Você está na página 1de 24

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.

0003

A C Ó R D Ã O
(1ª Turma)
GMLBC/viv/

RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS. DOENÇA OCUPACIONAL
EQUIPARADA POR LEI AO ACIDENTE DO
TRABALHO. PRESCRIÇÃO. 1. Orienta-se o
entendimento recente desta SBDI-I no
sentido de que a regra prescricional
aplicável à pretensão relativa a
indenização por danos morais
decorrente de acidente do trabalho é
definida a partir da data em que a
parte tem ciência inequívoca do
evento danoso. Ocorrido o acidente ou
cientificada a parte da incapacitação
ou redução da sua capacidade laboral
em ocasião posterior ao advento da
Emenda Constitucional nº 45/2004, por
meio da qual se definiu a competência
da Justiça do Trabalho para processar
e julgar tais demandas, a prescrição
incidente é a prevista no artigo 7º,
XXIX, da Constituição da República,
porquanto indiscutível a natureza
trabalhista reconhecida ao evento.
Contrariamente, verificado o
infortúnio anteriormente à entrada em
vigor da referida emenda
constitucional, prevalece a
prescrição civil, em face da
controvérsia que pairava nas Cortes
quanto à natureza do pleito –
circunstância que não pode ser tomada
em desfavor da parte. 2. Na presente
hipótese, conforme reconhecido pelo
Tribunal Regional, a lesão se
concretizou em 8/2/1991 - ou seja, em
data anterior à edição da Emenda
Constitucional n.º 45/2004. A
prescrição incidente, portanto, é a
civil, observada a regra de transição
consagrada no artigo 2028 do Código
Civil de 2002, porquanto
transcorridos mais de dez anos até a
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.2

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

data da entrada em vigor do referido


Código. 3. Assim, em face da regra
contida no indigitado dispositivo de
lei, forçoso concluir que a
prescrição aplicável, no presente
caso, é a vintenária, estabelecida no
artigo 177 do Código Civil de 1916,
iniciando-se a contagem a partir da
data da lesão - ou seja, 8/2/1991 – e
findando em 8/2/2011. 4. Ajuizada a
presente ação em 19/4/2006, não há
prescrição a ser decretada
relativamente à pretensão à reparação
por danos morais decorrentes de
acidente do trabalho. 5. Recurso de
revista não conhecido.
DOENÇA PROFISSIONAL. INDENIZAÇÃO POR
DANOS   MORAIS   E   PENSÃO   MENSAL
VITALÍCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL. 1.
O novo Código Civil Brasileiro
manteve, como regra, a teoria da
responsabilidade civil subjetiva,
calcada na culpa. Inovando, porém, em
relação ao Código Civil de 1916,
ampliou as hipóteses de
responsabilidade civil objetiva,
acrescendo aquela fundada no risco da
atividade empresarial, consoante
previsão inserta no parágrafo único
do artigo 927. Tal acréscimo apenas
veio a coroar o entendimento de que
os danos sofridos pelo trabalhador
decorrentes de doença ocupacional
equiparada a acidente do trabalho
conduzem à responsabilidade objetiva
do empregador. 2. Na presente
hipótese, além de configurada a
atividade de risco apta a ensejar o
reconhecimento da responsabilidade
objetiva do empregador, resultou
caracterizada a culpa por omissão
decorrente da não observância do
dever geral de cautela, porquanto,
além do dever de providenciar a
adequada orientação de seus
empregados, cabia à empregadora o
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.3

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

cumprimento das obrigações atinentes


à segurança e medicina do trabalho,
visando a evitar a ocorrência de
doença profissional. 3. Recurso de
revista não conhecido.
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. ARTIGO 17 DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 1. Correta
a decisão que, diante de
circunstâncias indicativas do
manifesto propósito da parte de
alterar a verdade dos fatos, mediante
a apresentação de defesa com base em
fato falso, impõe a penalidade por
litigância de má-fé. 2. Não procede a
alegada contrariedade às Súmulas de
nºs 219 e 329 do TST, tampouco
afronta aos artigos 14 e 16 da Lei nº
5.584/70, visto que a condenação ao
pagamento de honorários advocatícios
é prevista no artigo 18, cabeça, do
CPC, como resultado da conduta
censurável da reclamada definida no
artigo 17 do mesmo diploma legal.
Frise-se que a condenação ao
pagamento de honorários advocatícios,
no caso, não decorre da mera
sucumbência, mas se trata de
cominação pecuniária imposta ao
litigante de má-fé. 3. Recurso de
revista não conhecido.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso   de   Revista   n°  TST­RR­120900­38.2006.5.12.0003,   em   que   é
Recorrente CECRISA REVESTIMENTOS CERÂMICOS S.A. e Recorrido VALDELIR
GOULART.

O Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, por


meio do acórdão prolatado às fls. 487/497, negou provimento ao
recurso ordinário interposto pela reclamada. Manteve a incidência da
prescrição vintenária para o pedido de indenização por danos morais

Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.4

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

decorrentes de acidente de trabalho e a condenação ao pagamento de


pensão mensal vitalícia e reparação por danos morais.
Inconformada, interpõe a reclamada o presente
recurso de revista, mediante as razões que aduz às fls. 501/528.
Busca a reforma do julgado quanto aos temas "prescrição – dano moral
– acidente do trabalho" e "pensão mensal e indenização por danos
morais" e "litigância de má-fé".
Admitido o recurso de revista por meio da decisão
monocrática proferida às fls. 537/538, foram apresentadas
contrarrazões às fls. 539/550.
Dispensada a remessa dos autos à douta
Procuradoria-Geral do Trabalho, à míngua de interesse público a
tutelar.
É o relatório.

V O T O

CONHECIMENTO
1 - PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DE ADMISSIBILIDADE
RECURSAL.
O recurso é tempestivo (acórdão publicado em
7/8/2008, quinta-feira, conforme certidão lavrada à fl. 409, e
razões recursais protocolizadas em 15/8/2008, à fl. 501). O depósito
recursal foi efetuado no valor legal (fl. 535) e as custas,
recolhidas à fl. 449. A reclamada está regularmente representada nos
autos, consoante procuração acostada às fls. 531/533 e
substabelecimento à fl. 529.

2 - PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS DE ADMISSIBILIDADE


RECURSAL.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DOENÇA OCUPACIONAL
EQUIPARADA POR LEI AO ACIDENTE DO TRABALHO. PRESCRIÇÃO.
O Tribunal Regional negou provimento ao recurso
ordinário interposto pela reclamada, mantendo incólume a incidência
da prescrição vintenária da pretensão deduzida em juízo pelo
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.5

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

obreiro, ainda que por fundamento diverso. Valeu-se, para tanto, dos
seguintes fundamentos às fls. 448/491:

1 - PRESCRIÇÃO
Fundamentado na regra de transição do art. 2.028 do Código Civil de
2002 e considerando que a autora ingressou com a ação dentro do prazo de
vinte anos estabelecido no Código Civil de 1916, o Magistrado de origem
rejeitou a argüição de prescrição qüinqüenal.
No recurso, a ré sustenta que a prescrição da ação em curso deve ser
contada a partir da data de seu ajuizamento, nos moldes previstos no art. 7º,
inc. XXIX, da CRFB. Acresce que ainda que se aplicasse o novo Código
Civil, a pretensão da autora estaria fulminada, ante a prescrição trienal
prevista no seu art. 206, § 6º.
A Constituição da República (art. 7º, inc. XXIX) estabelece o prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho, quanto aos
créditos resultantes das relações de trabalho.
No entanto, não se trata, no caso, de crédito resultante das relações de
trabalho, mas da responsabilidade civil atribuída a todo cidadão
independentemente da condição contratual que o vincula à vitima.
Não se discute, nas ações que reclamam indenização por acidente de
trabalho, direito trabalhista, mas, sim, direito civil e constitucional.
A Constituição, no art. 1º, incs. III e IV, assegura como fundamento
do Estado Democrático de Direito a dignidade da pessoa humana e os
valores sociais do trabalho e, nos incs. V e X do seu art. 5º, garante
indenização por dano material, moral ou à imagem como garantia à
integridade física, à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das
pessoas. O direito civil, por sua vez, dispõe sobre o direito de personalidade
(art. 11 a 21) e sobre a responsabilidade civil e a obrigação de indenizar
(art. 927).
No acidente de trabalho, o empregado, enquanto cidadão, sofre danos
pessoais, com prejuízo à vida ou à saúde física e psicológica.
Além do mais, não se justifica que um cidadão, só pelo fato de ter
sofrido violação de um direito personalíssimo por ato de seu empregador,
venha a ter reduzido o prazo de prescrição do direito de reclamar a devida
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.6

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

reparação. Certamente, cuidando-se de direito e garantia fundamental do


cidadão, não se pode deixar que a condição profissional do ofendido ou do
ofensor seja o fator determinante do prazo prescricional a ser adotado. Esse
entendimento inclusive ofende o direito de igualdade também garantido
pela Constituição da República (art. 5º, I), já que restringe o direito de uma
parcela de profissionais sem uma circunstância relevante que a justifique.
Os danos decorrentes de lesões à integridade física, moral e
psicológica do indivíduo atingem direitos personalíssimos atávicos a
dignidade da pessoa humana (CRFB, art. 5°, incs. V e X, c/c. art. 1º, inc.
III).
Assim, os direitos resultantes desses tipos de lesão não têm natureza
civil ou trabalhista, mas sim natureza constitucional.
Por essa razão, a prescrição aplicável às ações de reparação de dano
decorrente de acidente de trabalho é a prevista no Código Civil, já que não
há prazo expresso para as pretensões relacionadas a danos personalíssimos,
não olvidando que é a lei civil que socorre os casos de lacuna legislativa
acerca da matéria.
Desse modo, numa interpretação da regra de transição inscrita no art.
2.028 do Código Civil, é vintenária a prescrição aplicável para os danos
ocorridos na vigência do Código Civil de 1916, e decenal, para os ocorridos
na vigência do Código Civil de 2002.
Esclareço que a indenização devida em decorrência de acidente de
trabalho não caracteriza a reparação civil de que trata o inc. V do § 3º do
art. 205 do novo Código Civil, que está sujeita ao prazo prescricional de
três anos. Com efeito, o bem jurídico tutelado nas ações de indenização por
acidente de trabalho é um bem maior, de natureza personalíssima,
constitucionalmente protegido, sendo que a prescrição trienal prevista no
inc. V do § 3º do art. 206, refere-se, especificamente, à pretensão de
reparação civil.
Portanto, caso o dano ocorra na vigência do Código de 2002, é
aplicável o prazo geral de prescrição, previsto no art. 205 (10 anos).
No caso em análise, contudo, há prova inequívoca de que o autor
contraiu pneumoconiose em 08.02.1991 (fls. 26/27), portanto, na vigência
do Código Civil de 1916. Logo, o prazo de prescrição para a propositura da
demanda é de vinte anos, na forma do art. 177. Tendo em vista que a
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.7

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

presente ação foi ajuizada em 19.04.2006, não há prescrição a ser


pronunciada.
Mantenho a sentença, embora por fundamentos diversos.

Sustenta a reclamada, em suas razões de revista,


que a pretensão deduzida em Juízo encontra-se prescrita, porquanto
ajuizada a presente reclamação trabalhista quando decorridos mais de
cinco anos após o acidente de trabalho. Visa ao reconhecimento da
prescrição quinquenal, salientando que a ação de indenização
acidentária decorre única e exclusivamente da relação de trabalho
pré-existente. Esgrime com afronta ao artigo 7°, XXIX, da
Constituição da República e indica contrariedade à Súmula nº 308 do
Tribunal Superior do Trabalho. Transcreve arestos para demonstrar o
dissenso de teses
Ao exame.
Cinge-se a controvérsia a definir a natureza da
prescrição aplicável (civil ou trabalhista) a pleito relacionado com
direitos decorrentes de lesão resultante de acidente do trabalho,
ocorrido em período anterior à edição da Emenda Constitucional n.º
45/2004.
Trata-se de matéria de extrema relevância, ainda
mais se levado em consideração que a competência desta Justiça
Especial para dirimir tais controvérsias, advinda da nova redação do
artigo 114 da Constituição da República, conferida pela Emenda
Constitucional n.º 45/2004, somente se consolidou após o julgamento
pelo Supremo Tribunal Federal do Conflito de Competência n.º 7.204,
publicado em 9/12/2005.
Ressalta-se que, para a definição do prazo
prescricional, na hipótese, impõe-se observar as peculiaridades do
caso concreto, em especial a data em que ocorrida a lesão – ou de
sua ciência inequívoca, na hipótese de doença ocupacional,
equiparada por lei ao acidente do trabalho.
Tem-se firmado a jurisprudência da SBDI-I no
sentido de que, aos acidentes ocorridos posteriormente ao advento da
Emenda Constitucional n.º 45/2004, por meio da qual se definiu a
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.8

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar tais


demandas, a prescrição incidente é a prevista no artigo 7º, XXIX, da
Constituição da República, porquanto indiscutível a natureza
trabalhista reconhecida ao evento. Contrariamente, verificado o
infortúnio anteriormente à entrada em vigor da referida emenda
constitucional, prevalece a prescrição civil, em face da
controvérsia que pairava nas Cortes quanto à natureza do pleito –
circunstância que não pode ser tomada em desfavor da parte.
Relevante lembrar que, sob a égide do Código Civil
de 1916, o prazo prescricional a incidir nas ações relacionadas com
acidente do trabalho era o vintenário. Após a entrada em vigor do
novo Código Civil, em 12/1/2003, de que resultou a alteração do
prazo prescricional relativo à reparação civil, fixou-se o
interstício em três anos (artigo 206, § 3º, V). Ressalvou, todavia,
o legislador, as situações com prazo prescricional já em curso, em
prol da estabilidade e segurança jurídicas, uma vez que não poderiam
as partes se ver surpreendidas com a súbita mudança na contagem de
prazo já iniciado. Nesse sentido, estabeleceu-se, no artigo 2028 do
novel diploma civil, regra de transição segundo a qual "serão os da
lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na
data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade
do tempo estabelecido na lei revogada".
Atente-se, ainda, para o fato de que as pretensões
relacionadas com doenças ocupacionais - por lei equiparadas ao
acidente do trabalho – tem seu dies a quo, para fins prescricionais,
coincidente com a data da ciência inequívoca da incapacidade para o
trabalho. Nesse sentido, o entendimento consolidado nas Cortes
Superiores pátrias, nos termos das Súmulas de n. os 230 do Supremo
Tribunal Federal e 278 do Superior Tribunal de Justiça.
Tem-se, daí, que, verificada a lesão em
decorrência de acidente do trabalho anteriormente a 12/1/1993,
observar-se-á a prescrição vintenária prevista no artigo 177 do
Código Civil de 1916, porquanto já transcorrida mais da metade do
prazo respectivo na data da entrada em vigor do atual Código Civil.
Já às lesões ocorridas entre 12/1/1993 e 12/1/2003 deve-se aplicar o
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.9

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

prazo previsto no artigo 206, § 3º, V, do Código Civil de 2002 –


iniciando-se, porém, a sua contagem somente a partir da vigência do
novo Código, ou seja, 12/1/2003.
Nesse passo, ressalta-se a lição de Sebastião
Geraldo de Oliveira, em sua obra Indenização por Acidente do
Trabalho ou Doença Ocupacional, 3ª ed., Ed. LTr, páginas 351, 352 e
353:

O entendimento que está prevalecendo na doutrina e na


jurisprudência recomenda a aplicação do novo prazo reduzido, porém com
sua contagem somente a partir da vigência da lei nova, ou seja, despreza-se
o tempo transcorrido na vigência do Código anterior e contam-se os três
anos a partir de 12 de janeiro de 2003, data da vigência do Código Civil
atual.
(...)
Para tornar mais claro o entendimento doutrinário, durante a IV
Jornada de Direito Civil realizada em 2006, também promovida pelo Centro
de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal, foi aprovado o
Enunciado n. 299, com a seguinte redação:
Artigo 2.028. Iniciada a contagem de determinado prazo sob a égide
do Código Civil de 1916, e vindo a lei nova a reduzi-lo, prevalecerá o
prazo antigo, desde que transcorrido mais da metade deste na data da
entrada em vigor do novo Código. O novo prazo será contado a partir de
11 de janeiro de 2003, desprezando-se o tempo já decorrido, salvo quando
o não-aproveitamento do prazo já decorrido implicar aumento do prazo
prescricional previsto na lei revogada, hipótese em que deve ser
aproveitado o prazo já decorrido durante o domínio da lei antiga,
estabelecendo-se uma continuidade temporal.
Assim, a pretensão reparatória quanto aos acidentes do trabalho
ocorridos entre 12 de janeiro de 1993 e 11 de janeiro de 2003 só prescreveu
no dia 12 de janeiro de 2006.

Destaca-se, ainda, a existência de precedentes do


Supremo Tribunal Federal, nesse mesmo sentido:

Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.10

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

USUCAPIÃO. LEI 2437 DE 1955, QUE LHE REDUZIU O PRAZO.


No caso em que a lei nova reduz o prazo exigido para a prescrição, a lei
nova não se pode aplicar ao prazo em curso sem se tornar retroativa. Daí,
resulta que o prazo novo, que ela estabelece, correra somente a contar de
sua entrada em vigor; entretanto, se o prazo fixado pela lei antiga deveria
terminar antes do prazo novo contado a partir da lei nova, mantém-se a
aplicação da lei antiga, havendo aí um caso de sobrevivência tácita desta
lei, porque seria contraditório que uma lei, cujo fim é diminuir a prescrição,
pudesse alongá-la. (1ª Turma, RE 51.706, Rel. Min. Luis Gallotti, DJU de
25/7/1963)

1. PRESCRIÇÃO. DIREITO INTERTEMPORAL. Caso em que o


prazo prescribente fixado na lei nova é menor do que o prazo prescricional
marcado na lei anterior. Feita a contagem do prazo prescribente marcado na
lei nova (isso a partir da vigência dessa lei). E se ocorrer que ele termine
em antes de findar-se o prazo maior fixado na lei anterior, é de se
considerar o prazo menor previsto na lei posterior, contado esse prazo a
partir da vigência da segunda lei. 2. Doutrina e jurisprudência do assunto. 3.
Recurso extraordinário a que o STF nega conhecimento. (1ª Turma, RE
79.327/SP, Rel. Min. Antônio Neder, DJU de 7/11/1978)

Observa-se, no caso concreto, como expressamente


asseverado pelo Tribunal Regional, que a lesão se concretizou em
8/2/1991. Vigia, à época, o Código Civil de 1916, que previa a
incidência da prescrição vintenária na hipótese. Considerando que,
por ocasião da entrada em vigor do novo Código Civil, já havia
transcorrido 10 anos da data da lesão (metade do prazo previsto na
lei anterior), resulta forçoso concluir que a prescrição aplicável
no presente caso é a vintenária – expirando em 8/2/2011. Ajuizada a
presente ação em 19/4/2006, não há prescrição a ser decretada no
tocante à pretensão deduzida em juízo, relativa à reparação por
danos morais decorrentes de acidente do trabalho.
Atente-se, nesse sentido, para os seguintes
precedentes desta egrégia SBDI-I:

Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.11

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO DEPOIS DA


EDIÇÃO DA LEI N.º 11.496/2007 - INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL DECORRENTE DA RELAÇÃO DE EMPREGO - CIÊNCIA
DA LESÃO INCAPACITANTE - MARCO INICIAL DO PRAZO
PRESCRICIONAL VINTENÁRIO. Considerada a evidência de que ao
tempo da vigência do novo Código Civil Brasileiro já havia transcorrido
mais de dez anos (metade do tempo estabelecido na lei revogada) da data da
ciência da lesão incapacitante do empregado, é forçoso reconhecer que o
direito sobre o qual se controverte é sujeito à prescrição vintenária, sendo
que, quando do ajuizamento da ação na Justiça do Trabalho, ainda não se
exaurira aquele período prescricional de vinte anos, de tal modo a atrair a
previsão específica do art. 2.028 do Código Civil. Recurso de embargos
conhecido e provido. (TST-E-RR-141300-20.2006.5.12.0053, SBDI-I,
Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT de
18/09/2009).

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DOENÇA


PROFISSIONAL. PRESCRIÇÃO. REGRA DE TRANSIÇÃO.
Tratando-se de pretensão de indenização por dano moral e material
decorrente acidente de trabalho, tendo o evento danoso ocorrido em
15/1/1993 e a ação foi ajuizada em 3/9/2003, e considerando-se que na data
da entrada em vigor do atual Código Civil já havia transcorrido mais da
metade do prazo prescricional de 20 anos (CCB/1916, art. 177 c/c
CCB/2002, art. 2.028), incide a prescrição vintenária, prevista no art. 177
do Código Civil de 1916. A prescrição prevista no art. 7º, inc. XXIX, da
Constituição da República incidirá somente nos casos em que a lesão se deu
em data posterior à vigência da Emenda Constitucional 45/2004. Recurso
de Embargos de que se conhece e a que se nega provimento. (TST-E-RR-
132200-69.2006.5.03.0060, SBDI-I, Relator Ministro João Batista Brito
Pereira, DEJT de 18/12/2009).

PRELIMINAR. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE


JURISPRUDÊNCIA. PRESCRIÇÃO. ACIDENTE DE TRABALHO.
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL. Na verdade, o
que se tem, no caso, é a simples demonstração de divergência
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.12

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

jurisprudencial a amparar o Recurso de Embargos. Não se trata de


inclinação a se decidir contrariamente a reiteradas decisões de órgãos
fracionários, conforme alude o art. 156, §§ 1º e 4º, do Regimento Interno
desta Corte, de modo que não se tem como configurada hipótese de
acolhimento do Incidente suscitado. Preliminar rejeitada. INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS. DOENÇA PROFISSIONAL. PRESCRIÇÃO
TRIENAL. REGRA DE TRANSIÇÃO. Tratando-se de pretensão de
indenização por dano moral decorrente doença profissional, tendo os
eventos danosos ocorrido em maio de 1999 e a ação ajuizada em 11/1/2006,
e considerando-se que na data da entrada em vigor do atual Código Civil
ainda não havia transcorrido mais da metade do prazo prescricional de 20
anos (CCB/1916, art. 177 c/c CCB/2002, art. 2.028), incide a prescrição
trienal, prevista no art. 206, § 3º, do Código Civil Brasileiro. A prescrição
prevista no art. 7º, inc. XXIX, da Constituição da República incidirá
somente nos casos em que a lesão se deu em data posterior à vigência da
Emenda Constitucional 45/2004. Recurso de Embargos de que se conhece e
a que se dá provimento. (E-RR-227/2006-085-02-00.8, Data de Julgamento:
20/08/2009, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Data de Divulgação: DEJT
28/08/2009).

RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO


OCORRIDO EM 1994. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E
MATERIAIS. AÇÃO AJUIZADA NA JUSTIÇA DO TRABALHO
APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 45/2004. DIREITO
INTERTEMPORAL. SEGURANÇA JURÍDICA. REGRA DE
TRANSIÇÃO. APLICAÇÃO DA PRESCRIÇÃO CÍVEL. As ações
reparatórias de acidente de trabalho propostas pelo empregado em face do
empregador perante a Justiça do Trabalho, após a EC n.º 45/2004, sujeitam-
se à prescrição bienal prevista no inciso XXIX do art. 7º da Constituição
Federal. Entretanto, o marco significativo da pacificação da controvérsia e
da retirada da incerteza promovida pela oscilação da jurisprudência foi sem
dúvida o julgamento da CC n.º 7.204/MG, julgado no dia 29 de junho de
2005 e publicado no dia 03 de agosto de 2005, cujo brilhante voto do
Ministro Carlos Ayres Brito, do excelso STF, concluiu pela competência
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.13

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

material da Justiça do Trabalho para processar e julgar o dano moral e


patrimonial decorrente do infortúnio, de responsabilidade do empregador.
Assim, a alteração da competência para o julgamento das ações relativas a
acidente de trabalho, consoante a Emenda Constitucional n.º 45/2004, não
possibilita a aplicação imediata da regra de prescrição trabalhista, pois
quando da redução dos prazos prescricionais (artigo 205 e inciso V do
artigo 206), estabeleceu-se a regra de transição, com o objetivo de assegurar
o princípio da segurança jurídica. Considerando que a ação foi proposta
quando ainda não havia transcorrido mais de dez anos da lesão, o prazo
aplicável ao caso sob exame é o três anos contados da vigência do Código
Civil de 2002 (12/01/2003), razão por que não se encontra prescrita a
pretensão ao pagamento da reparação correspondente. Proposta a ação em
2005, mesmo após a vigência da Emenda Constitucional n.º 45/2004, na
Justiça Comum em relação à indenização decorrente de acidente de
trabalho ocorrido em 1994, não pode o autor ser surpreendido pela
mudança da competência, adotando prazo prescricional de dois anos, pois
já tinha adquirido o direito a ver a sua pretensão julgada sob a regra de
prescrição anterior. Recurso de revista conhecido e desprovido. (Processo:
RR - 1603/2005-811-04-00.9 Data de Julgamento: 29/04/2009, Relator
Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, Data de Divulgação: DEJT
08/05/2009) .

RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA


LEI N.º 11.496/2007 - DANO MORAL – INFORTÚNIO OCORRIDO
EM 1997 – RESCISÃO CONTRATUAL OPERADA EM 1998 -
AJUIZAMENTO DA AÇÃO PERANTE À JUSTIÇA DO TRABALHO
EM 09/01/2006 – PRESCRIÇÃO TRIENAL PREVISTA NO CCB.
Discussão acerca da prescrição aplicável (civil e trabalhista) em ação com
pedido de indenização por danos morais, ajuizada perante a Justiça do
Trabalho, depois da decisão do Supremo Tribunal Federal e da Emenda
Constitucional 45/2004. No caso, não há se falar em prescrição, pois a ação
foi ajuizada no prazo de três anos estabelecido pelo art. 206, § 3º do novo
CCB. Tratando-se de pretensão de indenização por danos morais, ocorridos
em 1997 e, portanto, sob o império do Código Civil de 1916, e não
transcorrida a metade do prazo prescricional vintenário, na forma do art.
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.14

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

2028, incide a prescrição trienal do novo CCB, prevista no art. 206, § 3º, do
CCB, contada a partir de seu advento. A prescrição prevista no art. 7º,
inciso XXIX, da Constituição da República somente irá incidir nos casos
em que a lesão se deu após a Emenda Constitucional 45/2004, que deslocou
a competência para o exame de matéria pela Justiça do Trabalho. Isso
porque, as partes não podem ser surpreendidas pela alteração do prazo
prescricional mais restrito, especialmente quando essa alteração foi
motivada pela transmudação da competência material e não pela legislação
que define os prazos prescricionais. Se o próprio CCB estabelece regra de
transição quando são alterados os prazos prescricionais previstos em lei,
com maior razão é preciso estabelecer norma de transição quando, por força
de mudança da competência material, altera-se a regência da prescrição,
antes submetida à legislação civil, agora às normas trabalhistas. Recurso de
embargos conhecido e provido. (E-RR-406/2006-153-15-00.8, Relator
Ministro Vieira de Mello Filho, julgado em 21/5/2009)

Tem-se, dessarte, ainda que por fundamento diverso


daquele adotado pelo egrégio Tribunal Regional, que não se encontra
prescrita a pretensão obreira, não havendo falar, assim, em
aplicação da prescrição trabalhista, seja a bienal, seja a
quinquenal. Incólume, num tal contexto, o artigo 7º, XXIX, da
Constituição da República. Não há falar, ainda, em contrariedade à
Súmula n.º 308 deste Tribunal Superior.
Encontrando-se a tese erigida pela recorrente
superada pela iterativa, notória e atual jurisprudência desta Corte
superior, não se viabiliza o conhecimento do recurso de revista por
divergência jurisprudencial, ante o óbice da Súmula nº 333 desta
Corte superior.
Ante o exposto, não conheço do recurso de revista.

DOENÇA  PROFISSIONAL.   INDENIZAÇÃO  POR   DANOS  MORAIS


E PENSÃO MENSAL VITALÍCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL.
No   tocante   ao   tema   em   epígrafe,   assim   se
manifestou o Tribunal Regional às fls. 491/494:

Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.15

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

2 - AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE CIVIL


A ré insurge-se contra a condenação ao pagamento de indenização por
danos morais e pensão mensal vitalícia, argumentando que não há
responsabilidade civil de sua parte pela doença adquirida pelo autor.
Sustenta que foi reconhecido pelo próprio demandante em seu depoimento
que lhe era fornecido equipamento de proteção individual. Assim, entende
que houve confissão expressa do autor quanto à entrega de EPIs, não
havendo falar em "culpa presumida da empresa".
O autor é portador de pneumoconiose, doença que se desenvolve em
pessoas expostas à sílica denominada silicose (laudo pericial, resposta ao
quesito 1 - fl. 173). Essa doença, segundo confirmado pelo perito (quesito 2
- fl. 14 e resposta fl. 174), somente é adquirida por pessoas que trabalham
em ambientes poluídos com elevado número de partículas em aspersão,
como ocorre no ramo da ré.
A ré, por sua vez, é empresa que tem por atividade a fabricação de
produtos cerâmicos (pisos e azulejos), que, conforme previsto na
classificação Nacional das Atividades Econômicas constante do quadro I da
NR-4 da Portaria nº 3.214/78, oferece risco de acidente em grau 3.
Esta constatação, por si só, dá ensejo à aplicação da teoria da
responsabilidade objetiva que independe da culpa da ré (CC, art. 927,
parágrafo único), bastando a verificação do fato (dano) e do nexo causal
entre ele e a atividade exercida.
Em verdade, a obrigação da ré de reparar o dano suportado pelo
empregado é ônus determinado pelo risco da atividade econômica exercida,
potencialmente capaz de produzir danos à integridade física das pessoas
envolvidas no processo produtivo inerente.
Não bastasse a obrigação de indenizar independentemente de culpa,
no presente caso a prova dos autos revela que a empresa descurou das
obrigações atinentes à medicina do trabalho.
Concorde às razões do Magistrado de origem (fl. 185), a ré não trouxe
aos autos qualquer exame do autor, seja admissional ou demissional,
conforme exigência constante do art. 168 da CLT; ela alegou que o autor
nunca havia trabalhado em ambientes insalubres, não obstante a prova
documental de que ele recebia adicional de insalubridade e que atualmente
recebe aposentadoria especial da Previdência em razão do labor em
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.16

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

condições prejudiciais à saúde; ela não trouxe aos autos qualquer


documento que comprovasse o fornecimento de EPIs, como exige a NR6.
Não olvido do fato destacado pela recorrente de o trabalhador ter
afirmado em seu depoimento que "a empresa forneceu um equipamento de
pano para proteção do pó" (fl. 150). No entanto, essa afirmação não a exime
da prova que entregou-lhe EPI adequado ao risco, em perfeito estado de
conservação e funcionamento e de acordo com o disposto no anexo I da NR
6 do Ministério do Trabalho e Emprego.
Aliás, num contexto em que o trabalhador adquiriu doença
profissional, mostra-se patente que os equipamentos de proteção fornecidos
não foram eficazes a elidir os efeitos danosos do meio ambiente de trabalho
a que ele estava submetido.
Assim, exsurge dos autos que a ré não cumpria e nem fazia cumprir
as normas de segurança do trabalho, não obstante ser esse seu dever legal a
teor do art. 157 da CLT. Portanto, ainda que não se aplicasse a
responsabilidade objetiva, não haveria falar em ausência de culpa patronal.
Nesse aspecto, nego provimento ao recurso.

Busca   a   reclamada,   em   suas   razões   de   revista,   a


reforma   do   julgado,   ao   argumento   de   que   o   reclamante   não   logrou
comprovar a efetiva culpa da empresa. Argumenta que a reparação de
danos pressupõe necessariamente a conjunção do dano, da culpa e do
nexo   de   causalidade,   destacando   que,   em   matéria   de   acidente   do
trabalho   não   há   como   se   atribuir   ao   empregador   a   responsabilidade
fundada   no   risco   da   atividade.   Nesse   contexto,   sustenta   que   não
estão   presentes   a   culpa   ou   dolo   ensejadores   da   responsabilidade,
sendo  que  o  autor  reconheceu  o  fornecimento  de  EPI’s.  Esgrime  com
afronta aos artigos 7º, XXVIII, da Constituição da República, 186 do
Código   Civil,   333,   I   do   Código   de   Processo   Civil   e   818   da
Consolidação das Leis do Trabalho. Transcreve aresto para confronto
de teses.
Ao exame.
Depreende-se, da leitura do acórdão recorrido, que
o Tribunal Regional perfilhou tese no sentido de que resultou
configurada a responsabilidade da reclamada, ante a caracterização
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.17

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

de culpa na aquisição da doença profissional pneumoconiose, que se


desenvolve em pessoas que trabalham em ambientes poluídos,
destacando, ainda, a incidência da responsabilidade objetiva em
razão do risco da atividade desenvolvida. Consignou a Corte de
origem, à fl. 493, que, "Não bastasse a obrigação de indenizar
independentemente da culpa, no presente caso a prova dos autos
revela que a empresa descurou das obrigações atinentes à medicina do
trabalho". Salientou, ainda, que "a ré não trouxe aos autos qualquer
exame do autor, seja admissional ou demissional, conforme exigência
constante do art. 168 da CLT; ela alegou que o autor nunca havia
trabalhado em ambientes insalubres, não obstante a prova documental
de que ele recebia adicional de insalubridade e que atualmente
recebe aposentadoria especial da Previdência em razão do labor em
condições prejudiciais à saúde; ela não trouxe aos autos qualquer
documento que comprovasse o fornecimento de EPIs, como exige a NR6.
Não olvido do fato destacado pela recorrente de o trabalhador ter
afirmado em seu depoimento que ‘a empresa forneceu um equipamento de
pano para proteção do pó’ (fl. 150). No entanto, essa afirmação não
a exime da prova que entregou-lhe EPI adequado ao risco, em perfeito
estado de conservação e funcionamento e de acordo com o disposto no
anexo I da NR 6 do Ministério do Trabalho e Emprego".
Tem-se, daí, que o reconhecimento da
responsabilidade do empregador, na hipótese, além de pautar-se pela
culpa por negligência, evidenciada a partir do conjunto probatório
dos autos, fundamenta-se também na aplicação da teoria da
responsabilidade civil objetiva em razão da dinâmica laborativa.
Lançadas tais premissas, constata-se que não
assiste razão à reclamada, no particular.
Ressalte-se, preliminarmente, que incumbe ao
empregador, no exercício do dever geral de cautela inerente ao
contrato de emprego, zelar pelo ambiente do trabalho – o que inclui
não só a obrigação de adotar medidas de segurança, mas também de
propiciar o efetivo treinamento do empregado, além de fazer cumprir

Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.18

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

as normas de medicina e segurança do trabalho, a fim de prevenir


doenças, como caso sob exame.
Afigura-se inafastável a conclusão de que a
reclamada se houve com negligência quanto ao seu dever de velar pela
saúde física de seu empregado.
Sebastião Geraldo de Oliveira, em sua obra
Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador, 4ª edição, LTr, São Paulo,
p. 236/238, enfatiza:

(...) no caso do acidente do trabalho, haverá culpa do empregador


quando não forem observadas as normas legais, convencionais, contratuais
ou técnicas de segurança, higiene e saúde do trabalho. É obrigação legal da
empresa cumprir e fazer cumprir tais normas, instruindo os empregados
quanto às precauções a tomar, no sentido de evitar acidentes do trabalho ou
doenças ocupacionais, prestando informações pormenorizadas sobre os
riscos da operação a executar e do produto a manipular.

Especificamente sobre o dever de cautela, consigna


o festejado autor, em sua obra Indenizações por Acidente do Trabalho
ou Doença Ocupacional, 5ª edição, LTr, São Paulo, p. 185:

Importa assinalar que o dever geral de cautela assume maior


relevância jurídica na questão do acidente do trabalho, porquanto o
exercício da atividade empresarial inevitavelmente expõe a risco o
trabalhador, o que de antemão já aponta para a necessidade de medidas
preventivas, tanto mais severa quanto maior o perigo da atividade.
Qualquer descuido ou negligência do empregador com relação à segurança,
higiene e saúde do trabalhador pode caracterizar a sua culpa no acidente ou
doença ocupacional e ensejar o pagamento de indenização à vítima.

José Affonso Dallegrave Neto, no artigo Elementos


da Responsabilidade Civil nos Acidentes do Trabalho, Revista do TST,
Brasília, vol. 76, n.º 1, jan/mar 2010, p. 99/125, leciona:

Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.19

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

Com base na melhor doutrina sobre o tema, é possível asseverar que a


culpa patronal se caracteriza de duas formas:
a) culpa por violação à norma legal; aqui se incluindo as normas da
Constituição Federal, da CLT, dos instrumentos coletivos da categoria e das
NRs do Ministério do Trabalho e Emprego.
b) culpa por violação ao dever geral de cautela; aqui se incluindo os
deveres de prevenção e precaução.
A Carta Constitucional assegura a todo trabalhador o direito à redução
dos riscos inerentes ao trabalho. Nesse sentido é a redação do art. 7º, XXII:
"Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas
de saúde, higiene e segurança."
Com esteio nesse dispositivo, o trabalhador tem direito fundamental
de trabalhar em ambiente hígido e salubre, com redução e prevenção dos
riscos concernentes à atividade laborativa de modo a preservar sua saúde e
segurança física. Tal regramento tem como destinatário o empregador,
contudo também vincula o legislador e o julgador.
Não se negue que dentre os chamados deveres anexos de conduta,
existe o dever de proteção ao patrimônio físico, psicológico e moral do
trabalhador. Nas palavras de José Cairo Júnior, tal dever "impõe ao
empregador o dever de proporcionar segurança, higiene e saúde para seus
empregados, também denominada obrigação de custódia, dever de
segurança ou cláusula de incolumidade".

No caso dos autos, a hipótese é de culpa


caracterizada a partir da omissão da empregadora em proporcionar ao
ex-empregado um ambiente de trabalho seguro e livre de riscos.
Cumpre considerar, ademais, que o novo Código
Civil manteve, como regra, a responsabilidade civil subjetiva,
baseada na culpa, embora tenha avançado para excepcionalmente
permitir a imputação objetiva ao autor do dano (no caso em comento,

Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.20

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

o empregador) de reparar os danos decorrentes da atividade


empresarial de risco, independentemente de culpa.
Nesse sentido leciona Mauricio Godinho Delgado
(Curso de Direito do Trabalho, 6ª ed., São Paulo: Ltr, 2007, p.
621/622):

(...) o novo diploma civil fixa também em seu artigo 927 e parágrafo
único preceito de responsabilidade objetiva independente de culpa "quando
a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem". Ora, tratando-se de
atividade empresarial, ou de dinâmica laborativa (independentemente da
atividade da empresa), fixadoras de risco para os trabalhadores envolvidos,
desponta a exceção ressaltada pelo parágrafo único do art. 927 do
CCB/2002, tornando objetiva a responsabilidade empresarial por danos
acidentários (responsabilidade em face do risco).
Note-se a sabedoria da ordem jurídica: a regra geral mantém-se com a
noção da responsabilidade subjetiva, mediante aferição da culpa do autor do
dano (art. 159, CCB/1916; art. 186, CCB/2002). Entretanto, se a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano (no estudo em questão, a
empresa) implicar, por sua natureza, risco para os trabalhadores
envolvidos, ainda que em decorrência da dinâmica laborativa imposta por
essa atividade, incide a responsabilidade objetiva fixada pelo Direito (art.
927, parágrafo único, CCB/2002).

Tem-se, num tal contexto, que, lançando mão de


interpretação sistemática do ordenamento jurídico e teleológica do
artigo 2º, cabeça, da Consolidação das Leis do Trabalho, encontra-se
o fundamento legal para a responsabilização objetiva do empregador
em relação aos danos sofridos por seus empregados, no desempenho das
atividades laborais. A assunção dos "riscos da atividade econômica"
deve ser compreendida de forma ampla, atribuindo-se à expressão seu
verdadeiro significado. Assim, não estão englobados em tal conceito
apenas os riscos econômicos propriamente ditos - tais como o
insucesso empresarial –, mas também o risco que essa atividade
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.21

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

econômica representa para a sociedade e, principalmente, para seus


empregados.
Frise-se que a reclamada, conforme se depreende do
acórdão recorrido, "é empresa que tem por atividade a fabricação de
produtos cerâmicos (pisos e azulejos), que, conforme previsto na
classificação Nacional das Atividades Econômicas constante do quadro
I da NR-4 da Portaria nº 3.214/78, oferece risco de acidente em grau
3" (fl. 492), concluindo que "os equipamentos de proteção
fornecidos não foram eficazes a elidir os efeitos danosos do meio
ambiente de trabalho a que ele (empregado) estava submetido" (fl.
493)
Resultando caracterizada a responsabilidade da
empresa pela doença profissional adquirida tanto pela teoria da
responsabilidade objetiva – atividade de risco – quanto pela teoria
da responsabilidade subjetiva – culpa por omissão decorrente não
observância do dever geral de cautela - e comprovado, no caso em
comento, o nexo de causalidade entre a doença profissional e o dano,
conclui-se que resulta escorreita a decisão proferida pelo egrégio
Tribunal Regional no sentido de declarar a responsabilidade civil da
reclamada.
Incólumes, num tal contexto, os artigos 7º,
XXVIII, da Constituição da República, 186 do Código Civil, 333, I do
Código de Processo Civil e 818 da Consolidação das Leis do Trabalho.
Não há falar, outrossim, em dissenso de teses. Com
efeito, os modelos colacionados não adotam tese contrária aos
fundamentos utilizados pelo Tribunal Regional, tendo em vista que na
hipótese em exame, a decisão recorrida também se encontra
fundamentada na teoria da responsabilidade subjetiva, decorrente da
omissão e negligência da reclamada com as obrigações atinentes à
medicina do trabalho. De maneira que, no particular, não atendido o
requisito da especificidade, na forma da Súmula nº 296, I, desta
Corte superior.
Ante o exposto, não conheço do recurso de revista.

Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.22

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.
O Tribunal Regional negou provimento ao apelo
patronal, mantendo a condenação ao pagamento da multa e da verba
honorária por considerar a reclamada litigante de má-fé. Valeu-se,
para tanto, dos seguintes fundamentos (fls. 495/497):

3 - AUSÊNCIA DE LITIGÃNCIA DE MÁ-FÉ


O Juízo sentenciante considerou que a ré litiga de má-fé quando
afirmar no item 4.2 da contestação que o autor "nunca [laborou] em
ambientes insalubres e perigosos", não obstante no termo de rescisão
contratual e nos documentos das fls. 20 e 23 constar o pagamento de
adicional de insalubridade.
No recurso, a ré afirma que não agiu com dolo ou má-fé, mas apenas
exercitou o seu direito de defesa. Caso mantida a sentença, pede seja
minorado o valor arbitrado a título de multa e honorários advocatícios, por
exorbitantes.
Reputa-se litigante de má-fé, nos termos do inc. II do art. 17 do CPC,
"aquele que alterar a verdade dos fatos".
Com efeito, uma vez praticada a conduta prevista na norma, a má-fé e
o dolo são presumíveis. Destarte, não há como desprezar que a defesa ao
negar fato constitutivo do direito do autor que, por certo, sabia verdadeiro,
incidiu na hipótese legal.
O direito de defesa não ampara a tese recursal, porquanto não se trata
de um direito absoluto, sendo dever das partes e de todos aqueles que
participam do processo expor os fatos em juízo conforme a verdade (CPC,
art. 14, incs. I).
Por considerar que os valores fixados pelo Juízo de origem são
condizentes com o intuito pedagógico que deve perseguir a penalidade,
mantenho a condenação ao pagamento da multa e da verba honorária na
forma integral.
Ante o exposto, nego provimento ao recurso.

Alega a reclamada que, enquanto a boa-fé se


presume, a má-fé exige a demonstração inequívoca, o que não ocorreu
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.23

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

nos autos. Argumenta que apenas exerceu seu direito de defesa, ao


afirmar na contestação que o reclamante não laborava em condições
insalubres. Sustenta, ainda, que para o deferimento de honorários
advocatícios é necessário o preenchimento dos requisitos legais, nos
termos dos artigos 14 e 16 da Lei nº 5.584/70. Nesse passo, afirma
que o reclamante não comprovou estar assistido por advogado do
sindicato. Esgrime com afronta aos referidos dispositivos e aos
artigos 818 da CLT e 333, I, do CPC, além de indicar contrariedade
às Súmulas de nºs 219 e 329 do TST e colacionar arestos para
demonstrar o dissenso de teses.
Não assiste razão à reclamada.
Com efeito, afigura-se razoável concluir, do
excerto acima transcrito, que a conduta da reclamada configura
litigância de má-fé, porquanto deduziu argumento falso que tenta
induzir o juízo a erro. Plausível, portanto, a conclusão de que a
conduta da reclamada, além de temerária, atentou contra o regular
andamento do processo, revelando-se desvirtuada de boa-fé e clareza.
Tal contexto permite o enquadramento da hipótese na previsão do
inciso II do artigo 17 do Código de Processo Civil.
Não há falar em afronta aos dispositivos que regem
a distribuição do ônus da prova, visto que a própria reclamada
afirma na contestação que o reclamante não laborava em condições
insalubres, em pese constar da documentação produzida nos autos o
pagamento do adicional de insalubridade. Incólumes, portanto, os
artigos 818 da CLT e 333, I, do CPC.
Não procede a alegada contrariedade às Súmulas de
s
nº 219 e 329 do TST, tampouco afronta aos artigos 14 e 16 da Lei nº
5.584/70, visto que a condenação ao pagamento de honorários
advocatícios é prevista no artigo 18, cabeça, do CPC, como resultado
da conduta censurável da reclamada definida no artigo 17 do mesmo
diploma legal. Frise-se que a condenação ao pagamento de honorários
advocatícios, no caso, não decorre da mera sucumbência, mas se trata
de cominação pecuniária imposta ao litigante de má-fé.
Por fim, os modelos transcritos não viabilizam o
conhecimento do recurso de revista, porquanto inespecíficos, pois
Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
fls.24

PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003

tratam da condenação em honorários advocatícios em razão da


sucumbência, o que não é o caso. Na hipótese, os honorários
advocatícios foram mantidos em razão da penalidade imposta ao
litigante de má-fé. Hipótese de incidência da Súmula nº 296, I,
desta Corte superior.
Ante o exposto, não conheço do recurso de revista.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal
Superior   do   Trabalho,   por   unanimidade,   não   conhecer   do   recurso   de
revista.
Brasília, 01 de outubro de 2014.

Firmado por assinatura digital (Lei nº 11.419/2006)


LELIO BENTES CORRÊA
Ministro Relator

Firmado por assinatura digital em 01/10/2014 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Você também pode gostar