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0003
A C Ó R D Ã O
(1ª Turma)
GMLBC/viv/
PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003
PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003
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da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-RR-120900-38.2006.5.12.0003
V O T O
CONHECIMENTO
1 - PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DE ADMISSIBILIDADE
RECURSAL.
O recurso é tempestivo (acórdão publicado em
7/8/2008, quinta-feira, conforme certidão lavrada à fl. 409, e
razões recursais protocolizadas em 15/8/2008, à fl. 501). O depósito
recursal foi efetuado no valor legal (fl. 535) e as custas,
recolhidas à fl. 449. A reclamada está regularmente representada nos
autos, consoante procuração acostada às fls. 531/533 e
substabelecimento à fl. 529.
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obreiro, ainda que por fundamento diverso. Valeu-se, para tanto, dos
seguintes fundamentos às fls. 448/491:
1 - PRESCRIÇÃO
Fundamentado na regra de transição do art. 2.028 do Código Civil de
2002 e considerando que a autora ingressou com a ação dentro do prazo de
vinte anos estabelecido no Código Civil de 1916, o Magistrado de origem
rejeitou a argüição de prescrição qüinqüenal.
No recurso, a ré sustenta que a prescrição da ação em curso deve ser
contada a partir da data de seu ajuizamento, nos moldes previstos no art. 7º,
inc. XXIX, da CRFB. Acresce que ainda que se aplicasse o novo Código
Civil, a pretensão da autora estaria fulminada, ante a prescrição trienal
prevista no seu art. 206, § 6º.
A Constituição da República (art. 7º, inc. XXIX) estabelece o prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho, quanto aos
créditos resultantes das relações de trabalho.
No entanto, não se trata, no caso, de crédito resultante das relações de
trabalho, mas da responsabilidade civil atribuída a todo cidadão
independentemente da condição contratual que o vincula à vitima.
Não se discute, nas ações que reclamam indenização por acidente de
trabalho, direito trabalhista, mas, sim, direito civil e constitucional.
A Constituição, no art. 1º, incs. III e IV, assegura como fundamento
do Estado Democrático de Direito a dignidade da pessoa humana e os
valores sociais do trabalho e, nos incs. V e X do seu art. 5º, garante
indenização por dano material, moral ou à imagem como garantia à
integridade física, à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das
pessoas. O direito civil, por sua vez, dispõe sobre o direito de personalidade
(art. 11 a 21) e sobre a responsabilidade civil e a obrigação de indenizar
(art. 927).
No acidente de trabalho, o empregado, enquanto cidadão, sofre danos
pessoais, com prejuízo à vida ou à saúde física e psicológica.
Além do mais, não se justifica que um cidadão, só pelo fato de ter
sofrido violação de um direito personalíssimo por ato de seu empregador,
venha a ter reduzido o prazo de prescrição do direito de reclamar a devida
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2028, incide a prescrição trienal do novo CCB, prevista no art. 206, § 3º, do
CCB, contada a partir de seu advento. A prescrição prevista no art. 7º,
inciso XXIX, da Constituição da República somente irá incidir nos casos
em que a lesão se deu após a Emenda Constitucional 45/2004, que deslocou
a competência para o exame de matéria pela Justiça do Trabalho. Isso
porque, as partes não podem ser surpreendidas pela alteração do prazo
prescricional mais restrito, especialmente quando essa alteração foi
motivada pela transmudação da competência material e não pela legislação
que define os prazos prescricionais. Se o próprio CCB estabelece regra de
transição quando são alterados os prazos prescricionais previstos em lei,
com maior razão é preciso estabelecer norma de transição quando, por força
de mudança da competência material, altera-se a regência da prescrição,
antes submetida à legislação civil, agora às normas trabalhistas. Recurso de
embargos conhecido e provido. (E-RR-406/2006-153-15-00.8, Relator
Ministro Vieira de Mello Filho, julgado em 21/5/2009)
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(...) o novo diploma civil fixa também em seu artigo 927 e parágrafo
único preceito de responsabilidade objetiva independente de culpa "quando
a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem". Ora, tratando-se de
atividade empresarial, ou de dinâmica laborativa (independentemente da
atividade da empresa), fixadoras de risco para os trabalhadores envolvidos,
desponta a exceção ressaltada pelo parágrafo único do art. 927 do
CCB/2002, tornando objetiva a responsabilidade empresarial por danos
acidentários (responsabilidade em face do risco).
Note-se a sabedoria da ordem jurídica: a regra geral mantém-se com a
noção da responsabilidade subjetiva, mediante aferição da culpa do autor do
dano (art. 159, CCB/1916; art. 186, CCB/2002). Entretanto, se a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano (no estudo em questão, a
empresa) implicar, por sua natureza, risco para os trabalhadores
envolvidos, ainda que em decorrência da dinâmica laborativa imposta por
essa atividade, incide a responsabilidade objetiva fixada pelo Direito (art.
927, parágrafo único, CCB/2002).
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LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.
O Tribunal Regional negou provimento ao apelo
patronal, mantendo a condenação ao pagamento da multa e da verba
honorária por considerar a reclamada litigante de má-fé. Valeu-se,
para tanto, dos seguintes fundamentos (fls. 495/497):
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ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade, não conhecer do recurso de
revista.
Brasília, 01 de outubro de 2014.
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