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SEMANA 20

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REVISÃO DE CONCEITOS
Neste material, estão explicados os principais conceitos que foram estudados nas propostas deste semestre. Os trechos sublinhados
são ideias-chave referentes a cada um desses conceitos. Nas caixas de texto, estão citações que foram extraídas das coletâneas. São
excertos que poderão ser utilizados em redações sobre diferentes temáticas.

CONCEITO 1 DÚVIDA
Por desejar então ocupar-me somente com a pesquisa da verdade,
pensei que era necessário rejeitar como absolutamente falso tudo aquilo em SAIBA MAIS!
que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, após isso, não restaria
algo em meu crédito, que fosse inteiramente indubitável. René Descartes (1596-1650) foi um filósofo francês precursor do
Assim, porque os nossos sentidos nos enganam às vezes, quis supor que movimento racional-científico. Considerado o pai do racionalismo,
não havia coisa alguma que fosse tal como eles nos fazem imaginar. E, defendeu a tese de que a dúvida era o primeiro passo para se chegar ao
porque há homens que se equivocam ao raciocinar, rejeitei como falsas, conhecimento.
julgando que estava sujeito a falhar como qualquer outro, todas as razões que
eu tinha tomado até então por demonstrações. E, enfim, considerando que todos os mesmos pensamentos que temos quando despertos nos podem também
ocorrer quando dormimos, sem que haja nenhum, nesse caso, que seja verdadeiro, resolvi fazer de conta que todas as coisas que até então haviam entrado no
meu espírito não eram mais verdadeiras que as ilusões de meus sonhos.
Logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E,
notando que esta verdade: “eu penso, logo existo”, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de
a abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da Filosofia que procurava.
Depois, examinando com atenção o que eu era, e vendo que podia supor que não tinha corpo algum e que não havia qualquer mundo, ou qualquer lugar
onde eu existisse, mas que nem por isso podia supor que não existia; e que, ao contrário, pelo fato mesmo de eu pensar em duvidar da verdade das outras
coisas, seguia-se evidente que eu existia; ao passo que, se apenas houvesse cessado de pensar, embora tudo o mais que alguma vez imaginara
fosse verdadeiro, já não teria razão alguma de crer que eu tivesse existido; compreendi por aí que eu era uma substância cuja essência ou natureza
consiste apenas no pensar.
Depois disso, considerei em geral o que é necessário a uma proposição para ser verdadeira e certa; pois, como acabava de encontrar uma que eu sabia ser
exatamente assim, pensei que devia saber também em que consiste essa certeza. E, tendo notado que nada há no “eu penso, logo existo” que me assegure
de que digo a verdade, exceto que vejo muito claramente que, para pensar, é preciso existir, julguei poder tomar por regra geral que as coisas que concebemos
distintamente são todas verdadeiras, havendo apenas alguma dificuldade em notar bem quais são essas coisas.
René Descartes. Discurso sobre o método. São Paulo, Abril Cultural, 1983. [Adaptado].

"Só sei que nada sei."


Sócrates (filósofo grego, 469 a.C-399 a.C.)

C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
Em tempos distantes, antes de Cristo, Sócrates e seus discípulos ficaram conhecidos por um método de buscar o conhecimento
pela dúvida. A Maiêutica direcionava o interlocutor a duvidar do seu saber para somente então levá-lo a pensar por si mesmo,
desestimulando-o de valores sociais antes absolutos. Os filósofos faziam apenas a mediação. No entanto, na contemporaneidade, esse método
perde seu destaque pelas respostas prontas, pelo desestímulo ao pensamento e, também, pelo advento da tecnologia.

CONHEÇA MAIS SOBRE O “Só existe uma maneira de conhecer a verdade: conhecendo-se a si
PENSAMENTO SOCRÁTICO COM mesmo” (Paráfrase do pensamento socrático presente no vídeo ao lado,
O VÍDEO “SÓ SEI QUE NADA SEI”. lançado em 2016)
CONCEITO 2 EDUCAÇÃO: DIREITO OU MERCADORIA?
Há muitas contradições e tensões na educação. As principais se devem a
que em alguns momentos focamos a educação mais como direito – SAIBA MAIS!
educação para todos – enquanto que, em outros, o foco é a educação
José Moran é professor, conferencista e orientador de projetos de
como negócio – como bem econômico, serviço, que se compra e vende,
transformação da educação por meio de tecnologias.
se organiza como empresa e onde se busca a maior rentabilidade, lucro e
retorno de investimento.
Quando damos ênfase à dimensão integral do ser humano, à integração entre ideias, sentimentos e valores, focamos a educação como necessidade e direito
de todos, de formar cidadãos críticos. Quando a ênfase recai sobre os investimentos, predomina a visão da educação como negócio, em que a dimensão de
direito, humanística e integral, costuma permanecer num segundo plano. Avança a consciência da importância da educação para todos e, simultaneamente,
avançam as oportunidades de ampliação das empresas educacionais em grandes grupos econômicos, que buscam novas formas de gestão, de capitalização, de
mercado e de retorno financeiro.
A educação pública costuma ser identificada como direito, como dever social, como construção de identidade pessoal e grupal (embora também
haja muita acomodação, corporativismo e desperdício de recursos). Já a educação privada está mais associada ao bem econômico, ao negócio, ao
investimento financeiro assim como nem toda a educação privada só se preocupa com o aspecto mercadológico.
Estamos numa fase de profundas transformações, que nos estão levando a reorganizar todos os processos de ensino e aprendizagem, incluindo a oferta de
atividades a distância, a flexibilização do currículo etc. Contudo, se predominar a concepção administrativa sobre a pedagógica, poderemos criar com tecnologias
novas processos velhos ampliados. É preciso inovar, avançar, criar uma educação mais próxima do aluno de hoje e das possibilidades de uma sociedade
conectada, mas mantendo os valores humanos, afetivos e éticos cada vez mais vivos e predominantes. Podem conviver a educação como direito e como negócio,
de forma equilibrada.

José Moran. A educação atual: entre o direito e o negócio.

"A escola não é uma empresa."


Christian Laval (1953-)

C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
A lógica econômica que constitui o programa educacional brasileiro, há tempos já denunciado por Darcy Ribeiro, simula uma
ineficiência e coloca a escola como empresa que provê capital humano. Esse programa, que subverte qualquer equação matemática, a não
ser a equação neoliberal, coloca em emergência um discurso sobre a necessidade de renovação da escola, mas seu resultado revela uma
necessidade puramente utilitarista, como agora denuncia o sociólogo Christian Laval em seu livro “ A escola não é uma empresa”. Ainda
segundo o sociólogo, para o neoliberalismo, o que interessa a escola é o “aprender a aprender”, o que atesta que quanto mais a escola se
organiza como empresa, mais dissolvido será o seu papel cultural, haja vista as inúmeras tentativas de tornar a escola mais “eficaz” -
imposição de metas como notas do IDEB- no fim, traduziram um processo ainda maior de sucateamento da educação brasileira.

“BRASIL IDEAL, BRASIL REAL”: Apesar de projetos inovadores estarem em vigor, o país enfrenta uma
ASSISTA A ESTA ANÁLISE SOBRE série de desafios para ampliar o acesso e melhorar a qualidade de ensino,
AS DISPARIDADES ENTRE AS como é elucidado no documentário “Brasil ideal, Brasil real | A educação
DIVERSAS INSTITUIÇÕES DE
no Brasil”, da TV Cultura.
ENSINO NO PAÍS

CONCEITO 3 ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL


O que é o Estado de Bem-Estar Social? Os especialistas dessa área geralmente utilizam uma de três concepções diferentes sobre o Estado de Bem-
Estar Social, cada uma com limites e perspectivas distintas de como o Estado de Bem-Estar Social funciona.
A primeira concepção caracteriza o Estado de Bem-Estar Social como bem-estar para os pobres. Essa é a concepção mais limitada e a preferida
pelos opositores do Estado de Bem-Estar Social. Ela se refere aos aspectos mais problemáticos e menos populares do sistema: a assistência social não
contributiva envolvida em programas americanos como a Assistência Temporária para Famílias de Baixa Renda (TANF), vales-alimentação, ou programas como
o Bolsa Família no Brasil.
A segunda concepção foca na seguridade social, nos direitos sociais e nos serviços sociais. Essa é a abordagem analítica da maioria das pesquisas
em políticas públicas. Ela também inclui a educação pública: uma forma de provisão social que precede o Estado de Bem-Estar Social, mas que se tornou um
direito fundamental no contexto desse Estado. Esses elementos-chave do Estado de Bem-Estar Social são muito populares com o eleitorado.
A terceira concepção realça a gestão econômica e o papel que essa gestão desempenha em todo Estado de Bem-Estar Social. Esse é o
delineamento mais amplo e o menos familiar no debate público, mas é a concepção utilizada por economistas políticos e sociólogos. Essa concepção mais
ampla realça as políticas governamentais regulatórias, fiscais, monetárias e
trabalhistas e seu papel em definir os mercados, promover crescimento, SAIBA MAIS!
providenciar emprego e garantir o bem-estar de empresas e de famílias.
Apesar de essa dimensão ser frequentemente esquecida nas David Garland é um sociólogo e jurista da área da criminologia. O
definições de políticas sociais, ela é uma característica fundamental e escocês, que foi o fundador do jornal Punishment & Society, aborda em
prolongada do Estado de Bem-Estar Social. suas publicações as formas de punição e de pena de morte,
Essas três concepções normalmente são vistas como excludentes. Em principalmente, no contexto americano. Garland é atualmente professor
vez de escolher entre elas, devemos vê-las como círculos concêntricos do da Universidade de Nova York e ainda mantém seus estudos críticos
Estado de Bem-Estar Social. sobre os efeitos das penalidades por meio de um comparativo histórico.

David Garland. The welfare state: a very short introduction. Oxford: Oxford University Press, 2016. [Traduzido e adaptado].

“"Devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os


desiguais, na medida de sua desigualdade"
Aristóteles (384 a.C.-322 a.C)

C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
Segundo o sociólogo brasileiro Jessé Souza, “a desigualdade social tende a se naturalizar tanto no centro quanto na periferia do
sistema”. Essa afirmação, se aplicada à realidade do Brasil, mostra-se pertinente, uma vez que a desigualdade social tem se naturalizado em
todas as regiões do país, independentemente do nível de desenvolvimento socioeconômico, em razão, sobretudo, da má distribuição de renda
e da má administração dos recursos públicos.

REFERIDO POR ALGUNS “Os deputados mais votados não necessariamente vencem uma eleição. Se
POLÍTICOS COMO “A CASA você escolheu o Joãozinho na última eleição, pode ser que o seu voto tenha
DO POVO”, ENTENDA COMO contribuído para que o Pedrinho tenha uma cadeira na Câmara.” (Matéria
FUNCIONA O CONGRESSO
da revista Superinteressante, de 2016)
NACIONAL BRASILEIRO.

CONCEITO 4 DIREITOS DA JUVENTUDE


Estatuto da Juventude
Direito à cidadania e à participação social e política: direito de envolvimento em ações de políticas públicas que digam respeito não somente aos
próprios direitos, mas ao benefício de suas comunidades, de regiões e do país.
Direito à educação: garantia da educação básica de qualidade e das educações profissional e tecnológica. As escolas e universidades devem formular e
implantar medidas de democratização do acesso e de permanência, inclusive programas de assistência estudantil, ação afirmativa e inclusão social para os
jovens estudantes.
Direito à diversidade e à igualdade: etnia, raça, cor da pele, cultura, origem, idade, sexo, orientação sexual, idioma, religião, opinião, deficiência ou
condição social ou econômica não devem ser discriminados, sendo que o Estado deve capacitar professores para o enfrentamento à discriminação.
Direito à saúde: acesso universal e gratuito ao Sistema Público de Saúde (SUS) e a serviços de saúde humanizados e de qualidade. Abordagem nos
diversos níveis de ensino de temas como consumo de drogas e saúde reprodutiva. O poder público deve se encarregar da veiculação de campanhas educativas
sobre esses temas.
Direito à comunicação e à liberdade de expressão: direito à comunicação e à
livre expressão, à produção de conteúdo, individual e colaborativo, e ao acesso às SAIBA MAIS!
tecnologias de informação e de comunicação. O poder público deve se encarregar de
incentivar programas educativos e culturais voltados para os jovens nos meios de O estudo das gerações engloba os Baby Boomers, a Geração X,
comunicação de massa. a Geração Y, a Geração Z e a Geração Alpha. Esse estudo vem
Direito ao território e à mobilidade: garantia aos jovens de baixa renda do se tornando cada vez mais relevante para as organizações
direito a duas vagas gratuitas por veículo no sistema de transporte coletivo atingirem novos clientes e demandas. Os comportamentos e
interestadual e mais duas com, pelo menos, 50% de desconto, a serem utilizadas em anseios direcionados a elas ultrapassam a idade, ou seja, alguém
caso de as duas primeiras já estarem ocupadas. com idade da geração Y pode apresentar comportamentos,
Direito à segurança e ao acesso à justiça: políticas de segurança pública anseios e desejos de gerações anteriores ou posteriores. Essas
voltadas para os jovens devem estar em consonância com as demais políticas características também são influenciadas por culturas e situações
voltadas à juventude e devem buscar a prevenção e enfrentamento da violência. econômicas, mas de modo geral elas representam uma energia
Ações voltadas a jovens em situação de risco e de vulnerabilidade social devem ser comum para determinados grupos.
prioridade nas ações do Estado.
Disponível em: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2017/08/estatuto-da-juventude-define-direitos-e-garantias-aos-jovens-brasileiros [Adaptado].

“Sente-se uma insatisfação, sobretudo dos jovens,


perante um mundo que já não oferece nada, só
vende.”
José Saramago (1922-2010)

C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
O que é ser jovem no Brasil? De acordo com o Estatuto da Juventude, sancionado em 2013, ser jovem no Brasil é ter direito, entre outros,
à cidadania, à participação social e política, à educação, à cultura, à profissionalização, ao trabalho e à renda. Mas como ser jovem se a sociedade
é surda, cega e muda às suas reivindicações de mudanças políticas e sociais? Mas como ser jovem se a maior parte deles tem uma educação de
baixa qualidade e, por isso, encontra dificuldades em exercer o direito ao trabalho e à renda digna? Mas como ser jovem se o acesso à cultura
ainda é privilégio dos que podem pagar por ela? Nesse contexto, levando em consideração que, segundo o inventor Dennis Gabor, “o futuro
não pode ser previsto, mas pode ser inventado”, e é essa “habilidade de inventar o futuro que torna a humanidade o que ela é”,
vivenciamos, no Brasil, uma realidade de muitas contradições, em que os protagonistas do futuro têm suas habilidades e, apesa r das muitas
expectativas, suas possibilidades ignoradas.

ESTE DOCUMENTÁRIO ABARCA “Ser um jovem brasileiro é necessariamente conviver com uma realidade de
QUESTÕES RELACIONADAS ÀS muitas contradições” (Fala de uma estudante presente no documentário
ANGÚSTIAS E PERSPECTIVAS DA “Juventude e Brasilidade – o que é ser um jovem brasileiro”, de 2011)
JUVENTUDE

CONCEITO 5 EMPATIA
A empatia tem a reputação de ser uma emoção vaga, agradável. Muitos a equiparam à bondade e sensibilidade emocional e à atitude afetuosa e atenciosa
para com os outros. Mas o que é exatamente empatia? E como ela é na prática? Em primeiro lugar, empatia é a arte de se colocar no lugar do outro por meio da
imaginação, compreendendo seus sentimentos e perspectivas e usando essa compreensão para guiar as próprias ações. Portanto, a empatia é distinta de
expressões de compaixão – como piedade ou o sentimento de pesar por alguém –, pois estas não envolvem a tentativa de compreender as emoções ou o ponto
de vista da outra pessoa.
Experimentamos empatia com frequência muito maior do que jamais imaginaríamos. Quando você percebe que uma nova colega de trabalho está
nervosa antes de uma apresentação, tente talvez imaginar a ansiedade e a insegurança que ela está sentindo e tranquilizá-la. Você vê alguém mendigando
debaixo de uma ponte, mas em vez de apenas apiedar-se (lembre-se, isso é compaixão), pense sobre como é dormir ao relento numa noite fria de inverno, com
pessoas passando a seu lado sem sequer se dar ao trabalho de olhá-lo nos olhos.
Infelizmente, evidências do déficit de empatia na sociedade estão em toda parte. No mês em que escrevo estas palavras, mais de 5 mil civis foram
mortos na guerra da Síria. Abro o jornal e leio sobre o escândalo dos padres católicos na Irlanda, acusados de molestar crianças. Novos números revelam que
dois terços dos países com alta renda têm um abismo entre ricos e pobres maior do que tinham em 1980.
Aonde chegamos até agora? Penso no século XX como a Era de
Introspecção. Essa filosofia individualista, que passou a dominar a cultura SAIBA MAIS!
ocidental, não conseguiu proporcionar a boa vida à maioria das pessoas.
O outro é tudo aquilo (humano ou não, unitário ou múltiplo) exterior a um
Por isso o século XXI precisa ser diferente. Em vez de introspecção,
eu. É impossível pensar a subjetividade sem o outro, já que o outro nos
deveríamos criar a Era da Outrospecção. Não estou sugerindo que
arranca permanentemente de nós mesmos. A alteridade é o que extrapola
deveríamos rejeitar por completo a introspecção. O problema é que o
nossa identidade. Assim, a alteridade (e seus efeitos), embora invisível,
pêndulo avançou demais em direção à introspecção.
é real: nossa natureza é essencialmente produção da diferença e a
A tragédia é que a Era da Introspecção, com seu intenso foco no eu,
diferença é a gênese de outro. Para a Física clássica, só existem os
não conduziu a sociedade ocidental à terra prometida da felicidade. Os
corpos em sua atual configuração, ocupando cada corpo um lugar e uma
níveis de satisfação com a vida praticamente não se elevaram nos países
função no todo. Nessa mecânica de corpos, o outro só existe do ponto de
ocidentais e há uma maré crescente de depressão e ansiedade: cerca de
vista do visível. Mas, se tomarmos como parâmetro a alteridade do ponto
uma em quatro pessoas na Europa e nos Estados Unidos experimentará
de vista do invisível – ou seja, o outro para além do eu e em sua diferença
um problema de saúde mental em algum ponto da vida. Isso dificilmente
–, podemos dizer que estamos diante de uma espécie de mundo sem
poderia ser descrito como uma situação feliz.
alteridade. Já na Física contemporânea, a alteridade agora é entendida e
Mas não sejamos ingênuos. A empatia não é uma panaceia
vivida como dimensão na qual se opera uma permanente produção de
universal para todos os problemas do mundo, nem para todas as lutas
diferença, cujo efeito é uma complexificação cada vez maior do
que enfrentamos em nossas vidas. É importante ser realista com relação ao
mundo.
que ela pode e não pode realizar.

Roman Krznaric. O poder da empatia: a arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. [Adaptado].

“O que torna as pessoas sociáveis é a sua


incapacidade de suportar a solidão e, nela, a si
mesmos”
Arthur Schopenhauer (1788-1860)

LEANDRO KARNAL FALA “O mal é banal. O mal é comum. O mal é presente. O mal está em muitos
SOBRE “A BANALIDADE DO lugares.” (Fala de Leandro Karnal reproduzindo o pensamento de Hannah
MAL” DE HANNA ARENDT Arendt, em entrevista à TV Cultura, 2017)

CONCEITO 6 LITERATURA E DEMOCRACIA


Ler é um direito e não ler também. Preferências de cada um devem ser
respeitadas, embora possam significar algo mais. O que me faz dizer isso? Sou SAIBA MAIS!
escritora e penso ser este um local de fala legítimo. Mas, a meu ver, há um LEI N. 13.696, DE 12 DE JULHO DE 2018.
problema imenso na cultura brasileira, um problema que diz respeito ao que o Institui a Política Nacional da Leitura e Escrita.
sociólogo francês Pierre Bordieu, por exemplo, chamou de habitus aquele Art. 2º São diretrizes da Política Nacional de Leitura e Escrita:
modo de viver que é introjetado e resulta em um modo de sentir, de pensar e I – a universalização do direito ao acesso ao livro, à leitura, à
de ser. escrita, à literatura e às bibliotecas;
Ora, há um nexo a ser compreendido entre a “despolitização” ou II – o reconhecimento da leitura e da escrita como um direito, a fim de
“antipolitização” da vida e a falta de interesse pelo que há de mais possibilitar a todos, inclusive por meio de políticas de estímulo à leitura,
complexo e mais difícil e que, de um modo geral, faz parte do mundo dos as condições para exercer plenamente a cidadania, para viver uma vida
livros e da leitura. Ler e não ler também são atos políticos. E políticas da digna e para contribuir com a construção de uma sociedade mais justa.
leitura e da escrita não podem ser deixadas de lado quando se trata de pensar um mundo melhor para se viver com pessoas melhor preparadas subjetivamente.
Entre a política e a leitura há uma analogia que nos ajuda a entender a nossa época. São dois hábitos que exigem esforço e que, depois de transpostas as
dificuldades do hábito, se não definem um novo prazer, pelo menos nos ajudam na expansão de novas visões de mundo.Eu fico triste de ver que telas (sejam de
televisão, sejam de computador) suplantem os livros em nossa época. Que tipo de subjetividade surge desse habitus da não leitura, em uma época em que a
escrita é instrumentalizada de tantas formas, inclusive na internet, é uma questão para se pensar.
Márcia Tiburi. Ler ou não ler, eis a questão: uma crônica sobre livros e leitura. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/cronica-leitura-
politica/.> [Adaptado].

"Ler não é caminhar sobre as letras, mas interpretar o mundo e poder


lançar sua palavra sobre ele, interferir no mundo pela ação."
Paulo Freire (1921-1997)

C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
"Ler não é caminhar sobre as letras, mas interpretar o mundo e poder lançar sua palavra sobre ele, interferir no
mundo pela ação." As palavras do grande mestre e filósofo da educação Paulo Freire -que, em tempos de mediocridade
intelectual, tem sido alvo da barbárie fascista que assola este país - traduzem a importância do ato de ler para efetivação da
cidadania. No Brasil escola, esse direito tem sido - mais do que nunca - posto de lado pelas instituições sociais, que transpõem
prioridades imediatistas (dando ênfase à redundância) e superficiais à educação de nossos proto-cidadãos; e - mais do que
nunca - necessária à salvação da autonomia - como poder, legitimamente, discordar da grandiosidade de Freire. O direito à
leitura, como responsável maior no combate à ignorância e à opressão, deve ser inalienável!

SAIBA MAIS SOBRE SOBRE O “Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis tem essa coisa
CONTEXTO HISTÓRICO DO extraordinária de ser cético em relação ao progresso” (Excerto extraído da série
GRANDE CRÍTICO DA SOCIEDADE “Mestres da Literatura”, produzida pela TV Escola em 2016)
ESCRAVAGISTA BRASILEIRA.

CONCEITO 7 CULTO AO CORPO


No contexto em que o corpo se torna polo de preocupação e investimento,
a questão do culto ao corpo se mostra como um tema fundamental de SAIBA MAIS!
discussão. Passaram-se os anos e a inserção das tecnologias no nosso dia
Para Márcia Tiburi, na religião do espetáculo, o culto ao corpo não
a dia fez com que a estética e a construção do corpo mudassem
cultua exatamente o corpo. Isso porque todos os indivíduos creem
consideravelmente. A relação com nosso corpo parece estar sendo
que, não sendo valorizados em sua imagem, não terão lugar neste
radicalmente modificada pelo fácil acesso a diversos recursos ligados à
mundo. Cada um, à sua maneira, ao ser transformado em imagem,
boa forma, criando certa exaltação e supervalorização do corpo. O
participa do grande ritual de reificação do corpo. O corpo é o que é
indivíduo parece ser responsável por sua aparência física por meio das várias
colocado no lugar de baixo, sob a imagem, suportando-a. Mas o que
formas de construções corporais hoje presentes no mercado – como as dietas,
assegura esse tipo de sistema em que se vive um sacrifício do corpo
os exercícios físicos, os variados tratamentos de beleza e as cirurgias
concomitantemente à servidão à imagem?
plásticas.
E, assim, o corpo atual – ou seja, aquele que se encontra em consonância
com os padrões de beleza contemporâneos que associam juventude, beleza e saúde – apresenta-se como um valor fundamental na sociedade ocidental.
Logo, o culto ao corpo instaura-se como um possível instrumento de adequação a valores idealizados, ligados à estética, ao comportamento e
aos estados de ânimo e, por fim, como meio eficiente de nos conduzir à tão sonhada felicidade. Em outras palavras, o culto ao corpo é um modo de
relação dos indivíduos com seus corpos baseado numa preocupação exacerbada em modelar e aproximar este corpo do ideal de beleza estabelecido.
Na sociedade contemporânea, o enquadramento nos padrões desse culto ao corpo tem encorajado a procura por diversos procedimentos médicos como
solução rápida para algumas insatisfações. Além da supervalorização da juventude com um bem em si mesmo, disseminou-se a ideologia de um corpo não só
jovem, mas também portador de medidas ideais.
Um corpo magro, belo e jovem virou um mandamento ligado à ideia de sucesso e felicidade de nossa época. O suposto sacrifício exigido para
modelar o corpo é compensado idealmente pela crença de um sucesso futuro.
Jurema Barros Dantas. Um ensaio sobre o culto ao corpo na contemporaneidade. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/8342/6137.
[Adaptado].

“O corpo só se torna força útil se é ao


mesmo tempo corpo produtivo e corpo submisso”
Michel Foucault (1926-1984)

C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
Se o corpo é uma construção histórica e cultural, quais são as verdades e prescrições que o atravessam na
contemporaneidade? Segundo Guy Debord, “ toda a vida das sociedades as quais reinam as modernas condições de produção se
apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos“ e, nesse sentido, o corpo torna-se um lugar onde o discurso se manifesta
e onde são feitos inúmeros investimentos que o tornam um corpo dócil é útil, como atesta Foucault. Ainda nessa perspectiva, a
espetacularização como um fenômeno de consumo torna o cuidado de si um cuidar do corpo, um corpo cuja visibilidade não
adoece, não engorda, não se deprime e não envelhece.

ASSISTA AO CURTA-METRAGEM “SLIMTIME”, DO Esse curta metragem mudo de 2010, produzido pelo
FRANCÊS BERTRAND AVRIL, SOBRE A BUSCA diretor francês Bertrand Avril, reafirma a máxima de que
OBSESSIVA POR UM CORPO PERFEITO. a beleza está nos olhos de quem vê.

CONCEITO 8 ALIENAÇÃO
A aplicação sociológica do termo “alienação” advém das ideias originais de
Marx relacionadas ao impacto do capitalismo nas relações sociais e à falta de SAIBA MAIS!
controle que os seres humanos têm sobre a própria vida. Marx retirou o conceito de
Para Giles Slade, “A história da obsolescência de produtos
alienação do contexto essencialmente religioso e o usou para analisar as condições
começou quando os produtores reconheceram sua capacidade de
de trabalho e a vida em sociedades inseridas no capitalismo industrial. Para Marx, a
manipular a taxa de falhas dos materiais manufaturados. Durante a
“salvação” humana está em tomar à força o controle coletivo – sobre todos os
Grande Depressão, os fabricantes foram forçados a praticar a
aspectos da sociedade – das mãos de uma pequena classe dominante no poder
adulteração – técnica do século XIX de usar materiais inferiores
que explora a massa de trabalhadores.
em produtos manufaturados – como uma medida simples de corte
Em Sociologia, a alienação está ligada às desigualdades das sociedades
de custos: os materiais inferiores reduziam os custos unitários.
capitalistas. A abordagem do materialismo histórico de Marx teve início com o
Mas esses mesmos fabricantes logo perceberam que a
modo como as pessoas organizam suas tarefas em conjunto para produzir bens e
adulteração também estimulava a demanda. Em desespero com a
sobreviver. Para Marx, ser alienado é estar em uma condição objetiva que possui
queda do consumo, os fabricantes usaram materiais inferiores
consequências reais, e a chave para mudar essa situação é uma questão de mudar
para encurtar deliberadamente o tempo de vida dos produtos e
não aquilo em que pensamos ou acreditamos, mas a forma como vivemos, a fim de
forçar os consumidores a comprar substituições. A obsolescência
obter mais controle sobre as nossas circunstâncias.
planejada é a expressão genérica usada para descrever a
A teoria de Marx sugere que a produção capitalista cria alienação em quatro
variedade de técnicas usadas para limitar artificialmente a
áreas principais. Os trabalhadores são alienados de seu próprio poder de
durabilidade de um bem manufaturado, a fim de estimular o
trabalho: precisam trabalhar como e quando for exigido, e executar tarefas
consumo repetitivo.”
definidas por seus empregadores. São alienados dos produtos de seu trabalho,
apropriados com êxito pelos capitalistas para serem vendidos no mercado visando à obtenção de lucros, enquanto os trabalhadores recebem apenas uma
fração em forma de salário. Os trabalhadores também são alienados uns dos outros, na medida em que o capitalismo obriga os trabalhadores a
competir por vagas, e as fábricas e regiões a competir por participação no mercado. Por fim, Marx defende que, como o trabalho é uma característica
essencial e determinante da natureza humana, a alienação das pessoas do trabalho das formas descritas anteriormente significa que se tornaram alienados do
próprio “ser da espécie”.
O trabalho não é mais prazeroso em si mesmo, mas se tornou um mero meio para um fim – receber salários para sobreviver. Isso é representado pelas
conotações negativas ligadas à própria ideia de “trabalho” e sua separação da esfera muito mais agradável do “lazer”.
Anthony Giddens e Philip W. Sutton. Alienação. In: Conceitos essenciais da Sociologia. São Paulo: Unesp, 2017. Disponível em:
http://editoraunesp.com.br/blog/confira-o-conceito-de-alienacao-explicado-por-giddens-e-sutton. [Adaptado].

“A força da alienação vem dessa fragilidade dos


indivíduos, quando apenas conseguem identificar o
que os separa e não o que os une"
Milton Santos (1926-2001)

C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
"A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e
não o que os une", afirmou o geógrafo Milton Santos. Os muros que nos separam são os da hipocrisia, da alienação, da felicidade
ilusória e do espectro, que estão cada vez mais concretos devido a essa fragilidade do indivíduo e da facilidade que este tem em ver
apenas os muros e não as pontes. E nós, “Homo consumes”, somos apenas tijolos que sustentam esses muros cimentados por nossos
secos corações e por inúmeras ideologias que nos são vendidas diariamente. Como já explicitava a música de Pink Floyd: somos
todos somente tijolos no muro.

REFLITA SOBRE TECNOLOGIA E SOCIEDADE COM O uso excessivo da tecnologia nos aliena de tal modo que
ANIMAÇÃO “ESCRAVOS DA TECNOLOGIA”, DE nos tornamos escravos dela. É o que é refletido nesse
STEVE CUTTS. instigante curta de Steve Cutts, de 2012.

CONCEITO 9 MODERNIDADE LÍQUIDA

Em sua obra "Amor Líquido", Zygmunt Bauman trata da fragilidade dos


laços humanos. Como foi um dos mais prestigiados estudiosos da vivente SAIBA MAIS!
modernidade tardia, sua obra se destacou por fazer análises do cotidiano
Reino Unido cria Ministério da Solidão
contemporâneo, e mais propriamente, dos vínculos sociais possíveis, onde
predomina a intensa velocidade e a angústia, considerando que nossas ações O Reino Unido nomeou, nesta quarta-feira, 17 de janeiro de 2018,
ainda quando efetuadas mudam constantemente, antes mesmo de se pela primeira vez na história, uma ministra da Solidão, para enfrentar o
consolidarem nas práticas diárias. Bauman abordou a ambiguidade inerente aos que a primeira-ministra britânica, Theresa May, descreveu como “a
dias de hoje, a dor e a delícia da possibilidade de ter acesso a tantas coisas e triste realidade da vida moderna”. Mais de 9 milhões de pessoas
pessoas e da forma de estar potencialmente pronto e aberto para novas dizem viver permanentemente ou frequentemente sozinhas, de uma
relações e apropriações, tornando assim imediatamente as primeiras relações, população de 65,6 milhões, de acordo com a Cruz Vermelha britânica.
meros resíduos. Nesse contexto, há dois aspectos principais, a saber: o A instituição descreve a solidão como uma “epidemia oculta”, afetando
primeiro que corresponde à vontade de liberdade, inerente à constante pessoas de todas as idades e em todos os momentos de suas vidas,
busca pela individualização e identidade. O segundo corresponde à como na aposentadoria, na morte do parceiro ou na separação.
velocidade, responsável pela inconsistência das relações e pela alta produção
de dejetos.
Afinal, tanto as coisas como as relações, não são mais feitas para durar, há sempre novos produtos, novas mercadorias, cada vez mais
modernos, mais atraentes e estimulantes para serem consumidos. E, o filósofo apontou as consequências provocadas pela busca frenética da liberdade
em detrimento da vida social estável. Nessa obra, Bauman conferiu outro significado à liquidez quando referente às relações humanas, de teor inverso ao usado
nas relações bancárias. A liquidez referente às importantes somas de dinheiro significa realmente a possibilidade de realização de qualquer desejo que envolva
o consumo de segurança. Ao passo que a liquidez do amor, em derradeira instância, representa a possibilidade de um sentir desprovido de segurança. A obra
procurou aprofundar-se na análise das relações humanas em geral e observou também a sociabilidade nas cidades modernas a partir da tecnologia. Procurou
demonstrar que as relações afetivas se revelam essencialmente ambivalentes, e o desejo pelo amor eterno e pela segurança sofre com as oscilações psico-
químicas relativas ao estado de enamoramento e, ainda, com o medo de perder algo enquanto se está preso e atado a alguém.
Logo, existe o desejo paradoxal de se ter o pássaro que voa ao mesmo tempo em que se tem outro pássaro nas mãos. Bauman caracterizou as
relações humanas e contemporâneas a partir da fragilidade e a flexibilização que apresentam. O homem sem vínculos que atua livre de compromisso com
outrem, porém resta preso de forma psicológica e espacial por medo do outro. Afinal, o homem sem vínculos é corroído pela insegurança. Da natureza liquefeita
dos laços sociais na modernidade que são, assim como no holocausto nazista, fenômenos decorrentes da racionalidade da modernidade, embora sejam mais
especificamente relacionados à globalização. As relações humanas se tornam progressivamente mais flexíveis, gerando altos níveis de insegurança. E,
as relações afetivas e amorosas passam a ser vivenciadas de uma maneira mais insegura, com dúvidas acrescidas à já irresistível e temerária atração de se
unir ao outro. Se um relacionamento não está bom, parte-se para outro. A verdade é que um relacionamento intenso pode transformar a vida num inferno,
contudo, nunca houve tanta procura para relacionar-se com alguém.
LEITE, Gisele. Modernidade Líquida e incertezas sólidas. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XX, n. 156, jan 2017. Disponível em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=18427&revista_caderno=15. [Adaptado].

"Um dos principais estudos dos jovens deveria ser aprender a


suportar a solidão, pois ela é a fonte da felicidade e da serenidade"
Arthur Schopenhauer (1788-1860)

C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
Em “Amor Líquido”, o sociólogo Zygmunt Bauman critica as relações humanas superficiais que os indivíduos constituem em
nome da insegurança e da incerteza e que os faz substituir, nessas relações, a qualidade por quantidade. Nesse sentido, é fato que a
sociedade contemporânea, inegavelmente, não compreende a dualidade da dimensão do sentimento de solidão, como afirmou o
filósofo alemão Arthur Schopenhauer: "um dos principais estudos dos jovens deveria ser aprender a suportar a solidão, pois
ela é a fonte da felicidade e da serenidade". Afinal, na maioria dos países, a solidão é entendida apenas como uma patologia, e o
indivíduo, por sua vez, não é educado para perceber esse sentimento, em certas condições, como algo positivo.

CURTA-METRAGEM “AS LIÇÕES DE UMA BOLHA”,


Reflita sobre a metáfora da bolha como uma solidão
DE LAURA STEWART progressiva com este documentário de Laura Stewart, de
2000.

CONCEITO 10 NEOLIBERALISMO E LIBERALISMO

Já que cada indivíduo procura, na medida do possível,


empregar o seu capital em fomentar a atividade e dirigir de tal ANOTE A CITAÇÃO!
maneira essa atividade que seu produto tenha o máximo valor
Folha de S. Paulo – Reduzir a desigualdade é só questão de justiça social ou
possível, cada indivíduo necessariamente se esforça por
de eficiência econômica também?
aumentar ao máximo possível a renda anual da sociedade.
Geralmente, na realidade, ele não tenciona promover o interesse Thomas Piketty – Ambos. O grau de desigualdade extrema que encontramos no
público nem sabe até que ponto o está promovendo. Brasil não é bom para o crescimento econômico e o desenvolvimento
Ao empregar o seu capital, ele tem em vista apenas sua sustentável. A história dos EUA e da Europa mostra que, só depois de grandes
própria segurança; ao orientar sua atividade de tal maneira que choques políticos como as duas grandes guerras do século XX, a desigualdade
sua produção possa ser de maior valor, visa apenas ao seu diminuiu e a economia cresceu com vigor, permitindo que fatias maiores da
próprio ganho e, neste, como em muitos casos, é levado como população colhessem os benefícios. No Brasil, podemos concluir que as elites
que por uma mão invisível a promover um objetivo que não políticas e os diferentes partidos que têm governado o país foram incapazes
fazia parte de suas intenções. de executar políticas que levassem a uma distribuição mais igualitária da
Aliás, nem sempre é pior para a sociedade que esse objetivo renda e da riqueza. Acho que isso é precondição para o crescimento econômico.
não faça parte das intenções do indivíduo. Ao perseguir seus
próprios objetivos, o indivíduo muitas vezes promove o
interesse da sociedade muito mais eficazmente do que quanto tenciona realmente promovê-lo.
Adam Smith. A riqueza das nações – investigação sobre sua natureza e suas causas. São Paulo, Abril Cultural, 1983. [Adaptado].
"A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e
não pela riqueza dos príncipes."
Adam Smith (1723-1790)

C I T A N D O A C I T A Ç Ã O
“Brasil vai enterrar modelo econômico social-democrata.”. "O primeiro grande item para o controle dos gastos públicos é a
previdência, precisamos de uma reforma da Previdência.”. “O principal problema do país é o descontrole de gastos públicos, que corrompeu a
política e travou o crescimento econômico”. Essas declarações do mais recente ministro da economia do Brasil evidenciam os passos do país
no que diz respeito ao desenvolvimento econômico. Paulo Guedes aposta em um modelo que, mais uma vez perpetua a falácia dos gastos
estratosféricos com a dívida pública, a fim de angariar adeptos de sua ideologia ultraliberal. São conhecidos os desafios pelos quais o país
tem passado na tentativa de encontrar um modelo econômico que de fato se consolide de forma a defender a fala do ganhador do Nobel de
Economia, Amartya Sen: "o crescimento não deve ser um fim em si, mas um meio de alcançar avanços sociais e beneficiar a
população". É irrefutável que, qualquer que seja o governo em vigência, é preciso que se priorize, assim como feito em países
desenvolvidos, o bem estar coletivo, para que não haja um modelo baseado, exclusivamente, no acúmulo de rendas.

Conheça um pouco de Adam Smith e da “A riqueza das nações: a relevância contemporânea da


atualidade de seu pensamento obra de Adam Smith revelada em um vídeo explicativo
produzido pela UNIVESP, em 2015”

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