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Contextos Clínicos, 5(2)133-142, julho-dezembro 2012

© 2012 by Unisinos - doi: 10.4013/ctc.2012.52.07

Família e Autismo: Uma Revisão da Literatura

Family and Autism: A Literature Review

Aline Abreu e Andrade, Maycoln Leôni Martins Teodoro


Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas.
Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, Belo Horizonte, MG, Brasil.
aline_abreu_andrade@yahoo.com.br, mlmteodoro@hotmail.com

Resumo. O autismo se constitui em um quadro cuja gravidade e cronicidade


implica em uma maior demanda por cuidados. Diante disto, a família é con-
vocada a se mobilizar e se adaptar às necessidades emergentes. O presente
artigo aborda, por meio de uma revisão de literatura não sistemática, o im-
pacto da presença de um membro com Autismo na família, bem como suas
implicações para o funcionamento familiar. As fontes de pesquisa utilizadas
foram livros e artigos científicos atuais. Os resultados sugerem que o impac-
to do autismo sobre o funcionamento familiar é influenciado pela gravidade
da manifestação do transtorno, pelas características de personalidade dos
pais, bem como pela disponibilidade de redes de apoio social. Suporte social
e programas de treinamento de pais se constituem, desta forma, em alterna-
tivas para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento (coping) dos
pais diante do autismo.

Palavras-chave: autismo, família, enfrentamento.

Abstract. Autism is a disorder whose severity and chronicity imply in a


higher demand for care. Therefore, the family is required to engage and
adapt to emerging needs. The present article addresses, through a non-sys-
tematic literature review, the impact of an autistic member on the family, as
well as autism implications to family functioning. Recently published books
and scientific papers were used as sources in this research work. The results
show that the impact of autism on family functioning is influenced by the
severity of the disorder, the parents’ personality traits, as well as the avail-
ability of social support networks. Social support and parent training pro-
grams represent alternative actions for the development of coping strategies
to be adopted by parents faced with autism.

Key words: autism, family, coping.


Família e Autismo: Uma Revisão da Literatura

A família se constitui no primeiro contexto O Autismo se constitui em uma síndrome


relacional de um indivíduo. Por esse motivo, comportamental de etiologias múltiplas, que
possui importante influência na determinação compromete o processo do desenvolvimento
do comportamento humano e na formação da infantil (Rutter et al., 1996). Assim, ele pode
personalidade (Buscaglia, 1997). Nela, a par- ser compreendido como um distúrbio global
ticipação de cada membro, com suas particu- de desenvolvimento que envolve alterações
laridades, afeta todos os outros, bem como é severas e precoces em três áreas: 1) compro-
afetada por eles, numa relação de interdepen- metimento qualitativo da interação social; 2)
dência. Assim, toda mudança exerce influência comprometimento da comunicação e; 3) pa-
em cada membro individualmente e no siste- drões restritos e repetitivos de comportamen-
ma como um todo (Fiamenghi e Messa, 2007). tos, interesses e atividades.
Segundo Minuchin (1990), algumas situ- Os transtornos que possuem em comum es-
ações de mudança do sistema familiar po- tas alterações são denominados Transtornos do
dem ser acompanhadas por estresse, sendo Espectro Autístico (TEA). Eles são subdivididos
as suas principais fontes: 1) contato de um pelo DSM-IV (Associação Americana de Psiquia-
membro com forças extrafamiliares; 2) con- tria, APA, 2002) em cinco categorias diagnósticas:
tato de toda a família com forças extrafami- Transtorno Autista, Transtorno de Rett, Transtor-
liares; 3) pontos de transição na família; e 4) no Desintegrativo da Infância, Transtorno de As-
problemas idiossincráticos. O contato estres- perger e Transtorno Global do Desenvolvimento
sante de um membro com forças externas à sem outra Especificação, sendo o Transtorno Au-
família se constitui em uma situação que im- tista o quadro prototípico desta categoria. Para
põe aos seus componentes a necessidade de os objetivos do presente artigo será utilizado o
se ajustar às novas circunstâncias enfrenta- termo Autismo para se referir aos Transtornos
das por um de seus membros, como a perda do Espectro Autístico de forma geral.
do emprego. Por sua vez, a dificuldade em A taxa de prevalência do Transtorno Autis-
pontos de transição da família caracteriza-se ta na população é de 0,5% (Fombonne, 2003), e
por mudanças inerentes ao ciclo de desen- sua ocorrência é de quatro a cinco vezes maior
volvimento familiar, por exemplo, quando no sexo masculino (Associação Americana de
nasce uma nova criança. Por fim, o estresse Psiquiatria, APA, 2002). O quadro é associa-
em torno de problemas idiossincráticos se do à deficiência mental em aproximadamente
refere a dificuldades específicas surgidas em 75% dos casos (Facion et al., 2002).
função do tempo. Por exemplo, uma família Por definição, os sintomas do Transtorno
que se encontra adaptada em determinado Autista se fazem presentes antes dos 36 meses
momento às demandas de uma doença crô- de idade e o transtorno é passível de diagnós-
nica em um de seus membros pode apre- tico em torno dos 18 meses de idade (Asso-
sentar dificuldades em fases subsequentes, ciação Americana de Psiquiatria, APA, 2002).
devido a novas demandas próprias do de- A maioria dos casos que apresenta a tríade de
senvolvimento humano. dificuldades em grau elevado demonstra os
A emergência de uma doença crônica na fa- primeiros sintomas logo no início da vida. As-
mília é uma mudança que implica no entrelaça- sim sendo, desde cedo essas características já
mento de três fios evolutivos: da doença, dos ci- exercem impacto no cotidiano das famílias e
clos de vida do indivíduo e da família (Rolland, nas relações entre seus membros.
2001). Desta forma, a adaptação familiar a este Somado ao impacto ambiental da presença
contexto depende de muitas variáveis, não de um membro com características de autismo
ocorrendo de maneira linear e progressiva. Ten- na família, deve-se destacar que há, nos estu-
do em vista a importância deste tema, o presen- dos atuais, crescentes evidências sobre a pre-
te artigo enfoca, por meio de uma revisão não- sença de alterações sub-sindrômicas em fami-
sistemática da literatura, o impacto da presença liares de autistas, o que sugere a existência de
de um membro diagnosticado com autismo ao uma influência genética no desenvolvimento
longo do tempo para a família como um todo, do transtorno (Nydén et al., 2011). Além disso,
bem como para cada subsistema específico. há um maior risco de ocorrência do transtorno
Buscou-se também, por meio da revisão da li- entre irmãos de indivíduos autistas (Schwi-
teratura, elencar as estratégias de adaptação fa- chtenberg et al., 2010). Já no caso de irmãos não
miliar que contribuem para o desenvolvimento afetados ocorre maior incidência de dificulda-
de resiliência no caso da presença de um mem- des relacionadas ao desenvolvimento (Asso-
bro com Autismo na família. ciação Americana de Psiquiatria, APA, 2002).

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Os fatores elencados anteriormente, tais claros, estáveis e previsíveis ao longo do tem-


como a prevalência, a gravidade do transtor- po aumenta o potencial de exaustão familiar
no e grau de incapacidade associado ao seu (Rolland, 2001). Além disso, as características
curso, sugerem a necessidade de pesquisas em comportamentais específicas do transtorno,
relação ao impacto do autismo para a família. somadas à gravidade do quadro, podem se
Sendo assim, o objetivo principal do artigo é constituir em estressores em potencial para
apresentar uma atualização sobre o tema. Para familiares e/ou cuidadores (Ingersoll e Ham-
isto, foi realizada uma revisão de literatura brick, 2011). Considerando-se que a família
não sistemática. Como fontes de pesquisa, é uma instituição social significativa, e que a
foram consultados livros e artigos científicos presença de um membro com Autismo reper-
atuais sobre a temática do autismo na família. cute em cada membro e em todos os relacio-
As fontes privilegiadas para a pesquisa foram namentos familiares (Bradford, 1997), cabe
as bases de dados Scielo, Pubmed, PsycINFO e investigar os fatores de impacto e adaptação a
LILACS. A busca foi restrita a artigos em por- este transtorno.
tuguês, inglês ou espanhol. Foram utilizados Para estimar a adaptação familiar a enfer-
os seguintes descritores: autismo, família e pais. midades crônicas, Bradford (1997) desenvol-
Considerou-se como critério para inclusão veu um meta-modelo de Adaptação Familiar à
da referência na revisão (1) o enfoque em pes- Doença Crônica. Este modelo biopsicossocial
soas com Transtornos do Espectro do Autismo integra conceitos da teoria sistêmica (Minu-
(TEA); e (2) o material possuir como um dos chin, 1990) e de teorias cognitivas (Lazarus e
seus objetivos a investigação das repercussões Folkman, 1984; Moos e Shaefer, 1984). Nele
dos TEA na família. Foram excluídas as refe- foram identificados quatro fatores determi-
rências que enfocavam de forma unidirecional nantes da adaptação familiar: modos de fun-
o impacto da família sobre o desenvolvimento cionamento familiar, padrões de comunicação
de pessoas com TEA. Realizou-se a leitura do intra e extra-familiar, qualidade dos sistemas
material encontrado, de modo a avaliar a sua de saúde e crenças sobre saúde. Além disso,
adequação aos critérios de inclusão. destacam-se como variáveis importantes as ca-
racterísticas individuais, os desafios impostos
Impacto do Autismo na Família pela doença, as estratégias de coping e a rede
como um todo de apoio social. A inter-relação entre estes fa-
tores determina se o surgimento de uma enfer-
Diante do início da apresentação dos sin- midade representará, ou não, um evento ad-
tomas de Autismo, o contexto familiar sofre verso para a família. Da mesma forma, no caso
rupturas imediatas na medida em que há in- de crianças com algum transtorno do desen-
terrupção de suas atividades rotineiras e trans- volvimento, a enfermidade tem sido conside-
formação do clima emocional no qual se vive. rada como um estressor apenas em potencial,
A família se une em torno das dificuldades de podendo esses pais sofrer ou não os efeitos de
sua criança, sendo essa mobilização determi- um estresse real (Konstantareas et al.,1992).
nante no início da adaptação. As dificuldades Assim, o impacto das dificuldades inerentes
apresentadas pela criança tornam muitas vezes ao Autismo sobre a família vai depender de
inviável a reprodução das normas e dos valo- uma complexa interação entre a gravidade
res sociais na família e, consequentemente, a dos sintomas da criança e as características
manutenção do convívio social (Sprovieri e psicológicas dos pais, tais como auto-eficácia
Assumpção, 2001). A não cessação da sintoma- percebida, locus de controle, e estilo de en-
tologia com o tempo leva a dinâmica familiar frentamento, bem como a disponibilidade de
a mobilizações que vão desde aspectos finan- recursos comunitários e sociais.
ceiros até aqueles relacionados à qualidade de Por outro lado, há evidências da existên-
vida física, psíquica e social dos cuidadores cia de estresse agudo em famílias que pos-
diretos (Favero e Santos, 2005). suem um membro com diagnóstico de Autis-
Esses comprometimentos em etapas pre- mo (Cutler e Kozloff, 1987; Perry et al., 1992).
coces do desenvolvimento tendem a perdurar Estresse, ansiedade e depressão são maiores
ao longo do ciclo vital da família. Portanto, em pais de crianças com Transtornos do Es-
trata-se de um processo crônico, com o trans- pectro Autístico, quando comparado com pais
torno se estendendo pelos diferentes períodos de crianças com outros acometimentos, como
evolutivos do indivíduo. O curso constante do a Síndrome de Down, sugerindo que o estres-
quadro de Autismo, caracterizado por déficits se parece ser influenciado por características

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específicas do Autismo e não apenas por um Subsistema Parental


atraso do desenvolvimento. (Sprovieri e As-
sumpção, 2001). Observa-se, ainda, uma rela- O subsistema parental inclui interações en-
ção direta entre a gravidade dos sintomas e o tre pai e mãe com os seus filhos. Diante das
nível de estresse (Benson e Karlof, 2009). interações dos pais com um filho com diag-
Dessa forma, as características clínicas nóstico de Autismo há evidências do desen-
da síndrome afetam as condições físicas e volvimento de estresse. Comparando-se o
mentais do indivíduo em diferentes níveis, nível de estresse entre esses pais e mães, são
de acordo com o seu grau de comprometi- encontrados resultados divergentes. Alguns
mento. Há, então, uma possível sobrecarga autores apontam que o papel social de mãe e
decorrente dos cuidados especiais exigidos a sua maior responsabilidade sobre os cuida-
pela criança autista (Favero e Santos, 2005). dos as tornam alvo de maior estresse (Bristol
Assim, a condição afeta todos os membros e Gallagher, 1986). Outros, por outro lado,
da família, causando estresse diretamente, consideram que o estresse sofrido pelo pai é
como na redução das interações sociais (Lee qualitativamente diferente do das mães, não
et al., 2008), ou indiretamente, por exemplo, implicando em maior ou menor grau (Bendi-
por causa do impacto financeiro. Conside- xen et al., 2011). De qualquer forma, padrões
rando os processos que ocorrem na família similares de ansiedade e depressão são obser-
como bidirecionais, deve-se observar tanto o vados em pais e mães (Hastings et al., 2005).
impacto de um membro com autismo sobre Entretanto, os eventos estressores parecem va-
a sua família quanto influência do comporta- riar entre eles: pais estressam mais com com-
mento dos membros da família sobre o indi- portamentos inadequados do que as mães, en-
víduo com Autismo. Cabe, para isso, explorar quanto ambos estressam com as dificuldades
os principais subsistemas familiares: conjugal, sociais da criança (Davis e Carter, 2008).
parental e fraterno, de modo a obter uma visão No caso das mães de crianças com Autis-
abrangente destas interelações. mo, especificamente, os fatores indicativos de
maior vulnerabilidade ao estresse são mães
mais velhas, bem como crianças mais novas e
Impacto do Autismo nos
menos responsivas nas interações sociais (Du-
Subsistemas Familiares arte et al., 2005). As mães relatam ainda maior
estresse quando os filhos são mais irritáveis,
Subsistema Conjugal apresentam hiperatividade, ou comportamen-
tos opositivos, incapacidade de cuidar de si ou
Este subsistema inclui interações entre côn- de se comunicar (Tomanik et al., 2004).
juges ou pessoas significativas que funcionam Pode-se dizer, diante disso, que problemas
como parceiros conjugais. Diante da presença de comportamento da criança e estresse pa-
de um filho com Autismo, o subsistema con- rental exacerbam um ao outro, apoiando um
jugal pode ser afetado na medida em um dos modelo bidirecional de influência, em vez de
membros do casal apresenta sintomas de de- simples influências unidirecionais (Lecavalier
pressão ou nível de estresse elevado. Nesse et al., 2006). Mesmo com os filhos não afetados
contexto, podem surgir mais conflitos entre essa reciprocidade é observada, com a depres-
os pais, afetando a satisfação conjugal. Além são dos pais afetando o subsistema parental e,
disso, o nível de estresse de um dos parceiros com isso, afetando o nível de estresse e dificul-
pode funcionar como preditor da eclosão de dades de comportamento da criança.
sintomas depressivos no outro membro do ca-
sal (Hastings et al., 2005). Subsistema Fraterno
De forma geral, parece haver um impacto
global negativo detectável no ajustamento con- Este subsistema se refere às interações en-
jugal, mas esse impacto é pequeno e muito me- tre os irmãos e irmãs. Avaliando-se o impacto
nor do que seria esperado, dadas as suposições da presença de uma criança com Autismo em
anteriores sobre a suposta inevitabilidade dos seus irmãos, não foram encontradas evidên-
impactos nocivos das crianças com Autismo cias de estresse nessa população. Isso sugere
no bem estar da família (Risdal e Singer, 2004). que o ajustamento dos irmãos depende mais
Entretanto, as informações publicadas sobre o de outros fatores. O nível de estresse em ir-
impacto sobre a relação conjugal de se ter uma mãos de autistas parece estar mais associado
criança com Autismo ainda são escassas. à qualidade das relações familiares do que à

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presença ou não de um irmão com Autismo Essas estratégias de enfrentamento são de-
(Smith e Elder, 2010). senvolvidas tanto dentro da família, quanto
Os irmãos com desenvolvimento típico por meio de apoios externos a ela, como o das
apresentam mais problemas de ajustamento, redes sociais (Twoy et al., 2007). Em relação às
quando são membros de famílias menores diferentes formas de se desenvolver recursos
(Kaminsky e Dewey, 2002) ou quando há es- de enfrentamento em famílias com um mem-
tresse conjugal na família. Em relação a isso, bro autista, destacam-se a execução de reestru-
quando o estresse conjugal é elevado, os ir- turação e desenvolvimento de crenças, o fato
mãos com desenvolvimento típico relatam de possuir uma experiência espiritual, manter
menor satisfação no seu relacionamento com a coesão e ter uma rede de suporte.
o irmão afetado, e dirigem mais comporta-
mentos negativos e poucos comportamentos Reestruturação e Desenvolvimento
positivos a ele. Observa-se, assim, que um me- de Crenças
nor ajustamento conjugal nessas famílias pode
trazer repercussões não só para as relações pa- Os pais constroem crenças explicativas da
rentais, mas também as relações entre irmãos causalidade do Autismo de seus filhos. Eles
(Rivers e Stoneman, 2003). geralmente atribuem o transtorno a causas
únicas e/ou inabilidade dos médicos (Harring-
Estratégias de Coping e ton et al., 2006). Também fazem atribuições de
Desenvolvimento da Resiliência causalidade relacionadas à hereditariedade e
na Família ao ambiente. No geral, atribuições à própria
culpa e ao ambiente se relacionam a um pior
Diante da presença de um membro com ajustamento dos pais à condição dos filhos
Autismo na família, os pais gradualmente (Mickelson et al., 1999; Pinheiro, 2004). Nesse
desenvolvem diferentes estratégias de coping caso, torna-se necessária uma reformulação
para lidar com as dificuldades: negação ativa, das crenças. Além disso, a formulação de um
foco no problema, pensamento positivo e reli- sistema de crenças de aceitação, adaptação e
giosidade (Hastings et al., 2005). Diante das di- otimismo possibilitam sentimentos de espe-
ficuldades que se referem ao comportamento rança e controle e permitem extrair sentido da
do filho, eles utilizam predominantemente as adversidade (King et al., 2009).
estratégias de ação direta e de aceitação. Para
lidar com as emoções, recorrem preferencial- Experiência religiosa/espiritual
mente à distração, busca de apoio social/reli-
gioso, inação e evitação (Schmidt et al., 2007). A espiritualidade/religiosidade das mães
As formas de enfrentamento podem ser está associada a melhores resultados das crian-
subdivididas em enfrentamento passivo (ou de ças no tratamento (Ekas et al., 2009). Entretanto,
fuga e esquiva) e enfrentamento ativo. Os pais a forma de engajamento religioso /espiritual in-
que usam mais frequentemente métodos de en- fluencia nos resultados, uma vez que o uso do
frentamento passivo, tais como ignorar e tentar manejo religioso negativo, como a espera passi-
esquecer as questões pertinentes, usar drogas, va de Deus para resolver o problema, gera au-
ou esperar por milagres apresentam níveis mais mento dos sintomas de depressão e ansiedade
elevados de depressão, isolamento, e maior ten- (Tarakeshwar e Pargament, 2001).
são conjugal (Dunn et al., 2001). Além disso, as
estratégias de coping passivas aumentam os ní- Coesão
veis de estresse ou prejudicam a qualidade de
vida geral da família (Bayat, 2007). O grau de coesão familiar se constitui em
Já as famílias que utilizam uma variedade um aspecto importante da resiliência. Coesão
de estratégias de enfrentamento ativas não familiar é definida como o vínculo emocional
apenas experienciam a diminuição dos níveis que os familiares têm uns com os outros (Olson
de estresse, mas também têm como consequ- et al., 1985). Considerando-se o grau de coesão
ência o aumento da coesão familiar. Os pais familiar como um continuum, pode-se identifi-
que utilizam estratégias de coping ativo tam- car emaranhamento e desligamento como os
bém veem sua experiência como mais gratifi- extremos do continuum (Minuchin, 1974).
cante e satisfatória (Jones e Passey, 2004; Weiss De forma geral, famílias altamente emara-
e Lunsky, 2011). nhadas estão excessivamente envolvidas com

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a vida e a proteção de suas crianças, o que tem A utilização de serviços de apoio permite
efeitos prejudiciais sobre elas, na medida em aos pais se envolver em atividades sociais e re-
que talvez não haja uma promoção do cres- creativas, uma vez que no geral eles relatam
cimento e independência (Minuchin, 1974). sentir dificuldade de acessar serviços de recre-
Entretanto, famílias emaranhadas de crianças ação e lazer devido às demandas relacionadas
com Autismo implementam mais estratégias a ter uma criança com Autismo. Viabilizar este
de enfrentamento positivas do que aquelas tempo de descanso pode reduzir o estresse e
com outros estilos de coesão. Isso sugere que dar-lhes tempo para o desenvolvimento pes-
o emaranhamento pode ser um estilo de coe- soal, tornando-os mais capazes de lidar com a
são familiar mais adaptativo em famílias que criança, em relação àqueles que não utilizam
se deparam com desafios extremos (Altiere e esse auxílio (Sanders e Morgan, 1997).
Von Kluge, 2009).
• Suporte Formal
Rede de Suporte Um terceiro tipo de apoio à disposição
dos pais e famílias de crianças com Autismo
O suporte consiste em uma fonte de con- é o acesso aos serviços de suporte formal, tais
forto obtida em interações com outros (Turn- como grupos de apoio, serviços de saúde e
bull et al., 2006). Dentre as formas de suporte, profissionais de aconselhamento. O objetivo
detacam-se o apoio social, o serviço de apoio e desses serviços é prover informação e ferra-
o suporte formal. mentas para a família lidar com a criança e au-
mentar o seu bem estar, uma vez que os pais
• Apoio Social precisam obter conhecimentos que os ajudem
O apoio social refere-se ao auxílio de um a entender o Autismo em geral e as necessida-
dos cônjuges, familiares e amigos na participa- des das suas crianças especificamente. Os pro-
ção dos cuidados com a criança com Autismo. fissionais que oferecem esse suporte devem
Os cônjuges que estabelecem relações de par- antecipar para as famílias os desafios específi-
ceria proporcionam a melhor fonte de apoio in- cos que possam ocorrer durante os diferentes
formal, fornecendo tempo de descanso ao par- períodos de transição da criança (por exem-
ceiro, dividindo as responsabilidades da gestão plo, início da adolescência, escola, até a idade
da casa, e partilhando o papel de disciplinador adulta) e considerar os tipos de serviços, su-
(Boyd, 2002). Além disso, o subsistema de fa- porte, ou intervenções indicados em cada fase.
mília extensa, que inclui interações entre os Um benefício adicional existe quando este
membros da família nuclear e outros parentes, trabalho é realizado em grupo, uma vez que
muitas vezes é uma das fontes de apoio social. permitir o contato com outras famílias em situ-
O apoio social permite a disponibilização ações semelhantes pode reduzir o isolamento
de tempo livre para os pais de modo que eles social e o estresse (Turnbull et al., 2006).
possam participar de atividades recreativas e Essa forma de suporte não se restringe
dos serviços e programas de suporte formal aos pais. O desenvolvimento de um grupo
disponibilizados a eles (Siklos e Kerns, 2006). de apoio a irmãos de crianças com Autismo
Dessa forma, cabe aos profissionais que atuam trouxe como resultado uma melhora do auto-
com a família o desenvolvimento de interven- conceito dos irmãos e um aumento dos conhe-
ções específicas para aumentar a rede de su- cimentos sobre Autismo (Smith e Perry, 2005).
porte informal da família (ou seja, os contatos Além disso, o acesso dos membros do Serviço
com família, amigos, vizinhos) e o incentivo de Apoio a reuniões regulares com os profisio-
e promoção da comunicação mãe-pai não só nais de suporte formal permitem o desenvol-
em ambientes formais, como grupos de apoio, vimento de maior habilidade para lidar com
mas também em sua rotina diária. as diferentes situações que surgem no acom-
panhamento à criança com Autismo.
• Serviço de Apoio Outra forma de suporte formal são os pro-
O serviço de apoio, um segundo tipo de su- gramas de formação e educação dos pais. Essa
porte, se refere a um serviço pelo qual outro forma de intervenção traz resultados positivos
adulto assume o papel de pai para filhos com tanto para os pais quanto para a criança, na
deficiência por curtos períodos de tempo em medida em que contribuiem para sentimentos
uma base consistente (Chan e Sigafoos, 2001). de controle e de apoio, bem como permitem a
Essa atividade é geralmente realizada por cui- redução da ansiedade. A intervenção de Trei-
dadores em casa ou ambientes especializados. namento de Pais também apresenta resultados

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positivos de eficácia em pesquisas (Singer et al., um membro autista (Gray, 2006). Além disso,
2007). Segundo os autores, há evidências para os estudos sobre famílias de crianças com Au-
apoiar a alegação de que estão estabelecidas tismo tipicamente têm tamanhos de amostra
intervenções baseadas em evidências para re- relativamente pequena, e isso restringe o al-
duzir o sofrimento psicológico, pelo menos nas cance dos resultados.
mães de classe média no curto prazo. Isso im- Os estudos brasileiros nessa área têm sido
plica na existência de uma base de evidências raros e fundamentados mais frequentemente
sobre a qual construir e desenvolver sistemas em um “modelo de déficit” em contraste ao
de apoio às famílias com crianças com Autismo. de “recursos”. Enquanto no modelo de dé-
Há, entretanto, a necessidade de maior ficit é ressaltada a psicopatologia familiar, o
disponibilidade de acesso ao suporte formal, modelo de recursos focaliza, além da identi-
uma vez que atualmente ele não é distribuído ficação de comprometimentos, as estratégias
igualmente na população, não contemplando que as famílias desenvolvem para compre-
principalmente famílias em comunidades com ender e lidar com a síndrome. O enfoque no
baixo nível socioeconômico (Bromley et al., modelo de déficits parece levar à visão do
2004; Mandell e Salzer, 2007). Paralelo a isto, estresse familiar como inerente à presença de
surge a demanda de maior número de profis- um membro com Autismo na família, sem o
sionais capacitados para trabalhar com essa apontamento de possíveis saídas, formas de
população, bem como necessidade de investi- minimização do sofrimento ou inter-relações
mento do sistema de saúde no financiamento entre os fatores que podem facilitar ou, ao
para serviços de suporte formal, uma vez que contrário, limitar o desenvolvimento psi-
esses recursos são alternativas efetivas de co- cossocial do grupo familiar. Essa visão leva,
ping e de desenvolvimento de resiliência (Fa- assim, a poucas perspectivas de intervenção
vero e Santos, 2005). nessa área. Por outro lado, o desenvolvimen-
to de estudos fundamentados em um modelo
Considerações Finais de recursos permite o vislumbre de alternati-
vas de intervenção que permitam a minimiza-
Considerando-se que mães emocionalmen- ção do impacto do transtorno na família, bem
te mais saudáveis têm melhor engajamento como um maior envolvimento dela no trata-
em atividades cognitivas e de suporte com a mento (Schmidt e Bosa, 2003).
criança (Wachtel e Carter, 2008) e que um bai- Concluindo, o profissional de saúde que
xo grau de estresse paterno aumenta a efeti- atua com famílias em que haja algum mem-
vidade de processos de intervenção precoce bro com Autismo deve ter em mente, em pri-
(Osborne, et al., 2008), torna-se necessário o meiro lugar, que a participação da família no
enfoque em intervenções centradas nos pais, tratamento é fundamental para o desenvolvi-
tornando-os aptos a funcionarem como par- mento da criança. A partir do momento em
ceiros ativos importantes no tratamento do que nascemos já nos encontramos inseridos
Autismo, uma vez que esse deve ser intensivo, nessa estrutura social básica, em que intera-
abrangente e duradouro. O desenvolvimento ções primárias são estabelecidas para garan-
dessas intervenções deve estar ancorado em tir nossa sobrevivência. Além disso, sabe-se
pesquisas envolvendo as famílias de autistas. que, apesar da forte influência dos aspetos
Entretanto, o número de estudos sobre o tema genéticos, o ambiente se constitui em fator
ainda não corresponde ao que seria esperado, decisivo na determinação das características
tendo em vista tanto o impacto da criança au- comportamentais da criança (Fiamenghi e
tista na dinâmica familiar quanto à importân- Messa, 2007).
cia da participação familiar para o diagnóstico
e os processos de intervenção e educação. Referências
Tendo em vista que a maioria dos estudos
sobre o impacto do autismo na família é reali- ALTIERE, M.J.; VON KLUGE, S. 2009. Family func-
zada em famílias com crianças com o transtor- tioning and coping behaviors in parents of chil-
no, deve-se considerar o viés dos resultados, dren with Autism. Journal of Children and Family
Studies, 18:83-92.
uma vez que esses não abarcam as diversas
http://dx.doi.org/10.1007/s10826-008-9209-y
transições ao longo do desenvolvimento do ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA.
indivíduo e da família. São necessárias mais 2002. Manual diagnóstico e estatístico de transtor-
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