. 64
2.6.1 Zonas de Amolgamento .................................................................................................. 66
2.6.2 Capacidade de Descarga dos Drenos Verticais Pré-fabricados ............................... 67
2.7 Barragens de Resíduos de Mineração ......................................................... 68
2.7.1 Resumo .............................................................................................................................. 68
2.7.2 Materiais de Deposição de Rejeitos .............................................................................. 69
2.7.3 Aterros Hidráulicos ........................................................................................................... 69
2.7.4 Tipos de Barragens de Mineração ................................................................................. 70
2.7.5 Algumas Estatísticas de Falhas Ocorridas em Barragens de Mineração ............... 72
2.8 Sistema de Monitoramento de Barragens por Instrumentos ..................... 75
2.8.1 Medidores de Deslocamento Verticais .......................................................................... 77
2.8.1.1 Placas de Recalque .................................................................................................... 78
2.8.1.2 Medidor de Recalque tipo Magnético .................................................................... 78
2.8.2 Medidores de Deslocamentos Horizontais ................................................................... 78
2.8.2.1 Marcos de Deslocamento Superficial .................................................................... 79
2.8.2.2 Inclinômetros ............................................................................................................... 79
2.8.3 Piezômetros....................................................................................................................... 81
2.8.4 Indicadores de Nível d’Água (INA)................................................................................. 82
2.8.5 Medidores de Vazão ........................................................................................................ 83
3 CONCLUSÕES E SUGESTÕES .................................................................................................. 83
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 85
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivo
O presente trabalho descreve um roteiro que aborda os principais tópicos da
mecânica dos solos, no que concerne a investigação geotécnica de campo, ensaios
de laboratório e dispositivos de monitoramento em maciços terrosos. Tem como
objetivo específico organizar as informações obtidas, para, em um segundo
momento, conceber modelos simplificados com parâmetros de resistência e
elasticidade próximos da realidade, bem como suas condições de contorno, de
forma que o analista de estabilidade possa fazer uma avaliação baseada em ordens
de grandezas confiáveis, considerando a dispersão existente nos materiais
presentes no solo. O triângulo de Burland (fig. 1.1) demonstra esta integração.
1.2 Justificativa
O Método do Equilíbrio Limite e a Analogia Mecânica de Terzaghi estão
completando 100 anos de existência; e mesmo antes deste período, tenta-se
explicar as verdadeiras causas de vários fenômenos que ocorrem no interior da
massa sólido-líquida-gasosa denominada solo. As obras de aterro têm sua
complexidade aumentada à medida que o assunto está relacionado com as
denominadas barragens de rejeito de mineração, envolvendo lamas e areias fofas
saturadas. Aliás, o momento atual conclama a indústria de mineração e sociedade
para enfrentarem um de seus maiores desafios; isto significa aplicar as boas práticas
e as melhores tecnologias disponíveis.
2
1.3 Metodologia
Este trabalho pretende concatenar ideias de diferentes autores, apresentando
numa certa ordem, importantes tópicos: como a dos estados de tensões, aos quais
estas estruturas podem estar submetidas; suas deformações e como medi-las.
O trabalho se inicia com o tópico Aterros sobre Solos Moles, seguido pelo
conceito de Estabilidade de Taludes. Na sequência é abordada a questão dos
diferentes tipos de recalques, na seção denominada: Deformações com
Carregamentos Verticais, associada ao fenômeno do sobreadensamento.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Aterros Sobre Solos Moles
Segundo a NBR-7250 os solos predominantes argilosos que apresentam
resultados de sondagem a percussão com NSPT entre 3 e 5 são denominados moles,
enquanto aqueles com NSPT entre 0 e 2 são considerados solos muito moles.
Normalmente são solos transportados por aluvião e encontrados em região de
depósitos sedimentares e encontram-se em condições saturadas, com nível freático
elevado. Possuem resistência extremamente baixa, são homogêneos e bastante
compressíveis (MARANGON, UFJF, 1990).
Grau de segurança
Perdas de vidas
Alto Médio Baixo
Grau de segurança
Perdas materiais e ambientais
ΣSr / ΣSm , definindo localmente o Fator de Segurança (Stability Factor), para cada
fatia
𝑆𝑟 = 𝑠. 𝛽 = 𝑐 ′ . 𝛽 + 𝜎𝑛 . 𝑡𝑎𝑛𝜙 ′ . 𝛽
Onde:
Por se tratar de equações lineares os cálculos para obtenção dos S.F. são feitos
sem a necessidade iterações numéricas.
Onde:
2𝛥𝜎𝑣 .𝑏.(1−𝜐2 )
𝛥ℎ𝑖 = , sendo 𝜎𝑣 = 𝐼. (𝛾𝑎𝑡 . ℎ𝑎𝑡 )
𝐸
Onde:
I = o fator de Influência, que pode ser obtido pelo ábaco de Osterberg (fig. 2.6)
Vale sublinhar que uma camada de argila com 10 metros de altura, tendo um
coeficiente de compressão secundário de 1% e o seu adensamento primário durar 2
14
𝑡
𝐶𝛼 . ℎ𝑎𝑟𝑔 . 𝑙𝑜𝑔 𝑡 ∗
𝑝
𝛥ℎ𝑠𝑒𝑐 =
1 + 𝑒𝑣0
METODOLOGIAS EXPERIÊNCIAS
CARACTERÍSTICAS
CONSTRUTIVAS BRASILEIRAS
Remoção da camada mole, total Eficaz, grande impacto Vargas (1973); Cunha e
ou parcial ambiental, necessidade Wolle (1984); Barata
de sondagem (1977)
Expulsão do solo com ruptura Utilizada para depósitos Zaeyen et al. (2003)
controlada (aterro de ponta) de pequena espessura e
muito dependente da
experiência local;
necessária sondagem
para aferição da
espessura de solo
remanescente
Construção em etapas Utilizada na maioria dos Almeida et al. (2001);
casos; é necessário Davies e Parry (1985);
monitoramento do Almeida et al. (2008b)
ganho de resistência;
não favorável para
prazos exíguos
Drenos verticais e sobrecarga no Utilizada para acelerar Almeida, Rodrigues e
aterro recalques, com grande Bittencourt (1999); Almeida
experiência acumulada. et al. (2001); Sandroni e
Usa-se a sobrecarga Bedeschi (2008);
temporária para diminuir
recalques primários e
secundários
remanescentes
Bermas de equilíbrio e/ou reforço Adotada frequentemente Palmeira e Fahel (2000);
é necessário avaliar se a Oliveira, Almeida e Erlich
força de tração do (2009)
reforço é realmente
mobilizada in situ
Aterros sobre estacas com Ideal para prazos Almeida et al. (2008ª);
plataforma de Geogrelhas exíguos; diversos Sandroni e Deotti (2008_
layouts e materiais
podem ser utilizados
15
A partir deste estágio não há mais volta. A mudança de estado ocorre quando
as tensões atuantes nessa massa tocam a envoltória de resistência de Mohr-
Coulomb (fig. 2.12), até culminar no estado conhecido como liquefação.
2.4.2 Critérios
Os critérios para determinar a susceptibilidade de liquefação de solos são: o
critério histórico, quando se tem informações de locais que já sofreram processos de
liquefação; o critério geológico, para os sítios com depósitos aluvionares, fluvionares
e aeólicos; o critério de estado, em função da variação do índice de vazios com
relação a curva crítica de vazios; e o critério composicional. Os solos granulares,
desde pedregulhos a siltes grossos, mal graduados tendem a ser susceptíveis,
quando no estado fofo (FRANKE, 2017).
17
(1936). Esta analisava o comportamento das areias nos estados compacto e fofo a
partir de ensaios drenados (fig. 2.14).
Cakmak (1987) também menciona logo a seguir que Schofield e Wroth (1968)
apresentaram seu trabalho um pouco diferente do de Casagrande (1936). Poulos
(1971, 1981) descreve a diferença entre os dois conceitos, que no caso R1, na figura
2.16, para Schofield, a tensão de pico de cisalhamento τ é correspondente ao estado
crítico, enquanto para o Steady State, ou Estado Permanente, a tensão de
cisalhamento é a mínima sem variação; atingindo grandes deformações.
Vale dizer que, com esta diferenciação de conceitos, o índice vazios crítico é
menor no conceito de Schofield. Outro aspecto é que a forma da curva tensão x
20
deformação é função do estado inicial do material (fofo ou compacto), por outro lado
o Estado Permanente não é função deste (JEFFERIES; BEEN, 2016. p. 1-4).
De um modo geral pode-se afirmar que solos em estado mais denso que o
estado crítico ψ<0, são solos dilatantes e sob cisalhamento não drenado têm
deformações com resistência elevada, ao passo que os solos no estado fofo maior
que o crítico ψ>0, são solos contráteis e na condição não drenada as deformações
ocorrem com baixas resistências ao cisalhamento (ROBERTSON, 2010a).
deformação. Areias e siltes fofos tais como os depósitos submersos das praias de
rejeitos podem ter resistência muito baixa; estes contraem durante o cisalhamento
do mesmo modo que argilas sensíveis. No entanto, diferentemente das argilas que
têm um estado único de compactação referente ao índice de vazios, as areias tem
amplos intervalos de compactação para o mesmo estado de compressão. Estas
largas variações do índice de vazios iniciais das areias, e da estrutura desses
depósitos em escala de campo, significa que as estimativas das resistências não
drenadas para estes materiais são altamente incertas. (DAVIES, 2002).
Figura 2.18 - Carta de Plasticidade, mostrando tipos de solos que sofreram
liquefação durante fortes terremotos na China.
Fonte: Wang (1979), apud Boulanger; Idriss (2004)
Critérios semelhantes são descritos segundo Bray et al. (2004) com materiais
coletados após terremoto de Kocaeli (1999). A partir de ensaios triaxiais com
carregamento cíclico, concluem que solos com IP ≤ 12 e wL > 85% são susceptíveis
a liquefação. (BOULANGER; IDRISS, 2004).
Figura 2.19 - Recomendações de Seed et al. (2003) no que diz respeito a liquefação
de solos.
Fonte: Boulanger; Idriss (2004).
′
𝜎𝑚 ′
𝑂𝐶𝑅 = tal que, 𝜎𝑚 é a tensão de pré adensamento.
𝜎𝑣′
adensamento. Tais amostras são obtidas por meio de técnicas que tentam preservar
a estrutura in situ do solo e sua condição de umidade. As amostras em profundidade
podem ser extraídas com auxílio de lavagem, perfuração e cravação de tubos e
posteriormente arrancadas do interior do maciço; ou por escavação de poços de
inspeção, onde são esculpidas. Após a coleta, em ambos os métodos, são
envelopadas e protegidas para evitar ressecamento e vibrações no transporte do
campo ao laboratório. Entretanto, independentemente do método de extração da
amostra, é praticamente impossível obter uma amostra tida realmente como
indeformada, haja vista que os estados de tensões mudam durante a escavação,
extração, transporte e modelagem dos corpos de prova (fig. 2.26).
Segundo Ladd; Lamb (1993), para se obter bons resultados nos ensaios de
laboratório é necessário que se disponha de amostras de solos indeformadas de boa
qualidade. Embora considerando uma amostra de solo perfeita, apresenta
inevitavelmente, um determinado alívio do estado de tensões. (LADD; LAMB, 1993,
apud ALMEIDA; MARQUES, 2010, p. 72).
Figuras 2.27 (a) e (b) - Resultados de ensaios triaxiais de uma argila homogênea
Fonte: Modificado de Ladd; Foott. 1974. Plaxis: SHANSEP MC Model, 2016.
Martelo cilíndrico
Novo 66,5 50 3,74 74,2 39 5,30
acionado com corda
𝜎𝑣′
𝑁𝑆𝑃𝑇 = 𝐷𝑟2 (𝑎 + 𝑏𝐶𝛼 )
100
𝑘
Liao e Whitman (𝜎𝑣′ )𝑟𝑒𝑓
𝐶𝑁 = ⌈ ⌉ - k = 0,4 – 0,6
(1985) 𝜎𝑣′
Skempton 170
𝐶𝑁 = KPa Areias P.A.; OCR = 3
(1986) 70 + 𝜎𝑣′
143
Clayton (1993) 𝐶𝑁 = KPa Areias P.A.; OCR = 10
43 + 𝜎𝑣′
Com base neste fato, vários autores sugerem coeficientes de correção de NSPT,
normalizados ao nível de tensão de 1 ATM, ou 100 KPa, o equivalente em solos, da
ordem de 5 metros de profundidade e expressos como: 𝑁𝑆𝑃𝑇,1 = 𝐶𝑁 . 𝑁𝑆𝑃𝑇 . Baseado
neste conceito, são propostas de forma empírica (tab. 2.3), algumas correlações
para CN.
𝑇
𝐹𝑡 =
(40,53. ℎ − 17,40)
Figura 2.32 - Obtenção de índices físicos dos solos, a partir de apenas 2 ensaios.
Fonte: UFJF (2005)
Este ensaio é utilizado para medir resistências não drenadas de solos in situ. Por
meio da cravação de uma palheta com seção cruciforme, é aplicado um torque
necessário a romper a argila em condição saturada. Embora a Norma Brasileira
especifica que o teste pode ser aplicado em argilas até 200 KPa, ou seja, cuja
44
classificação está entre mole e rija, os resultados são satisfatórios em argilas com
resistências até 50 KPa. Conforme prática adquirida, deve-se considerar:
Embora existam várias considerações e fórmulas para obtenção das tensões nas
palhetas, dado a forma do carregamento e anisotropia, estas não serão
apresentadas neste trabalho. Porém estas relações são descritas por (SCHNAID;
ODEBRECHT, 2014, pp.124-128).
A Norma Brasileira define a resistência Su, não drenada, pela seguinte expressão:
𝑇
𝑆𝑢 = 0,86 .
𝜋𝐷3
𝑆𝑢
𝑆𝑡 =
𝑆𝑢𝑎
Sensibilidade St
Baixa 2-4
Média 4-8
Alta 8-16
Muito Alta >16
Tabela 2.8. Sensibilidade de Argilas
Fonte: (SKEMPTON; NORTHEY 1952, apud ORTIGÃO 2006).
𝑆𝑢(𝑐𝑜𝑟.) = 𝜇𝑆𝑢(𝐸𝑃)
IP. Mas, dado a alta dispersão dos resultados, estudos mais atuais publicados por
Aas, et al. (1986) propõem o índice de resistência normalizada.
𝑆𝑢
′
𝜎𝑣0
′
Onde 𝑆𝑢 é a resistência fornecida pelo EP e 𝜎𝑣0 é a tensão efetiva vertical in
situ. (BJERRUM, 1973; AAS et al. 1986; apud ORTIGÃO, J.A.R., 2006 pp. 322-323).
Segundo Mayne; Mitchell, 1988 a OCR pode ser representada pela relação:
𝑆𝑢
𝑂𝐶𝑅 = 𝛼 ′
𝜎𝑣0
𝛼 = 22. (𝐼𝑃)−0,48
Figura 2.36 - Correlações para obtenção do fator corretor μ para razão de resistência
não drenada.
Fonte: (AAS et al. 1986; apud ORTIGÃO, J.A.R., 2006).
𝐿
𝑇𝑥 𝑑𝑥 𝑇𝐿
𝜙=∫ =
0 𝐽𝑥 . 𝐺 𝐽𝐺
Também devem ser somadas a torção elástica as rotações dos apertos nas
luvas entre as hastes durante a execução do ensaio. É sugerido que seja utilizado
dispositivo que limite a rotação, por meio de batentes, para que não ocorra estas
rotações. (POPOV, 1976; apud SCHNAID; ODEBRECHT, 2014, pp.121-122).
Ensaios triaxiais na sua versão mais completa são realizados em duas fases:
a do adensamento e a do cisalhamento. A primeira fase, ou de adensamento, é
drenada, já a segunda fase, de cisalhamento, pode ser drenada ou não drenada. Os
corpos de prova podem ser adensados e rompidos com amostras indeformadas, ou
moldadas.
𝛥𝑢𝑎
Parâmetro 𝐵 = quando o solo encontra-se totalmente saturado B=1.
𝛥𝜎3
𝛥𝑢
Parâmetro 𝐴 = 𝛥𝜎𝑑
𝑑
Uma das interpretações de ensaio utiliza o padrão MIT, Lambe; Whitman, (1979)
que fornece o diagrama s’ x t para representação das trajetória de tensões.
3
𝑝′ = σ’𝑜𝑐𝑡 𝑞 = 𝜏
√2 𝑜𝑐𝑡
É instalada uma bureta na torneira, que permite medir a condutividade hidráulica (k)
do solo. O ensaio de carga variável dura 24 horas.
𝑎. 𝐿 ℎ1
𝑘 = 2,3. . 𝑙𝑜𝑔
𝐴(𝑡2 − 𝑡1) ℎ2
Sendo:
a = área da seção transversal do tubo
A = área do corpo de prova de altura L
t1 e t2 = tempos nos quais as alturas h1 e h2 são medidas no tubo.
𝑞𝑡 −𝜎𝑣0 𝑢 −𝑢 𝑓
𝑄𝑡 = 𝐵𝑞 = 𝑞 2−𝜎 0 𝑠
𝐹𝑟 = 𝑞 −𝜎 . 100%
𝜎𝑣0 𝑡 𝑣0 𝑡 𝑣0
𝑞𝑡 − 𝜎𝑣0
𝑆𝑢 =
𝑁𝑘𝑡
𝑆𝑢(𝑙𝑖𝑞)
= 0,03 + 0,0143(𝑞𝑐1 ) ± 0,03 𝑓𝑜𝑟 𝑞𝑐1 ≤ 6,5 𝑀𝑃𝑎
Ϭ′𝑣0
𝑆𝑢(𝑙𝑖𝑞)
= 0,03 + 0,0075[(𝑁1 )60 ± 0,03 𝑓𝑜𝑟 (𝑁1 )60 ≤ 12
Ϭ′𝑣0
Na figura 2.xx está incluída a linha apresentada por Olson (1998). Esta é
conservadora para todos os valores de qc1. Na figura 2.xw estão incluídos os limites
para a razão de resistência a liquefação propostos por Stark; Mesri (1992) e as
59
dados da figura 2.47 propostos por Stark; Mesri (1992) são conservadores para
todos os valores de (𝑁1 )60, enquanto os propostos por Davies; Campanella (1994)
são não conservadores para os valores de (𝑁1 )60maiores que 8. Os valores
conservadores apresentados por Stark; Mesri (1992) e Olson (1998) incorporam a
correção devido ao conteúdo de finos.
Onde:
Qtn = [(qt – v)/pa] (pa/'vo)n
Fr = [(fs/(qt – vo)] 100%
qt = CPT resistência total do cone corrigida
fs = CPT atrito lateral
vo = tensão vertical in situ
'vo = tensão efetiva in situ
61
Figura 2.48 – Sugestão para a variação da condutividade hidráulica (k) x (SBT Ic)
ROBERTSON (2010a).
Importante citar que Robertson (2010) esclarece que estes valores de (k) devem ser
utilizados apenas como um guia.
Jefferies; Been (2006) e Shuttle; Cunning (2007) sugerem que quando solos
possuem parâmetros de estado ψ > - 0,05 na condição de cisalhamento não
drenada sua deformação ocorre com resistência ao cisalhamento baixa. Então,
quando se define uma região no ábaco CPT SBT, que representa o parâmetro de
estado cerca de - 0,05 é útil como técnica de triagem para identificar a
susceptibilidade a liquefação.
Baseado no trabalho de Plewes et al. (1992), Jefferies; Been (2006) e Shuttle;
Cunning (2007), associados a resultados de testes com amostras congeladas,
Robertson et al. (2000), é possível identificar uma zona no ábaco normalizado SBT,
63
𝐾ℎ𝑝 0,67
= , onde n é a razão do espaçamento dos drenos D e a
𝐾ℎ [ln(𝑛)−0,75]
2.7.1 Resumo
conhecimento fornece uma base para a avaliação do que pode estar acontecendo
com a estrutura. (ASCE, 2000, pp. 10-12)
Outro aspecto é a seleção dos locais onde serão alocados os instrumentos,
que deve refletir o comportamento previsto da estrutura, e ser compatível com o
método de análise adotado durante a interpretação dos resultados.
Um critério prático para a seleção dos locais onde serão instalados os
instrumentos implica em três passos:
(1) Zonas que dependem de interesse, tais como: zonas de fraqueza da
estrutura, zonas de carregamentos elevados e zonas de poropressão
elevadas;
(2) A seleção é constituída por zonas, normalmente por seções onde são
previstos determinados comportamentos representativos, por exemplo,
mudanças na geologia e dos métodos construtivos. As seções instrumentadas
consideradas como básicas são aquelas que irão fornecer dados
compreensíveis, relacionados ao desempenho;
(3) Pelo fato da possibilidade de haver erro de julgamento quanto à
escolha dos locais das seções básicas, a instrumentação deve ser duplicada
em seções secundárias, de forma que estas possam a ser comparadas.
CONSULTORIA E ESPECIALISTA EM
TAREFA INVESTIDOR CONSTRUTOR
PROJETO INSTRUMENTAÇÃO
Planejamento do Programa
X X X
de Monitoramento
Aquisição / Calibragem de
X X
Fábrica
Instalação X X
Cronograma de Manutenção /
X X
Calibragem
Programa e Atualização de
X X
Coleta de Dados
Coleta de Dados X X
Processamento de Dados
X
Coletados
77
Interpretação de Dados X X
2.8.2.2 Inclinômetros
Os inclinômetros fazem parte dos equipamentos de medição que irão
monitorar os movimentos horizontais do maciço. Estes movimentos podem se
revelar de forma súbita, ou bem lenta. O equipamento comumente utilizado é
constituído por um conjunto de tubos de alumínio ou PVC, contendo quatro ranhuras
internas ao longo de sua vertical. Estas ranhuras são posicionadas nas direções
ortogonais, relativas às ombreiras e os paramentos de montante e jusante (fig. 2.60).
Outros métodos, com tecnologias mais simples (fig. 2.58), podem ser
aplicados na obra, por meio de topografia, e instalações de cabos internos aos tubos
auxiliando na medida das deformações (CIRCULAR E-C129, 2008, pp. 15-35).
81
2.8.3 Piezômetros
Geralmente os piezômetros são instalados abaixo do nível piezométrico, em
furos dedicados, ou compartilhados com inclinômetros, isto depende essencialmente
do tipo de aplicação na obra e do diâmetro dos tubos. Entretanto, segundo McKeena
(1995), uma distância mínima deverá ser mantida de um equipamento para o outro
afim de evitar danos com curtos circuitos. Os piezômetros multinível de cordas
vibrantes – VW (fig. 2.63a) são do tipo diafragma e podem ser instalados envoltos
por preenchimentos anelares de grout com bentonita de baixa condutividade
hidráulica, e requerem uma quantidade mínima de fluxo de água, possibilitando a
leitura da poropressão em diferentes níveis da estrutura. O preenchimento funciona
também como filtro, de forma que não haja interferência entre os sensores.
82
3 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
REFERÊNCIAS
CRAIG, R.F. Craig’s Soil Mechanics. Spon Press. New York, 2004.
OLSON, S.M.; STARK, T.D. Liquefied Strenght Ratio from Liquefaction flow
Failure Case Histories. Canadian Geotechnical Journal. Canada. 2002.
ORTIGÃO, J.A.R. Mecânica dos Solos dos Estados Críticos. TerraTek. Rio
de Janeiro, 2007.
RANJAN, Gopal, RAO, A. S. R. Basic and Applied Soil Mechanics. New Age
International Publishers. 1991.