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REVISÃO DE CONCEITOS
Neste material, estão explicados os principais conceitos que foram estudados nas propostas deste semestre. Os trechos sublinhados
são ideias-chave referentes a cada um desses conceitos. Nas caixas de texto, estão citações que foram extraídas das coletâneas. São
excertos que poderão ser utilizados em redações sobre diferentes temáticas.
CONCEITO 1 DÚVIDA
Por desejar então ocupar-me somente com a pesquisa da verdade,
pensei que era necessário rejeitar como absolutamente falso tudo aquilo em SAIBA MAIS!
que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, após isso, não restaria
algo em meu crédito, que fosse inteiramente indubitável. René Descartes (1596-1650) foi um filósofo francês precursor do
Assim, porque os nossos sentidos nos enganam às vezes, quis supor que movimento racional-científico. Considerado o pai do racionalismo,
não havia coisa alguma que fosse tal como eles nos fazem imaginar. E, defendeu a tese de que a dúvida era o primeiro passo para se chegar ao
porque há homens que se equivocam ao raciocinar, rejeitei como falsas, conhecimento.
julgando que estava sujeito a falhar como qualquer outro, todas as razões que
eu tinha tomado até então por demonstrações. E, enfim, considerando que todos os mesmos pensamentos que temos quando despertos nos podem também
ocorrer quando dormimos, sem que haja nenhum, nesse caso, que seja verdadeiro, resolvi fazer de conta que todas as coisas que até então haviam entrado no
meu espírito não eram mais verdadeiras que as ilusões de meus sonhos.
Logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E,
notando que esta verdade: “eu penso, logo existo”, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de
a abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da Filosofia que procurava.
Depois, examinando com atenção o que eu era, e vendo que podia supor que não tinha corpo algum e que não havia qualquer mundo, ou qualquer lugar
onde eu existisse, mas que nem por isso podia supor que não existia; e que, ao contrário, pelo fato mesmo de eu pensar em duvidar da verdade das outras
coisas, seguia-se evidente que eu existia; ao passo que, se apenas houvesse cessado de pensar, embora tudo o mais que alguma vez imaginara
fosse verdadeiro, já não teria razão alguma de crer que eu tivesse existido; compreendi por aí que eu era uma substância cuja essência ou natureza
consiste apenas no pensar.
Depois disso, considerei em geral o que é necessário a uma proposição para ser verdadeira e certa; pois, como acabava de encontrar uma que eu sabia ser
exatamente assim, pensei que devia saber também em que consiste essa certeza. E, tendo notado que nada há no “eu penso, logo existo” que me assegure
de que digo a verdade, exceto que vejo muito claramente que, para pensar, é preciso existir, julguei poder tomar por regra geral que as coisas que concebemos
distintamente são todas verdadeiras, havendo apenas alguma dificuldade em notar bem quais são essas coisas.
René Descartes. Discurso sobre o método. São Paulo, Abril Cultural, 1983. [Adaptado].
C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
Em tempos distantes, antes de Cristo, Sócrates e seus discípulos ficaram conhecidos por um método de buscar o conhecimento
pela dúvida. A Maiêutica direcionava o interlocutor a duvidar do seu saber para somente então levá-lo a pensar por si mesmo,
desestimulando-o de valores sociais antes absolutos. Os filósofos faziam apenas a mediação. No entanto, na contemporaneidade, esse método
perde seu destaque pelas respostas prontas, pelo desestímulo ao pensamento e, também, pelo advento da tecnologia.
CONHEÇA MAIS SOBRE O “Só existe uma maneira de conhecer a verdade: conhecendo-se a si
PENSAMENTO SOCRÁTICO COM mesmo” (Paráfrase do pensamento socrático presente no vídeo ao lado,
O VÍDEO “SÓ SEI QUE NADA SEI”. lançado em 2016)
CONCEITO 2 EDUCAÇÃO: DIREITO OU MERCADORIA?
Há muitas contradições e tensões na educação. As principais se devem a
que em alguns momentos focamos a educação mais como direito – SAIBA MAIS!
educação para todos – enquanto que, em outros, o foco é a educação
José Moran é professor, conferencista e orientador de projetos de
como negócio – como bem econômico, serviço, que se compra e vende,
transformação da educação por meio de tecnologias.
se organiza como empresa e onde se busca a maior rentabilidade, lucro e
retorno de investimento.
Quando damos ênfase à dimensão integral do ser humano, à integração entre ideias, sentimentos e valores, focamos a educação como necessidade e direito
de todos, de formar cidadãos críticos. Quando a ênfase recai sobre os investimentos, predomina a visão da educação como negócio, em que a dimensão de
direito, humanística e integral, costuma permanecer num segundo plano. Avança a consciência da importância da educação para todos e, simultaneamente,
avançam as oportunidades de ampliação das empresas educacionais em grandes grupos econômicos, que buscam novas formas de gestão, de capitalização, de
mercado e de retorno financeiro.
A educação pública costuma ser identificada como direito, como dever social, como construção de identidade pessoal e grupal (embora também
haja muita acomodação, corporativismo e desperdício de recursos). Já a educação privada está mais associada ao bem econômico, ao negócio, ao
investimento financeiro assim como nem toda a educação privada só se preocupa com o aspecto mercadológico.
Estamos numa fase de profundas transformações, que nos estão levando a reorganizar todos os processos de ensino e aprendizagem, incluindo a oferta de
atividades a distância, a flexibilização do currículo etc. Contudo, se predominar a concepção administrativa sobre a pedagógica, poderemos criar com tecnologias
novas processos velhos ampliados. É preciso inovar, avançar, criar uma educação mais próxima do aluno de hoje e das possibilidades de uma sociedade
conectada, mas mantendo os valores humanos, afetivos e éticos cada vez mais vivos e predominantes. Podem conviver a educação como direito e como negócio,
de forma equilibrada.
C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
A lógica econômica que constitui o programa educacional brasileiro, há tempos já denunciado por Darcy Ribeiro, simula uma
ineficiência e coloca a escola como empresa que provê capital humano. Esse programa, que subverte qualquer equação matemática, a não
ser a equação neoliberal, coloca em emergência um discurso sobre a necessidade de renovação da escola, mas seu resultado revela uma
necessidade puramente utilitarista, como agora denuncia o sociólogo Christian Laval em seu livro “ A escola não é uma empresa”. Ainda
segundo o sociólogo, para o neoliberalismo, o que interessa a escola é o “aprender a aprender”, o que atesta que quanto mais a escola se
organiza como empresa, mais dissolvido será o seu papel cultural, haja vista as inúmeras tentativas de tornar a escola mais “eficaz” -
imposição de metas como notas do IDEB- no fim, traduziram um processo ainda maior de sucateamento da educação brasileira.
“BRASIL IDEAL, BRASIL REAL”: Apesar de projetos inovadores estarem em vigor, o país enfrenta uma
ASSISTA A ESTA ANÁLISE SOBRE série de desafios para ampliar o acesso e melhorar a qualidade de ensino,
AS DISPARIDADES ENTRE AS como é elucidado no documentário “Brasil ideal, Brasil real | A educação
DIVERSAS INSTITUIÇÕES DE
no Brasil”, da TV Cultura.
ENSINO NO PAÍS
David Garland. The welfare state: a very short introduction. Oxford: Oxford University Press, 2016. [Traduzido e adaptado].
C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
Segundo o sociólogo brasileiro Jessé Souza, “a desigualdade social tende a se naturalizar tanto no centro quanto na periferia do
sistema”. Essa afirmação, se aplicada à realidade do Brasil, mostra-se pertinente, uma vez que a desigualdade social tem se naturalizado em
todas as regiões do país, independentemente do nível de desenvolvimento socioeconômico, em razão, sobretudo, da má distribuição de renda
e da má administração dos recursos públicos.
REFERIDO POR ALGUNS “Os deputados mais votados não necessariamente vencem uma eleição. Se
POLÍTICOS COMO “A CASA você escolheu o Joãozinho na última eleição, pode ser que o seu voto tenha
DO POVO”, ENTENDA COMO contribuído para que o Pedrinho tenha uma cadeira na Câmara.” (Matéria
FUNCIONA O CONGRESSO
da revista Superinteressante, de 2016)
NACIONAL BRASILEIRO.
C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
O que é ser jovem no Brasil? De acordo com o Estatuto da Juventude, sancionado em 2013, ser jovem no Brasil é ter direito, entre outros,
à cidadania, à participação social e política, à educação, à cultura, à profissionalização, ao trabalho e à renda. Mas como ser jovem se a sociedade
é surda, cega e muda às suas reivindicações de mudanças políticas e sociais? Mas como ser jovem se a maior parte deles tem uma educação de
baixa qualidade e, por isso, encontra dificuldades em exercer o direito ao trabalho e à renda digna? Mas como ser jovem se o acesso à cultura
ainda é privilégio dos que podem pagar por ela? Nesse contexto, levando em consideração que, segundo o inventor Dennis Gabor, “o futuro
não pode ser previsto, mas pode ser inventado”, e é essa “habilidade de inventar o futuro que torna a humanidade o que ela é”,
vivenciamos, no Brasil, uma realidade de muitas contradições, em que os protagonistas do futuro têm suas habilidades e, apesa r das muitas
expectativas, suas possibilidades ignoradas.
ESTE DOCUMENTÁRIO ABARCA “Ser um jovem brasileiro é necessariamente conviver com uma realidade de
QUESTÕES RELACIONADAS ÀS muitas contradições” (Fala de uma estudante presente no documentário
ANGÚSTIAS E PERSPECTIVAS DA “Juventude e Brasilidade – o que é ser um jovem brasileiro”, de 2011)
JUVENTUDE
CONCEITO 5 EMPATIA
A empatia tem a reputação de ser uma emoção vaga, agradável. Muitos a equiparam à bondade e sensibilidade emocional e à atitude afetuosa e atenciosa
para com os outros. Mas o que é exatamente empatia? E como ela é na prática? Em primeiro lugar, empatia é a arte de se colocar no lugar do outro por meio da
imaginação, compreendendo seus sentimentos e perspectivas e usando essa compreensão para guiar as próprias ações. Portanto, a empatia é distinta de
expressões de compaixão – como piedade ou o sentimento de pesar por alguém –, pois estas não envolvem a tentativa de compreender as emoções ou o ponto
de vista da outra pessoa.
Experimentamos empatia com frequência muito maior do que jamais imaginaríamos. Quando você percebe que uma nova colega de trabalho está
nervosa antes de uma apresentação, tente talvez imaginar a ansiedade e a insegurança que ela está sentindo e tranquilizá-la. Você vê alguém mendigando
debaixo de uma ponte, mas em vez de apenas apiedar-se (lembre-se, isso é compaixão), pense sobre como é dormir ao relento numa noite fria de inverno, com
pessoas passando a seu lado sem sequer se dar ao trabalho de olhá-lo nos olhos.
Infelizmente, evidências do déficit de empatia na sociedade estão em toda parte. No mês em que escrevo estas palavras, mais de 5 mil civis foram
mortos na guerra da Síria. Abro o jornal e leio sobre o escândalo dos padres católicos na Irlanda, acusados de molestar crianças. Novos números revelam que
dois terços dos países com alta renda têm um abismo entre ricos e pobres maior do que tinham em 1980.
Aonde chegamos até agora? Penso no século XX como a Era de
Introspecção. Essa filosofia individualista, que passou a dominar a cultura SAIBA MAIS!
ocidental, não conseguiu proporcionar a boa vida à maioria das pessoas.
O outro é tudo aquilo (humano ou não, unitário ou múltiplo) exterior a um
Por isso o século XXI precisa ser diferente. Em vez de introspecção,
eu. É impossível pensar a subjetividade sem o outro, já que o outro nos
deveríamos criar a Era da Outrospecção. Não estou sugerindo que
arranca permanentemente de nós mesmos. A alteridade é o que extrapola
deveríamos rejeitar por completo a introspecção. O problema é que o
nossa identidade. Assim, a alteridade (e seus efeitos), embora invisível,
pêndulo avançou demais em direção à introspecção.
é real: nossa natureza é essencialmente produção da diferença e a
A tragédia é que a Era da Introspecção, com seu intenso foco no eu,
diferença é a gênese de outro. Para a Física clássica, só existem os
não conduziu a sociedade ocidental à terra prometida da felicidade. Os
corpos em sua atual configuração, ocupando cada corpo um lugar e uma
níveis de satisfação com a vida praticamente não se elevaram nos países
função no todo. Nessa mecânica de corpos, o outro só existe do ponto de
ocidentais e há uma maré crescente de depressão e ansiedade: cerca de
vista do visível. Mas, se tomarmos como parâmetro a alteridade do ponto
uma em quatro pessoas na Europa e nos Estados Unidos experimentará
de vista do invisível – ou seja, o outro para além do eu e em sua diferença
um problema de saúde mental em algum ponto da vida. Isso dificilmente
–, podemos dizer que estamos diante de uma espécie de mundo sem
poderia ser descrito como uma situação feliz.
alteridade. Já na Física contemporânea, a alteridade agora é entendida e
Mas não sejamos ingênuos. A empatia não é uma panaceia
vivida como dimensão na qual se opera uma permanente produção de
universal para todos os problemas do mundo, nem para todas as lutas
diferença, cujo efeito é uma complexificação cada vez maior do
que enfrentamos em nossas vidas. É importante ser realista com relação ao
mundo.
que ela pode e não pode realizar.
Roman Krznaric. O poder da empatia: a arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. [Adaptado].
LEANDRO KARNAL FALA “O mal é banal. O mal é comum. O mal é presente. O mal está em muitos
SOBRE “A BANALIDADE DO lugares.” (Fala de Leandro Karnal reproduzindo o pensamento de Hannah
MAL” DE HANNA ARENDT Arendt, em entrevista à TV Cultura, 2017)
C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
"Ler não é caminhar sobre as letras, mas interpretar o mundo e poder lançar sua palavra sobre ele, interferir no
mundo pela ação." As palavras do grande mestre e filósofo da educação Paulo Freire -que, em tempos de mediocridade
intelectual, tem sido alvo da barbárie fascista que assola este país - traduzem a importância do ato de ler para efetivação da
cidadania. No Brasil escola, esse direito tem sido - mais do que nunca - posto de lado pelas instituições sociais, que transpõem
prioridades imediatistas (dando ênfase à redundância) e superficiais à educação de nossos proto-cidadãos; e - mais do que
nunca - necessária à salvação da autonomia - como poder, legitimamente, discordar da grandiosidade de Freire. O direito à
leitura, como responsável maior no combate à ignorância e à opressão, deve ser inalienável!
SAIBA MAIS SOBRE SOBRE O “Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis tem essa coisa
CONTEXTO HISTÓRICO DO extraordinária de ser cético em relação ao progresso” (Excerto extraído da série
GRANDE CRÍTICO DA SOCIEDADE “Mestres da Literatura”, produzida pela TV Escola em 2016)
ESCRAVAGISTA BRASILEIRA.
C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
Se o corpo é uma construção histórica e cultural, quais são as verdades e prescrições que o atravessam na
contemporaneidade? Segundo Guy Debord, “ toda a vida das sociedades as quais reinam as modernas condições de produção se
apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos“ e, nesse sentido, o corpo torna-se um lugar onde o discurso se manifesta
e onde são feitos inúmeros investimentos que o tornam um corpo dócil é útil, como atesta Foucault. Ainda nessa perspectiva, a
espetacularização como um fenômeno de consumo torna o cuidado de si um cuidar do corpo, um corpo cuja visibilidade não
adoece, não engorda, não se deprime e não envelhece.
ASSISTA AO CURTA-METRAGEM “SLIMTIME”, DO Esse curta metragem mudo de 2010, produzido pelo
FRANCÊS BERTRAND AVRIL, SOBRE A BUSCA diretor francês Bertrand Avril, reafirma a máxima de que
OBSESSIVA POR UM CORPO PERFEITO. a beleza está nos olhos de quem vê.
CONCEITO 8 ALIENAÇÃO
A aplicação sociológica do termo “alienação” advém das ideias originais de
Marx relacionadas ao impacto do capitalismo nas relações sociais e à falta de SAIBA MAIS!
controle que os seres humanos têm sobre a própria vida. Marx retirou o conceito de
Para Giles Slade, “A história da obsolescência de produtos
alienação do contexto essencialmente religioso e o usou para analisar as condições
começou quando os produtores reconheceram sua capacidade de
de trabalho e a vida em sociedades inseridas no capitalismo industrial. Para Marx, a
manipular a taxa de falhas dos materiais manufaturados. Durante a
“salvação” humana está em tomar à força o controle coletivo – sobre todos os
Grande Depressão, os fabricantes foram forçados a praticar a
aspectos da sociedade – das mãos de uma pequena classe dominante no poder
adulteração – técnica do século XIX de usar materiais inferiores
que explora a massa de trabalhadores.
em produtos manufaturados – como uma medida simples de corte
Em Sociologia, a alienação está ligada às desigualdades das sociedades
de custos: os materiais inferiores reduziam os custos unitários.
capitalistas. A abordagem do materialismo histórico de Marx teve início com o
Mas esses mesmos fabricantes logo perceberam que a
modo como as pessoas organizam suas tarefas em conjunto para produzir bens e
adulteração também estimulava a demanda. Em desespero com a
sobreviver. Para Marx, ser alienado é estar em uma condição objetiva que possui
queda do consumo, os fabricantes usaram materiais inferiores
consequências reais, e a chave para mudar essa situação é uma questão de mudar
para encurtar deliberadamente o tempo de vida dos produtos e
não aquilo em que pensamos ou acreditamos, mas a forma como vivemos, a fim de
forçar os consumidores a comprar substituições. A obsolescência
obter mais controle sobre as nossas circunstâncias.
planejada é a expressão genérica usada para descrever a
A teoria de Marx sugere que a produção capitalista cria alienação em quatro
variedade de técnicas usadas para limitar artificialmente a
áreas principais. Os trabalhadores são alienados de seu próprio poder de
durabilidade de um bem manufaturado, a fim de estimular o
trabalho: precisam trabalhar como e quando for exigido, e executar tarefas
consumo repetitivo.”
definidas por seus empregadores. São alienados dos produtos de seu trabalho,
apropriados com êxito pelos capitalistas para serem vendidos no mercado visando à obtenção de lucros, enquanto os trabalhadores recebem apenas uma
fração em forma de salário. Os trabalhadores também são alienados uns dos outros, na medida em que o capitalismo obriga os trabalhadores a
competir por vagas, e as fábricas e regiões a competir por participação no mercado. Por fim, Marx defende que, como o trabalho é uma característica
essencial e determinante da natureza humana, a alienação das pessoas do trabalho das formas descritas anteriormente significa que se tornaram alienados do
próprio “ser da espécie”.
O trabalho não é mais prazeroso em si mesmo, mas se tornou um mero meio para um fim – receber salários para sobreviver. Isso é representado pelas
conotações negativas ligadas à própria ideia de “trabalho” e sua separação da esfera muito mais agradável do “lazer”.
Anthony Giddens e Philip W. Sutton. Alienação. In: Conceitos essenciais da Sociologia. São Paulo: Unesp, 2017. Disponível em:
http://editoraunesp.com.br/blog/confira-o-conceito-de-alienacao-explicado-por-giddens-e-sutton. [Adaptado].
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"A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e
não o que os une", afirmou o geógrafo Milton Santos. Os muros que nos separam são os da hipocrisia, da alienação, da felicidade
ilusória e do espectro, que estão cada vez mais concretos devido a essa fragilidade do indivíduo e da facilidade que este tem em ver
apenas os muros e não as pontes. E nós, “Homo consumes”, somos apenas tijolos que sustentam esses muros cimentados por nossos
secos corações e por inúmeras ideologias que nos são vendidas diariamente. Como já explicitava a música de Pink Floyd: somos
todos somente tijolos no muro.
REFLITA SOBRE TECNOLOGIA E SOCIEDADE COM O uso excessivo da tecnologia nos aliena de tal modo que
ANIMAÇÃO “ESCRAVOS DA TECNOLOGIA”, DE nos tornamos escravos dela. É o que é refletido nesse
STEVE CUTTS. instigante curta de Steve Cutts, de 2012.
C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
Em “Amor Líquido”, o sociólogo Zygmunt Bauman critica as relações humanas superficiais que os indivíduos constituem em
nome da insegurança e da incerteza e que os faz substituir, nessas relações, a qualidade por quantidade. Nesse sentido, é fato que a
sociedade contemporânea, inegavelmente, não compreende a dualidade da dimensão do sentimento de solidão, como afirmou o
filósofo alemão Arthur Schopenhauer: "um dos principais estudos dos jovens deveria ser aprender a suportar a solidão, pois
ela é a fonte da felicidade e da serenidade". Afinal, na maioria dos países, a solidão é entendida apenas como uma patologia, e o
indivíduo, por sua vez, não é educado para perceber esse sentimento, em certas condições, como algo positivo.
C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
“Brasil vai enterrar modelo econômico social-democrata.”. "O primeiro grande item para o controle dos gastos públicos é a
previdência, precisamos de uma reforma da Previdência.”. “O principal problema do país é o descontrole de gastos públicos, que corrompeu a
política e travou o crescimento econômico”. Essas declarações do mais recente ministro da economia do Brasil evidenciam os passos do país
no que diz respeito ao desenvolvimento econômico. Paulo Guedes aposta em um modelo que, mais uma vez perpetua a falácia dos gastos
estratosféricos com a dívida pública, a fim de angariar adeptos de sua ideologia ultraliberal. São conhecidos os desafios pelos quais o país
tem passado na tentativa de encontrar um modelo econômico que de fato se consolide de forma a defender a fala do ganhador do Nobel de
Economia, Amartya Sen: "o crescimento não deve ser um fim em si, mas um meio de alcançar avanços sociais e beneficiar a
população". É irrefutável que, qualquer que seja o governo em vigência, é preciso que se priorize, assim como feito em países
desenvolvidos, o bem estar coletivo, para que não haja um modelo baseado, exclusivamente, no acúmulo de rendas.