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Cada mulher citada nas escrituras sagradas viveu e cumpriu sua

missão para a qual foi preordenada. Elas foram testemunhas de Jesus


Cristo e Sua Expiação antes, durante e após sua primeira vinda à terra.
Toda mulher pode influenciar muitas gerações através de sua fé e
exemplo. Neste livro, conheceremos as histórias e exemplos de
algumas destas mulheres e teremos as ferramentas necessárias para
que cada uma de nós hoje, e cada uma das muitas que ainda virão,
possa ser fortalecida como mulher e Filha de Deus, e assim ajudar a
preparar toda a humanidade para a Segunda Vinda de nosso Salvador.
A todas as mulheres

Seja qual for seu relacionamento com Jesus Cristo,
quer você tenha uma religião ou não,
quer você acredite em Deus ou não.

Seja qual for sua condição de vida, se solteira, casada, divorciada, viúva, infértil,
mãe, com ou sem filhos, sozinha.

Seja qual for sua aparência e situação socioeconômica; se deficiente, depressiva,
ansiosa, adorável, educada, carinhosa, nobre, pobre, bonita, descuidada, forte ou
decidida; se sofrendo ou celebrando.

Seja lá como você se sinta ou onde se encontre nesta jornada mortal. Seja lá o
que precisa ou o que tem.

Não importa.

Para o Grande Pai nos céus, você é Sua Filha amada.

Para Jesus Cristo, você é digna de amor eterno.

Eles lhe conhecem pelo nome, e lhe querem com todas as Suas forças de volta ao
seu lar celestial.
INTRODUÇÃO

Durante muitas vezes em minha vida eu li, reli e estudei as histórias das
mulheres das escrituras. Em minha mente, suas vidas estão relatadas nas
páginas de livros sagrados por uma razão muito maior que meu parco
entendimento. Seus exemplos, sua fé através de tantas adversidades e sua
humildade perante tantas vitórias sempre me ensinaram muito sobre como a
mulher é importante no Plano do Pai para Seus filhos e como Ele precisa que
cada uma de nós seja para que cumpramos a medida de nossa criação.
Este livro traz a história de algumas dessas grandes mulheres e um índice
com referências de escrituras onde as histórias de muitas outras podem ser
encontradas. Além das mulheres conhecidas da Bíblia (2), algumas do Velho
Testamento e outras do Novo Testamento, temos também a história de algumas
mulheres de O Livro de Mórmon (4), Doutrina e Convênios (5) e Pérola de
Grande Valor (6), livros considerados sagrados pelos membros de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (3). Algumas pessoas me disseram
para separá-las, fazer dois livros, um com as mulheres da Bíblia e outro com as
mulheres das escrituras dos últimos dias, mas resolvi colocá-las juntas neste
livro. Todas elas comprovadamente existiram em diferentes épocas e trazem
lições preciosas para as mulheres dos últimos dias em que estamos.
Cada uma dessas mulheres viveu em uma época diferente, em condições
socioeconômicas distintas, e muitas em países e culturas completamente
divergentes. Sua fé em Jesus Cristo porém, fossem as mulheres do Velho
Testamento e sua crença nas profecias dos profetas que pregavam a vinda do
Salvador, sendo as mulheres que viveram e caminharam lado a lado com Cristo
como suas discípulas, ou mesmo aquelas que viveram após em épocas mais
recentes, traz o sentimento inquebrantável de conforto e consolo de que
precisamos no mundo em que vivemos.
Mesmo que você nunca tenha estudado a fundo a história das mulheres
descritas neste livro, sugiro que possa ler as escrituras onde elas se encontram
e conhecer mais detalhes de cada uma. Este livro não tem a intenção de
substituir a leitura das escrituras, muito pelo contrário, tende apenas a
direcionar a bondade e misericórdia divinas sobre as mulheres que existiram
nas épocas dos profetas que escreveram os livros sagrados aos leitores nesta
geração. Minha meta maior é justamente fazer com que o leitor tenha pelo
menos a curiosidade de ler mais sobre cada uma dessas grandes mulheres, o
tempo em que viveram e seus sentimentos mais íntimos ao direcionarem toda
sua vida e gerações a partir delas para o amor de Deus e Seu Filho Jesus Cristo.
Alguns podem querer comparar este livro a livros de casamento e família.
Não há muitas mulheres solteiras ou que não sejam mães que leem livros sobre
mulheres e Deus, talvez porque a maior parte das histórias sejam justamente de
mulheres e suas histórias de casamento e maternidade. Este livro não é um livro
sobre casamento ou maternidade. É um livro sobre mulheres, nossos corpos,
nossos talentos, nossas alegrias e tristezas. Certamente inclui os tópicos de
casamento e maternidade, mas endereçados conforme as escrituras, assim
como muitos outros tópicos pertinentes às mulheres. Você não precisa ser
casada para ler este livro. O Senhor criou todas as mulheres. Nenhuma de nós
tem uma vida igual à outra, e assim também o são as mulheres das escrituras.
Mesmo que alguém seja casada ou solteira, ela tem muito a ensinar mesmo que
seu estado civil seja diferente do nosso.
Desde que o mundo é mundo, há muita discussão e confusão sobre o
assunto gênero e igualdade, e algumas pessoas podem achar que uma mulher
de Deus normalmente é submissa e obediente ao marido. Alguns espalham
ainda que a própria Bíblia é sexista, contra a mulher, assim como a grande
maioria das religiões cristãs. Neste livro veremos que, embora a lei judaica
reduzisse a mulher a algumas funções domésticas e maternais, Jesus Cristo
mostrou por muitos exemplos e ensinamentos que o Plano do Altíssimo precisa
que a mulher seja muito mais.
Felizmente, mulheres e homens de todos os lugares e histórias, mesmo
pastores e élderes, têm encontrado nestas linhas imensa utilidade para
direcionar as mulheres de seu conhecimento a um patamar muito mais elevado
do que o local infeliz que o mundo as plantou. No Plano de Deus, muitas destas
mulheres são líderes em suas comunidades e famílias e influenciam gerações e
povos sem fim. Quando o Senhor criou a mulher a partir de Adão porque “não
era bom que o homem esteja só”, ele criou uma “ajudante”, conforme a tradução
do grego, ezer, para lutar a seu lado na manutenção e propósito do Plano divino
para todos os Seus filhos. A linguagem militar do Senhor onipotente decifra a
guerra entre o bem e o mal que ali persistiu, começando bem antes no grande
conselho nos céus. Cada uma de nós luta ao lado de nossos maridos ou sozinhas,
ao lado de nossos filhos ou de nosso próximo, assim como Rute e Noemi,
Debora, Ester, Maria de Nazaré, Maria Madalena e tantas outras, para fazer o
que o Senhor precisa que façamos, ao estabelecer o Seu Reino nesta terra, e
preparar a Segunda Vinda de Seu Filho.
Neste livro veremos que o Plano do Senhor para Suas filhas é
contrariamente proporcional em relação ao mundo. Se um homem tem mais
autoridade divina, ele nunca abusará de uma mulher impondo-lhe força ou
poder, muito pelo contrário, ele respeitará sua mulher como igual, com suas
liberdades individuais, acesso à educação, e ela será honrada e respeitada, além
de protegida. Jesus Cristo foi o maior defensor das mulheres e corrigiu toda a
lei, cumprindo-a como ensinada anteriormente pelo próprio Pai, desvirtuada
através dos séculos de escuridão espiritual.
Homens e mulheres são iguais perante Deus, ambos possuem o semblante
do Senhor e foram criados a Sua semelhança. O Senhor não faz um inferior ao
outro, Ele apenas deu papéis e responsabilidades diferentes e específicos a cada
um para que se complementassem e atingissem seu potencial completo.
Boa leitura!


AS MULHERES E A LEI JUDAICA

Quando estudamos como a Lei de Moisés era colocada em prática no Velho
Testamento e a cultura judaica decididamente patriarcal, aprendemos que o
papel da mulher era seu trabalho, manutenção do lar, reprodução e a criação de
filhos. Embora algumas mulheres do Velho Testamento tenham conseguido ter
suas vozes ouvidas, foi através de muita fé, humildade e paciência, acreditando
no Salvador que viria, tão professado pelos profetas, sendo estes seus esposos
ou pais, a grande maioria se sobressaiu em sua esfera como pôde, vivendo em
retidão e aguardando a vinda tão desejada do Salvador. Vemos que os profetas
respeitavam suas esposas, e como servos do Senhor, as colocavam sempre em
alto patamar.

Quando estudamos a história antiga das civilizações, mulheres não são
sequer citadas, com raras exceções, trazendo alguns desafios, já que foi escrita
por homens com preconceitos sobre o papel da mulher. Mas os costumes
similares e leis patriarcais da época do Velho Testamento ou do Novo
Testamento descrevem os papéis de homens e mulheres de maneira
generalizada. Por exemplo, homens não podiam cumprimentar mulheres em
público, e mulheres raramente podiam deixar seus lares a não ser que fossem à
sinagoga ou obter água nos poços e outras necessidades para o lar e a família.

Embora diferentes em alguns locais, dependendo das condições
socioeconômicas, contexto cultural, geografia e afiliação religiosa, seja lá onde
ela se encontrasse, em sua grande maioria, a mulher estava sempre
subordinada à autoridade de um homem: primeiro seu pai, depois seu marido
ou o parente homem mais próximo se fosse viúva ou sozinha, mesmo para
acesso à herança. Qualquer dinheiro que possuísse pertencia ao seu marido.
Homens podiam legalmente se divorciar de uma mulher por qualquer razão,
mas uma mulher não tinha o mesmo direito.

A seguir, veremos algumas histórias das grandes mulheres das escrituras,
incluindo o Velho Testamento, Novo Testamento, O Livro de Mórmon, Doutrina
& Convênios e Pérola de Grande Valor.
O Antigo ou Velho Testamento traz os registros dos profetas antigos que
testificaram de Jesus Cristo e de Seu futuro ministério, muitos séculos antes de
Sua primeira vinda à terra. Contém também os registros de Abraão e seus
descendentes, os convênios – ou testamento – que o Senhor fez com Abraão e
sua posteridade.

Os primeiros cinco livros do Velho Testamento foram escritos por Moisés,
são eles: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, que incluem os
registros e revelações de Deus sobre a origem e criação da terra, humanidade,
línguas, raças e o início da Casa de Israel.
Os livros de Josué, Juízes, Rute, Samuel 1 e 2, Reis 1 e 2, Crônicas 1 e 2,
Esdras, Neemias e Ester trazem os registros históricos de algumas civilizações,
herdeiras dos convênios da Casa de Israel.

Há também livros poéticos que trazem a sabedoria e literatura dos
profetas entre os livros de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares de
Salomão e Lamentações.

Os profetas admoestaram Israel e os advertiram sobre seus pecados,
testificando das bênçãos que vêm da obediência aos mandamentos de Deus.
Eles professaram a vinda de Cristo, que expiaria pelos pecados da humanidade,
e chamaram os povos ao arrependimento para que pudessem receber as
ordenanças salvatórias e viverem o Evangelho. Os livros dos profetas são Isaías,
Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum,
Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
A maior parte dos livros do Velho Testamento foi escrita em hebreu.
Alguns também foram escritos em aramaico, língua relativa ao hebreu.

O termo Mulher é usado algumas vezes nas escrituras como título de
respeito (João 19:26; Alma 19:10).

O Senhor criou homem e mulher (Gênesis 1:27; Moisés 2:27; Abraão 4:27),
como a glória do homem (1 Coríntios 11:7). Nem o homem é sem a mulher, nem
a mulher sem o homem, no Senhor (1 Coríntios 11:1).

A seguir, algumas das grandes mulheres citadas no Antigo Testamento.
EVA

Referências nas escrituras: Gênesis 2:21-25; 3:20; 2 Nefi 2:15-20; D&C 138-
39; Moisés 3:15; 5:12; 4:26; 5:11-12.

Antes que o mundo fosse formado, sabemos que Jesus Cristo era Jeová, o
grande “Eu Sou” (D&C 38:1; 29:1; 39:1). Ele explicou a Abraão que as
inteligências haviam sido organizadas antes que o mundo existisse. O trabalho
conjunto na criação do mundo e a participação de Deus Pai ao criar o homem a
sua própria semelhança.

No final de toda a criação, Eles então criaram a mulher. Eva, a primeira
mulher a viver na terra (Gênesis 2:21-25; 3:20), nomeada por Adão como a mãe
de todos os seres viventes (Moisés 4:26). Adjutora do anjo tornado homem, ela
foi a primeira a decidir provar do fruto da árvore do conhecimento do bem e do
mal, fazendo assim com que houvesse sangue em suas veias, e pudessem então
completar todos os mandamentos do Senhor de preencher a terra com sua
prole em prol de conhecer a vida eterna e as alegrias da redenção (Moisés 3:15;
5:11-12) através da Expiação de Jesus Cristo.

Eva perdeu seu filho, Abel, e acabou perdendo outro filho, Caim, para as
garras do inimigo também. E foi a grande matriarca escolhida por Deus para
trazer tantos espíritos dos céus que nasceram a partir de corpos criados em
coparticipação com Adão.

Adão e Eva não pecaram, mas transgrediram o mandamento divino
quando comeram do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Dallin
H. Oaks explicou a diferença entre transgressão e pecado no cumprimento da
lei: “Alguns atos, como assassinato, são crimes porque são inerentemente
errados. Outros atos, como operar sem uma licença, são crimes apenas porque
são legalmente errados – cometidos após uma lei (mandamento) ser quebrada.
Sob essas distinções, o ato que produziu a queda de Adão e Eva não foi um
pecado inerentemente errado, mas uma transgressão – errado porque foi
formalmente proibido.” (7)

Quando Deus colocou Adão e Eva no jardim, Ele celebrou a união dos dois
através de Seu Sacerdócio (Gênesis 2:24-25; Moisés 3:25; Abraão 5:18-19),
celebrando assim o primeiro casamento. Ele também plantou naquele jardim
duas árvores: a árvore do conhecimento do bem e do mal e a árvore da vida.
Parte do propósito divino de Eva era justamente provar do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal, escolher entre a existência confortável no
Jardim do Éden, onde não havia progresso nem sangue em suas veias, ou
adentrar à mortalidade, aprender a diferença entre a alegria e a tristeza,
crescimento e potencial da vida eterna através do Plano e do Evangelho de
Cristo. A queda e a transgressão de Adão e Eva estavam previstas no Plano do
Senhor.

Completando as teorias mundanas que pregam a igualdade de direitos e
deveres entre homem e mulher, Eva não havia sido formada da costela de Adão
(Gênesis 2:22, Moisés 3:22-23) para ser exatamente igual a ele, mas para
completá-lo física, espiritual e intelectualmente, trazendo qualidades,
responsabilidades e atributos que ele não possuía, com o intuito principal de
criar vidas para os espíritos celestiais que aguardavam a chance de vir e provar
da mortalidade. Mulheres assim são salvadoras de homens, como esposas ou
como mães, pois trazem à vida e ensinam – ou deveriam ensinar – seus filhos a
caminhar sob a luz de Cristo. Mulheres são coparticipantes no Plano de Salvação
e, conforme a Proclamação ao Mundo, sim, as mulheres são tão importantes
quanto os homens perante Deus, mas com responsabilidades e papéis
diferentes para levar avante o Reino do Senhor. Deus as ama assim como aos
seus filhos e não faz acepção ou escolhe quais bênçãos um e outro podem ter,
mas ambos podem conseguir todas as bênçãos disponíveis a todos os Seus
filhos. Assim como, através de Maria, recebemos o presente maior de um Pai
amoroso enviando Seu Filho, através de Eva ganhamos nossas vidas no
decorrer de muitas gerações.

Eva, assim como cada mulher nas escrituras sagradas, e mesmo cada uma
de nós hoje, ajuda-nos a lembrar do papel divino e glorioso das mulheres no
Plano de Felicidade de Deus. Assim como Maria, Eva conhecia bem o Plano do
Pai, tendo recebido os convênios e ensinamentos para que, juntamente com
Adão, ao provar da árvore do fruto do conhecimento do bem e do mal,
pudessem construir toda uma vida e família fora do Jardim do Éden e repassar
os convênios através de suas gerações até que Jesus Cristo viesse. Assim como
Maria, que foi instrumento do Senhor ao trazer o Salvador do mundo, e com Ele
o acesso à árvore da vida, elas foram pré-ordenadas para cumprir importantes
papéis nesta esfera.

Eva é um exemplo para todas as mulheres de hoje. Russell M. Nelson
declarou que a criação de Eva foi "o elo final na cadeia da criação... Todos os
propósitos do mundo e tudo o que existia no mundo seria inútil, sem a mulher
— a pedra-angular no edifício da criação do sacerdócio."

Russell M. Nelson ensinou cinco lições fundamentais de importância
eterna que podemos aprender de Eva. (8)

1. Eva trabalhava ao lado de seu companheiro (Moisés 5:1).
Prodigiosamente, é preciso um homem e uma mulher para fazer um
homem ou uma mulher. Sem a união dos sexos, não podemos existir nem
nos tomar perfeitos. Pessoas comuns e imperfeitas conseguem edificar-se
mutuamente tomando-se uma só. A contribuição total de um cônjuge a
outro é essencial para a exaltação. Isto é assim para 'que a terra cumpra o
fim da sua criação' (D&C 49:16).
2. Eva assumiu as responsabilidades da maternidade (Moisés 5:2). As
recompensas espirituais da maternidade são acessíveis a todas as
mulheres. Acalentar os pequenos, confortar os assustados, proteger os
vulneráveis, ensinar e incentivar não precisa — nem deve — limitar-se
somente a nossos próprios filhos.

3. Eva adorava ao Senhor em oração (veja Moisés 5:4). Que todas as
mulheres aceitem a responsabilidade individual de conhecer e amar ao
Senhor, comunicar-se com ele. Ele nos dará força, inculcando em nossa
mente inspiração e revelação pessoal.

4. Eva cumpria os mandamentos divinos da obediência e sacrifício (veja
Moisés 5:5-6). As leis da obediência e sacrifício estão inapelavelmente
interligadas. Ao cumprirmos estes e outros mandamentos, tornamo-nos
disciplinados e discípulos. Tomamo-nos mais consagrados e santos —
como nosso Senhor!

5. Eva ensinou o evangelho aos filhos (veja Moisés 5:12). Antes de ensinar,
podemos aprender, estudar, e permitir que nosso conhecimento com a
verdade nos transforme. Russell M. Nelson diz: “Ao exercerdes vosso
arbítrio, ensinai coisas edificantes e úteis. Ensinai os princípios da
honestidade, autossuficiência e de abster-se de contrair dívidas
desnecessariamente. Construireis uma sociedade mais estável agindo
assim. E lembrai-vos de vosso exemplo. O que sois é muito mais importante
do que vossos atos ou palavras.”

O grande presente de Eva a nós mortais é a promessa do nascimento.
Através das mulheres que se tornam mães, parte das filhas de Eva, todos os
filhos de Deus terão a oportunidade de provar da mortalidade e provar do
mesmo fruto, o fruto do conhecimento do bem e do mal, tendo a oportunidade
de conhecer o arrependimento, as ordenanças e convênios nos apresentados
por Jesus para que voltemos à presença do Pai. Mesmo que algumas de nós não
possam ser mães, cada uma de nós tem um papel importante em nutrir e
inspirar os filhos do Pai Celeste, nossos irmãos e irmãs, a viver em retidão, com
fé em Jesus Cristo, e voltar ao nosso lar celestial.

Lembremos que Deus tem planos diferentes e personalizados para cada
um de Seus filhos e filhas e cada uma de nós é diferente, nossos corpos,
personalidades e mentes são diferentes, e cada situação em nossas vidas será
diferente entre nós, para que possamos aprender o que precisamos, evoluindo à
medida de nossa criação.

Algumas de nós nos casamos, outras não. Outras terão filhos, outras não.
O Senhor está mais preocupado com a forma que agimos proativamente para
viver Seu Plano independentemente de nossas circunstâncias. É interessante
notar que as grandes matriarcas da história do mundo não podiam ter filhos,
algumas os tiveram por milagres necessários para a compleição dos desígnios
divinos, mas outras não. O Senhor se preocupa sobre nossa fé e perseverança, e
a confiança que colocamos Nele ao saber com certeza que Ele nos conhece
melhor que nós mesmas. Seu amor por nós transcende os véus da mortalidade,
e Ele nos ama da mesma forma que ama todos os Seus filhos.

SARA

Referências nas escrituras: Gênesis 11:29-31; 12:5-17; 16:1-8; 17:15-
21; 18; 20:2-18; 21:1-12;23:1-19; 24:36, 37; 25:10, 12; 49:31; Isaías
51:2; Romanos 4:19; 9:9; Hebreus 11:11; 1 Pedro 3:6; Abraão 1-2.

Sara era a esposa do patriarca Abraão, e também sua meia-irmã, ou seja,
Abrão e Sarai eram filhos do mesmo pai, mas de mães diferentes. Quando o
Senhor e Seus anjos os renomearam Sara e Abraão (Gênesis 18:9), Abraão sabia
que ela era uma das mulheres mais bonitas e obedientes ao Senhor que já viveu
nesta terra. Quando a fome abateu o Egito, e fez com que ambos fossem
capturados como prisioneiros do faraó, Abraão atestou que ela era sua irmã – o
que não era totalmente mentira – para que ela não fosse desonrada pelos
soldados, já que o abuso sexual pelos servos do faraó era comum, e ela como o
amava e também temia por sua vida, acabou concordando, pois, se os servos de
faraó soubessem que eles eram casados, matariam Abraão, e o faraó a tomaria
como uma das mulheres de seu harém. O Senhor, porém, tinha um propósito
maior para eles e os livrou da prisão, juntando-os novamente.

Nós temos mais informações registradas sobre Sara do que qualquer outra
mulher nas escrituras, pois somente sobre ela há nove capítulos onde
acompanhamos sua história de vida. O livro de Abraão nos conta a história dele,
quando ele mesmo precisou ser salvo de ser sacrificado no altar do sacerdote
egípcio onde seria oferecido como sacrifício humano pelo próprio pai, cuja
história se repetiu mais tarde com Isaque, e posteriormente, com o próprio
Jesus Cristo e Seu Pai. A dor de Sara de não conceber filhos foi tanta que ela
ofereceu Agar, sua criada, como segunda esposa de Abraão, o que foi permitido
e aprovado pelo Senhor (D&C 132:34). Ela sabia que a ele havia sido prometida
numerosa posteridade e que, através dele e Sara, Deus estabeleceria o convênio
com seu povo, mas Sara não conhecia toda a promessa de que ela se tornaria
mãe eventualmente e, devido a sua infertilidade, ofereceu ao marido Agar, que
concebeu Ismael (Gênesis 16:1-2).

Sara tinha noventa anos de idade quando três homens santos apareceram
a Abraão e a ela e lhes prometeram que Sara teria um filho (Gênesis 18:10).
Embora Abraão já houvesse sido avisado de que ela lhe daria um filho muito
tempo antes (Gênesis 17), ela não sabia da promessa, e riu da impossibilidade,
observando a situação com seus olhos naturais humanos. Abraão tinha noventa
e nove anos de idade (Gênesis 18:13), mas “ o Senhor visitou Sara, como tinha
dito; e fez o Senhor a Sara como tinha falado. E concebeu Sara, e deu um filho a
Abraão na sua velhice, ao tempo determinado que Deus lhe tinha dito. E chamou
Abraão o nome de seu filho que lhe nascera, que Sara lhe dera, Isaque”, e o
Senhor estabeleceu o convênio abraâmico através da segunda geração (Gênesis
26:1-7, 24).

Pelo senso comum, uma mulher de noventa anos que provavelmente já
passou pela menopausa pelo menos trinta anos antes, não poderia conceber um
filho; da mesma forma uma virgem séculos mais tarde também não o poderia.
Mas, como o anjo revelou a Maria, “para Deus nada é impossível”. (Lucas 1:37).

No dia em que Isaque foi desmamado, significando que Sara ainda o
amamentou por alguns anos, Abraão fez uma festa, e viu que Ismael zombava.
As escrituras apenas nos dizem que ele “zombava”, não necessariamente do
filho. A tradução literal do hebreu esclarece que ele, nesta época, já era um
adolescente. Quando a Agar foi prometido um filho, o Senhor lhe avisou que ele
seria “um homem feroz” (Gênesis 16:12), e o hebreu sugere que, talvez, ele
estivesse zombando das “coisas sagradas”, o que preocupou Sara pelo
relacionamento entre irmãos e a paz no lar do Sumo Sacerdote. Ela então pediu
ao marido que enviasse Agar e seu filho para outro lugar. Abraão, entristecido,
afinal Ismael também era seu filho, perguntou ao Senhor o que fazer, e Ele lhe
pediu que ouvisse Sara. Conforme Sua promessa décadas antes, Isaque
receberia a primogenitura (Gênesis 21:11-12). As escrituras nos dizem que
Abraão preparou a viagem de Agar e Ismael, e o Senhor o confortou dizendo que
a semente de Isaque seria a sua semente, mas também a de Ismael, mesmo após
Agar tomar seu filho e voltar ao Egito.

Embora isso pareça injusto, o Senhor enviou Agar e Ismael ao deserto para
testar sua fé se realmente cumpririam os mandamentos. Após algum tempo, o
Senhor pediu a Abraão que oferecesse Isaque em holocausto (Gênesis 22) e,
vendo que tanto Abraão quanto Isaque seriam obedientes ao Seu pedido, Ele
enviou o anjo do Senhor, e por sua obediência, o Senhor lhe abençoou de tal
forma dizendo que, “deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a
tua semente como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar;
e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos; e em
tua semente serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à
minha voz” (Gênesis 22:17-18).

Em revelação direta a Joseph, o Senhor esclareceu, em D&C 132:34-36, que
“Deus deu a ordem a Abraão e Sara entregou-lhe Agar como esposa. E por que
ela o fez? Porque essa era a lei; e de Agar descendeu muita gente. Isso, portanto,
foi para o cumprimento, entre outras coisas, das promessas. Estava Abraão,
portanto, sob condenação? Em verdade vos digo que não; porque eu, o
Senhor, dei-lhe essa ordem. Foi ordenado a Abraão que sacrificasse seu
filho Isaque; não obstante, estava escrito: Não matarás. Abraão, contudo, não se
negou e isso lhe foi imputado por retidão.”

A Bíblia nos traz um capítulo inteiro – Gênesis 23 – sobre Abraão
adquirindo o local onde Sara foi enterrada em Canaã, a terra prometida pelo
Senhor onde a matriarca do convênio abraâmico descansou seu corpo, onde
mais tarde se tornaria a terra da herança dos judeus.
AGAR

Referências nas escrituras: Gênesis 16; 21:9-17; 25:12; Gálatas 4:24, 25.

Agar era egípcia e a criada principal de Sara, esposa de Abraão (Gênesis
12:16). A tradição judaica diz que Agar foi presenteada como assistente de Sara
pelo faraó enquanto Abraão e Sara eram prisioneiros e conhecidos como
irmãos. Agar amava Sara e converteu-se ao seu Deus e escolheu tornar-se sua
serva ao invés de permanecer na casa do faraó adorando deuses egípcios. Agar
também é querida por muçulmanos, que acreditam que Muhammad era
descendente de seu filho Ismael. Em Gênesis 15, o Senhor prometeu a Abraão
que ele teria grande posteridade, mas Sara ainda não poderia ter filhos. Quando
ela percebeu que, em seu entendimento da promessa, não poderia lhe dar filhos,
ela ofereceu Agar como segunda esposa de seu marido.

Em Gênesis 16, o Senhor revelou a Agar o sexo, nome e a futura missão de
seu filho e a grande nação que dele viria. Ele a conhecia como filha, e seu
conhecimento Dele a tornou livre. Ela sabia que o Senhor tinha um plano para
ela e a via como filha. O Senhor prometeu a ela que sua posteridade se
multiplicaria, assim como Ele havia prometido a Sara com o convênio
abraâmico. Mas, após Agar dar um filho a Abraão, ela desprezou Sara, achando
que agora ela carregava a promessa do Senhor para Abraão, e o relacionamento
das duas mulheres mudou (Gênesis 16:5), e houve ciúmes de uma com a outra,
o que abalou a paz na casa de Abraão.
Anos se passaram até Sara receber a visita dos três homens santos e o
milagre da concepção de Isaque. No desmame de Isaque (Gênesis 16), Abraão
fez uma festa, e Ismael, já adolescente (Gênesis 17:25), “zombava” da situação, o
que fez com que Sara pedisse a Abraão que Agar e seu filho se mudassem para o
bem futuro do relacionamento entre irmãos e para o cumprimento da promessa
do Senhor a Abraão através de Isaque, após anos de atritos entre Sara e Agar.
Abraão sentiu profunda tristeza e buscou o Senhor em oração, e recebeu a
resposta de ouvir Sara e que Agar e Ismael ficariam bem e dele viriam muitas
nações. Abraão, de coração partido, preparou todas as providências para a
viagem de Agar e Ismael. O Senhor também abriu os olhos de Agar, e ela teve
uma visão de uma fonte onde ela e o filho bebiam da água e viveriam (Gênesis
21:19-20), ou seja, ela recebeu a resposta que o Senhor concordara com a
mudança. Ela e Ismael partiram então em direção à terra de Paran, e anos mais
tarde, Ismael acabou se casando com uma mulher egípcia (Gênesis 21:21).

A Bíblia nos diz que Ismael teve doze filhos homens. “E estes são os nomes
dos filhos de Ismael, pelos seus nomes, segundo as suas gerações: o primogênito
de Ismael era Nebaiote, depois Quedar, e Adbeel, e Mibsão, e Misma, e Dumá, e
Massá, Hadade, e Tema, Jetur, Nafis, e Quedemá. Esses são os filhos de Ismael, e
esses são os seus nomes pelas suas vilas e pelos seus castelos; doze príncipes
segundo as suas famílias” (Gênesis 25:13-16).

No Islã, Agar é querida, embora ela não seja mencionada no Corão, apenas
como “filha de um Rei” que fora capturada e entregue ao Egito como escrava, e
mais tarde dada a Abraão como esposa. A tradição islâmica também confirma
que Abraão enviou Agar e Ismael ao deserto para testar se continuariam
obedientes aos mandamentos.

A grande maioria pensa que Agar foi injustiçada grandemente por Sara e
Abraão ao ser enviada com Ismael ao deserto, e que sua rebeldia nada tinha a
ver com as bênçãos do Senhor. Agar foi uma mulher corajosa a qual o Senhor
amava. Ele pessoalmente falou a ela duas vezes e a abençoou com grande
posteridade, tanto quanto Ele o fez a Abraão e Sara. Sara a amava tanto que a
escolheu para dar posteridade ao marido. Agar escolheu ser orgulhosa e dura
com Sara, o que levou a Agar e Ismael precisarem deixar a casa de Abraão, mas
ela partiu não mais como escrava, e sim como mulher livre e mãe de um homem
que lhe daria grande posteridade.

As duas vezes em que o Senhor falou com Agar foi num poço. A primeira,
para lhe dar instrução e paz de que Ele a conhecia e amava. A segunda, quando
ela e Ismael já estavam no deserto no caminho de volta ao Egito, Ele a
relembrou de suas muitas bênçãos que havia tido e continuaria tendo.

A história de Agar traz o ensinamento de que se recebemos uma bênção,
não precisamos nos gabar por ela, muito menos desprezar outros,
principalmente aqueles que nos ajudaram antes, mas também traz o lembrete
de que, cada mulher que sofre, o Senhor as conhece, sabe de suas adversidades,
e tem um plano para cada uma, e Ele nunca retira as bênçãos já dadas, a não ser
que ela mesma a perca por escolha própria e/ou falta de retidão.

Ismael, considerado o filho de Abraão nascido da carne, e Isaque, o filho de
Abraão nascido da promessa. Conforme Paulo usou a história de Agar (Gálatas
4:21-31) sobre a diferença entre lei e graça, Agar representa assim o velho
convênio, e Sara o novo convênio do Cristianismo, num lar onde a fé prevaleceu
e o Senhor cumpriu sua promessa.

Quando Abraão faleceu, Isaque e Ismael o enterraram juntos, e não havia
animosidade entre os dois, embora houvessem sido separados para um
propósito maior (Gênesis 25:9).

REBECA
Referências nas escrituras: Gênesis 22:23; 24; 25:20-28; 26:6-
35; 27; 28:5; 29:12; 35:8; 49:31; Romanos 9:6-16.

Rebeca é mencionada na genealogia de Naor, o irmão de Abraão (Gênesis
22:20-24). Um dos filhos de Naor, Betuel, era o pai de Rebeca, irmã de Labão.

A história de Rebeca e Isaque é repleta de beleza e romantismo. Acima de
tudo, Rebeca sabia quem ela era. Sem ela, a casa de Israel não teria existido. Ela
sabia quais eram suas responsabilidades perante as promessas do Senhor,
entendia as bênçãos do Sacerdócio e fez o que pôde para que a promessa do
Senhor se manifestasse através de seu esposo, Isaque, e de seus filhos,
especialmente Jacó.

Após o falecimento de Sara, Abraão, já em idade bem avançada, enviou seu
servo em busca de uma esposa para seu filho Isaque. O requisito é que fosse
alguém da família de seu irmão, Naor, que vivesse os convênios feitos com o
Senhor. Eliezer, o servo, ficou apreensivo, mas Abraão explicou que o Senhor
estava preparando alguém entre a descendência de seu irmão para seu filho.
Com fé que ele encontraria esta mulher, e o mais difícil, que ela aceitaria segui-
lo em tão curto prazo, ele partiu, viajando centenas de milhares de quilômetros
através do deserto. Quando Eliezer finalmente chegou à cidade de Naor, ele
parou com seus camelos para descansar num poço na entrada da cidade.

No final da tarde, as mulheres normalmente iam aos poços artesianos para
coleta de água, e entre muitas delas, ele pediu ao Senhor que apontasse aquela
que Ele havia preparado, e que lhe ajudaria a matar a sede de seus camelos
(Gênesis 24:12-14).

Imediatamente após sua oração, Rebeca chegou ao poço. Ele não sabia que
ela era quem era. Filha de Betuel, este, filho de Micah, esposa de Naor, irmão de
Abraão. A tradução de Joseph Smith de Gênesis 24:16 (9) diz que “e a donzela
era muito formosa à vista, virgem, a qual o servo de Abraão não havia visto, nem
qualquer outro homem havia conhecido”. Quando ela se aproximou, ele lhe
pediu um pouco de sua água para tomar. Ele não baseou sua busca na beleza e
apresentação, mas no coração e nas maneiras, segundo o convênio abraâmico
que havia lhe sido ditado previamente por seu senhor. Rebeca, graciosamente,
ofereceu água não somente a ele, mas continuou colhendo água do poço até que
todos os seus camelos estivessem saciados.

Ele tinha uma caravana de dez camelos que precisavam, cada um, de trinta
e cinco galões de água. Isso significa que ela deve ter colhido pelo menos uma
centena de baldes cheios de água do poço. Ela simplesmente colheu água para
todos eles sem sequer perguntar se ele gostaria que ela o fizesse. Eliezer era o
servo de confiança de Abraão, as escrituras nos dizem que ele era inteligente,
obediente e prudente. Ele, extremamente surpreso pela atitude de Rebeca, não
perdeu tempo e contou a Rebeca quem ele era, de onde tinha vindo. Ele também
foi totalmente honesto com Rebeca sobre seu propósito. Então, lhe perguntou
quem ela era. Tamanha foi sua surpresa quando ela respondeu, uma resposta
incrível direta do Senhor às suas orações.

Eles então se dirigiram à casa dos pais e família de Rebeca. Eles
entenderam que o pedido viera do Senhor, e perguntaram se ela iria com ele na
manhã seguinte, e ela respondeu: “Irei”. Após tentarem racionalizar pedindo
que o servo aguardasse mais uns dias, acabaram concordando que Rebeca
poderia ir, após o servo de Abraão entregar a eles os muitos presentes que
Abraão havia enviado. Juntamente com seu pai Betuel, seu irmão Labão deu
uma bênção a Rebeca na hora da partida, e ela seguiu caminho com o servo de
Abraão rumo a encontrar-se com Isaque.

Como uma donzela, em torno de seus vinte anos de idade, assim como sua
sogra, Sara, ela era uma das mais belas mulheres existentes, amável,
trabalhadora, membro de uma família de crentes ao Senhor. O trabalho árduo
de carregar água suficiente para dez camelos mostra que ela não se esquivava
das tarefas domésticas. Mulher de fé, seus melhores atributos se mostraram na
resposta à abordagem de Eliezer, em seu serviço a ele e em sua disposição de
acreditar e agir. Ela era modesta, franca, bondosa, tinha grande energia e fé,
além de conhecer o convênio abraâmico e ter crescido vivendo-o.

Elaine S. Dalton disse sobre a história de Isaque e Rebeca: “Rebeca era
digna e estava preparada para fazer e guardar convênios sagrados e de se
tornar a esposa de convênio de Isaque. Ela não teve que esperar e preparar-se.
Antes de sair do convívio de sua família, ela recebeu uma bênção, e as palavras
me emocionam, porque lhe foi prometido que ela se tornaria ‘mãe de milhares
de milhões’. Mas a melhor parte dessa história de amor foi quando Rebeca viu
Isaque, e ele a viu, pela primeira vez. Não está escrito na Bíblia, mas acho que foi
amor à primeira vista! Porque “a virtude ama a virtude; [e] a luz se apega à luz”
(10). (D&C 88:40) Quando Isaque saiu para encontrar-se com a caravana,
Rebeca ‘desceu do camelo’. E a escritura diz ‘ela foi-lhe por mulher, e Isaque
amou-a’ (Gênesis 24:64). É nesse ponto que eu suspiro!”.

Rebeca ecoa as palavras de Néfi perante uma situação de difícil decisão. 1
Néfi 3:7 relembra-nos, “Eu irei e cumprirei as ordens do Senhor, porque sei que
o Senhor nunca dá ordens aos filhos dos homens sem antes preparar um
caminho pelo qual suas ordens possam ser cumpridas”. A resposta e as atitudes
de Rebeca demonstram que ela não somente tinha uma fé tamanha e era
obediente, mas também que estava preparada, totalmente pronta para agir
perante o chamado que recebera. Ela havia vivido o Evangelho por toda sua
vida, e conhecia as promessas do Senhor para Seu povo, e não pestanejou
quando o Senhor lhe chamou para ser a esposa de um profeta, e mãe de muitas
nações.

O tempo passa e Isaque preocupava-se por sua esposa devido ao fantasma
da infertilidade. Rebeca e Isaque se casaram após a morte de Sara. Logo após,
Abraão casou-se novamente com uma mulher chamada Quetura. Quetura gerou
mais seis filhos a Abraão, e Gênesis 25 nos diz que todos eles nasceram antes
que Rebeca pudesse gerar qualquer filho de Isaque. Rebeca estava com
quarenta anos quando finalmente engravidou, e foi uma gravidez conturbada. O
mesmo capítulo de Gênesis diz que ela inquiria constantemente ao Senhor em
sua gravidez, muitas vezes aos prantos, porque seus “filhos lutavam dentro
dela; então disse: Se assim é, por que estou eu assim? E o Senhor lhe disse: Duas
nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um
povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor. E
cumprindo-se os seus dias para dar à luz, eis que havia gêmeos no seu ventre”. E
assim, nasceram: o primeiro a nascer foi Esaú. O segundo, Jacó, e o coração de
Rebeca como mãe se acalmou tamanha sua alegria, mas ela guardou as palavras
do Senhor sobre o chamado posterior de Jacó.

Quando Rebeca nasceu, sua mãe adoecida, deixou que Debora, sua
enfermeira, a amamentasse e cuidasse dela. Independentemente das
circunstâncias que levaram àquela escolha, Debora e Rebeca eram próximas, e
Debora acompanhou Rebeca quando ela se casou com Isaque, ajudando-a a
cuidar de Esaú e Jacó.
As divergências entre os gêmeos baseavam-se no temperamento,
ocupação e aspirações religiosas. Isaque amava Esaú, que era o típico menino
levado, que gostava das coisas de menino, bom na caça, na pesca, mas este se
deliciava com as tentações carnais. Rebeca amava Jacó, e direcionou sua vida a
ajudá-lo a cumprir a preordenação na Casa de Israel conforme o Senhor lhe
havia revelado. Rebeca indagou o Senhor muitas vezes sobre as bênçãos
reservadas a Jacó e Esaú, e seu papel foi imprescindível na realização do
mandamento divino. Rebeca buscou revelação direta do Senhor por toda sua
vida, como donzela, esposa, e agora mãe, e avó do que seria posteriormente, o
Povo do Convênio. Ela conhecia seus filhos, e sabia que o Senhor os conhecia
ainda mais.

Na tradição judaica, Rebeca é chamada da “Leoa guardiã do convênio da
casa de Israel” (11). Quando Rebeca ouviu de Isaque, já ancião e cego, que ele
desejava transferir a Esaú os direitos de primogenitura, Rebeca soube que ele
cometeria um erro. Esaú não vivia os convênios há tempos e havia se casado
fora do convênio com várias mulheres, entregando-se aos prazeres carnais, e
ela sabia que suas esposas não ensinariam seus netos nos caminhos do Senhor,
e o povo do convênio sequer existiria como prometido a Isaque e a ela pelo
próprio Jeová, ou seja, ela sabia que Esaú não perpetuaria o Convênio
Abraâmico. Afinal, o Senhor havia lhe revelado, na gravidez, sobre quem o
direito de primogenitura deveria recair: “o maior servirá o menor”. Em hebreu,
isso traduz que o mais velho servirá o mais novo.

Ela foi corajosa e disse a Jacó para preparar a carne de dois cabritos para
que Isaque o abençoasse antes de sua morte (Gênesis 27:9-10), exatamente
como Esaú fazia normalmente para o pai com suas caças. Jacó sabia que seu pai
o distinguiria facilmente de Esaú e não queria sentir que estaria enganando o
pai, mas seguiu a ordem da mãe. Ela cuidadosamente vestiu Jacó com as roupas
de Esaú, preparou o guisado que Isaque tanto gostava e, como guardiã do
convênio, sob ordem divina que acreditava ter recebido diretamente do Senhor
na gravidez dos gêmeos, ela queria ajudar o esposo patriarca a decidir o destino
da Casa de Israel. Isaque pediu que seu primogênito lhe beijasse, e Jacó, no lugar
de Esaú, o fez. Enquanto se abraçavam, Isaque não teve dúvidas, e abençoou
Jacó com sua bênção patriarcal.

Podemos então pensar que Isaque foi enganado pela própria esposa e
abençoou Jacó pensando que ele fosse Esaú, ou podemos concluir que, em seu
coração, ele sabia que Esaú, embora fosse seu preferido, não era o preferido do
Senhor. Isaque era um pai que tinha esperança que Esaú, que reunia tantas
qualidades como líder, já possuía várias esposas e havia começado sua prole,
pudesse voltar e tomar parte na promessa do convênio abraâmico. Mas, não
havia mais tempo. A morte logo chegaria, e sua bênção seria importante para
que seus filhos soubessem o que fazer. Tanto é que o Senhor tornou válida a
bênção de Isaque sobre Jacó. Após isso, quando a verdade veio à tona e Esaú se
zangou grandemente e demonstrou remorso por ter trocado sua primogenitura
pelo prato de lentilhas lhe oferecido por Jacó em troca de sua primogenitura, e a
verdade também foi apresentada a Isaque, embora pudesse, ele se recusou a
revogar a bênção que havia dado a Jacó, concordando que ele estava pronto
para cumprir as promessas para o povo do Senhor.

Jacó recebeu a bênção patriarcal de seu pai, Isaque, no leito de sua morte.
Temendo sobre sua vida devido à reação de Esaú, Rebeca o enviou ao seu irmão
Labão com outra intenção além de sua proteção. Ela sabia que, para que o
convênio abraâmico permanecesse, Jacó teria que se casar dentro do convênio,
e isso aconteceria somente através de sua própria família. Ela havia vivido os
convênios do Senhor sua vida toda e preparado seus filhos para serem dignos
portadores do Sacerdócio honrando seus convênios, mas um deles desprezou
seus ensinamentos. Isaque, após a bênção dada a Jacó, concordou com Rebeca
que ele deveria buscar uma esposa na casa de Labão, e ele se foi. Isaque faleceu
logo após.

Jacó teve sua própria história com Lia e Raquel, mas casou-se dentro do
convênio, e foi pai de José e Efraim através da promessa dada a ele, da mesma
forma quando, anteriormente, aconteceu a Sara e Abraão, e “foi através dele que
o convênio abraâmico continuou” (Gênesis 28:1-4), conforme revelado a sua
mãe Rebeca. A venda da primogenitura de Esaú a Jacó desqualificou Esaú como
primogênito perante os olhos do Senhor, de sua mãe, e finalmente, de seu pai.

Julie B. Beck, ao falar de Rebeca, disse que cada mulher obediente ao
Senhor e fiel aos convênios eternos é um elo entre gerações (12). Ao escolher
nossa missão, temos poder e influência, e o Senhor depende de nós. Sem uma
Rebeca que entendia as bênçãos do sacerdócio, a Casa de Israel não teria
sobrevivido, principalmente depois que as tribos se perderam.

LIA E RAQUEL

Referências nas escrituras: Gênesis 29; 30; 31; 33:1, 2, 7; 35:16-
26; 46:19, 22, 25; 48:7; Rute 4:11; 1 Samuel 10:2; Jeremias 31:15; Mateus 2:18.

Rebeca e Isaque enviaram Jacó à casa de Labão, irmão de Rebeca, receosos
de que Esaú fizesse algo contra o irmão, após Jacó ter recebido a primogenitura
de Isaque em seu lugar, e também para que ele encontrasse e se casasse com
uma mulher temente a Deus que vivia Seus convênios, perpetuando assim o
convênio abraâmico.

Jacó acabou ficando por bastante tempo com seu tio Labão, e se casou com
duas de suas filhas, Lia e Raquel. Mesmo após casar-se com as duas, ele
trabalhou como pastor de ovelhas de Labão por muitos e muitos anos.

A história começou quando Jacó chegou em Haran e encontrou sua prima,
Raquel, no poço de Labão saciando a sede das ovelhas de seu pai. Foi amor à
primeira vista para Jacó. O Talmud diz que quando ele a viu, ele a beijou e
imediatamente pediu sua mão em casamento, e ela aceitou (13) – igual ao seu
pai quando viu Rebeca! Trabalhando para Labão, Jacó ganhava algum
pagamento. Embora Labão nunca o tenha pago honestamente, ele concordou
em servir o tio por sete anos com a condição de que, ao final daquele tempo,
Labão concordasse e lhe deixasse casar com sua filha Raquel. Ele foi paciente e
trabalhou incansavelmente por sete anos.

No dia do casamento, Labão o enganou, e na “tenda nupcial”, colocou Lia, por
ser mais velha, ao invés de Raquel. Na

manhã seguinte, quando Jacó percebeu que fora cruelmente enganado pelo
próprio tio, ele rebelou-se contra Labão, pois havia trabalhado os sete anos por
Raquel, não por Lia! Mas Labão informou que a filha mais nova não poderia se
casar antes da primogênita, então ele propôs a Jacó que se ele completasse os
sete dias da festa de casamento com Lia, mantivesse-a como esposa, e
trabalhasse para ele por mais sete anos, ele lhe daria a filha Raquel também.
Jacó não tinha outra escolha. Lia, então, teve Jacó por sete dias. Ao final daquela
semana, Jacó casou-se com Raquel também, e começou sua jornada de mais sete
anos de trabalho para Labão.

Embora Jacó amasse Raquel mais do que Lia, Lia o amava genuinamente.
Conforme as escrituras, vemos que Raquel tornou-se ciumenta, amarga e muitas
vezes petulante em relação à irmã, Lia, que foi desprezada por Jacó. Lia, porém,
foi definitivamente lembrada pelo Senhor, que lhe concedeu a bênção da
fertilidade, enquanto Raquel foi infértil por muito tempo. As duas irmãs
sofreram de uma forma ou outra. Enquanto Raquel sofreu com a infertilidade e
buscava ter filhos, Lia sofreu com o desprezo e buscava a atenção e amor de
Jacó.

Tamanho era o sofrimento de Raquel, que ela chegou a implorar a Jacó,
“Dá-me filhos, senão morro” (Gênesis 30:1). Jacó irou-se, perguntando-lhe se ele
por acaso era Deus para “impedir o fruto de teu ventre?”. Raquel, então, decidiu
dar a ele sua serva, Bila, para que esta parisse filhos de Jacó, assim como Sara
havia oferecido Agar a Abraão. Bila deu a Jacó um filho, Dã, e um segundo, que
Raquel nomeou Naftali. Raquel, quando viu que Lia não podia mais ter filhos
após o quarto filho Judá, tomou a serva de Lia, Zilpa, e também deu-lhe a Jacó.
De Zilpa e Jacó nasceram Gade, e após, Aser.


Um dia, o filho mais velho de Lia, Rúben, achou mandrágoras no campo e
trouxe algumas para sua mãe Lia – essas ervas eram conhecidas na antiguidade
como remédio para infertilidade. Raquel aprendeu sobre a erva e pediu algumas
a Lia. A rivalidade entre as irmãs era mais que somente o ciúme de Jacó. Em
suas mentes, elas pensavam que casando-se com ele e gerando seus filhos, elas
desenvolveriam uma relação mais íntima com Deus, entrando para a história da
Casa de Israel ao serem mães das muitas gerações que propagariam o convênio
abraâmico. Lia acabou contando a Jacó das mandrágoras, e juntos tiveram um
quinto filho, Issacar, depois mais um – Zebulom e, novamente, uma filha, que
chamou de Diná. Lia, portanto, concebeu sete filhos de Jacó. Jacó, por sua vez,
mais tarde foi chamado de Israel pelo Senhor, e os seis homens, filhos dele e Lia,
tornaram-se reis de seis das doze tribos de Israel (Gênesis 29:32-35; 30:16-21).
Lia continuou paciente e esperançosa, sempre aguardando que Jacó amansasse
seu coração e lhe amasse. Segundo as escrituras, Lia não era bonita como
Raquel, mas tinha o olhar meigo e o coração bom. Lia foi excelente mãe, criando
seus filhos sob o sagrado convênio abraâmico. Após todos os filhos nascidos de
Lia, Bila e Zilpa – estas duas últimas provavelmente não tinham direitos sobre
seus filhos sendo criadas e estavam sob ordens de Raquel - Raquel finalmente
engravidou, para sua alegria e também de Jacó. Seu primeiro filho, “chamou o
seu nome José” (Gênesis 30:24), e ele se tornou o grande José do Egito.

Após o nascimento de José, Jacó, após trabalhar para Labão muito mais
que sete anos, desejou deixar a casa do sogro com sua grande família e retornar
à terra de seus pais, mesmo que ainda corresse risco de Esaú atentar contra sua
vida. Apesar de ser empregado de Labão, ele estava em posição financeira
melhor que o sogro, o que despertava a exploração de Labão em grande escala,
portanto, quis buscar assim sua independência (Gênesis 31:2). Ele propôs um
conselho de família, conforme nós mesmos como membros de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias somos ensinados a fazer. Como o patriarca
da família, ele literalmente pediu a opinião de suas esposas, Lia e Raquel, e
ambas concordaram que era hora de mudança. E assim, partiram.

Jacó, preocupado com a ameaça antiga de Esaú, decidiu que lhe daria
presentes, e pediu aos seus servos que separassem um rebanho de cabras,
ovelhas, camelos, bois e cavalos para que, quando chegasse de volta a Canaã,
seus servos haveriam já presenteado Esaú, na tentativa de amenizar qualquer
mau sentimento antigo que existisse entre os dois. Ele dividiu suas caravanas,
enviando Lia e os filhos primeiro, e depois Raquel e José. Quando finalmente
Esaú viu Jacó, Esaú, feliz por ver o irmão, correu e lhe abraçou, beijou-o e,
juntos, choraram (Gênesis 33:4). Felizmente, Esaú fez bem-vinda a família de
Jacó.

(Continue lendo sobre Lia e Raquel no próximo capítulo.)
DINÁ

Referências nas escrituras: Gênesis 34:1-31

Duas grandes tragédias abateram a vida das irmãs Lia e Raquel. Na terra
da infância de Jacó, após voltarem e se estabelecerem como família, a filha mais
nova de Lia e Jacó, Diná, foi estuprada. Mais tarde, Raquel engravidou
novamente, e no momento do parto de Benjamim, morreu enquanto lhe dava à
luz.

Os irmãos de Diná, furiosos ao saber o que havia acontecido com a irmã,
exterminaram todos os homens de uma cidade após seu estupro (Gênesis 34:1-
2). Diná era a única filha nascida de Lia e Jacó e tinha onze irmãos. Ao
retornarem a Canaã, Diná foi passear um dia “com outras filhas da cidade”,
provavelmente jovens de sua idade, ao centro comercial para comprar tecidos e
outras coisas. Enquanto no centro comercial da cidade, o príncipe chamado
Shechem, tomou-a em seu recinto e estuprou-a. No passado, alguns estudiosos
já a consideraram culpada pelo acontecido por ter sido inocente e ido sem
proteção à cidade, mas a tradução do acontecimento é clara: o príncipe a tomou
à força, usando violência, basicamente sequestrando-a. Mesmo que mais tarde
leiamos que Shechem se apaixonou por ela, isso não desculpa seu
comportamento.

Infelizmente, o que aconteceu a Diná foi o mesmo que poderia ter
acontecido a Sara e a Rebeca, quando tomadas como prisioneiras juntamente
com seus maridos, Abraão e depois Isaque, e estes precisaram mentir dizendo
que eram seus irmãos para poderem protegê-las e salvá-las. Diferente das
matriarcas, porém, Diná não teve proteção, assim como Cristo sofreu no
Calvário até a cruz. O abuso sexual não é algo que nos faz crescer ou que seja
necessário, assim como a tortura ao Salvador também não o era.
O restante da história de Diná é contada por Simeão e Levi, seus irmãos.
Após o estupro de Diná, ela foi mantida como cativa na casa do Rei, e o pai de
Shechem ainda foi a Jacó e pediu que ele oferecesse a filha ao seu filho como
esposa, e ele lhe pagaria o preço. Jacó ficou extremamente ofendido, pois sua
filha havia sido tomada à força e deflorada, e também sabia do interesse do Rei
em suas posses. Simeão e Levi, furiosos, intercederam na conversa e disseram
ao rei que dariam as filhas deles aos homens de Shechem se todos eles,
incluindo Shechem, fossem circuncidados. O Rei voltou e contou aos homens da
guarda dele e do filho, mas quando eles concordaram, Simeão e Levi se viram
em um beco sem saída, pois blefaram achando que eles não aceitariam, e assim
teriam sua irmã de volta. Eles, então, visitaram a propriedade do Rei e seu filho
Shechem, e exterminaram a todos enquanto ainda estavam se recuperando das
cirurgias de circuncisão, e resgataram Diná da casa de Shechem onde ela estava
cativa.

Jacó, desesperadamente infeliz com as ações dos filhos e temendo que eles
perdessem todas as bênçãos guardadas para a Casa de Israel como povo do
convênio, anos mais tarde, em sua bênção patriarcal, a eles falou claramente de
sua crueldade e derramamento de sangue (Gênesis 49:5, 7). Infelizmente, nada
mais é dito sobre Diná. Assim como muitas das vítimas de abuso sexual em
nossos dias vivem uma vida reclusa, muitas vezes dadas à depressão e dor
profunda na alma, guardou-se até o final de seus dias. Talvez não, mas não
sabemos se ela constituiu família, se teve filhos e se conseguiu sair de sua triste
realidade. Sabemos com certeza, porém, que seu pai e irmãos protegeram-na de
alguma forma até o final de seus dias.

Quando Raquel faleceu ao dar à luz Benjamim, a família estava a caminho
entre Bethel e Efrata e, por falta de tempo e recursos, ela precisou ser sepultada
no caminho, próximo a Belém (Gênesis 35:19). Jacó fez-lhe uma coluna de
pedras. Séculos mais tarde, a tribo de Benjamim herdou as terras ao redor, e o
lugar derradeiro onde a mãe Raquel estava sepultada foi marcado, e foi o
mesmo local onde Jesus Cristo nasceu.

Lia também morreu antes de Jacó, mas foi enterrada juntamente com os
demais da família, incluindo Abraão, Sara, Isaque e Rebeca. Anos mais tarde,
Jacó foi enterrado pelos filhos na mesma caverna juntamente a ela (Gênesis
49:31). Lia havia finalmente conseguido estar ao lado de seu amado, mesmo que
fosse após a morte.
AZENATE


Referências nas escrituras: Gênesis 41:45, 50; 46:20.

Jacó passou o direito da primogenitura a José, conforme instrução do
Senhor, já que ele era o primogênito natural dele e Raquel. Ele o amava, pois era
o filho de sua velhice (Gênesis 37:3) e lhe costurou uma túnica de muitas cores.
Enquanto os outros filhos se tornaram violentos e, ciumentos, odiavam o irmão,
José era digno, obediente e disposto a continuar os convênios de seus amados
patriarcas.

A história continua. Sabemos em um ponto, que seus próprios irmãos
planejaram sua morte. Como o plano não foi unânime, por fim decidiram por
sua venda como escravo ao Egito. Lá, José ficou famoso por interpretar os
sonhos com profecias que mais tarde se concretizaram, e assim acabou
ganhando a confiança do faraó e se tornando seu conselheiro. Quando José
interpretou o sonho das sete vacas gordas e sete vacas magras, e os
acontecimentos que se seguiram confirmaram suas profecias, o faraó deu-lhe
Azenate como presente.

O pai de Azenate era um sacerdote pagão, e ela havia sido ensinada a
adorar os deuses egípcios, mas quando ela viu José que visitou seu pai a mando
do faraó, imediatamente se apaixonou por ele. José, por sua vez, ciente da
necessidade de se casar dentro do convênio, abençoou-a, foi gentil com ela, mas
descartou a possibilidade de tê-la como esposa.

Azenate, inconsolável, voltou para seu quarto e puniu a si mesma. A
tradição judaica nos revela que ela retirou todas as suas joias caras e as jogou
pela janela, cobriu-se com trapos e cinzas e ficou sete dias e sete noites sem
comer (14). No oitavo dia, ela orou como sabia a Deus para que lhe perdoasse
de ter adorado os deuses do Egito. O evangelho apócrifo de José e Azenate (15)
descreve que uma luz apareceu, um anjo do Senhor chamou-a pelo nome. O anjo
lhe disse que o Senhor aceitara sua confissão, e que a partir daquele dia ela teria
vida nova. O anjo ainda lhe pediu que se vestisse como noiva e iria avisar José, e
foi. Por convite do anjo do Senhor, José retornou a casa do sacerdote, e viu que
Azenate estava completamente diferente e convertida ao Deus de Israel. E se
casou com ela.

Mais tarde, sabemos da história de José. Ele se tornou o governador de
todo o Egito, e acabou salvando os irmãos – sim, mesmo após eles o terem
vendido, José os perdoou e demonstrou extrema felicidade em encontrá-los – e
todos os parentes. José também escapou da sedução pela esposa de Potifar. Ele
nunca se esqueceu de sua aliança entre o Senhor e o povo de Israel, e continuou
o convênio quando se casou com a filha do sacerdote de Om, Azenate. Ela
concebeu dois filhos de José, Efraim e Manassés, que formaram as duas últimas
tribos de Israel.

Se continuarmos a leitura do Velho Testamento, vemos que, após mais de
dois séculos, o povo tornou-se escravo novamente no Egito, e foi então libertado
por Moisés, filho de Anrão e Joquebede, da tribo de Levi. Como vemos acontecer
com muitas de nós mesmas, Lia e Raquel viveram sob ciúmes e dor, mas foram
corajosas e mantiveram a confiança e fizeram o que sabiam para manter o
convênio com o Senhor, amando Jacó, e construindo com ele a Casa de Israel.
Azenate também foi valente em seu testemunho após sua conversão, e foi
excelente mãe de duas das mais importantes tribos de Israel que têm feito
milagres na congregação das tribos hoje, Efraim e Manassés.


RUTE E NOEMI

Referências nas escrituras: Rute 1-4, Mateus 1:5.

O livro de Rute nos conta em seus capítulos que, na época dos juízes,
Elimeleque, da tribo de Judá, emigrou para Moabe com sua esposa Noemi e seus
dois filhos, Malom e Quiliom. Após sua morte, seus filhos se casaram com duas
mulheres moabitas, Rute e Orpa. Ambos morreram, e Noemi ficou desamparada
e voltou para Israel. Ela disse às noras que poderiam ir para onde quisessem já
que não estavam casadas com seus filhos. Orpa ficou em Moabe, mas Rute
decidiu partir com Noemi.

Boaz, que era da família de Elimeleque, interessou-se por Rute, casaram-se
e tiveram um filho, Obed, que gerou a Jessé, que gerou a Davi, que mais tarde se
tornou rei e pai de Salomão e, gerações mais tarde, Jesus Cristo também dele
descendeu.

Com a perda do marido e dos filhos, Noemi havia se tornado amarga e
inconsolável, mas Rute era apegada à sogra e a amava como verdadeira amiga.
As grandes tragédias que atingiram Naomi, aparentemente impensadamente,
levantam a velha questão da justiça de Deus em permitir que o inocente sofra. O
autor de Ruth artisticamente levanta este tema quando Noemi responde aos
seus amigos há muito perdidos: “Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi;
chamai-me Mara, porque grande amargura me deu o Todo-Poderoso. Cheia
parti, porém vazia o Senhor me fez retornar; por que, pois, me chamareis
Noemi? Pois o Senhor testifica contra mim, e o Todo-Poderoso
me fez tanto mal.” (Rute 1: 20–21). Embora o lamento de Noemi não acuse
diretamente a Deus, ele certamente se queixa da injustiça de sua situação e
implica que Deus é injusto. Sua queixa não é abordada neste ponto da história,
mas
é totalmente resolvida quando Noemi louva a Deus no meio da história,
bem como quando seus amigos o elogiam no final de a história. A relação
exemplar das duas mulheres ecoa através dos tempos como verdadeira
irmandade divina. Dois dos versos mais tocantes da história das matriarcas
bíblicas, em Rute 1:16-17, traduz o amor de Rute por Noemi: “Não me instes
para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores, irei
eu, e onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o
teu Deus é o meu Deus; Onde quer que morreres, morrerei eu, e ali serei
sepultada. Faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a
morte me separar de ti”.

Tocada pelo amor da nora, Noemi aceitou que Rute a acompanhasse. E,
juntas, seguiram caminho até Belém.

Rute tornou-se viúva muito jovem e, pela lei levítica da época, Boaz estava
após outro homem na linhagem familiar por direito. Mas quando a viu, ele quis
muito cuidar dela e de Noemi, conforme Rute lhe pediu. Aliás, ela praticamente
o pediu em casamento, quando disse, “estende, pois, a aba do teu manto sobre a
tua serva, porque tu és o remidor”. Boaz era um homem honesto. Ele sabia que
havia outro remidor que, por direito, poderia casar-se com Rute, e no dia
seguinte foi perguntar a ele se gostaria de fazê-lo, mas o homem negou que
pudesse, senão sua esposa e filhos perderiam sua herança. E Boaz então tomou
Rute por mulher, e “o Senhor lhe fez conceber, e ela deu à luz um filho” (Rute
4:13), Obede.

Rute escolheu seu amor após a tragédia da morte de seu esposo. E Boaz
fez-lhe bem-vinda juntamente com sua sogra. A fidelidade e cuidado de Rute em
relação à Noemi demonstra a verdadeira conversão de Rute. Se ela tivesse
ficado em Moabe com Orpa, poderia ter retornado a Baal, conforme a velha
tradição da crença de seu povo, mas ela foi determinada a seguir Jeová,
identificando-se completamente com o povo do convênio, e tornando-se, assim,
ascendente direta de Jesus Cristo.

Boaz trouxe o exemplo de cavalheirismo e honestidade de um homem.
Rute, por sua vez, com o nascimento de Obede, encontra-se como uma das
matriarcas eleitas na genealogia de Cristo.

A redenção de Rute foi realizada por causa de vários fatores. Primeiro, ela
escolheu entrar no convênio, tanto com Noemi como com o Senhor. Esses
convênios deram-lhe acesso às bênçãos do Senhor e direito ao Redentor. Sem
essa aliança, Rute não era elegível para redenção. Tendo feito o pacto, Boaz foi
obrigado a redimi-la. Segundo, o Senhor embutiu em seu plano para Israel uma
maneira de libertar aqueles que não puderam se entregar. Ele providenciou um
Redentor para salvar aqueles que foram colocados em uma posição de servidão
e destituição. Terceiro, o Senhor colocou em prática um homem justo que fosse
capaz e estivesse disposto a servir como redentor de Rute. Assim, por causa de
seus convênios, do plano de Deus e da justiça de um redentor, Rute recebeu
redenção para si mesma e seus entes queridos. A descendência desta redenção
levou ao maior rei político de Israel, Davi, e ao maior libertador espiritual de
Israel, rei e Redentor, Cristo. Ela que estava disposta a salvar, e por sua vez foi
salva por outra, foi ancestral do Salvador. Não é coincidência que nosso
Redentor tenha nascido de uma linhagem de redenção.

Gentia por nascimento, escolhida e convertida por escolha, seu exemplo de
lealdade, modéstia, graça e altruísmo, virtudes que ultrapassam qualquer
racismo e discriminação de cor ou credo, constroem a personalidade
descendente resultante no sangue do convênio que correu nas veias de Jesus.
Esse sangue dos gentios que perfeitamente pode ser absorvido pelo sangue do
povo do convênio atesta que o Pai não faz acepção de pessoas, e faz bem-vindos
todos os Seus filhos que Dele desejam receber e viver convênios verdadeiros.

ANA, MÃE DE SAMUEL

Referências nas escrituras: 1 Samuel 1; 2:1, 21.



Ana foi a primeira esposa de Elcana, o levita, e era descendente de Efraim,
filho de Jacó. Também infértil, enquanto Penina, a segunda esposa de Elcana, lhe
dava filhos. Todos os anos, Elcana, conforme a tradição do povo de Israel, levava
sua família ao templo em Siló para renovação dos convênios e oferta de
sacrifícios.
Um dia, ao chegar no templo, Ana implorou ao Senhor em oração rogando por
filhos. Seu esposo a amava com todo seu coração, independentemente se ela
podia lhe dar filhos ou não. Naquele momento, ela orava com seus lábios, mas
não dizia as palavras em som audível. Elcana lhe viu e disse quando a viu
chorando, “Ana, por que choras? E por que não comes? E por que está triste o
teu coração? Não sou eu melhor do que dez filhos?”. Ana, inconsolável, em sua
oração fez um voto com o Senhor que, se Ele lhe desse um filho, ela daria a Ele o
menino para o trabalho sagrado do templo. Enquanto orava, passava por ali o
sumo sacerdote Eli, e ao se sensibilizar com suas lágrimas, ele lhe consolou
dizendo, “Vai em paz, e o Deus de Israel te conceda a tua petição que lhe
pediste”.

E, então, o Senhor atendeu a sua prece (1 Samuel 1:8-19). Após algum tempo,
Ana deu à luz um filho, Samuel. Ela o amamentou por alguns anos, conforme a
tradição judaica e, quando desmamado, com a aprovação de Elcana, ela levou o
menino ao templo. Ao encontrar Eli, ela disse, “Ah, meu senhor, viva a tua alma,
meu senhor; eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, para orar ao Senhor.
Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a minha petição, que eu lhe
tinha pedido. Pelo que também ao Senhor eu o entreguei, por todos os dias que
viver, pois ao Senhor foi pedido” (1 Samuel 1:26-
28). Eli, comovido, adorou ali o Senhor por tamanha bênção.

Como primeira esposa, ela era a esposa responsável pelo lar e era amada e
favorita de seu marido antes de Samuel, mesmo sem filhos. Elcana deu todo o
suporte a sua amada quando ela lhe disse que seria muito mais feliz se pudesse
lhe dar descendência. O marido de Ana era um homem devotado à religião e
observava seus convênios nos sacrifícios e ofertas anuais exigidos, mesmo a
poligamia, e obedeceu ao mandamento do Senhor. Ele a amava profundamente,
honrando-a no banquete anual com uma “porção digna” (1 Samuel 1:3-5), um
termo que pode ter significado tanto uma parte maior quanto uma parte mais
escolhida do sacrifício. Ele nunca a culpou pela falta de filhos, e seu amor e fé a
confortaram e reforçaram sua própria fé.

Em todas essas circunstâncias, o caráter de Ana e a força de seu
testemunho foram revelados. A festa associada à oferta de paz de Elcana ao
Senhor todos os anos no templo simbolizava a comunhão divina desfrutada pelo
ofertante e sua família, uma celebração de sua paz com Deus e comunhão uns
com os outros. Ana entendeu que o Senhor era sua verdadeira fonte de ajuda e,
portanto, levou seu apelo diretamente a Ele.

Era o costume das mães hebreias amamentarem seus filhos por cerca de
três anos (16). Ana estaria com o filho apenas até o desmame, quando o teria
levado ao sumo sacerdote. Lá ele receberia seu treinamento espiritual,
permanecendo para sempre a serviço do Senhor. O voto de Ana exigiria que ela
devolvesse ao Senhor a bênção que ela buscava fervorosamente – certamente
um de seus maiores testes de comprometimento. Os anos que levaram ao
cumprimento de seu voto devem ter passado rapidamente. Quão ternos aqueles
poucos anos com Samuel devem ter sido enquanto ela atendia às suas
necessidades e nutria sua doce inocência! Que mãe justa poderia abrir uma mão
ainda tão pequena e colocá-la ao alcance de outra pessoa? Apenas uma mãe cuja
cada fibra queimava com um conhecimento seguro de Quem exigia tal sacrifício.

O Espírito com certeza lhe sussurrou confortando-lhe o coração de mãe
sobre os laços eternos que os uniam no momento da separação, uma vez que
Ana declarou a Eli: “Pelo que também ao Senhor eu o entreguei, por todos os
dias que viver, pois ao Senhor foi pedido” (1 Samuel 1:28). Afinal, ela ainda
veria o filho, todos os anos nas viagens que a família fizesse ao templo.

Ana foi um exemplo de paciência, longanimidade e bondade. Ela
encontrava refúgio quando orava de coração aberto a Deus, e continuou com fé
por todos os anos com devoção e confiança de que o Senhor a ouviria. Como
mãe, sabemos que o ato de amamentar criou uma ligação inquebrável com seu
pequeno bebê, mas Ana sequer cogitou quebrar seu convênio com o Senhor.
Como as mães dos milhares de missionários chamados pelo Senhor nos últimos
dias, ela sabia que seu filho estaria bem, e cumpriu a promessa de entregá-lo ao
Senhor.

Após a entrega de Samuel ao sumo sacerdote, ela alegremente louvou o
Senhor com uma das canções mais belas e sublimes das escrituras (1 Samuel
2:1-10). Ela proclamou: “Meu coração se regozija no Senhor”, e ela o louvou por
conceder-lhe o poder de superar a aflição da esterilidade. Ela ensinou a chave
de Seu poder sobre suas aflições pessoais, exclamando: “porque me regozijo na
Tua salvação”. Sua total submissão à vontade divina foi honrada pelo Senhor e,
numa plenitude de alegria, ela prestou solene testemunho Dele na hora mais
difícil da separação.

Ana, então, manifestou mais um dom do Espírito quando profetizou o
futuro Messias. Ao mencionar uma “rocha”, ela aludiu àquele que protegeria
Israel contra o mal (1 Samuel 2:2; Mateus 21:42-44). Mais tarde, ela testificou
de “Seu Ungido”, uma referência a Jesus Cristo, cujo poder destruiria todos os
“adversários do Senhor” (1 Samuel 2:10).

A devoção de Ana a Samuel continuou mesmo após o seu desmame. Todos
os anos, ela fazia um casaco para ele e o apresentava no momento das ofertas
anuais (1 Samuel 2:19). Samuel não apenas se tornou um grande profeta,
servindo ao Senhor todos os seus dias, mas também os anseios de Ana por mais
filhos foram cumpridos. Por meio de Eli, o Senhor elogiou o compromisso de
Ana com seu voto, depois abençoou-a com a promessa de mais filhos. Ana
acabou por receber mais três filhos e duas filhas (1 Samuel 2:20-21). Por fim,
sua taça realmente transbordou de bênçãos e grande alegria.
ABIGAIL

Referências nas escrituras: 1 Samuel 25:1-42; 2 Samuel 3:3.



Abigail era a combinação de inteligência e beleza, como toda mulher
deseja. Acadêmica na história do povo judeu, recebida de bons pais e dos
profetas de Israel, ela cativou o Rei Davi, que desejou a morte de seu primeiro
marido em represália à desobediência que ele mostrou à lei, mas ela, mesmo
sabendo que Davi até tinha razão, convenceu-o de não fazê-lo.

Abigail era casada com Nabal, rico, rude e brutal. Mesmo com uma esposa
doce e inteligente, ele era egoísta, avarento e explorador, além de viciado em
bebidas, descrente das coisas do Senhor, seguidor do Rei Saul, e compartilhava
o ódio e ciúme daquele por Davi. Abigail tentou muitas vezes conversar com o
marido para que ele abandonasse a vida boêmia e mundana, mas ele não a
ouvia ou lhe dava qualquer atenção, sempre voltando à perversão que lhe era
característica. Abigail, porém, era sábia e conhecia a Deus, duas qualidades
essenciais para que uma pessoa possa viver em retidão.

Davi e seus quatrocentos homens eram perseguidos pela guarda do Rei
Saul aonde fossem, mas Davi, uma noite, entrou na tenda do rei Saul, e viu que
não poderia matá-lo, e apenas cortou parte de suas vestes. Saul, quando
acordou e viu que tinha chegado perto da morte, arrependeu-se e pediu a Davi
que não tirasse sua vida quando Davi se tornou rei (1 Samuel 24:17). Davi e
seus homens haviam protegido os pastores de Nabal a pedido do próprio. Davi
pensou que, por seu serviço, poderia receber algum pagamento, e enviou alguns
homens a Nabal para requisitá-lo. Nabal desprezou-o e Davi, furioso, convocou
seu exército para invadir as terras de Nabal.
Um servo de Nabal, ao ouvir e ver os homens chegando, correu a Abigail e
lhe contou o que se passava. Ela não perdeu tempo e, sem qualquer permissão
de seu marido, “tomou duzentos pães, e dois odres de vinho, e cinco ovelhas
guisadas, e cinco medidas de trigo tostado, e cem cachos de passas, e duzentas
pastas de figos secos, e os pôs sobre jumentos”, e levou tudo a Davi e seus mais
de quatrocentos homens com a ajuda de seus servos.

Quando Abigail avistou Davi, ela desceu de seu jumento e ajoelhou-se em
frente ao rei, e pediu-lhe que poupasse a sua vida e de seu esposo. Ela também
lhe pediu permissão para falar, e disse que se ela tivesse ouvido os pedidos de
Davi, ela com certeza os teria concedido. Ela lhe trouxe à tona que Davi havia
acabado de poupar a vida de Saul, um homem que havia tentado matá-lo tantas
vezes, e pediu que o Senhor julgasse o marido ao invés dele, sem derramamento
de sangue. E então, ela concluiu, dizendo, “e quando o Senhor fizer bem a meu
senhor, lembra-te então da tua serva”.

Davi, maravilhado, replicou, “Bendito o Senhor Deus de Israel, que hoje te
enviou ao meu encontro. E bendito o teu conselho, e bendita és tu, que hoje me
impediste de vir com derramamento de sangue, e de que a minha própria mão
me vingasse” (1 Samuel 25:31-33).

Abigail retornou ao seu senhor, e Nabal ao ouvir o que ela acabara de
fazer, entrou em choque, caiu por terra e, dez dias mais tarde, morreu. Quando
Davi soube que Nabal havia morrido, caiu perante o Senhor louvando-o por ter
enviado alguém que pleiteou para que ele não fizesse mal a Nabal. E Davi então
enviou seus criados a Abigail, para que a trouxessem a ele, e ele a faria uma de
suas esposas, e ela concordou.

Davi amou Abigail, ambos eram bonitos, inteligentes e conheciam bem a
história e os convênios da Casa de Israel feitos com o Senhor pelas muitas
gerações anteriores. Na cultura judaica, a mulher só podia dar conselhos a
qualquer outra pessoa além de seu esposo, somente em caso de emergência, e
Abigail, conhecedora da lei, o fez de maneira magistral ao rei Davi. A cultura da
época também rogava que uma moça não tinha direito à escolha de marido, por
isso uma moça tão inteligente e bonita acabou sendo dada como esposa a um
homem rico como Nabal, mesmo sendo ele rude e nefasto.

Davi era casado com Mical, a filha de Saul. Ela soube que seu pai queria
matá-lo quando ele ainda não era rei porque Deus havia-o escolhido para
herdar Seu reino. Mical fugiu no meio da noite, encontrou Davi e se tornou sua
esposa achando que seu pai desistiria do plano. Davi também se casou, na
mesma época que tomou Abigail como segunda esposa, com Ainoa, que havia
sido esposa de Saul, após o suicídio do primeiro marido (1 Samuel 14:50-53).
Enquanto no deserto, Davi e seu exército descansaram na cidade de Zilka. Um
dia, enquanto estavam fora, os Amalequitas vieram, queimaram a cidade inteira,
e tomaram as esposas de Davi e de seus servos, além de muitos outros criados,
como prisioneiros. Quando retornaram, Davi ficou devastado pela destruição e
sumiço, e seus homens ainda tentaram apedrejá-lo culpando-o do sequestro de
suas famílias. Davi se recolheu e orou ao Senhor, que o comandou então a
buscar o que era seu e salvar suas esposas e criados, além das famílias de seus
servos. Ele obedeceu, levando seiscentos homens com ele. Eles foram capazes
de salvar e retomar todos os pertences que haviam sido roubados, e trazer de
volta Abigail e Ainoa (1 Samuel 30:1-18). Na confusão, Saul tomou sua filha
Mical de volta e deu-lhe a outro homem, chamado Palti (1 Samuel 25:44).

Davi então voltou a Hebron e foi coroado Rei de Judá. Abigail gerou Daniel,
que faleceu ainda criança e era o segundo filho de Davi. O primeiro filho de Davi
foi com Ainoa. Davi posteriormente teve mais esposas após Abigail e Ainoa,
sendo elas Eglá, Maaca, Hagite, Abital.

As primeiras sete esposas de Davi tiveram filhos e muitas tragédias
aconteceram entre eles, de incesto a estupro (2 Samuel 3). Davi então conheceu
a esposa de seu soldado fiel Urias, Bateseba. Ele a cobiçou e planejou a morte de
Urias para tomá-la como esposa, e o fez. Deste casamento nasceram cinco filhos,
sendo o mais novo, Salomão. Sabemos que Davi, o menino com preordenação
sagrada que derrotou o gigante Golias, havia sido tomado pelo orgulho e
vingança, e já no final da vida e após tantas tragédias entre os filhos, ele se
arrependeu de seus pecados, e passou o restante de seus dias escrevendo
Salmos ao Senhor.

Abigail com certeza destoava das mulheres de seu tempo e de sua casa,
além de lutar pela paz e seus atributos cristãos e caridosos, demandando a
justiça divina acima da justiça dos homens. Mesmo que Nabal merecesse ser
punido por ter sido desonesto e cruel, Abigail ensinou a Davi uma boa lição
sobre ter fé que o Senhor resolveria a questão da melhor forma, conselho que
ele acabou esquecendo quando fez o mesmo com Bateseba. A força de Abigail
estava justamente em sua misericórdia e dom de perdoar, inclusive o rei após se
tornar sua esposa. Diferente de Davi, que agiu muitas vezes com vingança e
orgulho, ela entregou sua vida ao Senhor, e Ele nunca a abandonou, mesmo sob
todas as circunstâncias
A VIÚVA DE SAREPTA

Referências nas escrituras: 1 Reis 17:8-24; Lucas 4:25-26.

Quando Israel era uma terra apóstata sob o reinado de Acabe e Jezebel,
que adoravam falsos deuses, o Senhor castigou a região e Elias anunciou que
haveria uma seca que duraria três anos e meio. O Senhor disse a Elias que o
manteria seguro e cuidaria dele, longe de Jezebel, que havia ordenado que todos
os profetas fossem assassinados. Ele tomou seu caminho até um riacho perto da
cidade de Cheribth. Ele se alimentou de aves por muitos dias, mas o riacho
também secou, e o Senhor então lhe enviou a Sarepta. Embora aquele fosse
território de Jezebel, o Senhor lhe disse que uma viúva cuidaria dele, e ela
também precisaria dele.

A viúva, pobre e com pouquíssimos recursos, havia conhecido a fé dos
Hebreus antes dele chegar, mas converteu-se totalmente somente após
encontrar Elias. Sarepta era uma cidade de Zidon, onde o Líbano se encontra
hoje. Jezebel e Acabe nunca procurariam por Elias numa casa humilde e pobre
de uma viúva que mal podia sustentar a ela mesma e ao filho. Os céus, porém,
tinham outros planos ao enviar o profeta àquela casa.

Ela e seu filho estavam passando fome e muitas necessidades. Sem água e
comida suficientes, Elias a encontrou numa hora difícil, onde ela possuía
somente um punhado de farinha e um pouco de óleo. Elias, ao encontrá-la e
adentrar sua casa humilde, pediu-lhe algo para comer, e ela lhe disse, “Vive o
Senhor teu Deus, que nem um bolo tenho, senão somente um punhado de
farinha numa panela, e um pouco de azeite numa botija; e eis que apanhei dois
cavacos, e vou prepará-lo para mim e para o meu filho, para que o comamos,
e morramos”.

Elias então lhe disse, “Não temas; vai, faze conforme a tua palavra; porém
faze dele primeiro para mim um bolo pequeno, e traze-mo para fora; depois
farás para ti e para teu filho. Porque assim diz o Senhor Deus de Israel: A farinha
da panela não se acabará, e o azeite da botija não faltará, até o dia em que o
Senhor dê chuva sobre a terra”. E foi ela, e fez conforme a palavra de Elias; e
assim ela, e ele, e a sua casa comeram muitos dias” (1 Reis 17:12:15).

Ela então fez um pequeno bolo e lhe serviu o que tinha, sabendo que ela e
o filho não teriam nada para comer, devido à seca, e que se deitariam para a
morte, mas confiou na palavra do profeta do Senhor e seus suprimentos se
multiplicaram, alimentando-os por muitos dias.

Após alguns dias, o filho da viúva adoeceu, “e sua doença se agravou
muito, até que nele nenhum fôlego ficou”. A viúva perguntou a Elias se ele ali
estava para matar seu filho. Elias tomou o garoto nos braços, levou ao seu
quarto, e deitando-o, orou ao Senhor para que Ele colocasse a alma do menino
de volta ao seu corpo. E o Senhor ouviu a voz de Elias, e o menino reviveu. O
Senhor cuidou de seu profeta, de uma mulher sozinha e de seu filho. Elias então
tomou o garoto e levou-o de volta à mãe, dando-lhe mais um sinal que fê-la
saber com certeza que ele era o profeta de Deus.

O Senhor sabia quem ela era, conhecia sua situação e seu coração, e estava
lhe preparando para ser um instrumento em Suas mãos. Ela teve fé em fazer o
desconhecido. Ela deu a Elias tudo o que tinha e colocou sua fé no Senhor, e Ele
a sustentou com tudo o que precisava. Ela obedeceu ao sentimento e agiu,
recebeu revelação diretamente do Senhor e foi obediente, e mesmo
estressando-se com a doença e morte do filho, desesperada, no final de sua
esperança, confiou o menino ao portador do Sacerdócio de Deus, e o Senhor o
ressuscitou através de Seu servo.

Ela foi testada pelo Senhor naquilo que lhe era mais caro, seu alimento e
água, e teve o milagre de ter novamente seu filho nos braços. Assim o Senhor
nos conhece e sabe o que precisamos mais, e testa nossa fé e obediência, e nos
abençoa se formos fiéis, com tudo o que precisamos.

Jesus Cristo, após passar quarenta dias no deserto, onde fora tentado pelo
diabo (Lucas 4), usou o exemplo da viúva de Sarepta quando voltou a Galileia e
quando ensinava nas sinagogas, onde começou sua perseguição. Enquanto na
sinagoga de Nazaré, Ele, para exemplificar que nenhum profeta é bem-vindo em
sua própria pátria, Jesus contou algumas histórias do Velho Testamento, entre
elas, Ele disse que muitas viúvas existiam em Israel nos dias de Elias, quando o
céu havia se fechado e houve grande fome, e o Senhor havia enviado o profeta
Elias à casa da viúva de Sarepta, em Sidom.

Jesus Cristo imortalizou a pobre viúva que, mesmo em grande
necessidade, foi tão hospitaleira, para mostrar mais uma vez que o Senhor não
faz acepção de pessoas, e ama a todos Seus filhos e filhas que estão dispostos a
tê-lo como Senhor e Salvador.
ESTER

Referências nas escrituras: Ester 2:15, 17, 3-10.

Após o Rei da Pérsia, Assuero, também conhecido como Xerxes, ter
rebaixado sua esposa Vasti por desobediência, seus servos iniciaram as
providências para encontrar virgens que fariam parte da seleção do rei da nova
futura rainha. Após escolherem as moças que seriam levadas ao palácio e
participariam da seleção, cada uma delas seria purificada por doze meses antes
de poderem passar uma noite com o rei – seis meses com óleo de mirra, seis
meses com especiarias (Ester 2:12). Elas poderiam pedir o que quisessem ao
Rei quando lhe encontrassem. Se escolhidas, elas fariam parte do grupo de
concubinas do Rei, e somente a que mais lhe agradasse, tornaria-se rainha.

O nome judeu de Ester era Hadassah. Seus pais haviam morrido e ela foi
criada pelo primo judeu, Mardoqueu, que escapou de Jerusalém durante a
invasão babilônica liderada por Nabucodonosor, e a tratava como sua própria
filha (Ester 2:7). De uma beleza rara, ela foi levada à casa das moças para
seleção da nova rainha, e tornou-se amiga de Hegai, o eunuco do Rei e
guardador da casa onde as moças ficavam. Hegai deu somente a Ester sete
servos, colocou-a no melhor quarto da casa, usava de seus cosméticos para
torná-la ainda mais linda, e purificou-a rapidamente. (17)

Ester não deixou que ninguém soubesse que ela era judia e Mardoqueu,
preocupado com ela, visitava os arredores da propriedade onde as moças
estavam alojadas para observar se ela estava bem.
Quando a vez de Ester chegou para encontrar o rei Assuero, ela nada
pediu. “E o rei amou Ester mais do que todas as mulheres, e alcançou perante
ele graça e benevolência mais do que todas as virgens; e pôs a coroa real na sua
cabeça, e a fez rainha em lugar de Vasti” (Ester 2:17).

Mardoqueu continuava visitando o palácio e vez ou outra conseguia falar
com algumas servas de Ester que lhe entregavam as mensagens. Certo dia, ele
ouviu os dois eunucos do rei que guardavam a entrada do palácio tramando a
morte do Rei Assuero. Ele contou a Ester, que imediatamente avisou seu Rei, e
os homens foram condenados à forca, punição pela lei da época.

O mais alto conselheiro do rei da Pérsia, Hamã, odiava os judeus e
constantemente envenenava o rei sobre eles. Certo dia, ele exigiu de Mardoqueu
que ele se ajoelhasse perante ele, mas Mardoqueu não o fez. Hamã, então, como
planejava há tempos, colocou um decreto de que todos os judeus e seus
descendentes seriam exterminados, “mulheres e crianças, velhos e jovens”, e
selou com o anel do Rei, que não sabia que Ester era judia, e enviou a todas as
cidades ao redor que faziam parte do reino. Quando uma das cópias do escrito
chegou à província de Mardoqueu, ele, desesperado, enviou uma mensagem
pelas servas de Ester à rainha, pedindo-lhe que intercedesse por seu povo junto
ao rei. Ester disse que não podia, porque a lei dizia que ela teria que ser
chamada junto ao rei, e ela não o era por mais de trinta dias quando Mardoqueu
lhe contou do plano de Hamã. Aqueles que se aproximassem do rei sem ser
chamados seriam mortos ou rebaixados, como havia acontecido com a antiga
esposa de Assuero. Mardoqueu lhe disse então que, se ela não o fizesse, ela seria
morta juntamente com os judeus, pois também era judia, e então a convenceu.

Ester pediu a Mardoqueu que avisasse a todos os judeus que pudessem
jejuar por três dias e ela e suas servas jejuariam também e, após aqueles dias,
ela iria falar com o Rei e, se tivesse de perecer, que assim fosse.

Ao final dos três dias, ela vestiu-se como rainha e colocou-se no pátio
interior da casa do rei. Quando ele a viu, ele lhe estendeu o cetro de ouro, e
Ester o tocou, como era sua lei para que ela pudesse se aproximar. O Rei lhe
perguntou qual era sua petição, e Ester lhe convidou que fosse, juntamente com
Hamã, a um banquete que ela estava lhe preparando. No espaço de tempo entre
o convite e o banquete, Hamã pediu que seus homens construíssem uma forca
em frente ao trono do rei, para que pudesse enforcar alguns dos judeus, entre
eles, Mardoqueu.

Assuero não conseguiu dormir aquela noite. Ele então pediu aos seus
servos que abrissem os registros do reino. Entre os muitos fatos relatados, ele
descobriu que Mardoqueu havia salvado sua vida e não havia sido
recompensado. Ele pediu que Mardoqueu então fosse chamado para receber
seu prêmio. Hamã, porém, tinha outros planos para Mardoqueu.

No dia do banquete, Assuero, Hamã e Ester chegaram ao recinto, quando o
Rei perguntou a sua rainha qual era sua petição, a qual Ester respondeu, “Se, ó
rei, achei graça aos teus olhos, e se bem parecer ao rei, dê-se-me a minha vida
como minha petição, e o meu povo como meu desejo. Porque estamos vendidos,
eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem, e exterminarem; se ainda por
servos e por servas nos vendessem, calar-me-ia, ainda que o opressor não
compensaria a perda do rei.” O rei, confuso, disse à rainha Ester: “Quem é esse?
E onde está esse, cujo coração o instigou a assim fazer? E disse Ester: O homem,
o opressor, e o inimigo, é este iníquo Hamã” (Ester 7:3-6). Hamã, aterrorizado,
implorou por sua vida, mas o Rei Assuero pediu que ele fosse enforcado na
própria forca que ele mesmo havia pedido para ser construída. Ester contou-lhe
ainda quem Mardoqueu era, e o rei retirou o anel que havia dado a Hamã e deu-
o a Mardoqueu, fazendo dele seu ministro mais respeitado.

Ester lançou-se aos pés do rei, e chorou, pedindo que revogasse o intento
de Hamã contra os judeus. E estendeu o rei o cetro de ouro, Ester então se
levantou e completou sua petição. O Rei Assuero chamou seus servos e pediu
que escrevessem uma carta revogando as ordens de Hamã, e que abrangesse
todas as cento e vinte e sete províncias, da Índia à Etiópia, para que os judeus se
defendessem e se juntassem, e as mulas saíram apressadas com os correios
para todas as regiões. E em cada cidade que os judeus recebiam a notícia, houve
luz, alegria, regozijo e honra (Ester 8:16). Quando tudo passou, Mardoqueu e
Ester estabeleceram entre os judeus o feriado de Purim, para lembrar que a
Rainha Ester havia livrado os judeus do extermínio.

Independentemente dos muitos acontecimentos questionáveis da história
de Ester, a moça judia, que se tornou a rainha persa, era parte do plano do
Senhor para livrar o seu povo. Ela fora abençoada e abençoou assim o seu povo,
colocando sua própria vida em risco.

O profeta Neemias também morava no mesmo palácio, e registrou que as
ações de Ester trouxeram respeito e relativa paz aos judeus, até que eles
pudessem retornar a Jerusalém quando Ciro se tornou rei da Pérsia.

Ester nos lembra que, mesmo que nossas vidas não saiam como
planejamos, podemos ser instrumentos do Senhor para Seus propósitos, e Seu
tempo é perfeito. Ester foi corajosa suficientemente, e usou de jejum e oração
para que o Senhor a auxiliasse em sua petição ao Rei, de forma honesta
conforme a lei da época. Assim, cada uma de nós podemos buscar ajuda divina
em tempos de adversidade, confiando que, se fizermos o certo e agirmos com
retidão, o Senhor certamente cumprirá Suas promessas.
A MULHER VIRTUOSA

Referências nas escrituras: Provérbios 1:7; 11:16; 14:1; 15:16; 18:22;


19:14; 30:21-23; 31:13-30; Salmos 34:9; 111:10; 112:1.

"Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubis."

O versículo 10 do capítulo 31 de Provérbios foi registrado da conversa
entre a mãe do Rei Lemuel como conselho ao filho, entre outros muitos deste
capítulo. Se naquela época era difícil para um homem encontrar uma mulher
virtuosa, hoje é mais ainda.

É importante salientar que este é o conselho inspirado de uma mãe, uma
mulher, para seu filho. Homens sábios procurarão por uma mulher assim.
Mulheres sábias, ajustarão suas vidas para serem esta mulher.

O que é uma mulher virtuosa?

A virtude é um princípio de poder, a força de uma filha de Deus, um
exemplo de pensamento e comportamento baseados em altos padrões, que
incluem castidade moral, lealdade, fidelidade e pureza sexual e emocional.

Para um casamento feliz, o ideal seria que tanto homem quanto mulher
vivessem esse princípio ensinado neste provérbio. Deus criou o homem e a
criação não se completou sem a mulher. Ele proporcionou a atração entre eles e
o poder de criar vidas é Seu presente aos seus filhos. Ele ordenou o primeiro
casamento.

Onde encontrar esta mulher?

Neste mundo de confusão sobre a identidade da mulher, podemos
aprender mais o que é necessário para sermos mais valorosas e preciosas. O
que é esta mulher é definido nos versículos seguintes, de 10 a 31.

Uma mulher virtuosa o é em todo tempo, em todas as coisas e em todos os
lugares. Uma mulher virtuosa teme a Deus e é sábia (Provérbios 1:7) e cumpre
Seus mandamentos (Salmos 112:1). Ela rejeitará ideias sobre mulheres que são
contrárias à palavra de Deus. Ela não sucumbirá às dificuldades maritais porque
sua confiança está no Senhor, não nas dificuldades. Isso também vale para sua
aparência onde se veste com modéstia, cuidado dos filhos, respeito aos seus
pais e aos pais de seu esposo, seu temperamento e autocontrole.

Uma mulher que teme ao Senhor O coloca em primeiro lugar em todas as
áreas de sua vida. Ter dignidade depende de saber o próprio valor e não se
deixar levar por um vento qualquer em hora de solidão ou carência.

Quem a achará?

Um homem que vê não somente sua beleza física, mas sua beleza interior,
seu coração repleto de caridade, capaz de amar verdadeiramente. O homem que
confia no Senhor e é diligente (Provérbios 18:22 e 19:14). O servo de Abraaão
procurava uma esposa para Isaque. Ele encontrou uma que lhe deu água e aos
seus 10 camelos sem que ele pedisse! Após a proposta, Rebeca estava pronta,
pois temia ao Senhor, e era graciosa e diligente. (Gênesis 24:1-67)

Qual seu valor?

Seu valor é imensurável, sua influência imprescindível. Ver-se como uma
filha de Deus e não aceitar ser tratada por menos que isso traduz seu valor
como herdeira das bênçãos divinas reservadas para sua vida.

Mundo afora, quando um homem quer se casar com uma mulher, ele lhe
dá um diamante que é mais caro que um rubi. Encontrar um diamante não é
difícil. Salomão ao escrever o conselho da mãe do Rei Lemuel explicou qual o
valor de uma mulher virtuosa: Ela deve temer a Deus (Provérbios 31:30), ser
graciosa (Provérbios 11:16 e 30:21-23), trabalhadora (Provérbios 14:1 e 31:13-
29).

Uma mulher virtuosa vive sua virtude e reconhece seu valor. Somente
assim, ela saberá reconhecer um homem valoroso e virtuoso, se se amar
primeiramente.

Seu valor excede ao de joias preciosas

Uma mulher virtuosa não precisa humilhar um homem para se amar e
saber de seu valor. Ela entende seu papel na família e no casamento, como
esposa, amiga e mãe.

Uma esposa que teme a Deus respeitará os convênios do matrimônio
(Salmos 34:9), é mais importante do que riqueza (Provérbios 15:16), fonte de
felicidade e bênçãos (Salmos 128:1-4), é sábia (Salmos 111:10) e um anjo do
Senhor (Salmos 34:7).

Uma mãe virtuosa ensina seus filhos nesse caminho. Ela lhe ensina a
respeitar todas as criaturas do Senhor.

Uma mulher virtuosa não é perfeita, mas busca melhorar a cada dia
independente se o mundo ou os outros façam sua parte ou não. Ela trabalha sua
autoestima para que seu sorriso traduza seu amor.

Uma mulher virtuosa age com ternura e gentileza. Ela sabe usar sua
feminilidade e é feliz em sua própria pele. Um homem temente ao Senhor a
reconhece e respeita como filha de um Pai eterno.

A grande maioria das mulheres mundo afora está buscando encontrar-se.
Ajude as mulheres que você conhece a descobrirem sua virtude, e um dia serem
achadas, senão por aquele homem valente e gentil, por um Pai que as criou
exatamente assim, mais valorosa que qualquer pedra preciosa.


REFERÊNCIAS DAS MULHERES
CITADAS NO VELHO TESTAMENTO

Gênesis
Eva – Gênesis 1:26-28; 2:17-18, 22-24, 3:6, 13, 16, 20-21, 9:23; Êxodo
28:42; 2 Néfi 2:15-20; 9:9; Alma 42:4-5; D&C 138:38-39; Moisés 2:28, 3:17,
4:4, 10-12, 5:1, 11; Abraão 3:23-25.
A esposa de Noé – Gênesis 6:18, 7:7, 13, 8:15-18; Moisés 8:12.
Sarai/Sarah – Gênesis 12:1, 5, 16, 16:3, 17:15-16, 20:12, 21:6-8; 2 Néfi 8:2;
Abraão 1:30, 2:5-6, 15.
Hagar – Gênesis 16, 18:11, 21:9-21, 25:12; Gálatas 4:22-31; D&C 132: 34,
65.
A esposa de Ló – Gênesis 19:5, 8, 24, 26; Lucas 17:32.
As filhas de Ló – Gênesis 19:37,
Rebeca – Gênesis 24:58, 65, 25:27, 26:35, 27:7-10, 43, 59-67, 35:8.
Raquel – Gênesis 29:16-17, 30, 31.
Lia – Gênesis 29:16-17, 30, 31.
Bila e Zilpa – Gênesis 30, 31.
Débora, a enfermeira de Rebeca – Gênesis 24:59, 35:8.
Diná – Gênesis 34:1-2.
Tâmara – Gênesis 38:10, 24-26; Levitico 18.
Quetura – Gênesis 25:1-2, 6.
Zípora, uma das esposas de Moisés – Êxodo 4:24-26, 18:2-3.
A esposa de Potifar que tentou seduzir José – Gênesis 39.
Asenate – Gênesis 41:45, 50, 46:20.

Êxodo
Puá e Sifrá – Êxodo 1:15-22.
Joquebede – Êxodo 2:7-9; Números 26:59.
A filha do faraó que encontrou e cuidou de Moisés – Êxodo 2:6, 8-9.
Eliseba e as filhas de Aarão – Êxodo 6:23, 29; Levítico 10:14; Números
18:11, 19; 1 Crônicas 2:10.
Miriam, a irmã de Moisés – Êxodo 2:4-8, 15:20–21; Números 12:1–15, 2,
10-12, 20:1, 26:59; Deuteronômio 24:9; Miqueias 6:4.
As mulheres de coração sábio – Êxodo 35:21, 25-26

Números
As filhas de Zelofea: Maalá, Noa, Hogla, Milca e Tirza – Números 26:33,
27:1-11, 36:2-12; Josué 17:3-6; 1 Crônicas 7:15.
A esposa etíope de Moisés – Números 12:1; D&C 132:38.

Josué
Raabe – Josué 2:6, 9, 12-14.

Juízes
Acsa – Juízes 1:12-15.
Débora – Juízes 2, 4, 8.
Jael – Juízes 4:17-22, 5:6, 24-27.
A filha de Jefté – Juízes 11:30-31, 34-35.
A mãe de Sansão – Juizes 13:3-5.
A esposa filistina de Sansão – Juízes 14:3-4.
Dalila – Juízes 15:6, 16:4-15, 17, 18.
A mãe infiel de Mica – Juízes 17:1-7.
A concubina indefesa do levita – Juízes 19:25-27.
As esposas de Benjamin – Juízes 21.

Rute
Rute – Rute; Deuteronômio 22:30; Ezequiel 16:8.
Noemi – Rute 1, 4:13-16.
Orfa – Rute 1:15.

1 Samuel
Ana – 1 Samuel 1:8; 22-24.
Mical – 1 Samuel 19:11-13, 17-18; 2 Samuel 6:23, 21:8-11.
Abigail – 1 Samuel 25:3- 43, 27:2, 30:5-18; 2 Samuel 2:2, 3:3; 1 Chronicles
3:1.
Ahinoã – 1 Samuel 30:5.
A feiticeira de Endor – 1 Samuel 28.
A esposa grávida de Fineias – 1 Samuel 4:19-22.
Penina – 1 Samuel 1:2-7.

2 Samuel
Rispa – 2 Samuel 11:4, 27; 1 Reis 1:28-31.
Bateeba – 2 Samuel 11.
A mulher sábia de Abel – 2 Samuel 20:15-19.
Tâmara, filha de Davi – 2 Samuel 13:10-12, 14, 18.
A mulher sábia de Tecoa – 2 Samuel 14:1-3.

1 Reis
A viúva de Sarepta – 1 Reis 17:9-24; Lucas 4:25-26.
A rainha de Sabá – 1 Reis 10:1-3, 10-13.
Abisague – 1 Reis 1:1-4; Cantares 6:13.
Jezabel – 1 Reis 16:31-33, 18:4, 19-39, 19:2; 2 Reis 9:30-33.
A filha do faraó (esposa de Salomão) – 1 Reis 3:1, 7:8, 9:16, 24, 11:1; 2
Crônicas 8:11.
As rainhas mães dos reis de Judá – 1 Reis 2:17-19, 15:13; Ezequiel 19:2-7;
Mosias 29:13-17.

2 Reis
A mulher sunamita – 2 Reis 4:8-37, 8:1-6.
A serva de Naamã – 2 Reis 5:2-4.
Atalia – 2 Reis 8:18, 26, 11:1-3, 13-16; 2 Crônicas 21:6, 22:2-4, 10-12,
23:12-15, 21, 24:7.
Hulda – 2 Reis 22:12-20; 2 Crônicas 34:22-28.
Jeosabeate – 2 Reis 11:2-3; 2 Crônicas 22:11.
A mulher importante de Suném – 2 Reis 4:8-10, 27-36.
A pequena criada – 2 Reis 5:2-15.

1 Crônicas
As três filhas de Hemã – 1 Crônicas 25:5-7.

2 Crônicas
Atalia, filha de Jezebel – 2 Crônicas 22:3-4, 10.

Esdras
A filha de Barzilai, o gileadita – Esdras 2:61-63; Neemias 7:63.

Neemias
As filhas de Shallum – Neemias 3:12.

Ester
Vasti – Ester 1:3, 9-19.
Ester – Ester 2:15, 17, 3-10.


As filhas de Jó: Jemima, Quezia, Querén-Hapuque – Jó 1:2, 4-5, 13-15, 42:13-
15.
A esposa de Jó – Jó 2:5-10.


Provérbios
A mãe do Rei Lemuel – Provérbios 31:1 (a descrição da mulher ideal).

Cantares de Salomão
A noiva sulamita – Cantares 6:13.

Isaías
As filhas de Sião – Isaías 3:16-26; 2 Néfi 13:16-26.
A profetiza/esposa de Isaías – Isaías 8:3-4; 2 Néfi 18:3.

Jeremias
As mulheres que oravam, ofereciam incensos e outros presentes à “Rainha
celestial” achando que o Pai Celestial não respondia suas orações e
precisavam de mais ajuda – Jeremias 44:3-27; Jonas 1:6.
Oseias
Gômer e Lo-Ruama – Oseias 1:2-9, 2, 3:1-3.
Mulheres do Novo Testamento
O Novo Testamento traz uma coleção de livros inspirados sobre a vida e
ministério de Jesus Cristo, Seus apóstolos e discípulos.

Os Evangelhos, especificamente os livros de Mateus, Marcos, Lucas e João, são
relatos da vida de Jesus Cristo.
O livro de Atos traz a história da Igreja e dos Apóstolos, especialmente as
viagens missionárias de Paulo após a morte de Cristo, e suas instruções aos
líderes e membros da Igreja. As cartas de Paulo aos Coríntios 1 e 2, Gálatas,
Efésios, Filipenses, Colossenses, Tessalonicenses 1 e 2, Timóteo 1 e 2, Tito,
Filemom e Hebreus trazem à luz mais conselhos e diretrizes do apóstolo aos
líderes e membros da Igreja cristã.

As outras cartas reúnem ensinamentos e revelações dos outros apóstolos,
Tiago, Pedro 1 e 2, João 1, 2 e 3 e Judas.
O Apocalipse, escrito pelo apóstolo João, contém a maioria das profecias e
revelações relativas aos últimos dias antes da segunda vinda de Jesus Cristo, e
após.

A seguir, algumas das mulheres citadas no Novo Testamento, enquanto Jesus
caminhou nesta terra.
MARIA, MÃE DE JESUS CRISTO

Referências nas escrituras: Mateus 1:16, 18-25, 2:11, 13-14, 20-21, 12:46-
50, 13:55; Marcos 3:31-35, 6:3; Lucas 1:26-56, 2:5-8, 16, 19, 22, 27, 34-35, 43-
51, 8:19-20, 11:27-28; João 2:1-5, 12, 6:42, 19:25-27; Atos 1:14; Gálatas 4:4.

De acordo com as escrituras, Maria era uma mulher humilde que morava
num pequeno vilarejo chamado Nazaré, descendente da tribo de Judá e
linhagem de Davi, descrita conforme a genealogia real de Mateus e humana de
Lucas. Enquanto noiva de José, filho de Eli (Lucas 3:23), o anjo Gabriel lhe
anunciou que seria mãe de Jesus (Lucas 1:28, 30), como revelado por profetas
antigos (Isaías 7:14-16; 9:6-7; Miqueias 5:2-3). A mulher que daria luz ao
Salvador, cujo colo seria seu conforto e quem cuidaria Dele em Sua infância e
guiaria seus passos de bebê à vida adulta como uma mãe devota, precisava ser
um vaso santificado de acordo com os propósitos divinos.

Maria primeiramente concedeu Cristo em seu coração pela fé, antes de
permitir a concepção em seu ventre. O testemunho de sua prima, Elisabeth,
expressa e sela o caráter de Maria, “Mãe do Senhor”, “Bendita entre as
mulheres”, como uma mulher de fé maior sobre todas as outras em sua época,
de espírito reverente, humilde, gentil, pura de coração, cheia de graça e
sabedoria divina, e obediente à vontade do Senhor, perfeitamente virgem de
corpo e alma.

Conforme o evangelho de Lucas, que era um médico e poderia se
sensibilizar com sua condição, aprendemos impressionantemente que ela
possuía paz de espírito consigo mesma e disposição meditativa, um
autocontrole admirável, devota e graciosamente sagrada, com uma mente
saturada pelo Espírito, pois conhecia as profecias antigas da vinda do Filho de
Deus.

Mesmo escolhida para a maior honra como mulher, ela retinha um
profundo senso pessoal de humildade frente à tamanha bênção. Nunca julgou-
se perfeita, pois sabia da responsabilidade que teria, mesmo conhecendo suas
imperfeições como humana. De qualquer forma, ela nunca demonstrou
incredulidade ou ceticismo. Cristo fora formado pela substância da virgem e da
onisciência de Deus, “Deus manifestado na carne”. Não entendemos agora como
a concepção aconteceu quando Maria permitiu que seu corpo fosse tocado e
Cristo concebido miraculosamente, mas acreditamos que para o Senhor, nada é
impossível.

Jesus era o primogênito também de Maria, que teve outros filhos e filhas
com José (Mateus 12:46, Lucas 8:19, Marcos 3:31, João 7:1-10, Atos 1:14). A
Bíblia nos diz que Jesus teve quatro irmãos: Tiago, José, Simão e Judas (Mateus
13:55). A Bíblia também cita irmãs, embora não sejam contadas ou nomeadas
(Mateus 13:56). A família não era favorecida monetariamente. Quando Maria e
José apresentaram Jesus no templo, tudo o que puderam oferecer era um casal
de pombos, uma oferta comum das famílias pobres. Lucas reportou que,
enquanto exilados no Egito, posses terrenas eram escassas, mas eram ricos dos
presentes divinos de valor infinitamente mais importante que o dinheiro não
compra. Eles ainda puderam dar ao Salvador um lar, mas ela o ensinou que o
“Senhor é conosco”, e que o Pai estaria sempre presente. Como ela obedeceu ao
Senhor, ela o ensinou sobre as palavras dos profetas. Quando Simeão tomou o
bebê Jesus em seus braços, ele disse a Maria que “...uma espada transpassará
também a tua própria alma” (Lucas 2:35). Maria não sabia o que estava pela
frente, mas entendia que como mãe do filho de Deus, ao invés do garoto se
submeter a ela, ela um dia teria que se submeter a Ele, sem egoísmo. E a espada
cruzou seu coração enquanto desolada e em lágrimas, porém firmemente
segurava-se aos pés da cruz, no Calvário.
Nos últimos momentos de Jesus, Ele empaticamente sentiu o coração
despedaçado de sua mãe, agora viúva. Ele não precisava de afeição humana
para cumprir sua missão, mas demonstrou-a por sua mãe transferindo sua
presença, não aos seus irmãos e irmãs, mas a João, amado discípulo, em cujo lar
e coração, Maria encontraria o conforto espiritual que necessitava.

A próxima menção de Maria no Novo Testamento é que ela se encontrava
com os discípulos, orando juntamente com seus filhos, aguardando pelo
presente de Pentecostes, quando Jesus lhes apareceu, ressurreto (Atos 1:12-
14).

A mãe terrena de Jesus Cristo nos traz tantos exemplos. Muitos profetas
citaram o papel vital de Maria na vinda do Salvador e no Plano de Deus. A
obediência à palavra divina, a alegria expressiva e sedenta pelas bênçãos do
Senhor, a humildade em ser Seu instrumento, a prontidão em ser testemunha
do Pai Celestial e corajosa e humildemente, pedir o apoio do marido. Sua força e
reverência em criar a família nos caminhos do Senhor, erguendo uma
posteridade que glorificou a Deus, nos mostra que Jesus Cristo honrava seus
pais terrenos e respeitava sua mãe enquanto fazia o trabalho de Seu Pai.

Maria estava pronta e ouviu a voz do Senhor e o conselho de Seus servos.
Cada um deles, incluindo os três reis magos, vinham de uma parte diferente do
mundo e a conheciam, pelas muitas profecias antigas, como mulher eleita e
escolhida pelo Senhor para gerar o Salvador de toda a humanidade.
ANA, A PROFETIZA

Referências nas escrituras: Lucas 2:21–38.

As escrituras nos contam que Ana era viúva por mais de oitenta anos,
tendo sido casada por apenas sete anos até a perda de seu esposo. Todos os
seus dias ela havia servido no templo dia e noite, e havia profetizado sobre a
vinda do Salvador, até que o encontrou quando Maria e José, pouco após o
nascimento de Cristo, apresentaram o menino Jesus no templo a ela e a Simeão,
o profeta.

Ana dedicava suas orações por décadas em seu serviço abnegado no
templo do Senhor, rogando pela vinda do Messias. Quarenta dias após o
nascimento de Jesus, no final de seu tempo de purificação – segundo a lei
mosaica – Maria e José levaram o menino Jesus ao templo. O Senhor havia
prometido a Simeão que ele veria o Cristo vivo, e que Jesus era o Messias
prometido. Enquanto Simeão segurava o bebê em seus braços e profetizava a
Maria e José sobre sua missão divina, Ana veio “num instante” e reconheceu o
Salvador. Imediatamente, ela soube que todas as profecias do Velho Testamento
de Sua vinda haviam se concretizado.

Ana havia servido como uma das missionárias do Senhor pregando a vinda
do Filho de Deus que redimiria toda a humanidade, e teve a honra de carregar o
Salvador nos braços.

(Continue lendo sobre Ana no próximo capítulo.)
ELIZABETH

Referências nas escrituras: Lucas 1:5-80; 1:25, 37, 41-45.

Elizabeth, ou Isabel como traduzido para o português e espanhol, era
prima de Maria de Nazaré, esposa de Zacarias e já apresentava certa idade, mas
era conhecedora dos mistérios do Reino dos Céus quando tornou-se a mãe de
João Batista, nascido seis meses antes de seu primo, Jesus.

Seu pai havia recebido uma profecia de que seu filho prepararia o caminho
para o Salvador (Lucas 1:76). Isabel era estéril, e Lucas nos conta que viviam em
completa retidão, e já idosos, quando Zacarias, enquanto sob suas
responsabilidades levíticas no templo, recebeu a visita do anjo Gabriel dizendo
que sua esposa Isabel teria um filho e que seu nome seria João. Zacarias
duvidou e o anjo o fez cair mudo por terra.

Com medo de represálias e talvez falatórios, Isabel escondeu a gravidez
até o quinto mês, e no sexto mês de sua gravidez, Maria recebeu a visita de
Gabriel dizendo que ela seria mãe do filho de Deus. Quando Maria perguntou ao
anjo como isso se daria já que era virgem, ele contou-lhe da gravidez da prima, e
disse que, para Deus, nada é impossível (Lucas 1:37).

Quando Maria visitou Isabel, ambas receberam testemunho de que o
mesmo anjo que as havia visitado estava certo. O bebê de Isabel se mexeu
quando ouviu a voz de Maria e ambas também souberam através do Espírito
Santo que o filho de Maria seria o Messias tão esperado.

Embora as histórias de Ana e Isabel não estejam exatamente intercaladas
como as de Lia e Raquel ou Rute e Noemi, ambas tiveram algo em comum:
foram testemunhas oculares do Salvador, mas, mais do que isso, elas receberam
a confirmação do Espírito Santo da divindade do chamado de Jesus, o Cristo,
antes de Seu nascimento.

Exatamente como os apóstolos de Jesus, o conhecimento da missão divina
de Jesus Cristo pode vir a cada um de nós através da confirmação do Espírito
Santo, tenhamos nós sido testemunhas oculares do milagre e do Salvador ou
não. Ana e Simeão já sabiam, através dos ensinamentos repassados de Adão aos
descendentes, e do patriarca Adão às tribos de sua descendência, que Ele seria
enviado à terra por Seu Pai antes de vê-lo nos braços de Maria. Isabel e Zacarias
também o sabiam e receberam confirmação do Espírito antes de Seu
nascimento.

Um dos dons do Espírito a cada um de nós é saber pela fé que Jesus Cristo
é o Filho de Deus (D&C 46:13), que foi crucificado pelos pecados do mundo,
ressuscitou no terceiro dia e subiu aos céus, e um dia voltará para confirmar o
que já sabemos, que ele é o Redentor da humanidade. Todos nós podemos e
devemos ser valentes em nosso testemunho se buscarmos e perguntarmos ao
Senhor (Tiago 1:5-6).
MARIA MADALENA

Referências nas escrituras: Mateus 27:55–61; 28:1–10; Marcos 15:40–47;


16:1–11; Lucas 8:1–3; 24:1–12; João 19:25; 20:1–18.

Maria, nascida em Magdala, cidade localizada na costa ocidental do Mar da
Galileia, era conhecida como Maria Madalena, assim como Jesus Nazareno, de
Nazaré. As escrituras não detalham sua família, situação marital ou idade, mas
que ela era livre para seguir a Jesus Cristo em suas pregações. Lucas que a
conhecia, escreveu sobre ela (Lucas7:37).

Embora a primeira descrição de Lucas descreva quando Jesus expulsou os
sete espíritos de Maria Madalena, a Igreja católica e algumas de suas artes
através dos séculos, confundiu-a com a mulher pecadora a ser apedrejada, cujo
nome não é mencionado, e é outra pessoa. Por isso, a ideia é de que Maria de
Magdala era uma prostituta, mas não há evidência da reputação de Maria,
mesmo através do Talmud que descreve a reputação dúbia da cidade de
Magdala (18), e não da mulher.

A Bíblia, porém, descreve Maria como pura e aflita antes de seu encontro
com Jesus. Sugerir que ela era impura devido a estar possuída com sete
demônios é tão inconsequente quanto dizer que toda pessoa que tem depressão
é pecadora. Não há, em qualquer dos Evangelhos, ou mesmo estudos
autorizados ou evangelhos apócrifos, qualquer linha que diga que Maria
Madalena era pecadora.

Maria de Magdala é mencionada quatorze vezes nos Evangelhos, oito das
vezes em conjunto com outras mulheres, mas sempre a primeira a ser citada,
em situações de liderança das
mulheres seguidoras de Cristo. Nas cinco vezes que é mencionada sozinha,
ela era a Maria na tumba da manhã da primeira ressurreição, a quem Jesus
Cristo apareceu primeiramente (Marcos 16:9; João 20:1, 11, 16, 18). Seu nome
também aparece logo após Maria, mãe de Cristo, e Maria, tia de Cristo. Ela
também estava aos pés da cruz com estas duas mulheres.

Além de sua mãe, Maria de Magdala é conhecida nas escrituras e nos
escritos teológicos como a mulher que mais adorou ao Senhor e devotou-se ao
Mestre.

Quando lemos nas escrituras que ela possuía sete demônios, ela possuía
um – que é mais que suficiente – das muitas legiões de anjos caídos que
possuem homens e mulheres. Pelo total de sete subentende-se “completamente
possuída”. Aflita e nervosa com sua insanidade, enquanto possuída não era
afetada em sua moral, apenas suas faculdades mentais, podendo-a levar até
mesmo próxima ao suicídio. Lucas conecta Maria de Magdala a Joana e Susanna
e “muitas outras” que foram curadas de possessões por demônios.

O tormento de Maria de Magdala acabou quando os olhos compassivos de
Cristo fitaram os seus. Ele viu nela o anjo ministrador que seria uma bênção ao
seu coração e a muitos outros discípulos. Ela estava pronta para se tornar o
discípulo mais constante e devotado de Jesus, a quem ela era eternamente
agradecida.

Quando Ele a salvou, ela cresceu em sacrifício, força de caráter e coragem
como nenhum outro discípulo. Ela encabeçou as pregações, juntamente com
outras mulheres que também eram parte do discipulado de Cristo. A grande
maioria das doações necessárias às missões e pregações de Cristo foi
conseguida pelo grupo de mulheres liderado por Maria de Magdala.

Maria acompanhou seu Senhor e estava sempre com Ele até mesmo em
sua última jornada da Galileia a Jerusalém. Naquele período, Jesus tinha
milhares de seguidores, era muito popular e bem-vindo e as pessoas lhe
amavam. Na mesma época, Cristo alimentou 5.000 pessoas com o milagre da
multiplicação dos pães e peixes. Mas, quando Ele começou a ensinar a doutrina
do evangelho, convênios batismais, mesmo sabendo que Ele era o filho de Deus,
muitos desacreditaram que o que Ele dizia era verdade, e começaram a deixá-Lo
(João 6:60-70).

Maria, porém, ficou ao Seu lado. Quando ele foi preso, muitos de seus
discípulos o desertaram, mas Maria continuou ao seu lado. Ela acompanhou
quando Ele carregou sua cruz. Ela estava lá quando Poncio Pilatos anunciou a
sentença de morte de Seu Mestre. E chorou.

Juntamente com a mãe e a tia de Jesus, ela estava ao pé da cruz, para
confortá-las e também a Ele. Ela ouviu Seu coração temente quando Ele pediu
ao Pai que “afastasse seu cálice”. Ela ajudou José de Arimateia e Nicodemos a
retirar o corpo da cruz e o prepararem para o túmulo. Ela permaneceu sentada
no sepulcro até que o corpo estivesse descansado na tumba (Mateus 27:61;
Marcos 15:47; Lucas 23:55).

Ela foi a primeira na manhã do terceiro dia após a crucificação a
testemunhar o evento mais importante da história do mundo e do Cristianismo.
Deus lhe concedeu a honra de ser a primeira a ver Cristo ressurreto. Após ver o
túmulo aberto e vazio, ela chorou, e então correu até Pedro e João e
desesperada lhes contou que o corpo de Jesus havia sido retirado da tumba.
Então, ela voltou ao túmulo e, desconsolada, chorou. Quando os dois anjos
apareceram e lhe perguntaram, “Mulher, por que choras?”, ela respondeu,
“Porque levaram o meu Senhor...”.

E quando voltou-se para trás, e viu alguém que não reconheceu,
glorificado como era, e Ele lhe repetiu a mesma pergunta, ela, em prantos, disse
que se soubesse quem o havia retirado de lá que lhe trouxesse o corpo de seu
Mestre. E Ele a chamou pelo nome, “Maria!”. O som familiar de sua voz entrou
em seu coração, e ela, em prantos, replicou, “Raboni!”(Mestre).

Juntamente com os outros discípulos, ela precisou aprender a elevar seu
amor pelo Mestre de outrora agora em comunhão espiritual com o Salvador
naquele momento (João 20:25-29).

Ela estava presente desde então com outras mulheres em cada assembleia
dos apóstolos (Atos 1:14). Ela manifestou sua gratidão e amor ao Salvador
todos os dias de sua vida, servindo-O até o limite de sua capacidade,
testemunhando diariamente sobre a força de Sua Ressurreição.


MARIA E MARTA

Referências nas escrituras: Lucas 10:37-42; João 11:1-5, 26; 1-14, 12:3-8,
17-21, 28-34, 39-45, 12:3-9; 17:21; João 11:26.

O capítulo 10 de Lucas no Novo Testamento nos conta que, certo dia,
entremeio aos chamados que Jesus Cristo estendia aos setenta com instruções
missionárias e outros ensinamentos importantes, Ele resolveu parar em
Betânia, na casa de Marta, para uma visita.

Assim como Cafarnaum era o lar de Jesus na Galileia (Marcos 2), Betânia
poderia ser chamada de seu lar na Judeia. Betânia era um lugar querido para
Jesus Cristo por muitas razões. Embora fosse uma aldeia da antiga Judeia e
parte do império de Herodes, cerca de três quilômetros de Jerusalém, no
terceiro século, Orígenes substituiu o nome Betânia por Betabara, e a
versão Trinitariana segue esta tradução; no entanto, os manuscritos mais
fidedignos apontam a Betânia. O lugar desta Betânia além ou ao L do Jordão é
desconhecido, mas alguns, favorecendo o lugar tradicional do batismo de Jesus,
o situariam além do Jordão, defronte de Jericó. Atualmente, o local é assinalado
pela pequena aldeia de el-ʽAzariyeh (El ʽEizariya) (19), nome árabe que significa
“o Lugar de Lázaro”, situada a 2,5 km ao leste do monte do Templo. Betânia era
também o lugar onde João Batista prestou testemunho de Cristo aos sacerdotes
levitas (João 1).

Durante os últimos quatro dias da sua vida terrestre, Jesus passava o dia
em atividade em Jerusalém, mas à noite ele e seus discípulos deixavam a cidade
grande para se alojar na modesta aldeia de Betânia, na encosta L do monte das
Oliveiras, sem dúvida, no lar de Marta, Maria e Lázaro. (Marcos 11:11, Mateus
21:17, Lucas 21:37). Ainda, quarenta dias depois da ressurreição de Jesus,
quando chegou o tempo de Ele se despedir dos seus discípulos, Ele os levou, não
ao templo, que então já havia sido abandonado por Deus, mas, antes, “para fora,
até Betânia”, no monte das Oliveiras, e o local foi escolhido para Sua ascensão
aos céus (Lucas 24).

Os Evangelhos nos ensinam que Jesus se sentia confortável na casa de
Marta, Maria e Lázaro, os três irmãos. Eles não eram apenas conhecidos, mas
bons amigos. Antes daquele dia, Jesus também havia ressuscitado Lázaro,
acontecimento onde Ele já havia demonstrado grande amor e respeito pelas
duas irmãs (João 11:3, João 11:20-39). Eles conversavam com Jesus como se Ele
fosse parte de sua família, e na ocasião da morte do irmão, chorou com elas
(João 11:33).

Jesus Cristo conhecia bem os três irmãos e as diferentes personalidades de
cada um, e sentia-se à vontade para conversar abertamente sobre o Evangelho e
outros assuntos.

Marta era mais velha, e tinha mais experiência de vida e perspectivas
diferentes de Maria e Lázaro. Ela era mais prática, eficiente, sincera, leal e
responsável em relação aos afazeres da casa. Ela estava disposta em servir ao
Senhor com excelência e isso era o resultado do testemunho que ela tinha de
Cristo. Ao convidar Jesus para seu lar (Lucas 10:38), ela foi preparar um jantar
para recepcioná-lo, e Maria sentou aos Seus pés para ouvi-Lo. Enquanto Marta
era a anfitriã, Maria foi sociável.

Maria era mais tímida e sensível, tinha Jesus não somente como Salvador,
mas Senhor. Mais do que qualquer outra mulher no Novo Testamento, sentou-
se aos pés de Jesus, demonstrando sua humildade, reverência e desejo de obter
o conhecimento espiritual que Jesus a banqueteava.

Na época era comum que os rabinos sentassem nas altas cadeiras
enquanto os discípulos e acadêmicos se esparramassem pelo chão aos pés de
seu mestre para aprender.

Ambas as irmãs, Marta e Maria, deram suas preciosas contribuições ao
Salvador, mas a “boa parte” escolhida por Maria era a apreciação de sua
comunhão espiritual com o Senhor.

Ambas amavam seu irmão Lázaro, mas temos a menção somente das
lágrimas de Maria. Quando as duas ouviram que o Senhor estava a caminho,
Marta levantou-se rapidamente para recepcioná-lo, enquanto Maria chorava
copiosamente dentro da casa. Quando Marta veio buscá-la e disse-lhe que Jesus
queria vê-la, Maria veio ao encontro de Jesus e jogou-se aos seus pés em
prantos. Ele, extremamente movido por suas lágrimas, também chorou (João
11:38-37). E após, ressuscitou Lázaro.

Em Betânia também morava Simão, o único dos dez previamente leprosos
(Lucas 17:15-17) que voltou a Ele para agradecer o milagre de tê-lo curado, em
cujo lar Jesus era sempre muito bem-vindo. Uma grande ceia foi preparada para
celebrar a ressurreição de Lázaro, o que aconteceu seis dias antes da última
Páscoa de Jesus (João 12). Após o dia sagrado, Ele e seus apóstolos usufruíram
uma refeição noturna no lar de Simão, do qual também estavam presentes
Marta, Maria e Lázaro ressurreto. Naquela mesma ocasião, enquanto Marta
servia o jantar e Lázaro conversava com Jesus, “Maria, tomando um arrátel de
unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe
os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento”, que
provocou a objeção hipócrita de Judas e a censura que Jesus lhe deu.

Sobre esta passagem, há outra confusão também entre esta Maria e a
mulher adúltera cujo nome não foi mencionado nas escrituras, pois a mulher
adúltera também ungiu os pés de Jesus em outra ocasião.

Maria ouviu constantemente as palavras de Jesus sobre sua futura
ressurreição, e tinha colecionado os melhores e mais caros unguentos
entesourados para a ocasião, mas decidiu usá-los ao limite para dedicar seu
Mestre como Cordeiro de Deus ao sacrifício que Ele estava prestes a cumprir. E
Ele apreciou sua oferta, dizendo, “Em verdade vos digo que, em todas as partes
do mundo onde este evangelho for pregado, também o que ela fez será contado
para sua memória” (Marcos 14:9).


AS OUTRAS MARIAS

Referências nas escrituras: Maria de Cleófas – Mateus 27; Marcos 15;
Lucas 6, 24; Judas 1; Atos 1, 13. Maria, Mãe de Marcos – Atos 4, 12;
Colossenses 4.

Maria de Cleófas era assim chamada porque ela era esposa de Cleófas-
Alfeu, tia de Jesus, esta Maria era mãe de Tiago, José, Simão Cananeu e Judas
Tadeu, primos de Jesus (Judas 1; Atos 1, 13, Lucas 6). Um deles, Tiago, foi
escolhido por Jesus como seu apóstolo e, mais tarde com a morte de alguns
apóstolos, Judas Tadeu também foi chamado como um. Aquele primeiro irmão
foi conhecido como o Tiago Menor, para diferenciá-lo de outro apóstolo com
mesmo nome (Mateus 27:55-61, Marcos 15:40,47; 16:1; Lucas 24:10; 23:49-
56). Todos eles nascidos em Caná, terra de Maria de Cleófas, diferente de
Nazaré, terra de Maria, mãe de Jesus.

Lucas 8 descreve que algumas mulheres que seguiam a Jesus tinham
posses suficientes e ministraram a Ele e a Seus discípulos com prendas
materiais ajudando-os na obra missionária. Interessante notar que esposas e
mães com seus filhos juntaram-se à companhia de Jesus e seus discípulos e
alguns deles tornaram-se apóstolos.

Ela também era a “outra Maria”, que estava “aos pés da cruz” com Maria de
Nazaré, sua irmã, e Maria Madalena, mencionada por Mateus. No capítulo 28 de
Mateus ainda, descreve-se que juntamente com Maria Madalena na manhã do
terceiro dia, estava também a “outra Maria” (de Cleófas) que também foi ver o
sepulcro, e após a visita do anjo, correram do túmulo vazio para anunciar sobre
o desaparecimento do corpo aos apóstolos. Mateus tem uma versão diferente
dizendo que, quando Jesus lhes apareceu, “elas, chegando, abraçaram os seus
pés, e o adoraram” (Mateus 28:9).


Ela também teve a bem-aventurança de ver o Cristo ressuscitado, era uma
mulher de fé, mesmo após a morte de Jesus. Seu marido, Cleófas, começou a
demonstrar certa incredulidade após a morte de Cristo (Lucas 24:21-25), mas
ele foi convencido mais tarde, quando Cristo apareceu a ele no caminho de
Emaús (Lucas 24::13-32).

Maria de Cleófas era mãe de um filho que se tornou apóstolo e sacrificou
muito em prol da missão de Cristo. Embora quieta, serviu e dedicou tudo o que
tinha a serviço do Mestre.

Então temos Maria, mãe de Marcos. Entre as Marias mencionadas no Novo
Testamento, temos brevemente a mãe de João Marcos, que escreveu o segundo
Evangelho (Atos 12:1-19). Ela era a tia ou irmã de Barnabé, que foi
companheiro missionário de Paulo (Colossenses 4:10).

Esta Maria, viúva, era também uma líder responsável por muitas das
reuniões dos discípulos, onde estes se reuniam em seu lar espaçoso, em
Jerusalém, e sua casa era usada para grandes reuniões cristãs (Atos 4:36; 13:4).
Foi em sua casa também, no andar superior, onde o Senhor Jesus Cristo
observou a última ceia com seus discípulos, e aquele era o local mais conhecido
da igreja em Jerusalém.

Foi em sua casa onde Pedro se refugiou em uma de suas milagrosas
libertações da prisão (Atos 12:12), onde um grupo de discípulos estava orando
por sua liberdade – juntamente com suas mulheres. Pedro chamava Marcos
carinhosamente de filho espiritual (1 Pedro 5:13), pois o ensinou a seguir o
Salvador. Assim como Barnabé deu suas terras em serviço a Cristo, Maria
também cedeu sua casa em Jerusalém para o uso da igreja. Ela abria sua casa
constantemente a muitos discípulos cristãos que haviam se tornado mendigos e
perdido todos os seus pertences por seguirem a Cristo, e seu lar também foi o
local onde soldados de Herodes vieram e prenderam seguidores de Cristo na
época.

Por todos estes motivos, Marcos era profundamente apegado à sua mãe e
por isso retornou a Jerusalém após seu tempo em Perga (Atos 13:13). Maria era
decidida e tinha altos ideais cristãos e fé firme.

Maria de Cleófas e Maria, mãe de Marcos, beberam da mesma fonte de
vida.
A MULHER NO POÇO

Referências nas escrituras: João 4:1-42.

Em uma de suas viagens à Galileia, Jesus parou para se refrescar no poço
de Jacó, passando por uma das cidades na Samaria.

Ali, em Samaria, aconteceu uma das mais longas conversas que Jesus teve
com um discípulo, neste caso, uma mulher (João 4: 7-28). Jesus descansava
sozinho perto do poço de Jacó, enquanto Seus discípulos haviam ido à cidade
para comprar pão para a refeição do meio-dia (João 4: 8). Enquanto descansava,
“uma mulher samaritana veio buscar água, [e] Jesus disse a ela: 'Você me dará
uma bebida?'” (João 4: 7). Este foi um pedido incomum porque um judeu
religioso nunca comeria algo tocado por alguém ritualmente "impuro" como um
samaritano era considerado.

A mulher, espantada pela quebra das regras sociais de Jesus, perguntou-
lhe: “Como és tu, sendo judeu, que bebes de mim, que sou mulher de Samaria?”
(João 4: 9). O comportamento de Jesus não seguia as velhas normas sociais
judaicas. Ele conversou com uma mulher, a uma samaritana e ainda lhe pediu
água para beber de um pote impuro. Sabemos, porém, que Suas ações
reforçaram Sua mensagem de que Deus não faz acepção de pessoas (2 Crônicas
19: 7; Atos 10:34).

Jesus podia controlar sua sede, mas tinha intenções mais elevadas quando
conversou com a mulher no poço. Ele lhe disse, “Se tu conhecesses o dom de
Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber; tu lhe pedirias, e ele te daria água
viva” (João 4:10). No entanto, a mulher samaritana não entendeu aquele
simbolismo mais
elevado. Ironicamente, ela respondeu: "És tu maior do que o nosso pai Jacó,
que nos deu o poço, e ele mesmo dele bebeu, e os seus filhos, e o seu gado?"
(João 4:12). Ao que Jesus respondeu: “Qualquer que beber desta água tornará a
ter sede; Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque
a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida
eterna” (João 4: 13-14). Apenas ciente de sua necessidade literal de sustentar a
água, a mulher pensou em um plano físico: "Senhor, dá-me dessa água, para que
não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la" (João 4:15).

Os desafios de obter água de um poço, além das adversidades que ela já
tivera em sua vida, fez daquela oferta repleta de esperança, convidativa, mas
essa não era a mensagem do Senhor. Ele pacientemente a ensinou a olhar além
de sua esfera de entendimento e explicou que Ele não estava se referindo a
sustentá-la fisicamente, mas eternamente (João 4:14). Jesus queria emancipá-la
de sua escravidão espiritual, praticamente pedindo o fardo que ela carregava
após a desilusão recebida de cinco maridos, perdoá-los e seguir em frente.
Então, ele divulgou seu conhecimento sobre seus cinco divórcios e o fato de que
ela atualmente vivia em pecado. Ela, por sua vez, reconheceu humildemente:
“Senhor, vejo que és profeta” (João 4:19).

Sua resposta após uma revelação que, à primeira vista, parecia humilhante
e embaraçosa de um completo estranho tocou fundo em seu coração. Em vez de
agir na defensiva, fugir ou recuar com autopiedade, a mulher reconheceu Jesus
como profeta. Ela então lhe questionou sobre o que, na época, era dúvida
doutrinária comum entre os judeus e os samaritanos: “Onde está o lugar correto
para adorar?” O monte Gerizim em Samaria (como os samaritanos acreditavam)
ou o monte Moriá em Jerusalém (como os judeus acreditavam)? Ou seja, a
mulher pediu novamente evidências terrenas, enquanto a resposta de Jesus a
levava aos princípios divinos. Ele explicou que o local não era a questão chave
da adoração; era Quem, porque e como se adorava. A verdadeira adoração vem
da condição do coração da pessoa, quando disse: “Porém a hora vem, e agora é,
em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade;
porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (João 4:23). Essa conversa
dramática colocou abaixo as barreiras do fanatismo étnico existente na
doutrina farisaica.

Essa se tornou a mais antiga referência bíblica em que o Evangelho de João
anunciou o messianismo de Jesus. Disse a mulher: “Eu sei que o Messias (que se
chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas”. E então
Ele lhe anunciou: “Eu o sou, eu que falo contigo” (João 4:25-26). Esta declaração
corajosa contrasta com as muitas vezes nos Evangelhos quando o Senhor
limitou o que Ele divulgaria devido ao ceticismo de Sua audiência (Marcos 13:4;
Lucas 20:2-8; 22:67; João 3:10-12 3; Néfi 17: 2.). A diferença é que Ele conhecia
o coração daquela mulher, mesmo que ela estivesse vivendo em pecado, e
honrou-a com grande discernimento.

A descrição de João sobre o que aconteceu em seguida oferece um
profundo simbolismo: ela deixou seu pote de água. Seu pote pode significar suas
preocupações do mundo, sua antiga vida e sua antiga fonte de sustento. Ela
deixou tudo para trás por sua nova vida que a levou a compartilhar a água viva
ou a boa notícia – o Evangelho.

Vemos que Jesus Cristo convidou outras pessoas a lhe seguirem, e algumas
não o fizeram. O exemplo da mulher do poço, de reconhecer a voz do Mestre,
mudar de vida, e pregar as boas novas, testemunhando do que viu, ouviu e da
esperança que o Evangelho pode nos trazer, é para ser seguido e compartilhado.



A MULHER COM O
FLUXO DE SANGUE

Referências nas escrituras: Marcos 5:22-43.

A mulher com o fluxo de sangue aparece pela primeira vez quando Jesus
estava a caminho de Cafarnaum. Imediatamente após a sua chegada, "muitas
pessoas se reuniram a ele", enquanto ele ainda estava "perto do mar" (Marcos
5:21, 22). Andando pelas ruas estreitas de Cafarnaum, a multidão deixava pouco
espaço para que qualquer pessoa se aproximasse (Lucas 8:45). Uma dessas
pessoas era aquela mulher que sofria de uma terrível doença há doze anos.

A lei, conforme descrita em Levítico 15:19, havia instruído a congregação
de Israel que, uma mulher menstruada era considerada impura e
consequentemente separada do acampamento de Israel por sete dias, até que
terminasse. Se a questão do sangue continuasse além do tempo normal, “todos
os dias do fluxo da sua imundície será imunda, como nos dias da sua
menstruação” (Levítico 15:25). Durante o período da mulher, qualquer um que
a tocasse seria considerado impuro por um dia (Levítico 19:19), e tocar o lugar
onde ela dormiu ou sentou resultaria na mesma restrição (Levítico 15: 25-30).

Essas descrições nos dizem algo sobre a vida dessa mulher. Como uma fiel
israelita e seguidora da Lei de Moisés, ela estava isolada física, espiritual e
psicologicamente, sem o conforto de um único toque, por cento e quarenta e
quatro meses: mais de quatro mil, trezentos e oitenta dias.

As escrituras nos informam que ela “havia padecido muito com muitos
médicos, e despendido tudo quanto tinha, nada lhe aproveitando, antes indo a
pior” (Marcos 5:26). Ela não poderia pedir a Cristo que sequer a tocasse.

Muitas vezes, em meio a nossas próprias provações, tentamos de tudo,
sofremos e nos estressamos até quase perdermos a esperança e não termos
outra saída a não ser entregar nossa vida nas mãos do Senhor. Ela ouvira falar
de Jesus, o médico supremo da alma e do corpo. Ela acreditava no que todos nós
devemos acreditar: o que quer que Jesus tocasse, viveria.

Como ela poderia aproximar-se Dele? Os dez leprosos “levantaram a voz”
(Lucas 17:13). Outro leproso veio "suplicando-lhe” (Marcos 1:41). Até mesmo
os doentes de Genezaré “rogavam-lhe para que ao menos tocasse a orla de suas
vestes” (Mateus 14:34-36).

Mas ela não falou uma palavra. Doze anos marginalizada fez com que se
sentisse impura, indigna e invisível. Ela não podia pedir o toque de Suas mãos.
Isso O tornaria impuro. Assim, ela pensou que pelo menos se conseguisse tocar
suas vestes, tornaria-se íntegra novamente (Marcos 5:28). E então, ela “veio por
detrás, entre a multidão, e tocou a sua veste” (Marcos 5:27). E foi curada
instantaneamente.

Jesus sentiu o toque e soube que era mais do que um toque. O Salvador
sentiu a virtude (ou poder) sair dEle. Ele perguntou: “Quem tocou as minhas
vestes?” (Marcos 5:30). Seus discípulos ficaram surpresos com a sua pergunta.
“Mestre”, disseram eles, “a multidão te aperta, e dizeis: Quem me tocou?”
(Marcos 5:31). Talvez muitas outras pessoas estavam tentando tocá-Lo, mas ela
conseguiu alcançar somente a barra de seu manto.

“Então a mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido, temendo e
tremendo, aproximou-se, e prostrou-se diante dele, e disse-lhe toda a verdade.
E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai em paz, e sê curada deste teu mal”
(Marcos 5:33-34).

O Senhor está ciente de nossos pensamentos, nossas palavras, nossos atos
e nossas necessidades. Nosso alcance justo sempre O tocará e Ele saberá. Se os
cabelos das nossas cabeças estão contados (Mateus 10:30; Alma 40:23; D&C
84:80), e até os pássaros não caem sem serem notados (Mateus 10:29),
podemos ter certeza de que Ele sabe tudo sobre nós. Jacó disse: “Oh! Quão
grande é a santidade de nosso Deus! Pois ele conhece todas as coisas e não há
nada que não conheça” (2 Néfi 9:20).

Mesmo assim, a mulher se aproximou Dele e lhe contou a verdade,
temendo a consequência da lei. Jesus, porém, vivia o Espírito da lei, não a letra
da lei. A promessa da cura, onde “O Filho da Retidão se levantará com poder de
cura em suas asas” (3 Néfi 25:2, Malaquias 4:2), traz-nos alento e a certeza da
cura divina.

A fé da mulher com o fluxo de sangue e sua abnegação e paciência,
aguardando pelo momento, e mantendo sua fé intacta, mesmo enquanto
marginalizada pela sociedade e considerada impura, ensina a todas nós
mulheres que nada neste mundo pode nos separar do amor de Deus. Nada neste
mundo pode compensar o relacionamento que temos com nosso Pai. Mesmo
que todos nos rejeitem e não reconheçam o nosso valor, nós ainda somos filhas
amadas de um Pai Celestial que nos conhece e sabe de nossas necessidades,
dores e sonhos.

E um dia, teremos a chance de tocar, mesmo que somente a barra de suas
vestes, e receber todas as bênçãos que nos estão reservadas.
A MULHER ADÚLTERA

Referências nas escrituras: João 8:2-11.



Jesus estava no Templo onde ensinava seus seguidores. Quando os
escribas e fariseus tentaram testá-Lo sobre a lei de Moisés, Ele lhes ensinou que
parassem de julgar aquela mulher. Ele não ensinou para que parassem de
ensinar sobre arrependimento e perdão, apenas a parar de julgar. Jesus não a
perdoou imediatamente porque ela ainda não havia se arrependido. Pelo
contrário, Ele não a condenou, e a convidou a se arrepender. Ele não queria que
aquela mulher continuasse sendo humilhada, mesmo que houvesse sido pega
no ato de adultério. Embora ela estivesse quebrando a “lei”, apedrejá-la não era
justo sendo que todos os que a julgavam também cometeram pecados,
conforme Cristo escreveu na areia.

Não podemos esperar que alguém se arrependa sinceramente se
anunciarmos publicamente seus pecados aos outros. Reconhecer nossos
pecados é algo muito particular que existe somente entre nós e o Pai Celestial e,
em alguns casos necessários, a ajuda de um líder eclesiástico, dependendo da
escolha da pessoa.

Os fariseus sempre tentavam arranjar uma desculpa para prender Jesus,
ou seja, eles queriam provar que Jesus ou não conhecia a lei ou estava
propositalmente quebrando-a. Embora os fariseus estivessem corretos em sua
declaração da lei, parte da missão de Jesus era justamente substituir a lei
mosaica por uma lei superior.

Quando a lei de Moisés foi instituída, certa vez toda a comunidade
participou da execução de um pecador (Deuteronômio 17:7). Todas as punições
físicas exigidas na lei de Moisés foram eliminadas durante o ministério terreno
de Cristo e não eram mais necessárias oficialmente quando Ele cumpriu a
Expiação. Salvando a vida desta mulher, dando-lhe a chance de se arrepender (e
perdoando-a se ela se arrependesse), fez dela uma das primeiras pessoas a
experimentar o arrependimento e o perdão sob a lei superior do Senhor.

A lei superior que Cristo instituiu nos mantêm no padrão mais elevado do
Senhor, que exige um coração e espírito contritos (Mateus 5: 17-48, 3 Néfi 12,
D&C 42:1-60). Isso não significa que não haverá consequências para nossos
pecados, e o processo de arrependimento pode ser longo; mas não há mais as
punições mortais da lei de Moisés.

Em vez de responder aos fariseus, que continuaram importunando Jesus,
Ele olhou para cima e disse: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o
primeiro que atire pedra contra ela” (João 8:7). Então Jesus se abaixou e
escreveu na terra com o dedo. Ele conhecia a mulher que havia adulterado, mas
Ele também conhecia aqueles fariseus. Cada um deles, assim como conhece cada
um de nós. O ato de escrever no chão era uma ação simbólica bem conhecida na
antiguidade, significando falta de vontade para lidar com o assunto em questão.
Não sabemos o que Ele escreveu, mas todos os acusadores daquela mulher
foram embora.

Não é nosso trabalho julgar os pecados de outra pessoa se também
pecamos. Nós não conseguimos determinar e fornecer as consequências para o
pecado. Jesus oficialmente tirou essa autoridade das mãos dos fariseus durante
este momento icônico. Jesus era o único que tinha tal direito, e sendo o Salvador
amoroso e compassivo como é, Ele não a condenou, mas deu-lhe a chance para
que ela tivesse a chance de se arrepender; e assim, abriu a porta para que todos
nós tenhamos a mesma chance.

“E endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher,
disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno;
vai-te, e não peques mais” (João 8:10-11).

Naquele momento, em particular praticamente após os fariseus se
afastarem, Ele reconheceu que ela havia pecado, mas disse a ela para não o
repetir. Isso não significa que Ele não a amasse ou respeitasse, mas estava
ensinando amorosamente sobre os mandamentos e arrependimento. Jesus não
disse: "Eu te perdoo". Em vez disso, Ele disse: "Nem eu te condeno". O que Ele
quis dizer é que Ele ainda não estava lançando um julgamento final sobre essa
mulher. A mulher apanhada em adultério teve tempo para se arrepender, tempo
que teria sido negado por aqueles que queriam apedrejá-la.

Um dos passos mais importantes para o arrependimento é seguir adiante,
mudar o comportamento, abandonar o pecado inteiramente, e não o repetir.
Cristo direcionou a mulher pecadora a seguir seu caminho, abandonar sua vida
maligna, não cometer mais pecado, e transformar sua vida.

Embora as escrituras não registrem se ela se arrependeu ou não, sabemos
que ela seria perdoada se escolhesse humildemente se arrepender.

O Senhor nos lembra, “Vinde agora, e argui-me, diz o Senhor; ainda que os
vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve;
ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã”
(Isaías 1:18).




AS DEZ VIRGENS

Referências nas escrituras: Mateus 25:1-13.

Embora esta tenha sido uma das parábolas de Jesus, o exemplo das cinco
virgens sábias e até mesmo o exemplo das cinco virgens tolas nos ensina muitas
coisas.

A parábola das 10 virgens sempre foi uma de minhas favoritas no estudo
do Evangelho, pois eu sempre soube que traz um significado profundo, muito
além do meu entendimento. Muito mais que o aviso para que estejamos
preparados para o encontro com o Salvador, podemos entender todo o processo
de preparar-se que é único e individual. Entendendo-a melhor:

O óleo

Os judeus extraíam o azeite, colocando as azeitonas dentro de sacos feitos
de pano e amassando-as com a prensa. O resultado da primeira prensa era um
óleo puro, usado consagrado para cura e nas lâmpadas para luz. A segunda
prensagem trazia um óleo vermelho, amargo, que nos lembra a "taça amarga"
que Cristo tomou.

Simbolicamente, o Salvador foi ao Getsêmani (prensa de azeite) submeter-
se à "prensa" (o peso de todos os pecados do mundo). Seu sangue puro para que
tivéssemos a cura de nossos pecados.

Em nossa vida, as adversidades e desafios extraem o que há de melhor em
nós para que aprendamos e cresçamos. Esta é a razão pela qual não podemos
compartilhar nosso óleo. Cada pessoa deve crescer e aprender com as próprias
experiências, tomando o cuidado para não se tornar amarga com o passar do
tempo, mantendo a pureza.

A lâmpada

As lâmpadas eram usadas no tempo de Cristo por Hebreus e
Egípcios, comprovado arqueologicamente, já que não tinham eletricidade como
temos hoje. Elas eram comumente feitas de argila em forma oval e achatada.
Uma lâmpada sem uso estava pronta somente pela metade.

O ato de usar a lâmpada, ou seja, colocar o azeite e queimá-lo para
obtenção de luz, terminava o processo de impermeabilizar a argila, uma vez que
o ponto de combustão do azeite funcionava como a queima hoje utilizada para
solidificação do barro. (19)

Simbolicamente, o constante uso da lâmpada era o que a fortalecia para
manter o puro azeite trazendo a luz necessária para iluminar o lar ou o
caminho. O mesmo azeite não poderia ser usado para queimar outra lâmpada,
bem como cada lâmpada necessitava passar pelo mesmo processo para estar
pronta para o uso.

A preparação para a vinda do Noivo

As virgens que estavam preparadas para a vinda do noivo não só possuíam
o óleo em suas lâmpadas, como as mesmas já o retinham por seu uso constante.
As "loucas", como chamadas na parábola, correram para poder comprar o óleo,
mas suas lâmpadas também não estavam preparadas para prover a luz
necessária para o casamento.

Em nossa vida, o uso de nossas experiências pessoais que adquirimos
através das provações para sermos uma luz para o mundo, torna-nos mais
fortes em nosso testemunho e mais preparados para continuar recebendo o
puro óleo da preparação ao nos prepararmos para encontrar nosso Salvador.

Linda K. Burton disse sobre a parábola das 10 virgens: "Não creio que
exista alguém, principalmente entre as pessoas de bom coração, que não sinta
tristeza pelas moças loucas. E alguns de nós apenas desejamos dizer às outras
pessoas: 'Será que vocês não podem compartilhar, e assim todas ficam felizes?'
Mas pensem no seguinte. Essa é uma história contada pelo Salvador, e é Ele
quem chama cinco delas de 'prudentes' e cinco de 'loucas'." (20)

Há tantos outros detalhes maravilhosos desta parábola. O Senhor a inicia
dizendo "Então o reino dos céus será semelhante às dez virgens". Não
conhecemos todos os detalhes sobre o tipo de casamento, o noivo, a festa, como
5 virgens se prepararam, e o que as que não se prepararam deixaram de fazer.
Mas sabemos de uma coisa, conforme ensinou ainda Linda Burton:

"O óleo da preparação é individual e não pode ser compartilhado. Ao
adicionarmos óleo à nossa lâmpada espiritual de modo consistente e diligente,
gota a gota, ao fazer coisas pequenas e simples, teremos nossa lâmpada
'preparada e acesa' com surpreendente preparação." (20)

Mais interessante ainda é que a parábola dos talentos é contada logo após,
também por Jesus Cristo, no mesmo capítulo de escritura. Ou seja, essa
preparação começa cedo em nossos lares, e emana de nós de acordo com nossa
fé, diariamente, quando usamos – e duplicamos - nossos talentos para o bem,
quando oramos, lemos as escrituras, cuidamos dos pobres, ensinamos o
Evangelho de Jesus Cristo a nossa família e o proclamamos ao mundo, vivemos
o que ensinamos, perdoamos e nos arrependemos, buscamos aprender dos
profetas de Deus, e cumprimos os mandamentos adicionando gota após gota na
preparação que precisamos para nossa vida, para os momentos de alegria e
tristeza, sem nos amargurarmos, reconhecendo que o Senhor Jesus derramou
Seu sangue por nós. Isso é o fruto de uma vida inteira e não pode ser comprado
nem compartilhado.

Que não sejamos "loucos" em deixar nossa preparação para o último dia e
sermos então "servos inúteis" e percamos a grande oportunidade de encontrar
nosso Salvador face a face quando Ele vier.
TABITA

Referências nas escrituras: Atos 9:36–42.

A história de Tabita tem apenas seis versos, mas ensina como somente
uma mulher pode influenciar todos ao seu redor para o bem se estiver vivendo
em retidão.

Pedro estava pregando e realizando milagres em Lida, uma cidade perto
de Jope, onde Tabita morava. “Esta estava cheia de boas obras e esmolas que
fazia. E aconteceu naqueles dias, que, adoecendo ela, morreu; e tendo-a lavado,
a depositaram num quarto alto” (Atos 9:36:37).
A família enviou então dois homens a Pedro, que a visitou. Pedro, após a
ressurreição e ascensão de Jesus, havia obedecido ao Mestre e pregava as Boas
Novas do Evangelho a todos, e o Senhor fazia milagres através dele. Ao chegar
onde o corpo de Tabita se encontrava, Pedro ajoelhou-se e orou.

Ele então, virando-o para o corpo, disse: “Tabita, levanta-te. Ela abriu os
olhos: e quando viu Pedro, sentou-se. E ele, dando-lhe a mão, levantou-a e,
chamando os santos e as viúvas, apresentou-lha viva” (Atos 9:40-41).

Tabita costurava roupas para viúvas e crianças (16). Sabemos sobre seus
hábitos e caráter, preenchia seus dias com boas obras de misericórdia e
caridade.

A convite, Pedro se levanta e vai. Quando Jesus Cristo e Seus servos eram
convidados ou recebiam um pedido de ajuda, eles sempre estavam preparados,
e iam, sem demora.

Em vida, Tabita serviu e praticou a caridade abençoando a vida daqueles
que ela conhecia (22). Em sua ressurreição, o milagre realizado por Pedro, um
apóstolo e profeta do Senhor, sua vida serviu de instrumento para fortalecer a
fé de muitas pessoas.
REFERÊNCIAS DAS MULHERES CITADAS NO NOVO TESTAMENTO

Tâmara – Mateus 1:3.
Raabe – Mateus 1:5; Hebreus 11:31; Tiago 2:25.
Rute – Mateus 1:5.
Bateeba – Mateus 1:6.
Raquel – Mateus 2:18.
A rainha do sul – Mateus 12:42; Lucas 11:31.
As viúvas de Israel – Lucas 4:25.
A viúva de Sarepta – Lucas 4:25.
As esposas destruídas pelo dilúvio – Lucas 17:27.
A esposa de Ló – Lucas 17:32.
Sara – Roamnos 4:19; 9:9; Gálatas 4:22-31; Hebreus 11:11; 1 Pedro 3:6.
Rebeca – Romanos 9:10-12.
Eva – 2 Coríntios 11:3.
Agar – Gálatas 4:22-31.
Jezabel e seus filhos – Apocalipse 2:20-23.
A filha do faraó – Atos 7:21; Hebreus 11:24-26.
A mãe de Moisés – Hebreus 11:23.
A mulher sagrada – 1 Pedro 3:5.
Mulheres que receberam seus mortos – Hebreus 11:35-36.

Mulheres nas parábolas
Mulher com o fermento – Mateus 13:33; Lucas 13:20-21.
Esposa do servo injusto – Mateus 18:25.
As dez virgens – Mateus 25:1-13.
A figueira – Marcos 13:28-29.
A mulher com 10 peças de prata – Lucas 15:8-10.
A viúva e o juiz injusto – Lucas 18:2-5.

Mateus
Maria, mãe de Jesus – Mateus 1:16, 18-25, 2:11, 13-14, 20-21, 12:46-50,
13:55; Marcos 3:31-35, 6:3; Lucas 1:26-56, 2:5-8, 16, 19, 22, 27, 34-35, 43-
51, 8:19-20, 11:27-28; João 2:1-5, 12, 6:42, 19:25-27; Atos 1:14; Gálatas
4:4; 1 Néfi 11:15; Mosias 3:8.
As irmãs de Jesus – Mateus 13:54-56; Marcos 6:3.
Maria, mãe de Tiago e José, a “outra Maria” – Mateus 27:61, 28:1; Marcos
15:40-41; Atos 1:13.
A mãe das crianças de Zebedeu – Mateus 20:20-23.
Herodias e sua filha – Mateus 14:6-11.
As mulheres e crianças presentes entre os cinco mil alimentados pelo
milagre de Jesus – Mateus 14:21.
A mãe de Zebedeu – Mateus 20:20-23, 27:56.
A mulher que ungiu Cristo – Mateus 26:6-13; Marcos 14:3-9; João 12:1-8.
As mulheres e crianças presentes entre os quatro mil alimentados em outra
ocasião – Mateus 15:38.
“Donzelas” (moças solteiras que estavam juntamente com as criadas
quando Pedro negou a Cristo) – Mateus 26:69-70; Marcos 14:66-70; Lucas
22:56; João 18:15-17; Atos 16:16-18.
A criada que estava junto das donzelas quando Pedro negou a Jesus –
Mateus 26:71-72; Marcos 14:69-70; João 18:25-27.
A mulher cananeia – Mateus 15:21-28.
A esposa de Pôncio Pilatos – Mateus 27:19, 24.
As mulheres na tumba vazia e ao pé da cruz, com Maria de Nazaré e Maria
Madalena: Maria, mãe de Tiago; Joanna; Salome (esposa de Zebedeu);
Maria, esposa de Cleófas, e as muitas outras seguidoras de Cristo – Mateus
27: 60-66, 28:1, 9-10; Marcos 16:1-7; Lucas 24:10; João 20:1-3, 11-18.

Marcos
A filha de Jairo – Marcos 5:35-36, 38-39.
A esposa de Jairo – Marcos 5:40-43; Lucas 8:51-56.
A mulher com o fluxo de sangue - Marcos 5:25-34; Mateus 8:20-22; Lucas
8:43-48.
A mãe da esposa de Pedro – Marcos 1:30-31; Mateus 8:14-15; Lucas 4:38-
39.
A mulher sírio-fenícia (também chamada a mulher de Canaã) e a filha
criança – Marcos 47:25-30; Mateus 15:21-28.
A viúva que deu as duas moedas – Marcos 12:42-44.
Salomé – Marcos 15:40-41.

Lucas
Ana, a profetiza – Lucas 2:36-39.
Isabel – Lucas 1:5-20.
Elisabeth, esposa de Zacarias e mãe de João Batista – Lucas 1:25, 37, 41-45;
Marcos 1:7.
Maria, mãe de Jesus – Lucas 1:28-37, 2:7-19, 33-35, 2:43-47; 1 Néfi 11:15;
Mateus 2:13-14; Marcos 3:31-35; João 19:26; Atos 1:13-14.
Maria Madalena – Lucas 8:1-2, 8:2; Mateus 27:57, 61, 28:1-10; Marcos
15:40-41, 47, 16:1-8, 9-11; João 19:25, 20:1-3, 11-18.
Marta – Lucas 10:38-42; João 11:26, 17:21.
Maria de Betânia, irmã de Marta – Lucas 10:37-42; João 11:1-5, 1-14, 12:3-
8, 17-21, 28-34, 39-45, 12:3-9.
A viúva de Naim – Lucas 7:11-17.
Susana e Joana – Lucas 8:3.
A mulher encurvada com espírito de enfermidade – Lucas 13:11-13.
“Certas mulheres” – Lucas 11:27-28.
As mulheres que acompanharam Jesus pelo Gólgota enquanto Ele levava a
cruz – Lucas 23:27; Mateus 27:55.
A sogra de Pedro – Lucas 4:38-39.
As filhas de Jerusalém – Lucas 23:27-28.

João
A tia de Jesus – João 19:25.
Maria, esposa de Cleófas – João 19:25.
A mulher Samaritana no poço – João 4:7-10.
A mulher pega em adultério – João 8:3-11.
A mãe do homem que nasceu cego – João 9:18-22.

Atos
Damaris – Atos 17:34.
Drusila e Berenice – Atos 24:24, 25:23.
Eunice – Atos 16:1; 2 Timóteo 1:5.
Rode – Atos 12:13-15.
Safira – Atos 5:1-11.
Priscila – Atos 18:2-3.
Lídia – Atos 16:14-15.
Tabita/Dorcus, a mulher ressuscitada por Pedro – Atos 9:36-42.
Maria, mãe de João Marcos – Atos 12:12.
As viúvas negligenciadas – Atos 6:1.
As viúvas e crianças de Tyre – Atos 21:5.
As quatro filhas de Felipe – Atos 21:8-9.
A irmã de Paulo – Atos 23:16.
Candace, rainha dos etíopes – Atos 8:27.
As mulheres devotadas, honradas e matriarcas dos Judeus e Gregos – Atos
13:50, 17:4, 12.
As mulheres que se reuniam com os apóstolos para liderar a igreja de
Cristo e orar – Atos 1:13-14.
As mulheres enviadas por Saul para a prisão – Atos 9:2.
As mulheres samaritanas batizadas por Felipe – Atos 8:12.

Romanos
Phebe – Romanos 16:1-2.
Junia, Maria de Roma, Persis, mãe de Rufus, Julia, Olimpas, irmã de Nereus,
Trifena e Trifosa, a quem Paulo enviou saudações – Romanos 16:1-15.

1 Coríntios
Cloé – 1 Coríntios 1:11.

Filipenses
Evódia e Síntique – Filipenses 4:2-3.

Colossenses
A irmã de Barnabé – Colossenses 4:10.
Ninfa – Colossenses 4:15.

2 Timóteo
Cláudia – 2 Timóteo 4:21.
Lóide – 2 Timóteo 1:5.

Filemom
Áfia – Filemom 1:2-3.

Tiago
A mulher adúltera – Tiago 4:4.

2 João
A mulher eleita – 2 João 1:1, 4.
A irmã da mulher eleita – 2 João 1:13.
Apocalipse

Os eventos descritos na segunda parte do livro do Apocalipse de João são
diretamente relacionados ao passado a duas figuras femininas simbólicas que
são opostas:

1. A Igreja de Deus – Apocalipse 12. Ambos Velho Testamento e Novo
Testamento chamados como servos de Cristo, sendo ambas Israel e a Igreja
de Cristo. Jerusalem, a cidade sagrada, é retratada como seu lar espiritual
(Apocalipse 11:2). No futuro, os seguidores fiéis de Cristo habitarão a Nova
Jerusalém, se “obedecerem os mandamentos de Deus e possuírem o
testemunho de Jesus Cristo” (Apocalipse 12:17; 14:12; 22:14). Embora esta
“mulher” serja rejeitada, desprezada e perseguida pela maioria, ela é
querida de Jesus Cristo, e por ela Ele deu Sua vida.

2. Babilônia – Apocalipse 17:5-6. A prostituta, a “mulher” que reina sobre
todos os reis da terra, a abominação da terra, bêbada com o sangue dos
santos e aqueles que morreram pelo nome de Cristo (Apocalipse 17:6; 18;
20:6; Miqueias 4:2). Em sua testa está escrito “Mistério, A Grande Babilônia,
A Mãe das Meretrizes e abominações da terra” (Apocalipse 17:5), e seus
cidadãos abraçarão os mandamentos satânicos em suas vidas pessoais e
espirituais. “Quanto ela se glorificou, e em luxúria esteve, tanto lhe dai de
tormento e pranto; porque diz em seu coração: Estou
assentada comorainha, e não sou viúva, e não verei o pranto” (Apocalipse
18:7).

A primeira “mulher” – a Igreja do Deus Vivo (1 Timóteo 3:15) – será a noiva de
Cristo em Seu retorno (Apocalipse 19:7-9), e seus cidadãos receberão a vida
eterna, vivendo com Cristo e o Pai Celestial para sempre.
Mulheres do Livro de Mórmon
O Livro de Mórmon conta a história de algumas civilizações que se
estabeleceram nas Américas antes, durante e após Cristo vir à terra. Uma dessas
civilizações veio de um homem chamado Leí, que deixou Jerusalém com sua
família em torno de 600 A.C. Eles cruzaram o deserto até os mares, construíram
barcos e fizeram sua jornada até as Américas. Após chegarem no novo mundo e
também com o crescimento da família, grupos e fragmentos se formaram
separando-se em duas grandes nações. Conflitos entre ambas e outras que delas
se desenvolveram foram registrados no decorrer de aproximadamente mil
anos, levando à eventual dizimação dessas nações.

Esses registros trazem, dentro do contexto da história desses povos,
profecias e testemunhos sobre a vinda de Jesus Cristo, Seu nascimento, Sua
ressurreição, e sobre a Segunda Vinda. Traz ainda o relato impressionante de
Sua visita ao Novo Mundo após Sua ressurreição, ministrando ao povo que aqui
vivia, estabelecendo Sua igreja assim como o fez no Velho Mundo. O relato diz
que as pessoas prosperaram e viveram em união por aproximadamente
duzentos anos após Sua visita. Após, porém, muitas pessoas abandonaram Seus
ensinamentos e, com o tempo, guerras resultaram na exterminação de muitas
destas nações.

O Livro de Mórmon conta como estes eventos aconteceram e foram
registrados em placas de metal, e foram iniciados desde que a família de Leí
deixou Jerusalém, e passadas de geração a geração. Entre os muitos profetas
que existiram nos continentes conhecidos hoje como Américas, um deles
chamava-se Mórmon, Graças aos seus esforços, os registros, incluindo aqueles
em placas de ouro, foram repassados ao seu filho Morôni que os continuou.
Morôni é conhecido como o último dos profetas nefitas, historiador e general
militar que viveu entre o IV e V século D. C., o único sobrevivente da destruição
que se abateu entre aqueles povos. Assim como o apóstolo João, Morôni se
exilou para salvar os registros e, logo antes de sua morte, enterrou as placas
próximo a uma colina, local que hoje pertence ao estado de Nova Iorque, nos
Estados Unidos.

Este local, conhecido como Monte Cumora, próximo à cidade de Palmyra,
no estado de Nova Iorque, é onde o agora Anjo Morôni, filho de Mórmon,
conduziu Joseph Smith, em 1823, para que ele encontrasse e traduzisse as
placas. As mesmas placas foram vistas oficialmente por três testemunhas, e
mais oito que as tocaram. Seus testemunhos estão registrados nas páginas
introdutórias do Livro de Mórmon. Joseph obedeceu ao mandamento, traduziu-
as e as retornou ao anjo.

O Livro de Mórmon foi publicado primeiramente em Inglês, em Nova
Iorque, em 1830. Em 1851, O Livro de Mórmon foi traduzido em dinamarquês,
primeira língua além do inglês. Em 2000, O Livro de Mórmon ultrapassou uma
centena de linguagens. Devido à confusão generalizada do público, ignorando a
história do livro, um subtítulo foi acrescentado em 1982: “Um Outro
Testamento de Jesus Cristo”. O Livro de Mórmon é um livro cristão que deve ser
lido juntamente com a Bíblia, considerando a tradução do Rei Tiago como a
mais correta. O Livro de Mórmon não substitui a Bíblia.

A seguir, algumas das grandes mulheres que foram citadas nas páginas de
O Livro de Mórmon.

SARIA

Referências nas escrituras: 1 Néfi 1:1; 2:1–5; 5:1–9; 8:14–16; 17:1–2, 55;
18:7, 17–19.

Logo após a ressurreição, Cristo visitou Seu povo nas Américas e escolheu
servos que ajudaram a estabelecer a Igreja.

Aproximadamente 600 anos antes, o Senhor avisou Leí que saísse da terra
de Jerusalém. Leí profetizava ao povo acerca de sua iniquidade e eles
procuravam tirar-lhe a vida. Ele então viajou durante três dias através do
deserto com a sua família: sua esposa Sarai e seus quatro filhos, Lamã, Lemuel,
Sam e Néfi. Néfi era o mais novo e o mais justo.

Enquanto já no deserto, a pedido do pai, Néfi tomou os seus irmãos e
voltou à terra de Jerusalém, em busca do registro dos judeus.

Os livros iniciais do Livro de Mórmon relatam o sofrimento de Néfi, como
os filhos de Leí tomaram as filhas de Ismael como esposas e, juntos, viajam
através do deserto até chegar às grandes águas. O livro detalha ainda a rebelião
dos irmãos contra Néfi, mas ele os confunde e constrói um barco após receber
instruções do Senhor, atravessam as grandes águas, indo para a terra da
promissão, e assim por diante.

Saria aparece em cena no momento em que seus filhos Néfi, Lamã e
Lemuel retornavam à Jerusalém para recuperar o registro das escrituras, as
chamadas placas de latão. À medida que eles demoravam de voltar, ela,
preocupada com os filhos, desabafou com o marido Leí. Ela o criticou por ser
um “homem visionário” que tirou a família de seu lar confortável em direção ao
deserto. Ela disse ainda, “meus filhos não existem mais, e nós pereceremos no
deserto”.

Saria foi a mãe fiel das nações nefitas e lamanitas, gerou ao todo seis filhos
e pelo menos duas filhas (2 Néfi 5:6). Ela deixou seu lar confortável em
Jerusalém com Leí e sua família, e sofreu os rigores do deserto, do oceano, onde
durante a viagem concebeu dois filhos, Jacó e José (1 Néfi 18:7, 17-19). Ela
reclamou e foi contra Leí quando sofreu desesperadamente achando que seus
filhos estivessem mortos, mas arrependeu-se e confirmou seu chamado e o
poder do Senhor que estava com ele quando os filhos retornaram sãos e salvos
(1 Néfi 5:2-8), oferecendo sacrifícios para agradecer ao Senhor.

Como mulheres, quem de nós nunca reclamou? Como Saria, nós também o
fazemos! Todas nós sabemos que ser paciente e perseverante é o ideal para
conquistar o total autodomínio, mas aqui estamos nós, como Saria,
resmungando e reclamando. No entanto, é a reclamação de Saria que nos dá
esperança de que teremos perdão, desde que reconheçamos a bênção e haja
arrependimento de nossas ações.

Antes deste momento, não há registro de Saria reclamando. Ela não
reclamou quando seu marido chegou em casa um dia depois de testemunhar da
iniquidade e profetizar a destruição do povo em Jerusalém e anunciar que a
família estará fazendo as malas e deixando a cidade. De todas as indicações, a
família estava bem colocada socialmente, era financeiramente bem-sucedida e
vivia uma vida segura e protegida. De repente, Saria é informada de que é hora
de sair para o deserto para a viagem de acampamento sem saberem exatamente
onde estão indo.

Após, ela aturou os protestos incessantes e amargos dos filhos Lamã e
Lemuel. Provavelmente eles não voluntariaram para ajudar a arrumar as malas
e, uma vez no deserto, a assumir tarefas difíceis. Como esposa e mãe, grande
parte da preparação, desmontagem, preparo da comida, cozinhar, limpar e
amamentar, provavelmente recaiu sobre ela. Imagine o quão difícil e árduo seu
papel e quão pesada é sua responsabilidade, mas não temos registro algum de
que ela se queixou de tudo isso.

Saria provavelmente tinha amigos e alguma posição social em Jerusalém.
Ela certamente tinha roupas adoráveis, joias, cosméticos, móveis, decoração e
um estilo de vida que permitia uma casa confortável, criados e amenidades.
Tudo o que ela abandonou quando vestiu fielmente suas botas de caminhada,
prendeu o cabelo para trás em um rabo de cavalo, colocou um chapéu na cabeça
e deixou tudo para trás, dirigindo-se com sua família em direção ao deserto da
Arábia Saudita, composto de vastas paisagens austeras, empoladas. Altas
temperaturas, tempestades de areia, pouca água ou comida e a constante
ameaça de morte. Mesmo isso ela absorve sem queixa registrada.

Somente quando há a possibilidade de que seus filhos estejam mortos, ela
atinge seu ponto de ruptura. Até mesmo Lamã e Lemuel, os dois garotos que
tentam matar o irmão mais novo, são lamentados por Saria. Ela tem o coração
de uma mãe.

Quantas mães aguentam tanto, mas não quando os filhos passam por
dificuldades? O murmúrio de Saria é contextualizado, e que amargura traz com
a possível dor de que seus filhos estariam em apuros.

Fascinante também, sua queixa parece mais uma busca de confiança - que
o marido oferece. Leí chega a admitir que ele é um homem visionário, mas
reafirma que Deus está cuidando dele e de sua família, que Ele os levará a uma
terra de promessas e que seus filhos retornarão, e Saria então é “consolada”.

Quantas de nós gostaríamos de ter a confiança e certeza de que, nosso
marido, o homem que escolhemos para passar a eternidade e juntos criarmos
nossa posteridade, tem esse relacionamento com o Senhor e confia Nele a ponto
de saber, sem dúvidas, o que nos espera? Leí é um homem fenomenal, e Saria
confia em seu amor.

Com o retorno de seus filhos, ela diz: “Agora sei com certeza que o Senhor
ordenou a meu marido que fugisse para o deserto; sim, e tenho também certeza
de que o Senhor protegeu meus filhos e livrou-os das mãos de Labão; e deu-lhes
o poder de executarem o que o Senhor lhes havia ordenado” (1 Néfi 5:8). Sim,
ela teve um pequeno colapso quando não soube de seus filhos, mas
rapidamente recuperou suas amarras. Ela e Leí “regozijaram muito e
ofereceram sacrifícios e holocaustos ao Senhor; e renderam graças ao Deus de
Israel”. Aqui, encontramos Saria no altar, adorando e louvando a Deus.

Toda mulher, sendo mãe ou não, tem o coração de uma mãe e sabe cuidar
e se preocupa com aqueles por quem é responsável. Mães amam e nutrem seus
filhos em verdade e retidão.

A ESPOSA DO REI LAMÔNI

Referências nas escrituras: Alma 18:43–19:2, 36; 19:16–17, 28–29.

Quando Amon apareceu ao Rei Lamôni, este pensou que ele era o Grande
Espírito, conforme a crença e tradição que havia recebido de seus pais.
Descendente de Ismael, o Rei Lamôni se admirou com as palavras e ações de
Amon. Quando Amon terminou de explicar sobre o Plano de redenção, o céu e a
terra, e também a vinda de Cristo, o rei acreditou em todas as suas palavras e
elevou sua voz aos céus para que o Senhor tivesse misericórdia dele e de seu
povo, e quando terminou de dizer essas coisas, “caiu por terra como se estivesse
morto” (Alma 18:42).

Seus servos o levaram para junto de sua esposa e o colocaram na cama,
onde ele ficou como morto por dois dias e duas noites. Sua esposa e filhos
choravam e pensaram que ele estivesse morto. Prepararam seu corpo e a
cerimônia para levar seu corpo no sepulcro. Quando a rainha ouviu falar de
Amon, ela pediu que ele fosse chamado. Quando Amon lá chegou, ela lhe pediu
que pudesse fazer algo por seu esposo, já que alguns diziam que ele não estava
morto.

Amon sabia que o rei estava sob o poder de Deus, que o véu da
incredulidade havia sido tirado da mente, e a luz da glória de Deus agora
preenchia todo o seu ser. Amon disse à rainha que no dia seguinte, o rei se
levantaria. Ele perguntou à rainha se ela tinha fé em suas palavras, e ela
confirmou que acreditava em suas palavras.

A rainha velou ao lado da cama do esposo até o dia seguinte e, conforme
Amon havia prometido, o rei se levantou, segurou as mãos de sua esposa e
disse-lhe: “Abençoado seja o nome de Deus e bendita és tu” (Alma 19:12).

O rei continuou e profetizou da vinda do Salvador Jesus Cristo e de todas
as coisas que Amon havia lhe ensinado. Os servos, quando viram a
transformação e o testemunho de seu soberano, caíram por terra como o rei o
havia dias antes. O rei e a rainha estavam tomados pelo Espírito do Senhor e
ambos então caíram por terra.

(Continue lendo sobre a esposa do Rei Lamôni no próximo capítulo.)


ABIS

Referências nas escrituras: Alma 19:16-17; 28-29.

Abis era uma lamanita, serva da rainha que era esposa do Rei Lamôni, que
havia se convertido tempos antes, mas não havia dito nada a ninguém. Abis
aparece nas escrituras com a visita do missionário Amon, o filho nefita do rei
Mosias, ao povo lamanita na terra de Ismael (Alma 17), mas a história completa
de Abis havia começado bem antes disso. De fato, na época em que Amon
chegou, ela já havia “sido convertida ao Senhor por muitos anos, por conta de
uma notável visão de seu pai” (Alma 19:16). Apesar de seu testemunho, Abis
manteve sua conversão ao evangelho em segredo porque seu povo se opunha
aos ensinamentos que eram considerados pertencerem a seus mais amargos
inimigos, os nefitas. Ela era uma simples serva de rainha em uma sociedade
onde o rei detinha o poder sobre a vida e a morte. É possível que, se ela tivesse
feito sua conversão conhecida, ela teria sido marcada como traidora por apoiar
as crenças nefitas e punida com a morte.

A chegada de Amon mudou tudo. Depois de se provar servo fiel ao
defender os rebanhos do rei, ele foi autorizado a ensinar o evangelho
diretamente ao rei Lamôni. O rei ficou tão comovido com os ensinamentos de
Amon e com os sussurros do Espírito Santo que pediu ao Senhor que mostrasse
misericórdia a ele e a seu povo. Dominado pelo Espírito, o rei caiu inconsciente
(Alma 18:41–42).

Durante três dias o rei permaneceu como morto, e durante três dias Abis
ouviu os rumores que circulavam na corte onde ela era serva da rainha. E ainda
assim, Abis não revelou sua conversão. Mas, após três dias, Lamôni se
recuperou brevemente e declarou um testemunho de Deus tão poderoso que
ele, a rainha, e seus servos foram dominados pelo Espírito”. Amon também foi
logo dominado pelo Espírito, assim como os servos do rei, que haviam
começado a “clamar a Deus” por misericórdia (Alma 19:13-15). Embora Abis
estivesse na casa do rei, ela não estava incapacitada pelo Espírito. “Quando
[Abis] viu que todos os servos de Lamôni haviam caído por terra e que também
se achavam prostrados por terra sua ama, a rainha, e o rei e Amon, soube que
era o poder de Deus; e acreditando que esta oportunidade, informando ao povo
o que se passara entre eles, que, contemplando esta cena, seriam levados a
acreditar no poder de Deus, ela correu, portanto, de casa em casa, comunicando
o sucedido ao povo” (Alma 19:17). Este é um testemunho em si mesmo de que
Abis estava suficientemente familiarizada com o Espírito e era receptiva o
suficiente para que ela soubesse a verdade da situação.

Por causa de sua conversão anterior, Abis manteve a posição de poder agir
sem medo. De todos os membros da casa do rei, apenas Abis tinha a capacidade
de ir ao povo para informá-los do que havia acontecido com o rei, a rainha e
seus servos. Ao chamar o povo, ela esperava que eles contemplariam o poder de
Deus por eles mesmos, mas, a multidão “admirada, viu que o rei e a rainha e
seus servos estavam prostrados por terra e ali jaziam como mortos; e também
viram Amon e eis que era um nefita” (Alma 19:18) e viraram-se contra ele.

Amon, como nefita, seria naturalmente considerado um inimigo, deitado
perto do rei. Alguns deles assumiram que uma maldição havia atingido o rei e
sua família porque Lamôni havia permitido um nefita em sua terra. Outros
acreditavam que a maldição havia chegado porque Lamôni havia matado seus
servos por não impedir que seus rebanhos fossem espalhados pelos ladrões nas
Águas de Sebus. Os desentendimentos se transformaram em discussões e
depois em raiva, até que um dos presentes desembainhou a espada para matar
Amon. Antes que o homem pudesse atacar Amon, o homem foi morto pelo
Senhor (Alma 19:19–22).

O medo desceu sobre a multidão. Alguns diziam que Amon “era um
monstro, que havia sido enviado pelos nefitas para atormentá-los” (Alma
19:26). Outros acreditavam que ele “fora enviado pelo Grande Espírito para
afligi-los por causa de suas iniquidades”. Como resultado, a contenda tornou-se
acalorada entre eles (Alma 19: 24–28).

Abis, naquele momento, voltou para a casa do rei. Pode-se imaginar a
confusão e a tristeza que ela deve ter sentido quando testemunhou os
argumentos e o medo entre a assembleia. Talvez ela pensasse que era em parte
culpada por espalhar a mensagem por toda parte. É evidente a reação dela de
que não esperava que tal indignação ocorresse. Vendo a massa de pessoas
descontentes e a morte do suposto agressor de Amon, Abis “ficou
extremamente triste, até às lágrimas” (Alma 19:28).

Ainda assim, Abis sabia a verdadeira causa do que havia acontecido com o
rei e sua família. Ela poderia ter se escondido para evitar a confusão. De fato,
teria sido fácil o suficiente simplesmente se esgueirar, esperar que sua parte
fosse esquecida e não fazer nada até que a comoção se acabasse,
independentemente das consequências para o rei, sua amante ou as outras.

E, no entanto, Abis escolheu agir. Diante da disputa que já levara um
homem a perder a vida, Abis corajosamente foi até o lado da rainha e segurou
sua mão, a rainha, também mulher, agora inconsciente – um ato que certamente
chamou a atenção da multidão. Com o toque de Abis, a rainha levantou-se e
“apertou as mãos [de Abis] cheia de alegria, falando muitas palavras que não
eram compreendidas” (Alma 19:30).
A rainha então pegou o rei pela mão dele. O rei Lamôni levantou-se e,
“vendo a contenda entre o seu povo, saiu e começou a repreendê-los e a
ensinar-lhes as palavras que ele ouvira da boca de Amon” (Alma 19:31). Nem
todos queriam ouvir o testemunho inflexível de Lamôni, apesar da presença
palpável do Espírito e dos muitos testemunhos fervorosos apresentados
naquele dia. Porém, “houve muitos entre eles que não deram ouvidos às suas
palavras; portanto, seguiram o seu caminho” (Alma 19:32).

Ainda assim, muitos outros abriram seus corações e ouviram Lamôni e a
rainha, nutrindo uma semente. “Todos os que ouviram suas palavras creram e
foram convertidos ao Senhor” (Alma 19:31). Quando Amon e os servos do rei se
levantaram, eles também começaram a pregar. “E aconteceu que muitos
acreditaram em suas palavras; e quantos acreditaram foram batizados; e eles se
tornaram um povo justo e estabeleceram uma igreja entre eles” (Alma 19:35).

Abis não estava em uma situação privilegiada como a rainha, mas teve a
coragem de salvar sua monarca e declarar sua fé, com a esperança que aqueles a
quem conhecia, também o fizessem. A rainha, por sua vez, confirmou as
palavras de seu esposo após ela mesma ter sentido o Espírito testificar-lhe da
verdade, tendo fé e coragem de aceitar o Plano do Altíssimo, mesmo sob sua
condição de rainha. Ambas grandes e valentes mulheres.

Abis e a rainha, esposa do rei Lamôni, são importantíssimas na história de
seu povo. Abis, em seu papel de uma só voz, em conjunto com a obra
missionária de Amon, desempenhou um papel crítico em milhares de vidas dos
lamanitas quando eles foram "levados ao conhecimento do Senhor" (Alma
23:5). Como serva lamanita, ela foi aquela que reuniu seu povo na casa do rei
para que pudessem testemunhar a conversão de seu rei e rainha. Por meio de
suas ações, uma grande multidão de lamanitas foi ensinada pelo rei, a rainha,
Amon e os servos e acabou sendo convertida.
Abis mostra a nós que as ações corajosas de um servo comum – alguém
como muitos daqueles que vieram para ver o que a comoção era – combinadas
com os testemunhos dos outros, mudaram muitas vidas de maneiras que
podem ser medidas apenas na eternidade.

Mais de um século depois, o próprio Salvador explicou como um servo
poderia ter uma influência tão grande: “Porque aquele que entre vós todos for o
menor, esse será grande” (Lucas 9:48). Como Abis, cada um de nós somos
servos no reino de nosso Pai e nossos testemunhos fazem grande diferença.
Quando temos a coragem de ser uma testemunha ou de compartilhar nosso
testemunho, talvez não percebamos o impacto que temos sobre outra pessoa.
Embora Abis vivesse em uma sociedade repressora, ela desfrutava da bênção do
Espírito em sua vida privada. Notavelmente, ela foi capaz de manter sua fé em
um ambiente hostil.

Abis estava pronta e aproveitou a situação para ajudar muitos a terem o
mesmo Espírito que ela compartilhava. Cada um de nós tem a capacidade de
compartilhar o evangelho, não importando o nosso conhecimento.

Podemos aprender que o Senhor trabalha com aqueles que são receptivos,
sem se importar com suas condições sociais e econômicas. Ele enviou visões ao
pai de Abis, que estava de coração aberto com as mensagens do Senhor que as
compartilhou com sua filha. Assim, ela estava espiritualmente preparada
quando Amon veio pregar aos lamanitas. Da mesma forma, quando Abis reuniu
o povo, muitos deles estavam preparados. Há pessoas esperando que sejamos
corajosos como Abis, pessoas que serão receptivas ao evangelho se abrirmos
nossas bocas e agirmos.
AS MÃES DOS 2060
GUERREIROS DE HELAMÃ

Referências nas escrituras: Alma 56:45–48; 57:21–27.

Os filhos do rei Mosias haviam ensinado o pai do Rei Lamoni, incluindo
Amon que serviu como missionário e ajudou a converter o próprio Rei, sua
esposa e todo seu povo, com a ajuda de Abis. O povo então fez convênio com
Deus de não mais lutar, pois não queriam derramar sangue inocente novamente
enquanto vivesse.

Algum tempo depois, os amalequitas e outros lamanitas prepararam para
atacá-los, e quando a notícia chegou no povo do Rei Lamoni, eles enterraram
suas armas, na tentativa de que eles lhes poupariam. Mais de mil amalequitas
foram tocados por aquele ato e se converteram fazendo um convênio de não
lutar, mas muitos continuaram e exterminaram mais de mil anti-néfi-leítas,
como o povo do rei Lamôni havia se intitulado.

Pouco tempo depois, na terra de Zaraenla, o povo do Rei Lamôni foi
novamente atacado. Os nefitas, que eram o povo de Amon, doaram a terra de
Jérson a eles e prometeram protegê-los. Onze anos mais tarde, os nefitas foram
atacados pelos lamanitas. O povo de Amon queria ajudá-los, mas não queriam
quebrar o convênio que haviam feito. Sob o comando do profeta Helamã, 2.060
jovens voluntariaram em pegar as armas outrora enterradas e defender suas
famílias, e eles foram à batalha, e todos eles se salvaram.

Helamã, ao inquirir aqueles jovens se poderiam lutar, disse: “Ora, eles
nunca haviam lutado. Não obstante, não temiam a morte; e pensavam mais na
liberdade de seus pais do que em sua própria vida; sim, eles tinham sido
ensinados por suas mães que, se não duvidassem, Deus os livraria. E repetiram-
me as palavras de suas mães, dizendo: Não duvidamos de que nossas mães o
soubessem” (Alma 56:47-48).

As mães dos 2.060 guerreiros do profeta Helamã haviam sentido o
Espírito quando se converteram e sabiam que, mesmo que não sobrevivessem a
todos os ataques que sofreram, elas veriam a Deus, graças à Expiação que Jesus
Cristo cumpriria quando viesse à terra.

Elas eram refugiadas, muitas talvez viúvas já haviam perdido seus maridos
nos ataques dos amalequitas (Alma 27:25-26) e seus filhos haviam
testemunhado grande derramamento de sangue quando pequenos e estavam
cientes dos convênios que seus pais haviam feito. Seus filhos não tinham medo,
pois tinham aprendido com elas e construído seu próprio testemunho. Elas
tinham grande fé, e seus filhos aprenderam delas. E, apesar de tudo, nem elas
nem seus filhos temiam a morte, pois tinham um perfeito entendimento de que,
devido à Expiação, a morte física não tinha poder sobre seus Espíritos. Elas
sabiam que a única coisa a temer seria o pecado que traria sua morte espiritual,
e fixaram seus olhos e almas na vida eterna, não na vitória da guerra.

REFERÊNCIAS DAS MULHERES CITADAS EM O LIVRO
DE MÓRMON

1 Néfi
As cinco filhas de Ismael – 1 Néfi 7: 1,6, 19; 16:7, 27, 35; 18:9.
Esposa de Ismael – 1 Néfi 7:6, 19.
Saria – 1 Néfi 2:5; 5: 1-9; 8:14; 17:55; 18:17-19.
Esposa de Néfi – 1 Néfi 16:7; 18:19.
Mulheres que viajaram com Leí para o deserto – 1 Néfi 17:1-2, 20; 18:6.

2 Néfi
As filhas de Lamã – 2 Néfi 4:3.
As irmãs dos Nefitas – 2 Néfi 5:6.

Jacó
As mulheres nefitas que sofriam por causa da iniqüidade de seus maridos –
Jacó 2:7-9, 31-33, 35.
As concubinas dos homens nefitas perversos – Jacó 1:15.
As esposas dos lamanitas cujos maridos as amam – Jacó 3:7.

Mosias
As esposas e filhas que foram ouvir o discurso do Rei Benjamim – Mosias
2:5; 4:1-3; 5:2-5; 6:1-2.
As esposas dos homens que viajaram com Zênife (a primeira vez) – Mosias
9:2; Omni 1:27-29.
As mulheres do povo de Zênife – Mosias 10:5, 9.
As esposas e concubinas do rei Noé – Mosias 11:2, 4, 14.
As esposas e concubinas dos sacerdotes perversos do rei Noé – Mosias
11:2, 4, 14; 20:3.
As mulheres do povo de Noé – Mosias 19:9-15, 19-24; 20:11.
As 24 filhas dos lamanitas abduzidas pelos sacerdotes do rei Noé – Mosias
20:1-5, 15, 18, 23; 21:20-21; 23:33-34; 25:12.
As viúvas entre o povo de Lími – Mosias 21:9-11,13-17; 22:2, 8.
O grande número de mulheres afligidas na guerra entre Lími e os
Lamanitas – Mosias 21:9-11,13-17; 22:2,8.
As esposas dos que escolheram seguir Alma – Mosias 23:28; 24:22.
As esposas dos guardas deixados para ocupar a terra de Helamã – Mosias
23:38.

Alma
As esposas do povo de Minon – Alma 2:25.
As esposas do povo de Néfi – Alma 2:26; 3:1-2.
As mulheres Ismaelitas – Alma 3:7.
As mulheres de Gideão – Alma 7:27.
A esposa de Amuleque – Alma 10:11.
As mulheres da casa de Amuleque – Alma 10:11.
As esposas e filhos daqueles que acreditaram em Alma e Amuleque – Alma
14:8-11, 14; 15:2.
As filhas do rei Lamoni – Alma 17:24; 18:43.
A esposa do rei Lamoni e rainha dos lamanitas – Alma 18:43; 19:2-3, 17-18,
28-30.
Abis – Alma 19:16-17, 28.
A mãe do Rei Lamoni – Alma 22:19-24.
As viúvas e as filhas dos nefitas que foram mortas protegendo o povo de
Amom – Alma 28:5.
As mulheres conduzidas por Corior – Alma 30:18.
As esposas dos zoramitas que se arrependeram – Alma 35:14.
Isabel – Alma 39: 3-4.
As esposas dos nefitas – Alma 43: 9, 45; 44: 5; 4:12; 48:10, 24; 58:12.
A rainha Lamanita que se casou com Amalaquiah – Alma 47:32-35; 52:12.
A serva empregada de Morianton – Alma 50:30-31.
As mulheres da cidade de Bountiful – Alma 53: 7.
As mulheres feitas prisioneiras pelos Lamanitas – Alma 54:3; 55:17-24;
58:30-31; 60:17.
As esposas dos 10 mil soldados nefitas na cidade da Judéia – Alma 56:28.
As mães dos jovens guerreiros de Helamã – Alma 56:47-48; 57:21.
As mulheres e crianças levadas pelos Lamanitas – Alma 58:30-31.
As esposas e filhas dos 5.400 nefitas que migraram para o norte – Alma
63:4-10.

Helamã
As mulheres e crianças abatidas por Coriantomer – Helamã 1:27.
As mulheres que trabalharam e confeccionaram todo o tipo de tecido –
Helamã 6:13.
As mulheres levadas pelos bandidos de Gadianton – Helamã 11:33.

3 Néfi

As mulheres que se uniram contra os ladrões de Gadianton – 2 Néfi 2:12-
16; 3:13.
As filhas justas que se reuniram para serem protegidas dos ladrões de
Gadianton – 3 Néfi 23:13.
A mãe e filhas mortas quando a cidade de Moronia foi enterrada com areia
– 3 Néfi 8:25; 9:2.
As mulheres que ouviram Jesus orar e que foram curadas – 3 Néfi 17:1-25;
19:1.
As meninas em meio às crianças que foram cercadas pelo fogo e
ministradas pelos anjos – 3 Néfi 19:1.

Mórmon
As esposas e filhos dos nefitas no tempo de Mórmon – Mórmon 2:23; 4:14-
15, 21; 6:7,19.

Éter
As esposas das famílias de Jared, do irmão de Jared e seus amigos – Éter
1:33, 37, 41;2: 1; 6:3.
As filhas do irmão de Jared – Éter 6:15, 20.
As filhas dos amigos de Jared e seu irmão – Éter 6:16-17.
As 8 filhas de Jared – Éter 6:20.
As 12 filhas de Orihah – Éter 7:1.
As filhas de Corior – Éter 7:4, 14.
As filhas de Shule – Éter 7:12, 26.
As filhas de Jared – Éter 8:1.
As filhas de Omer – Éter 8:4; 9:2-3.
A filha má de Jared – Éter 8:8-12, 17; 9:4.
As filhas de Emer – Éter 9:21.
A esposa de Coriantum – Éter 9:24.
A jovem empregada que Coriantum escolhe como segunda esposa – Éter
9:24.
As filhas da segunda esposa (a empregada jovem) que ela tem com
Coriantum – Éter 9:24.
As filhas de Com – Éter 9:25.
As filhas de Shez – Éter 10:2.
As muitas esposas e concubinas de Riplakish – Éter 10:5.
As filhas de Kim – Éter 10:14.
As filhas de Levi – Éter 10:16.
As filhas de Com – Éter 10:17.
As filhas de Lib – Éter 10:29.
As filhas justas de Corinatumer – Éter 13:17-22.
As filhas justas de Corão – Éter 13:17-22.
As filhas justas de Corior - Éter 13:17-22
As esposas dos nefitas na época de Éter – Éter 14:2.
As mulheres e crianças que foram mortas por Shiz – Éter 14:17.
As mulheres mortas na batalha final dos Jareditas – Éter 14:22, 31; 5:2.
As mulheres e crianças que tomaram as armas para a batalha – Éter 15:12-
25.

Morôni
As mulheres nefitas da torre de Sherrizah que foram mantidas em cativeiro
pelos Lamanitas – Morôni 9:7-8, 19.
As filhas dos lamanitas presas em Moriantum – Morôni 9: 9-10.
As viúvas e suas filhas que permaneceram em Sherrizah – Morôni 9:16, 19.
As muitas mulheres idosas que morreram em Sherrizah – Morôni 9:16, 19.

Mulheres de Doutrina e Convênios
Doutrina e Convênios é uma coletânea de revelações divinas e declarações
inspiradas dos últimos dias concedidas a Joseph Smith e a diversos de seus
sucessores pelo Senhor para o estabelecimento e regulamentação de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, juntamente com a Bíblia, o Livro de
Mórmon e a Pérola de Grande Valor. Doutrina e Convênios, entretanto, é
singular, não é uma tradução como o Livro de Mórmon e parte de Pérola de
Grande Valor, mas um conjunto das revelações de Deus aos Seus profetas nos
últimos dias após a restauração da Igreja de Jesus Cristo (D&C 18:35–36).

As revelações contidas em D&C ajudam na preparação para a Segunda
Vinda do Senhor, em cumprimento a todas as profecias desde o Antigo
Testamento.

A seguir, algumas das mulheres citadas no livro de Doutrina e Convênios.


EMMA
HALE SMITH

Referências nas escrituras: Doutrina e Convênios 25.

Emma foi a primeira esposa de Joseph Smith e líder da Sociedade de
Socorro de Nauvoo organizada por seu esposo em 1842. Emma nasceu em
Harmony, Pensilvânia, e era a sétima filha de Isaac e Elizabeth Hale. Ela
conheceu Joseph em 1825. Ele morava próximo à cidade de Palmyra, Nova
Iorque, e a encontrou enquanto trabalhava numa mina de prata para uma
companhia de extração na cidade onde Emma morava. Após aquela companhia
terminar, o trabalho ia enviá-lo a outra área, Joseph voltou a Harmony várias
vezes para cortejar Emma. Isaac recusou dar-lhe a mão de Emma porque não
gostava do trabalho de Joseph, mas Emma e Joseph se casaram mesmo assim
em 17 de janeiro de 1827, e foram morar na casa dos pais de Joseph em
Manchester, perto de Palmyra.

Em setembro do mesmo ano, Joseph e Emma foram ao Monte Cumora,
onde Joseph havia recebido as placas de ouro, e em dezembro de 1827, eles se
mudaram de volta a Harmony e reconciliaram-se com os pais de Emma, que
lhes ajudaram a conseguir uma casa e uma pequena propriedade. Emma
tornou-se a escrivã de Joseph na tradução do Livro de Mórmon, testemunha
ocular das placas de ouro.

A vida de Emma Smith foi partilhada de tragédias. Em 1828, Emma deu à
luz Alvin, o primeiro filho do casal, que viveu apenas algumas horas. A prisão do
marido após as próximas semanas à restauração, e muitas perseguições,
culminando novamente com problemas com os pais de Emma. Eles então se
mudaram e viveram em casas de membros da Igreja. Em 1831, Emma deu à luz
gêmeos prematuros, Thaddeys e Louisa, e ambos também morreram algumas
horas mais tarde. Naquele mesmo dia, Julia Clapp Murdock faleceu enquanto no
parto também de gêmeos, Joseph e Julia. Nove dias após a tragédia, John, o pai
dos gêmeos, deu-os a Joseph e Emma para que eles os criassem como seus
próprios filhos. Um ano mais tarde, uma quadrilha invadiu a casa dos Smith e
atacou Joseph cobrindo-o com pixe e penas. Eles destruíram a porta da casa
onde estavam e o frio do rigoroso inverno deixou o bebê Joseph extremamente
doente, e ele veio a falecer de pneumonia. Em 1832, Emma concebeu Joseph
Smith III, em Kirtland. Ele foi o primeiro filho natural de Emma e Joseph que
viveu até a fase adulta, seguido de Frederick, nascido em 1836.

Na escola dos profetas em Kirtland, Emma teve um sentimento de que os
senhores membros da Igreja deveriam diminuir o uso de tabaco, tamanho era o
trabalho que ela tinha limpando toda a sujeira. Era costume da época os homens
mascarem o tabaco como goma de mascar, sugando todo o suco, e depois
cuspirem os restos no chão. Devido ao pedido de Emma, Joseph orou e recebeu
a revelação da Palavra de Sabedoria (D&C 49).

Emma também foi responsável por compilar o primeiro hinário com
músicas seletas sacras para uso da Igreja. Em 1838, a família Smith havia se
mudado para Far West, Missouri, e Emma deu à luz Alexander. Finalmente, em
1839 mudaram-se para Nauvoo, onde a Igreja floresceu. Ali construíram a
chamada “mansão do profeta”, e Emma teve Don Carlos em 1840, que faleceu
em 1841 numa epidemia que matou muitas crianças e adultos em Nauvoo.
Emma teve outro menino em 1842, que nasceu morto. Eles morariam naquela
casa até a morte de Joseph e Hyrum, em 1844, por um grupo de mais de 200
homens. Naquele dia terrível, a vida de Emma deu uma reviravolta. Ela estava
grávida, e em novembro de 1844 deu à luz David, a última criança dela e Joseph.

Além de profeta, Joseph era o protetor de todas as finanças da Igreja, e
todos os seus bens pertenciam à Igreja, que na época tinha muitos débitos.
Algum tempo depois, quando a congregação apoiou Brigham Young como
sucessor de Joseph em assembleia solene, e devido à perseguição incessante,
Brigham decidiu partir com os santos e relocar a sede da Igreja no Vale do Lago
Salgado, Emma decidiu ficar em Nauvoo, totalmente vazia dos santos, após
terem suas casas e sonhos destruídos pela perseguição do governador do
estado de Illinois. Ou seja, Emma não se juntou aos santos na migração ao oeste
americano para proteger a herança de seus filhos, embora fosse difícil distinguir
o que era de Joseph e o que era da Igreja, porque não aprovava a sequência da
poligamia, o que criou alguns desentendimentos e batalhas judiciais entre ela e
Brigham Young, e também porque não quis trocar o que sabia pelo
desconhecido. (23)

Menos de dois anos após, Lewis Bidamon, que já a cortejava por um
tempo, pediu-a em casamento, e ele se tornou o segundo marido de Emma, em
23 de dezembro – que seria aniversário do Profeta Joseph Smith – de 1847.
Bidamon se mudou para a casa que Joseph havia construído e se tornou
padrasto dos filhos do profeta. Eles administraram o hotel de Nauvoo, a loja que
antigamente fora da Igreja, e assim enriqueceram, adquirindo outras
propriedades ao redor da cidade construída pelos santos.

Bidamon era tenente da milícia de Illinois e ajudou a controlar a violência
contra os santos perpetuada pelo governador. Ele casou-se com sua primeira
esposa, Nacy, em 1827, e após seu falecimento, ele se casou com Mary Ann, em
1842, mas o casamento durou apenas seis meses e eles então se divorciaram.
Em 1847, quando se casou com Emma, Bidamon tinha duas filhas, e Emma cinco
filhos. De religião luterana, embora não ativo nem religioso, ele acreditava que
Joseph tinha sido um bom homem, mas tinha sido enganado a acreditar que era
um profeta.

Muitos santos pensavam que o filho mais velho, Joseph III, tornaria-se o
próximo profeta de A Igreja de Jesus Cristo, mas Emma discordava de algumas
das direções iniciadas por seu falecido esposo na época continuadas e
expandidas por Brigham Young, como a poligamia, embora ela tenha
testemunhado vários selamentos espirituais de Joseph com outras mulheres, e
mesmo assim negava o envolvimento do marido, conforme testemunhado por
Linda King Newell e Valeen Tippetts Avery, em sua biografia “Mormon Enigma”.
Alguns dos que não seguiram Brigham e a Igreja rumo ao Vale Salgado,
convenceram e ajudaram Joseph III a iniciar o que hoje é conhecido como a
Comunidade de Cristo. (24)

Ironicamente, em 1864, Bidamon teve um filho com uma viúva que havia
se mudado recentemente para Nauvoo, Nancy Abercrombie, e trouxe o menino
para Emma criar. Após a morte de Emma, em 1879, ele se casou com Nancy,
com quem viveu na casa da família Smith até sua morte.

Emma foi chamada pelo próprio Senhor como uma “mulher eleita” (D&C
25:3) enquanto ativamente ajudando Joseph na tradução do Livro de Mórmon e
na organização da Igreja. Ela teve uma vida partilhada de tragédias e desgostos.
Em meio a tantas dificuldades, ela fez o que achou correto após a morte de
Joseph, e graças a ela, mesmo através de Bidamon, hoje a Igreja tem restaurada
quase toda a cidade de Nauvoo, auxiliando a Comunidade de Cristo com
algumas das propriedades herdadas e adquiridas por Bidamon.

Nos dias finais de Emma, seu filho Alexander registrou que ela teve um
sonho de que o Senhor a aceitaria. Uma de suas bisnetas que a conheceu, disse
que ela tinha os olhos tristes, e aqueles grandes olhos castanhos “nunca
sorriram”. Uma das empregadas da mansão também registrou que Emma, já em
avançada idade, enquanto esposa de Bidamon, no final da tarde, subia ao seu
quarto, sentava-se na cadeira de balanço em frente à janela com vista para o Rio
Mississippi, onde os santos haviam partido, e lá fixava o olhar, às vezes por
horas, e lágrimas corriam por sua face.

Ela havia vivido até então longos dias, conforme prometido pelo Senhor
em sua bênção patriarcal, e fora definitivamente purificada pelo sofrimento de
toda uma vida. Emma viveu quase trinta e cinco anos após o martírio do Profeta
Joseph Smith, e faleceu aos 75 anos de idade. No momento de sua morte, seu
filho Alexander descreveu que, ao tomá-la em seus braços naquele momento
derradeiro, ela parecia esvaecer a cada instante, mas, segundos antes de
morrer, estendeu suas mãos, olhou para o alto como se visse um anjo, e disse:
“Joseph, Joseph...” (“My Great-Great Grandmother, Emma Hale Smith”, Gracia N.
Jones, Agosto 1992).

VIENNA
JAQUES

Referências nas escrituras: Doutrina e Convênios 90:28–31.

Vienna havia se mudado para seu novo lar no condado de Jackson, no
Missouri, há apenas 6 semanas, quando a violência contra os santos reiniciou na
região. Grupos organizados invadiram casas, estupraram mulheres, destruíram
lares e assassinaram muitos dos santos, demandando que os santos saíssem das
áreas em que viviam, deixando suas propriedades para traz.

Vienna, de 46 anos de idade na época, viu seu pai, Edward Partridge, bispo
da Ala da cidade, ser coberto em pixe e penas juntamente com outros. A
multidão enfurecida destruiu a imprensa da cidade e jogou materiais impressos
pela janela, incluindo o Livro de Mandamentos. Vendo todos aqueles
manuscritos na lama, Vienna se ajoelhou tentando juntar as páginas, e salvou
boa parte dos documentos da igreja, hoje reunidos na série de documentos do
projeto Joseph Smith Papers, compilado e restituídos com a ajuda de mais
membros generosos.

Vienna já havia passado dos quarenta anos de idade, e ainda vivia com os
pais em Boston, Massachusetts, como uma mulher solteira. Ela tinha 44 anos de
idade quando encontrou os missionários pela primeira vez, em 1831, um ano
após a restauração da igreja. Embora fizesse parte da Igreja Metodista
episcopal, ela buscava por mais conhecimento e aceitou uma cópia do Livro de
Mórmon após ouvir o testemunho direto do profeta Joseph Smith. Segundo seu
obituário, ela não compreendeu a importância do livro na primeira vez que leu,
mas uma noite, ao orar, teve uma visão do Livro de Mórmon, o que lhe fez pedir
em oração ao Senhor pela revelação da veracidade do livro. E ela firmemente o
soube, e viajou sozinha a Kirtland e se encontrou com o profeta Joseph Smith,
no verão de 1831, onde se batizou. Vienna foi enviada de volta a Boston, onde se
tornou uma excelente missionária, ajudando Orson Hyde e Samuel Smith, o
irmão do profeta, a estabelecer um ramo da Igreja, providenciando moradia
para mais missionários, e aumentando a audiência da igreja entre amigos e
vizinhos. Samuel escreveu ao profeta que eles podiam ensinar as pessoas após
elas ouvirem o testemunho de Sister Vienna, que era forte e inspirador.

Joseph Smith pediu a Vienna que se juntasse aos santos em 1833, em
Jackson County, onde “receberia sua herança” (D&C 90:28-31). Vienna também
fez várias doações à Igreja, que adquiriu várias terras no condado de Jackson,
Missouri, onde, mais tarde, Joseph receberia a revelação que a Nova Jerusalém,
conhecida como Sião, seria ali construída (D&C 84:1-5; 57:1-3).

Como resultado da perseguição, Joseph enviou mais de 200 pessoas em
Kirtland para auxiliar os santos em uma missão de resgate no acampamento de
Sião, no Missouri. Uma tempestade havia abatido a região, e os santos haviam
sido tomados por uma epidemia de cólera, matando 13 do grupo enviado por
Joseph, e mais dois membros morando na área. Heber C. Kimball relatou que foi
extremamente bem cuidado pela companhia e principalmente por Sister Vienna
Jaques, que gentilmente tomou conta de muitos dos santos.

Os anos se passaram e Vienna se estabeleceu com os santos em Nauvoo.
Quando o primeiro batismo pelos mortos foi realizado, ela estava lá, e recebeu
instrução diretamente do Profeta Joseph Smith nas conferências gerais da
igreja, realizando mais de 50 batismos pelos próprios ancestrais. Quando o
templo de Nauvoo foi dedicado, ela recebeu sua investidura templária em 1846,
e pelos próximos quarenta anos desenvolveu apreciação e testemunho das
sagradas ordenanças do templo.

Mais uma vez, Vienna testemunhou a violência contra os santos quando
foram expulsos de Nauvoo, e migrou puxando o próprio vagão através das
planilhas em 1847, na companhia de Charles Rich de carrinhos de mão, uma das
primeiras a chegar no Vale do Lago Salgado. Ali, ela finalmente conseguiu viver
em paz, conforme a revelação e promessa do profeta.

Em uma das reuniões da Sociedade de Socorro, na Ala XII, em Salt Lake,
onde pertencia, ela foi designada a compartilhar seu testemunho. Ela
compartilhou seus sentimentos sobre a oração, dizendo que a oração era mais
eficaz para ela quando “simplesmente pedia as coisas de que precisava”. Ela
ofereceu conselhos adicionais, dizendo às mulheres de uma maneira simples e
bonita que elas nunca deveriam “ter medo de fazer o bem. Você nunca vai se
arrepender. Não negligencie seus deveres. Quando negligenciamos nossos
deveres, perdemos; quando perdemos, o adversário ganha”.

Vienna viveu até os 96 anos de idade, completamente autossuficiente e
ativa. Relatos contam que ela lavava, passava, cozinhava, escrevia muitas cartas,
lia muito e era extremamente familiar com as escrituras, além de tirar o leite de
sua própria vaca e cultivar sua horta e vasto pomar, completamente
independente. Ela viveu até o fim de seus dias sua fé no Evangelho de Jesus
Cristo e sua devoção pela Igreja restaurada, ensinando a todas nós a força e o
poder da fé no Salvador, e a recompensa eterna do serviço, compaixão e
sacrifício. (25)


REFERÊNCIAS DAS MULHERES CITADAS EM
DOUTRINA E CONVÊNIOS

Emma Hale Smith – D&C 25; 132:51-54.
As filhas de Eva – D&C 138: 38-49.
As mulheres no acampamento de Sião – D&C 103-105.
Adah e Zillah (as esposas de Lamech que sofrem) – D&C 123; Moisés 5:47,
49, 53.
As esposas no Plano eterno de felicidade – D&C 132.

Mulheres de Perola dé Grande Valor
O reino de Deus na Terra é comparado a uma “pérola de grande valor” (Mateus
13:45–46).

A Pérola de Grande Valor é um dos quatro volumes de escritura chamados de
“obras-padrão” de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. A
primeira edição da Pérola de Grande Valor foi publicada em inglês em 1851 e
continha algumas escrituras que agora fazem parte do livro de mandamentos
agora chamado de Doutrina e Convênios.

As edições publicadas a partir de 1902 contêm trechos da tradução feita por
Joseph Smith, do Gênesis, o Livro de Moisés, e do capítulo 24 de Mateus,
denominado Joseph Smith – Mateus; a tradução de Joseph Smith de alguns
papiros egípcios por ele obtidos em 1835, chamado de Livro de Abraão; um
trecho da história da Igreja, escrita pelo Profeta em 1838, chamado Joseph
Smith – História; e as Regras de Fé, que são treze declarações da crença e
doutrina da Igreja.

A seguir, um pouco da história de uma das grandes mulheres de suma
importância na restauração da Igreja de Jesus Cristo na terra citada em Pérola
de Grande Valor.

LUCY
MACK SMITH
Referências nas escrituras: Joseph Smith – História 1:3–7, 20.

Lucy Mack Smith é a mãe do Profeta Joseph Smith Junior. Ela escreveu o
livro de memória intitulado Biographical Sketches of Joseph Smith, the Prophet,
and His Progenitors for Many Generations e ajudou-o a liderar a Igreja no início
após a restauração.

Lucy nasceu em 1775, na cidade de Filsum, New Hampshire, numa época
onde as responsabilidades do lar estavam mudando devido à guerra
revolucionária. Pais e homens começaram a trabalhar cada vez mais longe de
casa, deixando a mulher com todas as responsabilidades pela educação, moral e
religiosa incluída, e bem-estar dos filhos. Solomon, o pai de Lucy, estava
envolvido na guerra, e sua mãe, Lydia, abraçou ambos os papéis criando os
filhos da melhor forma possível. A família, morando no norte da Nova
Inglaterra, passou por várias transformações religiosas, dada a proliferação de
dissensões protestantes e evangélicas na época. Com tanta confusão secular
devido a redefinição cultural, econômica, institucional com o renascimento da
América que tentava encontrar sua identidade, partindo independente do
quadro político, o espírito revolucionário afetou mesmo as muitas religiões,
fazendo da família o berço e o porto seguro onde os indivíduos teriam que
aprender a buscar a fonte da verdade por si mesmos.

Lucy casou-se com Joseph Smith Sênior em 1796, e a família cresceu da
mesma maneira que ela havia sido criada. Após seis anos de casamento, ela
ficou muito doente, consumada devido à tuberculose, mas mesmo após perder
duas irmãs para a doença e sendo desenganada pelos médicos, ela decidiu que
não estava
pronta para encontrar Deus, pois ainda tinha muito o que fazer. Ela fez
convênio com o Senhor de que, se sua vida fosse poupada, ela dedicaria sua vida
à família e ao Seu trabalho. Lucy se restabeleceu, e mais tarde deu à luz os filhos
Alvin e Hyrum. Mudaram-se para Palmyra no estado de Nova Iorque, e Lucy
continuou a criar seus filhos sob os decálogos morais e religiosos. Lucy teve
onze filhos ao todo, mas alguns morreram logo após o nascimento. Quando
Joseph nasceu, em 23 de dezembro de 1805, Lucy encorajava seus filhos a
participarem da sociedade, ensinando-os princípios morais e cívicos para que
tivessem interesse e participassem com voz ativa na sociedade e comunidade
em que viviam. Quando Joseph cresceu um pouco, sua mãe ensinou-o a ler e a
escrever, pelo menos o mínimo possível para que se tornasse mais
independente de seus irmãos. Por falta de melhor identificação com as verdades
espirituais das igrejas da época, Lucy levava seus filhos à Igreja Metodista da
região, pois preocupava-se com sua qualidade de vida espiritual, não somente a
temporal. Quando a família se mudou para Palmyra, o esforço de buscar a
religião mais correta continuou. Ela e três dos filhos, Hyrum, Samuel e
Sophronia, uniram-se à Igreja Presbiteriana, a única igreja que tinha uma capela
em Palmyra. Ela não conseguiu persuadir o pai, Joseph Smith Sênior, nem o
filho, Joseph Smith Junior, a irem com eles àquela igreja.

Em 1820, Joseph recebeu a primeira visão. Em 1827, ele recebeu as placas
de ouro, e ela parou de frequentar a Igreja Presbiteriana. Na época, ela disse:
“Estávamos agora confirmados com a opinião de que Deus estava prestes a
trazer à luz algo sobre o qual poderíamos fixar nossas mentes, ou que Ele nos
daria um conhecimento mais perfeito do plano de salvação e da redenção da
família humana. Isso fez com que nos alegrássemos, a mais doce união e
felicidade invadiram nossa casa, e a tranquilidade reinou em nosso meio”.
Quando o filho Joseph iniciou a restauração da Igreja de Cristo original, ela
sentiu como seus sonhos de uma família unida em harmonia religiosa se
concretizaram.
Quando Joseph finalmente restaurou a Igreja em Kirtland, Ohio, após a
publicação do Livro de Mórmon em 1830, Lucy abraçou a causa de ser a “Mãe”
de todos os conversos que se batizavam, conforme Cristo havia ensinado. Ela
chegou a dormir várias vezes no chão nas várias vezes que sua casa estava
lotada de pessoas. Ela constantemente orava e jejuava por vários membros e
também por seus filhos e família, e escrevia cartas aos parentes sobre o
Evangelho. Quando seus familiares se converteram ao evangelho de Cristo, ela
recebeu respostas a muitas orações. Quando Joseph recebeu a revelação sobre
famílias eternas e as chaves de selamento foram restauradas por Elias, seu
coração transbordou de alegria. Ela pregou o evangelho e defendeu a Igreja
restaurada de Jesus Cristo perante os antigos ministros presbiterianos de
outrora. Quando Joseph ordenou seu pai como o primeiro patriarca da Igreja
em 1833, Joseph Smith Sênior insistia que sua esposa Lucy o acompanhasse em
todas as bênçãos aos membros da Igreja.

Quando Joseph se casou com Emma, e Hyrum com Jerusha, ela se alegrou
profundamente. Lucy amava suas noras e foi uma sogra exemplar, e elas a
amavam como mãe. Quando seus filhos Joseph Junior e Hyrum foram presos na
cadeia de Liberty sob falsas acusações, Lucy liderou a família e a igreja. Em
Nauvoo, Illinois, ela recebeu uma bênção do marido Joseph Sênior antes dele
morrer reafirmando seu papel de mãe de uma grande família que jamais viveu
sobre a terra.

Em 27 de junho de 1844, na cadeia de Carthage, Illinois, Lucy viu os corpos
estirados de seus filhos Joseph e Hyrum, e chorou aos céus dizendo: “Senhor,
meu Deus, tens esquecido desta família?”. Um mês mais tarde somente, seu filho
Samuel também faleceu. Lucy sentiu-se desolada, de seis filhos homens que
criou até a fase adulta, apenas um havia sobrevivido, William, e ele estava
servindo uma missão em Nova Iorque e não pôde consolar sua mãe sozinha.
Lucy não era muito alta, mas ela estreitava-se e, com autoridade e divindade,
em seus belos olhos azuis, falava à congregação com voz altiva e com o Espírito
de amor e sabedoria como de costume.

Após a morte de Joseph e Hyrum e após a liderança da Igreja passar a
Brigham Young, conforme as chaves transferidas a ele e ao quórum dos doze
apóstolos pelo próprio Joseph logo antes de seu aprisionamento na cadeia de
Carthage, então na Conferência Geral da Igreja em 1845, Lucy pediu a palavra, e
perguntou aos membros da Igreja se eles a consideravam uma mãe em Israel.
Brigham Young então anunciou-a como “Mãe Smith é uma mãe em Israel,
aqueles que concordem, por favor, confirmem dizendo ‘Sim’”. Toda a
congregação, em uníssono, confirmou com um sonoro “Sim”. (26)

Lucy consolou suas noras pela perda de ambos os maridos, seus filhos, e
também seus netos com extremo amor. Muitos dos apóstolos e testemunhas das
placas de ouro e dos anjos e autoridades divinas a chamavam de mãe, incluindo
suas famílias. Embora Brigham Young tenha prometido cumprir todos os
desejos de Joseph em relação a cuidar de sua família após sua morte, e após
Emma discordar dele em algumas das revelações em que ela já discordava do
marido quando vivo e não seguir viagem com os santos, Lucy temeu que não
pudesse seguir os santos, na época morava com suas filhas Sophronia,
Katharine e Lucy, além de William que estava longe em missão. Sua saúde
estava muito delicada e não poderia acompanhar os santos na longa viagem
pelo rio Mississippi naquele fatídico inverno, e a Igreja pagou por suas despesas
de moradia e todas as suas necessidades pelos anos seguintes, até sua morte.

As irmãs de Joseph se casaram e criaram suas famílias em outras cidades,
assim como Emma casou-se novamente com Louis Bidamon, e ele conseguiu
adquirir parte das terras dos santos em Nauvoo. Antes de Wilford Woodruf sair
em missão para a Inglaterra, ele fez questão de visitar Mãe Smith em Nauvoo, e
ela lhe pediu por uma bênção do sacerdócio na ocasião. Brigham também
enviava constantemente líderes da Igreja em Nauvoo e outras cidades para
visitá-la constantemente e ter certeza de que suas necessidades eram atendidas.

Quando sua filha mais nova, Lucy, se casou, ela e o marido cuidaram da
Mãe Smith por alguns anos. Em 1852, Mãe Smith desejou ficar mais próxima
dos familiares que já haviam falecido, e queria ser enterrada próxima a Joseph,
Hyrum e seu esposo Joseph Sênior, e aceitou o convite de Emma para ir morar
com ela e seu novo marido, até sua morte em 14 de maio de 1856. Ela escreveu
um livro que foi publicado em 1853 sobre a biografia de Joseph. Seu filho
William mais tarde tornou-se o patriarca da Igreja. (27)

Lucy nos traz tantos exemplos como grande mulher em seu papel
primordial ao criar um profeta de Deus, como mãe dos santos, sogra adorável,
esposa amorosa. Ela também deixou o exemplo magnífico de registrar muito da
história de vida de seu filho em seu livro “A História de Joseph Smith por Sua
Mãe” (28), onde ele o confirma como profeta de Deus e da Restauração da Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. A dor constante da perda de seus
filhos e marido fora confortada pela esperança da ressurreição de Cristo, que
ela tão bem sabia e testificava corajosamente, e das ordenanças recebidas sobre
famílias eternas, fortaleceram seu doce maternal espírito até o final de seus
dias. Assim como Lucy, podemos ensinar nossos filhos a como fortalecer nossa
fé, buscar conhecimento e um testemunho pessoal de que o Senhor traz
revelações pessoais a quem buscar.
REFERÊNCIAS DAS MULHERES CITADAS EM
PÉROLA DE GRANDE VALOR


As filhas de Onitah – Abraão 1:11-12.
As duas mulheres de nome Egito, uma esposa de Ham (Gênesis 9:24-29), a
outra a filha de Ham. A esposa – Abraão 1:23; a filha – Abraão 1:24.
Esposas e filhas de Jafet – Abraão 1; Gênesis 9:22, 27; 10:2-5.

AS MULHERES HOJE
E NOSSA RELAÇÃO COM JESUS CRISTO

Embora não tenhamos nossos nomes nas escrituras sagradas, nossos
profetas modernos têm nos falado diretamente, e esses ensinamentos estão
incluídos em nosso livro da vida pessoal. As muitas mulheres da Igreja, onde eu
e você nos encaixamos, que hoje seguem o Salvador Jesus Cristo, e vivem o
Evangelho eterno e os convênios templários da melhor forma que podemos, em
meio a tantas adversidades modernas.

Hoje talvez não soframos o tipo de perseguição que os santos no início da
restauração da Igreja sofreram, mas ainda estamos à mercê dos dardos
inflamados do inimigo, e pior, talvez dentro de nossa própria casa, através da
televisão e da internet.

Somos filhas do Pai Celestial e Ele nos ama, e temos a responsabilidade de,
não somente servir uns aos outros, mas fortalecer o testemunho uns dos outros,
nos preparando para a Segunda Vinda de Cristo, vivendo nossos convênios para
que possamos chegar, com nossas famílias, à Exaltação.

Somos parte essencial do Plano de felicidade de nosso Pai Celestial. Somos
responsáveis pelo bem-estar de nossos filhos, juntamente com nossos maridos,
e assim formarmos a família de Deus. Somos testemunhas, dotadas de muitos
talentos, promessas e bênçãos que o Senhor tem nos dado para que ajudemos a
avançar Seu Reino nessa esfera em que vivemos.

Eva foi a obra-prima da criação, e somente após Ele a ter criado, Ele
descansou (29). Somos descendentes também da mãe Sara, e através de seu
exemplo, sabemos que nada é impossível para o Senhor, e que Suas promessas
são cumpridas. Com o exemplo de Rebeca, aprendemos que se desenvolvermos
qualidades e vivermos em retidão, estaremos preparadas para o trabalho que o
Senhor tem para nós na hora em que Ele nos chamar. Com Raquel e Lia
aprendemos que comprometimento e paciência são qualidades divinas, e que
com humildade cumpriremos a medida de nossa criação.

Com Rute e Noemi, vemos que caridade pode destruir barreiras e salvar
vidas, e quando somos gentis e carinhosas, formamos amizades eternas umas
com as outras, e com o corpo da Igreja de Cristo, preparando-nos para a vida
eterna. Ana, mãe de Samuel, deu-nos o exemplo maior de abnegação e
altruísmo, confiando e tendo fé que o Senhor cumpriria Sua promessa e lhe
daria um filho, e ela mesma foi fiel ao conceber e abrir mão da educação de
Samuel para que ele servisse o Senhor e se tornasse um dos profetas do povo do
Senhor. Abigail nos ensina que a sabedoria e temperança das escolhas que
fazemos em retidão traz consequências e bênçãos não somente a nós, mas
aqueles que nos cercam. A viúva de Sarepta nos ensina que antes de recebermos
nossas bênçãos, precisamos pagar o nosso dízimo, e exercitarmos a nossa fé.
Ester nos traz a coragem de viver em retidão e fazer o que é certo
independentemente das circunstâncias.

Maria, Mãe de Jesus Cristo, aceitou e magnificou o mandamento de Deus
para sua vida como somente ela podia, e através dela, nosso Pai Celestial nos
trouxe o Salvador Jesus Cristo para redimir toda a humanidade. A profetiza Ana
nos ensina que quando o Senhor nos abençoa com talentos, devemos usá-los
para servi-Lo, e assim veremos as bênçãos de nossa obediência ainda em vida.
Elizabeth, mãe de João Batista, foi escolhida para gerar o grande missionário
que prepararia a vinda de Jesus Cristo em sua época, e também foi testemunha
ocular de Cristo, embora tenha recebido a confirmação do Espírito antes de Seu
nascimento.

A mulher no poço nos ensina que, quando ganhamos um testemunho de
Jesus Cristo, somos tomadas pelo desejo de compartilhá-lo com outros para que
sintam a mesma alegria e tenham suas bênçãos que lhes estão reservadas.
Aprendemos que ao viver o Evangelho vivo, tomamos da Água Viva que nos traz
vida eterna suprindo assim nossa sede de felicidade, paz e vida eterna.

O exemplo de Maria e Marta nos ensina o princípio de que podemos
organizar nossas vidas em prioridades atentando para o que é bom, muito bom
ou excelente. Dallin H. Oaks disse que “Jesus ensinou esse princípio na casa de
Marta. Enquanto ela estava “distraída em muitos serviços” (Lucas 10:40), sua
irmã Maria, “assentando-se (…) aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra” (versículo
39). Quando Marta reclamou que sua irmã deixara todo o trabalho para ela,
Jesus elogiou Marta por sua diligência (versículo 40), porém ensinou: “mas uma
só [coisa] é necessária; E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada”
(versículos 41–42). Marta tinha motivos legítimos para ficar “ansiosa e
afadigada com muitas coisas” (versículo 41), mas aprender o evangelho com o
Mestre dos mestres era ainda mais “necessário”. Outras escrituras também
ensinam que algumas coisas trazem mais bênçãos do que outras (Atos 20:35;
Alma 32:14–15).

O exemplo da mulher com o fluxo de sangue demonstra que nossa fé em
Jesus Cristo e nossos esforços de nos achegarmos a Ele, pode curar-nos dos
males mais impossíveis. Bem como a mulher pega em adultério nos ensina que
não devemos julgar outros, somente o Senhor pode fazê-lo. Se aplicarmos o
perdão e tolerância com aqueles que erraram, teremos mais resultados
positivos do que a palavra dura ou as pedras do julgamento.

Maria Madalena nos ensina que conforme ganhamos um testemunho de
Cristo, temos a responsabilidade de testificar a outros da Expiação e
ressurreição que fazem toda a diferença em nossa busca da vida eterna, bem
como agir com fé e fazer a nossa parte para servir ao próximo, como Tabita o
fez.

Saria demonstra que toda mãe que vive em retidão e conhece os desígnios
e a benevolência do Pai Celestial pode ensinar seus filhos, por exemplo, a como
ter fé, e também a como arrepender-se e controlar suas próprias fraquezas. Da
mesma forma, Abis, que deu uma contribuição invisível para alguns, cada uma
de nós não é invisível para Deus. As mães dos guerreiros de Helamã
demonstram que nossos testemunhos como mulheres e mães pode influenciar e
inspirar gerações.

Lucy Mack Smith foi exemplo para sua família e ensinou-os a buscar
independência e autossuficiência, não somente temporal, mas espiritual. Emma
Hale Smith nos ensina a amar, apoiar nossos esposos para que possam ser
instrumentos do Senhor e fazer o Seu trabalho, preparando a Segunda Vinda de
Seu Filho, Jesus Cristo.

Que nunca nos esqueçamos de que somos filhas e filhos de Deus. A partir
das histórias de algumas das grandes mulheres, vemos nitidamente que Jeová
no Velho Testamento, como sendo Jesus Cristo no Novo Testamento, tratou as
mulheres como iguais, dando-as as mesmas oportunidades de aprender e
testificar. Somos iguais aos olhos de Deus, com responsabilidades e capacidades
diferentes, porém temos o mesmo direito e acesso ao poder do Sacerdócio que
os homens. Nossa intuição ao fazer o bem conforme seguimos o Espírito, nossa
força e autoridade moral elevam nossa influência a todos a nossa volta,
principalmente nossas famílias e muitas gerações.

Margaret Nadauld explicou com excelência a posição da mulher: “As filhas
de Deus sabem que a natureza maternal da mulher pode proporcionar bênçãos
eternas e vivem de modo a cultivar esse atributo divino. Com toda certeza,
quando uma mulher reverencia a maternidade, os filhos irão levantar-se e
chamá-la bem-aventurada” (Provérbios 31:28). (31)

As mulheres de Deus jamais podem ser como as mulheres do mundo. O
mundo já tem muitas mulheres agressivas; precisamos de mulheres ternas. Já
há muitas mulheres grosseiras; precisamos de mulheres gentis. Há muitas
mulheres ríspidas; precisamos de mulheres refinadas. Existem muitas mulheres
que têm fama e fortuna; precisamos de mais mulheres de fé. Já existe ambição
bastante; precisamos de mais bondade. Existe orgulho suficiente; precisamos de
mais virtude. Já temos popularidade demais; precisamos de mais pureza.

Oh, oremos com fervor para que toda moça cresça até a medida completa
de seu maravilhoso potencial. Oremos para que sua mãe e pai mostrem-lhe o
caminho certo. Que as filhas de Deus possam honrar o sacerdócio e apoiar os
seus portadores dignos. Que elas possam compreender a grande capacidade
que têm de ser fortes nas virtudes eternas que alguns ridicularizam neste
mundo de liberação das mulheres.

Que as mães e pais possam compreender o grande potencial de realizar o
bem que suas filhas herdaram de seu lar celestial. Precisamos nutrir sua
delicadeza, sua predisposição maternal, sua espiritualidade e sensibilidade
inatas e seu intelecto brilhante. Alegrem-se com o fato de que as meninas são
diferentes dos meninos. Sejam gratas pela posição que elas ocupam no
grandioso plano de Deus.

E lembrem-se sempre do que disse o Presidente Hinckley: “Somente após
a criação da Terra, após a separação do dia e da noite, após a divisão das águas e
da porção seca, após a criação da vida vegetal e animal e após o homem ser
posto sobre a Terra a mulher foi criada; e só então o trabalho foi dado por
terminado e bom”. (29)
JESUS CRISTO
E AS MULHERES

Como vimos na história destas grandes mulheres, ainda no Velho
Testamento, as leis judaicas trouxeram ao Novo Testamento uma porção de
costumes vividos de forma muitas vezes farisaica. Aos homens era requerido
orar e ler as escrituras, mas não às mulheres. Os locais como sinagogas e os
templos tinham locais separados para homens e mulheres. Elas não podiam ler
em voz alta ou prestar testemunho em frente à congregação. Mulheres sequer
eram identificadas em livros de história e mesmo escrituras a não ser que
tivessem alguma influência socioeconômica ou proeminência social.

E então o anjo Gabriel anunciou à Maria de Nazaré a vinda do Filho de
Deus.

Jesus Cristo desafiou todas essas leis. Ele fez as mulheres bem-vindas tão
quanto os homens discípulos, onde quer que Ele estivesse e onde fosse.

1. Jesus falou com as mulheres em público.

Ele recusava-se a tratá-las de modo inferior. Ele as tratava com respeito,
reconhecia sua dignidade, desejos e talentos. Como quando Ele visitou um
funeral, falou com a mãe viúva em Nain, e trouxe seu filho de volta à vida (Lucas
7:11-17).

Ele curou uma mulher que estava tomada por um espírito e aleijada por 18
anos (Lucas 13:12). Quando o líder da sinagoga ficou indignado que o Salvador
havia curado uma mulher no sábado, Cristo a intitulou respeitosamente de
“filha de Abraão” (Lucas 13:16), enquanto a expressão “filho de Abraão” era
usada para indicar um homem judeu reconhecido e investido por convênio com
Deus, e mulheres nunca haviam sido chamadas de “filhas de Abraão”. Com esse
título, Jesus reconheceu-a como igual.

No poço de Jacó, enquanto passava por Samaria, Jesus ignorou dois dos
códigos de ética e comportamento judaico. Ele iniciou uma conversa com uma
estrangeira, ainda mais sendo ela samaritana, e também mulher. Ela mesma se
surpreendeu com Sua atitude, e questionou se Ele podia fazê-lo (João 4:4-42).
Ele então lhe propôs uma longa conversa, onde inclusive lhe pediu por água do
poço, e, novamente, ela se surpreendeu (João 4:9). Ele a conhecia e sabia de
suas dificuldades, após sete maridos, e como seu coração solitário e
decepcionado se encontrava. Até mesmo João estranhou seu comportamento
(João 4:27). Mas Sua atenção e amor a ela fez com que ela tivesse o desejo de
mudar toda a sua vida, e ela se tornou uma missionária maravilhosa, prestando
testemunho do Salvador em todo lugar que fosse. Embora, na época, o
testemunho de uma mulher não era contado como confiável ou era muito raro,
após aquele encontro, o testemunho dela era tão forte que surpreendeu e
acabou convertendo a muitos.

2. Jesus demonstrou-lhes respeito e compaixão.

Cristo se recusou a ver as mulheres como impuras ou merecedoras de
punição. Ele entendia que o fluxo de sangue era a beleza do dom da vida, e sabia
que a cultura da época considerava mulheres impuras quando nesse estado, ou
seja, enquanto menstruadas, mulheres não podiam participar dos rituais
religiosos, e até mesmo quem as tocassem ou fossem tocadas por elas também
se tornavam impuros.

Jairo, um oficial da sinagoga, procurou por Jesus e lhe implorou para que
pudesse curar sua filha. No caminho, enquanto Jesus e os discípulos se dirigiam
à casa de Jairo, uma mulher aflita e sofrendo de um fluxo de sangue por muitos
anos tocou as vestes do Senhor quando ele caminhava em meio à multidão
(Lucas 8:43-48). Pelo ritual judaico, Jesus estaria então impuro, mas ela ficou
surpresa com sua reação. Ele não disse uma palavra sequer a ela sobre
impureza, mas chamou-a de “Filha”, disse que sua fé a salvou e pediu que ela
fosse em paz (Lucas 8:48).

Jesus reconheceu a dignidade das mulheres em situações que, pelas leis e
rituais da época, seriam julgadas e apedrejadas. Ele defendeu uma mulher
quando encontrada em adultério (João 8:3-11), agindo com compaixão e
tratando-a com respeito. Os escribas e fariseus que trouxeram a mulher a Jesus
e apresentaram o caso o fizeram propositalmente, esperando que ele rejeitasse
a lei de Moisés em favor da mulher. Mas Cristo sabiamente desafiou
completamente o debate da lei naquele momento e os confrontou com uma
verdade fundamental – que nenhum deles estava limpo de pecados. Quando os
acusadores saíram, Jesus falou com a mulher com compaixão. Ele não
racionalizou seu pecado, mas lhe convidou a viver com liberdade e lhe deu a
escolha de mudar sua vida e a imagem que tinha de si mesma. (30)

3. Jesus deu às mulheres o direito de adorar.

Diferente dos rabinos de sua época que separavam ou não permitiam
mulheres em seus rituais, Ele pregava e ensinava as escrituras e a doutrina pura
do Evangelho às mulheres, aceitando-as como discípulos.

Ele permitiu que elas o seguissem e pregassem e proclamassem o Reino de
Deus com Ele. Os doze apóstolos os acompanhavam, e com eles muitos outros
discípulos, incluindo muitas outras mulheres, como Joanna, a esposa de Chuza,
que era servo de Herodes; Susanna, a quem o Salvador também expulsou
demônios, e tantas outras.

Marcos relatou que muitas das mulheres que o ajudaram estavam
presentes na crucificação. Este é um direito fenomenal, dado a que o costume
era que mulheres não podiam aprender ou ler as escrituras ou sequer deixar
seus lares.

4. Jesus apresentou mulheres como modelos de fé.

Jesus apresentou algumas mulheres como exemplos de fé entre seus
discípulos. A viúva de Sarepta (Lucas 4:24-26), a Rainha do Sul (Lucas 11:31), as
cinco virgens fiéis na parábola das Dez Virgens (Mateus 25:1-13), a viúva
persistente (Lucas 18:1-8), a pobre viúva e seus dois centavos (Lucas 21:1-4).

A história da viúva que deu as duas moedas de cobre no templo aparece
também em Marcos 12:41-44. Ela deu o total de seus pertences numa época que
mulheres tinham acesso limitado ao templo em Jerusalém, e Cristo, naquele
momento, em meio a homens influentes e socioculturamente ricos, colocou-a
como exemplo sobre todos eles.

6. Jesus concedeu-lhes o direito à revelação pessoal e direta.

Ele declarou-se como Messias à mulher Samaritana no poço, e ela se
tornou uma grande missionária, fazendo grande parte da cidade em que morava
passar a acreditar em Cristo. Ele declarou-se “A ressurreição e a vida” à Marta
em frente ao túmulo de Lázaro antes de ressuscitá-lo (João 11:25). Ele chamou
Maria Madalena pelo nome em frente à tumba vazia na manhã da ressurreição
(Marcos 16:11).

Ele lhes permitiu saberem por si mesmas, e descobrirem a verdade, não da
boca de um marido ou pai, mas frente a frente, respeitando-as por quem eram.
Tanto, que as mulheres se juntaram aos apóstolos em oração entre a ascensão
de Jesus e o dia de Pentecostes (Atos 1:13-14).

5. Jesus explicou o poder do Sacerdócio dado aos homens.

Embora houvesse mulheres ministrando, pregando e liderando partes de
Sua Igreja em sua época, não havia mulheres entre os Doze Apóstolos, nem
gentios ou Samaritanos. Todos os doze eram homens judeus. Isso não impedia
as mulheres, gentios e samaritanos, de se beneficiarem de todas as bênçãos e
responsabilidades, mas os doze apóstolos chamados por Jesus foram escolhidos
em simbolismo aos doze patriarcas das doze tribos de Israel, cada uma
encabeçada por um filho de Jacó, respeitando a linhagem do Sacerdócio de
Melquisedeque.

O papel de apóstolo previamente ensinado por Abraão a Jacó, e por Jacó a
Isaque, era de que o chamado era feito por Deus, e conferido as chaves após a
ordenação. O chamado de apóstolo englobava a função pessoal como
testemunha especial da divindade de Jesus Cristo, e era conferido por
ordenação, ou seja, Jesus Cristo os escolheu, eles foram batizados por João
Batista e pelo próprio Jesus Cristo (João 3:22, 20:22), confirmando a eles o
Espírito Santo pela imposição das mãos.

Cristo explicou em João 15:16 a ordem de Sua Igreja e apostolado, quando
disse, “Não me escolhestes vós a mim, porém eu vos escolhi a vós, e
vos designei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; para que
tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.”

Jesus Cristo era o sumo sacerdote e possuía o sacerdócio permanente,
conforme explicado em Hebreus 7:23-28; 9:11-14 e 10:10-14. Outras passagens
bíblicas que mencionam Jesus Cristo como nosso Sumo Sacerdote: Romanos
3:25-26; 4:25; 5:1-2, 8-9; 8:32-34; 1 Coríntios 11:23-26; Gálatas 1:4; 2:20; 3:13-
14; Efésios 1:7; Filipenses 2:8; 3:10-11; Colossenses 1:13-14, 20, 22; 3:1-4; 1
Timóteo. 2:5-6; 1 João 2:2; 4:10.

O padrão começa em Deus Pai, ao chamar um profeta, e conferir a ele as
chaves do sacerdócio, que é o poder e autoridade de dirigir o trabalho de Deus
na terra (Amós 3:7). Este trabalho inclui ordenanças necessárias para a
salvação, tais como ser batizado e receber o Espírito Santo (João 3:5). Desta
forma, Deus apontou Adão, Enoque, Noé, Abraão e Moisés para estabelecer Sua
Igreja aos Seus discípulos.

As mulheres seguidoras de Cristo não só entendiam essa ordem sacerdotal
como apoiavam os apóstolos como mentores e testemunhas especiais de Cristo.
As mulheres líderes na Igreja primitiva, conforme as cartas de Paulo,
trabalhavam juntamente com os irmãos nas igrejas liderando as mulheres e
crianças, lado a lado com os homens, chamados e escolhidos de acordo com sua
posição no Sacerdócio.

Na história de Maria Madalena, podemos entender que o papel das
mulheres na época de Cristo era justamente a ajuda constante aos apóstolos e
os discípulos de Jesus e toda a missão da Igreja de Cristo.

Após a morte dos apóstolos e discípulos que deram suas vidas pelo
Evangelho de Cristo, a colisão entre o mundo especulativo da filosofia grega e a
fé literal e simples dos cristãos primitivos produziu grandes contenções e
ameaçou divisões políticas do idólatra e já fragmentado império romano. O
Deus tangível, materializado no Novo Testamento, deu lugar então ao ser
intangível da deidade, e uma restauração se fez necessária após séculos de
separação dos ensinamentos puros de Cristo.

Da restauração do Evangelho através da visão do Pai e do Filho a Joseph
Smith aos dias de hoje, todas as bênçãos da Igreja primitiva estão acessíveis aos
filhos e filhas de Deus, conforme se preparam para entrar na presença de Deus
ao serem exaltados, e tanto a homens e mulheres. Esta é a fé que nos dá alegria,
força e paz para confrontar os desafios da vida mortal como ensinada por
Cristo.

7. Jesus orientou-as a trabalharem em conjunto com os homens na
liderança da Igreja e trabalho missionário.

Nas cartas de Paulo, em Atos dos Apóstolos, é claro que as mulheres que
eram discípulas de Jesus assumiram posições de liderança na Igreja primitiva,
ao lado dos homens. Em Romanos 16, dez líderes de vinte e nove igrejas eram
mulheres e ele as agradeceu pelo nome. Phoebe e Prisca, cujo marido Aquila era
um missionário poderoso, encabeçam a lista. Isso constitui evidência do
equilíbrio de gênero, conforme Paulo descreveu em sua carta aos Gálatas 3:28:
“Nisso não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há homem nem
mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.”

Foi neste mesmo período, quando Constantino e o império greco-romano
expandiu os costumes e ideais onde a liderança por mulheres em esferas
públicas violava as esferas político-religiosas, o rápido crescimento de
comunidades divergentes continuou e a igualdade infelizmente desapareceu.

8. Jesus ensinou que tanto direitos como responsabilidades são dados a
homens e mulheres na busca da exaltação.

O Senhor Jesus Cristo considera as mulheres como iguais, dignas e
merecedoras de todas as bênçãos reveladas sob os céus para nossa dispensação
na mesma proporção que os homens. Ele mesmo explicou sobre o reino dos
céus e o respeito às mulheres, seus direitos, talentos, ideias como iguais na
pequena parábola descrita em Mateus 13:33:

“O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher, pegando-o,
introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado.”

Ele reconhecia os dons ao discipulado das mulheres e não tinha medo de
chamá-las, pois se elas realmente conhecessem a História e o legado divino de
seus antepassados e entendessem Seu Evangelho, indubitavelmente apoiariam
seu Sacerdócio. E assim, Ele exemplificou como sua participação na Igreja
poderia ser levedada, fazendo bem-vindas sua criatividade e espiritualidade na
participação de tudo.

A Proclamação ao Mundo revelada nos últimos dias pelo Pai Celeste aos
profetas chamados nesta dispensação exemplifica os ensinamentos de Jesus
Cristo a respeito da igualdade de direitos e responsabilidades de homens e
mulheres no círculo familiar e eterno.

O chamado das mulheres ao discipulado é ainda mais milagroso se
considerarmos as versões dos Evangelhos em relação à Ressurreição de Cristo.
Todos os quatro evangelhos mostram Maria Madalena, Joanna, Maria de Nazaré,
Maria mãe de Tiago e José, Salomé e outras mulheres que acompanharam Jesus
até sua morte, e após em Sua ressurreição, e continuaram firmes prestando
testemunho de Sua divindade.

Entendamos que a primeira pessoa que viu o Cristo ressurreto foi Maria
Madalena, uma mulher, e isso é considerado por acadêmicos e estudiosos da
Bíblia como evidência suficiente para a historicidade de Jesus Cristo e toda a
doutrina e história do Cristianismo. Há inúmeros relatos, além das escrituras
sagradas que confirmam os fatos. Se tudo isso tivesse sido fabricado e
simplesmente inventado, jamais teria incluído o testemunho de mulheres, numa
sociedade que as rejeitava como testemunhas legais.

Como mulheres, que possamos estreitar nosso relacionamento com nosso
Salvador Jesus Cristo a cada dia. Margaret Nadauld sabiamente descreveu as
mulheres que possuem uma relação pessoal com Cristo, quando disse: “As
mulheres de Deus jamais podem ser como as mulheres do mundo. O mundo já
tem muitas mulheres agressivas; precisamos de mulheres ternas. Já há muitas
mulheres grosseiras; precisamos de mulheres gentis. Há muitas mulheres
ríspidas; precisamos de mulheres refinadas. Existem muitas mulheres que têm
fama e fortuna; precisamos de mais mulheres de fé. Já existe ambição bastante;
precisamos de mais bondade. Existe orgulho suficiente; precisamos de mais
virtude. Já temos popularidade demais; precisamos de mais pureza.” (31)
SOBRE A AUTORA

C. A. AYRES possui trabalhos publicados em várias línguas, entre elas inglês,
português, italiano e espanhol.

Os livros e artigos de C. A. Ayres já foram lidos por mais de 320 milhões de
leitores em todo o mundo.

Nascida no Brasil em uma família mista de portugueses, ingleses, irlandeses e
especialmente italianos, Ayres cresceu em torno de livros e ama a leitura e a
escrita. A partir dos seis anos, assim que aprendeu a ler e a escrever, ela
transcrevia os livros de seu pai que não possuía a luz dos olhos. Seguindo o
exemplo de sua mãe, ele lhe ditava palavras, ou “traduzia” do braile como ele a
ensinara. Mais tarde, ele lhe deu seu primeiro gravador e máquina de escrever e
ela pode começar a escrever também seus próprios trabalhos, além de diários,
redações premiadas e concursos que ganhou.

A tendência do pai à perfeição impressionou e levou Ayres a uma carreira de
sucesso em Comunicações - Jornalismo e posteriormente, Psicologia e
Educação.

Ayres, que vive nos Estados Unidos depois de estudar e trabalhar ao redor do
mundo, é defensora da família, da vida e das mulheres, educando-as a
reconhecer e denunciar o abuso e a violência doméstica, pornografia e aborto.
Ela também é colunista de vários jornais e revistas em várias partes do mundo.

A rica história cultural de Ayres fez da família o foco de sua vida e trabalho na
escrita. Positividade e trabalho duro são a essência de sua identidade como
mulher, mãe e esposa. Para Ayres, sua família tem sido o berço de lições de vida
que a inspiram a escrever.

A formação de Ayres em Jornalismo e Psicologia tem lhe servido bem, e a sua
escrita visa elevar e inspirar os seus leitores através de todas as verdades, por
vezes difíceis, que acompanham as alegrias da vida familiar e conjugal.

Acima de tudo, sua empatia a fez passar por muitos desafios, e ela foi abençoada
com uma personalidade contagiante. Seu amor por Jesus Cristo e o estudo das
escrituras sagradas faz parte de seu dia-a-dia, o que a ajuda na crença de que
somos todos filhos e filhas de um Deus amoroso e que merecemos ser felizes.

Para conhecer mais sobre seu trabalho, visite https://www.caayres.com/.

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