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ABC

de
MACABU
Topônimos, Histórias e Curiosidades
de Conceição de Macabu
Marcelo Abreu Gomes

ABC
de
MACABU
Topônimos, Histórias e Curiosidades
de Conceição de Macabu

Macaé – RJ
Edição
Angelo dos Santos Mariño

Capa
Ana Luiza Viana Rocha Ribeiro

Todos os direitos desta edição são reservados à Angelo dos


Santos Mariño 17603534771
(AsM Editora).
contato@asmeditora.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

G633a Gomes, Marcelo Abreu.


Abc de Macabu: dicionário de topônimos e curiosidades / Marcelo
Abreu Gomes. – 1. ed. - Macaé: AsM, 2019.
441 p. : il.

Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-80544-12-7

1. Conceição de Macabu (RJ) - História. 2. Cultura popular. 3.


Toponímia. 4. Dicionários. I. Título.

CDD – 981.53
Elaborada por Maria da Penha Lascosck Cardoso CRB-6/ES -
694
Apresentando:
Na segunda edição deste livro os leitores conhecerão as
origens e os significados dos nomes dos bairros, localidades,
distritos do município de Conceição de Macabu, além das regiões
limítrofes. Ao estudo “dos nomes de lugar” chamamos de
topônimos. Também conhecerão algumas curiosidades, lendas e
histórias do município. Algumas ainda por cima resumidas, pois
precisaria escrever outros livros se quisesse reunir todas as nossas
histórias e lendas.
Como se trata de uma reedição (a primeira é de 2004),
incluímos mais informações e imagens sobre as localidades já
presentes desde a primeira edição e, claro, incluímos localidades
surgidas desde então.
Conforme visto, trato também de topônimos de regiões
limítrofes a Macabu, inclusive cidades vizinhas, que estão ligadas ao
nosso município por laços culturais, sociais, mas principalmente
laços geográficos, econômicos e até afetivos. Neste caso,
imaginariamente, as fronteiras de nosso município, ao norte, se
estenderam até o Rio Imbé em Santa Maria Madalena, onde
englobei estudos sobre Agulha dos Leais, Osório Bersot, Triunfo,
Loreti, Cambotas e Santo Antônio do Imbé, entre outros. Próximo a
Macabuzinho, não poderia deixar de fora Paciência, que pertence a
Campos, e ao sul, uma área rural pertencente a Macaé, englobando
Serra da Cruz, por exemplo. Com Trajano de Morais, a relação foi

I
mais passional, pois dividimos meio a meio com esse município
algumas de nossas mais belas paisagens encachoeiradas.
As novidades dessa edição passam por um breve histórico e
a toponímia dos municípios vizinhos, além das atualizações e
inclusões de novos topônimos.
Nestes casos, caso tenham em mãos a primeira edição,
perceberão que este trabalho ficou maior, não só no volume de
páginas, como no de tópicos. Outra percepção possível, se
comparando as duas edições, é a exclusão ou inclusão de novas
informações, das quais a mais perceptível tem relação com a origem
jesuítica de certos topônimos. A palavra “Jesuíta” praticamente
desapareceu, sendo substituída por missionário ou, mais
especificamente, Ordem de São Pedro, já que uma descoberta
posterior a 2004 nos revelou serem os catequizadores dos índios e
formadores da Missão de Nossa Senhora das Neves, desta ordem, e
não jesuítas como se pensava.
Espero que apreciem, pois foi um projeto prazeroso e
trabalhoso, tanto para mim quanto para os muitos colaboradores
com que contei.

MARCELO ABREU GOMES, JULHO DE 2019.

II
Observações importantes:
Esse livro, que de certa forma é um pequeno dicionário,
prioriza o regionalismo, incluindo aí o modo de falar típico da
região. Assim, os interessados no Rio Carukango, por exemplo, o
acharão na letra R de rio, e também na letra C de Carukango, pois o
termo não se refere apenas ao rio, mas a toda uma região que
conhecemos por Carukango. Por outro lado, se buscarem Vila
Esperança, por exemplo, não procurem em “Esperança, Vila”, como
nos dicionários tradicionais, mas sim em Vila Esperança, como
falamos em Conceição de Macabu. Busquem os termos como eles
são falados popularmente. Este é um livro feito para o povo de
Conceição de Macabu e arredores, não o fiz preocupado com
especialistas e etc. As normas que valem aqui são as do bom
entendimento entre o que eu escrevo e os leitores da minha região.
Como não é possível ser perfeito, peço que críticas,
sugestões e, quem sabe, elogios, sejam enviados para:

Marcelo Abreu Gomes


Rua Esmeraldo Alfenas, 23
Paraíso
Conceição de Macabu/RJ
CEP: 28.740-000
(22) 999986890
Marcelo1500@gmail.com
@marceloabreu1967

III
Sobre o autor:
Marcelo Abreu Gomes é professor de História e Geografia
em escolas públicas e particulares, do 6º ao 9º ano do Ensino
Fundamental, do 1º ao 3º ano do Ensino Médio, da Faculdade a
Pós-Graduação. Possui mestrado em Educação e é doutorando na
mesma área. Pesquisador amador em diversas áreas: Paleografia,
Arqueologia, Botânica e Zoologia. Já escreveu outros livros,
centenas de artigos e matérias jornalísticas. Ajudou a produzir em
vários tipos de mídia, no cinema, TVs, sites, etc.
Apesar do gosto pela Internet e outras tecnologias, é muito
eclético, apreciando também passeios por ambientes naturais como
florestas e cachoeiras ou ambientes culturais, como museus e
centros culturais, além de jogos, especialmente os difíceis jogos de
guerra, onde desenvolve carreira solo, ou, nas duplas “mata-zumbi”
com sua caçula, Mariana. Por falar em filhos, tem mais dois:
Leonardo e Júlia. O primeiro, parceiro esportivo, pelo menos via TV,
assistindo jogos do Fluminense. A segunda, dividindo seu gosto por
animais, que por vezes tem que ser controlados, ou já teríamos até
hipopótamo em casa.
Nascido em novembro de 1967, no mesmo mês da morte de
Che Guevara e nascimento de Picasso, Pelé e do marechal Rommel.
Tem 51 anos.

IV
Este trabalho é dedicado:
Aos filhos e sobrinhos:
Leonardo, Pedro, Sávio, Júlia, Maria Clara, Mariana, Marina,
Sylvia e Helena.

Aos avós:
Herculano Gomes da Silva e Bernarda Ornellas Gomes
Acyr Sales Abreu e Sílvia Soares Abreu

Ao inspirador:
Antonio Alvarez Parada

V
Considerações Iniciais Sobre os Topônimos

As Tradições
Diversas nomenclaturas (topônimos) macabuenses e
regionais tem explicações comuns chamadas de tradição, pois
seguem um conjunto de elementos, inclusive culturais. Esses
elementos, formadores dessas tradições, estão ligados ao nosso
passado de território colonizado por portugueses católicos, onde a
natureza teve uma grande influência e, a um passado um pouco
mais recente, digamos centenário ou sesquicentenário, onde suíços
e franceses, também católicos, introduziram seus costumes.
Percebi principalmente seis tradições, que são:

I – Tradição Lusitana/Luso-Católica
O leitor perceberá que predominam os nomes de Santos (as),
o que evidencia uma tradição Católica, marcante na cultura de
nossos ancestrais portugueses, que foi reforçada no passado pelos
missionários que mantinham contato com os indígenas do vale do
Rio Macabu, no sentido de catequizá-los. No caso dos missionários,
os nomes de Santos e Santas serviam também para marcar as trilhas
de acesso ao vale do Macabu.
Essa tradição é uma das mais presentes na região, não
estando restrita apenas aos missionários, mas sobretudo aos
inúmeros proprietários rurais que também batizaram suas fazendas
e sítios com o nome do Santo ou da Santa de sua devoção.

VI
Por consequência e extensão, a tradição luso-católica foi
absorvida por imigrantes e migrantes, tornando-se comum por
demais em nosso município.
Percebi uma predileção pelos Apóstolos, em especial Pedro e
João, além de outros personagens célebres da Bíblia, ou
personagens da história da Igreja Católica, com destaque para São
José, Santa Isabel, Santa Ana (Santana), Santo Agostinho, e claro,
Maria, seja com tal denominação (Santa Maria), ou como Nossa
Senhora em suas diversas variações, com especial destaque para
Nossa Senhora da Conceição, muito devotada em Portugal no
Século XIX. Também há um predomínio de Santos e Santas de
grande devoção em Portugal, como Santa Catarina, São Sebastião e
Santo Antônio de Lisboa, também conhecido como Santo Antônio
de Pádua, ou simplesmente Santo Antônio.

II – Tradição Francesa/Franco-Católica
Também há grande influência da língua francesa, porque
durante décadas a figura carismática do francês Victor René Sence,
industrial e grande proprietário rural, dominou a região de
Conceição de Macabu. Com a mais absoluta certeza, Victor Sence
foi responsável pelos nomes São Henri (Henri Sence era seu filho),
hoje um dos nossos maiores bairros, e, São Luís (Luís também era
seu filho), uma localidade do 2° distrito. Pela tradição francesa, você
pode homenagear alguém “santificando” seu nome, como
percebemos claramente com os filhos do industrial.

VII
Não há certeza absoluta, mas o nome Balancé, outro dos
nossos maiores bairros, pode ter derivado da palavra francesa
“balancè”.
E por fim, o bairro da Usina tem seu nome obviamente
relacionado à indústria fundada por Victor Sence.
Dentro desta tradição, está agregada a influência de colonos
suíços e seus descendentes, que migraram diretamente para cá ou
vieram da região de Nova Friburgo. Como a maioria dos imigrantes
suíços de Nova Friburgo falava francês, a Tradição Francesa foi
reforçada entre nós.
Sobrenomes comuns, outros nem tanto, em Conceição de
Macabu, evidenciam a origem suíça de seus portadores, como:
Genelhoud, Genoud, Jaccoud, Moura*, Schwartz**, Tardin, Poubel,
Bersot, Boechat**, Moretti, Monnerat**, Simon, Folly**, Allemand,
Daumas, Lugon, Keller*** e Dafflon. Outros evidenciam a origem
francesa, como Borret, Sence, Brochot e Agarrat. E outros, de
origem francesa, deixam dúvidas, se são realmente franceses, suíços
ou franco-suíços: Berbat, Lannes**, Belmont, etc. Tudo isso só serve
para reforçar, que o francês já foi uma segunda língua por aqui.

*Sobrenome presente em imigrantes de outras nacionalidades, como


portugueses e espanhóis.
**Respeitando a grafia original, segundo o Consulado Geral da Suíça.
*** Imigrantes originários da Suíça alemã.

VIII
III – Tradição Naturalística
Animais, plantas, formas geográficas, também são comuns, e
serviam para “marcar” uma região, evidentemente pela sua
abundância, beleza, destaque, ou pelo espanto provocado...
É uma marca muito presente e curiosa em nossos
topônimos, como por exemplo Bocaina, Piabas, Poaia, Corcovado,
Pão-de-Açúcar e outros. Sem pestanejar, afirmo que a maioria dos
nossos topônimos tem sua origem na tradição naturalística.

IV – Tradição Indígena
A presença indígena em todo município não se limitou
apenas ao aspecto físico, pois fortes tradições culturais foram
deixadas pelos mesmos em nossa região, a começar,
provavelmente, pelo nome Macabu, que é originário de uma
palmeira, segundo uma das versões, que teria a planta nome
indígena: ma’ka’bium.
Espanta a pouca frequência de topônimos de origem
indígena, afinal de contas, o Vale do Rio Macabu e seus arredores,
foi habitado por vários grupos indígenas, destacando-se os Saruçus
(ou Sacurus), Goytacaz e Coroados. O que ocorreu, provavelmente,
é que o grupo predominante, o Saruçu, ao ser levado e catequizado
na Aldeia de Nossa Senhora das Neves e Santa Rita do Sertão do
Rio Macaé, quando retornou à região de Macabu, já o fez imbuído
da cultura luso-brasileira dos missionários, contribuindo para difusão
dos topônimos luso-católicos, naturalísticos, etc.

IX
V – Tradição Africana
Com forte presença africana em sua História, sobretudo
pelos séculos de escravidão, a Cultura do continente africano ficou
impressa em quantidade apreciável em toda nossa região, como
nos casos Carukango, Mandingueiro, Quimbira, entre outros.

VI – Tradição Personativa
Termo utilizado por Antonio Isaias da Costa Abreu em seu
livro “Topônimos Fluminenses” para elucidar os casos em que
nomes de personalidades denominam devidas áreas. No nosso
município é o caso dos bairros do Porto e do Tavares, por exemplo.

Casos Especiais:
O leitor deve prestar atenção em duas outras constatações: a
presença de dezenas de topônimos iniciados pelo substantivo
feminino fazenda e a existência de outros inexplicáveis ou sem uma
explicação que pudesse ser confirmada.
Dividi-os em dois grupos de topônimos:
I – Aspecto Rural
Muitos são os nomes ligados direta ou indiretamente à
fazenda e sítios, até porque essa é uma região essencialmente
agrária até os dias de hoje. Ao aspecto rural da região juntam-se as
tradições Luso-Católica e Francesa, além da Influência da Natureza.

X
II – Topônimos Desconhecidos
Por fim, não foi possível explicar todos os nomes, e, em
muitos casos existem diversas explicações, como é o caso de
Palioca, Balancé, Sacarrão, entre tantos outros. Nestes casos, o leitor
pode colaborar se souber de uma versão.

XI
Glossário básico:

Afluente
Curso de água que deságua em outro curso de água,
considerado principal, ou em um lago, contribuindo para lhes
aumentar o volume; tributário. O Rio do Meio é afluente do Rio
Macabu. O Rio Macabu é tributário da Lagoa Feia.

Aluvial/Aluvião
O nome diz respeito aos cursos hídricos que não são
encachoeirados, geralmente localizados em planícies, e, que durante
as enchentes, formam depósitos em suas margens e fundo. Todos
os rios do município têm uma fase encachoeirada e outra de
aluvião, com exceção do Rio Carukango, que é todo encachoeirado,
e o Rio do Meio, que é todo de aluvião.

Canal Campos-Macaé
Grande obra da engenharia nacional, em funcionamento
desde 1848, mas, definitivamente concluído e inaugurado em 19 de
fevereiro de 1872, constituiu-se num canal fluvial que unia as
cidades de Campos e Macaé, numa extensão superior a cem
quilômetros. Além de acelerar as comunicações dessas cidades, o
canal atendia as necessidades de escoamento da produção de
vastas regiões agrícolas, como as que hoje fazem parte de

XII
Carapebus, Quissamã e Conceição de Macabu, naquela época
pertencentes ao município de Macaé. O canal cortava diversos rios e
lagoas, que acabavam servindo de meios vicinais de comunicação,
com destaque para o rio Macabu, navegável até o antigo povoado
de São João do Macabu. A navegação era feita por balsas, canoas,
pranchas e pequenos barcos, movimentados à vela, por remadores,
ou rebocados por pequenas embarcações movidas a vapor, como o
rebocador chamado ‘Macabu’.

Cidade
É a sede de um município, chamado também de Primeiro
Distrito. A cidade tem o nome do município a que pertence. Os
municípios, em sua maioria, são divididos em distritos e o primeiro
distrito é a sede do município.
Ex.: Município de Conceição de Macabu, cidade de
Conceição de Macabu.

Companhia Estrada de Ferro Barão de Araruama


Ramal ferroviário da Companhia Estrada de Ferro Macaé-
Campos, teve suas obras iniciadas em 5 de dezembro de 1877. A
previsão inicial, era de que o “Ramal Conde de Araruama”, como
também era chamada a companhia, unisse a Macaé-Campos com a
Estrada de Ferro de Cantagalo em dois anos. Tudo transcorreu
como previsto até Conceição de Macabu, aonde os trilhos chegaram
no dia 18 de julho de 1878, e em Triunfo, no ano seguinte. Daí para

XIII
frente, as dificuldades financeiras dos sócios, e as obras demoradas
e custosas para transpor as serras, retardaram as obras por duas
décadas, até sua conclusão (sem a interligação entre as estradas de
ferro), em 1898. Obra fundamental para o desenvolvimento de
Conceição de Macabu e arredores, o ramal foi extinto em 1965, para
transporte de passageiros, e definitivamente erradicado em 1991,
com a falência da Usina Victor Sence. A construção do ramal
ferroviário até Conceição de Macabu reuniu esforços dos
proprietários locais que auxiliaram com escravos, mantimentos e
dinheiro, financiamentos e projetos ingleses, e o empenho decisivo
da elite agrária e política da região, personificada nas figuras do
Coronel Amado, barão de Macabu, barão de Santa Maria Madalena,
e da nobreza quissamaense em geral.

Curso
A direção que um rio segue da nascente à foz. Da sua
nascente até a sua foz, o Rio Macabuzinho percorre um curso
inferior a 20 km.

Distrito
Cada uma das divisões do município, com sede e território,
sendo que o Primeiro Distrito é a sede do município, a cidade.
Alguns municípios possuem apenas um distrito, caso de Quissamã;
outros possuem diversos, como é o caso de Campos. Em Conceição

XIV
de Macabu, temos dois distritos: o primeiro, que é Conceição de
Macabu, e o segundo, que é Macabuzinho.

Estrada de São Domingos – Dr. Singefredo Maia


Gondim
Estrada municipal que liga o centro da cidade à antiga
Fundação Estadual do Menor, hoje FIA, Fundação da Infância e
Adolescência. Tem aproximadamente 6 km de extensão e
homenageia Dr. Singefredo Maia Gondim, presidente da FEEM nos
anos 70-80, cujo trabalho marcou a região de São Domingos e
arredores.

Abertura da Estrada de São Domingos para automóveis em 1923. Foto do


acervo particular do autor.

XV
Estrada Macaé-Cantagalo ou Estrada Geral de
Cantagalo
Um dos nomes, possivelmente o oficial (não mantive a grafia
da época: Canta Gallo), de uma estrada que ligava a “Região de
Canta Gallo” aos portos fluviais do Rio Macabu, ou diretamente ao
porto de Macaé, dependendo das condições climáticas. Também é
conhecida como Estrada de Cantagalo, e Estrada Real Macaé-
Cantagalo. Foi legalmente iniciada em 1835, após a aprovação da Lei
Provincial Nº 25 de 14 de abril daquele ano. Escoava o café da
“Região de Cantagalo”, sendo trafegada por tropas, constituídas de
dezenas de muares. Por incrível que pareça, alguns remanescentes
dessa estrada ainda podem ser encontrados, e, mais incrível ainda,
em alguns lugares da Amorosa, por exemplo, a estrada ainda é
utilizada.

Estrada Geral de Cantagalo – fragmento da região da Fumaça entre Conceição


de Macabu e Trajano de Morais. Foto do autor.

XVI
Foz
Ponto onde um rio (ou outro curso fluvial) termina,
desaguando no mar, num lago ou em outro rio; desembocadura,
embocadura. A foz do Rio Carukango fica nas proximidades do Sítio
do Biju, na Amorosa, onde ele deságua no Rio Macabu.

Freguesia
Antigo nome dado aos distritos de um município. Sua criação
dependia da fundação de uma paróquia, onde os padres
documentavam os nascimentos, casamentos, óbitos e os registros
de terras (a partir da Lei de Terras de 1850). Algumas freguesias
tinham divisões internas, chamadas de distritos. Ex.: Freguesia de
Nossa Senhora da Conceição de Macabu, fundada em 6 de outubro
de 1855, tinha três distritos: o Curato de Santa Catarina, a Estação de
São João de Macabu e Paciência do Macabu.

Localidade
Todo e qualquer lugar, tendo ou não uma vila, aldeia ou
sede distrital. Ex.: Curato de Santa Catarina, localidade com
povoação; Santo Antônio, localidade com uma fazenda, algumas
casas, etc.

Logradouro
Espaço público, inalienável. Pode ser rua, praça, avenida,
vilarejo, etc.
XVII
Margem
O terreno que ladeia um curso de água ou que circunda um
lago, uma lagoa, um córrego, ou um rio; beira, orla.

Município
Divisão interna, autônoma, de um Estado, governado por um
Prefeito e pela Câmara Municipal. No passado, sua administração
estava relegada somente a Câmara, que nomeava entre os
vereadores um intendente, ou administrador, que fazia o papel de
prefeito. Os municípios se constituem internamente de distritos,
sendo que a cidade é sempre o 1º distrito. Conceição de Macabu
após a segunda e definitiva emancipação em 1952, passou a ter dois
distritos: Conceição de Macabu, 1º Distrito; Macabuzinho, 2º Distrito.
Alguns municípios tem apenas um distrito, casos de Quissamã e
Carapebus, por exemplo. Outros, como Macaé, Santa Maria
Madalena, Trajano de Morais e, principalmente, Campos dos
Goytacazes, tem vários – Campos, por sinal, é o município com mais
distritos no Estado do Rio de Janeiro.

XVIII
Nascente
Fonte principal de um curso de água; cabeceira. Onde
começa um rio ou córrego. O rio Santa Catarina tem suas nascentes
nas serras de Santo Agostinho, São João, Sobra de Terras, etc.

Rio
Curso de água natural, de extensão mais ou menos
considerável, que se desloca de um nível mais elevado para outro
mais baixo, aumentando progressivamente seu volume até desaguar
no mar, num lago, ou noutro rio, e cujas características dependem
do relevo, do regime de águas, etc. Ex.: Rio Macabu, nasce na serra
do Macabu, deságua na Lagoa Feia, tem curso de aproximadamente
120 Km.

Rodovia RJ – 182
Rodovia estadual que corta o município de Conceição de
Macabu, tem 70 km de extensão, iniciando em Santa Maria
Madalena e chegando ao entroncamento com a RJ-178 em
Carapebus, no Trevo do Posto e fazenda Andorinha que se inicia em
C. Boa parte do leito da rodovia se constituiu no percurso da antiga
Estrada Geral de Cantagalo.

XIX
Rodovia RJ – 196 – Vereador Antônio Minguta de
Oliveira
Rodovia estadual que se inicia em Conceição de Macabu,
percorrendo 197 km passando pelo Porto do Açu em Quissamã, daí
seguindo o litoral até Barra do Itabapoana na divisa com o Espírito
Santo. O trecho macabuense que vai da sede do município até o
Segundo Distrito, Macabuzinho, recebeu o nome do vereador
Antônio Minguta de Oliveira, proprietário rural e político
macabuense residente no segundo distrito, que em cinco
legislaturas destacou-se como representante, não só do distrito,
como dos produtores rurais.

Vereador Antônio Minguta de Oliveira.

Serra do Deitado ou Serra do Homem Deitado


Antigo nome do conjunto de serras existentes nas divisas
territoriais de Conceição de Macabu com Macaé. A nomenclatura
XX
tem origem remota, e se explica no fato dessas serras, uma vez
observadas do Rio Macaé, ou do Rio São Pedro, parecerem um
homem deitado de costas. Hoje a região não é mais denominada
assim, mas por cada conjunto que a constitui, por exemplo: Serra do
Frade, Serra da Cruz, Serra da Boa Vista, Serra do Carukango, Serra
do São Tomé, etc.

Terras Provinciais
Terras do nosso município que pertenciam ao governo da
Província do Rio de Janeiro, hoje Estado do Rio de Janeiro. Essas
terras, quase todas situadas entre as regiões de Santa Catarina e São
Domingos, foram ocupadas de diversos modos pelos proprietários
rurais da região, e alguns aventureiros, isso, entre a metade do
século XIX e o início do século XX.

Vargem
O mesmo que várzea, ou seja, uma planície fértil, úmida,
inundável em tempos chuvosos. Também recebe os nomes de
varge, várgea e vargedo.

XXI
Índice:

A
Acácias, Fazenda das, 35
Aduelas, 36
Agulha dos Leais, 36
Álcalis, Bairro da/Colônia de Férias da, 38
Amazonas, Fazenda, 40
Amorosa, Cachoeira da/Lenda da/Maldição da/Região da, 41
Andorinha, Fazenda/Posto, 59

B
Balança/Subida da Balança/Bairro da, 61
Balancé, Bairro do, 62
Banco, Serra do/Morro do Paliteiro (Piteira), 65
Barão Dourado, Fazenda (Agulha dos Leais), 67
Barata, Fazenda do/Bairro do, 69
Barro Branco, Fazenda/Localidade do (Ponto Pinheiro), 71
Barro Branco, Localidade do (Santa Maria Madalena), 73
Barro Vermelho, Fazenda do/ Localidade do/São José do, 74
Batatal, Balneário do/Fazenda do/Loteamento (Usina), 74
Beira Linha, Bairro da, 76
Beira Rio, 78
Bertioga, Fazenda da/ Localidade da, 78
Biju, Localidade do/Sítio do, 81
Boa Esperança, Fazenda da/Localidade da, 82
Boa Vista, Fazenda da/Assentamento da, 84
Bocaina, Bairro da, 84
Bom Destino, Fazenda (Amorosa), 90
Brinco, Fazenda do/Localidade do, 93

C
Cachica, Pedra da (Amorosa), 94
Cachoeirão (Santo Antônio do Imbé), 98
Caju, Bairro/Fazenda/Localidade (Macabuzinho), 100
Cajueiro, Morro do/Subida do, 101
Calambau (Amorosa), 101
Calçadinha, Bairro da, 102
Cambotas, Fazenda das/Região das, 104
Campo do Rio Branco (Garapa/Vila Nova), 107
Canudos, Fazenda de /Localidade de (Macabuzinho), 109
Capelinha, Fazenda/Assentamento de, 110
Capelinha do Amparo, Localidade (Macabuzinho), 111
Campos dos Goytacazes (Município), 112
Carapebus (Município), 114
Carandiru/Conjunto Habitacional Sílvio Soares Tavares, 115
Carrapeta, Fazenda da (Santo Agostinho), 116
Carukango, Rio/Região do (Amorosa), 117
Cascata (Triunfo), 130
Catarina, Santa (Macabuzinho), 130
Catarina, Santa Rio/Serra de, 130
Centro, Bairro do (Praça), 130
Chácara de Santana (Vila Nova), 138
Chácara de Sílvio (Beira Linha), 139
Chalé, Morro do (Centro/Paraíso), 139
Clube do Bosque (Centro/Vila Nova), 143
Conceição de Macabu /1º Distrito/Cidade de/Município de, 144
Conjunto Habitacional Sílvio Soares Tavares/Carandiru, 187
Corcovado, Pedra do/Fazenda do, 188
Córrego das Almas (Álcalis, Vila Nova, Centro, Paraíso), 189
Córrego da Campanha (Beira Rio), 190
Córrego do Catrame (Amorosa), 190
Córrego da Perigosa (Piabas/Piteira), 191
Córrego do Purgatório (Centro), 191
Curato de Santa Catarina, Localidade do/Região do, 193

DE
Doutor Loreti, 200
Eldorado, Bairro do, 200
Escura, Fazenda da (Santo Agostinho/Santa Maria), 202

FG
Fazendinha, 203
Fumaça, Cachoeira da (Amorosa), 203
Garapa, Bairro da, 205
Gaivota, Serra da/Fazenda da/Loteamento (Usina), 209

HIJL
Inferninho/Rua 15 de Março (Vila Nova), 212
Ipê, Fazenda do (Vila Tavares), 214
Lama Preta, Fazenda da/Localidade da (Santo Antônio do Imbé), 216
Leitão da Cunha, Fazenda/Localidade, 216
Loteamento Folly (Bocaina), 217

M
Macabu, Conceição de/Região de, 219
Macabuzinho, 2° Distrito/Região de, 236
Macaé (Município), 244
Mandingueiro, Estrada do/Morro do/Subida do, 246
Mirante da Parabólica (Balança/Porto/Bocaina), 247
Monte Cristo, Adutora (São Domingos), 248
Morrinho, Localidade do, 249
Morro da Biquinha (Usina/Vila Nova), 250
Morro da Caixa D’água (Bocaina), 250
Morro da Mijada (São João), 252
Morro do Paliteiro/Serra do Banco (Piteira), 252
Mutirão/Vila Progresso (Rhodia), 253
N
Niterói (Triunfo), 254
Nossa Senhora de Lourdes, Conjunto Habitacional (Usina), 254

OPQ
Onça, Fazenda da, 257
Osório Bersot (Santa Maria Madalena), 258
Paciência (Campos dos Goytacazes/Macabuzinho), 260
Palioca, Localidade da, 261
Pão de Açúcar, Pico do (Amorosa), 263
Paraíso, Bairro do, 264
Patos, Fazenda dos/Lagoa dos/Trevo dos (Macabuzinho), 265
Pedra Branca, Serra da/Fazenda da, 269
Periquito, Pico do (Santo Agostinho), 269
Piabas,Fazenda dos/Localidade dos, 270
Piteira, Bairro da, 272
Poaia, Fazenda da, Região da (Curato de Santa Catarina), 276
Pontal, Pedra do (Osório Bersot), 278
Ponte Branca, 278
Ponto Pinheiro, Localidade, 279
Porto, Bairro do, 280
Porto Novo (Porto), 282
Posse de Dentro/Fazenda/Localidade da, 283
Praça (Centro), 284
Procura, Localidade do/Serra do, 287
Quarenta, Fazenda dos/Trevo dos, 288
Quilombinho (Osório Bersot), 289
Quissamã, 289

R
Rego Barros, Educandário/Colégio Agrícola/FEEM/FIA, 291
Rhodia, Bairro da, 291
Ribeirão Vermelho (Trajano de Morais/Conceição de Macabu), 295
Rio Aduelas, 296
Rio Carukango, 299
Rio do Meio, 300
Rio Macabu, 301
Rio Macabuzinho, 304
Rio Santa Catarina, 306
Rio São Pedro, 306
Rochedo, Fazenda do, 307
Roncador, Córrego do/Estrada do (Calçadinha), 308
Rua do Asilo (Bocaina), 309
Rua do Bosque (Centro/Vila Nova), 310
Rua do Clube Recreativo/Rua do Recreativo (Centro), 310
Rua do Detran (Centro/Paraíso), 311
Rua da Fábrica de Doce (Bocaina), 312
Rua do Fórum (Centro), 312
Rua do Grupo/Rua do Maria Lobo Viana (Centro), 313
Rua da Lama (Bocaina), 314
Rua do Quartel (Centro), 314
Ruas das Toras (Garapa), 316
Rua Velha (Bocaina/Centro), 316

S
Sacarrão, Localidade do (Carapebus/Conceição de Macabu), 317
Santa Catarina/Localidade de (Macabuzinho), 317
Santa Isabel, Fazenda (Santo Agostinho), 319
Santa Isabel - A fazenda de Motta Coqueiro, 319
Santa Maria, Fazenda/Localidade/Serra, 322
Santa Maria Madalena (Município), 325
Santo Agostinho, Fazenda/Localidade/Rio/Serra do, 327
Santo Antônio do Imbé (Santa Maria Madalena), 331
Santo Antônio, Fazenda/Serra do/Localidade de, 335
São Domingos, Assentamento/Córrego/ Fazenda, 341
(Educandário Rego Barros, FEEM, FIA, etc), 341
São Henri, Bairro do, 350
São Jerônimo, Fazenda (Santa Maria/Escura), 351
São João, Fazenda do/Serra do, 352
São Jorge, Fazenda/Serra, 359
São José do Sossego/Fazenda/Localidade, 360
São Luís, Fazenda/Localidade (Macabuzinho), 360
São Pedro, Localidade/Serra do (São Domingos), 360
São Pedro do Triunfo (Santa Maria Madalena), 361
São Tomé, Região do/Serra do, 361
São Vicente, Fazenda (Curato de Santa Catarina), 364
Sapucaia, Fazenda/Região, 365
Seringueira (Vila Tavares), 366
Serra da Cruz (Macaé/Conceição de Macabu), 368
Serra de Santa Catarina (Curato de Santa Catarina), 368
Serra da Sobra de Terras (São Domingos), 369
Serra do Mundo Novo (São Domingos), 369
Serrinha (Campos dos Goytacazes), 369
Sertão, Fazenda do/Ponte do, 370
Socó, Córrego do/Fazenda do/Serra do, 371
Sossego, São José do/Fazenda/Localidade, 373
Subida de Pedro Tupã (Álcalis), 376
Subida do Malibu (Vila Nova), 376

T
Torre da Rádio, Bairro da, 378
Trajano de Morais (Município), 379
Transmac (Bocaina), 381
Tribo, Bairro da, 381
Triunfo, São Pedro do, 383

UVXZ
Usina, Bairro da, 387
Vila da Ponte, Bairro da, 399
Vila Esperança, Bairro da, 400
Vila Leolinda (Usina), 401
Vila Nova, Bairro da, 402
Vila Progresso (Mutirão/Rhodia), 405
Vila São José, Bairro da, 406
Vila Tavares, Bairro da, 408
Zé Pureza, Assentamento, 409

Agradecimentos, 411
Fontes utilizadas, 421
A
Acácias, Fazenda das

No passado existia apenas a expressão Fazenda das Acácias,


hoje, as Acácias são uma referência, um ponto da RJ-182, uma
localidade. O nome é baseado na tradição naturalística,
provavelmente pela admiração da beleza de uma frondosa árvore,
cujas flores caem em cachos dourados: a acácia (Acácia cultriformis).
Segundo o Dicionário Aurélio:

Acácia
[Do lat. acacia < gr. akakía; tax. Acacia.]
S. f. Bot.
1. Gênero das leguminosas mimosóideas, que abrange
cerca de 800 espécies nativas das regiões mais quentes da Austrália, e
da África.
2. Qualquer espécie desse gênero como, p. ex., a Acacia
cultriformis, cujos glomérulos são amarelos e perfumados, e que é
conhecida, vulgarmente, como esponjinha.
3. Qualquer espécime desse gênero, ou a flor dele.
4. Impr. Designação de árvores e arbustos do gên. Cassia.

35
Vários tipos de acácia. A acácia amarela deu nome à fazenda.

Aduelas

A localidade, pouco habitada, situada nas margens da BR-


101, tem esse nome graças ao Rio Aduelas, cujo topônimo é
explicado na opção Rio das Aduelas.
Maiores explicações sobre o topônimo, procure Rio Aduelas.

Agulha dos Leais

Localidade pertencente ao distrito de Santo Antônio do


Imbé, o terceiro do município de Santa Maria Madalena é,
juntamente com Osório Bersot e Triunfo, localidade de muita
afinidade econômica, social e cultural com Conceição de Macabu.
A Agulha, como é mais conhecida, é uma comunidade
rural, famosa pela excelente farinha de mandioca, mas, no que se

36
destaca mesmo é a produção de leite e seus derivados, como os
queijos curados, tipo Minas.
Não se sabe precisamente quando surgiu o nome Agulha
dos Leais, que é uma referência ao pico de quase 400 metros que
domina a paisagem da região. Como em Santa Maria Madalena
existem duas agulhas, a Agulha do Imbé e a Agulha dos Leais, é
bem possível que o sobrenome Leal (no plural Leais) – família
importante e numerosa até hoje, inclusive aqui em Conceição de
Macabu – tenha sido usado para diferenciar as duas, já que o nome
Agulha do Imbé é bem mais antigo que Agulha dos Leais. O fato é
que os Leais deram o nome ao lugar, marcando sua importância no
panorama regional.
Segundo Geraldo Azevedo Osório, colaborador quando o
assunto é a Agulha ou o bairro do Balancé, o imperador (não se
sabe precisamente qual), doou aos irmãos Manoel, José e Paulino
Ignácio Leal, uma sesmaria na região, que posteriormente veio a
receber o sobrenome dos três.

Pico da Agulha dos Leais – 400 metros. Foto do autor.

37
Álcalis, Bairro da/Colônia de Férias da

O termo refere-se ao bairro localizado entre a Vila Nova e a


Tribo, que foi um apêndice da Vila Nova, tendo se constituído a
partir dos anos 40 do século XIX, com a construção da Estrada Geral
de Cantagalo, também conhecida como Estrada Macaé-Cantagalo.
Apesar da antiguidade, o povoamento e o nome Álcalis só vieram
nos anos 60 do século passado, quando a Companhia Nacional de
Álcalis, sediada naquela época em Cabo Frio (hoje em dia Arraial do
Cabo), instalou em nossa cidade, exatamente naquela região, uma
colônia de férias.
A Colônia da Álcalis, instalada numa chácara, com um belo
casarão, piscina, pomar, valorizou o local, atraindo novos moradores
nos anos 70 e 80, provocando o rápido povoamento da região.
A Colônia de Férias da Álcalis, hoje inexistente, devido ao
fechamento da Companhia em Arraial do Cabo, foi muito
importante para divulgação da nossa cidade, graças à bela
localização da colônia, as instalações, a simpatia e a culinária dos
funcionários. Em Cabo Frio e Arraial do Cabo, chega a ser difícil
encontrar alguém, entre os maiores de 40 anos, que não conheça,
ou que não tenha ouvido falar bem da Colônia de Férias da Álcalis.
O bairro da Álcalis é basicamente residencial, contando com
poucos estabelecimentos comerciais. É um bairro pequeno, que
ainda se apoia muito nos serviços e no comércio do vizinho bairro
da Vila Nova. A partir do centro da cidade, seguindo pela Vila Nova

38
até chegar na Escola Municipal Pau D’Alho, o bairro inicia-se após a
“Subida da Álcalis”, seguindo por aproximadamente 900 metros até
o Conjunto Habitacional Silvio Soares Tavares.
A principal rua do bairro é a Godofredo Guimarães Tavares,
uma homenagem mais que justa ao grande historiador e autor do
Hino do município.
Segundo o Dicionário Michaelis:

Álcali ou Álcalis (Plural)


[Do ár. al-qalC, pelo lat. med. alcali, alkali.]
S. m. Quím.
1. Qualquer hidróxido dos metais alcalinos (lítio, sódio,
potássio, rubídio e césio) e p. ext., óxidos, carbonatos e bicarbonatos
destes metais.

Álcalis no Google Earth em 16 de maio de 2019. Área de 7,2 hectares.

39
Foto de 1973, onde o prefeito Archimedes Custódio e membros do Sindicato
Rural de Conceição de Macabu recepcionam membros do Sindicato dos
Trabalhadores da Álcalis, administrador da Colônia de Férias. Foto de autoria
desconhecida cedida por Josemar de Paula.

Amazonas, Fazenda
Era uma propriedade rural como qualquer outra, até ser
ocupada pelo MST – Movimento dos Sem-Terra – e tornar-se uma
referência em toda região, embora a ocupação não tenha sido bem-
sucedida.
O nome Amazonas foi atribuído àquela propriedade porque
houve um tempo em que toda a região era coberta por florestas
fechadas. Mas isso é coisa do passado.

40
Apesar de ser uma fazenda, o termo Amazonas se sobrepôs,
caracterizando a localidade, praticamente desabitada, mas uma
referência.

Amorosa, Cachoeira da/Lenda da/Maldição


da/Região da

O termo refere-se à mais famosa cachoeira do município,


formada pelas águas do Rio Carukango, localizada na divisa do
nosso município com Trajano de Morais.
Amorosa também define uma região rural, serrana,
razoavelmente habitada, contando com dezenas de casas de
veraneio, alguns bares e uma pousada. Neste caso, sua localização é
mais ampla, pois a região, inserida na Bacia Hidrográfica do Rio
Macabu, teria este rio e o Carukango, seu afluente, como principais
cursos hídricos, além de inúmeras montanhas (serras, picos, etc.),
com diversas denominações particulares.
Também no caso da região da Amorosa, a mesma estaria
dividida entre Trajano de Morais, Macaé e Santa Maria Madalena,
compreendendo os três, cerca de 25% da área, enquanto Conceição
de Macabu ficaria com os demais 75%, incluindo aí a única estrada
de acesso.
Coberta originalmente pela Mata Atlântica em sua totalidade,
a região ainda guarda uma grande reserva natural, onde se inclui
uma fauna, que apesar das pressões de caçadores, tem dado sinais

41
de lenta recuperação, com o reaparecimento de espécies
consideradas extintas – casos dos avistamentos de capivaras, porcos
do mato (cateto ou queixada, não se sabe) e da onça pintada e da
suçuarana, também chamada de onça parda.
O nome Amorosa é controvertido. Uma versão diz que está
relacionado às lendas indígenas daquela região. Como são lendas
românticas, dramáticas, o nome Amorosa teria tudo a ver com o
romance lendário dos índios macabuenses.
Uma outra versão, pouco divulgada, mas citada em
entrevistas por macabuenses maiores de 90 anos, diz que a atual
cachoeira tinha o nome de “Véu-de-Noiva”, tendo derivado para
“Cachoeira dos Amores” e daí para Amorosa.
Os maiores indicativos nos dão uma quase certeza que o
nome Amorosa tem mesmo a ver com as lendas romanceadas que
sempre fazem referência à região.
Até os anos 60 do século XX, o acesso à cachoeira era
dificultado pelas péssimas estradas. Com o progressivo
desenvolvimento da pecuária leiteira (anos 60), extrativismo vegetal
(anos 70/80), e o veraneio (dos anos 70 aos 90), a região passou a
ser vista de forma diferente, sendo inclusive vítima de grandes
depredações que resultaram em grandes crises ambientais, cujas
consequências são visíveis até hoje.
Região frequentada por banhistas de toda região, além de
Conceição de Macabu, oriundos de Triunfo, Carapebus, Macaé e
Campos, a cachoeira principal divide sua fama com outras quedas

42
menores e poços, como o Bambu, Subida, Três Pedras, Jaqueira,
Sem Fundo/Jamaica, Águas Claras, Floresta, Fumaça e Calambau.
Num recenseamento realizado no Verão de 2015, num único
dia registrou-se a presença de 12 ônibus (Campos e Carapebus),
centenas de carros de passeio, motos, seis caminhões e 9 vãs ou
similares, mostrando a importância da região para o lazer regional.

Cachoeira da Amorosa no Rio Carukango. Foto do autor.

A lenda da Amorosa – versão do autor


Ipojucam e Jandira eram índios saruçus que viviam em
diferentes tribos. Ele, caçador afamado, vivia com sua comunidade na
parte alta, onde os rios Carukango e Vermelho se unem. Jandira,
conhecida pelas redes e cestas de palha que fazia usando a folha seca
da macaúba, vivia com sua comunidade na parte baixa, onde existe até
hoje um grande bambuzal.

43
Desde jovens se conheciam, brincando entre as pedras do rio,
banhando-se na cachoeira. Ela fazia para ele belos cestos de caça, ele
trazia para ela os mais diferentes animais.
Um dia, Ipojucam caçava para Jandira quando encontrou um
estranho rastro, uma pegada humana, que ele seguiu até um imenso
tronco oco. Lá dentro dormia um estranho ser, que parecia um
pequeno índio, mas era muito cabeludo e tinha os pés voltados para
trás. Ipojucam, curioso, acordou a criatura, que assustada montou num
caititu que passava nas redondezas e sumiu mata adentro.
Ipojucam seguiu a criatura até deparar-se com ela às margens
de um regato.
– Quem é você? – perguntou Ipojucam.
– Sou o Curupira, defensor da mata e dos animais. Por que você
não me matou enquanto eu dormia?
– Porque não costumo matar seres indefesos, só enfrento quem
pode me enfrentar.
– Você é esperto, garoto, não gosto de caçadores, mas você
não caça, você enfrenta os animais dando-lhes oportunidade. Fique
com Tupã.
E o Curupira sumiu pela floresta montado em seu caititu.
Os anos se passaram, Jandira e Ipojucam cresceram belos e
fortes. Como era de se esperar, enamoraram-se, tornaram-se noivos,
até que os pajés das duas tribos marcaram o casamento para a
primeira noite de lua cheia de novembro.
Na véspera do casamento, pela manhã, Ipojucam ofereceu uma
bela caça a Tupã, como se pedisse as bênçãos pelas núpcias. Anhangá,

44
o maligno deus da morte dos saruçus, que invejava a destreza e a
inteligência de Ipojucam, desde que ouvira falar do jovem através do
Curupira, surgiu para ele na forma de uma onça branca e o desafiou
para uma luta de caça. Com destreza, Ipojucam derrotou a onça,
ferindo-a de morte no peito. Irritado, Anhangá ressuscitou o animal,
levando Ipojucam a persegui-lo até a cachoeira onde Jandira colhia
palha para fazer sua rede nupcial.
Quando Anhangá, na forma da onça branca, avistou Jandira,
resolveu atacá-la para vingar-se de Ipojucam. Quando percebeu o
ataque, Jandira gritou por Ipojucam, que vinha em perseguição à onça,
este imediatamente investiu sua lança contra o animal, trespassando-o
mortalmente. Imediatamente, Anhangá, humilhado pela derrota que
seu animal sofrera, transformou-se numa tromba d’água arrastando
Jandira e Ipojucam para as profundezas da cachoeira, que passou a se
chamar Amorosa.

45
Em frente a Cachoeira da Amorosa, esse coração, naturalmente esculpido,
parece confirmar a lendária história da criação da cachoeira. Foto do autor,
2019.

Sinalização na região. Foto da Pousada Floresta.

46
Foto de 1968 mostrando banhistas na Amorosa. Cedida por Walace
Negreiros.

Encontro dos rios Macabu e Carukango na Amorosa – foto do autor,


2019.

47
A maldição da Amorosa – versão do autor
Cachoeiras são geralmente locais belos, interessantes, mas
como todos sabem, também podem ser locais perigosos por causa de
fatores naturais: (o lodo, as correntezas, as pedras, etc.). Esses fatores
naturais geralmente são agravados pelo excesso de confiança dos
banhistas, falta de preparo físico, mas, principalmente, bebidas
alcoólicas.

A cachoeira da Amorosa, ao longo de quase 30 anos, fez suas


vítimas: 16, 17 ou 18 (não há um consenso) pessoas sofreram graves
acidentes e vieram a falecer. Esses acidentes têm coincidências muito
curiosas: todas as vítimas eram homens, todas eram originárias de
outros municípios (os chamados forasteiros) e, a maioria, estava
bêbada.
Surgiu logo uma explicação, ou melhor, uma maldição, para
justificar a sina cruel desses infelizes.
Contam os antigos que há muitos anos, quando toda a região
era habitada apenas por índios saruçus e goitacás, uma guerra fraticida
envolvia as duas tribos, que disputavam a cachoeira, onde adoravam o
deus Tupã e a deusa Imá.
A guerra já durava vários anos, quando surgiu no vale do
Macabu um elemento novo, homens brancos, vestidos com roupas,
trazendo armas metálicas e de fogo. Eram mercadores, homens rudes,
gananciosos, que tentavam abrir uma trilha que unisse o rio Macabu,
navegável, às fazendas de café de Cantagalo.
Os goitacás, habitantes das áreas pantanosas do valo do rio
Macabu, tiveram contato com os brancos, repelindo-os.

48
Os saruçus, habitantes das áreas mais altas e secas do vale do
Macabu, igualmente repeliram o contato com os brancos.
Os mercadores, espertamente, resolveram valer-se do conflito
indígena para destruir uma das tribos e, depois usando de outros
recursos, liquidar o restante dos índios, e, assim, abrir as trilhas para os
cafezais de Cantagalo.
O chefe dos brancos era um mercenário suíço chamado
Leopold Krueguer, famoso como capitão-do-mato, acompanhado por
outros dois mercadores: José Maria Sebastiano e Marcos Luís Sampaio
Pinto, além de dois índios tamoios e dois escravos, cujos nomes não se
conhece.
Na intenção de liquidar os saruçus, procuraram os índios na
região da Cachica, e propuseram ao chefe da tribo apoio e armas de
fogo para liquidar os goitacás.
A proposta, considerada imoral pelo conselho da tribo, foi
rejeitada por unanimidade e os forasteiros brancos foram expulsos da
tribo.
Preocupados com a presença maligna dos brancos, o chefe
mandou sua filha ao chefe dos goitacás para propor-lhe uma trégua e
avisar-lhe do perigo que corriam. No caminho, quando a índia passava
pela cachoeira da Amorosa, foi surpreendida pelos brancos, que
suspeitando de algo, torturaram a índia e fizeram-na beber para que
ela confessasse. Como a índia desfaleceu, embriagada, sem nada dizer,
seu corpo foi atirado nas corredeiras, onde ela afogou-se.
Nesse mesmo instante, o feiticeiro da tribo dos goitacás, teve
um pressentimento negativo ao ler o futuro nas espumas do rio: viu um

49
peixe-rei tentar enfrentar uma enorme traíra para salvar seus filhotes,
empurrando os mesmos para as espumas das corredeiras e, deixando-
se matar, para salvar os pequeninos.
O feiticeiro goitacá, avisou ao cacique da tribo que algo estava
errado, pois vira o peixe-rei – símbolo dos saruçus – sacrificar-se para
evitar que a traíra, símbolo dos traidores, delatores, assassinos
destruísse seu futuro – simbolizado pelos filhotes.
Os goitacás saíram em direção à cachoeira da Amorosa, onde
pretendiam pedir ajuda a Tupã para resolver o enigma. A caminho, um
dos guerreiros encontrou o corpo da jovem, que foi logo reconhecida
como filha do chefe saruçu.
Nesse exato momento, os brancos surgiram dentre as pedras,
apontando suas armas para os índios, rendendo-os. O chefe dos
brancos, não querendo mais perder tempo, deu ordem aos demais
para que fuzilassem todos os índios.
Nesse instante, o espírito da índia agarrou os pés de Leopold,
jogando-o no redemoinho de um sumidouro onde este desapareceu,
dando tempo aos goitacás para reagir e liquidar os outros dois
brancos.
Os tamoios e os escravos, aprisionados, foram levados aos
sacurus onde confessaram o assassinato da índia.
O fato pôs fim a luta entre as tribos, que passaram a dividir a
Cachoeira da Amorosa.
Até hoje, o espírito da índia protege a cachoeira, vez por outra
levando para junto de si alguns forasteiros mais atrevidos,
principalmente os bêbados.

50
Pontes sobre o Rio Carukango. Foto do autor, 2019.

Ponte sobre o Rio Carukango na Amorosa, quando esta era coberta. A


cobertura, bem como toda estrutura da ponte, foi destruída na grande
enchente de 1967-1968. Foto de Magali Silva.

51
Pousada Floresta – a mais antiga e famosa da região.

A Senzala do Dr. Antunes


Indo à Amorosa, antes da entrada do poço do Bambuzal, é fácil
perceber numa baixada ao lado do Rio Macabu, uma construção de
pedras, que nos últimos anos foi usada como curral. Na verdade, se o
leitor tiver tempo, e o proprietário da área não se ofender, dê uma
olhadinha mais de perto no tal curral e perceberá que suas grossas e
altas paredes não são típicas desse tipo de construção. Com um pouco
mais de atenção, perceberá o leitor que existem outros alicerces ao
redor da construção, inclusive uma outra parede, degraus, etc.
O curral era uma senzala, o local era um entreposto comercial.
Existia ali além da tal senzala, um enorme armazém, algumas casas e,
um pequeno porto fluvial. Quase todo local pertencia a um rico médico
chamado Dr. Antunes, fazendeiro de café, comerciante, traficante de
escravos – numa época em que os escravos já não vinham mais da
África, mas sim dos decadentes canaviais do Nordeste.

52
Contavam nossos antepassados, que o Dr. Antunes vinha
fazendo um grande investimento no local, principalmente na dragagem
do rio, mas, uma prolongada seca frustrava-lhe, mantendo baixo o
nível d’água e, por tabela, diminuindo a produção de café. Prevendo
melhores dias, depois de um ano ruim, adquiriu o Dr. Antunes uma
grande carga de cativos, que, por questões burocráticas, e os precários
meios de transporte da época, só chegaram à sua senzala pelos dias
finais de abril. A seca continuava castigando, as vendas de escravos
eram cada vez menores, o prejuízo era diário. Porém, Dr. Antunes não
desistia, sabia que escravo na senzala era dinheiro em caixa, mais hora
menos hora.
Entretanto, o baixo nível do rio dificultando o transporte e a
seca matando os cafezais, era só o início da desgraça para o médico.
Poucos dias depois da chegada de seus escravos, veio a notícia que a
princesa Izabel havia assinado a Lei Áurea, que colocava fim à
escravidão no país. Desesperado, falido, Dr. Antunes, abriu sua senzala,
libertou seus escravos, trancou-se e matou-se com um tiro na boca.

53
Placa do Núcleo de Ecoturismo Mônica N. Rocha localizado na
Amorosa. Raramente utilizado como tal.

Cachoeira da Amorosa - Foto de Vinnícius Cremonez para o site SFN.

54
Receita Amorosa
Na verdade, é um bolo pudim de laranja, que a Nestlé batizou
de Amorosa (não sei explicar), mas que serve para caracterização e
divulgação da nossa Amorosa. Vamos a ele:
Ingredientes:
Calda – 2 xícaras de chá de açúcar
Pudim – 1 lata de leite condensado mesma medida da lata (395
ml) de suco de laranja/3 ovos
Bolo – 4 ovos/1 xícara de chá com açúcar/1 xícara de chá com
suco de laranja/2 xícaras de chá com farinha de trigo/ 1 colher de sopa
com fermento em pó/raspas de laranja
Modo de preparo:
Calda – Em uma panela de fundo largo, coloque açúcar. Leve ao
fogo baixo, deixando derreter suavemente. Quando estiver bem
dourado, junte uma xícara de chá com água fervente e mexa com uma
colher de pau. Deixe ferver até dissolver os torrões de açúcar. Forre
uma forma redonda (26 cm de diâmetro) com essa calda e reserve.
Pudim – Bata os ingredientes no liquidificador e despeje na
forma. Reserve.
Bolo – Bata as claras em neve firme, junte as gemas, uma a
uma, e acrescente o açúcar às colheradas. Bata bem, reduza a
velocidade e despeje o suco de laranja aos poucos. Misture bem e
desligue a batedeira. Junte a farinha, o fermento, as raspas de laranja e
mexa com uma colher. Despeje essa massa sobre o pudim e asse em
banho-maria, em forno médio (180ºC), por 1 hora. Espere esfriar bem
para desenformar.

55
Rendimento – 10 porções;
Dica – Se desejar, prepare a receita numa forma retangular
grande (22 X 23 cm).

Foto: Cortesia da Nestlé.


Melhor que a Amorosa não é, mas é bom.

Foto do autor – 2012.

56
Curiosidade:
Em janeiro de 2001, a prefeitura de Conceição de Macabu
explodiu uma pedra, que segundo alguns, era responsável pelo
afogamento e outros acidentes fatais na região da Amorosa. A pedra,
que ficava quase toda no município de Trajano de Morais (cerca de
62% de sua massa total), estava bem em frente a Cachoeira da
Amorosa. De fato, dos dezoito mortos, cerca de quatro faleceram ali,
mas por ironia do destino, poucos dias após a explosão, outro acidente
fatal lá ocorreu. Até 2019, mais duas vítimas seriam acrescentadas às
bizarras estatísticas que cercam a Maldição da Amorosa. Dentre essas
vítimas de afogamento, somou-se a primeira criança, por sinal, uma
menina, a primeira do gênero feminino.

Cachoeira da Amorosa após fortes chuvas no Verão de 2012, o véu,


normalmente dividido em dois, forma uma cortina d’água única.
O período de chuvas (outubro-março), chega a 70% da precipitação anual
(estimada em 2.500 mm).
Nas secas de 2013 até 2017, um dos véus chegou a desaparecer, fenômeno
nunca registrado anteriormente.

57
Água Tratada da Amorosa
Em 2011, ano pré-eleitoral, foi inaugurada a captação de água
da Amorosa, sediada no encontro dos rios Vermelho e Carukango,
bombeadas até o centro da cidade, onde deveria ser totalmente
tratada.
Na época, numa tumultuada audiência pública, engenheiros da
construtora, autoridades municipais e autoridades estaduais,
prometeram que a água seria captada por gravidade e tratada,
conforme é possível atestar nos registros de tal reunião.
Meses depois, diante de forte campanha publicitária,
inaugurou-se a captação, feita por bombeamento, não tratada em sua
totalidade – na verdade só 25% - apesar dos esgotos de 40 habitações,
escolas e currais verterem para os cursos hídricos citados.

Poço Sem Fundo ou Jamaica, localizado logo acima da Cachoeira da Amorosa


na Reserva do Patrimônio Natural Águas Claras. Foto Tripadvisor.

58
Cachoeira da Amorosa no cartão telefônico da Telerj. Cedido por
Geraldo César Santana Moreira.

Andorinha, Fazenda/Posto

Por admirar, pela presença marcante, ou mesmo pelo


simbolismo de alguns animais, o homem vem tomando o nome
deles emprestado para batizar fazendas, sítios, empresas,
sobrenomes e nomes. O caso da Fazenda Andorinha, que deu
origem ao Posto Andorinha, ambos localizados na BR-101, em área
disputada pelos municípios de Carapebus e Conceição de Macabu,
é um caso de admiração, de presença marcante e de simbolismo.
Isso porque as andorinhas, muito comuns naquela região, tinham a

59
admiração do proprietário da fazenda e, simbolizavam harmonia e
paz.
Segundo o Dicionário Aurélio:

Andorinha
[Do dim. * hirundina, do lat. hirundine, 'andorinha'.]
S. f.
1. Bras. Zool. Designação comum a várias espécies de
aves passeriformes hirundinídeas, que se alimentam só de insetos, e
contam cerca de 14 espécies em nosso país. Realizam periodicamente
migrações, vindo algumas espécies do hemisfério norte nidificar no
Brasil, em buracos, nos barrancos, em ocos de paus, ou nos telhados
das habitações. [Cf. uiriri.]

60
B
Balança/Subida da Balança/Bairro da

Também chamado simplesmente de Balança, é um dos


bairros de nossa cidade que mais cresceu nos últimos anos.
Teve sua origem na expansão dos dois bairros que lhe são
vizinhos: a Calçadinha e o Porto.
O nome está relacionado a uma balança de pesar gado, que
pertenceu ao senhor Anísio Barcelos.
O bairro, que é cortado pela RJ-182, sediava o Parque de
Exposição Anísio Barcelos, onde eram realizadas duas das maiores
festas de nosso município: a Exposição Agropecuária e Industrial e a
Macaipira. Para quem parte do centro da cidade, o bairro se inicia
quando a rua Amaro Matos se encontra com a RJ-182, seguindo até
o topo da subida que deu nome ao bairro, onde se inicia o Bairro da
Calçadinha. Considerando a rodovia estadual, o bairro tem cinco
ruas, dos quais a maior delas tem 350 metros.
O bairro mescla aspectos residenciais com comerciais. Não é
grande, embora seu formato longitudinal deixe a impressão que é
maior do que realmente aparenta.

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Bairro da Balança ou Subida da Balança – Foto Google Maps –
23/04/2019.

Balancé, Bairro do

Um dos maiores bairros de Conceição de Macabu, o Balancé


tem pouco mais de quarenta anos, embora já abrigasse moradores
desde o princípio do século passado. Localizado entre os bairros da
Rhodia e do Paraíso, é predominantemente residencial, embora
existam comércios diversos, como padarias, açougues, mercados,
quiosques e bares.
O bairro possui duas ruas principais, paralelas, a Maria Júlia
Gomes Lemos e a João Gomes Peçanha, esta última com 1.200
metros, iniciando-se na descida do Paraíso de Cima e seguindo até
o final do bairro.
A formação do Balancé está relacionada ao fracionamento de
propriedades rurais naquela região, que num passado um pouco
mais remoto, foi famoso por sua produção canavieira e leiteira. Com

62
o processo de falência da Usina Victor Sence, tal qual ocorreu com
Mutirão, Rhodia, Usina e Calçadinha, o Balancé recebeu uma grande
quantidade de moradores oriundos das zonas rurais de Conceição
de Macabu e Santa Maria Madalena, o que transformou o bairro em
um dos de maior crescimento populacional nos últimos quinze anos
em nossa cidade.
Se explicar o crescimento do bairro não é uma tarefa das
mais complicadas, elucidar o significado do termo Balancé é uma
tarefa difícil, pois não existe consenso, de forma que temos, pelo
menos, três versões viáveis sobre a origem do nome. Vamos a elas:

1 – Balancé vem de pântano


Parece estranho, e é, pois essa versão que me foi narrada por
Geraldo Azevedo Ozório (Bicho Feio), nos dá conta de que
antigamente, lá onde o Balancé forma uma planície que vai de
encontro ao rio Macabu, havia pântanos e alagados cobertos por
uma vegetação densa que formava uma espécie de colchão d’água.
Ao ser pisada, a vegetação balançava, mas não afundava, resultando
numa brincadeira, que segundo alguns deu origem ao nome
Balancé.

2 – Balancé vem de balança


Menos estranha, porém bem menos conhecida é a história
de que o industrial francês Victor René Sence, tinha naquela região
uma balança para pesagem de gado bovino. Como o gringo tinha

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dificuldade em pronunciar certas palavras e, entre elas estava
balança, que ele dizia balancê, o termo, ligeiramente modificado,
acabou denominando o bairro do Balancé.

3 – Balancé vem de balanço, dança, etc.


Esta versão está relacionada ao fato de que a região do
Balancé abrigou vários terreiros de Candomblé, de Jongo e, era área
de concentração ou partida de Folias de Reis. Alguns misturam essa
versão com a anterior, dizendo que Victor Sence ao se referir à
região dizia balancé, que na língua do francês quer dizer dança.
Essa versão musical para o nome Balancé é reforçada de maneira
diferente por Godofredo Guimarães Tavares em seu livro Imagens
de Nossa Terra:

“...firme no propósito de registrar os fatos de forma leal,


confesso ignorar o motivo do nome Balancé, contudo, a tradição oral
relembra que existiu outrora, naquele recanto, um trovador popular
que cantava o seguinte”:
Vim lá do Balancé,
Gingando o balancé balanceado;
De dia eu lá trabalho em pé
E de noite eu durmo deitado.”

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Cabe ao leitor ajudar nas investigações sobre qual versão é a
mais concreta para explicar o termo Balancé, ou, se for o caso, nos
informar sobre novas versões.

Balancé no Google Earth em 16 de maio de 2019, foto obtida há 1.200


metros de altura. Área de 17,9 hectares.

Banco, Serra do/Morro do Paliteiro (Piteira)

Segundo pude averiguar, embora não possa dizer que com


certeza absoluta, o nome Banco é uma referência ao formato de
assento da referida montanha. A mesma montanha, dependendo do
ângulo de visão, possui a forma de uma dupla corcova (como a dos
camelos), o que pode ter influenciado no nome Corcovado, que

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denomina uma fazenda e, já denominou uma localidade daquela
região. Fica a dúvida.
E quanto ao Paliteiro?
Paliteiro é um tipo de palmeira, mais especificamente a
Raphia taedigera ou a Raphia australis, cujo formato da folhagem,
com hastes firmes, voltadas para cima e a presença de fibras finas e
firmes, lembra (com muito boa vontade), um palito ou, paliteiro.
Apesar dessas características morfológicas marcantes, o fruto,
de casca dura, bonito, apreciado para artesanato, é o que mais
chama atenção nessa espécie botânica.
Segundo os antigos moradores da região, eram palmeiras
muito comuns em todo município, inclusive, com certeza, na região
que recebeu seu nome.

Raphia australis – Foto Wikipedia.

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Característico fruto da Raphia taedigera.
Foto Wikipédia.

Barão Dourado, Fazenda (Agulha dos Leais)

Localizada na região da Agulha dos Leais, seu nome não tem


uma explicação lógica, pois a propriedade formou-se no século XX,
e nenhum de seus proprietários possuiu título de nobreza. Aliás, seu
primeiro proprietário foi Joca Tavares (João Baptista Tavares),
famoso por organizar na fazenda grandes festas de São João, isso
nos anos 20 do século passado. Seu Joca também fez fama com seu
automóvel e seu telefone. O automóvel, um Ford 1925, embora não
fosse o primeiro nem o único da região, era muito usado nas festas,
em especial no carnaval macabuense, transportando foliões pelas
nossas esburacadas ruas. Já o telefone doméstico, era muito raro, o
do seu Joca ligava a Barão Dourado ao estabelecimento comercial

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que seu genro Mário Freire de Carvalho tinha em Conceição de
Macabu.
Hoje a Fazenda Barão Dourado se destaca na produção de
uma das aguardentes mais famosas da região, a Cachaça Barão
Dourado, cuja produção assemelha-se a de uma grife de roupas, ou
perfumes, já que se trata de um produto muito bem trabalhado e
divulgado – sem falar no paladar, que claro, é muito bom.

Cachaça envelhecida em barris de carvalho e amendoim, algumas das


especialidades da Fazenda Barão Dourado. Foto do site da Fazenda Barão
Dourado.

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Barata, Fazenda do/Bairro do

Localizado no Segundo Distrito, Macabuzinho, o Barata foi


um dos bairros do município que mais cresceu nos últimos anos.
Esse crescimento esteve diretamente relacionado, inicialmente, ao
processo de falência da Usina Victor Sence, que fez com que seus
funcionários naquela região, buscassem terrenos e casas a preços
acessíveis, o que sucedeu em diversos bairros de Conceição de
Macabu e Macabuzinho, inclusive o Barata.
O bairro segue dois sentidos, primeiro pela RJ-196 (Rodovia
Antônio Minguta de Oliveira), num percurso de 600 metros entre a
entrada da fazenda de Bildinho, até a ponte sobre a designada
rodovia. No segundo sentido, temos duas ruas perpendiculares a
rodovia, mas paralelas entre si, uma com 900 metros, a maior, a
outra, menor, com 750 metros.
O nome do bairro (já que está inserido no Perímetro Urbano
de Macabuzinho), vem da Fazenda do Barata, que sugere que ela
tenha pertencido a um certo Sr. Barata – sobrenome por sinal muito
pomposo no Rio de Janeiro. Mas o que pude averiguar, é que, na
verdade, Barata deveria ser usado no feminino, pois se refere ao
asqueroso inseto, inimigo figadal de 10 entre uma dezena mulheres.
O que me consta, é que no passado os canaviais da região
foram atacados por uma praga de insetos, que se não eram baratas,
deviam ser muito parecidos, porque o nome barata ficou e pegou
em toda região.

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Segundo análises nos documentos da Massa Falida da Usina
Victor Sence, provavelmente as tais baratas eram na verdade as
cigarrinhas ou, como são tecnicamente conhecidas, cigarrinhas das
raízes, cujo ataque aos canaviais é reconhecidamente uma praga
extremamente danosa aos mesmos. E como as cigarrinhas lembram
baratinhas, o apelido se sobrepôs ao nome – algo bem comum na
toponímia macabuense.
Mas por que passou do feminino (a barata) para o masculino
(o barata), não sei dizer.

Cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata)


As ninfas da cigarrinha das raízes, produzem uma espuma na base dos
colmos, nas raízes superficiais, onde se alimentam e se mantêm protegidas
embaixo da palha da cana colhida sem queimar até atingirem a fase adulta.

70
O Barata no Google Maps – 23/04/2019.

Barro Branco, Fazenda/Localidade do (Ponto


Pinheiro)

Barro Branco é um tipo de argila, relativamente comum em


nossa região, tanto é que definem duas regiões: uma, no município
de Santa Maria Madalena e outra, em Conceição de Macabu. A
região de nosso município que tem esse nome, coincidentemente
possui barro branco. Coincidentemente, porque na verdade é parte
de Ponto Pinheiro, tendo recebido o nome de Barro Branco para
designar uma escola estadual, importante nos anos 60-70, mas há
muito tempo desativada. O nome foi uma estratégia usada por
políticos macabuenses para conseguir mais uma escola para o
município. Tal fato ocorreu em fins dos anos 60 do século passado,
quando o então governador do antigo Estado do Rio de Janeiro,

71
Jeremias de Mattos Fontes nos ofereceu escolas e pontes. No intuito
de conseguir o maior número possível de obras, especialmente
escolas, o presidente da Câmara Municipal sugeriu ao prefeito, que
repetisse alguns nomes de localidades de municípios vizinhos em
Conceição de Macabu, para que o governo estadual construísse
mais escolas. Assim, tanto em Santa Maria Madalena, quanto em
Conceição de Macabu foram construídas escolas com o nome Barro
Branco, sendo que, de fato e de direito, a localidade só existia lá.
Há poucos anos a região recebeu a instalação da primeira e
única escola de aviação do município, a Sky Clear, especializada em
formar pilotos de helicóptero, que, neste tenebroso ano de 2019,
parece ter diminuído bastante suas atividades devido à crise
econômica.
Na definição do Aurélio:

Barro
[De or. pré-romana.]
S. m.
1. Argila (2 e 3).
2. Constr. Substância utilizada no assentamento da
alvenaria de tijolo em obras provisórias, obtida pela mistura de argila
com água.
3. A argila como é encontrada no barreiro, própria para
fabricação de tijolos e telhas.

72
Vista aérea da escola de aviação localizada no Barro Branco em
Conceição de Macabu.

Barro Branco, Localidade do (Santa Maria


Madalena)

Não se trata de uma confusão com o Barro Branco


macabuense, mas sim, uma simples coincidência, já que a tal argila
branca que deu origem a localidade macabuense também é comum
nessa localidade, que apesar da proximidade geográfica com
Conceição de Macabu, pertence a Santa Maria Madalena.
Trata-se de uma localidade rural, pertencente ao distrito de
Santo Antônio do Imbé.

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Barro Vermelho, Fazenda do/ Localidade do/São
José do
O nome barro vermelho também designa um tipo de argila,
que é tão comum quanto a tabatinga ou o barro branco. No caso, o
nome se originou da antiga Fazenda São José do Barro Vermelho,
uma das referências mais importantes para tropeiros e outros
viajantes que trafegavam pelas estradas da região no século XIX,
principalmente a Estrada Provincial da Carreira Comprida ou a
Estrada Geral de Cantagalo.
Situado às margens da RJ-182, é a região onde nasce o Rio
do Meio, que segundo a disputa territorial entre Carapebus e
Conceição de Macabu, pertenceria a ambos, pois o rio já citado
seria o ponto de divisão.

Batatal, Balneário do/Fazenda do/Loteamento


(Usina)
O Batatal já foi uma Amorosa, ou seja, já foi o grande
balneário de Conceição de Macabu, nos tempos em que a Usina
Victor Sence era proprietária daquelas terras, e suas porteiras viviam
abertas aos banhistas e pescadores. Em 1986, a circulação no Batatal
ficou restrita, pois foi inaugurada a represa que deveria solucionar
os problemas de abastecimento em nossa cidade. Nos anos 90, o
golpe de misericórdia foi dado quando a Fazenda Batatal foi

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vendida a um certo estrangeiro chamado popularmente de “o
peruano”, que restringiu o acesso ao balneário.
O mesmo iniciou o loteamento da região, vendendo vários
terrenos nas margens da RJ-182, que hoje, 15 anos após a primeira
edição deste livro, mostra-se muito mais uma localidade comercial,
com oficinas, garagens de ônibus e outras atividades econômicas,
do que residencial.
O nome Batatal é óbvio, referindo-se a experiências com
plantio de batatas naquela fazenda. As batatas não serviam para
consumo doméstico, mas para produção de fermentos especiais,
que integravam o processo de produção de alcooquímicos da Usina
Victor Sence.
A fazenda é bem mais antiga do que parece, pois fez parte
da Fazenda Juraci, que em 1913 foi adquirida por Victor Sence.
O Batatal fica no rio Macabuzinho, entre a RJ 182 e a Serra da
Gaivota.
Como diz o Michaelis:

Batatal
[De batata1 + -al1.]
S. m.
1. Quantidade mais ou menos considerável de batateiras
dispostas proximamente entre si; batateiral.

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Foto cedida por Eleny Oliveira que mostra vista aérea da RJ 182, o loteamento
Batatal, os bairros da Tribo e Posse de Dentro.

Beira Linha, Bairro da

O nome diz tudo: o bairro da Beira Linha tem seu nome


ligado ao antigo ramal ferroviário que durante quase cem anos
ligou Conceição de Macabu ao mundo. Mas no princípio não era
assim, pois quando o ramal foi concluído em 18 de julho de 1878,
até ser desativado para o transporte de passageiros quase noventa
anos depois, o movimento constante das locomotivas e a
fiscalização atenta das companhias ferroviárias, não permitia a
ocupação das margens da linha.

76
A partir de 1967, com o transporte ferroviário restrito apenas
aos meses da safra de cana-de-açúcar, o consentimento não oficial
da Rede Ferroviária Federal e o crescimento natural dos bairros do
Porto e Centro, levou a ocupação dos fundos dos grandes quintais
daquela região – que faziam limites com a linha, resultando na
formação de um novo bairro, que, para muitos, ou se confunde com
o Centro, ou com o Porto.
O bairro é constituído principalmente de residências, embora
existam muitos comércios varejistas como bares e mercados. Não é
um bairro grande, pelo contrário, é dos menores, pois está com seu
crescimento limitado a uma estreita faixa de terras, não tendo muito
para onde se expandir.
Há uma controvérsia envolvendo aqueles que consideram a
Beira Linha um bairro e aqueles que a consideram parte do centro
da cidade e parte do bairro do Porto, já que o bairro engloba
apenas as residências ao longo de uma única rua, num percurso de
650 metros. Na dúvida, além de explicar o nome, vamos mantê-lo
como bairro, pois não é incomum os endereços locais constarem o
nome da rua e da Beira Linha.
A principal rua do bairro é a Itamar Gomes, que homenageia
o comerciante cuja padaria ainda existe em nossa cidade, cerca de
cento e trinta anos depois da sua fundação. Possui uma divisão
interna, a Chácara de Sílvio, uma espécie de subdivisão do bairro.
Ver também: Chácara de Sílvio.

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A Beira Linha, espremido entre o Centro e o Porto, o bairro engloba os
moradores da rua Itamar Gomes. Foto Google Maps – 23/04/2019.

Beira Rio
Trata-se da ponte sobre o Rio Macabu, na divisa Macabu-
Madalena, após o Bairro da Rhódia, estrada para Santo Antônio do
Imbé.

Bertioga, Fazenda da/ Localidade da

Não sei o que aconteceu com os modernos dicionários


brasileiros, tipo Aurélio, Michaelis, etc., pois nenhum deles traz uma
definição para Bertioga. Acabei encontrando a tal definição num
velho dicionário dos anos 60: “Porto fluvial ou pequeno porto
marítimo”. No nosso caso faz sentido, pois na atual região da

78
Bertioga, na antiga Fazenda da Bertioga, havia um porto fluvial às
margens do rio São Pedro até os fins do século XIX. Naqueles
tempos, quando Conceição de Macabu era parte do município de
Macaé, quase toda população do distrito vivia no interior, ou em
fazendas ou lugarejos, e as comunicações eram muito precárias,
fazendo com que aquela parte do distrito só fosse atingida por
meio de barcos a remo que trafegavam pelo rio São Pedro. Era mais
prático chegar à Bertioga via Macaé, navegando pelos rios Macaé e
São Pedro, do que por Conceição de Macabu, na época distante um
dia de viagem a cavalo, se não chovesse.
A antiga fazenda teve seus tempos gloriosos, quando
pertenceu ao Barão da Póvoa do Varzim, cidadão português rico e
poderoso. Lá viveu, praticou suas atrocidades e foi assassinado
(tocaiado) o temido criminoso Pires da Bertioga, também de
nacionalidade portuguesa, cuja história já divulguei em outros livros
e reportagens.

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Fazenda da Bertioga. Foto Paulo Noronha

Serras do São João, Bom Jardim e Santo Antônio, divisas de Macaé e


Conceição de Macabu nas proximidades da Fazenda da Bertioga. Foto de
Paulo Noronha.

80
Biju, Localidade do/Sítio do

Biju ou beiju é uma iguaria da culinária indígena, feita de


massa de farinha de mandioca ou tapioca, muito consumido em
Conceição de Macabu até os dias de hoje. Duas localidades de
Conceição de Macabu tornaram-se referências locais por se chamar
Biju, embora com explicações diferentes, vejam só:
1 - O nome refere-se à casa de farinha do senhor Joaquim
Gomes, que fazia excelentes bijus (ou beijus). A referência se
manteve.
O Biju é parte da Palioca, onde a família do Sr. Joaquim
Gomes é uma das mais antigas. É comum ouvir falar e falar: “Vou ao
Biju” ou “Fica perto do Biju”.
2 – Na Cachoeira da Amorosa existe o Sítio do Biju, hoje
cedido à Associação de Moradores e Produtores da Amorosa, a
AMPA.
No caso da localidade do Biju, parte da Palioca, a região
sofreu um considerável aumento populacional nos últimos anos e,
embora ainda seja um local pequeno, pode-se atestar um certo
crescimento.
Segundo o Dicionário Aurélio:

Beiju ou Biju
[Do tupi.]
S. m. Bras. Cul.

81
1. Bolo de massa de tapioca ou de mandioca, do qual há
numerosas espécies. [Sin.: beijuaçu ou beijuguaçu, beijucica ou
beijuxica, beijucuruba, beiju-membeca, beiju-moqueca ou beiju-
poqueca, beijuteica, biroró, malcasado, sarapó, sola e tapioca.Var.: biju.]

Biju ou beiju, massa de tapioca endurecida.

Boa Esperança, Fazenda da/Localidade da

A Fazenda Boa Esperança pertenceu durante quase toda sua


existência à Usina Victor Sence, tendo sido vendida a José Norberto
Milagres e sócios, a quem pertence até hoje. A produção era de
madeira, cana-de-açúcar e café até meados de 1929. Daí em diante,
apenas cana e madeira, além de alguns bois e cavalos, até tornar-se
exclusivamente produtora de gado de corte e leite, isto após sua
última venda.

82
Enquanto pertenceu a Usina Victor Sence, a fazenda abrigou
dezenas de famílias que trabalhavam no cultivo e colheita da cana.
Após o fechamento da UVS e a venda da fazenda, a maior parte das
famílias se foi, embora algumas ainda permaneçam lá, constituindo
uma comunidade com algumas dezenas de residentes.

Grutas da Boa Esperança em 2001. Créditos para Márcio Abreu, Douglas Fernandes,
Anderson Jason e Marcelo Abreu. Fotos do autor.

83
Boa Vista, Fazenda da/Assentamento da

O nome é uma referência ao visual bonito que se tinha


naquela região, assim que foi adquirida pela Usina Victor Sence:
uma bela vargem, morros florestados, árvores frondosas...
A fazenda chegou a ser uma das mais movimentadas da
falida UVS, com dezenas de moradores. Após o fechamento da
empresa, a propriedade tornou-se área de pastagens e criação
extensiva de gado, o que resultou no êxodo de seus moradores
para Conceição de Macabu.
Hoje em dia a fazenda é palco de uma experiência
interessante: um assentamento rural com lotes financiados pelo
Banco da Terra. Com isso, a Boa Vista recuperou sua tradição de
propriedade densamente povoada.

Bocaina, Bairro da

Maior bairro de nossa cidade, com população, comércio,


rede de saúde, rede escolar, enfim, serviços públicos e privados,
comparáveis aos de pequenas cidades de nossa região. Isso mostra
que a Bocaina é grande e importante, além de que o principal
sistema de saúde do município está implantado lá, que é o Hospital
Municipal Ana Moreira, além de grandes escolas, como a Escola
Estadual Bocaina e a Escola Municipal Rosendo Fontes Tavares.
A Bocaina é limitada naturalmente por vertentes de morros,
como o da Caixa D’Água, pela Rua Coronel Castro e, pela Vila São
84
José. É um bairro tão grande para os padrões locais que possui até
divisões internas, como a Transmac, o Morro da Caixa D’Água e o
Loteamento Folly.
A História da Bocaina remonta ao século XIX, sendo um dos
mais antigos bairros da cidade. Sua origem está na Fazenda
Descoberta Feliz, importante propriedade rural que pertenceu ao
casal José de Oliveira Gomes e Luzia Pereira Braga Gomes, que só
para constar, eram os pais do coronel Nestor Gomes, lá nascido em
1875, e que se tornou governador do Estado do Espírito Santo entre
1920 e 1924. A fazenda era altamente produtiva, uma das melhores
da região, sempre citada com destaque nos relatórios agrícolas da
Província do Rio de Janeiro. Sua produção variava entre café, cana,
milho, algodão (isso mesmo, algodão em Macabu), pita (ou sisal,
para fazer cordas), gado bovino e equino, milho, mandioca, moinho,
alambique. Além disso, tinha uma das maiores senzalas da região,
como escravos eram patrimônios que poucos podiam obter...
A divisão dessa fazenda, já no século XX, e a instalação da
Fazenda Modelo Wenceslau Bello (São Domingos, Rego Barros, etc.)
em 1923-25, e a proximidade com o Centro da cidade, resultou no
povoamento acelerado do bairro, inicialmente no Morro da Caixa
D’Água, depois seguindo o Córrego do Procura, por fim
espalhando-se pela região já conhecida. O crescimento da Bocaina
seguiu ritmos diferentes: até 1923, era região de chácaras e sítios;
até meados dos anos 70, ainda existiam algumas chácaras, mas
predominavam os grandes quintais, embora já existissem regiões do

85
bairro com ocupação semelhante a atual; nos anos 80 e 90,
praticamente desapareceram as chácaras, restando alguns quintais
grandes e, iniciando-se o processo de ocupação de áreas antes mais
isoladas, além da verticalização do bairro, e o surgimento de
loteamentos como o Folly.
O nome Bocaina é de fácil explicação até um certo ponto,
pois define acidentes geográficos típicos de regiões montanhosas.
Bocaina quer dizer “depressão entre morros ou serras”, ou
“depressão numa serra ou morro” – segundo os dicionários Aurélio
e Michaelis. Essas depressões são encontradas mais de uma vez na
Bocaina: no Morro da Caixa D’Água, onde a serra tem formato de
uma meia boca; em dois locais da Transmac e nas proximidades da
antiga fábrica Brindex (Morro da Parabólica).
Na verdade, existem bocainas na Bocaina, o que suscita uma
polêmica entre os mais velhos moradores do bairro e de Conceição
de Macabu. Para alguns, a Bocaina era dividida em duas partes: o
Morro da Caixa D’Água e a Bocaina propriamente dita, que seria
hoje em dia perto da Transmac. Segundo estes, o nome pioneiro foi
Caixa D’Água, depois assimilado por Bocaina. Para outros, a Bocaina
sempre foi aquela da caixa D’Água.
Temos aí, conforme eu já disse, uma relativa facilidade para
explicar a origem do nome Bocaina, pois para nossa grata surpresa,
são muitas bocainas (depressões em forma de boca, no linguajar
local) na Bocaina. Cabe ao leitor a decisão: qual bocaina deu origem
à Bocaina?

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Conferindo no Dicionário Aurélio:

Bocaina
[De boca1 (ô) + -ana1, com i epentético.]
S. f.
1. Bras. Depressão numa serra.
2. Vale ou canhada entre duas elevações do terreno.

Veja também: Loteamento Folly, Morro da Caixa D’Água,


Transmac.

Coronel Nestor Gomes – macabuense da Bocaina que foi governador


e senador pelo Espírito Santo.

87
Padre Antônio Ribeiro do Rosário, macabuense da Bocaina – pároco,
escritor e político na cidade de Campos dos Goytacazes. A Câmara Municipal
de Campos dos Goytacazes leva seu nome, também fundou o Colégio
Eucarístico naquela cidade e é nome de rua em Varre-Sai-RJ.

Polycarpo Ribeiro, macabuense da Bocaina presente da estreia do


Brasil em Copas do Mundo – Uruguai 1930.

88
Bairro da Bocaina visto pelo Google Earth de uma altitude de 2.700 metros. O
maior bairro de Conceição de Macabu, com 97,6 hectares de área.

Bocaina (detalhe) dentro do contexto urbano de Conceição de


Macabu. Google Maps, 23/04/2019.

89
Na foto de Belmontalex (Alex Belmont), retirada da Wikipedia no dia
23 de abril de 2019, uma vista parcial do Bairro da Bocaina.

Bom Destino, Fazenda (Amorosa)

Situada entre Conceição de Macabu e Triunfo, dominando a


planície aluvial do Rio Macabu, é uma das maiores e melhores
propriedades rurais da região, onde já se produziu e produz de café
a gado bovino, passando por búfalos e cana de açúcar em sua
trajetória histórica. Pertenceu a Bernardino Barbosa, conhecido por
Ninito Barbosa (Bernardino Villar Barbosa), após seu falecimento
seus herdeiros venderam grande parte da propriedade a empresária

90
macabuense Jane Barcelos. Seu nome é um bom presságio, um
desejo eterno de boa sorte.
Embora os búfalos tenham ficado no passado, outra marca
deste que chama atenção é a vistosa ponte de ferro, ponte
ferroviária sobre o Rio Macabu, que liga duas partes da fazenda.
Conta-se que a ponte, cujo projeto original é inglês, foi construída
sobre o Rio Macabu entre 1878 e 1879, por ocasião da expansão do
ramal ferroviário da Estrada de Ferro Barão de Araruama. Com a
extinção do ramal ferroviário nos anos 60 do século XXI, Ninito
Barbosa a comprou da então Rede Ferroviária Federal e a
transportou montada, inteira, puxada por dezenas de bois carreiros,
até o ponto em que hoje encontra-se – distante 3 km.
Recentemente adquirida pela empresária Jane Barcelos, a
fazenda foi remodelada, reequipada, destinando-se principalmente
a produção de gado bovino de corte e equinos. A empresária,
macabuense de nascimento e tradição familiar, recentemente,
mostrou, mais de uma vez, que nem tudo nesse Mundo é destinado
somente ao lucro incessante: primeiro, ao evitar a destruição do
antigo “Curral de Pedras”, que na verdade é a “Senzala do Doutor
Antunes” (Ver Amorosa); segundo, ao ceder parte de suas terras ao
município de Conceição de Macabu para fins turísticos e de lazer,
resgatando o “Poço do Bambuzal” – que foi fechado pelos
proprietários da Fazenda...
O nome da fazenda, como sugere, é um augúrio de “bons
destinos” sobre proprietários e a propriedade.

91
Antiga foto da sede da Fazenda Bom Destino.

Ponte ferroviária sobre o Rio Macabu. Foto de Paulo Noronha.

92
Brinco, Fazenda do/Localidade do

A fazenda recebeu esse sugestivo nome por se tratar de uma


excelente propriedade rural, que no dizer local: um “brinco”.
Trocando em miúdos, a fazenda era excelente, ou seja, “era um
brinco”.
Segundo o Michaelis:

Brinco
[Do lat. vinculu.]
S. m.
1. Adorno ou joia que se usa presa ao lobo da orelha ou
pendente dela. [Cf. arrecada, pingente (2) e bichas.]
2. P. ext. Pessoa ou coisa delicada, fina, elegante, muito
bonita.
3. Coisa feita, arrumada, etc., com muito apuro; primor,
perfeição.

93
C
Cachica, Pedra da (Amorosa)

A Pedra da Cachica, na região da Amorosa, trata-se de um


platô de aproximadamente 800 metros de altura, tendo mais de 50
hectares de área relativamente plana ou com pequenas depressões
em seu topo. Na Cachica existem algumas curiosidades, como a
estrada de acesso ao local, só transitável por motos ou a pé e, em
boa parte do percurso, pavimentada em pedras – uma obra do
século XIX. Outra curiosidade, era um lago de altitude que existiu no
alto da pedra da Cachica, que transbordava em épocas de muitas
chuvas, molhando um precipício de trezentos metros
aproximadamente, facilmente visível da estrada de acesso. Esse lago
já foi bem maior, mas arrebentou em 1998 após as grandes
enchentes que assolaram toda região, tornando-se um brejo nas
épocas secas e uma pequena lagoa, em tempos chuvosos.
Nas intensas chuvas de 2012, 2014 e 2019, a Cachica,
principalmente o antigo lago, sofreram mudanças drásticas quando
algumas pedras rolaram do precipício de mais de 500 metros,
abrindo completamente a “comporta natural” que ainda represava
alguma chuva, mantendo as características lacustres. Provavelmente,

94
nos próximos anos, tanto o lago, quanto o pequeno pântano, serão
substituídos por um regato.
O nome verdadeiro é de origem indígena - “caachica” - e
refere-se a um arbusto cujas flores produzem uma tintura azulada,
muito usada como anil. Outro nome popular da caachica é anileira-
verdadeira, e conforme nos diz o dicionário Michaelis:

Caachica
S. f. Bras. Bot.
1. Arbusto da família das leguminosas papilionáceas
(Indigofera anil), de flores róseas, que produz anil de qualidade e
possui propriedade insetífuga; caachica, caaobi, guajaná-timbó, timbó-
mirim.
[Pl.: anileiras-verdadeiras.]

De caachica para Cachica foi um pulo. O nome indígena


denota mais uma vez a presença dos sacurus e de outras tribos em
nosso município. Curioso é o fato do arbusto produtor de anil –
corante azul muito usado no passado – chamar a atenção dessa
forma. Fico especulando: terá sido aquela região produtora de anil?
Se foi, terá a produção de anil estimulado a construção daquela
estrada?
Uma outra versão, também plausível, é a ocorrência em toda
região de esquilos, animais nativos, que em língua Tupi, quer dizer

95
caxinguelê (tradução: “rato das árvores”). Nessa versão, Cachica ou
Caxica, seria uma corruptela da palavra caxinguelê.
Origem animal ou vegetal? Apostamos na vegetal pelo
histórico de produção agrícola da região, cujos relatos do Almanak
Laemmert, em sua edição de 1869, ao citar a localidade de São João
de Macabu (ver São João/Fazenda São João), relatam a produção
de sisal e anil na região.

Cachoeira da Cachica com sua queda de mais de 500 metros, vertendo de


uma montanha de 690 a 800 metros. Foto do autor,

96
Caachica, caxica, cachica ou anileira,
planta da qual se estrai o azul anil ou índigo.

Caxinguelê ou esquilo.

97
Cachoeirão (Santo Antônio do Imbé)

Localizado no terceiro distrito de Santa Maria Madalena, mas


distante apenas 15 km de Conceição de Macabu, é a parte mais
bonita do Rio Imbé, onde o mesmo se precipita numa grande
cachoeira, que é a razão do nome, e dezenas de poços e cachoeiras
menores. Além de ser agradável para banhos, é bom para pescar. O
problema do lugar fica por conta das estradas, que fazem um
passeio que deveria levar dez minutos, ser completado em trinta
minutos ou mais.
Muito frequentado por nossos veranistas, inclusive o que vos
escreve, sofreu uma estranha modificação em 1998, quando foi
atingido por uma grande enchente, a maior em 30 anos, que fez
“desaparecer” algumas cachoeiras e poços, vítimas do
assoreamento. Nas fortes chuvas de 2008, 2012 e 2019, as
cachoeiras e poços assoreados, se recuperaram, voltando a ser
como em 1998.
Lugar interessante por se tratar de local bem preservado,
preservação essa que se roga méritos ao proprietário Simão Ciro
Moreira.

98
Cachoeirão, a queda d’água que deu nome ao local, Rio Imbé, foto do
autor de 1985.

Cachoeirão no Rio Imbé. Foto do autor em 2019.

99
Caju, Bairro/Fazenda/Localidade (Macabuzinho)

Achava que o nome Caju estava relacionado ao Sítio do Caju,


propriedade de Carlos Edvar Barbosa Aded, baseado no apelido de
seu filho: Caju. Errei feio. O nome Caju é bem mais antigo, já
aparece em documentos do final do século XIX, referindo-se a uma
fazenda e a uma estrada. O golpe de misericórdia veio numa
conversa que tive com o saudoso Erival Gomes, mais conhecido
como Erval de Macabuzinho, quando esse me disse: “Caju é o filho
de Edvar, a localidade já tinha esse nome antes, foi só coincidência.”
A localidade do Caju tem seu nome devido à abundância de
cajueiros em uma antiga fazenda daquela região. A Fazenda do
Caju, pelo que pude averiguar, destacou-se pela produção de gado,
madeira, mandioca e cana, além de servir como pousada para
tropeiros que vinham do interior para o importante porto fluvial de
Paciência, hoje Macabuzinho.
Embora o povoamento da região seja remoto, foi a partir da
década de 70 do século XX, que ele se intensificou, principalmente
devido aos baratos terrenos existentes ao longo da Rodovia Antônio
Minguta de Oliveira, RJ-196. Hoje, apesar de não ser um grande
bairro, no tamanho, tem sérios problemas de saneamento básico,
que foram recentemente amenizados, com a pavimentação da
rodovia.

100
O bairro segue a rodovia, no passado acompanhava a
ferrovia, por mais ou menos 1 km, só possuindo uma via, a própria
rodovia, nenhuma outra paralela ou perpendicular.

Caju, foto do Google Maps, 28/04/2019.

Cajueiro, Morro do/Subida do


Morro de subida íngreme, na estrada para Santo Antônio do
Imbé, recebeu esse nome por causa dos inúmeros cajueiros nativos
que acompanham a estrada.

Calambau (Amorosa)

O estranho nome marca uma das regiões mais bonitas de


Conceição de Macabu, na divisa com Trajano de Morais, banhada
pelo Ribeirão Vermelho, afluente do Rio Carukango.
101
O nome é indígena, provavelmente de origem Tupi (a região
foi habitada por índios Saruçus e Coroados) e, significa “lugar onde
o rio faz curva”. O nome faz sentido, cachoeiras, poços e “belas
curvas” não faltam naquela região.

Calçadinha, Bairro da

O nome Calçadinha não é polêmico, é de fácil explicação,


tendo a ver com uma antiga calçada de pedras que existia naquela
região e que era parte da Estrada Provincial Macaé-Cantagalo, cujo
nome verdadeiro é Estrada Geral de Cantagalo.
A história do nome é bem mais antiga e vai para o ano de
1840, quando o governo da Província do Rio de Janeiro resolveu
facilitar o escoamento da produção cafeeira da região de Cantagalo
para o porto de Macaé (na época se escrevia Macaé com h e
Cantagalo com dois eles), construindo uma estrada para o tráfego
de tropas, como eram chamados os conjuntos de burros e mulas
que levavam sacos de café e outros produtos. Até aquela época, o
único meio de transporte era o fluvial, via rio Macabu, mas, nas
estiagens e nas grandes enchentes, o transporte tornava-se difícil,
além do que, o rio só era navegável até o antigo povoado da
Estação (hoje Fazenda São João).
Essa estrada, concluída em 1845, possuía uma série de ramais
ou estradas vicinais, como a Estrada do Mandingueiro, a da Palioca,
a do Roncador, a da Carreira Comprida, etc., e, como sua função

102
básica era garantir o transporte na região em qualquer época do
ano, nas áreas mais pantanosas ou íngremes era comum que os
construtores fizessem uma espécie de calçamento. Foi o que
ocorreu entre os vales do atual bairro da Calçadinha. Neste trecho,
como em tantos outros, a estrada foi calçada para evitar que os
animais de transporte atolassem, e daí para o nome Calçadinha foi
um pulo.
Quando o bairro começou a se formar não se sabe ao certo,
mas teve um grande impulsionador que foi o senhor Anísio
Barcelos, que ia loteando pequenos espaços de suas propriedades,
facilitando o pagamento, enfim, povoando as regiões dos atuais
bairros da Calçadinha e Subida da Balança. Merecidamente, uma
das ruas do bairro da Calçadinha recebeu o nome de Anísio
Barcelos.
O bairro é um dos maiores de nossa cidade, sendo uma
espécie de portão, pois é cortada pela RJ-182, a mais movimentada
estrada de rodagem que serve aos macabuenses. Além de centenas
de residências, uma creche, a Escola Estadual Macaúba, diversos
bares, constituem a Calçadinha, que também se destaca por ser um
celeiro de esportistas e músicos.

103
Bairro da Calçadinha no Google Maps, 1 de maio de 2019.

Cambotas, Fazenda das/Região das

A Fazenda das Cambotas é famosa por ter sido o lar de uma


das mais importantes famílias do município, a Fidalgo, cujo
patriarca, Antônio Fidalgo, um simpático lusitano, fora
homenageado na primeira edição deste livro.
Entretanto, a família Fidalgo não fora a única família famosa
daquela região. Em meados dos anos oitocentos, lá viveu José
Joaquim da Silva Freire, o futuro Barão de Santa Maria Madalena,
numa fazenda que tinha o nome de Santa Ilidia e era cortada pelo
ribeirão das Cambotas. Apesar de ser o Barão de Santa Maria
Madalena, foi figura importante na história macabuense, com

104
passagens pela localidade, já extinta, de São João de Macabu (ver
Osório Bersot/Fazenda São João).
Já o nome Cambotas, polêmico, era explicado com o
significado de arco para roda de carroça, ou, pelo que eu entendi, o
arco onde se prendem os raios da roda. Também pode ser cimbre,
que são armações usadas em construção civil para se sustentar
arcos de portas, janelas, ou uma pessoa de pernas tortas. Segundo
Manoel José Fidalgo, cambotas também é o nome popular de uma
árvore lenheira, muito comum naquela região até os dias de hoje.
Embora antigos e novos moradores do local não expliquem
o nome Cambotas, creio que a versão contada por Manoel José
Fidalgo é aquela que melhor se afina com a região.
Além disso há o cambotá, estranho peixe de água doce,
extremamente resistente a águas sujas, com baixa porcentagem de
oxigênio, conseguindo, inclusive, sobreviver por horas fora d’água e
até se locomover com sucesso em terra seca.
O cambotá talvez seja a opção menos plausível para explicar
as razões do nome, pois é uma espécie comum em rios de planície,
com águas turvas, ou, lagoas e pântanos. Como os rios das
Cambotas são encachoeirados e de águas límpidas, o peixe não é
tão comum assim.
Concluindo, num documento oficial, a Lei 480, de 10 de
novembro de 1901, que tratava de limites interdistritais, aparece pela
primeira vez o nome Ribeirão das Cambotas.

105
Usando informações dos dicionários Michaelis e Aurélio,
reuni alguns verbetes semelhantes ao termo Cambotas:

Camboatá
Bras. MG RJ Bot. Designação comum às árvores pequenas da
família das meliáceas, pertencentes aos gêneros Guaria e Trecheia, de
flores ger. alvas, e frutos capsulares, piriformes; açafrão, bilreiro,
camboatá, carrapateiro, cedrão, catuaba, macaqueiro, pau-bala.
Camboatã
[Do tupi.]
S. m. Bras. Bot.
1. Designação comum a árvores pequenas, da família das
sapindáceas e das meliáceas, dotadas de madeira apropriada à
confecção de cabos de ferramentas
Cambaio
[De cambar1.]Adj.
1. De pernas tortas. [Sin.: acambetado, cambado,
cambembe, cambeta, cambo, cambota, cambuta, e (bras.) bichento,
zãibo, zãimbo, zambeta, zambo, zambro. ]
[Sin., nesta acepç. (bras., pop.): cambota, cambuta, perna-de-
xis.]

106
O cambotá ou camboatá, também chamado de chico duro, vários nomes
populares para o estranho e muito resistente Callichthys callichthys.

Camboatá ou cambotã branco - Matayba eleagnoides.

Campo do Rio Branco (Garapa/Vila Nova)

O campo que pertence ao Rio Branco Futebol Clube, fica


entre os bairros da Garapa e da Vila Nova, marcando a divisão
desses bairros, e servindo de referência para os dois, pois tanto faz.

107
Embora não seja o objetivo desse livro falar no Rio Branco
F.C., pois o tricolor macabuense por si só já daria outro livro, para
qualquer macabuense é um orgulho saber que se trata do clube de
futebol mais antigo em atividade no Norte Fluminense e um dos
mais antigos do interior do Estado do Rio de Janeiro.
Outro grande orgulho que tem a ver com o Rio Branco F.C. é
que nele atuou Policarpo Ribeiro, que posteriormente, jogando pelo
Americano de Campos, foi convocado pela Seleção Brasileira para
jogar a primeira Copa do Mundo da História, no Uruguai em 1930.
Por falar nisso, foi num jogo entre Rio Branco e Americano que o
jogador macabuense despertou o interesse do alvinegro campista,
para lá se mudando e se consagrando.
Quanto às origens do nome, recorro a Godofredo Guimarães
Tavares, que no livro “Imagens da Nossa Terra” diz que o clube foi
fundado pelos alunos do Instituto Rio Branco, isso no dia 15 de
fevereiro de 1914. As provas de Godofredo são inquestionáveis: o
jornal A Gazeta de Macabu, de 22 de fevereiro de 1914.

Campo do rio Branco F.C. 01 de maio de 2019, foto do Google Maps.

108
Canudos, Fazenda de /Localidade de (Macabuzinho)

Hoje em dia, o nome Canudos designa uma pequena região


de Macabuzinho, que recebeu esse nome por razões divergentes:
para uns, foi devido à Fazenda de Canudos, para outros, em
decorrência da instalação de uma Igreja ligada a uma congregação
de Canudos. Apesar das dúvidas quanto ao nome, o certo é que
existiu a tal fazenda, e se ela deu nome ao lugar, por que Canudos?
Em 2004, na primeira edição desse livro, arrisquei uma
explicação: canudo é uma planta, também chamada de junco,
comum em brejos. A fazenda teve seu nome relacionado a ela,
sendo mais um caso da tradição naturalística.
Já em 2019, exatamente no dia 13 de julho, por ocasião da 3ª
Flimac – Feira Literária de Macabu – encontrei com Carlos Minguta,
que em breve nos brindará com um livro sobre casos de
Macabuzinho. O mesmo, além de me apresentar uma foto de 1925,
mostrando o coral da Igreja de Canudos, me disse que há outra
explicação: Canudos daqui seria derivado de um povoado
português, também chamado Canudos.
No Aurélio:

Junco ou Canudo
[Do lat. vulg. *cannutu, 'cana', 'junco'.]
S. m.
7. Bras. Bot. Planta da família das convolvuláceas (Juncus
acutus).
109
O junco, tabuia ou tabebuia, nome popular de uma planta aquática que teria
dado nome à região.

Capelinha, Fazenda/Assentamento de

A Fazenda Capelinha (na verdade Capelinha I e Capelinha II),


era propriedade da Usina Victor Sence até ser vendida a um
particular e ser desapropriada para fins de reforma agrária pelo
INCRA, em 1997. O nome tem a ver com a localidade de Capelinha
do Amparo.
Já o Assentamento de Capelinha, que chegou a ter o nome
provisório de Acampamento Luís Carlos Prestes, é o segundo do
nosso município. Em termos organizacionais e estruturais, é
orientado pelo MST, Movimento dos Sem Terra, principal defensor
da reforma agrária no Brasil.

110
Capelinha do Amparo, Localidade (Macabuzinho)

Capelinha, como é mais conhecida a localidade, tem seu


nome devido à construção no início do século XX, de uma capela
consagrada a Nossa Senhora do Amparo. A região desenvolveu-se
bastante com a construção e posterior asfaltamento de acessos
rodoviários, hoje chamada de BR-101, ligando Campos ao Rio de
Janeiro.
A região de Capelinha do Amparo desde 1952, pertence ao
segundo distrito, Macabuzinho, mas nos últimos anos, com a
emancipação de Carapebus, esse território foi, digamos, tomado
pelo novo município.
Capelinha é hoje área de litígio entre os vizinhos Carapebus e
Conceição de Macabu, embora historicamente seja território
macabuense, como consta nas próprias atas do município de
Macabu, quando este esteve emancipado entre 1891 e 1892.
Cogitava-se na época a elevação do povoado de Nossa
Senhora do Amparo a condição de terceiro distrito de Conceição de
Macabu, já que a cidade era o primeiro distrito e o Curato de Santa
Catarina era o segundo.

111
Capelinha do Amparo, BR-101, foto do Google Maps de 01-05-2019.

Campos dos Goytacazes (Município)

Maior município em extensão territorial do Estado do Rio de


Janeiro, sua sede está há 85 km ou 92 km do centro de Conceição
de Macabu, dependendo da rodovia utilizada para se chegar: BR-
101, RJ-196 ou RJ- 182, respectivamente.
É o mais antigo dos vizinhos de nosso município, tendo sua
origem enquanto Vila – os municípios foram assim chamados até
1891 – em 1677 e sua elevação à categoria de cidade em 1835, o que
na época era um prêmio concedido às vilas que realizassem uma
reforma urbana.
Também é o maior e o mais populoso, com 4,026 Km² e mais
de 500 mil habitantes, sem falar que é, no Estado, o município com
mais distritos, cerca de 20.

112
Seu nome está associado aos campos nativos, que nos
séculos XVI e XVII foram vistos como ideais para criação de gado,
daí a palavra campos, sinônimo de planície. Por sinal, sua paisagem
mais marcante. Já o Goitacazes relaciona-se aos índios Goitacá,
descritos como intrépidos, resistentes a catequese e bons de
enfrentamento. A grafia Goytacazes, instituída no nome da cidade
dessa forma na Lei Orgânica de 1988, foi uma homenagem à grafia
original, do século XIX.
Como nosso vizinho, temos grandes afinidades históricas e
culturais, primeiro porque foram os campistas nossos primeiros
povoadores, colonizadores, que para cá, junto com os cabo-frienses,
vieram em busca de madeiras nobres. Segundo pois Macabu era
território campista até 1813, quando foi desmembrado, junto com
Carapebus e Quissamã, para dar origem a Macaé. Já culturalmente,
até a chegada da Petrobrás em Macaé, estudar e trabalhar era mais
comum do que na Princesinha do Atlântico.
Ouso dizer que, embora o macabuense seja um “trabalhador
macaense”, a cabeça, forma de pensar e agir, é mais “campista”.
Macaé, até pelo aspecto cosmopolita, não tem uma pegada tão
profunda quanto a de Campos.

113
Campos dos Goytacazes, “capital” do Norte Fluminense.

Carapebus (Município)
Nosso vizinho mais novo e geograficamente mais próximo.
Emancipado em 1995, mas com município instalado em 1997 e,
distante apenas 25 km de Conceição de Macabu.
Carapebus, tal e qual aconteceu conosco, foi desmembrado
de Campos em 1813, anexado a Macaé, tornando-se seu distrito, por
sinal, durante bom tempo, um dos principais, graças, sobretudo, a
produção açucareira de sua importante usina.
Já o nome Carapebus foi usado pela primeira vez no século
XVII, quando os Sete Capitães, sesmeiros do Norte Fluminense,
primeiros exploradores dessas terras, batizaram uma grande lagoa
próxima ao litoral, com o nome de Carapebus, pois, segundo relato
dos mesmos, esta era habitada por pássaros aquáticos de mesmo

114
nome. Já a toponímia é fruto da herança Tupi, originando de acará
(peixe), peba (chato) e u (preto), segundo o Dicionário Houaiss.
Com mais de 14 mil habitantes e 305 km², vale fazer três
ressalvas sobre nosso vizinho: primeiro, desde 1997 há uma disputa
territorial com Conceição de Macabu que no momento é favorável a
Carapebus; segundo, a atual vice-prefeita e secretária de Educação
do município é a macabuense Marinete Possidônio; terceiro, a
produção histórica regional ganhou o importante reforço de Ana
Maria Vasconcelos, que em 2013 lançou Carapebus Nas Páginas do
Passado , marco na descrição da História daquele município.

Carapebus. Foto da Wikipedia.

Carandiru/Conjunto Habitacional Sílvio Soares


Tavares

Ver: Conjunto Habitacional Sílvio Soares Tavares.

115
Carrapeta, Fazenda da (Santo Agostinho)

A região da Fazenda Carrapeta já foi conhecida por Fazenda


São José do Sossego (não confundir com outra fazenda de mesmo
nome, só que na região de Santa Maria), pertencendo em 1856 ao
senhor José Laurindo de Azevedo, que a comprou em leilão no dia
11 de maio de 1854, e posteriormente, pertenceu ao Sr. Lino
Feliciano Pimentel entre 1870 e 1877, segundo o Almanak Laemmert.
Posteriormente pertenceu a Laércio Fontes, passando a seus
filhos que até hoje mantém a propriedade, subdividida em sítios
menores, dedicados ao lazer, criação de peixes e ao Hotel Fazenda
Carrapeta.
Carrapeta é uma árvore, razão do nome da propriedade.
Árvore muito comum que, embora não tenha função comercial, tem
uma importante função ecológica, pois trata-se de uma espécie
nativa, ideal para recuperação e preservação de cursos d’água e
nascentes.
Segundo o Dicionário Michaelis:

Carrapeta
(ê). Pop.
1. Bras. V. carapeta.
2. Bras. MG RJ Bot. Designação comum às árvores
pequenas da família das meliáceas, pertencentes aos gêneros Guarea e
Trichilia, de flores ger. alvas, e frutos capsulares, piriformes; açafroa,

116
bilreiro, camboatá, carrapeteiro, cedrão, jatuaúba, macaqueiro, pau-
bala.

Carrapeta ou pau-bola - Guarea guidonia (L.).

Carukango, Rio/Região do (Amorosa)

O termo Carukango é usado para definir uma região rural do


município de Conceição de Macabu, localizada nos limites com
Trajano de Morais e Macaé, bem como um dos principais afluentes
do rio Macabu, o rio Carukango, onde encontramos diversas
corredeiras e cachoeiras, das quais destaca-se a cachoeira da
Amorosa.
Em 1855 começaram a ser feitos os Registros Paroquiais de
Terras da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Macabu,
baseados na famosa Lei de Terras de 1850. No mesmo ano do início
dos registros, a região do Carukango já surge como localidade rural,

117
e pertencendo ao senhor Thomaz José Cardoso. Em 1876, o
Almanak Laemmert destaca o cidadão Joaquim da Silva Neves como
proprietário da “Fazenda do Carucango”, segundo grafia do
almanaque.
Além desses registros, que tratam da Toponímia, o nome
Carukango, na sua corruptela “Careocango”, é citado pelo futuro
Barão, e depois Visconde de Araruama, José Carneiro da Silva, como
o lugar onde nasce o Rio Macabu. Embora o barão estivesse errado,
pois o Macabu nasce bem longe dali, ele fez o primeiro registro da
palavra, em seu livro Memória Topográfica e Histórica sobre os
Campos dos Goytacazes com uma Notícia Breve de suas Produções
e Comércio, publicado em 1819.

Carukango: a grafia correta


O nome Carukango já foi muito discutido quanto a sua
grafia. Já foi escrito Carocango, Careocango, Curunkango,
Querocango, Querocongo, até que um diplomata moçambicano,
estudioso de dialetos africanos, indicado pelo senador Darci
Ribeiro, cujo nome perdeu-se na memória, recentemente matou
a questão, definindo a grafia correta como C a r u K a n
g o.

O nome é dos mais antigos da região, pois como vimos, já


era citado em 1819, quando o Visconde de Quissamã, José
Carneiro da Silva, citou a região do “Careocango” como área de

118
nascente do rio Macabu. Embora estivesse errado, pois o rio
Macabu nasce bem longe de lá, o visconde fez o primeiro
registro sobre uma região que foi muito comentada naquela
época, por abrigar o célebre Quilombo do Carukango.
É de Carukango, líder do quilombo, que veio o nome para
toda região e para o rio que nasce lá.

Cachoeira do Carukango no rio de mesmo nome. Foto do autor.

O Quilombo do Carukango – Versão resumida


Carukango, natural de Moçambique, era escravo de um
fazendeiro da família Pinto, na antiga Freguesia de Nossa Senhora das
Neves, em Macaé. Inconformado com a escravidão, rebelou-se,
fugindo para a Serra do Deitado, hoje divisa entre Macaé e Conceição
de Macabu, e onde, posteriormente, organizou um quilombo,
119
recebendo outros escravos que iam sendo libertados em ataques feitos
às senzalas da região.
Com o passar do tempo, aumentou a intensidade dos ataques
às fazendas, onde Carukango e seu grupo buscavam alimentos, armas,
ferramentas e libertar outros escravos, o que acabava fortalecendo seu
quilombo.
Incapazes de enfrentar o quilombo, os fazendeiros da região
requisitaram a interferência da força militar da Capitania do Espírito
Santo, que na época tinha seu raio de atuação estendido até Campos.
Os militares eram comandados pelo coronel Antonio Henrique Coelho
Antão de Vasconcelos, que uniu suas forças às de populares e
empreendeu uma luta contra Carukango e os demais quilombolas.
No mês de abril de 1831, os quilombolas foram atacados e
encurralados no planalto que ficava no topo de uma grande montanha,
onde era a sede do quilombo.
Após lutas, Carukango, vestindo um grande manto com um
enorme crucifixo no peito, rendeu-se se entregando ao único filho de
seu dono. Quando a luta parecia cessada, Carukango retirou uma
pistola debaixo do manto e matou o rapaz. Imediatamente, os demais
atacantes lincharam Carukango e os negros que conseguiram apanhar,
já que muitos preferiram se atirar de uma montanha para o suicídio.

Carukango na Literatura e na Internet


A literatura regional muito se dedicou ao Quilombo do
Carukango, com destaque para Antão de Vasconcellos, neto do
destruidor do quilombo, Alberto Lamego, Godofredo Guimarães

120
Tavares, Godofredo Tinoco, Hervê Salgado, Antonio Alvarez Parada,
Alaor Scicínio e João Oscar – este último, transformou a história num
interessante romance, um verdadeiro roteiro cinematográfico, que se
fosse estadunidense, já teria sido aproveitado nos telões da Metro,
Disney, Fox, etc.
Jorge Picanço Siqueira narrou a história de Carukango na forma
de cordel, uma forma de expressão literária muito rara entre nós, bem
comum no Nordeste. Muito curioso, interessante de ler ou ouvir, ilustra
bem a história, e nos faz pensar o quanto usamos pouco, ou nada, os
cordéis, como forma de comunicação com a massa. Observe o último
verso:

“Mas os homens que o cercavam”


Carukango então mataram
E foi tudo destroçado
Os que viram é que contaram
Carukango e seu quilombo
Nesse dia se findaram.

Na Internet existia, feito em 1997, uma versão romanceada da


História do Quilombo do Carukango, que podia ser acessada:
www.castelo.com.br/projetos/quilombo. Além da página do Castelo,
esse trabalho estava disponível em outras 30 páginas brasileiras e 7
estrangeiras, o que para mim já era motivo de orgulho, por ser
macabuense e autor do referido trabalho.

121
Hoje em dia, usando buscadores americanos como Google,
Yahoo, ou, o francês Qwant, ou ainda, o alemão Duckduckgo,
chegamos a 5.800 referências, um aumento considerável.

O Rio Carukango se encontrando com o Rio Macabu. Foto do autor.

Carukango: Lenda tornando-se verdade


Se por um lado temos certeza que o quilombo existiu, por outro
a História de Carukango sempre foi cheia de dúvidas, principalmente
em relação ao final, que sempre soou fantasioso, apoteótico, teatral.
Com o passar dos anos e o consequente avanço das pesquisas
históricas, a verdade vem aparecendo.
A última confirmação que tivemos com relação à História do
Quilombo do Carukango, diz respeito exatamente ao seu final, quando
pesquisadores do Centro de Memória Antonio Alvarez Parada, de
Macaé, descobriram em Trapiche, mais exatamente na Igreja de Nossa

122
Senhora da Conceição, um registro de óbito de duas pessoas que
morreram combatendo um quilombo “no pé do rio Macabu”, e uma
delas foi morta após um episódio idêntico ao final da História de
Carukango, com direito a manto, crucifixo, tiro, etc.
O documento tem uma folha e meia, confirma a História que
narrei acima, mas não cita o nome Carukango, pois este era seu nome
africano, mas cita os escravos Antonio e Francisco, que nos
documentos da Coordenadoria Macaé 200 Anos, em dois Autos de
Devassa do ano de 1831 aparecem descritos como malfeitores, líderes
de escravos fugitivos, que teriam fugido da fazenda de Domingos José
Gomes Pinto e, com o sobrenome de batismo Cristão: Moçambique.
Para mim esses documentos são de uma importância sem
precedentes, pois não só confirmam a dramaticidade que marcou a
história do Quilombo do Carukango, como nos leva a crer que estamos
na pista certa, usando os meios e as fontes adequadas para narrar a
verdadeira.
Além disso, no dia 2 de março de 2003, descobri no Registro
Paroquial de Terras da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de
Macabu o seguinte:
“...Lúcio Pereira da Rosa é possuidor de uma posse no lugar de
Macabu, no lugar das vertentes donde foi o quilombo... 26 de janeiro
de 1856...”
Outra pista é a existência de uma ponta de lança, de origem
africana, do povo Basongue, natural do Congo e Moçambique,
descoberta exatamente na região que tem o nome do Carukango. O
objeto, analisado pela Dr. Lisi Salum da Universidade de São Paulo, foi

123
datado como anterior a primeira metade do século XIX e de inspiração
ou origem africana – o mesmo objeto, em 2010, foi tema do programa
do The History Channel, A Lança do Quilombo e, já foi visto nos EUA e
na Itália, até onde sabemos.
Estou seguindo as pistas, que quanto mais se investiga, mais
surgem, mas o concreto é que existiu o Quilombo do Carukango, e que
em nenhum outro lugar sua “memória” parece estar mais bem
conservada que em Conceição de Macabu.

A Lança do Quilombo, encontrada na região do Carukango. Foto do


autor.

124
As descrições da Pedra da Cachica muito se assemelham ao local que
teria abrigado o quilombo. Foto do autor.

Todo Cuidado é pouco: “uma mentira repetida mil vezes,


torna-se verdade.”
Baseado nas obras de João Oscar e Antão de Vasconcellos, a
Fundação Zumbi dos Palmares, de Campos dos Goytacazes, lançou um
livro chamado Carukango, o Príncipe dos Escravos. Tal livro, de grande
repercussão, teria tudo para ser um grande sucesso acadêmico e até
popular, não fosse um detalhe: misturou fatos reais com romance. Em
outras palavras, misturou os fatos descritos por Vasconcellos em seu
livro Evocações – Crimes Célebres em Macaé, com o romance de João
Oscar, Curunkango Rei.

125
Curunkango Rei é um romance, o que pode ser comprovado
lendo-o, pois diversos personagens presentes à obra, não estavam
vivos na época descrita e outros nem se quer estavam em nossa região.
Além disso, o grande final do romance, onde Carukango é descrito
como avô de José do Patrocínio, é de enorme licença poética, pois
cronologicamente e na total ausência de documentos, isso seria
impossível. Para finalizar, o golpe de misericórdia: o próprio João Oscar
me disse que era um romance – e recentemente ao conversar com Nei
Lopes, renomado cantor, compositor e escritor, o mesmo – que foi
colega de faculdade de João Oscar – me disse a mesma coisa.
O livro da Fundação Zumbi dos Palmares de Campos dos
Goytacazes, tinha tudo para ser uma referência, mas, se não tomarmos
cuidado, se tornará uma referência falsa.

O excelente romance de João Oscar e o equivocado livro ‘Carukango


O Príncipe dos Escravos’. Fotos do autor.

126
Carukango na TV e no Carnaval

A GRES Unidos de Vila Rica, do Rio de Janeiro, retratou Carukango em


seu enredo de 2007:

Carukango
COMPOSITORES

Leonardo Trinta, Everton César, Ricardinho e Leo Torres


INTÉRPRETE

Mauricio Poeta

Sobre um mar de sofrimento


Villa Rica navegou
Com seu grito de lamento
Negro se eternizou
Liberdade... Uma estrela a brilhar
Esse líder feiticeiro
Não se deixou escravizar
Lá na serra do deitado, com seu legado
O quilombo se formou
Há de ser sempre lembrado
Pelo exemplo que deixou
E lutando, Carukango)
Liderou sua nação)
Almejando a liberdade) BIS
Com bravura e emoção)
127
Na batalha... entregou a própria vida
Os quilombolas ressuscitam na avenida
Têm na cor um grande orgulho
A negritude é a razão maior
Seu sangue derramou e Iansã soprou
Vai Carukango, envolvido em nosso manto
Pros braços de Iemanjá
Nas suas águas, com as bênçãos de Oxalá
Um braço forte retornando para o lar
Oh! Mãe África)
Venho aqui te exaltar)
Em memória dos seus filhos) BIS
Salve nosso Orixá!)

GRES Iracema Meu Grande Amor, de São Paulo, retratou Carukango em seu
samba enredo de 2018: Carukango, Axé Grande Quilombo… Príncipe Guerreiro

128
Na TV internacional, The History Channel deu ênfase a Carukango em seu
episódio de Detetives da História, A Lança do Quilombo.

Carukango é o nome de uma banda de Reggae de Conceição de Macabu. Na


foto a logo da banda, um dos melhores já feitos sobre Carukango.

Abertura da estrada do Carukango nos anos 70. Foto de José Miltonsiles


Ornellas Gomes.

129
Cascata (Triunfo)

Região rural próxima a Triunfo, tem seu nome relacionado a


uma queda d’água em forma de cascata. Localizada no percurso da
antiga linha de trem, não se trata de um povoado, mas de uma
única fazenda, que carrega o nome do local.
Segundo o Aurélio:
Cascata
[Do it. cascata.]
S. f.
1. Pequena queda-d'água (q. v.).

Catarina, Santa (Macabuzinho)

Ver Santa Catarina (Localidade de Macabuzinho – 2º Distrito).

Catarina, Santa Rio/Serra de

Ver Rio Santa Catarina/Serra de Santa Catarina.

Centro, Bairro do (Praça)


Em Conceição de Macabu é comum chamar o Centro da
cidade de Praça, uma alusão direta a nossa única grande praça, a
Dr. José Bonifácio Tassara.

130
Apesar de ser o coração econômico e político da cidade, não
é nem de longe o maior bairro, ficando aquém da Bocaina, Vila
Nova, Balancé, regulando com a Rhodia e a Calçadinha.
Economicamente, também já não apresenta mais a dinâmica do
passado, embora ainda seja o principal veio comercial do município.
A História do Centro é uma das mais antigas e
representativas de todo o município. Foi inicialmente habitado por
tribos de sacurus, que depois deixaram a região seguindo para a
Missão de Nossa Senhora das Neves, onde foram catequizados pelo
missionário português Antônio Vaz Pereira da ordem do Sagrado
Coração de Jesus. Com a decadência da Missão, algumas décadas
depois, os índios retornaram às suas antigas tribos, entre elas a que
ficava no Centro. A partir daí, a História se inverteu, pois a região
passou a atrair aventureiros, missionários, grileiros de terras.
Nas primeiras décadas do século XIX, o Centro, juntamente
com Paciência (Macabuzinho), Curato de Santa Catarina e a Estação
(São João), eram os principais povoados da região do Macabu,
embora não passassem de pequenas aldeias. A partir de 1842, com
intensificação do transporte de café entre Cantagalo e o porto de
Macaé, via rio Macabu e a Estrada Geral de Cantagalo, a região
povoou-se rapidamente.
Em 1878, foi a vez do transporte ferroviário beneficiar o
Centro, tornando-o estrategicamente o melhor local para
estabelecimento de negócios e moradias, pois os rios infestados de
doenças prejudicavam Paciência e a Estação, e o isolamento não

131
beneficiava o Curato. A ferrovia foi decisiva para definição de que
local seria destinado ao crescimento e ao progresso em Conceição
de Macabu. Nesse item, nem a Estação, nem o Curato foram
beneficiados.
Como centro irradiador de crescimento econômico e político,
esta foi a região do município que encabeçou a vinda da Usina
Macabu (1913), a Escola Modelo Wenceslau Bello (1923) e a luz
elétrica, no fim dos anos 1930. Além disso, foi o polo irradiador das
duas emancipações, a efêmera, de 1891-1892 e, a definitiva, de 1952
até hoje, sempre reservando para si o destaque, e a importância de
ser o coração da “Cidade Simpatia”.
No Centro da cidade estão as melhores condições de vida de
todo município, seja pela estrutura de saneamento, de educação,
transportes, empregos, saúde, bancos, lojas, enfim, o nome que
recebeu, não foi à toa.
Veja também Praça.

132
Centro no Google Earth em 16 de maio de 2019, foto obtida há 1.200
metros de altura. Área de 26,8 hectares.

Centro da cidade. Foto de Manoel Germano.

133
Região do centro, Bocaina, Paraísos e Vila Nova nessa bela vista aérea
cedida por Eleny Oliveira.

Centro na visão de Alex Belmont. Fonte: Wikimedia Kommons.

134
Biblioteca Municipal, localizada no Centro. Foto do Jornal O Diário em
15-03-2016.

Centro da cidade numa foto de 1949, de autor desconhecido, oriunda


do Relatório de Emancipação de Conceição de Macabu.

135
Centro da cidade na década de 1930. Acervo Efra Ribeiro
Moraes/Marília Tassara.

Praça em 1975. Foto de autor desconhecido.

136
Praça em 1972.

Praça quando se chamava 1º de Maio. Foto do final do século XIX.


Acervo de Marília Tassara.

137
Foto da virada dos séculos XIX e XX. Acervo Efra Ribeiro/Marília
Tassara.

Chácara de Santana (Vila Nova)


O topônimo se refere à família Santana, em especial o casal
Durval e Dulce Alves Santana – que para quem não sabe eram pais
do saudoso vereador Guaraci Alves Santana, o Guará - proprietários
da chácara que originou a localidade em questão. A Chácara de
Santana (ou Chácara dos Santana), faz parte do bairro da Vila Nova,
localizada entre a rua Godofredo Guimarães Tavares e o Morro da
Biquinha.

138
Chácara de Sílvio (Beira Linha)

Faz parte da Beira Linha, e tem seu nome relacionado ao seu


proprietário, o senhor Sílvio de Souza, cujos familiares foram
residindo nas terras da chácara onde vivia, dando origem a uma
comunidade, que embora pequena, está sempre em crescimento.

Chalé, Morro do (Centro/Paraíso)

Morro localizado entre o Centro e o Paraíso, recebeu esse


nome porque durante décadas abrigou uma casa em forma de
chalé. Segundo opiniões divergentes, essa casa foi posteriormente
reformada, perdendo as características de chalé. Hoje em dia, a casa
não existe mais, mas o nome permanece muito vivo.
O chalé que deu nome ao morro, foi construído e serviu de
moradia para o padre Antonio Chiaromonte entre 1880 e 1889, e
segundo fontes que não posso revelar, um dos “povoadores” do
município.
Chiaromonte que se tornou personagem do maior escritor
brasileiro, Machado de Assis, como se pode ver abaixo:

CONCEIÇÃO DE MACABU NA OBRA DE MACHADO DE


ASSIS

Eu sempre digo que já aconteceu de tudo em Macabu...

139
Entre 1883 e 1886, Machado de Assis publicou, sob o
pseudônimo de Lélio, 125 crônicas na seção “Balas de Estalo” do jornal
carioca Gazeta de Notícias. Esses textos, divertidos e sagazes, revelam
não apenas seu talento criador, mas também um período conturbado
da história brasileira.

No dia 12 de julho de 1884, comentando uma crítica feita por


outro colunista ao excesso de sociedades musicais existentes na cidade
do Rio de Janeiro, Machado de Assis narrou um episódio
(parcialmente) verídico acontecido em Conceição de Macabu e,
relacionado a uma figura ímpar de nossa História naqueles fins do
século XIX: o Padre Antônio Chiaromonte.

Recomendo aos leitores que acompanhem o texto, logo abaixo,


e desde já deixo um agradecimento a Eliete Azevedo, sem a qual esta
referência “machadiana” a Macabu não teria sido possível.

Eis a crônica:

“12-07-1884

Olhe agora mesmo houve uma revolução na Conceição de


Macabu, freguesia do município de Campos, e fez–se a revolução a
poder de música. O vigário daquela freguesia é o padre Antônio
Chiaromonte. Quem é o padre Antônio Chiaromonte? É o vigário
daquela freguesia. Não sei outra coisa do padre, nem do vigário; mas
este homem não é homem, é um princípio, como ides ver.

140
A população da paróquia estava dividida em dois partidos
irreconciliáveis: um que queria que a provisão do vigário fosse
renovada, outro que não. Quando um princípio separa os homens, e as
paixões acendem- se, dá-se uma consequência que recebe um destes
dois nomes, segundo o ponto de vista em que o narrador se coloca:
tragédia ou sarrabulho. Foi o que ali se deu, em circunstâncias que
merecem ser confiadas à memória dos séculos.

Chiaromonte como simples vigário, podia sacrificar-se à paz


pública; mas Chiaromonte é um princípio, é a inflexibilidade e a
imutabilidade. Chiaromonte ficou. Minto; Chiaromonte não ficou,
retirou-se para a Barra de S. João, à espera que a provisão lhe
chegasse. Chegada a provisão, meteu-a no bolso e voltou para a
Conceição de Macabu.

Agora tu, Calíope, me ensina o que é que a aconteceu depois


que este princípio novamente provisionado por um ano, voltou às
fronteiras da paróquia. Os seus partidários ergueram-se como um só
homem para recebê-lo, precedidos da fama e de uma banda de
música, não menos imortal que os princípios, e a verdadeira figura
risonha dessas solenidades. Chiaromonte entrou assim na freguesia,
não sei se bailando como o rei David, diante da arca, mas bailando-lhe
a alma com certeza.

Entrou na igreja, disse missa, que os seus partidários ouviram. E


foi dali para casa acompanhada por eles e pela banda.

Até aí tudo andou bem. Mas, ou fosse da música, ou de outra


coisa, não se contentaram os vencedores com a manifestação. Saíram

141
dali a arruar um pouco, música à frente, e passaram pela porta de um
partidário adverso, Nepomuceno chamado, que ali estava com a
senhora. Então pediram-lhe o menos que um vencedor pede nestes
lances: que desse vivas ao vigário. Nepomuceno recusou. Um dos
vendedores, Mesquitas, pegou de uma garrucha de dois tiros e
apontou-a ao peito de Nepomuceno; era o menos que podia fazer. A
música tocava um dobrado.

Foi nesse momento que a natureza fez ouvir um grito sublime e


consolador. A esposa e Nepomuceno, ao ver a arma apontada ao
marido, bradaram que antes a matassem. Mesquita hesitou um pouco,
mas um tal Serpa emendou a mão ao Mesquita, pegando da garrucha
e desfechando um tiro no peito da senhora. O marido recebeu o
segundo tiro.

Vejo daqui o nariz do leitor um pouco atônito. Não leu


provavelmente a notícia, e está pasmado com tal desfecho: é o castigo
dos narizes descuidados. Eu, no seu caso, espirrava; não conheço outro
modo de botar fora o espanto.

Compreendem agora a vantagem da banda de música? Dados


os tiros, a manifestação recompôs a ordem anterior, e foi andando ao
som do ofeleide, cujas notas, unindo-se de longe aos gritos das vítimas,
parece que formavam a mais deleitosa coisa deste mundo.

Os que acharem que a consequência parece maior que a causa,


devem advertir (e apelo para todos os partidos), que não basta, na
vitória, mostrar a força dos princípios; é preciso mostrar também a
força dos pastéis. Foi o que aconteceu em Conceição de Macabu. É o

142
que pode acontecer na freguesia da Glória, onde dizem que já há um
partido Honorato e outro anti-Honorato. Para evitar o conflito quando
se renovar a provisão não vejo outro recurso senão acabar com todas
as filarmônicas do bairro.

Sem banda de música, o entusiasmo perde cinquenta por cento,


e os vencedores, se quiserem mostrar a força dos pastéis, hão de fazê-
lo com pastéis de verdade, coisa muito mais superfina. Pastéis e Xerez!
É menos trágico e menos grotesco, e pesa menos no estômago, que
uma bala, ainda que esta seja de estalo e do Lélio.”

(Machado de Assis) — em Conceição de Macabu

Clube do Bosque (Centro/Vila Nova)

O clube recebeu esse nome por estar situado próximo a uma


grande floresta que ainda hoje cobre boa parte da área do clube.
Foi fundado em 1970, possui piscinas, sauna, salão de festas, campo
de futebol, bar. Está localizado entre a Vila Nova e o Centro da
cidade.
Recentemente, alvo de uma ação judicial relacionada à morte
por afogamento de um banhista, o mesmo encontra-se fechado
para banhos – teve inclusive, sua piscina esvaziada – e foi vendido a
uma imobiliária de Campos dos Goytacazes, tornando seu destino,
incerto. Mais em Rua do Bosque.

143
Clube do Bosque em foto do autor nos anos 80.

Conceição de Macabu /1º Distrito/Cidade


de/Município de

Esse verbete por si só já mereceria um livro, pois boa parte


da nossa História relaciona-se ao próprio nome do nosso município.
Serei breve, se não teria que escrever outro desse e aí, não dá.
Bem, Conceição é fácil de explicar, enquadra-se na tradição
luso-católica, uma referência a Nossa Senhora da Conceição, que
também é a padroeira de Carapebus e Rio das Ostras, além de
diversas capelas da região, o que demonstra uma tendência dentro
do antigo município de Macaé, pois nenhuma Santa ou Santo era
tão popular quanto esta.

144
Nossa Senhora da Conceição provavelmente foi adotada
pelos missionários e párocos após o retorno dos índios, pois
enquanto estes últimos dominaram o cenário religioso, os sacurus,
primeiros povoadores e repovoadores da região do rio Macabu,
viviam entre eles em Nossa Senhora das Neves.
Com o retorno dos indígenas ao atual município de
Conceição de Macabu entre 1799 e início do século XIX, e o
consequente estabelecimento de comunidades mais atreladas à
cultura europeia, é que Tradições Católicas como a do
estabelecimento de padroeiras(os) se fizeram presentes. Foi nessa
época, entre fins do século XVIII e as primeiras décadas do século
XIX, que surgiram pela primeira vez expressões como Nossa
Senhora da Conceição do Rio Macabu, São Sebastião do Rio
Macabu (Macabuzinho), Nossa Senhora das Dores do Rio Macabu
(Dores de Macabu, em Campos), São João do Rio Macabu
(Estação/Estação Velha/São João), São Pedro do Rio Macabu
(Itapuá/Triunfo).
Não demorou nadinha e os “Rios” presentes nas
nomenclaturas caíram, enquanto as preposições foram trocadas por
“de”. Portanto, em meados do século XIX, já encontramos as
seguintes nomenclaturas: Nossa Senhora da Conceição de Macabu,
Paciência (Macabuzinho), Nossa Senhora das Dores de Macabu, São
João de Macabu e São Pedro de Macabu.
Mudava-se o “rio”, o “de”, o “do”, não importa, mas a
padroeira permaneceu no nome até pelo menos 1º de maio de 1891,

145
quando da criação do Município de Macabu, excluindo-se a
padroeira por influências dos positivistas que proclamaram a
República em 15 de novembro de 1889, e defendiam a separação da
Igreja com o Estado. O Município de Macabu foi extinto em 30 de
abril de 1892, faltando um dia para completar seu primeiro ano e,
segundo diziam na época: “É isso que dá mexer com a Santa, o
município não durou nem um ano”.
Se é fácil explicar a origem de Conceição, o mesmo não
posso dizer de Macabu. Macabu vem do Rio Macabu, uma
explicação tão óbvia que parece infantil. Mas e a palavra Macabu,
realmente significa o fruto de uma palmeira que foi muito
abundante na região? Ou existem outras explicações? O leitor já
deve ter desconfiado que existem outras explicações... E existem! De
uns tempos para cá, descobri que essa não era a única explicação
para Macabu. Descobri outras explicações para o nome Macabu,
embora uma explicação não chegue a anular as demais, provoca
certa confusão. Vamos a todas:

1 – Macabu: o fruto da macaubeira


Crescemos sabendo que Macabu é uma palavra de origem
indígena que significa “fruto da palmeira doce”, e, que era
pronunciado originalmente mak’a’bium. Quanto a denominação da
palmeira, dependendo da região, era chamada de macaíba,
macaúba, macaubeira ou coco-de-catarro.
Enfim, segundo o Aurélio:

146
Macaúba
S. m. Bras. N. a L. Bot.
1. Espique ornamental, da família das palmáceas
(Acrocomia sclerocarpa), de fruto drupáceo, comestível, amarelo-
pálido, de aroma agradável, flores monóicas, suavemente aromáticas e
amareladas; coco-baboso, coco-de-espinho, coco-macaúba, macajuba,
macaibeira, macaúba, macajá, macaíba, mucajá, mocajá, bocaiúva.
[Pl.: cocos-de-catarro.]

Antenor Nascentes, no seu Dicionário Etimológico, diz que


Macabu é uma palavra derivada da palmeira macaubeira (esse é o
nome corretamente aportuguesado), e que significava o fruto dessa.
Essa é a versão que todos conhecemos, é uma versão bonita,
que nos relaciona aos índios (grandes usuários das folhas e frutos
dessa palmeira), que nos deixa mais em contato com um mundo
bem ancestral, natural, quase divino.
Mas, como profissional da História, tenho compromisso com
a verdade, e, tenho que relatar as outras versões.

147
Frutos e árvore da macaubeira, macabeira ou macaúba. Em Tupi: ma’ka’bium.
Fotos da EMBRAPA retiradas em 05 de maio de 2019.

2 – Macabu deriva da palavra Macacu


O nome Macabu foi dado ao rio Macabu pelos Sete Capitães,
personagens da História do Norte Fluminense, considerados os
primeiros exploradores e proprietários das terras da região. Miguel
Aires Maldonado, o líder dos capitães, escreveu em seu diário:

148
“...atravessando parte da Lagoa Feia até ao oeste, aonde passou
por uns chavascais em direitura a um rio que topamos da parte do
oeste, ao qual lhe demos o apelido de Macabu, derivado do rio
Macacu, nas vizinhanças do Rio de Janeiro...”
A versão é contundente, pois se trata de um documento
escrito e assinado, datado do dia 1 de janeiro de 1633. Essa versão é
o que os Historiadores Tradicionais chamam de inquestionável.
Além do que há um agravante: Macacu é uma planta que os índios
usavam para fazer tinta, se o rio Macacu era o rio das plantas de
fazer tinta, porque o rio Macabu não poderia ser o rio das
palmeiras? Os Sete Capitães podem ter mesclado duas ideias, a do
rio das palmeiras, com a do rio das tinteiras... Conforme disse
anteriormente, uma hipótese não anula a outra.

3 – Macabu significa “barulho bom”


Essa é do barulho. Investigando a profusão do nome Macabu
pelo mundo (Ver Macabu), descobri uma banda de Jazz e Blues
chamada Macabu e, pasmem, a explicação para o nome era:
“...no idioma Tupi, Macabu significa barulho bom, barulho
agradável...”
Fiquei estarrecido. Se Macabu é barulho bom, como ficam as
palmeiras? Seria possível no mesmo idioma, o indígena Tupi, uma
palavra significar duas coisas totalmente diferentes? Será correta
essa explicação? Ou os índios da nossa região não pertenciam ao
grupo linguístico Tupi?

149
Projeto da banda Blues Etílicos, Macabu – uma referência ao “barulho
bom”.

Macabu: Tupi ou não Tupi?


Uma resposta veio através dos dois maiores especialistas em
índios do Brasil: o indigenista Orlando Villas Boas e o antropólogo
Darci Ribeiro. Ambos, embora desconhecessem a palavra Macabu,
foram claros em afirmar que os Goitacás não eram do ramo
linguístico Tupi. Darci chegou a dizer (e depois escreveu em seu
livro O Povo Brasileiro) que os Goitacás eram do ramo linguístico
Macro-Jê ou Jê. Se os Goitacás, ao que tudo indica a tribo
majoritária na região, eram do grupo Macro-Jê, qual a possibilidade
dos sacurus e outras tribos da região serem Jês?

150
Macabu: o que podemos concluir?!
Os indígenas falavam diversas línguas, que eram divididas em
troncos linguísticos. Em quase todo litoral do Sudeste do Brasil, os
índios falavam línguas do tronco Tupi, com exceção do Norte
Fluminense, habitado principalmente pelos goitacás, que falavam uma
língua do tronco Macro-Jê.
Podemos dizer com absoluta certeza que Macabu deriva da
palmeira macaubeira? Podemos dizer com certeza absoluta que os
Sete Capitães, ao batizarem o rio, não se deixaram influenciar pela
abundância das palmeiras? E o “barulho bom”, o que podemos dizer?
Caro leitor, numa região em que existiam, pelo menos, dois
troncos linguísticos indígenas, o Macro-Jê e o Tupi, não podemos
afirmar que a palavra Macabu teve esta ou aquela origem. O que
impediria por exemplo, de existir na nossa região uma fusão do Tupi
com o Jê, como acontece nas fronteiras brasileiras, o chamado
“portunhol”? Se formos nos prender só na História, que é uma Ciência,
que como tal, aposta muito no que está escrito, e que pode ser
comprovado, só existiria uma versão: a dos Sete Capitães.

Macabu: um termo Globalizado


Imagine o leitor a surpresa deste que vos escreve, há 15 anos
atrás, quando o acesso aos recursos digitais não eram tão comuns,
ao descobrir pela Internet, usando páginas ou sítios (“ sites/home-
pages”) de busca, como o Google e o Altavista, que o nome

151
Macabu, já marcado nas artes, na política, no cinema, nos esportes,
também era um nome Globalizado, existente nos quatro cantos do
mundo? Pois é, leitor, descobrimos naquela época, que a palavra
Macabu em inglês tinha 32 ocorrências (aparecia 32 vezes na
Internet); em alemão, 12 ocorrências; espanhol, outras 12; italiano, 5;
francês, esperanto e letão, 2 ocorrências em cada língua; sueco,
turco e japonês, 1 ocorrência cada e 1 ocorrência numa língua que
não identifiquei, mas deve ser do ramo “balto-eslavo”,
provavelmente o lituano, idioma próximo do letão.
Naquele ano de 2004, essas foram as conclusões:
Em inglês, o nome Macabu aparecia em páginas na Austrália,
Inglaterra e principalmente Estados Unidos. Grande parte dessas
páginas são ecológicas, o que nos leva ao Instituto Pró-Natura, que
trazia pesquisadores estrangeiros para a região. Mas há páginas que
nada tem a ver com Ecologia. Por exemplo, a de uma empresa
norte-americana que em 1914 exportou para a Usina Conceição
diversas máquinas e cujos registros estavam postados. Outra página,
inglesa, sobre locomotivas, lembra que as últimas da marca Baldwin
pertenciam à Usina Victor Sence. Chamou-me a atenção foi a
existência de um tipo de banana, a “Red Macabu”, muito cultivada
no sul dos EUA e no Caribe, por ser uma espécie resistente ao frio.
Também curiosa é a existência de uma trepadeira nativa da Mata
Atlântica, coletada em nosso município e levada para o Jardim
Botânico de Nova Iorque, onde é destacada por sua beleza.

152
Das referências em alemão, muitas se referem à boate
(Macabu Tabledance) e ao restaurante Macabu, em Stutgard, que
hoje, após contato com o proprietário, o simpático Joacquim Ott,
sabemos que é apenas uma coincidência, pois o Macabu dele é uma
referência a Maria e a Carl Burtz, irmãos do seu avô. Veja a pergunta
que enviei – graças a tradução do meu ex-aluno Mateus Handam
Alvim - e, a resposta, em alemão:

Leonardsplatz, 24 (Leonhardskirche)
70182 Stuttgart
Telefon 0711245169

Ich bin Brasilianer und wohne in einer Stadt mit dem namen
Macabu. Gerne möchte ich wissen, warum Sie ihren Dance-Club
Macabu nannten.
Ich freue mich auf Ihre Antwort.
Mit freundlichen Grüssen,

Marcelo

A tradução é a seguinte:
Eu sou brasileiro e moro numa cidade com o nome Macabu. Eu
gostaria de saber porque o senhor nomeou seu Clube-de-Dança,
Macabu.
Eu espero por sua resposta.
Atenciosamente,
153
Marcelo

E o proprietário respondeu...
Data: 1/Sep/2001-00:47
De: MacabuFourRoses@t-online.de (Ott)
Para: marcelo1967@uol.com.br
Assunto: Name Macabu
Hallo Marcelo,
Vielen Dank für Deine Anfrage über den Namen Macabu. Der
Name kommt aus den Fünfzigern des letzten Jahrhunderts. Meine
Großtante und mein Großonkel hießen Maria und Carl Butz. Wenn man
nun die Anfangssilben der Namen zusammensetzt kommt man auf Ma
Ca Bu. Daher also kommt der Name.
Es würde mich aber auch interessieren wo die Stadt Macabu in
Brasilien liegt. Wenn Du Zeit hast, kannst Du mir es ja mailen. Übrigens
Du findest uns auch im Internet unter
www.macabu.de
Viele Grüße
Joachim Ott
Eis a tradução, cortesia de outro ex-aluno, esse alemão,
David Steinacker:
Oi Marcelo,
Muito obrigado por sua consulta sobre o nome Macabu. O
nome vem dos anos 50 do último século. Minha tia-avó e meu tio-avô
se chamam Maria e Carl Burtz. Se colocarmos as primeiras partes dos

154
nomes Maria, Carl Burtz, você tem MACABU. Gostaríamos de saber
mais sobre a cidade de Macabu, no Brasil. Espero que tenha tempo
para nos responder. Temos uma página na internet.
Abraços.
Joachin Ott

De qualquer forma, serviu para conquistarmos amigos na


Alemanha e hoje eles é que querem saber mais sobre nós. Não
posso, mais uma vez, omitir a colaboração gigantesca do meu ex-
aluno Mateus Handam Alvim e, do meu aluno David Steinacker, que
atuaram como tradutores. Em alemão, encontrei também trabalhos
sobre Esportes e Ecologia, mas essa da Macabu Tabledance é
impagável.
Em espanhol, de cara havia um mistério, pois o nome
Macabu é citado como um substantivo próprio, nome de um
trovador medieval da região da Galícia. Com poucas informações
complementares, apesar de incessantes apelos aos donos do site,
universidades e bibliotecas da região espanhola.
Eis o termo Macabu como substantivo próprio (nome de
um trovador):

“POESíA DEL seculo XV (del cancionero)


A finales del seculo XI en Provenza nace la primera
manifestacion culta de una lirica romance. Esta poesia esta muy
proxima a la sociedad imperante. Refleja perfectamente el caracter

155
feudal. La poesia de estos trovadores es la primera tentativa de una
poesia culta en lengua moderna. Tuvo un gran exito y se extendio por
otras partes de Europa como Alemania, Italia y España. En estos paises
se pone de manifiesto un fuerte arraigo en cuanto al tema. En España
llega a los diferentes reinos con distinta intensidad:

1. Aragon-Cataluña. Debido al parecido de los idiomas y ala


cercania con Provenza.
2. Castilla-Leon. En el reinado de Alfonso XI hay importantes
trovadores, como Macabu.
3. Portugal. Que adquirio su independencia con un conde
borgoñes, que lleva la influencia literaria a Portugal. El Camino
de Santiago tb influye. “

Outra descoberta nesse idioma foi a empresa Inversiones


Macabu Ltda, de Santiago, Chile. Vejam só:

Inversiones Macabu ltda. Tax Id : 78345190-5


Arturo Prat 673
Santiago – Santiago
(56) - (2) – 6325429
Chile

Há também um endereço destinado a divertimentos, como


jogos, piadas, cujo nome é Macabu e, pertence a um jovem da
região da Galícia, na Espanha. Fora isso, os trabalhos referem-se a já

156
citada banana red macabu e aos macabuenses Eliezer Gomes e
Ângela Maria.
Em língua espanhola foi imprescindível o auxílio da
professora Ana Maria Pujol e, de sua filha – residente em
Santiago/Chile – Verônica Donoso Selaive.
Em italiano, existia uma página sobre futebol, onde havia
uma ficha completa do macabuense Júnior (Aloísio da Silva Neves),
incluindo sua transferência do Botafogo para o Bursaspor, do
futebol turco há quase vinte anos. Existem também referências ao
ator macabuense Eliezer Gomes (em inglês e francês também),
protagonista de um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema
nacional, O Assalto ao Trem Pagador e os demais 15 filmes em que
trabalhou. Uma página italiana, sobre turismo, no Caribe faz
referências a esportes aquáticos no Rio Macabu, só que esse rio fica
na ilha da Martinica, que também abriga um parque ecológico
chamado: “Reserva Natural do Grande Macabu”. Coincidência, né?!
Deve ser a sina do Rio Macabu.
Aliás, olha o outro rio Macabu aí:

“ Oggi abbiamo ripetuto la sceneggiatura, cambiando le


ambientazioni. E' la volta della spiaggia di Macabù. Stessa macchina,
stessa cartina, inversione dei ruoli fra pilota e navigatore.
(...) Al solito, appena lasciata la statale, manca poco che un
Tarzan qualsiasi ci tagli la strada, avvinghiato alla sua liana (in realtà, è

157
più probabile che ci attraversi la strada una delle mucche locali,
veramente enormi!!).
Finalmente, dopo qualche peripezia e un paio di retromarce,
avvistiamo un cartello piiiiiiiiccolo, che indica "Grand Macabù"!
I nostri cuoricini si allargano dalla gioia, ma il sospiro di sollievo
ci si strozza in gola quando, 10 m più là, scorgiamo un secondo cartello,
piiiiiiiiccolo pure lui, che recita tutto fiero "Petìt Macabù"...orca l'oca...di
(...) Molliamo la macchina e ci avviciniamo a quello che sembra un
cancello di recinzione, dove un cartello recita "Riserva Naturale di
Grand Macabù". “

Em síntese, baseando-me numa tradução feita pela Freira


salesiana, Dagmar Nilger de Almeida, colega de trabalho em Macaé,
o texto quer dizer o seguinte: um grupo saiu em busca de um rio, o
Grande Macabu, mas depois de muita procura, só encontrou a
reserva natural que leva o nome do rio. Detalhe: tudo isso na
Martinica.
Em francês, além do Eliezer Gomes, Macabu aparece via
trabalhos ecológicos. Também há uma relação com o Pró-Natura.
Já em esperanto e letão eu nem desconfio, pois Macabu
parece uma palavra desses idiomas, aparecendo em minúsculas.
Caso o leitor domine uma dessas línguas, ajude-me. Até hoje o mais
próximo que cheguei da Letônia foram as janelas da nossa bela
estação ferroviária, importadas de Riga, a capital desse
desconhecido país do Báltico.

158
Em japonês, o termo Macabu aparece junto com as palavras
“qmalup” e “malozak”, junto com o verbo da língua inglesa “hunt”,
que significa caçar. Deu para entender o que a palavra Macabu
estava fazendo lá?
Não?
Nem eu.
Só falta a palavra caçar, em japonês, significar “macabu”.
Em sueco, é uma página sobre Turismo e Ecologia. A única
pessoa que eu conhecia e sabia sueco era minha grande amiga
Lúcia Maina, macabuense de coração, apesar de ter vivido em
Estocolmo por doze anos.
Em turco, havia um trabalho sobre o time de Júnior, o
Bursaspor. Curioso é que depois de recebermos dezenas de
imigrantes turcos (não estou falando dos sírios e libaneses,
geralmente confundidos com os turcos) em Macabu, exportamos
um macabuense para lá.
E ainda ficou faltando a ocorrência de Macabu numa língua
que eu não consegui identificar.
Interessante ressaltar que o termo Macabu, na maioria das
ocorrências, é uma referência direta a Conceição de Macabu, mas
em alguns casos, que podemos chamar de misteriosos, o termo
“macabu” surge como palavra de um determinado idioma. Esse
segundo caso ocorre no japonês, letão, esperanto. Também aparece
como nome próprio, no caso do trovador espanhol, na empresa

159
chilena e na página espanhola, e ainda há um totalmente
desconhecido, cuja língua não identifiquei. Veja e tente traduzir:

Multimēdiju kompaktdisku bibliotēka

Kompaktdisku lietošana ir jauna un perspektīva mūsdienu


informācijas tehnoloģija, jo CD var būtiski ietekmēt pašreizējo izglītības
sistēmu; CD satur lielu informācijas apjomu, kas ar attēlu un video
palīdzību padarīts viegli uztverams un saprotams; ar CD skolēns pats
izvēlas kur, kad, kādā secībā un cik ātri apgūt informāciju; CD spāj
aizvietot skolotāju un macabu grāmatas kā informācijas avotu, atstājot
skolotājam orientiera, padomdevēja un konsultanta funkcijas;
izmantojot CD-ROM iekārtu un diskus, nav jāpērk dārgas grāmatas; ...”

Mas isso foi há 15 anos. Mas hoje em dia, usando Google,


Yahoo, Duckduckgo e Qwant, as ocorrências, cerca de 1.090.000,
assim ficaram:
Alemão: a surpresa de encontrar alguma coisa em Alemão
sobre Conceição de Macabu, como referências a hotéis e a própria
cidade só é superada pelas várias ocorrências, que, digamos...são
bizarras. Por exemplo:
Na cidade austríaca de Ybbs an der Donau, não muito
distante da capital do país (107 km), Viena, há um café (lanchonete
para os locais), chamada Macabu, a “Macabu, Marions Café am

160
Burgplatz”, cujas razões para ter tal nome, segundo a proprietária, é
a junção das iniciais MA de Marions, CA de Café e BU de Burgplatz.

A logo do Café Macabu na Áustria e um time de Handebol que leva o


nome do café. Fontes: www.facebook.com/macabu.ybbs,
http://www.macabu.at

Além da surpresa acima, a velha “Boate Macabu” (Macabu


Tabledance), em Stutgardt na Alemanha, ainda continua ativa e, a
julgar pelo site, somente dedicada ao entretenimento masculino.
Nada de restaurante, como há 15 anos.

Foto do site https://macabu.de

161
Outras referências em alemão estão relacionadas ao livro
Fera de Macabu, de Carlos Marchi, a Web Rádio Macabu e inúmeras
de ordem turística, geográfica, etc.
Em espanhol não há muita novidade em relação às
pesquisas de 2004, quase sempre repetindo as existentes em
Português. Destacamos a banana Red Macabu, Inversiones Macabu
e, sempre presente, o livro Fera de Macabu.

A Red Macabu no site equatoriano https://uzvi.com.ec

Francês nos trouxe algumas surpresas, como um vinho


branco, da região francesa dos montes Pirineus, o “Mac a bu”,
escrito assim, com a letra separada das demais. O vinho, que existe
há pelo menos cinco anos, é descrito como suavemente cítrico, se é
que deu para entender alguma coisa.

162
O vinho Mac a bu – foto do site:
www.vinsnature.fr/photo/domaine-vinoceros-macabu.jpeg

Seguindo as peculiaridades dos sites em língua francesa, há


um livro, escrito em 1825, por um certo Louis Claude Desaulses de
Freycinet, chamado ‘Voyage autor du mond – fait par ordre du roi’
ou, em livre tradução “ Viajando pelo Mundo – Feito por ordem do
rei”, com algumas referências ao rio Macabu, porém, citando-o
como originário das “Serras dos Goytacazes”, que absolutamente,
nunca existiram.
Outra curiosidade vem por conta de um pub, o Macabu,
localizado na cidade Wavre na Bélgica. Entretanto, usando os
recursos do Google Maps, chegamos ao endereço fornecido, mas
encontramos outro pub – teria o Macabu trocado de nome?
Inglês e italiano foram idiomas em que a palavra Macabu ou
Conceição de Macabu não apresentou nada de novo, mantendo as

163
referências turísticas, históricas, sem nada a mais da pesquisa de
2004.
Árabe, russo, romeno, chinês, japonês e polonês também
tem referências genéricas, como traduções da Wikipédia, por
exemplo. Nada específico que valha uma postagem.
Para que serve isso tudo, leitor? Somente curiosidade? Pode
até ser, mas, principalmente, serve para nos mostrar que estamos
diante de uma palavra de abrangência mundial, presente nos
continentes Americano, Asiático e Europeu.

Centro da cidade. Foto de Monalisa Fagundes.

Evolução Legislativa de Conceição de Macabu:


• Em 29 de julho de 1813, a região de Macabu é desanexada da
Villa de São Salvador dos Campos dos Goytacazes, e anexada a
recém-criada Villa de São João de Macahé;

164
• Decreto Provincial Nº 812 de 6 de outubro de 1855 – Criou a
Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Macabu;
• Decreto Estadual Nº 205 de 1º de maio de 1891 – Criou o
município de Macabu, chamado de “Villa de Macabu”, sendo o
Curato de Santa Catarina, o segundo distrito;
• Decreto Estadual Nº 52 de 29 de abril de 1892 – Suprimiu o
município de Macabu;
• Decretos Estaduais Nº 1 de 8 de maio e 1 A de 3 de junho –
Conceição de Macabu voltou a ser distrito de Macaé;
• Decreto Estadual Nº 641 de 31 de março de 1938 – O distrito
passou a se chamar Macabu;
• Decreto-Lei Estadual Nº 1063 de 28 de janeiro de 1944 – Foi
ordenado como 5º distrito de Macaé;
• Lei Estadual Nº 1438 de 15 de março de 1952 – Criou o município
de Conceição de Macabu, constituído da união do 5º e do 10º
distritos de Macaé.

165
Intendentes e Prefeitos:
• Capitão José Manoel Tavares de Castro – 07/05/1891 a
01/07/1891 – Primeiro Intendente da Vila de Macabu – 1ª
Emancipação (1891 a 1892);
• Coronel Antônio Ignácio Valentim – 01/07/1891 a 15/07/1891 –
Intendente;
• Francisco José da Silva Peçanha – 15/07/1891 a 15/09/1891 –
Intendente;
• Evaristo Morais da Silva Ribeiro – 15/09/1891 a 29/04/1892 –
Último Intendente, pois em seguida o Município foi extinto e
reanexado a Macaé;

166
• Rozendo Fontes Tavares – Prefeito em duas ocasiões: 04/01/1953
a 31/01/1955 e 31/01/1959 a 20/08/1962;
• Francisco Barbosa de Andrade – Entre 31/01/1955 e 31/01/1959
• João Barbosa Moreira – Presidente da Câmara, assumiu quando
Rozendo Fontes Tavares e Luiz Dias de Oliveira (Prefeito e Vice)
licenciaram-se para concorrer à eleição. Governou de
20/08/1962 a 31/01/1963;
• Dr. Jorge Armando Figueiredo Enne – Entre 31/01/1963 e
31/01/1967;
• João Tavares Daumas – Entre 31/01/1967 e 31/01/1971;
• Archimedes Custódio – Entre 31/01/1971 e 31/01/1973;
• Délcio Pontes Pacheco – Entre 31/01/1973 e 31/01/1977;
• Sílvio Soares Tavares – Entre 31/01/1977 e 15/03/1983;
• Dr. José Sebastião de Castro – Prefeito em duas ocasiões:
15/03/1983 a 15/03/1989 e 01/01/1993 a 01/01/1997;
• Dr. Leopoldo César da Silva – Entre 15/03/1989 e 01/01/1993;
• Dr. Ercínio Pinto de Souza – Entre 01/01/1997 e outubro de 2000;
• Dr. Nilo Siqueira – Vice-Prefeito, assumiu por afastamento do
prefeito, entre outubro e novembro de 2000;
• Marcos Paulo Cordeiro Couto – Presidente da Câmara, assumiu
na renúncia do vice-prefeito, entre novembro e dezembro de
2000;
• Cláudio Eduardo Barbosa Linhares – Entre 01/01/2001 e
31/12/2008; 2015 a 2019 – tornou-se o prefeito a exercer mais
mandatos no município;

167
• Lídia Mercedes Soares Oliveira, a Tedi, entre 01/01/2009 e
23/11/2013.
Curiosidades e Recordes de Conceição de Macabu:
• Quilombo do Carukango – o maior do Rio de Janeiro;
• O canal de TV The History Channel filmou na região o episódio
A Lança do Quilombo, em alusão a um objeto relacionado ao
Carukango;
• O nome do Rio Macabu surgiu pela primeira vez num
documento de 1 de janeiro de 1633;
• Motta Coqueiro – último homem livre, vítima da pena-de-morte
no Brasil, executado em 1855;
• Inspirado em Motta Coqueiro, a Fera de Macabu, foi filmado no
município o filme Sem Controle, com Eduardo Moscovis, dirigido
por Cris Damato;
• Abastecimento de água canalizado – primeiro sistema da região
implantado em 1876;
• O Naturalista britânico Charles Darwin hospedou-se na Fazenda
São José do Sossego em 1831, realizando importantes pesquisas
que resultaram da Teoria da Evolução das Espécies;
• Acetona, butila e butanol (solventes) – pioneiro na produção no
continente americano, único a produzir da cana-de-açúcar;
• Imigração japonesa – primeira colônia agrícola do Brasil, em
1907;

168
• Rio Branco Futebol Clube – um dos mais antigos clubes do
estado, o mais antigo em atividade da região, foi fundado no dia
15 de fevereiro de 1914;
• Salto livre de paraquedas – primeiro do Rio de Janeiro;
• Manteiga Macabuense – a melhor do Brasil;
• A bacia leiteira do Rio Macabu, próximo a Macabuzinho, é
considerada a melhor do Estado;
• Os laticínios de Conceição de Macabu estão entre os melhores
da região Sudeste;
• O “Tatuí”, produto com receita semelhante à de uma rosquinha
salgada, e as roscas amanteigadas de Conceição de Macabu são
apreciadas em todo estado do Rio;
• Macabuenses com destaque em outros municípios e estados:
Ângela Maria, a Sapoti, Rainha do Rádio, Maior Cantora do
Brasil; Eliezer Gomes, o Tião Medonho ator principal do clássico
O Assalto ao Trem Pagador; Nestor Gomes, senador e
governador do Espírito Santo, exemplo de administração pública
honesta, a ponto de, hoje em dia, todas as cidades capixabas,
terem uma rua, praça, rodovia ou escola com seu nome;
Policarpo Ribeiro (Poli), titular da Seleção Brasileira da Copa de
1930; Dr. Demerval Barbosa Moreira, médico humanitário e uma
das maiores personalidades de Nova Friburgo; Dr.Sylvio de
Lemos Picanço, vereador e prefeito de Niterói; Dr. Mário Nunes
Picanço, vereador e curador do Colégio São Vicente de Paula,
em Niterói; Dr. Waldir Barbosa Moreira, deputado, secretário de

169
estado, prefeito e vice-prefeito de Teresópolis; Dr. Walter
Barbosa Moreira, vereador mais votado da cidade do Rio de
Janeiro; Naim Restum, General; Dr. Milne Evaristo da Silva
Ribeiro, jurista, prefeito de Macaé; Padre Antonio Ribeiro do
Rosário, pároco e vereador em Campos; Roberval Pessanha dos
Santos, o Teixeirinha, vereador em Barra Mansa; Dr. João Célem
Antônio, primeiro a instalar um marca-passo no Brasil; Pedro
Farah, humorista; Dr. Geraldo Sebastião Tavares Cardoso, reitor
da Universidade Federal Fluminense (UFF); Dr. Geraldo Valente
Machado, maior especialista em Anatomia Animal do Brasil; José
Augusto Guimarães, Francisco Amado de Aguiar (Coronel
Amado), Rozendo Fontes Tavares, Chico Tobias, Etelvino da Silva
Gomes (Coronel Etelvino), João Nunes Viana, Guilherme Barbosa
(Coronel Guilherme Barbosa), João Barbosa Moreira, Atilano
Souza Rocha, Paulo Novaes e Paulo Tavares Lessa, vereadores
em Macaé; Joilson Mobarak, vereador em Nerópolis, Goiás;
Demerval Morais, chefe de gabinete do governador Amaral
Peixoto; Dr. Aloysio Tavares Picanço, jurista e escritor, autor do
lema “Anistia Ampla, Geral e Irrestrita.”, usado na campanha pela
Anistia dos presos e exilados políticos em 1979; Dr. Elias Grego
(Médico), Dr. Milne Evaristo da Silva Ribeiro (Jurista), Dr. Macário
de Lemos Picanço (Escritor, Jurista e Secretário de Estado), Dr.
Waldir Barbosa Moreira, foram deputados estaduais; Paulo
Tavares Lessa, foi Deputado Federal; Jarbas Brasil de Morais,
aquarelista, especialista em retratar orquídeas, premiado no

170
Salão Nacional de Belas Artes; Família Saad, donos da grife
Dijon; Maria Apparecida Picanço Goulart, residindo em Niterói, é
advogada, professora, escritora, poeta, contista e ensaísta,
membro da Academia do Estado do Rio de Janeiro e Carioca de
Letras, entre outras; Manoel Picanço Goulart, Bacharel em
Direito, foi diretor do Tribunal Regional Eleitoral; Eliana Daumas,
vereadora em São Sebastião do Alto; Luís Carlos Fonseca Lopes,
vereador em Quissamã.
• Marinete Manhães Possidônio Pinto foi recentemente eleita vice-
prefeita de Carapebus, onde acumula a função de Secretária de
Educação;
• Maria Lina Paixão Fontes foi secretária de Promoção Social em
Conceição de Macabu e secretária de Educação em Rio das
Ostras.
• A macabuense Viviane Dumont é vereadora na França;
• José Miltonsiles Ornellas Gomes, foi o vereador mais jovem a
tomar posse, ser presidente da câmara e, é o político mais
antigo da cidade, tendo exercido essas funções na legislatura de
1962 a 1966.
• Juranir Antônio Pardo Maia, popular Nonó, é o político mais
idoso da cidade. Ele foi vereador na legislatura de 1972-1974.
• Dr. Melchíades Picanço, macabuense de coração, foi Jurista,
Escritor, Promotor Público, Procurador Geral do Estado,
Presidente da Ordem dos Advogados Fluminenses, membro da

171
Academia Fluminense de Letras, e Conselheiro da OAB – Ordem
dos Advogados do Brasil;
• Evandro de Paula Gomes – recordista no Radialismo (programa
de rádio mais antigo, feito pelo mesmo radialista, no mesmo
horário, no mesmo dia, sem remuneração), e no Carnaval (Bloco
Eu Sozinho, há 41 anos desfilando, sozinho);
• Pioneiro em Plebiscito Popular de Emancipação no Brasil–
20/01/1952
• Único Plebiscito de Emancipação Unânime do Brasil – 100% em
Conceição de Macabu;
• Maior índice de aprovação num Plebiscito Popular – 99,8% -
Macabu e Macabuzinho;
• Pioneiro na união de dois distritos (o 5º Conceição e,
Macabuzinho, o 10º) para formação de um novo município;
• Casamento Singular – o suíço Adrien Allemand esperou sua
noiva recém nascida chegar aos 15 anos para se casar;
• O rio Macabu passa próximo a Macabuzinho, e o rio
Macabuzinho passa próximo a Conceição de Macabu;
• Godofredo Guimarães Tavares – além de historiador, foi autor
dos hinos de Conceição de Macabu e do Fogo Simbólico da
Pátria;
• O macabuense Poly, Policarpo Ribeiro, foi titular da Seleção
Brasileira na primeira Copa do Mundo, disputada no Uruguai em
1930;

172
• O macabuense Cleóbulo Farias, o Soda, jogou o Campeonato
Sul Americano de 1923, equivalente a Copa América de Futebol;
• Nos anos sessenta, a peça teatral A Força do Perdão, dirigida
por Celina Bellas, a eterna tia de todos os macabuenses,
alcançou sucesso regional, excursionando pelos municípios
vizinhos;
• Dr. José Bonifácio Tassara – médico humanitário, exerceu a
medicina por 62 anos (1930-1992), recorde regional;
• Dr. Euclides Monteleone – médico humanitário, exerceu a
profissão por 62 anos (1940-2002) em nosso município, outro
recorde regional;
• Conceição de Macabu foi capital do Estado do Rio de Janeiro
durante dois dias, na gestão do governador Jeremias de Matos;
• Existiu um barco a vapor, para transporte de passageiros,
chamado “Macabu”;
• Granada, grafite, vários tipos de granitos, areia, argilas e pedras
para construção civil, são as principais riquezas do subsolo
macabuense;
• Existe um tipo de granito chamado “Verde Macabu”;
• A laranja “Macabu” é especial para sucos;
• Há um tipo de mobília para quartos chamada “Macabu”.
• Existe uma variedade de banana chamada “Red Macabu”;
• Na ilha caribenha da Martinica existe um rio chamado “Macabu”;
• Existe uma variedade de milho “Macabu”;
• Também existe o café variedade “Macabu”.

173
• O suporte aéreo para refrigerantes foi inventado em Macabu;
• O veículo de quatro rodas “Aranha” foi inventado em Macabu;
• O caipora é um peixe endêmico da bacia dos rios Macabu-
Carukango;
• A Banda Jorge Luís Sardinha, da Escola Estadual Elsa Barbosa
Daumas, é detentora do título de campeã estadual, na categoria
fanfarra;
• Dercy Gonçalves fugiu para se juntar a Companhia de Teatro de
Maria Castro em Conceição de Macabu. Em 2007, no ano de seu
centenário, a atriz retornou a Macabu onde foi destaque da
GRES Unidos da Piteira, provocando um enorme rebuliço em
todo desfile;
• A antiga Praça Santos Dumont foi um projeto de Roberto Burle
Marx, idealizador dos jardins de Brasília, e o maior paisagista do
mundo em sua época;
• Os dirigíveis Graff Zeppelin e Hindenburg, esquivando-se de
tempestades no litoral, sobrevoaram Conceição de Macabu,
duas vezes cada um, provocando grande rebuliço;
• Na época da construção da Hidrelétrica do Macabu, formou-se
um conjunto musical, chamado Jazz Macabu;
• Hoje em dia existe a Banda Família Macabu, cuja referência,
como o nome indica, é a família e não o município;
• A Hidrelétrica do Macabu transformou o Rio Macabu, no único
que nasce duas vezes e deságua três, só para termos ideia do
desastre ambiental proporcionado;

174
• Frequentavam a cidade: o compositor e instrumentista Sérgio
Mendes, autor do tema da Olimpíada de Los Angeles em 1986, e
diversas vezes ganhador do Grammy (Oscar da Música); o já
falecido Arthur Maia, baixista e arranjador de nove em cada dez
astros da MPB, e a atriz Carla Marins, cuja avó materna, dona
Rosália, viveu em Macabu;
• Fernanda Keller, a campeoníssima triatleta, e Aline Maria, a
modelo cordeirense esposa de John Casablanca, dono da Ford
Models, são filhas de pais macabuenses. O casal Aline e John
Casablanca, anualmente ajudavam os internos da Fundação para
Infância e Adolescência;
• Com um samba antológico que dizia “...O sonho.../ Começou em
Macabu/E encantada é...” a Escola de Samba Rosas de Ouro foi
tricampeã do Carnaval de São Paulo em 1994, homenageando a
macabuense Ângela Maria;
• A GRES Unidos de Vila Rica do Rio de Janeiro, teve em seu
enredo de 2007, Carukango. O mesmo enredo, num enfoque
diferente, foi tematizado pela GRES Iracema Meu Grande Amor
de São Paulo em 2018.
• Havia na cidade três bezerros considerados exóticos: um tinha
duas cabeças, os outros tinham olhos, orelhas e bocas de dois
animais num único corpo;
• Em 1848 foi registrado um casamento coletivo de escravos: 13
casais de uma só vez, todos de um único proprietário;

175
• Recebeu grande variedade de imigrantes estrangeiros:
portugueses, espanhóis, franceses, suíços, alemães, belgas,
italianos, tchecos, iugoslavos, ingleses, sírios, libaneses, turcos,
jordanianos, palestinos, japoneses, chineses, argentinos,
uruguaios, chilenos, estadunidenses, ganenses, nigerianos,
moçambicanos, angolanos, etc.;
• Na comunidade asiática de Conceição de Macabu, havia:
Católicos, Cristãos Ortodoxos, Cristãos Armênios, Muçulmanos e
Judeus – todos convivendo pacificamente. Os japoneses, que
aqui permaneceram por cinco anos, eram budistas;
• Segundo a tradição oral e documentos históricos, nosso
território foi habitado por cinco tribos indígenas: sacurus,
goitacás, puris, coroados e guarús (Guarulhos). Algumas famílias
tradicionais da região, por exemplo, são descendentes dos
coroados e dos puris;
• Ostenta o título de Cidade Simpatia, pela hospitalidade de seu
povo;
• Serviu de refúgio para a cantora Emilinha Borba, quando ocorreu
o Golpe Militar de 1964;
• Esportistas macabuenses já conquistaram títulos estaduais,
nacionais, sul-americanos e pan-americanos de Motocross,
Bicicross, Atletismo e Artes Marciais;
• Conceição de Macabu é nome de rua em São Paulo, Recife, Rio
de Janeiro, Niterói, Goiânia, Vitória, Governador Valadares,

176
Macaé, Nova Friburgo, Teresópolis, Volta Redonda, Campos, Rio
das Ostras e São Gonçalo;
• Em Araruama existe um bairro chamado Macabu;
• Compositores e intérpretes macabuenses conquistaram
primeiros lugares em festivais da canção, nas mais diferentes
cidades dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito
Santo.
• Aline Rocha, macabuense, é destaque da Música Católica,
atuando em shows e programas da Rede Vida de Televisão;
• Thaís Macedo, revelação no mundo do Samba, é filha de
tradicional família macabuense, tendo vivido em Macabu de seu
nascimento até a juventude.
• Macabuenses conduziram a Tocha Olímpica das Olimpíadas do
Rio de Janeiro, 2016, nas cidades de Macaé, Campos, Rio de
Janeiro e Niterói;
• A Tocha Olímpica foi conduzida pelas ruas de Conceição de
Macabu no dia 29 de julho de 2016, tornando nossa cidade uma
das poucas do Mundo que tiveram a honra de receber tal feito.
Na ocasião, diversos macabuenses atuaram no evento, como
condutores e guardiões da Tocha Olímpica.

177
Versão do livro Fera de Macabu em Portugal.
Foto do autor.

“Pedra de Caldo”. Foto do autor.

178
Chaveiros do Hotel Macabu em Barra Mansa, RJ.
Foto do autor.

Caco Baresi (Alencar Santos) em diversos trabalhos nas TVs Globo e


Record. Foto/montagem de Ana Araújo.

179
Teixeirinha, macabuense, vereador em Barra Mansa, RJ. Foto do
acervo familiar.

Milho Macabu, tem palha e sabugo roxo. A cômoda Macabu tem sete
gavetas. Fotos do Mercado Livre.

180
Aline Rocha, destaque da Música Católica. Foto de O Debate.

Abelim Maria da Cunha,


a Ângela Maria, nasceu em
Conceição de Macabu no ano de
1928, falecendo em São Paulo no
ano de 2019.
Considerada uma diva da
MPB, sagrou-se Rainha do
Rádio, sendo reconhecida como
uma das maiores vozes de todos
os tempos, com destaque
mundial.
Para ela, o presidente
Getúlio Vargas reservou o
apelido de “Sapoti”, dizendo ser
sua voz doce como a fruta.

181
Um dos trabalhos da Família Macabu.

O caipora é um peixe endêmico da bacia Macabu-Carukango.

182
Duas invenções macabuenses: o “Aranha” e o suporte para refrigerantes. Fotos
da revista 4 x 4 e do autor.

Considerada revelação do samba, a cantora Thaís Macedo é de família


macabuense, foi criada e estudou na cidade até a juventude.

183
No dia 29 de julho de 2016, vários macabuenses, tanto em Conceição de
Macabu, quanto Macaé, Campos, Rio de Janeiro e Niterói, tiveram a honra de
conduzir a Tocha Olímpica. De cima para baixo, esquerda para direita:
Leonardo Abreu Gomes, José Carlos Ferreira, Alexandre Lobo, Hiller Entringer,
João Lucas Rocha, Chris L, Vianna, Tadrine Cabral e Jefferson Gardim Couto,
fizeram parte desse evento. Fotos do autor.

Como na Internet tem de tudo um pouco, encontrei um sítio


ou página, com todas as informações sobre Santos e Santas, e a
respeito de Nossa Senhora da Conceição, que nos emprestou
metade do nome do município, é dito o seguinte:

Imaculada Conceição –Nossa Senhora da Conceição


Em 1854, atendendo aos anseios mais profundos de toda a
Igreja, o Papa Pio IX proclamou como dogma de fé a Imaculada
Conceição de Maria. Quase desde o seu nascimento, o Brasil vive sob o
manto e o patrocínio de Maria Imaculada. Nossa Pátria, filha e de certa

184
forma obra-prima de Portugal, desde 1646 estava consagrada à
Imaculada Conceição, pois naquele ano o Rei D. João IV, reunido com
as Cortes gerais do Reino, consagrou Portugal e todos os seus
domínios a Nossa Senhora da Conceição. À mesma Padroeira
Imaculada - sob o título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida - o
Brasil se quis devotar desde seus primórdios de nação plenamente
emancipada. Em 1904, a Imagem da Aparecida foi solenemente
coroada, por mandado do Papa São Pio X, com uma coroa de ouro
cravejada de 40 brilhantes que lhe fora oferecida pela Princesa Isabel. E
em 1930, atendendo a uma solicitação do Episcopado Brasileiro, o Papa
Pio XI declarou Nossa Senhora da Conceição Aparecida Padroeira
Principal do Brasil
Confira você: www.santododia.com.br

Ver também Macabu.

185
Vista parcial dos bairros centrais da cidade no Google Earth em 11 de
maio de 2019.

Rua Macabu em São Paulo. GSV em 08-05-2019.

186
Conjunto Habitacional Sílvio Soares
Tavares/Carandiru
Conjunto habitacional típico dos programas governamentais
de acessibilidade à moradia para camadas sociais mais populares,
foi inaugurado em 2013, compreendendo blocos de apartamentos e
casas, sendo os últimos destinados a pessoas idosas e/ou
portadores de necessidades especiais.
O nome é uma homenagem ao ex-prefeito de Conceição de
Macabu no período de 1978 a 1983, Sílvio Soares Tavares.
Já o apelido “Carandiru”, se refere a um presente violento,
com a comunidade dominada pelo tráfico de drogas, referência ao
extinto presídio paulistano de mesmo nome.

Conjunto Habitacional Silvio Soares Tavares no Google Earth em 16 de


maio de 2019. Área de 2,77 hectares.

187
Corcovado, Pedra do/Fazenda do

Corcovado diz respeito ao que tem corcova, geralmente


relacionado às pessoas corcundas e a alguns tipos de animais, como
dromedários e camelos.
Na região da Piteira, indo para a Fazenda do Socó, bem
visível da estrada para Triunfo, existe uma formação rochosa de
350 metros de altura, que lembra uma corcova. Essa pedra
recebeu o nome de Corcovado, como aliás ocorre com quase
todas as montanhas desse tipo. Indo da Piteira para os Piabas,
encontramos outras duas formações rochosas assim. A Pedra do
Corcovado tem seu nome relacionado a uma tendência nacional
de batizar esse tipo de rochedo dessa forma, e não em alusão ao
famoso Corcovado no Rio de Janeiro.
Já o nome da Fazenda Corcovado está relacionado à
pedra do mesmo nome. Há uma denominação local, mais
recente, de chamá-lo Morro do Paliteiro, uma referência a um
tipo de palmeira, parecida com a macaúba, comum na região,
cujas folhas lembram um paliteiro.
Segundo o Dicionário Michaelis:

Corcovado
[De corcova + -ado1.] Adj.
1. Que tem corcova.

188
Córrego das Almas (Álcalis, Vila Nova, Centro,
Paraíso)
O sugestivo nome desse córrego surgiu a partir de 1909,
quando o cemitério de Conceição de Macabu foi transferido do
Centro da cidade (ficava onde hoje é o Colégio Estadual Tobias
Tostes Machado) para o morro situado na rua Plácido Freire, onde
está até hoje.
Atrás do morro passava um córrego, que inclusive recebia
algumas nascentes que vinham do Morro do Cemitério (hoje em dia
as nascentes não existem mais), e que acabou recebendo o nome
de Córrego das Almas, como se as almas saídas do cemitério
navegassem pelas nascentes até o córrego, e, por ele até...o Paraíso.
Já as almas de pessoas consideradas ruins, avarentas, egoístas, etc.,
em vez de descer o córrego para o Paraíso, subiam-no em direção
ao Inferno (nome de uma fazenda que existia na região da Álcalis,
mais ou menos) ...daí Inferninho. Antes de descer o Córrego das
Almas até o Paraíso, ou subi-lo até o Inferno, algumas almas
permaneciam no brejo que existia atrás do Cemitério. Esse brejo,
bem como uma parte do Córrego das Almas, era chamado de
Córrego do Purgatório.
O Córrego das Almas é uma prova de quão imaginativo é o
povo macabuense, que a partir da mudança de localização do
cemitério, criou histórias que deram origem, não só ao nome do

189
córrego, como também a duas localidades de nossa cidade: o bairro
do Paraíso, e o Inferninho.
Veja também: Álcalis, Córrego do Purgatório, Inferninho e
Paraíso.

Córrego da Campanha (Beira Rio)

Esse pequeno afluente do rio Macabu, que nasce na Agulha


dos Leais e deságua no Macabu pouco antes da Ponte Branca, já foi
muito piscoso, rico principalmente, de piabas e mandis, mas hoje
em dia, está assoreado. Tem um nome que eu não consigo explicar.
Aguardo o auxílio dos leitores.

Córrego do Catrame (Amorosa)

Catrame é uma palavra italiana que significa alcatrão. Como


não é possível um rio de alcatrão, só posso deduzir que era um
córrego de águas escuras, tipo cor de Coca-Cola ou café, o que é
pouco comum em Conceição de Macabu, pois esse tipo de
coloração só ocorre em riachos cujas águas têm grande
concentração de matéria orgânica, geralmente localizados ou
nascidos em regiões de florestas densas e úmidas.
O córrego é um dos principais afluentes do rio Carukango e,
como a região já foi muito silvestre, além do que já pertenceu a
uma família ítalo-brasileira, a Gambetta, temos aí uma explicação
razoável para o termo italiano catrame.

190
Córrego da Perigosa (Piabas/Piteira)

Córrego afluente do Rio Macabuzinho, localizado entre as


regiões da Fazenda Corcovado, Piabas, Procura e Fazenda Boa
Esperança. Suspeita-se que seu nome está relacionado a uma lagoa,
que tinha fama de perigosa, e que no passado mais remoto, foi uma
das muitas que faziam parte da microbacia hidrográfica do Rio
Macabuzinho.

O estranho nome do Córrego da Perigosa estaria associado a uma


lagoa. Google Maps em 08/05/2019.

Córrego do Purgatório (Centro)


Refere-se a um córrego existente atrás do cemitério, que
também recebe o nome de Córrego das Almas. Quem quiser
maiores detalhes, ver Córrego das Almas, Paraíso ou Inferninho.

191
O nome desse córrego ou regato tem uma explicação tão
curiosa quanto as do Inferninho e Paraíso, ao qual está diretamente
associado.

Uma das mais curiosas histórias envolve os nomes dos bairros do Paraíso,
Inferninho, o Córrego do Purgatório ou das Almas (marcado em preto à
esquerda). Não por acaso, o córrego é vizinho do Cemitério Público de
Conceição de Macabu (em destaque circular à direita). Foto do Google Maps
em 08/05/2019.

O nome é uma referência a um grupo de casas de colonos


pertencentes ao senhor de nome Beto. Aí cabe uma maior
explicação: em áreas de tradição usineira/canavieira como a nossa,
era comum o usineiro construir casas modulares para seus
empregados, tanto da fábrica, quanto das fazendas. Essas casas,
agrupadas em corredores, como se fossem vilas, acabaram sendo

192
chamadas de correio. Provavelmente, o senhor Beto fez o mesmo
ou adquiriu uma propriedade que tinha tais construções.
Já o curral, típico de áreas rurais, à medida que o correio ia
se esvaziando de moradores, a referência passou a ser cada vez
mais o curral.
E o senhor Beto?
O Beto em questão é o mais famoso de Conceição de
Macabu, na verdade, é o nome carinhoso com que se trata o senhor
J. A. Figueiredo Enne, ou, Beto Enne, conhecido comerciante e
proprietário rural da cidade.

Correio de Beto em foto do autor dos anos 80.

Curato de Santa Catarina, Localidade do/Região do

O nome vem da tradição luso-católica, a mais abrangente


entre os topônimos de Conceição de Macabu, e está muito

193
provavelmente relacionado à presença dos missionários católicos
em nosso município, e que durante anos usaram as trilhas daquela
região para buscar os índios catequizáveis de lá, e de todo vale do
Macabu. Além da catequese, os religiosos buscavam a região do
atual Curato de Santa Catarina para escapar das epidemias palustres
(malária, febre amarela, tifo, quebra ossos, cólera...) que assolavam
periodicamente as planícies dos rios Macaé e São Pedro onde
tinham sua base catequizadora, a Missão de Nossa Senhora das
Neves.
O nome Curato, no entanto, nada tem a ver com cura (do
verbo curar) ou curandeiros, como já foi dito por aí. Curato vem de
cura, mas cura sinônimo de padre. Curato é um termo religioso que
era usado para designar aldeias e povoados com as condições
necessárias para se tornar uma freguesia, ou seja, tornar-se o
distrito de um município. Assim, até 1855, tanto Santa Catarina,
quanto Nossa Senhora da Conceição de Macabu eram curatos
subordinados à Freguesia de Nossa Senhora das Neves e Santa Rita.
No ano acima citado, foi criada a Freguesia de Nossa Senhora da
Conceição de Macabu, desmembrada da Freguesia de Nossa
Senhora das Neves e Santa Rita, enquanto que o Curato de Santa
Catarina manteve o antigo nome.
Como é possível perceber, Santa Catarina é um nome muito
antigo, provavelmente do século XVIII, quem sabe até do século
XVII. De qualquer forma, é um pouco menos antigo que o nome
Macabu, que apareceu pela primeira vez em 1633.

194
No século XIX e até às primeiras décadas do século XX, Santa
Catarina era uma importante região agropecuária do nosso atual
município, tanto que chegou a tornar-se o segundo distrito quando
aconteceu a primeira emancipação de Conceição de Macabu, entre
1891-92. Naqueles tempos, falar em Santa Catarina era falar na Serra
de Santa Catarina, até hoje um imponente rochedo de quase
setecentos metros visto da RJ-182 como uma pirâmide esverdeada;
era também falar de um rio, o Santa Catarina, hoje parcialmente
rebatizado (popularmente) de Santo Agostinho e, principalmente,
era falar do Curato de Santa Catarina, um dos mais antigos núcleos
populacionais da região.
Enquanto povoação, o Curato de Santa Catarina é tão ou
mais antigo que Conceição de Macabu, tendo sua origem em
aldeias indígenas sacurus, e nas edificações elevadas pelos
missionários Católicos. Há quem diga, sem confirmação exata, que o
Curato nem sempre foi localizado onde está hoje em dia, tendo sido
constituído originalmente às margens do rio Santa Catarina (o
popular Santo Agostinho) e posteriormente, transferido para onde
está por conta das inúmeras epidemias. Se isso realmente
aconteceu, fica uma dúvida quanto as intenções dos missionários e
a região do Curato, pois se os mesmos procuravam um local para
fugir das epidemias dos rios Macaé e São Pedro, porque viriam para
uma região também flagelada com esses males? Mais uma dúvida
dentro da nossa história.

195
Enquanto Conceição de Macabu foi o 5º distrito de Macaé,
entre 1889 e 1952 (antes os distritos eram chamados de freguesias),
o Curato pertenceu ao distrito. Esse período não foi bom para o
Curato, principalmente de 1913 (início da Usina Conceição/Victor
Sence) até 1978 (conclusão do asfaltamento da RJ-182), pois viu seu
progresso esvaziado em direção a Conceição de Macabu e
Macabuzinho – tanto é que durante a nossa definitiva emancipação
não se cogitou o Curato como 3º distrito.
A partir de 1978, o asfalto valorizou as terras do Curato de
Santa Catarina, atraiu novos moradores, mas foi o fim da Usina
Victor Sence em 1993, com o consequente êxodo rural que afetou
todo nosso município, que provocou uma explosão populacional,
resultando em dezenas de novas famílias agregadas àquela
comunidade.
Hoje, não tenho dúvidas em afirmar que o Curato de Santa
Catarina, entre as comunidades situadas fora do perímetro urbano,
é uma das que mais cresce, já fazendo por merecer sua elevação a
3º distrito de nosso município.
A localidade do Curato de Santa Catarina estende-se ao
longo da RJ-182 por 2,5 km, possuindo além dessa coluna vertebral,
diversas ruas perpendiculares e paralelas, sendo, junto com o
Segundo Distrito, Macabuzinho, as maiores e mais importantes
localidades fora do perímetro urbano do Primeiro Distrito.
Não poderia encerrar essas linhas sobre o Curato, sem citar
dona Ramira Maria da Conceição, que foi uma das anciãs mais

196
idosas do município, vivendo até os 109 anos, verdadeiro baluarte
da simpatia, hospitalidade, dona de uma lucidez e uma vitalidade de
fazer inveja a muita gente.
Segundo o Dicionário Aurélio:

Cura
[Do lat. cura.]
S. m.
9. Vigário de aldeia ou povoação: 2
Curato
[De cura (9) + -ato1.]
S. m.
1. Cargo de cura (9).
2. Residência de cura (9).
3. Povoação pastoreada por um cura (9).

Nota: Boa parte da região de Macabu era constituída de terras


devolutas, e de terras provinciais até meados do século XIX. A maioria
das terras provinciais estavam na região de Santa Catarina. O destino
dessas terras, tem sido uma das maiores polêmicas da nossa História,
pois se uma parte das terras foi adquirida honestamente em leilões,
outra parte, e que parte, foi surrupiada.

Veja também: Santo Agostinho/Serra de Santa Catarina.

197
Curato de Santa Catarina no Google Maps em 08-05-2019.

Pedra ou Serra de Santa Catarina. Foto Curato News.

198
Capela de Santa Catarina na praça do Curato, tendo ao fundo a Serra
de Santa Catarina no Google Street View – 08-05-2019.

Centro do Curato de Santa Catarina no GSV em 08-05-2019.

199
DE
Doutor Loreti

Quarto distrito do município de Santa Maria Madalena, dista


27 km de Conceição de Macabu pela RJ-182, e 6 km de Trajano de
Morais pela mesma rodovia.
Seu nome é uma homenagem ao doutor Leonel Loreti,
político e jurista de grande atuação na região, e sua elevação à
categoria de distrito se deu em 28 de janeiro de 1944, pelo Decreto-
Lei Estadual Nº 1455.

Eldorado, Bairro do

Os primeiros exploradores das Américas sonhavam encontrar


uma cidade onde as casas fossem cobertas de ouro, as ruas de
diamantes, as árvores produzissem esmeraldas e rubis. Esse lugar
maravilhoso, onde ainda por cima era possível viver eternamente,
bastando beber da “Fonte da Eterna Juventude”. Era chamado de
“Eldorado”.
“Eldorado” passou a significar perfeição, terra da
abundância, das maravilhas terrestres. Em Conceição de Macabu

200
não foi muito diferente. Num antigo sítio, próximo ao bairro do
Paraíso, local antes habitado apenas por poucas famílias, e um único
estabelecimento comercial de grande porte, uma serraria, surgiu um
loteamento que trazia o sonho do “Eldorado”, recebendo assim este
sugestivo nome.
É um bairro novo, datado dos anos 80, mas já é um bairro
grande, com sua rua principal asfaltada, creche, e inúmeras
construções de comércios e residências em andamento.
O Eldorado limita-se com os bairros da Torre da Rádio,
Paraíso, Rhodia, Garapa e Usina Victor Sence. É predominantemente
um bairro ‘dormitório’, como aliás acontece com a maioria dos
bairros de nossa cidade, o que pode ser percebido pelo grande
fluxo de moradores que deixa diariamente, pela manhã, suas casas,
indo para outros bairros de Conceição de Macabu, Quissamã, e
principalmente, Macaé, para trabalhar, retornando ao fim do dia, ou,
no fim de semana.

El Dorado no Google Earth em 16 de maio de 2019, foto obtida há


1.200 metros de altura. Área de 7,5 hectares.

201
Escura, Fazenda da (Santo Agostinho/Santa Maria)

Um dos passeios mais interessantes para os praticantes de


treking, trilhas de motos e jeeps, ou mesmo curiosos, é utilizar uma
que liga Santa Maria a Santo Agostinho, passando por trás da Serra
de Santa Catarina. Ela não é grande, mas as vezes é muito íngreme,
e sempre ladeada de florestas, além do incrível visual proporcionado
pela já citada serra. Essa, muito antiga, baseada numa antiga trilha
de tropeiros, por vezes se torna “escura”, devido a intensa sombra
das florestas e da Serra de Santa Catarina, o que explica o nome
sugestivo da referida fazenda. O leitor não deve deixar de visitar a
região, mas vá prevenido.
Uma curiosidade: a fazenda que conhecemos como Escura,
na verdade se chama Bela Vista, segundo me informou o popular
Nini – Eucenir Ramalho Daumas – filho de um dos proprietários da
região.

202
FG
Fazendinha

O sugestivo nome se refere a uma área rural localizada na


estrada que liga Conceição de Macabu ao Osório Bersot, distando
pouco menos de 1 km depois da Fazenda São João.
No passado bem distante era uma propriedade rural do
senhor Otávio Soares, de onde se origina seu nome, no diminutivo,
como se fosse uma expressão de afetividade.

Fumaça, Cachoeira da (Amorosa)

Há 90 anos uma notícia veiculada no jornal macaense O


Lynce, dizia que as prefeituras de Macaé e Madalena construiriam
uma hidrelétrica na Fumaça, para gerar energia elétrica para Triunfo
e Conceição de Macabu. Sei lá por que cargas d’água o projeto não
vingou. Mas se tivesse dado certo, perderíamos um raro espetáculo,
que diariamente é proporcionado pela bela Cachoeira da Fumaça.
Ficamos na época sem energia elétrica, ganhamos no presente um
espetáculo comparável à Cachoeira da Amorosa.

203
O nome é uma referência às gotículas que formam uma
nuvem de fumaça sobre aqueles que se aproximam da queda. É um
nome antigo, já citado por exemplo, em 1890, quando foi construída
a Estação da Fumaça, um local onde as locomotivas que subiam a
serra eram abastecidas com água e alguns passageiros da região
podiam embarcar ou desembarcar.
Localizada na divisa Conceição de Macabu – Trajano de
Morais, município com o qual dividimos nossas maiores e melhores
cachoeiras, é constituída pelas águas do Rio Macabu. Localizada
numa garganta de pedras, acima da cachoeira existe um dos
maiores sumidouros da região, formado no meio de dois precipícios
rochosos, em forma de cânion (este sim, o maior que existe por
aqui), e ao lado, a Pedra da Fumaça, com 600 metros de altitude.

Cachoeira da Fumaça - foto do autor em 1980.

204
Cachoeira da Fumaça no Rio Macabu. Foto de Leandro Ornelas.

Garapa, Bairro da
Um dos mais folclóricos bairros do município, com
musicalidade, gírias, expressões e lendas muito particulares, que tem
seu nome ligado à existência de uma enorme garapa, árvore muito
frondosa, comum em nossa região. Como o povoamento do bairro
foi iniciado com um loteamento do Sr. José Caldas, bem à frente da
tal garapa, o nome pegou.
O bairro é basicamente residencial, mas bares, oficinas e lojas
são encontrados. Dispõe de uma escola pública, o CIEP 271, na
divisa com o Bairro da Usina, mas carece de serviço de saúde por
exemplo, embora o bairro fique muito próximo do Centro.
Bairro folclórico, diversas palavras e gírias de um “dialeto”
local farão parte do meu próximo livro, quando tratarei desse tema.

205
Ainda sobre o tema Folclore, a Lenda da Garapa é uma das
mais populares em Conceição de Macabu.

Lenda da Garapa – Versão resumida


Era um pé de garapa que existia nas proximidades da Usina,
que inclusive deu origem ao nome do Bairro da Garapa.
Muitas histórias surgiram por causa da árvore, considerada mal-
assombrada. À noite, ninguém tinha coragem de passar naquele trecho
da rua, em direção à Usina e vice-versa.
Certa vez, um senhor chamado Alcebíades Rosa, o popular
Alcibidinho, que era pedreiro e morava na Usina, ao passar em frente à
árvore em direção a sua casa, a sua bicicleta furou o pneu, fazendo um
barulho enorme. Ele, pensando que fosse assombração, pulou da
bicicleta e correu exclamando: ”Mataram Alcibidinho e pernas pra que
te quero.”
E segundo dizem: “Deve estar correndo até hoje.”

Também músicas foram feitas, como este samba-enredo da


Escola de Samba da Garapa, feito por Hélio Bessa, e que valeu à
estreante agremiação o primeiro lugar naquele disputado Carnaval,
deixando a Unidos da Usina em segundo e a Acadêmicos da Praça
em terceiro. Mas vamos ao samba:

206
Lendas e Assombrações da Garapa

Olê, olê,olá
Ouvi canto de sereia
Que não estava no mar.

Lendas da árvore frondosa


Que margeava a Avenida principal
E deu seu nome a um bairro
Que hoje relembra em carnaval.

Da Garapa à meia-noite
Tem os antigos histórias pra contar
Trazia para o seu tronco
Imagens do além para assombrar.

Havia Saci, (havia saci)


Mula sem cabeça e boi tatá (boi tatá)
Sua visão à meia noite
Fazia gente forte arrepiar.

Levanta a saia comadre


Força no calcanhar
Assombração vem aí
Assombração vai pegar.

207
Conferindo no Dicionário Michaelis:

Garapa
6. Bras. BA a RS MT Bot. Árvore ornamental, da família
das leguminosas (Apuleia praecox), de folhas imparipenadas,
compostas de folíolos alternos, coriáceos e de cor avermelhada, flores
alvas ou esverdeadas, dispostas em cimeiras axilares, e cujo fruto é
vagem ovóide, monosperma e indeiscente. Fornece madeira de lei de
cerne amarelado e ondeado.
[Sin., nesta acepç.: amarelinha, garapa-amarela, garapiapunha
ou grapiapunha. ]

Garapa. Foto pinterest.com.

208
Garapa no Google Earth em 16 de maio de 2019, Foto obtida há 1.200
metros de altura. Área de 14,5 hectares.

Gaivota, Serra da/Fazenda da/Loteamento (Usina)


A serra da Gaivota fica entre os rios Macabu e Macabuzinho,
fazendo vizinhança com o bairro da Usina. Já foi mais habitado,
principalmente no final do século XIX, quando inicialmente teve
parte de sua área ocupada respectivamente por cafezais e canaviais
da Fazenda da Gaivota, pertencente ao capitão Augusto Daumas,
segundo o Almanak Laemmert de 1868.
Na Serra da Gaivota, que fica entre os rios Macabu e
Macabuzinho, nascem importantes córregos que fluem para os rios
da região. A serra ocupa uma área de 516 hectares ou 5, 16 km² e é

209
85% coberta pela Mata Atlântica (ou seja, 438 hectares ou 4,38
Km²), tem 476 metros em seu ponto mais alto e, 450 metros em seu
outro cume. No topo existiu por muitos anos uma torre para
retransmissão de sinais de TV e rádio, que atendia sobretudo aos
bairros da Usina, Garapa, e alguns pontos adjacentes, incluindo o
centro da cidade.
Seu nome é sugestivo para uma cidade que não tem mar,
mas é facilmente explicável, pois o formato da serra, semelhante à
letra N minúscula, lembra também o desenho de uma gaivota.
As primeiras referências à Serra da Gaivota surgiram em
meados do século XIX, quando se tornou uma referência para os
tropeiros e os navegadores que viajavam para a região. O nome
gaivota, provavelmente, foi dado por esses viajantes. Também no
século XIX, fez parte da Fazenda Juraci, uma das maiores e mais
importantes que já existiram por aqui. Em 29 de setembro de 1943,
o então proprietário João Barbosa Ramos, vendeu a propriedade
para a Usina Victor Sence.
Com o fechamento da Usina Victor Sence em 1993, a
Fazenda Batatal (ver Batatal), foi fechada ao público, prejudicando o
acesso ao Batatal, um balneário às margens do Rio Macabuzinho,
bem próximo à Serra da Gaivota e, uma de suas marcas.
No mês de março de 2003, foram iniciadas as obras de
terraplanagem do Loteamento Gaivota, localizado as margens da RJ
182, em frente a Serra da Gaivota, futuro bairro de nossa cidade, e

210
por consequência, até o lançamento da primeira edição desse livro,
a localidade e o topônimo caçula da região.
Nos anos seguintes, até o presente, o Loteamento Gaivota
apresentou relevante crescimento, não só de unidades
habitacionais, mas também de comerciais e até outros
empreendimentos, como fábrica de artefatos de cimento, garagem
de ônibus, etc. Outra curiosidade, é que o loteamento passou a ser
mais conhecido como Loteamento Batatal.

Serra da Gaivota, tendo ao lado e embaixo os bairros da Usina e Piteira.


Imagem do Google Earth em 16 de maio de 2019.

211
HIJL
Inferninho/Rua 15 de Março (Vila Nova)

A rua 15 de Março no bairro da Vila Nova deu origem a um


dos locais cujo nome é dos mais curiosos: o Inferninho.
Embora muitos moradores prefiram considerá-lo como parte
da Vila Nova e chamá-lo apenas de “Rua 15 de Março”, alguns
acham que ele já faz por merecer o título de bairro. De uma forma
ou outra, não poderia deixar de explicar o surgimento do nome
desse bairro, ou parte da Vila Nova, como queiram.
Surgiu uma versão de que o termo Inferninho estava
relacionado à existência de um estabelecimento comercial cuja
agitação provocava certo rebuliço na região. Na verdade, tantas
foram as confusões, brigas, e até mortes, que realmente a região foi
transformada num inferno. Entretanto, quando esse
estabelecimento comercial existiu, o nome Inferninho já o precedia.
O nome Inferninho é mais antigo e se explica no mesmo contexto
do Paraíso e do Córrego das Almas, como o leitor já deve ter
percebido. Mesmo assim, explicarei outra vez.
Atrás do Morro do Cemitério há um córrego, hoje poluído
por esgotos domésticos, que devido a sua sugestiva localização

212
recebeu o nome de Córrego das Almas. O córrego nascia na região
entre a Álcalis e o Inferninho, onde no passado, embora ninguém
saiba as razões, havia uma fazenda, as margens da Estrada Geral de
Cantagalo, chamada de “Inferno”. O pequeno córrego fluía suas
águas no sentido do nascente (leste), onde desaguava no Rio
Macabu, passando numa região passou a ser conhecida como
Paraíso, até hoje nome de um bairro da cidade.
Bem, se o córrego das Almas passava no cemitério e ia para
o Paraíso, levando as almas já salvas, como já disse, esse mesmo
córrego vinha de uma região do poente (oeste), chamada “Inferno”,
que por conta disso, teve o nome modificado para Inferninho.
Em resumo, o Córrego das Almas nasce (ou nascia?) no
Inferninho, passa pelo cemitério e segue em direção ao Paraíso.
Segundo a tradição popular e folclórica macabuense, havia ainda o
Purgatório, que era exatamente o brejo existente atrás do Morro do
cemitério.
Sugestivo? Com certeza, até porque quando esses nomes
foram atribuídos, nem o Inferninho, nem o Paraíso eram habitados
como hoje são, nem alguém poderia prever que o fossem um dia,
pois tudo se deu em 1909 (nesse ano o cemitério foi transferido para
onde está hoje), quando o centro urbano de Conceição de Macabu
resumia-se à “Praça”, à Bocaina e Caixa D’água – nem a Vila Nova
existia enquanto bairro.

213
Para os que consideram o Inferninho um bairro, ele é dos
menores que temos. Estritamente residencial, é famoso por seu
sossego e a hospitalidade de seus moradores.
Ver também: Córrego das Almas, Córrego do Purgatório e
Paraíso.

Ipê, Fazenda do (Vila Tavares)


O nome da Fazenda do Ipê, localizada nas proximidades da
Vila Tavares, está relacionada a Lagoa do Ipê, uma das maiores que
existiam acompanhando o curso do Rio Macabu. A lagoa foi
destruída pela Usina Victor Sence, que por sua vez vendeu a

214
propriedade no auge da sua crise entre 1990 e 1992. Ipê é uma
referência a uma imensa e maravilhosa árvore, no caso de flores
amarelas, que durante décadas enfeitou as margens da lagoa.
Segundo o Dicionário Michaelis:

Ipê
[Do tupi = 'árvore cascuda'.]
S. m. Bras. Bot.
1. Designação comum às árvores do gênero Tabebuia (antes,
Tecoma), da família das bignoniáceas, de que há dois tipos: a
de flor amarela e a de flor violácea. Muito ornamentais pela
floração belíssima, são dotadas de lenho muitíssimo resistente
à putrefação. O ipê é considerado árvore nacional. [Sin.: pau-
d'arco e peúva. Var. pros. (menos us.): ipé (q. v.).]

A Lagoa do Ipê no Google Earth em 17 de maio de 2019, caso ainda


existisse. Área de 24 hectares.

215
Lama Preta, Fazenda da/Localidade da (Santo
Antônio do Imbé)
Localizada no distrito madalenense de Santo Antônio do
Imbé, há menos de 10 Km do centro de Conceição de Macabu,
trata-se de uma localidade rural, pouco habitada, de predominância
da produção pecuarista.
O nome vem da tradição naturalística, a mais comum entre
nós, e se refere a uma mistura de argila com turfa preta, que dá
origem a uma “lama negra”, amolecida pela umidade, muito
abundante nos subsolos das baixadas daquela região.

Leitão da Cunha, Fazenda/Localidade

Pequeno arraial, que pertence a Triunfo, Segundo Distrito


madalenense, possui esse nome por causa da Fazenda Leitão da
Cunha, que homenageia um de seus proprietários: Antônio Leitão
da Cunha. Se hoje é apenas uma propriedade dedicada à pecuária,
no passado, segundo constatei lendo “Mas...e o Sangue Faltou”,
curioso livro escrito por uma das proprietárias da fazenda, Maria
Elvira, já produziu de tudo, principalmente café. O mesmo livro
relata interessantes histórias, como a de prisioneiros de guerra
alemães, usados em obras na propriedade e enchentes provocadas
pela abertura irresponsável das comportas do Rio Macabu, na época
da construção da Hidrelétrica do Macabu.

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Fazenda Leitão da Cunha. Foto de Pedro Linhares.

Loteamento Folly (Bocaina)

A família Folly é uma das mais importantes e numerosas do


bairro da Bocaina. Os Folly vieram da Suíça para o Brasil no princípio
do século XIX, instalando-se em Nova Friburgo, cerca de 120 km de
Conceição de Macabu.
A colônia suíça de Friburgo não deu os resultados esperados
e dezenas de famílias abandonaram aquela região, procurando
terras mais férteis e quentes e, consequentemente, mais baixas,
como os vales macabuenses.
Por razões como essa e outras, Keller, Bersot, Boechat e Folly,
vieram de Nova Friburgo, enquanto os Allemand e Daumas, além de

217
tantos outros ramos, originalmente suíços, vieram enriquecer
etnicamente e culturalmente Macabu.
O loteamento Folly é parte da Bocaina, seu nome é
obviamente uma homenagem a família Folly – cuja grafia pode
variar de Fuli, Fulli, Fuly até o original suíço, Folly.

218
M
Macabu, Conceição de/Região de

Conceição de Macabu já foi explicado anteriormente, ou,


pelo menos, tentei explicar. Aproveito o espaço para mostrar uma
pesquisa que fiz sobre a abrangência do nome Macabu pelo
mundo.
O termo Macabu, relacionado ao rio de mesmo nome, no
século XIX era usado como referência e mesmo parte da
denominação de vários lugares e localidades. Por exemplo,
analisando documentos e mapas, alguns com quase dois séculos de
idade, tínhamos da Lagoa Feia, foz do Rio Macabu, até a Serra do
Macabu, onde estão as nascentes, as seguintes denominações: Barra
do Macabu, região onde o rio era cortado pelo Canal Campos-
Macahé; Nossa Senhora das Dores de Macabu (hoje Dores de
Macabu/Campos) ; São Sebastião do Macabu (Macabuzinho); Nossa
Senhora de Santana do Macabu (Paciência/Campos); Barra do
Sertão do Macabu (Sertão); São João do Macabu (hoje Fazenda São
João); São Pedro do Macabu (Triunfo) e Alto do Macabu (Alto
Macabu/Trajano de Morais).

219
Como dá para perceber alguns termos foram bem
modificados com o tempo, mas numa época em que o meio de
transporte mais rápido era feito pelos rios, como o Macabu, ele
tinha mesmo de se tornar referência.
Essas referências são regionais, ligadas ao rio que nos
emprestou o nome, tal qual ocorre(u) com outros rios, como Macaé,
Muriaé, Macacu, etc.
E fora daqui o termo Macabu é bem difundido?
Surpreendentemente, sim. Na Internet, na primeira edição desse
livro, encontrei Macabu em 2.590 referências até o dia 10 de
fevereiro de 2003.
A primeira vez que procurei Macabu na Internet, em 1996,
apareceram apenas 132 referências, quase todas relacionadas a
empresas de transporte coletivo, como horários da Macaense, por
exemplo. De 1996 a 2003, houve um crescimento de 1.947% do
termo Macabu na Internet, contra 1.900% da própria Internet dentro
do Brasil – crescemos (sic) mais que a própria Internet...
Já para segunda edição, na pesquisa mais recente, do dia 18
de maio de 2019, o termo Macabu teve 1.050.000 ocorrências, um
aumento muito expressivo, que expresso em porcentagens, chega
ao absurdo de 795.454% – sem comentários.
A pesquisa na primeira edição foi feita usando recursos de
busca da Internet, especialmente o Google (www.google.com.br) e o
Altavista (www.altavista.com.br), onde pesquisei sobre a existência

220
do nome Macabu. Para segunda edição, o Google, por sua
predominância, foi o único utilizado.
Parte dessa pesquisa o leitor já viu quando tratei do termo
Conceição de Macabu. Pesquisa recheada de curiosidades, como
por exemplo a diversidade de idiomas: tem Macabu em espanhol,
inglês, francês, alemão, italiano, japonês (quem não acredita, aí vai:
www.geocities.co.jp/sikroad.forest/17422), sueco, letão, esperanto,
turco, além é claro, de muita coisa em português.
Tratarei agora de Macabu pelo Brasil, e o leitor tenha certeza,
estamos em toda parte. Separei quinze casos de ocorrência, além
de um especial:
Caso 1 – Uma infinidade de Assuntos – Macabu aparece
ligado a assuntos variados, como por exemplo: Carnaval (quando a
Rosas de Ouro de São Paulo foi campeã homenageando Ângela
Maria e falando em Macabu), Hidrelétrica do Macabu, Ernane Silva
(escritor), Jurubatiba, Meteorologia, Hotelaria, Agricultura, Turismo,
Medicina, Educação, Ecologia, Governos, Congressos, Igrejas,
Reforma Agrária, no Histórico de cidades como Guarulhos-SP
(incrível), Locomotivas, Orquídeas, Bibliotecas, Rádios, Bandas,
Nobres do Império, Selos postais, entre outros. No período inicial
desse século havia muito o material disponível sobre a “Disputa
territorial com Carapebus”, “o caso da tentativa de estupro de uma
defensora pública” e “exploração de granitos”.
Infelizmente, o crescimento desordenado e a crise
econômica, somados a ausência dos poderes públicos em certas

221
áreas, nos colocou em destaque quando o item é a violência. Furtos,
assaltos, estupros, brigas de rua, assassinatos, tráfico, prisão de
políticos, cassações de prefeitos, enfim, ocorrências muito
numerosas e, que em nada devem nos orgulhar.
Caso 2 – Tristão de Ataíde – O célebre poeta cita Macabu em
um de seus poemas. Quem sabe, por se tratar de um autor
petropolitano, com passagens por Teresópolis e Nova Friburgo, não
recebeu influência dos Barbosa Moreira, influente família
macabuense radicada naquelas paragens? Pesquisas mais
profundas, ocorridas após a primeira edição desse livro, nos trazem
outra explicação: as constantes visitas de Alceu Amoroso Lima, o
Tristão de Ataíde a Fazenda São Lourenço, em Trajano de Morais, às
margens do Rio Macabu. Achamos que este link é mais viável.
Macabu é citado como Alto Macabu, referência a um topônimo
trajanense, no poema Vozes.
Caso 3 – Vera Lúcia Andrade Bueno – Nascida em Conceição
de Macabu, filha de uma das mais tradicionais famílias do município,
aparece num sítio niteroiense sobre arte, onde é elogiada por suas
pinturas.
Navegue você mesmo: www.niteroi-artes.gov.br/verabueno.html
Caso 4 – Banana com Jabuticaba – Em 2001, a agrônoma
santista, mas de coração macabuense, Talita, leu uma notícia da
Folha de São Paulo, sobre a extinção da jabuticaba branca, que
citava Conceição de Macabu. Ao voltar à Conceição de Macabu,
contou-me o ocorrido, que rapidamente descobri via Internet:

222
Flora - Jabuticaba Branca, em via de extinção
Folha de São Paulo - 09/02/2001
“Salvar a jabuticabeira-branca, espécie em via de extinção, é o
projeto de um grupo de amigos comandado pelo fotógrafo Silvestre
Silva e pelo psicanalista Flávio Carvalho Ferraz.
Autor dos livros” Frutas no Brasil “e” Flores do Alimento “, o
mineiro Silvestre Silva diz que, nos últimos dez anos, só conseguiu
mapear seis exemplares da árvore no país: três em Guararema (Vale do
Paraíba, SP), um no interior de Minas (Carmo de Minas), dois no Rio de
Janeiro (um em Parati e outro em Conceição de Macabu).”

Não consegui contatar os autores do livro, nem encontrei a


tal jabuticabeira branca, mas me lembro que quando era criança
não era uma fruta incomum, embora não possa recordar com
precisão onde as roubava, ou melhor, as pegava.
Na Internet descobri uma banana macabuense. Digo que
descobri, porque sabia da existência de uma “Laranja Macaé”, única
homenagem “frutifica” da região, mas me surpreendi, com 3
páginas norte-americanas e uma da Colômbia, sobre a banana “Red
Macabu”. A espécie é bem avaliada, considerada de bom sabor,
com “gosto exótico”, especial para indústria de doces, mas gostaria
de saber mais sobre a dita cuja.
Navegue você mesmo: www.icfes.gov.co e
www.wegmans.com/ktchen/ingredients/colossus.net

223
Caso 5 – Banda Macabu – Banda de jazz e blues, com três
CDs gravados, sediada no Rio de Janeiro e, frequentadora do
circuito principal do seu gênero musical. Foi na página dessa banda
que descobri uma nova versão para o nome Macabu, como já foi
visto antes.
Navegue você mesmo: www.bandamacabu.com.br

Caso 6 – Rua Conceição de Macabu – Impressionante! Em


Recife, no bairro da Ilha Joana Bezerra, existe uma rua com o nome
Conceição de Macabu. Não faço ideia do porquê. Em São Paulo, no
bairro Jardim São Carlos, há uma Rua Macabu, igualmente
inexplicável. O mesmo acontece em Governador Valadares/MG, no
bairro Vila Bretas, e em Volta Redonda (são duas ruas lá), nos
bairros Santo Agostinho e Jardim Belmont (será a família Belmont
daqui?) e São Gonçalo/RJ, no bairro Boa Vista, mas também, em
nenhum dos casos, sei explicar os motivos que levaram os
vereadores dessas cidades a nos homenagear.
Em Vitória - ES, Nova Friburgo, Teresópolis, Niterói, Campos,
Macaé e Rio de Janeiro (em Coelho Neto), também existem ruas
com o nome do nosso município, mas nesses casos eu arrisco um
palpite: todas foram governadas ou tiveram vereadores
macabuenses (no caso do Rio e de Campos), e daí rolou o nome.
Rio das Ostras também tem uma rua Conceição de Macabu, mas aí
a explicação é outra, pois embora a cidade nunca tenha sido
governada por macabuenses, tal como aconteceu com Barra de São

224
João, nossos conterrâneos foram os precursores da exploração
turística, tanto em um quanto em outro lugar. Não custa lembrar
Joaquim do Rego Barros, nordestino de alma macabuense, um dos
pioneiros do desenvolvimento de Rio das Ostras, por exemplo.
Mas e Recife? E São Paulo? E Governador Valadares???????
Navegue você mesmo:
www.emtu.pe.gov.br, www.ww6prefeitura.sp.gov.br,
ewww.pegue.com.br/utilidades, www.turismo.terra.br/mapas,
www.valadares.mg.gov.br

Caso 7 – Granito Macabu – Chama-se “Verde Macabu”, e


encontrei num catálogo alemão e em outro americano sobre
granitos para decoração. Nunca tinha ouvido falar.
Navegue você mesmo:
www.abcooredwidestone.com/selected.asp?type=granite

Caso 8 – Alto Macabu – Região montanhosa, de clima frio,


muito exuberante quanto às riquezas naturais, onde nasce o Rio
Macabu, divisa de Bom Jardim, Nova Friburgo, Macaé e Trajano de
Morais, deu nome a alguns projetos interessantes: CD Alto Macabu,
de Norberto Macedo/Hotel Himalaia do Macabu.
Navegue você mesmo: www.morgenlich.com.br

Caso 9 – Famílias Macabuenses – Achei trabalhos sobre as


famílias Daumas, Pareto e Reid, todos relacionando estas famílias ao

225
nosso município. Detalhe: o da família Pareto é exclusivamente em
inglês, pois foi feito por um ramo da família que imigrou da Itália
para os EUA, mas cita o ramo macabuense. Nesse momento o
acesso a página da família Daumas não é possível.
Navegue você mesmo:
www.freepages.genealogy.com/~vepareto/pareto%20brasil.pdfr

Caso 10 – Esportes em Geral – É destacada nossa presença


em páginas sobre canoagem, motocross, jeeps, ralis em geral,
cavalgadas, concursos hípicos, Bicicross, capoeira, judô, jiu-jitsu,
futebol, vôlei. Mas o mais estranho é um trabalho sobre voo-livre,
em que o autor diz ter voado 150 Km de asa-delta, fazendo escala
aqui e parando em Macaé. Encontrei muitas referências ao
macabuense Júnior, jogador do Bursaspor da Turquia – um dos
maiores clubes do país.

Caso 11 – Família Macabu – Não é uma família macabuense,


mas principalmente distribuída entre Campos e Casimiro de Abreu.
É grande o número de ocorrências na Internet, relacionadas a essa
família. Segundo uma aluna, Larissa Macabu, um de seus
antepassados tinha uma companheira, que se chamava Conceição,
que foi apelidada de Conceição de Macabu, de forma que o apelido
se tornou o sobrenome de seus descendentes.

226
Caso 12 – Conflito Territorial – Todo mundo em Conceição
sabe que travamos uma desesperada disputa territorial com
Carapebus, onde estamos prestes a perder o que sempre foi nosso.
Uma disputa atual, sem prazo para terminar, embora Carapebus
(bem assessorado e com disposição política para luta), tenha
vencido a primeira batalha. Entretanto, descobri trechos de um livro
(Caminhos Percorridos – Memórias Inacabadas), escrito por um
jornalista capixaba Luiz Serafim Derenzi, que diz:

“A velha pendenga entre os municípios de Santa Maria


Madalena e Conceição do Macabu, por contestarem certo trecho de
divisa, se reacendera, causando duas mortes: a do presidente da
Câmara do primeiro município e a do fiscal de renda do segundo. Os
dois municípios estavam em pé de guerra. A política fluminense foi
sempre um caldeirão fervente.
Fui comissionado para fazer o levantamento topográfico da
zona contestada, com o fim de encontrar uma divisa natural. Eu devia
começar meu trabalho levantando o rio Imbé que, depois de descer a
serra, serpeia pela baixada alagadiça de Conceição de Macabu-
Campos, semeando febres, disenteria e morte. Convencionou-se que o
meu estudo começaria na estação de Paciência, do ramal ferroviário
que liga Conde Araruama a Santa Maria Madalena, hoje suprimido.”

Creio que o autor se confundiu. Não conheço disputa


territorial Madalena-Macabu e, naquela época, Macabu pertencia a

227
Macaé, se houvesse alguma disputa, e não houve, teria sido Macaé-
Madalena. Mas houve uma disputa Madalena-Campos, na região
citada, e com mortes. Como para averiguar as divisas
intermunicipais de Campos com Madalena, o autor teve de se
hospedar em Macabuzinho, o mesmo acabou produzindo uma
confusão dos diabos, “pondo para brigar”, dois municípios que
nunca tiveram problemas desse tipo.
Navegue você mesmo: www.gazetaonline.globo.com/caminhos

Caso 13 – Bichinhos de Estimação – Achei alguns animais


domésticos batizados com o nome Macabu. Um cavalo da raça
Campolina, chamado “Gaita Macabu”, aliás um animal premiado e, o
mais surpreendente, um cachorro, do ator da Rede Globo, Cláudio
Cavalcanti, também chamado Macabu. Sobre o cão do ator, tomei
conhecimento numa entrevista que o dito cujo concedeu ao
provedor UOL:

CLÁUDIO CAVALCANTI: “QUERO SER LEMBRADO PELO


BEM QUE FIZ AOS ANIMAIS”
Ator recolhe e dá proteção aos bichos abandonados pelas ruas,
como um moderno São Francisco
“Você está no Rio de Janeiro e topa com um cachorro
acidentado? Chame o ator Cláudio Cavalcanti e sua mulher, Maria
Lúcia, também atriz. Em pouco tempo, os protetores chegam para
socorrer o bicho, seja na Vieira Souto, seja na favela da Rocinha. Para

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ter uma ideia, em seu apartamento tríplex de Copacabana habitam,
além deles, Alba Valéria, uma cadela terrier, e treze gatos vira-lata,
todos órfãos e recolhidos ao acaso – vamos lá, são eles: Julião, Chico,
Lilith, Ana Freud, Estela, Mariana, Nestor, Macabu ....”

Escrevi para o ator em 2003, mas ele não me explicou a


razão do nome. Mas com certeza, no caso dele, é uma homenagem,
pois é costume do ator, usar seus animais, que muito considera,
para lembrar de amigos, etc.
Navegue você mesmo: www.uol.com.br/focinhos/personalidades

Caso 14 - Dengue – Caro leitor, neste início de 2003,


Conceição de Macabu bateu o recorde estadual de casos de
dengue, colocando o município na contramão do Estado e, a
Internet não nos poupou:

Conceição de Macabu apresenta aumento nos casos de dengue

Simone Noronha, do DIA para o iG (editorultimosegundo@ig.com)

RIO - Enquanto o número de casos de dengue diminuiu em todo estado,


Conceição de Macabu apresentou um aumento considerável em relação ao ano passado.
Foram notificados 90 casos este ano, com 24 sendo confirmados. Secretária de Saúde
admite que existe um surto da doença e pediu ajuda ao governo do estado. (Grifo do
autor.)

229
Em fevereiro de 2003, a situação ficou tão grave que foi
classificada como “epidemia”, com o número de casos quase
triplicando em relação a reportagem acima. A dengue em Macabu
foi notícia em todo o país, através dos jornais O Globo, Extra, O Dia,
Jornal do Brasil, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, O
Estado do Paraná, Gazeta do Povo (Paraná), e O Liberal, este último
de Belém, no Pará.
Veja o que foi noticiado pelo jornal O Liberal, no Pará, dia 19
de fevereiro:

230
Caso 15 – Budismo – Essa é demais: o nome Macabu tem
relação com o Budismo, a religião que mais cresceu nos últimos
anos em todo mundo. Não me perguntem mais nada, quanto mais
eu investigo menos eu sei... Veja só:

1. Macabu Byenkegu (ritual de purificação do nascimento entre


os budistas de Newa) pelo ms. Hira Nani Shakya e pelo ms.
Shobha Nani Shakya
Por essa eu não esperava, só achei esse trabalho no dia
10 de fevereiro de 2003. Foi uma surpresa.
Navegue você mesmo: www.w1.185telia.com e
www.rcnepal.org

Caso 16 – Fera de Macabu – Sítio do “best seller” de mesmo


nome escrito pelo jornalista Carlos Marchi, macabuense honorário,
filho e neto de macabuenses ilustres (seu avô, Barcímio Amaral foi
jornalista aqui), tornou-se um dos mais comentados livros do final
dos anos 90, sendo objeto de reportagens e entrevistas nos pesos
pesados do jornalismo nacional: O Globo, Jornal do Brasil, O Dia,
Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Veja, Isto É, Época, Jô
Soares Onze e Meia, Marília Gabriela, Sem Censura , só para citar as
que eu vi ou colecionei.
Livro empolgante, sítio igualmente interessante, trata-se de
um trabalho de profissionais do mais alto gabarito. Aliás, o livro,
editado pela toda poderosa Record, já nos dá uma ideia da

231
grandiosidade da obra. Para nós, macabuenses, é uma leitura
obrigatória, não só pela qualidade da narrativa, ou pelo conteúdo
da obra (Motta Coqueiro), mas também pelo fato de levar o nome
do nosso município às mais altas esferas da literatura nacional.
Em dezembro de 1998, estive no lançamento em Macaé,
ocasião na qual convidei o autor para fazer o mesmo em Conceição
de Macabu. Com ousadia, pois fizemos o lançamento na Exposição
Agropecuária, decisivo apoio do Sebrae, dirigido por Maristela
Tavares e da Câmara Municipal, presidida por Marcos Paulo
Cordeiro Couto, além da prestatividade da então Secretária
Municipal de Educação, Regina Célia Nascimento, fizemos um
bonito e organizado evento, no qual batemos o recorde de
vendagem do livro em noites de autógrafo, superando as centenas
de unidades vendidas em Macaé e Campos, por exemplo.
Com prefácio do jurista Evandro Lins e Silva, contracapa do
teólogo Leonardo Boff, o livro tem tudo para entrar na lista dos
preferidos de todos aqueles que o lerem. Aliás vejam um trecho do
prefácio:

"Comecei a ler os originais e fui até o fim, sem


parar. O livro desperta o interesse do leitor e oferece um
quadro magnífico do período em que o crime se
verificou (...). É atualíssimo, a despeito de narrar um fato
ocorrido no século XIX (...)” ·

Ministro Evandro Lins e Silva, no prefácio.

232
Para os curiosos, que ainda não tiveram a
oportunidade de ler o livro, eis o resumo disponível no sítio:

Fera de Macabu: o mais trágico erro judiciário da História do


Brasil.
O livro Fera de Macabu relata o mais trágico erro
judiciário da História do Brasil, ao contar o drama pessoal de
Manoel da Motta Coqueiro, o homem inocente cuja condenação
à morte acabou com a pena de morte no Brasil.
Meados do século XIX: o norte da província do Rio de
Janeiro se esmera em criar uma atmosfera digna da Corte para
receber o imperador Pedro II. A aristocracia rural tem completo
controle político da região em torno de Campos dos Goytacazes,
estratégica por ser, ao mesmo tempo, potência agrícola e porto
ilegal de escravos; nela, conquistar um pedaço de terra e fazê-lo
prosperar é uma tarefa épica. Quando o imperador Pedro II
visita a região, em 1847, o fazendeiro Manoel da Motta Coqueiro
e sua mulher Úrsula das Virgens Cabral são convidados para as
cerimônias em sua homenagem e o conhecem.
Cinco anos depois um crime brutal abala Macabu e
revolta as cidades vizinhas. Uma família de oito colonos é
assassinada em uma das cinco propriedades de Coqueiro e
Úrsula das Virgens. Todos os indícios apontam para o
fazendeiro; as autoridades policiais locais, seus adversários
políticos, imediatamente o acusam do crime.

233
Era um momento de grandes decisões nacionais: o Brasil
acabara com o tráfico de escravos, aprovara a primeira lei
empresarial do país e promulgara a primeira lei de terras,
extinguindo o sistema de sesmarias.
A imprensa acompanha as investigações com
estardalhaço e empresta a Coqueiro um apelido incriminador - é
a Fera de Macabu. A principal testemunha contra o fazendeiro é
escrava Balbina, a líder espiritual dos escravos na senzala da
Fazenda Bananal, sob cujo catre foram encontradas as roupas
ensanguentadas dos mortos. Em vez de acusada, Balbina é
promovida a principal testemunha de acusação, a despeito de a
lei proibir que escravos deponham contra seu senhor.
Vítima de uma conspiração armada por seus adversários,
Coqueiro é julgado duas vezes de forma parcial e condenado à
morte. Logo a condenação é ratificada pelos tribunais superiores
e D. Pedro II nega-lhe a graça imperial. Pela primeira vez no
Brasil um homem rico e com destacada posição social vai subir à
forca.
No dia 6 de março de 1855, Coqueiro é enforcado em
Macaé. Na véspera do enforcamento recebe em sua cela um
padre, a quem confessa sua inocência e revela o nome do
verdadeiro mandante do crime de Macabu, que ele conhecia,
mas prometera nunca revelar de público.
No patíbulo, Coqueiro jura inocência e roga uma
maldição sobre a cidade que o enforcava: viveria cem anos de

234
atraso. A maldição se cumprirá com rigorosa precisão.
Pouco tempo depois do enforcamento descobre-se que o
fazendeiro tinha sido a inocente vítima de um terrível erro
judiciário. Abalado, o imperador Pedro II, um humanista em
formação, decide que dali em diante ninguém mais será
enforcado no Brasil.
Em Fera de Macabu, Carlos Marchi utiliza ferramentas de
repórter para reconstituir todo o teatro do drama. Rastreia
vestígios da vida de Coqueiro em documentos primários, obtidos
nos arquivos oficiais e nas paróquias e cartórios do norte
fluminense. Surpreendente é a conexão de dois encontros que o
imperador Pedro II teve com o escritor e revolucionário francês
Victor Hugo, em 1877, com o caso de Coqueiro e com a extinção
da pena de morte no Brasil.
Fera de Macabu, no entanto, tem mais que o vigor do
texto jornalístico: no pano de fundo da história, os fatos reais
realçam o clima de um grande romance, repleto de intrigas,
bruxarias, sonhos e tragédias.
Vale a pena conferir: www.macabu.com.br

Espero que o leitor tenha gostado da pesquisa, que só


mostra uma pequena parte da infinidade de páginas ligadas ao
termo Macabu. Recomendo ao leitor, que navegue pela Internet,
usando o Google, descobrindo mais detalhes sobre o termo
Macabu.
235
Macabuzinho, 2° Distrito/Região de

Segundo distrito de Conceição de Macabu, tem área


estimada em 50 km² e população de aproximadamente 2.000
habitantes, sendo a metade na sede. Sede esta cujo perímetro
urbano tem área de 41,76 hectares, é uma localidade agradável e
hospitaleira, chamada de Macabuzinho. Adjacente a localidade de
Macabuzinho, o Barata e o Caju são oficialmente considerados
bairros.
Geograficamente, Macabuzinho localiza-se na porção
Ocidental do município, com um relevo típico da Planície Litorânea,
onde as altitudes oscilam entre 4 e 65 metros, marcado por extensas
planícies fluviais formadas pela erosão do Rio Macabu, o mais
importante do 2º distrito.
A história de Macabuzinho remonta às primeiras localidades
formadas às margens do rio Macabu por campistas e cabo-frienses
que buscavam madeiras nobres para serrar e vender nos mercados
de Campos e Macaé, como o jacarandá (cabiúna), o cedro, o
jequitibá e outros, que eram escoados pelo rio. Ao que tudo indica,
essa atividade econômica não deu bons resultados, e os pioneiros
tiveram que se dedicar a outras iniciativas, como agropecuária e
comércio.
Com o desenvolvimento da cafeicultura na região de
Cantagalo, intensificou-se a navegação pelo rio Macabu e o porto

236
de embarque de madeiras passou também a receber viajantes,
aventureiros e tropeiros ligados ao comércio de café.
Fazendas foram sendo exploradas nos arredores de
Macabuzinho e logo uma série de estradas e trilhas passaram a
fazer parte da paisagem local, com destaque para a Estrada da
Carreira Comprida, que transversava a Estrada Geral de Cantagalo,
também conhecida como Estrada Macaé – Cantagalo.
A dependência em relação ao rio, a sua existência enquanto
entreposto comercial, fez surgir o primeiro nome de Macabuzinho:
São Sebastião do Rio Macabu, nome de curta duração, logo
substituído por Paciência do Macabu, que depois foi abreviado para
Paciência.
No primeiro semestre de 1878, a localidade de Paciência foi
cortada pelos trilhos da Companhia Estrada de Ferro Barão de
Araruama, o que contribuiu para dinamizar ainda mais o vilarejo,
tornando-o tão importante quanto o Curato de Santa Catarina,
Estação de São João do Macabu e Conceição de Macabu.
O progresso de Macabuzinho tornou-o distrito de Macaé em
1931, desanexando-o de sua sede Carapebus, com um nome que já
estava em desuso na época: Paciência do Macabu. Já o nome
Macabuzinho, só em 1938, formado com terras desmembradas dos
distritos macaenses de Macabu, Quissamã e Carapebus.
Ao mesmo tempo em que o progresso trouxe o
reconhecimento político, conduziu à destruição das florestas
ribeirinhas, onde se escondia o mosquito causador do impaludismo

237
(malária), da febre amarela e da febre quebra ossos (dengue). Nos
anos de 1900 a 1940, Macabuzinho conviveu com quase uma
epidemia por ano: febre (palustre/amarela/quebra ossos); tifo;
varíola; cólera-morbo; situações que comprometeram seu
desenvolvimento, pois não foram poucas as pessoas que
abandonaram a localidade buscando regiões mais secas, como o
Curato de Santa Catarina e Conceição de Macabu.
No ano de 1952, numa atitude inédita no Brasil, o 10° e o 5°
distritos de Macaé, respectivamente Macabu e Macabuzinho,
uniram-se formando um novo município, Conceição de Macabu, em
que Macabuzinho contribuiu como 2° distrito.
O impaludismo e outras doenças foram extintas entre 1948 e
1952, após um amplo programa de saneamento e combate aos
mosquitos com DDT, o que tornou Macabuzinho um local com
grandes perspectivas de desenvolvimento. Entretanto, em 1967 com
a extinção do ramal ferroviário, e em 1992 com o fechamento da
Usina Victor Sence, a economia local sofreu sérios abalos, das quais
não se recuperou até hoje.
Hoje em dia, Macabuzinho mescla um comércio típico do
interior fluminense, com mercearias e residências cujos habitantes
têm as mais variadas funções, indo de comerciantes a fazendeiros,
industriais a funcionários públicos, campeiros a autônomos.
O distrito de Macabuzinho é constituído também pelo Barata
e Caju, que já tratamos neste livro, e, recebem o registro de bairros.

238
Além disso, tem diversas localidades, como São Luís, Patos, Ponto
Pinheiro, etc.

Motta Coqueiro em Macabuzinho


Manoel da Motta Coqueiro, um dos mais famosos personagens
de nossa terra no século XIX, famoso pelo apelido “Fera de Macabu”,
era proprietário de duas fazendas por aqui: a Fazenda Bananal, em
Santo Agostinho, e onde ocorreu a chacina de que foi acusado; e a
Fazenda Carrapato, em Macabuzinho.
Carlos Marchi, autor do best-seller Fera de Macabu, faz
inúmeras referências à Paciência, hoje Macabuzinho:
“...Coqueiro tinha comprado, em 1839, os direitos do trecho que
ocupava, no lugar chamado Brejo dos Patos, e deu à sua nova
propriedade o nome de fazenda Carrapato.”
Não deixem de ler sobre o Brejo dos Patos, pois não se resume
apenas ao que é hoje em dia. A fazenda de Coqueiro ficava a dois
quilômetros de Macabuzinho, estendendo-se pelas margens do rio
Macabu até a atual fazenda São Luís.
De qualquer forma, o que nos importa é que Macabuzinho fez
parte da História e, por tabela, do sucesso do livro.

239
Selo postal de Paciência (Macabuzinho), de 1896.
Foto do autor.

Rio Macabu e Rio Macabuzinho


O Rio Macabu passa no centro da sede do distrito de
Macabuzinho. O Rio Macabuzinho passa a 1 Km de Conceição de
Macabu.

Rio Macabu em Macabuzinho.

240
Praça de Macabuzinho.

Evolução Legislativa:
• Decreto Estadual Nº 2.548 de 28 de janeiro de 1931 - criou o
distrito, com o nome de Paciência do Macabu;
• Decreto Estadual Nº 641 de 15 de novembro de 1938 – tornou
Paciência do Macabu, Macabuzinho;
• Decreto-Lei Estadual Nº 1.063 de 28 de janeiro de 1944 – ordenou-
o como 10º distrito de Macaé.

Leia também: Barata/Caju/Paciência/Patos.

241
Macabuzinho no Google Earth em 23 de maio de 2019. À esquerda o Rio
Macabu, ao centro a Avenida Poeta Antônio Silva e a RJ-196, a Rodovia
Antônio Minguta de Oliveira, que por sinal, foi morador do Segundo Distrito.

Locomotiva transportando cana de açúcar em Macabuzinho. Foto de


Luís Minguta, ano de 1985.

242
Estação ferroviária de Macabuzinho em foto do acervo de Luís
Minguta datada de 1940.

Macabuzinho visto do ar nessa foto de Eleny Oliveira.

243
Macaé (Município)

Macaé é um topônimo de origem controvertida, pois, ao


mesmo tempo, pode ser explicado como derivado de “mak’a’bium”,
ou seja, da palmeira macaúba (a mesma que pode ter dado origem
a Macabu), pode também ser derivado de “miquié”, ou, “rio dos
bagres” – peixe muito comum no Rio Macaé até hoje.
Se a origem é controvertida, a tal ponto de a bandeira da
cidade lembrar a palmeira, enquanto o brasão do município mostra
os bagres, há outras informações sobre a “Princesinha do Atlântico”,
que não admitem controvérsia.
Uma delas é que poucos municípios do Brasil podem se
gabar de ter uma História e uma paisagem geográfica tão
impressionantes, quanto à variedade e a originalidade.
Geograficamente, a paisagem original macaense contempla
as mais variadas formas de relevo, clima, hidrografia e vegetação,
que só para citar as variedades desta última, podemos dizer que o
município tem de Restingas a Campos de Altitude, de Manguezais a
Mata Atlântica, inclusive, os raros e extintos campos nativos, que
cobriram a planície litorânea, especialmente o entorno da Lagoa
Feia – isso, levando em consideração o território original, que ia do
Rio Macabu-Lagoa Feia, até o Rio São João.
Já a História é muito movimentada, praticamente um
microcosmos do que se passava no Brasil e no Mundo em vários
momentos. É possível situar Macaé em quase todas as grandes

244
etapas da História do Brasil, desde a Pré-História, até os dias de
hoje, exceto raras épocas, por exemplo.
E com Conceição de Macabu, Macaé divide suas páginas
mais curiosas da História, que vão de Motta Coqueiro e Carukango,
aos ciclos do café e canavieiro, sem falar que, ao se emancipar de
forma pioneira em 1952, Macaé e seus ex-distritos escreveram uma
história comum de luta e pioneirismo.
Outro fato a ressaltar, e talvez o mais significativo hoje em
dia, é que todos os dias falamos em Macaé e em Conceição de
Macabu, pois a dependência dos empregos e serviços, nos coloca
na condição de cidade-dormitório da Capital do Petróleo. Além
disso, é a cidade que abriga a maior comunidade de macabuenses,
comunidade que está na História política, econômica, social e
cultural da cidade.
Macaé tem 1.215 km², sendo o segundo maior município
fluminense, sete distritos, 251 mil habitantes e, está apenas 46 km de
Conceição de Macabu.

245
De Princesinha do Atlântico a Capital do Petróleo, Macaé é a cidade
mais importante para Conceição de Macabu.

Mandingueiro, Estrada do/Morro do/Subida do


O nome é uma referência a uma espécie de feiticeiro,
benzedeiro, fazedor de simpatias, que em certa época existiu na
região, dando nome a fazenda e de pois à estrada que liga o Osório
ao Imbé.
A região do Mandingueiro pertence, parte ao segundo, e
parte ao terceiro distrito de Santa Maria Madalena, ou seja, é meio
Triunfo e meio Imbé.
No passado, a Estrada do Mandingueiro era uma das
principais ramificações da Estrada Geral de Cantagalo, pois unia

246
Conceição de Macabu e Triunfo, com suas importantes estações
ferroviárias, ao Imbé e ao Alto Imbé.
Segundo o Aurélio:

Mandingueiro
[De mandinga + -eiro.]
Adj.
1. Que faz mandinga (5); mandinguento, mandraqueiro.
S. m.
2. Indivíduo mandingueiro (1); mandinguento,
mandraqueiro.

Mirante da Parabólica (Balança/Porto/Bocaina)

O morro de 200 metros, bem visível do Centro da cidade,


sempre foi apelidado de “Floresta ou Mata de Hermes”, uma
referência à floresta bem conservada por seu dono, Hermes Fontes
Tavares. Em 1986, com a instalação de um sistema de transmissão
televisiva usando uma parabólica que atendia toda a cidade, o
morro ganhou o nome de Morro ou Mirante da Parabólica. Quanto
a floresta, foi vitimada por um incêndio em agosto de 2000.
Em 2019, a Parabólica que deu nome ao morro perdeu
importância para outras torres lá instaladas, especialmente as de
telefonia celular e Internet.

247
Quanto ao incêndio de 2000, 19 anos depois a floresta se
recuperou completamente e, até pequenos animais que eram vistos
lá, parecem estar de volta, como caxinguelês, gambás, cuícas e
ouriços.

O Morro da Parabólica em destaque, tendo ao fundo os bairros da Bocaina e


Subida da Balança. Foto de Alex Belmont disponível na Wikipedia.

Monte Cristo, Adutora (São Domingos)

O nome se refere à segunda adutora de nossa cidade, criada


em 1969, no governo do prefeito João Barbosa Daumas, usando a
água de um córrego local, o Córrego do Monte Cristo, e canos
deixados pela Cia. Rhodia S/A, quando esta se retirou de nosso
município, numa forma de compensação por tal ocorrência.
Foi o segundo sistema de abastecimento de água do
município e, como aconteceu com todos os outros sistemas, não foi

248
suficiente para suprir as necessidades da cidade, sendo em pouco
tempo considerado obsoleto.
Outro problema, que também afligiu e aflige os outros
sistemas de abastecimento hídrico, é ausência ou insuficiência de
tratamento de água.

Adutora do Monte Cristo. Fotos do acervo de Fernando S. B. Daumas.

Morrinho, Localidade do

Pequeno lugarejo situado depois da Vila Esperança, numa


elevação da estrada de acesso a São Domingos. O nome é óbvio,
refere-se ao pequeno morro onde está situado o lugarejo. Possui
apenas um estabelecimento comercial, e a maioria dos residentes
trabalha nos arredores, onde encontram ocupação nas fazendas.

249
Morro da Biquinha (Usina/Vila Nova)

Faz parte dos bairros da Usina e Vila Nova, e tem seu nome
sugestivamente relacionado a uma nascente que era usada no
abastecimento das moradias dos dois bairros, quando estes
iniciaram seu crescimento (década de 10) até meados dos anos 80,
quando a mesma deu sinais de esgotamento. Há quem diga que
desde os tempos da Fazenda Juraci, que precedeu a Usina
Conceição em 1913, essa biquinha já era utilizada.
O morro da Biquinha é cortado por uma rua que liga os
bairros da Usina e Vila Nova.

Morro da Caixa D’água (Bocaina)

O Morro da Caixa D’Água, parte do bairro da Bocaina,


recebeu essa denominação por volta de 1876, quando o industrial
português Antonio Ignácio Valentim, construiu um reservatório de
água para suprir as necessidades de sua empresa, o Engenho
Central Macabuense (ficava no antigo prédio da Cooperativa de
Laticínios, lamentavelmente derrubado...). O projeto interessou à
“Intendência de Macahé” (prefeitura de Macaé), que se associou ao
português, visando estender o abastecimento ao centro urbano de
Conceição de Macabu.
Além de redes domésticas, que utilizavam encanamento de
chumbo, foi contratado o serviço do suíço Adrian Allemand, para a
construção de três chafarizes em granito branco para o

250
abastecimento do público que não dispunha de água encanada,
além de servir às tropas e tropeiros de toda região – um chafariz
está na praça principal. O outro recebi em doação de Délcio
Pacheco e, encontra-se em exposição permanente no CIEP 271. O
terceiro, apesar de ter quase uma tonelada, sumiu.
Durante décadas a “Caixa D’Água da Bocaina”, como era e
ainda é muito conhecida, foi a principal fonte de abastecimento da
região central da cidade, até que desmatamentos e queimadas
resultaram na diminuição da vazão do reservatório, além de que,
unido ao aumento do consumo, tornou aquela fonte de
abastecimento incipiente para os padrões de consumo de uma
comunidade de quase 23.000 habitantes, sendo uns 19 mil na área
urbana.
Em 2004, quando este livro ganhou sua primeira edição,
contávamos com outras reservas hídricas: Monte Cristo, Socó,
Batatal, além de uns 5.000 poços semi-artesianos. Em 2019, quinze
anos depois, os serviços da Caixa D’água, Monte Cristo e Socó não
são mais usados, pois foram substituídos pela adutora do Batatal e,
a caçula e mais polêmica de todas, a da Amorosa.
Conforme disse no início, a Caixa D’Água é uma parte da
Bocaina, exatamente a parte mais antiga do bairro, onde surgiu o
primeiro núcleo de povoamento urbano do bairro (Ver Bocaina).
Hoje basicamente residencial, mas com diversos pontos comerciais,
é uma localidade estruturada no quesito saneamento, como água
(pudera, né?!), esgotos canalizados e calçamento.

251
Morro da Mijada (São João)

Sugestivo nome dado a um morro que fica entre o bairro da


Usina e o Osório Bersot, a mais ou menos uns 3 km da Usina.
“Mijada”, vem de “urinada”, mas a explicação não é simples
como parece.
No século XIX, a Fazenda São João foi chamada de São João
do Macabu, depois recebeu o nome de Estação, por fim Estação
Velha. No auge de sua existência, era uma localidade animada,
principalmente nos dias de São João, quando uma grande festa era
realizada.
Boa parte dos festeiros vinha do Curato de Santa Catarina e
de Conceição de Macabu, a pé (no caso dos de Macabu), a cavalo,
de carroça, etc.
No retorno para suas casas, após alguns goles extras de
variadas bebidas e sucos, alguns faziam uma parada estratégica
para o xixi, no morro que hoje tem esse nome – por sinal, o único
morro na estrada Macabu-São João – Osório Bersot.
Hoje em dia, com a velocidade dos meios de transporte,
acho improvável que alguém ainda faça uma parada estratégica
naquele morro para satisfazer suas necessidades fisiológicas.

Morro do Paliteiro/Serra do Banco (Piteira)

Veja Banco.

252
Mutirão/Vila Progresso (Rhodia)

O Mutirão, que na verdade é uma parte do bairro da Rhódia,


tem quase 20 anos e, ao contrário da maioria dos outros bairros e
localidades, formou-se rapidamente, de maneira padronizada e
uniforme. Isso se deu porque as casas do bairro são resultado de
um projeto de trabalho coletivo que envolveu os moradores com a
mão-de-obra e os governos Federal e Municipal com investimentos
em materiais de construção e acabamento.
O projeto inicial foi esquematizado com a extinta Secretária
de Ação Comunitária (SEAC) do Governo Federal, em parceria com
a Prefeitura local.
Após um cadastramento inicial e posterior análise social, as
famílias foram recebendo seus lotes e o material de construção. A
mão-de-obra empregada envolvia não só os futuros moradores do
terreno, mas também a vizinhança, sendo a origem do nome
Mutirão.

253
N
Niterói (Triunfo)

A cidade de Niterói sempre teve como uma de suas marcas,


o fato de estar diante do Rio de Janeiro, como se fosse uma
pequena cidade desafiando uma outra, gigante, tendo por
obstáculo a Baía da Guanabara, e, como comunicação, a Ponte Rio-
Niterói.
A localidade de Niterói, é, na verdade um prolongamento de
Triunfo e, recebeu esse nome por ficar do outro lado de um
córrego, que posteriormente recebeu uma ponte. De um lado,
Triunfo (Rio), do outro lado, Niterói.

Nossa Senhora de Lourdes, Conjunto Habitacional


(Usina)

Região de mais recente ocupação dentro do bairro da Usina,


trata-se do primeiro conjunto habitacional do governo estadual em
Conceição de Macabu. Foi concluído em 1998, mas a ocupação das
casas só se deu em 1999. Seus moradores são, em sua maioria,
oriundos de uma vila que havia na Beira Rio, que ficava às margens

254
da rodovia que liga Conceição de Macabu ao distrito de Santo
Antonio do Imbé, próximo à ponte sobre o Rio Macabu.
A vila foi extinta, seus moradores transferidos para o
conjunto habitacional, onde as condições de vida e o acesso aos
recursos básicos como saneamento, saúde e educação são bem
melhores que na antiga vila.
O nome é uma homenagem a Nossa Senhora de Lourdes,
padroeira da Usina, cujo culto foi iniciado por Victor Sence, quando
trouxe da França a imagem consagrada, que está no interior da
capela e o tradicional “le coq”, o galo, que ornamenta a torre da já
citada capela – coisa de francês.
Em 2010 foram inauguradas novas unidades habitacionais,
que, entre outros moradores, recebeu oriundos de ocupações na
estrada da Piteira para o Piabas. Ocupações essas feitas em áreas
periféricas à estrada e ocupando um colégio abandonado.
Segundo informações do sítio “Santo do dia”:

Nossa Senhora de Lourdes


Em Lourdes, na gruta de Massabielle, Nossa Senhora apareceu
dezoito vezes a Santa Bernadete, então menina de 14 anos. Na última
das aparições, a Virgem Se identificou: " Eu sou a Imaculada
Conceição". Com essas palavras, confirmava o ato solene pelo qual o
Papa Pio IX, quatro anos antes, proclamara a Conceição Imaculada da
Santa Mãe de Deus. Até nossos dias, curas e milagres prodigiosos

255
ocorrem no local, que é procurado por peregrinos do mundo inteiro.
Seu dia é comemorado 11 de fevereiro.
Navegue também: www.santododia.com.br

Conjunto Habitacional Nossa Senhora de Lourdes no Google Earth em


16 de maio de 2019. Área de 3,1 hectares.

256
O P Q
Onça, Fazenda da

Localizada no extremo sul do município, divisa com Macaé,


está a Fazenda da Onça, que empresta seu nome àquela região.
Pouco habitada, trata-se puramente de uma fazenda de pecuária de
gado de corte, e o nome é uma alusão às extensas florestas que já
cobriram a região. O nome não é novo, pois no Registro Paroquial
de Terras (1855), e em um mapa de 1863, a região aparece
denominada como “Onças”. Nos registros paroquiais de 1855 a
1857, um dos proprietários naquela região é o senhor Antonio
Gomes Braga. Nos mesmos documentos aparece o senhor João
José da Silva Porto, como proprietário da Fazenda Nossa Senhora
do Rosário da Onça. Já a Fazenda da Onça aparece no “Almanak
Laemmert” de 1876 como propriedade do Barão da Póvoa do
Varzim, que também era dono da Fazenda da Bertioga. Já em 1880,
no mesmo almanaque, a Onça consta como propriedade do senhor
Manoel Fidélis dos Santos.
Segundo o Aurélio:

257
Onça
3. Bras. P. ext. Zool. Designação comum a todos os
felídeos brasileiros de grande porte.

Osório Bersot (Santa Maria Madalena)


A localidade do Osório Bersot foi recentemente desanexada
de transformado no mais novo distrito de Santa Maria Madalena, o
7º, agregando em seu território áreas antes pertencentes a Triunfo e
Santo Antônio do Imbé.
Já a toponímia, ou seja, o nome do local foi em homenagem
ao senhor Osório Bersot, proprietário rural e benfeitor daquela
região e responsável por doações de terras e serviços que em muito
contribuíram para o bem-estar da população local.
O povoamento da região é antigo, estando relacionado à
fundação do antigo povoado de São João do Macabu, depois
Estação e Estação Velha, isso na primeira metade do século XIX.
Segundo o pesquisador Mário Guimarães, que prepara um
livro sobre personalidades madalenenses, Osório Bersot nasceu em
1871, vindo a falecer em 1946, deixando numerosa família. Pessoa
muito estimada na região, os moradores solicitaram à Câmara
Municipal de Santa Maria Madalena que oficializasse o nome do
lugarejo como Osório Bersot, pois, popularmente, a região já era
conhecida por Osório – “Vim do Osório hoje pela manhã.”; “Vou ao
Osório na segunda-feira.”, etc.

258
Nas fotos de Erick Aniszewisky, a Igreja de São João no Osório Bersot
em dois momentos diferentes.

Vista parcial da praça do Osório, foto de Nestor Lopes.

Casa do Sr. Arsênio no Osório Bersot. Foto cedida por Rozangela


Oliveira.

259
Paciência (Campos dos Goytacazes/Macabuzinho)

Simpática localidade próxima a Macabuzinho (2 km), embora


pertença a Serrinha, distrito de Campos dos Goytacazes, seu antigo
nome era Nossa Senhora de Santana do Macabu, posteriormente
transformado em Santana do Macabu. Adquiriu o nome de
Paciência por causa da proximidade com Macabuzinho – que foi
chamado assim até 1938.
Ocorre que a fama de Macabuzinho, antigamente chamado
de Paciência, como porto fluvial, como parada de tropeiros e como
estação ferroviária, estendia-se pelos dois lados do rio Macabu.
Tanto é que em Santana, havia até uma fazenda chamada Paciência.
Quando Macabuzinho adquiriu este nome (15-11-1938),
Santana tornou-se Paciência, ou melhor incorporou o nome do
vizinho.
Tal ocorrido serve para demonstrar também que no passado,
o termo Paciência designava toda aquela região, não se limitando
só ao perímetro urbano de Macabuzinho.
Paciência é uma referência direta ao fato de que a região era
um ponto de espera, por ser um porto, depois estação ferroviária
(Macabuzinho).
No processo de emancipação de Conceição de Macabu e
Macabuzinho, nos anos de 1951 e 1952, cogitou-se a transformação
de Paciência em território macabuense, porém, a possibilidade de
arrumar uma nova frente de lutas, dessa vez com Campos dos

260
Goytacazes, desanimou os líderes do movimento emancipacionista,
pois se a briga com Macaé já não era fácil, imagine juntar Campos e
Macaé contra Macabu?

Capela de Santana em Paciência.

Palioca, Localidade da

A comunidade da Palioca está localizada às margens da RJ


182, próximo ao bairro da Calçadinha.
É um logradouro que mescla características rurais, com
habitações típicas de áreas urbanas. Não possui comércio de tipo
algum, e a única atividade econômica é a produção de excelente
farinha de mandioca, hortaliças e legumes realizada por alguns
moradores.

261
O nome Palioca não tem uma explicação sensata, podendo
derivar de uma estranha mistura: “paul” + “oca”. “Paul”, palavra de
origem latina, significa pântano, e, “oca”, de origem indígena,
significa casa. Em algumas áreas constituídas de vales úmidos,
pantanosos, o termo latino paul parece se justificar até os dias de
hoje. Ou, derivando da igualmente estranha mistura de outro termo
latino “pálio”, que significa disfarce ou proteção, com a palavra
indígena “oca”. Neste caso, Palioca seria algo como “casa
escondida”. Ainda nessa linha analítica, se “paul” é pântano, e
considerarmos “-oca” como um sufixo de diminutivo (como em
engenhoca), o nome do lugar passa a significar “pequeno pântano”,
o que, convenhamos, é o termo que melhor se enquadra – embora
não seja conclusivo. O leitor que souber de alguma explicação mais
clara, faça contato.
O termo sofreu variações conforme quem o pronuncia: de
Paulioca, Paulhoca, Palhoca, até Palioca. Mas os moradores novos e
antigos do lugar são firmes em afirmar que o correto é Palioca.
No século XIX existia na região a Estrada da Palioca, que era
uma via que unia a Estrada Geral de Cantagalo à região do Sertão
do Quimbira. Outra estrada muito antiga que cruzava a região era a
Estrada do Roncador, que chegava até a Calçadinha. Nesta estrada,
foi tocaiado o subdelegado de Conceição de Macabu, Antônio
Pereira, num crime não esclarecido até os dias de hoje, o que
demonstra que essa é a terra dos crimes perfeitos – Motta Coqueiro
que o diga.

262
Informações colhidas nos Registros Paroquiais de Terras
entre 1855 e 1857, nos dão conta que boa parte da região pertenceu
ao Coronel Amado, político macabuense de projeção na região.
Utilizando os “Almanak Laemmert” de 1876 a 1881, constatamos que
existiu na região um estabelecimento comercial, propriedade de
Antonio José Porfírio e Cia.

Pão de Açúcar, Pico do (Amorosa)


Quem segue para a Amorosa, não deixa de perceber um
majestoso pico que surge da paisagem às margens da estrada. Esse
pico, tem formato de cone e alcança 300 metros de altura.
O nome Pão de Açúcar é uma referência comum a todas as
montanhas com formato de cone, pois lembravam os antigos pães
de açúcar, que eram pedras de açúcar mascavo, quebradas naquele
formato e, encaixotadas para transporte. Esse tipo de
acondicionamento do açúcar foi muito comum nos tempos do Brasil
Colonial, mas acabou denominando centenas de montanhas cônicas
em todo o país, principalmente a mais famosa de todas, que fica na
cidade do Rio de Janeiro.
Pão de Açúcar foi o nome de uma antiga propriedade rural
que existiu naquela região e que, segundo o Registro Paroquial de
Terras de Conceição de Macabu, em 1857 pertencia aos herdeiros
de Bernardino Pereira da Silva. Já no Almanak Laemmert de 1876,
diz que pertencia ao senhor Francisco José Leite.

263
Paraíso, Bairro do

O bairro do Paraíso é muitas vezes dividido em dois: Paraíso


de Cima (rua Esmeraldo Alfenas da Fonseca) e Paraíso de Baixo (rua
Bento de Andrade Lemos), diferença estabelecida por uma pequena
elevação que caracteriza a parte “alta” do bairro.
De qualquer forma, sendo um ou dois, o Paraíso é um típico
bairro de ligação, que une o centro da cidade ou a Avenida Victor
Sence ao Balancé e a Rhodia. Portanto, a marca registrada do bairro
são as suas grandes ruas, as já citadas Esmeraldo Alfenas da
Fonseca e a Bento de Andrade Lemos, onde são feitas as conexões.
Das duas, a rua Bento de Andrade Lemos, foi a antiga
Estrada do Paraíso, outra denominação comum na nossa história,
com mais de cem anos de referências.
O bairro não é só residencial, seu comércio é dinâmico,
havendo de bares e mercearias, até oficinas, restaurantes, salões de
cabelereiros, pousada, loja de eletrodomésticos, farmácia, fábricas
de artefatos de cimento, confecção, supermercado, etc.
O nome Paraíso já foi explicado quando narrei a origem do
termo Inferninho. Em suma, o Paraíso era o “feliz destino” das almas
que saíam do cemitério pelo Córrego das Almas.
Verifique também: Inferninho/Córrego das Almas/Córrego
do Purgatório.

264
Paraíso no Google Earth em 16 de maio de 2019, foto obtida a 1.200 metros de
altura. Área de 23,5 hectares. A via da esquerda é a Rua Bento de Andrade
Lemos e a da direita a Esmeraldo Alfenas da Fonseca.

Patos, Fazenda dos/Lagoa dos/Trevo dos


(Macabuzinho)

O Rio Macabu já fez parte de um sistema hídrico constituído


também de lagoas e brejos, principalmente no trecho mais plano,
entre Triunfo e a Lagoa Feia, onde fica sua foz natural. Uma dessas
lagoas, localizada onde hoje é o trevo da BR-101 com a Rodovia
Antonio Minguta de Oliveira, a RJ 196, que dá acesso direto a
Macabuzinho, era chamada de Lagoa dos Patos, e os quilométricos

265
brejos que existiam nas proximidades eram denominados Brejos dos
Patos. O nome dispensa uma explicação profunda, da mesma forma
que tínhamos lagoas com os nomes de Lagoa do Peixe, Piabas e
Socó, os patos, irerês, paturis e animais dessa espécie deviam ser
abundantes na região.
Numa fazenda da região da Lagoa dos Patos, nasceu o
primeiro político macabuense de peso, Francisco Nunes Amado de
Aguiar, o Coronel Amado, Cavaleiro da Ordem da Rosa, uma das
mais elevadas condecorações do Império. O coronel foi
subdelegado e juiz de paz em Macabu assim que ela tornou-se
freguesia em 1855, além de ocupar outros cargos em Macaé e
região. Também foi um dos mentores do projeto do Ramal
Ferroviário que cortou o território macabuense em 1878, atuando
anteriormente nos projetos de navegação fluvial e na construção de
estradas em toda região.
A lagoa e os brejos foram drenados e dragados entre os
anos 30 e os anos 60 do século passado, numa ação hoje
considerada criminosa pelos problemas ambientais que vem
provocando, mas, na época, era a desculpa para se tentar sanear a
região contra os terríveis mosquitos que ameaçavam o progresso,
etc. Desculpa?! Em alguns casos foi só isso, pois teve muita gente
aumentando suas propriedades por conta dos mosquitos..., ou
melhor, das dragagens e drenagens.

266
Uma batalha contra os goitacás...no Brejo dos Patos
Vários grupos indígenas habitavam Macaé: goitacás ao norte e
leste, tamoios ao sul, saruçus, guarus e coroados no Oeste. Os goitacás
habitavam as planícies litorâneas, as margens das lagoas, como a de
Carapebus e a Feia e, dos grandes rios da região, como o Paraíba, o
Ururaí, o Macabu e o Macaé.
Já os tamoios, inimigos dos goitacás, habitavam as regiões de
planícies e mangues próximos do rio Leripe (Rio das Ostras). Os
habitantes do oeste, saruçus, coroados e guarus, viviam nas
montanhas.
De todos, os goitacás foram os que mais resistiram ao contato
com os colonizadores, oferecendo-lhes uma forte resistência. Segundo
alguns cronistas e viajantes, como Jean de Léry, um francês que em
1578, esteve por aqui, os “uetacás”, como ele chamava os goitacás,
eram os “índios mais ferozes do continente”.
A fama dos índios, que apenas defendiam seu espaço, invadido
por estrangeiros que cobiçavam suas terras, rendeu-lhes uma inimizade
enorme dos homens brancos, que em 1599, resultou numa expedição
militar para derrotá-los.
Segundo o geógrafo Alberto Lamego, a expedição uniu-se aos
índios tamoios, que eram chefiados por Abaçaúnga, um homem “de
mais de cem anos de idade”. A expedição seguiu a nordeste de Macaé,
até que se travou uma feroz luta, onde os goitacás foram derrotados,
na região do Brejo dos Patos.
Infelizmente, segundo Alberto Lamego, o velho Abaçaúnga
“recebeu ferimentos que lhe causaram a morte”. O lugar onde a

267
referida luta foi travada, recebeu o apelido de Batalha, e assim é
conhecido até hoje, existindo uma fazenda chamada de Patos e
Batalha.

Segundo o Dicionário Aurélio:

Irerê
[Do tupi (onom.)]
S. m. e f. Bras. Zool.
Ave anseriforme, anatídea (Dendrocygna viduata), dos rios e
lagoas da África tropical, Antilhas e América do Sul. A parte anterior da
cabeça e a garganta são de cor branca; o occipício é preto; dorso
superior amarelado, raiado de escuro; dorso inferior, cauda, rêmiges,
meio do peito e barriga, pretos; coxas e flancos listrados de branco.
Sua voz repete as sílabas do seu nome popular.
Pato
S. m. Bras. Zool.
Ave anseriforme, anatídea (Cairina moschata), que ocorre do S.
do México ao N. da Argentina, em águas interiores. Cabeça e parte
inferior do corpo pardo-escuras; parte superior preta com lustro
esverdeado e purpúreo, e coberteiras superiores das asas, brancas
Paturi
[Do tupi.]
S. m. Bras. Zool.

268
1. Ave anseriforme, anatídea (Nomonyx dominicus),
distribuída do S. dos E.U.A. até o N. e L. da Argentina, de dorso
ferrugíneo raiado de preto, cabeça, faces e mento pretos, meio do
dorso inferior, cauda e rêmiges pardo-escuros, e espelho branco nas
asas. A fêmea é mais pálida, com a cabeça pintada de preto.

O irerê (direita) e o paturi ou pato selvagem, muito comuns nas lagoas da


região. Hoje em dia o irerê ainda é comum, já o paturi tornou-se raro.

Pedra Branca, Serra da/Fazenda da


O nome é uma referência baseada na Tradição Naturalística.
A fazenda e a serra pertencem ao terceiro distrito de Santa Maria
Madalena.

Periquito, Pico do (Santo Agostinho)


Trata-se de uma interessante formação rochosa existente
entre Santo Agostinho e Santa Maria, que lembra o bico de um
periquito. Tem quase 500 metros, é coberto pela Mata Atlântica e

269
por grandes paredões de granito. Formações rochosas semelhantes
receberam o nome de “pão de açúcar” e “agulha” aqui mesmo na
nossa região, mas o Pico do Periquito, por apresentar uma parede
mais íngreme que as demais, de fato lembra o bico da simpática
ave.
Segundo o Michaelis:

Periquito
[Do esp. periquito.]
S. m.
1. Bras. Zool. Ave psitaciforme, psitacídea (Tirica chiriri),
de larga distribuição geográfica, de coloração verde, com parte das
coberteiras superiores maiores da asa amareladas e as coberteiras das
rêmiges da mão azuis; tuixiriri.

Piabas,Fazenda dos/Localidade dos

O nome é muito antigo e faz referência ao tempo em que


uma lagoa se formava na região toda vez que o Rio Macabuzinho
enchia e extrapolava seu leito natural. A lagoa, muito rica em peixes,
desaparecia com a seca, mas mesmo assim o nome do principal
peixe encontrado acabou ficando e, de Lagoa dos Piabas, ficou
apenas Piabas.
Infelizmente, como aconteceu com todas as lagoas que
acompanhavam os cursos dos rios Macabu e Macabuzinho, a dos

270
Piabas também foi drenada e suas terras anexadas ao patrimônio
dos proprietários rurais da região.
A maior cantora do Brasil e mais ilustre personalidade
artística macabuense, Ângela Maria, nasceu na localidade dos Piabas
em 1928, batizada e registrada em nossa cidade com o nome de
Abelim Maria da Cunha.
Apesar do nome ser feminino em Conceição de Macabu
foi masculinizado, tanto é que usualmente dizemos: “Vamos aos
Piabas.”; ou “Irei nos Piabas.”, etc.
Segundo o Dicionário Aurélio:

Piaba
[Do tupi = 'pele manchada'.]
S. f.
1. Bras. Zool. Designação comum a várias espécies de
peixes fluviais, actinopterígios, caraciformes, caracídeos, especialmente
dos gêneros Leporinus e Schizodon, de boca pequena, dentição forte,
e que se alimentam de matéria vegetal e de animais em decomposição;
piava, piau, aracu.
2. Bras. N.E. Zool. V. lambari (1).

271
O mais famoso peixe de água doce batizou a região: a piaba.

Ângela Maria nasceu na localidade dos Piabas.

Piteira, Bairro da
A Piteira é um dos bairros mais distantes do centro da
cidade, muitas vezes confundido com uma localidade à parte, mas
que está inserido no perímetro urbano, como todas as localidades
na margem esquerda do Rio Macabuzinho.
Trata-se de um bairro relativamente antigo, tendo sua
origem na Estrada Geral de Cantagalo, também conhecida como
Estrada Macaé-Cantagalo. Na Piteira havia um “rancho”, onde os

272
tropeiros costumavam pernoitar e descansar seus animais. A partir
daí, a região foi sendo lentamente povoada até sofrer uma explosão
populacional nos anos 80, quando o êxodo rural levou várias
famílias para o bairro.
Já a palavra piteira denomina uma planta da família dos
gravatás e da babosa, da qual extraem-se fibras para confecção de
cordas. Também conhecida como sisal, é originária do México, mas
adaptou-se tão bem ao Brasil, que se espalhou por todo lado como
se fosse nativa.
No passado, algumas fazendas da nossa região plantavam
piteiras para produzir cordas, além de outros produtos. Era uma
produção artesanal, que não resistiu ao similar de origem industrial,
feito de plástico, muito mais barato.
Acabou a produção de sisal, mas ficaram as piteiras, o que
deu origem a várias expressões como “vamos lá nas piteiras”, Sítio
das Piteiras, por fim, Piteira. O termo ganhou popularidade com
Doco, Manoel Gonçalves, que se referia a região como Piteira,
introduzindo de vez o nome entre os das localidades de Conceição
de Macabu.
Uma das marcas registradas do bairro era uma raia de areia,
localizada na antiga estrada para Triunfo (RJ-182), onde a população
divertia-se com corridas de cavalos e outras competições equestres.
Com o asfaltamento da RJ-182, e a mudança de seu trajeto, o antigo
leito foi incorporado ao patrimônio de uma fazenda vizinha,
resultando no fim da raia.

273
O asfaltamento resultou na colocação de placas de
sinalização, onde se lê Piteiras em vez do correto, Piteira. Mas, como
os nomes por aqui mudam mesmo, podemos esperar de tudo,
inclusive a pluralização do termo Piteira.
Recentemente a localidade, que já tinha escola, creche e
posto de saúde, recebeu uma unidade escolar modelo, a Escola
Municipal Almerinda de Matos Henriques, bonita por fora e modelar
por dentro.
Segundo o Dicionário Michaelis:

Piteira
[De pita + -eira.]
S. f.
1. Bras. Bot. Grande erva rosulada, da família das
agaviáceas (Fourcroya gigantea), de origem mexicana, mas já
subespontânea no Brasil, e cujas folhas, grossas, longas e aceradas,
fornecem boas fibras. A inflorescência é enorme panícula, que alcança
vários metros, e, em vez de fruto, produz uma multidão de bolbilhos,
que servem à propagação vegetativa. [Sin., nesta acepç.: pita, (cabo-
verd.) carrapato.]
2. Bot. V. agave (2).

274
Piteira no Google Earth, 16 de maio de 2019.
Área de 10 hectares.

Escola Municipal Almerinda de Matos Henriques, inaugurada em 2018. Foto do


site da Prefeitura Municipal de Conceição de Macabu.

275
A planta que deu origem ao nome do bairro: piteira ou agave. Foto
Wikipédia.

Poaia, Fazenda da, Região da (Curato de Santa


Catarina)

Localidade rural próxima ao Curato de Santa Catarina, na


verdade chama-se Fazenda da Poaia, mas o nome já “migrou” para
a estrada – Estrada do Poaia – e a localidade.
A estrada tem crescido de importância por ligar as rodovias
RJ-182 e RJ-196.
Poaia é uma planta, um arbusto, de no máximo 1,50m,
também conhecida por ipicacuaia ou ipecacuanha, de flores azuis,
melíferas. É uma planta medicinal, indicada para problemas do

276
sistema respiratório, que geralmente é encontrada em ambientes
úmidos.
De acordo com o Dicionário Aurélio:

Poaia ou Ipecacuanha
[Do tupi = 'pênis de pato'.]
S. f. Bras. Bot.
1. Erva humilde, da família das rubiáceas (Cephaelis
ipecacuanha), de longas raízes grossas e nodulosas, que fornece a
emetina, e cujas pequenas flores se reúnem em capítulos. Vive no solo
das florestas pluviais .
[F. red.: ipeca. Sin.: cagosanga, poaia, raiz-do-brasil.]

Poaia do Campo. Foto site Agrobase.

277
Pontal, Pedra do (Osório Bersot)

Localizada na região do Osório Bersot, seu nome é uma


relação com seu formato, lembrando uma ponta gigante, de pelo
menos uns 200 metros, que se destaca na paisagem local. O tipo de
formação rochosa que deu nome ao Pontal, também é chamado de
pão-de-açúcar.

A formação rochosa que deu nome ao local. Foto Blog Amigos do


Pontal.

Ponte Branca
Entre 1967 e 1968, uma enchente histórica levou a ponte que
ficava sobre o rio Macabu, na estrada para o Imbé.
Com recursos estaduais foi construída uma nova ponte de
concreto, que, ao ser caiada de branco para inauguração, recebeu o
nome que tem até hoje.
Também pode ser chamada de Beira Rio.

278
Ponto Pinheiro, Localidade

Muito já se especulou sobre Ponto Pinheiro, inclusive que o


nome estaria ligado à uma grande árvore, do tipo pinheiro
americano, que existia naquele local. A verdade, no entanto, é
bastante diferente.
A região de Ponto Pinheiro, na primeira metade do século
XIX, era domínio da família Pinheiro, cujo ramo mais conhecido
foi o Pinheiro Maia, que deu origem ao Padre Florêncio das
Dores Maia, vigário da Freguesia de Nossa Senhora das Neves e
Santa Rita, primeiro vigário da Freguesia de Nossa Senhora da
Conceição de Macabu, acredito eu, uma de nossas primeiras
personalidades.
A família Pinheiro possuía não só fazendas, como também
estabelecimentos comerciais, inclusive tropas que trafegavam pela
Estrada Geral de Cantagalo. Dessa forma, além da sede de uma
grande propriedade rural, a região abrigava verdadeiro entreposto
comercial que resultou no nome Ponto dos Pinheiros, depois
abreviado para Ponto do Pinheiro e finalmente Ponto Pinheiro.
O nome “ponto” surgiu com a navegação fluvial pelo Rio
Macabu, pois havia um pequeno embarcadouro, para quem
desejasse chegar ao Curato de Santa Catarina. Quando da
construção da Ferrovia Barão de Araruama, que possuía naquela
região um pequeno porém movimentado ponto de embarque e

279
desembarque para quem desejasse chegar ao Curato, o nome
Ponto do Pinheiro foi registrado.
Como foi possível perceber, o nome Ponto Pinheiro tem
relação estreita com o Curato, localidade próspera, mas sem
ligação direta com o Rio Macabu ou com o ramal ferroviário, o
que era feito via Ponto Pinheiro.
Trata-se de uma localidade rural cuja principal referência é
a Escola de Aviação Sky Clear, especializada em formação de
pilotos de helicóptero.

Escola de Aviação Sky Clear localizada em Ponto Pinheiro. Fotos do


site da escola.

Porto, Bairro do

Porto sugere que Conceição de Macabu já possuiu


atracadouros para embarcações. De fato, Conceição de Macabu
teve muitos portos fluviais, como Estação, Bertioga, Sertão, Ponto
Pinheiro, Macabuzinho, etc.

280
Só que o Porto tem seu nome ligado não a um porto fluvial,
mas ao sobrenome Porto.
Em fins do século XIX, princípio do século XX, a região do
porto era uma grande chácara do português Manoel Alexandre
Porto, ou “seu Porto”, como era mais conhecido.
Daí surgiu o termo “Porto” – “vou ao Porto”, “veio do Porto”,
“lá no Porto” – para definir a localidade, que após diversas divisões
ocorridas nos sítios, chácaras e fazendas, foi povoado, cresceu e
transformou-se no bairro do Porto.
Voltemos ao cidadão lusitano Manoel Alexandre Porto, que
foi o primeiro a construir uma casa no bairro que leva seu nome,
sendo, portanto, o pioneiro na formação do bairro. Além desse
pioneirismo, “seu Porto” foi o primeiro empresário do ramo de
cinema em Conceição de Macabu, quando, na década de 10,
montou uma sala de cinema num prédio localizado na Praça, ao
lado da casa do Dr. José Bonifácio Tassara, construção que não
resistiu a uma violenta tempestade no verão de 1989.
O bairro do Porto é um dos que mais vem crescendo em
nossa cidade, já tendo como prolongamento o Porto Novo (ver
abaixo). Muitas construções de casas e comércios, loteamentos,
chegada de novos moradores, enfim, um bairro progressista.
Retornando à questão histórica, todos sabem que o bairro
é tangenciado pela RJ-182 e é cortado pela Rodovia Antonio
Minguta de Oliveira, a RJ-196. A RJ-182 foi parcialmente
construída sobre o leito da antiga Estrada Geral de Cantagalo,

281
que naquela região do atual bairro do Porto era cortada por
estradas vicinais que levavam à “barra do Sertão”, no Rio
Macabu, onde, de fato, havia um tosco porto fluvial.

Com área de 27,6 hectares, essa foto do bairro do Porto, tirada a 1.500 metros
de altura pelo Google Earth, destaca-se como um dos maiores da cidade.

Porto Novo (Porto)

Até março de 2003, por conta da primeira edição desse livro,


era a localidade caçula do nosso município, povoada a partir do ano
2000, oriunda de um loteamento realizado em terras da Fazenda
São José, no bairro do Porto, bem na divisa com o bairro da Beira
Linha. Já o nome lembra a história do nome da Vila Nova, uma
contraposição a “Vila Velha”, ou seja, a “Vila de Macabu”. Do mesmo
modo, Porto Novo se contrapõe ao antigo bairro do Porto, o “Velho
Porto” – no melhor sentido, é claro.

282
Posse de Dentro/Fazenda/Localidade da

A fazenda pertenceu ao Dr. Otto Linhares e hoje pertence a


seus familiares – viúva e filhos. O nome é uma referência a uma
posse interior, como se denotasse uma propriedade mais retirada. A
fazenda é um destaque por sua grande reserva florestal, conservada
apenas devido ao esforço pessoal do Dr. Otto e seus familiares.
O surgimento de algumas moradias na região recebeu o
sugestivo nome de Posse de Dentro, que nos últimos 20 anos
tornou-se o lar de diversas famílias que formam um lugarejo que
para alguns pertence a Álcalis, para outros já forma com o Conjunto
Habitacional Sílvio Soares Tavares uma localidade à parte.

Posse de Dentro com seus 2 hectares de área no Google Earth, em


foto de 26 de maio de 2019 há 375 metros de altura.

283
Praça (Centro)

Como já tratei da parte histórica ao tratar do Centro,


aproveito para contar um pouco sobre a evolução do nome Praça,
até hoje muito usado por aqueles que se dirigem ao Centro da
cidade. Esse nome surgiu com data marcada: 1º de maio de 1891,
quando o então governador Francisco Portela elevou a Freguesia de
Nossa Senhora da Conceição de Macabu à categoria de “Villa”,
emancipando-a. Para comemorar o feito, a Câmara Municipal do
recém-criado município, batizou-a área em frente à Igreja, de Praça
1º de Maio. Pronto, assim nascia o termo Praça, simbolizando o
Centro da cidade, principal referência do recém-nascido município.
Com a extinção do município, trezentos e sessenta e quatro
dias depois, o termo não foi deixado de lado, mas mantido em uso,
e sendo até mesmo reforçado, quando a Câmara Municipal de
Macaé, consternada pelo falecimento de Alberto Santos Dumont,
deu seu nome à praça do então 5º distrito. Embora os macabuenses
nada tivessem contra Santos Dumont, o que nunca faltou em
Conceição de Macabu foi personalidade para ser homenageada
com nome em rua, praça, etc., mas cadê coragem para trocar o
nome?
Em 1992, por ocasião do falecimento do benemérito
macabuense (embora nascido em Miraí-MG), Dr. José Bonifácio
Tassara, homem que era praticamente uma unanimidade em nossa
cidade, o nome da praça foi finalmente trocado.

284
De qualquer forma, o termo Praça sempre foi reforçado,
mesmo quando era trocado o nome da pracinha. Esse reforço ficava
mais evidente nos períodos do campeonato macabuense de futebol
e do carnaval, quando os diversos bairros, especialmente o bairro
da Usina, ameaçava a “hegemonia” do centro da cidade. De forma
simbólica, uma conquista do São Luís F.C., principalmente sobre o
arquirrival Rio Branco F.C., era uma vitória da Usina sobre a Praça.
Ou, o que era mais comum, uma vitória da escola de samba Unidos
da Usina sobre a Acadêmicos da Praça, era uma forra contra o
domínio tradicional da Praça. Pelo menos, em vez de brigar pelo
domínio da cidade, os macabuenses canalizavam a rivalidade para o
esporte e o carnaval.

Centro da cidade, Praça Santos Dumont, em 1957. Acervo de Marília


Tassara.

285
Vista da Praça Dr José Bonifácio Tassara de dentro da varanda da casa
da família Enne. Foto de Maria Luísa Enne.

Praça Santos Dumont num postal de 1976. Autor desconhecido.

286
Foto da Marcação Multimarcas mostrando vista parcial da Praça.

Procura, Localidade do/Serra do

O nome vem da Fazenda do Procura, que hoje deu origem a


uma localidade que ainda guarda características majoritariamente
rurais. Trata-se de uma extensão do bairro da Vila São José, sendo
predominantemente habitacional.
Já a origem do nome é curiosa: consta-me, através de
Luciano Leal Tavares e Morrissom Cordeiro Couto, que na época em
que a fazenda pertencia ao pai do saudoso Major Couto – Manoel
Gomes do Couto – um dos tios do major, caçador habilidoso,
perguntou ao pai do mesmo, onde havia porcos-do-mato (catetos
ou queixadas). A resposta suscitou o nome da fazenda: “Procura,
que você vai achar.”

287
O termo “Procura” ficou, pegou e é um dos mais exóticos
que temos em Macabu.
A Serra do Procura tem grande parte de sua área dentro do
perímetro urbano de nossa cidade. O que conhecemos como
“Floresta do Fórum”, por exemplo, é parte da Serra do Procura.
Várias serras da Bocaina, fazem parte da Serra do Procura. Em
termos de altitude, seu ponto máximo chega a 600 metros e,
embora não esteja oficialmente regulamentada, toda a área está
inserida numa Área de Proteção Ambiental (APA).

Quarenta, Fazenda dos/Trevo dos


O Trevo dos Quarenta é a interseção da Rodovia Amaral
Peixoto com a BR-101, distante 23 km do centro de Conceição de
Macabu. É o caminho obrigatório para milhares de macabuenses,
que semanalmente dirigem-se ao município de Macaé, para as mais
diversas atividades.
Já o nome original é Fazenda dos Quarenta, sem que
nenhuma explicação lógica e comprovável pudesse ser atribuída
ao termo “quarenta”.
No Trevo dos Quarenta foi edificado, em tempo recorde,
uma agrovila, que recebeu o nome de Jaime Vieira. A
inauguração da mesma deu-se em meados do ano de 2002,
sendo, portanto, uma das localidades caçulas da região.

288
Quilombinho (Osório Bersot)

Segundo a tradição oral, o lugar abrigou um quilombo, sobre


o qual não há informação complementar comprovável. O local
pertence nos dias de hoje ao senhor Hermes Fontes Tavares, e
como tudo que lhe pertence, trata-se de uma propriedade muito
bem conservada, com exuberante floresta nativa e belas cachoeiras,
além da fauna preservada.
De acordo com o Aurélio:

Quilombo
[Do quimbundo, quicongo e umbundo lumbu, 'muro', 'paliçada',
donde kilumbu, 'recinto murado', 'campo de guerra', 'povoação', ou do
umbundo kilombo, 'associação guerreira'.]
S. m.
1. Bras. Angol. Esconderijo, aldeia, cidade ou conjunto de
povoações em que se abrigavam escravos fugidos: & [Cf. mocambo
(1).]

Quissamã

Embora de fácil explicação, o topônimo Quissamã, pode-se


dizer, tem no mínimo uma História sui generis, pois remonta aos
primeiros exploradores da região, os Sete Capitães, que em 1632
encontraram um africano vivendo entre os índios daquela região.
Segundo os relatos de Miguel Aires Maldonado, registrados em um

289
diário, o africano ao ser perguntado, disse que vinha de um lugar na
África chamado Quissamã, o que acabou gerando Quissamã.
Outras facilidades estão em se contar a História e a Geografia
do município, pois graças aos interesses culturais de governos
recentes (o município é novo), muitos estudos foram feitos na
região e sobre a região, tornando qualquer narrativa bem fácil.
Quissamã, por exemplo, foi a primeira freguesia do antigo
município de Macaé, isso em 1755 (Macaé só se tornaria freguesia
na sua criação, em 1813), e, graças à cana de açúcar, foi o mais
importante distrito macaense em quase todo século XIX, sendo a
terra de origem de uma rica elite, com grande exponencial político,
tanto regional quanto nacional.
Distante exatos 50 km de Conceição de Macabu, emancipada
em 1989, com território de 715 Km² e população superior a 24 mil
habitantes, é o lar e local de trabalho de muitos macabuenses.

Quissamã vista do alto.

290
R
Rego Barros, Educandário/Colégio
Agrícola/FEEM/FIA
Ver São Domingos.

Rhodia, Bairro da

O bairro da Rhodia tem seu nome associado a uma das


maiores indústrias químico-farmacêuticas do mundo: a
multinacional alemã Rhodia S/A., Mas como esse nome, digamos
exótico, veio parar em Conceição de Macabu?
Os herdeiros da Usina Victor Sence, visando torná-la mais
competitiva, resolveram diversificar sua produção, com a fabricação
de subprodutos do álcool, solventes especiais, destinados a fábricas
de tintas, vernizes, lâmpadas, etc. Esses subprodutos, acetona,
butila, butanol, acetato de butila e alguns tipos de álcoois, eram
produzidos de duas formas: um processo sintético, destinado a
grandes produções e um processo rudimentar, com capacidade

291
limitada de produção, porém com um produto final de mais
qualidade.
A montagem das unidades de fabricação, bem como a
aquisição das patentes, exigiu da empresa certo nível de
endividamento com credores externos, europeus e americanos e,
como se sabe, essas dívidas eram cotadas em dólar. Incapazes de
fazer frente à alta do dólar, especialmente no período inicial dos
anos 60, tendo suas dívidas aumentadas ano a ano, a saída foi
vender uma das fábricas, exatamente a maior, por processo
sintético. O comprador foi um polvo gigantesco, acostumado a
destruir quem lhe cruzasse o caminho, cujos tentáculos chegaram a
Conceição de Macabu, a Companhia Química Brasileira Rhodia, uma
multinacional, aliás uma das maiores do mundo até hoje.
A Rhodia, temendo a reação popular contrária ao desmonte
de uma das fábricas, armou um plano ardiloso: fingia se instalar em
Conceição de Macabu, mandando diretores para cá, patrocinando
festas e eventos, mas na verdade, ia desmontando aos poucos a
fábrica e, a enviava a São Paulo.
Pois bem, apesar de toda reação contrária que foi articulada,
não houve jeito, a fábrica se foi. A Usina Victor Sence, pioneira
latino-americana na fabricação dos produtos acetona, butanol,
butila e acetato de butila, tornou-se apenas mais uma produtora
desses gêneros. No local onde todos achavam que se instalaria a
Rhodia em Conceição de Macabu, nasceu um bairro com o nome
Rhodia.

292
A Rhodia, que não passou de ilusão, se foi, levando vários
macabuenses que até hoje formam uma grande comunidade em
Paulínia e Campinas-SP, deixando para trás alguns corações
partidos de saudades e canos que serviram para captação d’água
no Socó e no Monte Cristo, em uso até hoje. Se foi também mais
uma oportunidade perdida de se possibilitar ao nosso município
mais uma alternativa de desenvolvimento.
Com o nome já definido, a Rhodia vem recebendo novos
moradores todos os anos, sendo um dos maiores e mais
progressistas bairros da cidade, para muitos, subdividindo-se com o
Mutirão, já tratado anteriormente.
É um bairro de características mistas, compreendendo
aspectos econômicos, urbanos e residenciais, situando-se num bom
patamar quanto ao item estrutura, ao lado da Bocaina, Vila Nova,
Balancé, Porto e Centro.

As casas de Dona Zita


Um dos principais fatores que determinaram o surgimento e o
crescimento da Rhodia, foi a ação assistencialista de Dona Zita
(Leovegilda Paixão Fontes), primeira dama do município, esposa de um
dos maiores políticos de todos os tempos: Rosendo Fontes Tavares.
O casal adquiriu oito lotes e os doou em usufruto a oito famílias
carentes. A partir dessa vila, constituída em 1965, deu-se início ao
povoamento ostensivo do que hoje é o bairro da Rhodia.

293
Macabuenses pelo mundo
Macabuenses podem ser encontrados em todo lugar: de Porto
Alegre a Manaus, de João Pessoa a Cuiabá. Mas quando foi desfeita a
ilusão de que a Rhodia seria instalada em Conceição de Macabu, dois
ciclos migratórios se formaram: um grupo acompanhou a empresa até
o interior de São Paulo, fazendo com que dezenas de macabuenses
residam até hoje em Paulínia e Campinas. Outro grupo, ou por não se
adaptar ao trabalho e à vida nessas cidades, ou por conseguir coisa
melhor, de lá partiram para outras regiões e cidades: São Paulo,
Curitiba, Florianópolis... E ainda houve um pequeno grupo, que se pode
contar nos dedos de uma das mãos, constituído de moças casadas com
estrangeiros que trabalhavam na empresa, cujo destino as levou ao
interior da França e da Inglaterra.

Rhódia no Google Earth em 16 de maio de 2019, foto obtida há 1.200


metros de altura. Área de 9,9 hectares.

294
A Rhódia S.A. “indo” para São Paulo – Diário de Notícias de 19-10-
1970.

Ribeirão Vermelho (Trajano de Morais/Conceição de


Macabu)
Ribeirão existente entre os municípios de Trajano e
Conceição de Macabu. Suas águas se juntam ao do Rio Carukango,
formando o Rio Carukango. Não há uma explicação lógica para o
nome do ribeirão, mas creio que tal e qual o Córrego do Catrame,
situado na mesma região, um dia suas águas foram avermelhadas,
como iodo ou café. Em outras palavras, apesar de ainda ser um
ribeirão belo por suas corredeiras, poços e cachoeiras, o
desmatamento em suas margens modificou uma de suas
características físico-químicas, a cor avermelhada.

295
O ribeirão, um dos mais bonitos do município, nasce na
região que herdou seu nome: Córrego Vermelho. De lá, além de
banhar a localidade, percorre diversas propriedades rurais, até
chegar no Calambau cujo topônimo tratamos nesse livro, seguindo
daí até o encontro com o Rio Carukango.
Nos últimos 15 anos, após a intensa degradação das margens
do Rio Carukango, este, até seu encontro com o Ribeirão Vermelho,
parece, na verdade, ser o afluente e não o rio principal. Tal fato deu-
se por conta de menor grau de degradação ambiental do afluente
em relação ao curso principal.

Rio Aduelas

O Rio Aduelas localiza-se na região sul-sudeste do nosso


município, divisa com Macaé. Faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio
Macaé, sendo um afluente do Rio São Pedro que, por sua vez, é o
mais importante contribuinte do Macaé. O rio corta uma região de
pecuária de corte, quase toda constituída de uma planície muito
fértil, de solos hidromórficos, ricos em turfa. O rio passa pela BR-101,
na região conhecida como Brejo da Severina, num ponto em que a
pesca é muito farta, especialmente em traíras, jundiás, sarapôs
(puxa-facas) e piabas.
O nome Aduelas é curioso: aduelas são aquelas tábuas
encurvadas de que são feitos os tonéis e barris.

296
Por que o nome, afinal? Bem, houve um tempo em que o sul
do nosso município tinha uma vida econômica muito movimentada,
destacando-se a produção de café, cana, mandioca, gado bovino e
equino. Naquela época, havia dois acessos à região: ou pelas trilhas
abertas pelos padres da Missão de Nossa senhora das Neves e
Santa Rita, que iam até o Curato de Santa Catarina, ou através de
um porto fluvial no rio São Pedro, na região da Bertioga.
O rio Aduelas, bem menor que o São Pedro, só comportava
pequenas canoas, muito parecidas com aduelas de fazer barril, de
onde se explica o nome do rio. Assim, por trafegarem no rio apenas
canoas pequenas, como aduelas de barril, o rio recebeu esse
curioso nome.
Nos Registros Paroquiais de Terras da Freguesia de Nossa
Senhora da Conceição de Macabu, datados de 1855 a 1857,
seguindo a famosa Lei de Terras de 1850, aparece diversas vezes o
termo “terras do Aduellas”, e os termos “córrego das Aduellas” e “rio
das Aduellas”.
Segundo o Michaelis:

297
Aduelas
[De a-5 + fr. douelle.]
S. f.
1. Tábua encurvada com que se forma o corpo de tonéis,
pipas, etc.
2. Pedra em forma de cunha secionada, que se emprega
na construção de arcos e abóbadas de cantaria.
3. Peça de madeira que forra as ombreiras das portas e
janelas.
4. Abertura de ferro dos saca-trapos [v. saca-trapo (1)
]

O Rio Aduelas visto do parapeito da ponte na BR-101. Imagem do Google


Street View coletada em 28 de maio de 2019.

298
Brejo da Severina, tendo da esquerda para direita, embaixo, a BR-101, e a
união dos rios São Pedro (direita) e Aduelas (esquerda).

Rio Carukango
O nome já foi explicado quando tratei de Carukango
enquanto região. Portanto recomendo ver Carukango. Quanto ao
rio, é um curso encachoeirado, especialmente bonito, com várias
cachoeiras e poços, dentre elas a mais famosa da região, a
Amorosa.
Nasce na Serra do Carukango entre Macaé e Conceição de
Macabu, percorrendo 3 km até se encontrar com o Córrego
Vermelho e com o Rio Macabu cerca de 4 km depois.

299
Menos famosa que a Cachoeira da Amorosa, a Cachoeira do Carukango tem
nome e História associada ao Rio Carukango. Foto do autor.

Rio do Meio

Rio aluvial, afluente do Macabu, que corta principalmente o


segundo distrito de Conceição de Macabu, nas regiões entre Barro
Vermelho e Patos. O nome é uma referência ao fato de o rio estar a
meio caminho entre algumas estradas provinciais.
É um dos rios menos conhecidos do município, entretanto, é
um importante curso hídrico entre as regiões do Assentamento de
Capelinha e Barro Vermelho, em que se percebe também grande
deterioração, pois apresenta margens desmatadas, cobertas de
plantações de capim.
O rio segue pela BR-101, onde estabelece as divisas entre
Carapebus e Quissamã, exatamente na parte que é alvo de disputa
entre Carapebus e Conceição de Macabu. Ainda neste quesito, é o
rio que marca as divisas entre os municípios de Conceição de
Macabu e Quissamã.

300
O Rio do Meio nasce na região do Barro Vermelho em
Conceição de Macabu, percorrendo 26 km até desaguar no Rio
Macabu, sendo um dos menores afluentes deste.

Encontro do Rio Macabu (acima) com o Rio do Meio (abaixo), na planície que
marca as divisas entre Conceição de Macabu e Quissamã. Foto do Google
Earth em 05 de junho de 2019.

Rio Macabu

Como desconfio que o leitor já deve estar cansado de tanto


Macabu, serei breve. O Rio Macabu não tem um nome fácil de ser
explicado, bastando para isso dar uma olhada em Conceição de
Macabu, assim, não vou retornar a polêmica. Como rio, foi e é um
dos mais importantes do estado, pois ecologicamente é o principal
curso hídrico de uma bacia hidrográfica de respeitáveis 1.076 km2
divididos pelos municípios de Trajano de Morais, Santa Maria
Madalena, Campos, Quissamã e Conceição de Macabu, região onde

301
ainda estão preservados significativos remanescentes da Mata
Atlântica de montanha e de planície. O rio nasce na Serra do
Macabu, percorre mais de cem quilômetros, e deságua na Lagoa
Feia. Sua bacia tem grande importância econômica, pois fica nela a
melhor bacia leiteira do estado (Conceição de Macabu), a maior
produção de coco, cana, abacaxi e maracujá do estado, e, uma das
poucas regiões produtoras de hortigranjeiros do Rio de Janeiro, em
Trajano de Morais.
Independentemente de sua importância estratégica, é o rio
que nos dá o nome. Uma das muitas razões que fazem dele parte
de cada macabuense, a ponto de sermos o povo pioneiro na luta
contra a destruição das florestas ciliares, e contra a criminosa
Hidrelétrica do Macabu, que interrompe e desvia as águas do
Macabu, provocando enumeráveis prejuízos econômicos,
ambientais...

Foto aérea da planície alagada do Rio Macabu. Foto cedida por Eleny
Oliveira.

302
Faisqueira no Rio Macabu. Os índios usavam as faisqueiras para fazer
suas armas e ferramentas. Foto do autor.

Rio Macabu na planície. Foto de Daniel Ignácio.

303
Rio Macabu. Foto do autor.

Rio Macabu nas proximidades de sua foz, Lagoa Feia, Quissamã/Campos dos
Goytacazes. Foto de Aristides Soffiati Neto.

Rio Macabuzinho

Um dos maiores e mais importantes afluentes do rio Macabu,


tem suas principais nascentes nas serras dos Piabas, Sobra de Terras
e Monte Cristo.

304
Em quase toda extensão de pouco mais de 20 km, o rio
Macabuzinho é um curso hídrico de aluvião, de águas calmas,
percorrendo um enorme vale que ele e algumas intempéries
formaram ao longo dos melhores anos de ação contínua.
No rio Macabuzinho ocorria a principal captação de
abastecimento para Conceição de Macabu (Batatal) e, um de seus
afluentes, o córrego do Socó, abrigava outra importante captação,
até inaugurarem o sistema que capta água no Rio
Carukango/Amorosa. Além dessa importância, o rio percorre
inúmeras propriedades rurais, onde serve como fonte principal de
abastecimento.
O rio sofreu inúmeras alterações ao longo do tempo.
Desmatamentos, queimadas, drenagens de pântanos e lagoas,
poluição, lixo, tudo isso tem contribuído para que o Macabuzinho
venha ano após ano perdendo suas características naturais e, cada
vez mais se assemelhando a um valão sujo de onde provém nossa
água potável.
O rio Macabuzinho aparece em mapas muito antigos. Um
deles por exemplo, é de 1848. O rio é apresentado como o afluente
principal do Macabu, o diminutivo é como se este afluente fosse o
herdeiro das qualidades do rio principal. Também é apelidado de
“Macabu Pequeno”, em contraposição ao “Macabu Grande”.
No Registro Paroquial de Terras de 1855 a 1857, inúmeros
proprietários rurais aparecem como possuidores de posses ou
fazendas na região descrita como “no Macabuzinho”, por exemplo:

305
Eugenio Carvalho de Mattos, Candido Flores de Oliveira, Luíza
Pereira da Silva, Adriano Daumas (ou será ‘Adrien Daumaz’?),
Francisco Gomes de Oliveira e Joaquim José Nunes.
O Almanak Laemmert de 1877, que faz referências aos
fazendeiros macabuenses do ano anterior, cita como grande
propriedade rural na região do Rio Macabuzinho, a da Sra. Maria
Catharina Daumas – também possuía uma grande olaria. A fazenda,
chamada de Macabuzinho, diminutivo de Macabu, ajudou a firmar o
nome do rio.

Curiosidade:
Macabuzinho é banhado pelo rio Macabu, Conceição de
Macabu pelo rio Macabuzinho.

Rio Santa Catarina


Ver Santa Catarina.

Rio São Pedro

O Rio São Pedro nada tem a ver com a Serra do São Pedro.
O rio é o segundo mais importante em tamanho do nosso
município. Localizado na divisa com Macaé, era o principal
obstáculo que os missionários católicos enfrentavam para chegar ao
interior do nosso município, o que também explica seu nome dentro
da tradição luso-católica.

306
O rio São Pedro é um afluente do Rio Macaé, aliás, o
maior e mais importante deles, o que não nos deixa esquecer
que o município de Conceição de Macabu está situado entre
duas bacias hidrográficas: a do Macaé, ao sul e sudoeste; a do
Macabu, centro-oeste, sudeste, leste, oeste e norte.
O rio tem história, e muita. É seguidamente citado em
variados documentos e livros, desde o século XVIII, como limite
territorial dos índios sacurus, bem como outras referências, como
a navegação fluvial, por exemplo.
Como São Pedro é muito homenageado por aqui, busquei
informações resumidas sobre o Santo num sítio, o
www.santododia.com.br , veja só:

São Pedro
Comemora-se no dia 29 de julho. Neste dia a Santa Igreja comemora
as duas grandes colunas da Igreja nascente: São Pedro, Príncipe dos
Apóstolos e Vigário de Jesus Cristo, e São Paulo, o Apóstolo dos
Gentios.

Rochedo, Fazenda do
Localizada na estrada para o Imbé, tem seu nome em
referência a um paredão rochoso e bem vistoso para quem trafega
na estrada ou visita a sede da fazenda.
Segundo o Michaelis:

307
Rochedo
(ê). [De rocha + -edo.]
S. m.
1. Grande rocha, volumosa, elevada; penedo, penhasco.
2. Rocha escarpada; alcantil, penhasco.
3. Penhasco batido pelo mar ou à beira-mar; penedo.
4. Anat. A parte mais dura e forte de cada osso temporal.
5. Fig. Rocha (5 e 6).

Árvore torta na estrada para Santo Antônio do Imbé, há poucos quilômetros


da Fazenda do Rochedo. Foto do autor tirada nos anos 80. A árvore morreu
devido a um incêndio.

Roncador, Córrego do/Estrada do (Calçadinha)


O nome é uma referência ao barulho das águas do córrego,
especialmente em tempos chuvosos. É um nome antigo, dos
tempos da construção da Estrada Geral de Cantagalo, quando foi
aberta a Estrada do Roncador.

308
Rua do Asilo (Bocaina)

Denominação popular da Rua Alice Barbosa, Bocaina, pelo


fato dessa rua sediar o Asilo Santo Antônio, ali instalado nos anos
60 sob a liderança do Frei Valério Kirsch.

Diretoria do Asilo Santo Antônio, da esquerda para direita:


Sargento Eredir, dona Selma, Seu Ary Salgado, dona Zita, seu Hermes
Tavares.

309
Ipês amarelos na Rua do Asilo. Foto de Alacir Rodrigues.

Rua do Bosque (Centro/Vila Nova)


O nome se refere ao trecho inicial da Rua Maria Adelaide
Barbosa, entre o Clube do Bosque (razão do nome) e a Prefeitura
Municipal. O clube, fundado nos anos 70, neste ano de 2019, cessou
sua existência, ao ser vendido em leilão. A causa do fechamento
deu-se após um episódio lamentável em que um menino se afogou,
não havendo no local salva-vidas, estando os portões externos
fechados pelo lado de fora, o que tirou as chances de socorro da
vítima.

Rua do Clube Recreativo/Rua do Recreativo (Centro)

Diz respeito a Rua Dr. Milne Ribeiro, uma das principais da


cidade, onde funcionou por muitos anos o Clube Recreativo

310
Macabuense, infelizmente fechado e com a situação indefinida em
2019.

Santinho do Dr. Milne Ribeiro, macabuense, prefeito de Macaé e


verdadeiro nome da Rua do Recreativo. Foto a partir de documento histórico
do acervo de Pedro Costa Linhares.

Rua do Detran (Centro/Paraíso)

O criticado órgão que cuida do trânsito e da emissão de


carteiras de identidade, o Detran, hoje em dia sediado na Rua
Plácido Freire, ou, popularmente, Rua do Quartel, inicialmente, lá
pelos anos 70, ficava num prédio entre as ruas Esmeraldo Alfenas da
Fonseca (Paraíso), Vila Floriana Alfenas e a Rua Rafael Monteleone,
ambas no Centro.

311
Local onde existia o antigo DETRAN. Foto de Leci Esteves.

Rua da Fábrica de Doce (Bocaina)


Nome popular da Rua Deusdérito Antunes Belmont, bairro
da Bocaina, cuja principal referência durante muitos anos foi a
fábrica de doces, em especial mariolas, do senhor Benito Tavares.

Rua do Fórum (Centro)


Rua Fued Elias Antônio, Centro, onde se localiza o Fórum de
Conceição de Macabu, edificado nos anos 70.

312
Construção do Fórum na foto da coleção particular de Carlos Edvar
Barbosa Aded.

Rua do Grupo/Rua do Maria Lobo Viana (Centro)


Termo popular, pouco usado atualmente, da Rua Melchíades
Picanço, Centro, cuja referência mais importante era a existência do
Grupo Escolar, hoje, Escola Estadual Maria Lobo Viana.

313
O Grupo Escolar em foto de 1950. Documento de Emancipação de
Conceição de Macabu.

Rua da Lama (Bocaina)

O nome é elucidativo e remonta a uma época em que as


ruas Pedro Silva, Germano Vieira e Waldyr Folly eram na Bocaina e
não possuíam nem calçamento, nem sistema de escoamento de
água de chuva, resultando num lamaçal só. Com o calçamento
dessas ruas o problema da lama foi parcialmente resolvido, embora
ainda escorra bastante detrito argiloso dos morros que cercam
essas ruas em épocas de chuva.

Rua do Quartel (Centro)

Tem quartel em Macabu? Não. O termo, que define


popularmente a Rua Plácido Freire, Centro, se refere a existência de

314
uma velha delegacia de polícia na rua, sendo chamada de “quartel”
pelos locais. A rua também é conhecida hoje em dia como rua da
EAF e/ou rua do Cemitério. A EAF é uma empresa de assistência
funerária, cuja capela fica na referida rua. E por que a capela fica
naquela rua? Por causa do cemitério – o que explica o segundo
termo.

Fotos 1 e 2: A delegacia de polícia que deu origem ao termo quartel. Foto dos
anos 70. Acervo do prefeito Arquimedes Custódio Barreto.

315
Ruas das Toras (Garapa)

Nome popular da Rua Otávio Soares, Garapa, cuja explicação


volta-se para uma série de troncos de árvores (toras), que lá ficaram
guardadas ou abandonadas por um bom tempo.

Rua Velha (Bocaina/Centro)

Nome em desuso faz tempo, pois o que levava as pessoas a


chamarem a rua João Enne Júnior de velha, era o fato dela ter
recebido um calçamento de pedras aparentes, estilo “pé de
moleque”, bem mais rústico que os demais calçamentos da cidade,
na época, em paralelepípedo.

316
S
Sacarrão, Localidade do (Carapebus/Conceição de
Macabu)
O Sacarrão é uma das menores comunidades do município,
tratando-se de uma área rural, às margens da BR-101. Sua posse é
disputada por Conceição de Macabu e Carapebus, mas, ao que tudo
indica, a afinidade histórica está relacionada a Macabu, a quem
pertence há mais de 50 anos.
Tão complicado quanto qualquer pendenga jurídica sobre
litígios territoriais, é a questão do nome Sacarrão.
Pesquisando ‘in loco’, só pude constatar que o nome vem
dos rios, córregos e lagoas da região, muito ricos em peixes.
Sacarrão seria o termo para designar a abundância de peixe – “não
adiantava um saco, tinha peixe que dava para encher um sacarão”.
Não considero o caso encerrado.

Santa Catarina/Localidade de (Macabuzinho )

A Localidade de Santa Catarina fica na RJ-196 (Rodovia


Antônio Minguta de Oliveira) entre a Vila Tavares e o Ponto

317
Pinheiro. Pertence ao Segundo Distrito, Macabuzinho e, como é de
se imaginar, fica às margens do Rio Santa Catarina.
Trata-se de uma comunidade rural, pequena, estritamente
residencial, contando apenas com três bares. Seus moradores são
quase todos ex-funcionários da Usina Victor Sence. A comunidade
não é bem assistida por programas de educação e saúde,
apresentando alguns dos piores índices municipais nesses aspectos.
O sítio “Santo do dia” traz as seguintes informações sobre a
Santa:

Santa Catarina
É sem dúvida uma das mais populares da História da Igreja,
universalmente venerada. De acordo com um relato muito antigo de
sua vida, era uma jovem de grande beleza e tinha recebido de Deus o
dom da sabedoria. Conduzida diante do imperador por ser cristã,
censurou-o corajosamente por perseguir a Religião verdadeira, fez a
apologia do Cristianismo e demonstrou a falsidade dos cultos
idolátricos. Não conseguindo discutir com ela, o imperador convocou
os cinquenta filósofos mais cultos do Egito para que refutassem os
argumentos da jovem, mas eles também não o conseguiram e, ao final
do debate, se declararam cristãos. O imperador, encolerizado,
condenou à morte os cinquenta sábios e sua mestra, a qual teve o
corpo dilacerado por rodas com lâminas cortantes.
Confira: www.santododia.com.br

318
Nesta imagem do Google Earth, captada há 400 metros de altura no dia 08 de
junho de 2019, Santa Catarina, localidade do Segundo Distrito, Macabuzinho.

Santa Isabel, Fazenda (Santo Agostinho)

O nome Santa Isabel é explicado dentro de nossa tradição


luso-católica, e deve ter pelo menos cento e trinta anos, pois no
Almanak Laemmert de 1870, aparece como propriedade de
Bernardo Domingos de Araújo. Mas realmente o que nos chama
atenção naquele recanto agradável, é o fato da área ter pertencido
a Manoel da Motta Coqueiro, a Fera de Macabu, como ficou mais
conhecido, numa época em que a fazenda Santa Isabel se chamava
Fazenda Bananal.

Santa Isabel - A fazenda de Motta Coqueiro

Motta Coqueiro não foi o primeiro personagem famoso de


Conceição de Macabu, mas, sem dúvida alguma, pelo menos no

319
século XIX, ele foi o mais famoso, principalmente reconhecido pelo
apelido que a imprensa carioca lhe deu: A Fera de Macabu.
Manoel da Motta Coqueiro, campista de nascimento, casado
com Úrsula Maria das Virgens, pai de três filhos, proprietário de
cinco fazendas, das quais duas em Conceição de Macabu: a Fazenda
Carrapato em Macabuzinho, e a Fazenda Bananal, às margens do
Rio Santa Catarina (“Rio Santo Agostinho”) atualmente denominada
Santa Isabel.
Não se sabe ao certo quando a Fazenda Bananal foi
denominada Santa Isabel, nem tão pouco sabemos as razões que
levaram à troca do nome.
O que se sabe de fato é que um dia a Fazenda Santa Isabel
foi conhecida como Fazenda Bananal, e que foi o local onde uma
família de meeiros que lá vivia agregada, cerca de oito pessoas, foi
assassinada brutalmente. O crime, bárbaro para os padrões da
época (1852), teve como suspeito de ser o mandante o proprietário
de todas aquelas terras: Motta Coqueiro. Segundo se dizia, Motta
Coqueiro tinha duas boas razões para querer se livrar dos meeiros:
terras e vingança. Terras porque os meeiros, apesar de agregados,
poderiam ameaçar suas posses; vingança, porque o patriarca dos
meeiros, Francisco Benedito, havia surrado Coqueiro quando
descobriu o romance deste com sua filha mais velha.
Incriminado sem provas materiais, só se considerando
suposições e depoimentos de escravos (o que não era válido
naquela época), Manoel da Motta Coqueiro foi também vítima da

320
mídia (que considerou válidos os depoimentos incriminatórios) e de
inimigos pessoais e políticos instalados em postos chaves do
governo provincial e imperial.
Condenado à morte em duas instâncias, teve seus apelos às
cortes superiores de justiça e ao imperador D. Pedro II negados.
Sem mais recursos jurídicos, sem a “graça do imperador”, Motta
Coqueiro foi enforcado em 1855, imortalizando a história do último
condenado à morte no Brasil – após o caso da Fera de Macabu, o
imperador ou as cortes superiores de justiça, nunca mais negaram
um pedido de “graça” solicitado por um condenado à morte. Isso
fez de Manoel da Motta Coqueiro o último homem livre, rico,
condenado e executado em tempos de paz no Brasil.
Segundo o sítio “Santo do dia”:

Santa Isabel
Mãe de João Batista, o Precursor do Messias. A Sagrada
Escritura lhe faz em breves e concisas palavras um dos mais altos
elogios que podem ser feitos de alguém: "ambos eram justos diante de
Deus, e de modo irrepreensível seguiam todos os mandamentos e
preceitos do Senhor" (Lucas 1,6), referindo-se a ela e seu esposo.

321
Atores que encenaram Motta Coqueiro.

Santa Maria, Fazenda/Localidade/Serra


A Fazenda Santa Maria sempre foi uma das maiores e mais
importantes do cenário macabuense, sendo também uma das mais
antigas propriedades rurais constituídas no município. O nome da
fazenda, que por sua vez foi emprestada à localidade, vem da Serra
de Santa Maria, cuja nomenclatura tem duas explicações que
podem se complementar.
Numa delas, o nome Santa Maria estaria relacionado à
tradição luso-católica, provavelmente batizada pelos missionários
que percorriam aquela trilha até o interior do nosso município em
busca de indígenas catequizáveis. Os missionários, no intuito de
marcar os morros, rios e serras, batizaram-nas com nomes de
santos e santas.

322
Outra explicação, igualmente plausível, é que a Santa Maria
em questão seria também uma homenagem a Maria Figueiredo
Lawrie, filha do capitão-mor Manuel Figueiredo, proprietário da
Fazenda São José do Sossego. O capitão, ao casar sua filha com o
escocês Robert Lawrie Reid, teria doado a fazenda ao casal.
Importante no passado, mais que no presente, a Fazenda
Santa Maria foi propriedade do filho do Robert Lawrie Reid, o
capitão Roberto Figueiredo Lawrie, um dos homens mais
importantes para a fundação da freguesia, em 1855. Em 1856, o
capitão declarou ao Registro Paroquial de Terras que a mesma era
propriedade sua família desde 1823, e que possuía, em uma das
divisas, uma légua de comprimento, ou, em números de hoje, 6,6
km, e nas outras 2.200 braças, ou, 2,64 km. Em 1870, segundo
registros do Almanak Laemmert, a propriedade ainda pertencia ao
capitão.
Além da fazenda, como dissemos, Santa Maria designa uma
localidade, constituída por diversas outras fazendas de renome
como a Santo Antônio e Sossego (São José do Sossego), também
tratadas aqui.

323
Acesso à Fazenda Santa Maria. Foto do autor.

Estrada de Santa Maria. Foto do autor.

324
Abertura da estrada de acesso a Santa Maria em 1923. Foto cedida por
Vilcson Gavinho.

Santa Maria Madalena (Município)

Se os macabuenses constituem parte da população de


Macaé e Rio das Ostras, ou de Paulínia – SP, os madalenenses fazem
o mesmo conosco, ou seja: uma boa parte da população
macabuense é madalenense, ou, vem de famílias madalenenses.
Desta feita, se ser macabuense é ser um pouco campista e
macaense, pode se dizer, com certeza, que também é ser
madalenense – e como.
A bela cidade serrana, terra da atriz Dercy Gonçalves, é uma
homenagem a Santa Maria Madalena prestada pelo padre Francisco
Xavier Frouthé, que adquiriu aquelas terras de um mateiro, José
Vicente.

325
Se é fácil contar a origem de seu nome, não é difícil situar
Madalena na História, pois trata-se de um município associado a
economia cafeeira, sendo um dos maiores produtores do Estado, no
período áureo da cafeicultura fluminense.
Constituída em município independente em 1862, Santa
Maria Madalena está a pouco mais de 36 km de Conceição de
Macabu, tem 815 km² de território e pouco mais de 10 mil
habitantes. Com um povo culto e dedicado à leitura e escrita, não é
de se assustar que tenha tantos escritores e historiadores, não
sendo difícil encontrar material sobre tal. Ressalta-se que a última
produção no município foi Causos Madalenenses - histórias da terra
de Dercy, de Nestor Lopes.

Santa Maria Madalena e seu belo e bem preservado centro histórico.

326
Santo Agostinho, Fazenda/Localidade/Rio/Serra do

A cultura popular macabuense cultiva o hábito de trocar o


nome das coisas, ou melhor, substituir denominações de lugares,
fazendas, vilarejos, etc., como é o caso de Santo Agostinho.

Santo Agostinho ou Santa Catarina?


Na verdade, só existe oficialmente a Serra do Santo
Agostinho e a Fazenda Santo Agostinho. A serra, provavelmente
batizada pelos missionários que usavam aquele vale para atingir as
tribos dos vales dos rios Santa Catarina e Macabu; a fazenda, por
situar-se no sopé da serra. Ambos resultados da tradição luso-
católica, a mais presente nas nomenclaturas regionais.
Foi a partir da constituição da fazenda que toda a região
começou a trocar de nome, pois antes se chamava Santa Catarina.
Hoje, Santa Catarina não designa mais o vale montanhoso em forma
de ferradura, cortado pelo rio (Santa Catarina) chamado de Santo
Agostinho. O termo Santa Catarina só é usado para designar o rio
depois que ele cruza a RJ-182, exatamente quando vai tornando-se
menos encachoeirado, cortando uma grande planície até cruzar
com a localidade chamada de Santa Catarina e, a seguir,
desaguando no Rio Macabu.
Assim, temos uma região e um rio que trocou de nome, que
antigamente era a parte alta e encachoeirada do Rio Santa Catarina
e uma região que conserva seu nome secular, histórico, mais plana,

327
começando na RJ-182, próximo à Serra de Santa Catarina, onde o
rio ainda conserva seu nome original.

Por que trocou, trocou por que?


A fazenda Santo Agostinho é antiga, foi de Anacleto Pereira
até 1844, que a cedeu em troca ao senhor José Antonio Valente.
Depois pertenceu ao italiano Victorio Emmanuel Pareto, segundo
registros de 1870, mas, como naquela época o Curato estava no
auge, o nome ficou restrito apenas à propriedade. Muitos anos
depois, já pertencendo ao senhor Aristides de Oliveira, continuava
uma próspera propriedade rural. Mas a fama da fazenda se
rivalizava com os excelentes poços e quedas d’água, que durante
anos tornaram Santo Agostinho o mais frequentado balneário da
cidade e da região.
A fama do balneário foi tal que superou a da fazenda, que
resultou na troca do nome daquela região. Já nos anos 70, mas
principalmente início dos 80, a troca já estava sacramentada na
boca do povo. Quando se falava em Santo Agostinho, pensava-se
no balneário. Quando se falava em Santa Catarina, pensava-se na
localidade próxima a Ponto Pinheiro ou no Curato.
O loteamento de parte da Fazenda Santo Agostinho, a
despeito dos problemas ambientais tratados no artigo abaixo, atraiu
inúmeros sitiantes e veranistas que ocuparam as margens do rio e
construíram diversas casas.

328
Tal ação tornou a região uma localidade que não parou de
crescer desde que a primeira edição deste livro foi feita em 2004.
Hoje, 15 anos depois, embora a maioria dos habitantes não seja
moradora em tempo integral pois são veranistas em sua maioria, há
de se considerar o grande número de habitações, que como há de
se supor, resultou em desordenada ocupação das margens e
encostas.

A Região e seus problemas


A região que hoje conhecemos como Santo Agostinho
compreende um vale cortado pelo afluente do Rio Macabu, o Rio
Santa Catarina. O vale, até chegar às margens da RJ 182, é cercado
por belíssimas montanhas, que, em seu todo, tomam a forma de
uma imensa ferradura. A região de Santo Agostinho limita-se pelas
vertentes dessas montanhas: ao norte com São Domingos, ao sul
com Santa Maria e Santo Antônio, ao oeste com a Fazenda Bom
Jardim e todo vale dos rios São Pedro e Macaé e, ao leste a RJ-182.
Nas vertentes das serras que formam o vale característico da
região, estão algumas das montanhas mais altas do município: São
João II, com 979 metros, Sobra-de-Terras, com 959 e São João I,
com 900 metros, sem esquecer Santo Agostinho, com mais de 800 e
a Serra de Santa Catarina com quase 700 metros.
Nos anos 70-80, os intensos desmatamentos e os
loteamentos, digamos, equivocados (não é permitido edificações em
margens de rios), acabaram com Santo Agostinho, destruindo boa

329
parte de uma belíssima região, e liquidando o balneário. Hoje, às
margens do rio Santa Catarina, onde antes centenas de populares
desfrutavam de momentos de lazer, foram transformadas em
condomínios, em que nove de cada dez moradores são forasteiros.
Em detrimento do lazer comunitário, barato, acessível até de
bicicleta, a região foi fechada, restringindo seus benefícios a poucos
abnegados.
E as nossas autoridades, o que têm feito?

Segundo o sítio “Santo do dia”:

Santo Agostinho
Nascido na cidade africana de Tagaste, depois de uma
juventude viciosa e cheia de desvios doutrinários, converteu-se por
influência de Santo Ambrósio, bispo de Milão, e sobretudo graças às
orações e lágrimas de sua mãe Santa Mônica. Ordenado sacerdote, foi
durante 34 anos bispo de Hipona, no norte da África. Além de pastor
dedicado e zeloso, foi intelectual brilhantíssimo, dos maiores gênios já
produzidos em dois mil anos de História da Igreja. Escreveu numerosas
obras de Filosofia, Teologia e Espiritualidade que exerceram e ainda
exercem enorme influência. Combateu vigorosamente as heresias de
seu tempo. De Santo Agostinho disse o Papa Leão XIII: "É um gênio
vigoroso que, dominando todas as ciências humanas e divinas,
combateu todos os erros de seu tempo".

330
Localidade de Santo Agostinho em parte mais urbanizada, vista há 780 metros
de altura pelas imagens do Google Earth em 09 de junho de 2019.

Banhistas em “Santo Agostinho”, Rio Santa Catarina, 1978. Autor


desconhecido.

Santo Antônio do Imbé (Santa Maria Madalena)

Terceiro distrito de Santa Maria Madalena, mistura a tradição


luso-católica (Santo Antônio) com a palavra Imbé.

331
Imbé, nome do rio mais importante daquela região, é uma
palavra de origem indígena que serve para definir uma família de
cipós, que comumente são conhecidas como “jiboia”.
Veja o que diz o Dicionário Aurélio:

Imbé
[Do tupi.]
S. m. Bras. Bot.
1. Designação comum às plantas trepadeiras da família
das aráceas pertencentes ao gênero Philodendron, de folhas enormes,
flores mínimas agrupadas em espigas bracteadas, e cujo caule tem
raízes aéreas que fornecem fibras para um tipo de barbante ou corda;
imbezeiro.

A terminação Imbé também serve para o Alto Imbé (região


mais elevada), Barra do Imbé (antigo porto fluvial) e Agulha do Imbé
(devido à montanha em forma de agulha).
O nome nem sempre foi Santo Antônio do Imbé, quando o
distrito foi criado por uma Deliberação Estadual de 27 de fevereiro
de 1891, era apenas Imbé, alusão direta ao Rio Imbé. Depois, em 15
de dezembro de 1938, passou a se chamar Arrebol (que é aquele
entardecer avermelhado), nome que durou até 28 de janeiro de
1944, quando se tornou em definitivo Santo Antônio do Imbé.
Região com grande afinidade econômica, social e cultural
com Conceição de Macabu, o Imbé, como é popularmente

332
chamado por aqui, abriga grande quantidade de propriedades
rurais cujos donos são macabuenses. Por outro lado, desde que
aquela região iniciou seu processo de êxodo rural, a partir da crise
da economia cafeeira nos anos 30, Conceição de Macabu serviu de
destino para centenas de imbeenses, sendo relativamente fácil
encontrar uma família originária de lá ou com raízes naquela região,
em nosso município.
Tal qual ocorreu com Triunfo, Osório e Agulha, os eleitores
imbeenses pediram a anexação do distrito a Conceição de Macabu
quando da nossa emancipação em 1952. Por razões de ordem
econômica e demográfica, o projeto imbeense não vingou, mas
caso tivesse vingado, nosso município, que hoje tem 348 km2
receberia o território do distrito do Imbé, hoje estimado em
aproximadamente 400 Km2.

Em tempo: Manoel Martim do Couto Reys, que escreveu o


primeiro trabalho descritivo sobre a região Norte Fluminense, Descrição
Geográfica, política e Cronográfica do distrito de Campos dos
Goytacazes, de 1785, chamava o Rio Imbé de Rio Embé. O que parece
ser um simples erro ortográfico, na verdade pode ser muito mais: embé
é uma palavra de origem angolana, que está relacionado aos rituais
religiosos com sacrifício de animais, típicos das crenças africanas. E daí,
perguntará o apressado leitor? E daí, é que o Rio Imbé nascia e
percorria as montanhas do antigo Sertão do Quimbira – hoje com
vários nomes – o que nos leva a refletir se o termo, ao invés de
indígena, Imbé, não era na verdade, africano. Fica a dúvida.
333
Cipó Imbé ou Jiboia (Philodendrum imbe) que teria dado nome ao
distrito madalenense de Santo Antônio do Imbé.

O Imbeense, jornal semanário de Santo Antônio do Imbé. Foto do


autor, acervo de Reinaldo Gomes.

334
Santo Antônio, Fazenda/Serra do/Localidade de

É hoje a maior propriedade rural de Conceição de Macabu,


com aproximadamente 3.000 hectares. No passado, era grande e
completa, aliás, segundo Godofredo Guimarães Tavares em seu livro
Imagens de Nossa Terra, a mais completa, com cultivo de cana, café,
mandioca, arroz, milho, sisal e hortaliças. Também possuía: serraria,
olaria, fábrica de farinha, moinho de fubá e canjiquinha, fábrica de
rapadura, alambique, queijaria, água encanada, templo Católico,
escola, pomar, armazém e gerador elétrico – funcionando com a
força das águas que fluíam da Serra do Santo Antônio.
Em 1855, segundo o Registro Paroquial de Terras de
Conceição de Macabu, a propriedade pertencia ao Dr. Jorge Reid
(ou seria George Lawrie Reid?). Já em 1870, contando com dados do
Almanak Laemmert de 1871, a fazenda pertencia ao Sr. José Manoel
Fernandes Guaraciaba.
Mas seus proprietários mais famosos e polêmicos foram
Patrick Lennon, Manuel Cruz Sena e o Governo do Estado do Rio de
Janeiro.
Patrick Lennon, irlandês, era proprietário da mesma quando
da visita de Charles Darwin, deixando péssimas impressões no
naturalista inglês, que apesar de elogiar a região, não poupou
críticas ao conterrâneo britânico.

335
Segundo Darwin, seu patrício estava vendendo uma família
de escravos, separando pai, mãe e filhos para facilitar as vendas e
aumentar os lucros. Darwin, crítico da escravidão, ficou horrorizado.
O segundo, Manuel Cruz Sena, protagonizou com suas
atitudes controversas a formação de um grande quilombo, cujo
desfecho foi surpreendente.
Cruz Sena era um “novo rico”, cuja fortuna, baseada no
comércio, o levou a investir na compra da Fazenda Santo Antônio.
Pouco afeito as coisas do campo, principalmente no trato com
escravos, resolveu reorganizar sua propriedade, desfazendo
decisões e prerrogativas do antigo proprietário, como: extinguir a
folga dominical dos cativos; suprimir as terras de cultivo dos
mesmos; proibir os cultos afro-brasileiros; e, como se não bastasse
mais nada, vender vários escravos, separando-os de suas famílias.
Resultado, Cruz Sena, e seu capataz, o cruel Pires da
Bertioga, enfrentaram uma rebelião, fuga e formação de um
quilombo. Alertando as autoridades de Macabu, de Macaé e até da
Província, as mesmas decidiram apoiar os escravos em mais de uma
ocasião, culminando na decepção e venda da fazenda pelo recente
proprietário.
O terceiro, o governo fluminense, que a adquiriu em 1907
para projetos de assentamento de imigrantes, foi o responsável pelo
caso da Colonização Japonesa em Conceição de Macabu.
Curiosamente, algum tempo depois, a fazenda deixou de ser
propriedade pública, como é até hoje.

336
O nome da fazenda deriva do nome da serra batizada pelos
missionários, sendo o primeiro obstáculo que enfrentavam rumo ao
vale do Rio Macabu.

Os japoneses na Santo Antônio


Conforme disse, a Fazenda Santo Antônio é a maior
propriedade rural de Conceição de Macabu, com uma área
estimada em 3.000 hectares. É uma propriedade produtiva com
destaque para a pecuária bovina. Possui uma extensa área florestal,
cuja preservação é de fundamental importância para todo equilíbrio
ecológico daquela região.
O nome da fazenda vem da serra do Santo Antônio, mais
uma daquelas serras nomeadas pelos jesuítas. A Santo Antônio,
como é mais conhecida, está localizada na porção sul-sudeste do
município, próximo as regiões de Santa Maria, Santo Agostinho,
Onça e Bertioga.
Em 1907, a fazenda entrou para a história regional e talvez
brasileira, ao sediar a primeira colônia agrícola japonesa em terras
brasileiras. O fato deu-se entre os meses de agosto e novembro,
muitos meses antes da chegada oficial dos japoneses ao Brasil, e
envolveu o governo do Estado, que doou a propriedade à Agência
de Imigração Japonesa, através do senhor Rio Midsuno e os
imigrantes, cerca de 10 ao todo, que dela tomaram posse em
novembro daquele ano.

337
O projeto durou até 1912, quando as dificuldades (malária,
isolamento, enchentes, cultura) suplantaram os benefícios resumidos
ao sucesso do cultivo do arroz: duas safras por ano, contra uma no
Japão.
Da Santo Antônio, os japoneses foram para o Rio de Janeiro
e São Paulo, onde se tornaram assalariados urbanos.
Numa pesquisa recente junto ao Museu da Imigração
Japonesa em São Paulo, levantei detalhes dessa aventura nipônica
em Macabu como fotos, histórias e até mesmo livros publicados no
Japão sobre a experiência pioneira da Santo Antônio. Detalhe: os
imigrantes que viveram na fazenda são ícones da imigração para o
Brasil. As meninas, que, segundo a História andavam 8 km por dia
para estudar foram as primeiras mulheres japonesas a conseguir um
diploma no Brasil. Os adultos formavam uma mescla de aventureiros
com profissionais diversos, inclusive um juiz.
Segundo o sítio Santo do dia:

Santo Antônio de Lisboa


Comemora-se dia 13 de julho. Também é conhecido como
Santo Antônio de Pádua, por ter vivido nessa cidade italiana. É um dos
santos mais populares em todo o mundo. Nasceu em Lisboa, e depois
de ser algum tempo agostiniano ingressou na Ordem franciscana, da
qual foi um dos maiores expoentes. Pregou na Itália e no sul da França,
conseguindo muitas milhares de conversões. Combateu arduamente a
heresia dos cátaros e patarinos, dominante no seu tempo, pelo que o

338
chamavam de "incansável martelo dos hereges". Não apenas os
combatia no púlpito, pela pregação, mas também por meio de
milagres espantosos. Sabia de cor quase todas as Escrituras e tinha um
dom especial para explicar e aplicar as mais difíceis passagens. Faleceu
em 1231, com apenas 36 anos de idade. Sua língua, que tanto pregara a
palavra divina, foi preservada da corrupção e até hoje é venerada num
relicário, em Pádua. Foi cognominado o Doutor Evangélico.

Capela de Santo Antônio, parcialmente destelhada após forte


tempestade e vendaval em 2002. Foto do autor.

339
Nesta foto de 1885, de autor desconhecido, a Fazenda Santo Antônio.

Córrego do Santo Antônio com serra de mesmo nome ao fundo. Foto


do autor.

340
Macabu no jornal japonês, por conta de um evento comemorativo ao
centenário da Colônia Japonesa da Fazenda Santo Antônio.

São Domingos, Assentamento/Córrego/ Fazenda

(Educandário Rego Barros, FEEM, FIA, etc)

Teria tudo para ser mais um lugar cuja denominação está


relacionada às tradições luso-católicas de batizar tudo por aí com
nomes de santos(as). Entretanto, há uma versão popular que diz
que a alusão a São Domingos foi motivada por um evento sinistro,
lamentável, pois seria uma homenagem a Domingos Belmont, filho
de Deusdérito Antunes Belmont, falecido tragicamente ainda criança
– evento este que não temos mais detalhes.
A fazenda tem origens remotas, pois foi mais uma
propriedade da família Pinheiro, a mesma relacionada à história de

341
Ponto Pinheiro. O primeiro proprietário, Bento de Araújo Pinheiro,
havia desbravado a região por volta de 1850 e desde então a
propriedade se tornara uma das mais produtivas de todo o interior
do antigo município de Macaé, ao qual pertencíamos.
Mas São Domingos tem mais histórias implícitas em sua
trajetória. Ao longo do tempo não permaneceu uma simples
fazenda. Tornou-se uma propriedade do governo estadual, o que
resultou em progresso, num dinamismo próprio, que, apesar da
decadência atual, ainda exibe as marcas de um passado imponente.
São Domingos teve sua história radicalmente modificada em
1920, quando o governo estadual, preocupado com a dependência
da economia fluminense com a cafeicultura – que naquele
momento já iniciava sinais claros de crise – e alarmado pela grande
quantidade de órfãos, crianças e jovens de difícil relacionamento
familiar, resolveu criar uma rede de estabelecimentos educacionais
que servisse, ao mesmo tempo, para difundir novas técnicas,
insumos e gêneros agropecuários, e receber os alunos considerados
no dizer da época, ‘difíceis’, ou carentes, em regime de internato. O
local escolhido para instalação, foi a Fazenda São Domingos.
Assim, em 1923, com os esforços políticos do coronel Etelvino
Gomes e do abnegado Deusdérito Antunes Belmont (Nute
Belmont), o governo estadual criou o Aprendizado Agrícola
Presidente Pedreira, e o Educandário Wenceslau Bello (não é Braz),
que no passar dos anos foi sendo ampliado, renovado e teve nomes
diversos (Educandário Rego Barros/Fundação Estadual de Educação

342
do Menor-FEEM/ Fundação da Infância e da Adolescência - FIA,
entre outros).
Além dos pavilhões destinados ao internato, em São
Domingos existiam dezenas de outros prédios destinados a oficinas,
padaria, marcenarias, curral, casas de funcionários, casas-lares de
internos, etc.
Foi em São Domingos, nas chamadas Semanas Ruralistas –
festas muito concorridas, com exposição de trabalhos, jogos, bailes,
retretas, festa religiosa, presença de autoridades estaduais – que
ressurgiu a ideia de emancipar Conceição de Macabu. As Semanas
Ruralistas eram acontecimentos políticos de vulto regional,
contando várias vezes com a presença de secretários, deputados e,
não raro, do próprio governador do estado.
Os anos 80 e 90 foram ingratos com São Domingos, ao
mesmo tempo em que foram surpreendentes. Se, por um lado,
marcou a extinção de uma série de serviços e atividades, resultando
na decadência da instituição, por outro, foi a época da chegada e
instalação dos assentados de São Domingos – primeira experiência
do gênero em nosso município.

Assentamento de São Domingos


Em 1987, no intuito de resolver uma grave crise social
ocorrida em Itaguaí por conta do surgimento de dezenas de famílias
sem-terra, em decorrência da expulsão de pequenos proprietários
de propriedades arrendadas, o governo do Estado resolveu

343
“assentá-los” em Conceição de Macabu, nas terras da Fazenda São
Domingos.
A fazenda, que já pertencia ao governo estadual, foi dividida
em áreas para assentamento; área do colégio agrícola; área de
reserva florestal e a área destinada aos internos da antiga FEEM.
A área de assentamento ainda foi subdividida entre os de
Itaguaí e o grupo surgido em Conceição de Macabu.
Posteriormente, formaram-se duas associações de “posseiros”
(termo regional para assentado) igualmente dividida conforme a
origem.
Apesar de possuírem uma área menor que a do
‘Assentamento Capelinha’ – o segundo instalado no município - o
solo de São Domingos e as condições hídricas – umidade, chuvas,
rios e córregos – são melhores. Apesar disso, tanto São Domingos
quanto Capelinha sofrem com fatores muitas vezes alheios aos
assentados como falta de investimentos estatais, insumos,
assistência técnica, falta de tradição em lidar com o solo e etc., que
se apresentam como problemas ainda não resolvidos.

Educandário Rego Barros


Durante décadas a atual FIA chamou-se Educandário Rego
Barros, mesmo nome do Colégio Estadual Agrícola Rego Barros,
recentemente desativado pelo governo estadual. A homenagem a
Rego Barros é mais que pertinente e é um raro caso de
reconhecimento por serviços prestados à comunidade macabuense.

344
Joaquim Tibúrcio do Rego Barros era pernambucano de
Palmares, chegando em Conceição de Macabu nos anos 1930 para
dirigir o Educandário Agrícola Presidente Pedreira (um dos vários
nomes da atual FIA). Aqui chegando realizou importante obra, não
só física, como humana, destacando-se como um dos diretores mais
atuantes e lembrados até os dias de hoje, mesmo passado tanto
tempo.
Seu Barros, como era mais conhecido, extrapolou as divisas
do educandário, tornando-se verdadeiro macabuense, tendo lutado
e sido decisivo em várias ocasiões, como, principalmente, nos
eventos da emancipação, onde sua força política e a estrutura da
instituição que sempre disponibilizava, foram essenciais.
Seu Barros constituiu grande família, cujos membros viveram,
trabalharam e estudaram em Conceição de Macabu, tendo se
destacado em outros afazeres para o bem da comunidade.
Depois de mais de três décadas à frente da instituição que já
era parte de sua vida veio a falecer, sendo reconhecido ao
batizarem com seu nome o educandário e, posteriormente, o
colégio agrícola.
Segundo o sítio “Santo do dia”:

São Domingos
Nascido na cidade espanhola de Burgos, foi filho da Beata
Joana de Aza e do nobre Félix de Gusmão. Compreendendo todo o
mal que a heresia dos albigenses produzia no sul da França, decidiu

345
fundar uma Ordem mendicante com a finalidade de defender a
ortodoxia católica e pregar contra as heresias. Nasceu assim a Ordem
dos Pregadores, ou Dominicanos, que, entre muitos outros luminares,
teve a glória de dar à Igreja o grande São Tomás de Aquino

Foto do portão da Fazenda Modelo Wenceslau Bello em 1927. Foto do


acervo do autor.

Casa do Diretor da escola modelo, foto de 1924. Acervo do autor.

346
Capela de São Domingos, inaugurada em 1941, foto do autor em 1990.

347
Fotos da Banda Marcial do Educandário Rego Barros em 1970. Foto do
acervo de Elias Coelho dos Santos, cedida por Leandro Barreto.

Alunos do Educandário Rego Barros no Pavilhão Alberto Torres. Foto


do acervo FIA-Rego Barros em 1970.

348
Plantação de algodão na Fazenda São Domingos em 1923. Autor
desconhecido. Acervo do autor.

Casulos de bicho da seda na Fazenda São Domingos em 1923. Autor


desconhecido. Acervo do autor.

349
São Henri, Bairro do

O nome da fazenda segue a tradição francesa. Foi uma


homenagem a Henri Sence, filho do industrial francês Victor René
Sence. A partir da ocupação de lotes ao longo da estrada que ia
para o Sertão surgiu o bairro do São Henri. Em meados dos anos
80, mas principalmente nos anos 90, com a crise da economia
canavieira, e o consequente esvaziamento da área rural, o bairro
recebeu novos moradores, principalmente atraídos pelos preços
acessíveis de terrenos e aluguéis.
O São Henri é hoje um bairro progressista, sempre
crescendo, com um comércio e serviços, que se não são o ideal,
cada vez melhoram mais. O bairro possui escola primária, creche,
campo de futebol, bares, mercearias, mas falta calçamento e
saneamento adequado.
Outra marca do bairro é a dedicação de sua juventude aos
esportes, principalmente o futebol e ao carnaval. O tradicional Bloco
do São Henri é uma das principais instituições do nosso carnaval,
sendo o mantenedor de diversas tradições macabuenses, como o
jaguará (monstro feito com o esqueleto da cabeça de um cavalo), as
mulinhas, bois pintadinhos e urubus.

350
São Henry visto pelas lentes do Google Earth há 1.200 metros de altura
no dia 09 de junho de 2019.

São Jerônimo, Fazenda (Santa Maria/Escura)


O nome relaciona-se à tradição luso-católica, embora
existam indícios de que possa ser uma herança da trilha dos
missionários católicos do Hábito de São Pedro, responsáveis pelas
catequeses na região.
Segundo o sítio “Santo do dia”:

São Jerônimo
Pertencente a uma família nobre de Veneza, fez rápida carreira
como militar e como político. Aprisionado pelos franceses, durante o
cativeiro resolveu renunciar ao mundo e consagrar-se por inteiro a

351
Deus. Foi libertado prodigiosamente por Nossa Senhora e retornou a
sua cidade natal, onde foi ordenado sacerdote e se dedicou ao cuidado
dos órfãos pobres. Fundou a Ordem dos Clérigos Regulares.

São João, Fazenda do/Serra do

O nome segue a tradição luso-católica. No caso da serra,


tem relação direta com os missionários católicos que catequizaram
os índios da região; no caso da fazenda, que fica em outro local,
longe da serra, o nome é uma referência a um dos santos mais
populares da Igreja Católica. Como temos dois locais com o mesmo
nome, vamos dividir o tema:

1. As Serras do São João I e II, nosso ponto culminante:


A Serra do São João, na divisa de Macaé com Conceição de
Macabu, ostenta o título de ponto culminante do nosso município.
Não exatamente a parte da serra cujo topo, chamado de vertente
ou cume, é usado como marca divisória entre nosso município e o
de Macaé, mas sim um ponto dentro do nosso território, onde o
altímetro marcou 979 metros – 20 metros a mais que a Serra da
Sobra de Terra, antes considerado nosso ponto culminante.
Esse ponto da serra, com 979 metros, tomei a liberdade de
batizar provisoriamente de São João II. Não que eu seja devoto
do Santo, embora também não tenha nada contra, mas para

352
marcar a referência da serra. De qualquer forma, merece um
nome.
Embora o nome São João seja uma marca da nossa
tradição luso-católica, a serra em questão tem seu nome
diretamente relacionado aos missionários que singraram o vale
do Rio Santa Catarina em busca dos indígenas do vale do Rio
Macabu.
Os missionários chegavam ao Vale do Macabu passando
ou pela região de Santa Maria ou pela região de Santa Catarina.
Tanto em uma ou em outra trilha (que aliás não são distantes),
marcavam o caminho nomeando os rios, córregos e montanhas
com o nome dos santos e santas, daí: Santo Antônio, Santa
Maria, Santa Catarina, Santo Agostinho, São João, etc., todos
numa região relativamente próxima.

2. Fazenda São João, antiga Estação Velha, etc.


A Fazenda São João, hoje em dia, não passa de uma típica
propriedade rural de porte médio, onde a única atividade de
destaque é a pecuária de bovinos.
Hoje é assim, mas no passado, na época em que o Rio
Macabu era usado como meio para se chegar à Região Serrana
Fluminense (chamada genericamente de Cantagalo), a região que
hoje pertence à fazenda era chamada de São João do Macabu e era
um porto fluvial. Os aventureiros e comerciantes que faziam o

353
caminho fluvial, navegando em balsas, canoas e pranchas, movidas
a remo ou vela, inicialmente buscaram as famosas, porém pouco
produtivas “Minas de Ouro de Cantagalo”. O ouro de Cantagalo,
embora existisse, não era muito, logo se esgotou, mas no início do
século XIX, uma nova riqueza se espalhou por lá: o café.
Os cafezais de Cantagalo eram acessados navegando-se pela
Lagoa Feia, subindo o Rio Macabu, ancorando em São João do
Macabu e, a partir daí, seguindo por trilhas lamacentas até o interior
dos atuais municípios de Trajano e Madalena. O porto de São João
do Macabu era chamado de Estação São João do Macabu, era bem
movimentado e, com o tempo, ficou apenas o nome Estação.
Entre 1842 e 1846, com os cafezais serranos batendo
recordes de produtividade, o então governo provincial delegou ao
Visconde de Araruama recursos e poderes para abertura de uma
estrada que interligasse o porto de Macaé com a região de
Cantagalo. A Estrada Macaé-Cantagalo, cujo nome verdadeiro é
Estrada Geral de Cantagalo, aumentou o fluxo de navegações pelo
Rio Macabu, tornando o povoado da Estação ainda maior e mais
movimentado. A Estação era maior que Conceição de Macabu;
devia ser do tamanho e da importância do Curato de Santa
Catarina.
O movimento na Estação era maior entre outubro e março,
quando as chuvas deixavam o Macabu cheio, em condições ideais
de navegabilidade. Por outro lado, as mesmas chuvas deixavam o
trecho da estrada entre Macaé e Conceição de Macabu intransitável.

354
Nos meses de abril a setembro, menos chuvosos, a estrada
era mais usada que o rio, mesmo assim, o povoado era procurado
pois possuía hospedaria, casas comerciais, oficinas de ferreiro,
funileiro e tonelaria. Residiam no local um ferreiro francês Louis
Salvignol, um toneleiro inglês, um mecânico americano Carl Wilson,
e um comerciante suíço Adolf Schwartz, além de cidadãos italianos
e portugueses, só para mostrar a dinâmica do lugar. Havia até um
posto dos correios, o “Correio da Barra do Macabu”, cujo agente em
1869 era o Sr. Raul Moreira Soares, e uma companhia de navegação
fluvial, do Conselheiro João de Almeida Pereira, também em 1869,
informações estas retiradas do Almanak Laemmert de 1870.
Com a inauguração do ramal ferroviário da Cia. Estrada de
Ferro Barão de Araruama, em 1878, houve também a inauguração
de nossa bonita estação ferroviária e, a partir daí, o povoado da
Estação trocou novamente de nome, só que agora, para Estação
Velha.
Velha mesmo, derrocada total, além do movimento que
passou a se concentrar mais em Conceição de Macabu, a Estação
Velha perdia em outro quesito: salubridade. A região era pantanosa,
as epidemias de malária, tifo, cólera e febre amarela, além da
temida varíola, eram mais frequentes que em Conceição de Macabu.
O golpe de misericórdia veio em 1929, quando a crise da
economia cafeeira fulminou a produção de Santo Antônio do Imbé,
tornando inviável qualquer negócio estabelecido na Estação Velha,

355
que até aquele ano resistia como último reduto dos tropeiros que
usavam a Estrada do Mandingueiro para chegar ao Imbé.
Posteriormente as terras da região foram adquiridas pela
Usina Victor Sence, que as denominou Fazenda São João, nome que
prevaleceu até os dias de hoje, mesmo não pertencendo mais à
usina.

A Dinâmica Comercial de São João de Macabu


Comerciantes, Mascates e Tropeiros:
• Brasil e Companhia Ltda. – Armazém de Secos e
Molhados/Tropeiros;
• Antonio José da Silva Ramalho – Padaria;
• Francisco Cardoso Guimarães – Armazém de Secos e Molhados;
• Joaquim Soutinho – Armazém de Secos e Molhados;
• Apolinário de Azevedo Branco – Depósito de Café;
• Luiz Manoel Pinto – Açougue/Depósito de Café/Tropeiros;
• Botelho e Valentim Cia. Ltda. – Armazém de Secos e
Molhados/Depósito de Café/Possivelmente tráfico de escravos e
Tropas para transporte de Café;
• Chico Mascate – Mascate;
• Adolf Schwartz – Comércio em geral;
• Conselheiro João de Almeida Pereira – Depósito de Café;
Industrias e Artesanatos:
• Fábrica de Açúcar e Rapadura;
• Alambique;
• Alfaiataria;

356
• Tanuaria;
• Louis Salvignol - Ferreiro;
• Carl Wilson – Mecânico;
Outras Atividades:
• Correio – Raul Moreira Soares;
• Navegação Fluvial – Conselheiro João de Almeida Pereira;
• Guarda-Livros;

Disputas Políticas em Conceição de Macabu


José Joaquim da Silva Freire era um poderoso proprietário
rural na região das Cambotas. Visando expandir seus negócios, além
da Fazenda Santa Ilidia (região das Cambotas), adquiriu uma outra
em Conceição de Macabu, na região de São João de Macabu, que
chamou Fazenda da Demanda.
Com a criação da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição
de Macabu, em 1855, além de terras, os poderosos proprietários
rurais daqui passaram a disputar também cargos, que, embora não
fossem tão bem remunerados como os de hoje em dia, eram
sinônimos de prestígio. Nos anos iniciais da freguesia, os mais
poderosos políticos eram fazendeiros, que, em geral, recebiam uma
patente da Guarda Nacional: tenente, capitão, coronel. Aqui em
Macabu, naquela época, três correntes se defrontavam: José
Joaquim da Silva Freire, tenente Roberto Figueiredo Lawrie e o
capitão Henrique Daumas. Se o primeiro dominava a região do São
João do Macabu, o segundo era proprietário da Fazenda Santa

357
Maria e, o terceiro proprietário em Conceição, no Curato e em
Macabuzinho.
Quem levou a melhor, eu não saberia dizer, mas ousaria
dizer que, muito ao contrário do que hoje em dia acontece, que
quando os políticos brigam, o povo é quem paga o pato, naquela
época, o tenente Roberto Figueiredo Lawrie e José Joaquim da Silva
Freire, preferiram marcar a disputa com música, cada qual tendo sua
banda de música – as duas primeiras de nossa história – e as duas
formadas só por escravos.
Apenas como observação, José Joaquim da Silva Freire,
Roberto Figueiredo Lawrie e Henrique Daumas foram beneméritos
de nosso município, lutando pela formação da freguesia, passo
fundamental na nossa história. José Joaquim da Silva Freire, em
1882, tornou-se o Barão de Santa Maria Madalena. O título, embora
tivesse sido comprado, só podia ser vendido a quem realmente
merecesse e, entre outros merecimentos, constava o fato dele ter
participado ativamente da construção do ramal ferroviário entre
Conde de Araruama (atualmente Quissamã) e Conceição de
Macabu. O Barão de Sta. Maria Madalena era benemérito de
Conceição de Macabu.
Segundo o sítio “Santo do dia”:

São João Batista


Comemora-se no dia 24 de julho. São João Batista, embora
concebido no Pecado Original, foi dele purificado antes de nascer,

358
quando sua mãe, Santa Isabel, foi visitada pela Santíssima Virgem, que
por sua vez portava no seio o Salvador. Por isso, São João Batista é o
único santo cujo nascimento se comemora na Liturgia - além da
própria Virgem Maria, que já foi concebida isenta de todo pecado.

São Jorge, Fazenda/Serra

Mais uma fazenda que deve seu nome a uma serra, que, por
sua vez, está relacionada à tradição luso-católica, e esta, aos
missionários que trafegavam pela região em busca de indígenas
para catequese. A serra tem altitudes variáveis entre 420 e 333
metros, próximo à BR-101, e à região conhecida por Sapucaia.
Segundo o Almanak Laemmert de 1869, a fazenda pertencia a José
Antonio Alves de Brito, detentor do imponente título de Cavaleiro
Imperial da Ordem do Cruzeiro.
Segundo o sítio “Santo do dia”:

São Jorge
Comemora-se no dia 23 de abril. Pouco se conhece a respeito
de sua vida, sabendo-se apenas que era militar e sofreu o martírio
durante a perseguição de Diocleciano. Seu culto se espalhou
rapidamente pelo Oriente, e por ocasião das Cruzadas teve grande
penetração no Ocidente. Muitas lendas correm a seu respeito, entre as
quais a mais popular é a do dragão, que teria sido morto por ele. São
Jorge é padroeiro da Inglaterra e da Etiópia. O grito de combate dos
portugueses durante a Batalha de Aljubarrota (1385) era: " Por Portugal
359
e São Jorge". O Brasil herdou de Portugal a tradição de incorporar, nas
procissões de _Corpus Christi_, uma imagem de São Jorge montado a
cavalo e armado como militar.

São José do Sossego/Fazenda/Localidade

Ver Sossego.

São Luís, Fazenda/Localidade (Macabuzinho)


Mais uma nomenclatura atribuída à tradição francesa, pois o
nome da fazenda era uma homenagem a Luís Sence, filho de Victor
Sence. Já foram uma fazenda e uma localidade bem movimentadas,
hoje, após a falência da Usina Victor Sence, a população foi quase
toda embora, e o que restou foi uma grande fazenda, despovoada,
dedicada apenas à criação de gado bovino. Originalmente, a
propriedade foi parte da Fazenda dos Patos (Lagoa dos Patos),
onde nasceu o Coronel Amado – Francisco Gomes Amado de
Aguiar – nossa primeira personalidade política.

São Pedro, Localidade/Serra do (São Domingos)


Grande conjunto de serras, com as maiores altitudes
variando de 540 a 624 metros, situa-se na região de São Domingos,
estendendo-se até o Procura e daí ao Centro da cidade. A serra,
embora possua nome de um Santo e esteja relacionada à tradição

360
luso-católica, não tem, ao que se sabe, ligação com os missionários.
Um dos mais famosos proprietários da região foi o Coronel
Guilherme Barbosa, grande chefe político na região, principalmente
na Era Vargas (1930-45).

São Pedro do Triunfo (Santa Maria Madalena)

Ver Triunfo.

São Tomé, Região do/Serra do

Um dos maiores e mais bonitos conjuntos de montanhas e


picos do município de Conceição de Macabu, recebe o nome de
Serra do São Tomé. A serra, cujo nome está relacionado à presença
dos padres da Ordem de São Pedro e outras ordens de
catequizadores, tem suas maiores altitudes oscilando entre 953
metros, 890 metros, 810 metros e 789 metros. É quase
completamente coberta pela Mata Atlântica. Suas vertentes,
voltadas para Macaé, recebem o nome de Serra da Cruz e Serra dos
Crubixais (cujo nome é uma referência a certo tipo de caramujo
negro), para Trajano, Serra do Mosqueira e, para Macabu, recebe o
nome já visto de São Tomé, Piabas e Carukango – esta última
formada por um platô de altitude onde suspeita-se ter sido a sede
do famoso quilombo.
A extensão dessa serra até a Serra do São João já recebeu o
nome de Serra do Deitado, por lembrar um homem deitado de
361
costas. A Serra do Deitado foi, nos séculos XVIII e XIX, uma antiga
referência dos antigos viajantes que trafegavam na região. Um dos
antigos proprietários rurais da região do São Tomé foi o Dr. João
Victorio Pareto, isto em 1876, segundo o AlmanaK Laemmert.

Acidente aéreo no São Tomé


Em 1959, um monomotor com 4 ocupantes, dois dos quais
tripulantes, chocou-se com as matas da serra do São Tomé. Quem
viu e ouviu o acidente, disse que, tarde da noite, o aeroplano fez um
voou rasante sobre a antiga FEEM, que foi seguido, minutos depois,
de um enorme estrondo.
O avião provavelmente sofreu uma pane no sistema de
controle de direção e altitude. Perdendo altura, em meio à
escuridão da noite, acabou por colidir com as árvores, sem deixar
sobreviventes.
O resgate de possíveis sobreviventes foi iniciado na manhã
seguinte por conta da delegacia de polícia local. Em torno de meio
dia, o Forte Marechal Hermes reforçou a segurança do lugar. As
buscas prosseguiram por todo o dia, até que o avião fosse
encontrado e, tal qual esperado, somente corpos e pedaços de
corpos foram retirados.
As peças e pedaços do aeroplano durante algum tempo
permaneceram na delegacia de polícia da cidade, mas um conjunto
de peças da asa foi habilmente transformado numa máquina de

362
fazer telhas francesas por Hermes Fontes Tavares, proprietário da
Cerâmica Tavares.
Segundo o sítio Santo do dia:

São Tomé
Comemora-se dia 3 de agosto. De acordo com a tradição, São
Tomé pregou a Boa Nova do Evangelho em várias partes do Oriente, e
foi receber na Índia a graça do martírio. Teria também estado no Brasil.
Narram as Escrituras que duvidou da Ressurreição de Nosso Senhor e
por isso teve o misericordioso privilégio de tocar com seu dedo as
chagas do Corpo glorioso de Jesus Cristo

Serra do São Thomé, no platô onde suspeita-se da localização do


Quilombo do Carukango. Foto do autor.

363
São Vicente, Fazenda (Curato de Santa Catarina)

Localizada às margens da RJ 182, próximo do Curato, tem ao


fundo a vista espetacular da Serra de Santa Catarina em seu formato
de pirâmide. A fazenda também já foi conhecida, informalmente
como Coqueiral, devido aos coqueiros que a enfeitavam.
O nome veio da tradição luso-católica, mas, embora não se
trate de um nome recente, pois pertenceu ao Sr. Roberto Figueiredo
Reid em 1876, também não tem ligações com os missionários.
A fazenda foi adquirida em 1925 por Arthur Duque Estrada
(irmão do autor do nosso Hino Nacional), que manteve o nome. O
proprietário em questão era do tipo muito alegre, gostando de
organizar festejos em sua propriedade. Seus filhos seguiram seus
passos, sendo, inclusive, bons desportistas em Conceição de
Macabu.
Décadas depois da passagem da família Duque Estrada pela
São Vicente, a mesma foi transformada em local de “divertimento”,
com bar, mulheres e, como é próprio desse tipo de lugar, muita
confusão. Por essa época, o apelido de Coqueiral havia sobrepujado
o nome verdadeiro. Só com o fim do “rendez-vous”, e o retorno da
propriedade à condição de fazenda de criação de gado, o nome
original voltou a ser usado.
Segundo o sítio “Santo do dia”:

364
São Vicente
Foi o fundador da Congregação da Mis juntamente com Luísa
de Marillac, das Irmãs da Caridade. Sua vida é tão movimentada e cheia
de aventuras que faz lembrar uma obra de ficção. Nasceu de uma
família muito pobre em Landes, França; quando menino guardou
porcos, e só pôde completar seus estudos porque auxiliado por um
advogado caridoso, cujos filhos ajudou a educar ao mesmo tempo em
que ele próprio estudava. (...)

Sapucaia, Fazenda/Região
A sapucaia é uma árvore típica da nossa região, muito bonita,
marcante no período da floração e da frutificação, quando produz
cuias cheias de castanhas apreciáveis, embora muita gente não
saiba que são comestíveis.
A Fazenda da Sapucaia, no extremo sul do nosso
município, marca uma bem distante do centro da cidade,
localizada às margens da BR-101, entre as pontes dos rios São
Pedro e Aduelas, no chamado Brejo da Severina.
Conforme o Dicionário Michaelis:

Sapucaia
[Do tupi = 'fruto que faz saltar o olho'.]

365
S. f.
1. Bras. N.E. a L. Bot. Árvore da família das lecitidáceas
(Lecythis pisonis), da floresta atlântica, de folhas oblongas e
acuminadas, flores grandes, carnosas, violáceo-pálidas, e com muitos
estames fundidos, sendo os frutos enormes cápsulas lenhosas e
cilíndricas, com grandes sementes oleaginosas, muito apreciadas como
alimento saboroso, e a madeira ótima para obras externas. [Sin.:
cumbuca-de-macaco, quatetê, sapucaieira.]

Sapucaia (Lecythis pisonis)

Seringueira (Vila Tavares)

O nome designa uma região próxima à Vila Tavares, nas


margens da RJ-186, que foi parte da antiga Fazenda São Henri. Já a
razão do nome, deve-se a uma tentativa da Usina Victor Sence de
diversificar seus negócios plantando árvores de seringueira para
produção de látex natural. A plantação que foi feita na Fazenda São

366
Henri, mal produziu, logo foi abandonada, e completamente
esquecida no auge da crise da Usina, entre 1990 e 1992.
Segundo o Dicionário Aurélio:

Seringueira

[De seringa + -eira.]

S. f. Bras. Amaz. Bot.

1. Árvore da família das euforbiáceas (Hevea brasiliensis),


de folhas compostas, flores pequeninas, reunidas em amplas panículas,
fruto que é uma grande cápsula com sementes ricas em óleo, e
madeira branca e leve, de cujo látex se fabrica a borracha; árvore-da-
borracha.

Seringueira (Hevea brasilienses).

367
Serra da Cruz (Macaé/Conceição de Macabu)

A Serra da Cruz está localizada entre Macaé, Conceição de


Macabu e Trajano de Morais. Sendo que o nome em questão, Serra
da Cruz, só existe no lado macaense. Na vertente de cá, é chamada
de Serra do São Tomé, e em Trajano, Serra do Mosqueira.
O nome é de fácil explicação, pois até 1968 a face da serra
voltada para Macaé possuía um imenso paredão escuro marcado
por uma gigantesca cruz branca, provavelmente produzida por
um, ou vários deslizamentos. Até 1968, pois naquele ano
extremamente chuvoso, outro deslizamento desfigurou a cruz,
transformando-a numa grande mancha branca. Mas o nome
ficou.

Serra de Santa Catarina (Curato de Santa Catarina)


Elevação montanhosa com mais de 600 metros, é imponente
pelo seu formato de pirâmide, para quem a observa da RJ-182, na
altura da Fazenda São Vicente. Seu nome vem da tradição luso-
católica e provavelmente foi dado pelos missionários jesuítas e
outros que percorreram a região durante décadas.
Ver também: Curato de Santa Catarina.

368
Serra da Sobra de Terras (São Domingos)

Os mais antigos a chamavam de Serra da Linda Vista, e não é


para menos, pois do seu cume a 958 metros (o segundo mais alto
do município), tem se uma visão panorâmica de toda região,
realmente bonita. A mudança do nome deve ter se dado por fim
dos anos 60, quando um levantamento do IBGE consagrou o nome
Sobra-de-Terras, uma referência a levantamentos anteriores,
realizados pelo governo estadual, que consideravam àquela e outras
áreas como devolutas.

Serra do Mundo Novo (São Domingos)


O nome dessa serra, localizada entre as regiões de São
Domingos e Santo Agostinho, não tem uma explicação clássica, ou
mesmo que possa ser considerada confiável, a ponto de merecer
divulgação. A respeito da Serra do Mundo Novo, posso dizer que
tem 400 metros, é coberta pela Mata Atlântica e é vizinha da Serra
da Sobra de Terras.

Serrinha (Campos dos Goytacazes)


Distrito de Campos, localizado às margens da BR-101, tem
seu nome alusivo a uma pequena elevação montanhosa, que lhe
valeu o apelido de “Serrinha”. Durante alguns anos, foi um simples
povoado pertencente ao distrito campista de Paciência. Com a

369
abertura da BR-101 e a decadência de Paciência os papéis se
inverteram, e hoje é Paciência que pertence a Serrinha.

Sertão, Fazenda do/Ponte do

No Brasil, a palavra sertão é sinônimo de Nordeste, de seca,


de miséria, etc. Na verdade, associou-se a palavra ao que ocorre no
interior da Região Nordeste.
Sertão, a princípio, quer dizer interior, local distante do litoral,
pouco povoado, etc.
Na divisa entre Conceição de Macabu e Santa Maria
Madalena, numa região banhada principalmente pelo Rio Macabu e
alguns de seus pequenos afluentes que nascem na Serra do Deus-
Me-Livre (Sta. Ma. Madalena) existe uma região chamada de Sertão,
também uma fazenda e uma ponte com essa denominação.
O nome provavelmente é muito antigo, de uma época em
que todo o interior do município estava desabitado de não-
indígenas e atribuía-se à região que ia de Ponto Pinheiro até Triunfo
a designação de “Sertões do Rio Macabu”, do lado direito (Macabu)
e, “Sertão do Quimbira” (Madalena-Campos), do lado esquerdo. Os
diferentes “sertões” podem ser percebidos em documentos e livros
do início do século XIX, especialmente os escritos pelo Monsenhor
Francisco de Araújo Pizarro, e em mapas muito antigos, de 1848 a
1887.

370
Com o passar dos anos, “os sertões” foram recebendo
outros nomes, permanecendo o termo apenas naquela região.
A propósito, antes que alguém pergunte, quimbira é uma
referência a escravos e ex-escravos vivendo afastados. Quimbira
vem de quimbo, palavra de origem angolana, que significa
povoação distante. Terá existido na região um quilombo, ou outro
tipo de comunidade negra?
Conforme o Michaelis:

Sertão
[De or. obscura.]
S. m.
1. Região agreste, distante das povoações ou das terras
cultivadas.
2. Terreno coberto de mato, longe do litoral.
3. Interior pouco povoado.

Socó, Córrego do/Fazenda do/Serra do

A Fazenda do Socó (que já foi chamada de fazenda São José


do Socó), emprestou seu nome à Pedra do Socó, que, na verdade,
era a antiga Pedra do Corcovado, também chamada Pedra do
Banco – já expliquei que as coisas aqui mudam muito de nome?
Socó é um pássaro solitário, ou que, no máximo, vive aos
pares sempre próximo aos rios e lagos, de onde extrai seu alimento
371
principal: peixes. O nome socó é mais uma referência à tradição
naturalística e não se resume ao pássaro.
Quando a natureza em Conceição de Macabu era mais
opulenta que hoje em dia, os rios Macabu e Macabuzinho eram
cercados de pântanos e lagoas, habitadas por inúmeras espécies de
animais e plantas. Essas lagoas deram nome a vários lugares, como
aliás já mostrei aqui: Lagoa dos Patos, do Ipê, Mata-Fome, Caixão,
Funda, Rasa, e, a Lagoa do Socó.
A Lagoa do Socó, drenada há mais de 50 anos, deu nome ao
córrego e à fazenda que Victor Sence adquiriu pouco antes de
falecer e que, durante algumas décadas, produziu de cana e gado
bovino.
Em 1978, o prefeito Sílvio Soares Tavares transformou o
Córrego do Socó em adutora, tornando-o a terceira fonte de
abastecimento de água da cidade.
Segundo o Dicionário Aurélio:

Socó
[Do tupi.]
S. m. Bras.
1. Zool. Designação comum a várias espécies de aves
ardeídeas, especialmente as dos gêneros Tigrisoma, Butorides e
Zebrilus. Alimentam-se de peixes e vivem ger. isoladas ou aos pares,
perto de rios, lagoas e terrenos alagadiços.

372
Socó, simpática e tímida ave que deu nome à região.

Sossego, São José do/Fazenda/Localidade

Hoje, a pouco habitada região do Sossego, área estritamente


rural do município de Conceição de Macabu, grande produtora de
gado para abate e leite, não fosse pela placa dos Caminhos de
Darwin, jamais poderia insinuar o quanto a História foi generosa
com essa gleba macabuense.
Para início de conversa, tratava-se de uma região estratégica,
na “porta de entrada” do Sertão de Macabu até a primeira metade
do século XIX. O Sossego, a Onça, Santo Antônio e Santa Maria,
formavam com a Bertioga, as áreas inicialmente colonizadas do
município, acessadas pelos rios São Pedro e Aduelas, estes
conectados entre si, e o primeiro com o rio e o porto de Macaé.

373
Foi o primeiro acesso a Macabu, seguido pelo Rio Macabu,
característica que se afirmou com a construção das estradas e dos
portos. Essa preponderância da parcela ao Sul do município na
época atraiu diversas pessoas, em geral, sesmeiros e grileiros, que
aos poucos ocuparam toda região.
Este foi o caso do capitão-mor Manuel Figueiredo, que
desbravou, construiu e tornou a Fazenda São José do Sossego
numa das grandes referências da região.
O capitão Figueiredo, português, desdobrou suas posses pela
região, ocupando e formando as fazendas Santa Maria (ver Santa
Maria) e, de certa forma, a Fazenda Santo Antônio.
Foi na Fazenda São José do Sossego que em abril de 1832
hospedou-se o naturalista inglês Charles Darwin. Além de hospedar-
se fez diversas pesquisas na região, registrando suas pesquisas, e
até fazendo elogios ao empreendedorismo do proprietário, em seu
famoso diário.
Em 2008, marcando o bicentenário do nascimento de
Darwin, organizou-se os Caminhos de Darwin, marcado por
cerimônias, exposições e as famosas placas, estas, espalhadas por
todo trajeto percorrido pelo naturalista, sendo que a da Fazenda do
Sossego é a última, pois lá estava situado o destino do cientista.

374
Fazenda do Sossego hoje em dia. Foto do autor.

Estrada do Sossego, uma das mais antigas da região, cuja abertura foi
descrita por Charles Darwin. Foto do autor.

375
Placa dos Caminhos de Darwin na Fazenda São José do Sossego.

Subida de Pedro Tupã (Álcalis)


Referência a parte da rua Godofredo Guimarães Tavares,
onde por muitos anos viveu o senhor Pedro Tupã. Para alguns a
referência pode ser Curva de Pedro Tupã ou, como ocorre com toda
subida: Descida de Pedro Tupã.

Subida do Malibu (Vila Nova)


Nome que é atribuído à rua Quintino Bocaiúva, no bairro da
Vila Nova, primeiro por se tratar, digamos, de uma subida, segundo
por ser um dos acessos ao Clube Malibu, um dos melhores e mais
famosos de Conceição de Macabu.

376
Foto do Malibu Club nos anos 70. Autoria desconhecida.

377
T
Torre da Rádio, Bairro da

Um dos menores bairros da cidade, também um dos mais


afastados, estando localizado entre o Eldorado e a Usina, tem
população oriunda em sua quase totalidade da área rural.
O nome do bairro está relacionado à instalação de uma torre
de transmissão da Rádio Popular Fluminense, em meados dos anos
sessenta.
Curiosa e lamentavelmente, neste ano de 2019, a rádio que
deu nome ao bairro encerrou suas atividades no último dia de maio.
Antes disso, a região já era habitada e pertencia, em sua
maioria, à Usina Victor Sence, que tinha um grande canavial por lá.
Essa propriedade possuía um “Correio de Casas”, expressão
tipicamente macabuense que designava as construções conjugadas,
simples, parede a parede, em estilo colonial-rural, onde moravam os
trabalhadores rurais da Usina. Parte desse “correio” ainda
permanece de pé, e servindo de moradia para algumas famílias.
O bairro tem muitos problemas como falta de saneamento
básico, água encanada, escola, rede de saúde. É um bairro pequeno,

378
porém, muito problemático, não tendo recebido nenhuma
assistência dos poderes públicos nos últimos dez anos.

Torre da Rádio no Google Earth em 16 de maio de 2019. Área de 2,2


hectares.

Trajano de Morais (Município)


Emancipado em 1891, Trajano de Morais só ganhou este
nome em 1927, quando a Vila da Ventania teve seu nome alterado
para homenagear um dos benfeitores do lugar. Se a troca de nomes
parece algo confuso, imagine que quando Trajano foi emancipado,
a sede do município ficava em São Francisco de Paula, um local hoje
praticamente deserto.

379
Tal e qual as cidades daquela região, teve sua História
atrelada ao café, especialmente sua área interiorana, como Visconde
do Imbé, Sodrelândia, Monte Café e, claro, São Francisco de Paula.
Essa história, seguindo os passos do ciclo cafeeiro, assistiu a
ascensão e a queda de formas que em termos de população a
região passou por um declínio após o mesmo ter ocorrido com a
produção agrícola.
Simpática cidade, com um município grande e muito
interessante, está distante 33 km de Conceição de Macabu, tem 589
Km² e uma população em torno de 12 mil habitantes, graças ao
pesquisador Jomar Pereira Dias, conta com material histórico que
narra a trajetória do município.

Vista do centro de Trajano de Morais.

380
Transmac (Bocaina)

Embora o nome Transmac se refira a uma das mais antigas


regiões da Bocaina, é um termo recente, datando do período em a
empresa de ônibus Transmac, instalou naquela localidade sua
garagem, oficina e escritório.

Tribo, Bairro da

Sugestivo nome tem a Tribo, que nada tem a ver com índios.
O bairro surgiu a partir de uma família, a Soeiro, que ainda é
majoritária por lá. O núcleo familiar deu origem ao termo Tribo,
para significar grupo ou clã. Assim, falava-se na “Tribo dos Soeiro”,
como se dissesse “O grupo dos Soeiros”, ou, “a família Soeiro”.
O bairro foi iniciado pelo casal Ângelo e Umbelina Soeiro.
Seu Ângelo ficou famoso como patriarca de uma grande família que
ia se aglomerando ao seu redor, construindo cada vez mais na
região e que logo se tornou um bairro.
Outra fama e justiça a ser feita ao Sr. Ângelo Soeiro diz
respeito ao habilidoso artesão e animado folião que sempre foi.
Ângelo Soeiro fazia máscaras de carnaval, enfeitava catirinas,
confeccionava mulinhas, baianas gigantes (bonecos), bois-
pintadinhos, jaguarás. Como gostava de carnaval, organizava blocos
e invadia a avenida com muita animação. Muito inteligente, criativo,
inventivo, fazia coisas impensáveis, como: casas em cima das
árvores, aviões feitos com tambores, carrinhos gigantes de rolimã,
381
etc. Também fazia objetos mais comuns como malas, luminárias,
calçados, etc. Até hoje ainda existe um trabalho de Ângelo Soeiro
que pode ser visto por todos: é a cabeça de elefante, em tamanho
natural, que ornamenta o Supermercado Beto.

Tribo no Google Earth em 16 de maio de 2019. Área de 5,87 hectares.

382
Triunfo, São Pedro do

Segundo distrito de Santa Maria Madalena, foi inicialmente


chamado Itapuá, palavra indígena que significa “pedra pontuda”,
alusão à formação montanhosa que domina a região.
Também se chamou São Benedito do Macabu, referência ao
Rio Macabu e ao padroeiro São Benedito.
São Benedito? Sim, antes de São Pedro, havia outro
padroeiro.
Por incrível que pareça uma epidemia de febre amarela foi a
causa da substituição de São Benedito por São Pedro. Ao que
parece, comprovado inclusive por registros paroquiais da Igreja de
São Pedro, após diversos apelos. Foi aí que uma devota de São
Pedro sugeriu a substituição, que com o fim da epidemia, foi
concretizada.
Mas logo retornou ao nome indígena: Itapuá.
Sim, São Pedro não durou muito. Poucos anos depois, com a
Proclamação da República e o consequente fim do Padroado Régio,
o município de Santa Maria Madalena, para dar exemplo, excluiu
São Pedro e retornou o antigo nome indígena: Itapuá.
Mas, segundo Maria Luísa Feijó, diretora da Casa da Cultura
Francisco Portugal Neves, em Santa Maria Madalena em 2004,
quando fizemos a primeira edição desse livro, ainda há uma
explicação específica para o termo Triunfo: a palavra Triunfo teria
surgido após 1879, quando o ramal ferroviário da E. F. Barão de

383
Araruama lá chegou. Triunfo foi de certa forma uma “implicância”
com os madalenenses da sede, que só receberiam a ferrovia dez
anos depois.
Polêmicas à parte, o nome Triunfo foi novamente modificado
para Itapuá em 28 de janeiro de 1944 pelo Decreto-Lei Estadual Nº
1603. Seis anos depois, em 1950, pela Lei 791 de 15 de fevereiro,
voltou a ser Triunfo.
Triunfo é o mais bem localizado e estruturado dos distritos
madalenenses. Cortado pela RJ-182, com rede de esgoto e água
instaladas, coleta de lixo, escola pública até o 9º ano, rede de saúde,
tem uma população estimada em 2.000 habitantes, área rural
produtiva e inegáveis recursos naturais.
Para muitos é o terceiro distrito de Conceição de Macabu,
tamanha a afinidade com o nosso município. Estando a 11 km de
Macabu, ou seja, menos de dez minutos de carro, contra 29 km de
Santa Maria Madalena, mais ou menos 35 minutos serra acima, é
mais que comum que os triunfenses recorram ao município vizinho
para resolução de seus problemas mais urgentes. Tal qual ocorre na
Agulha e no Osório, a maioria dos proprietários rurais de Triunfo ou
são de Conceição de Macabu ou mantém com esse município
estreitíssimos laços econômicos, familiares e culturais.
Em 1951, quando foi planejada a segunda e definitiva
emancipação de Conceição de Macabu, os eleitores de Triunfo
enviaram um abaixo assinado com 100% das assinaturas desses à
Assembleia Legislativa do Estado, pedindo que o distrito fosse

384
desanexado de Madalena e anexado a Conceição de Macabu.
Entretanto, análises feitas pelos deputados estaduais da época
concluíram que a desanexação (que incluiria também o Imbé,
Osório e Agulha), comprometeria Santa Maria Madalena, que
perderia 20% da sua renda, 40% da sua população, 60% do seu
território e não ajudaria Conceição de Macabu – sem falar no
problema político criado com os madalenenses. Assim, descartou-se
a adesão dos triunfenses e lutou-se para ter o apoio de
Macabuzinho, o que acabou ocorrendo.

Triunfo há 800 metros de altura no Google Earth em 9 de junho de


2019.

385
Triunfo numa das fotos mais antigas da localidade. Detalhe: ao lado do edifício
branco, em destaque, posteriormente foi construído a Estação Ferroviária,
hoje, um local de entretenimento.

Triunfo em foto do início dos anos 2000.

386
U V X Z
Usina, Bairro da

É fácil explicar a origem do nome do bairro da Usina pois


qualquer macabuense sabe que está relacionada à nossa maior
indústria em todos os tempos: a Usina Victor Sence S/A. Nossa
maior indústria só, não. A Usina Victor Sence, enquanto existiu,
sempre se destacou na produção de gêneros sucroalcooleiro, que
são os derivados da sacarose: açúcar, álcool, acetato de butila,
butanol, acetona, etc. – sendo a pioneira e a única a produzir os três
últimos produtos a partir da cana de açúcar em toda América Latina.
A história do bairro é um pouco mais longa, e remonta à
metade do século XIX, quando as florestas daquela região foram
substituídas pelas pastagens e cafezais da Fazenda Juraci, do casal
Antônio e Cândida de Oliveira Gomes. A propriedade era uma das
maiores e mais ricas do antigo município de Macaé ao qual
pertencíamos, servindo também de entreposto comercial de açúcar
mascavo, rapadura, aguardente, e lógico, café e escravos.
No princípio do século XX, a situação havia mudado muito, a
fazenda já não era um exemplo de produção agropecuária, e
consequentemente, a região estava fadada ao esquecimento,

387
quando o francês Victor René Sence a escolheu para erguer a Usina
Conceição (primeiro nome da Usina Victor Sence) em 1912.
Em 1° de maio de 1913, houve o início das obras da Usina
Conceição, com alguma produção em outubro do mesmo ano,
embora seu funcionamento a pleno vapor só ocorresse no ano
seguinte: 1914.
Como era de costume, o usineiro construía casas para os
trabalhadores rurais da usina, nas fazendas. E fazia o mesmo para os
trabalhadores da(s) fábrica(s), ao lado da mesma. Assim, Victor
Sence construiu inúmeras vilas em suas extensas propriedades rurais
como Boa Esperança, Socó, Boa Vista, São Henri, São Luís...
Próximo à Usina Conceição fez o mesmo. As casas eram
construídas em sequência, parede a parede, chamadas de “correios
de casas”, abreviação de “corredores de casas”.
O primeiro “correio de casas” construído ao lado da Usina
Conceição – nome da indústria até 1943 – recebeu o simpático
nome de Arrabalde Leolinda em homenagem à esposa do
empresário, Dona Leolinda Teixeira Sence. A intenção do Sence era
que o bairro passasse a se chamar assim.
O nome foi mudado para Vila Leolinda, mas também não
pegou, porque todos passaram a chamar a região de Usina,
deixando o nome Vila Leolinda só para o primeiro “correio de
casas”. Nome preservado por alguns moradores até hoje.

388
Com o tempo, veio o progresso, e a localidade cresceu além
dos “correios de casa”, tornando-se um dos grandes bairros de
Conceição de Macabu.
Em 1993, a Usina Victor Sence fechou suas portas,
diminuindo o movimento de pessoas no bairro, empobrecendo-o,
mas não chegando a provocar seu esvaziamento populacional.
Há uma tentativa de se resgatar o antigo nome da Usina, Vila
Leolinda, mas é inegável que a voz do povo já ratificou o termo
Usina.

Promessa é dívida
Foi na Fazenda Juraci, em meados do século XIX, que
ocorreu um dos mais pitorescos casos de Conceição de Macabu.
Um caso em que a palavra empenhada se manteve ao longo dos
anos, sendo cumprida conforme o previsto.
Contam as tradições locais que um imigrante suíço, chamado
Adrian Allemand, com apenas 22 anos, foi prometido à recém-
nascida filha do casal Rosa Cândida, resultando num casamento
com 10 filhos e filhas.

Usina Victor Sence S/A (1913-1993) – Síntese Histórica *


Introdução
Constantemente estudantes, professoras e moradores do bairro
da Usina, procuram-me em busca de informações sobre a fundação, o
desenvolvimento e a construção da única grande empresa que o nosso

389
município já teve: a Usina Conceição, depois rebatizada de Usina Victor
Sence.
Visando facilitar as pesquisas desses curiosos, há dois anos
produzi uma síntese histórica da empresa, que, aproveitando o espaço
desta coluna, torno pública:
A Ideia
Provavelmente partiu de Manoel Massena, jornalista do
semanário A GAZETA DE MACABU, a ideia de termos uma indústria
canavieira implantada em Conceição de Macabu. É muito comum
encontrarmos textos deste jornalista, datados de 1911 e 1912,
defendendo a tese da industrialização macabuense. Manoel Massena
também foi o primeiro a propor a união dos produtores rurais de
Conceição de Macabu em associações e cooperativas, sendo também,
o precursor dessa ideia.
Foi dele também a iniciativa de buscar apoio junto a Deusdérito
Antunes Belmont (Nute Belmont) e ao vereador João Nunes Viana, e
em 1912 procuraram o padre Frederico Masson (em Macaé), que lhes
deu uma carta de apresentação junto ao industrial francês Victor René
Sence – que na época pretendia instalar uma fábrica em Triunfo ou
Glicério.
Manoel Massena, Nute Belmont e João Viana estavam decididos
a convencer Victor Sence a trocar a localização de sua futura fábrica.
A Visita
Em agosto de 1912, na Usina Paraíso, em Campos, os
macabuenses tiveram um encontro com o industrial, onde ficou

390
acertada uma visita do mesmo a Macabu, que veio a consumar-se no
mesmo mês, no dia 20/08/1912.
Era necessário impressionar o empresário e, para isso, a
comunidade macabuense foi incansável: bons cavalos para visitação,
festas, bailes, discursos, homenagens, banquetes...
Por ocasião da visita, foi escolhido o local da futura usina,
exatamente onde está. No mesmo dia, muitos foram os festejos pela
escolha de Macabu, com direito aos já citados banquetes, bailes, banda
de música, etc.
Pesou muito na decisão de Victor Sence o fato de a
comunidade já contar com uma certa estrutura produtiva: diversos
canaviais, alambiques, fábricas de rapadura e melado, estrada de ferro,
olarias, serrarias, etc.
A Construção
No dia 1º de maio de 1913, foi lançada a pedra fundamental da
USINA CONCEIÇÃO. As obras tiveram início no mesmo dia e duraram
até outubro de 1914, sendo que, oficialmente, a primeira moagem deu-
se no dia 08/10/1914, embora a produção de açúcar tenha tido início já
em 1913.
O local de construção da Usina Conceição ficava próximo a uma
serraria e ao lado do ramal ferroviário que nos ligava a Macaé e
Triunfo, o que facilitou o transporte de máquinas, peças e mão-de-
obra.

391
Usina Victor Sence S/A
Após a morte do industrial Victor René Sence em 1939, a
indústria passou a chamar-se Usina Victor Sence , tornando-se uma
sociedade anônima em 11 de julho de 1943. Destacou-se pela produção
de açúcar, álcool, acetato de butila, butanol e acetona, além de formar
diversos profissionais: funileiros, torneiros, mecânicos, químicos, etc. A
partir de 1988, mergulhada em dívidas variadas, desfazendo-se do seu
meio produtivo – as fazendas – e enfrentando sérios problemas
administrativos, a empresa entrou em crise, vindo a ser fechada em
1993, após 70 anos de atividades. O fechamento da UVS, previsto
desde os anos 80, não foi seguido de nenhum projeto de
desenvolvimento alternativo, resultando na maior crise econômica e
social já sofrida por Conceição de Macabu.
* Publicado na Coluna Macabu Antigamente, escrita por mim, na
Gazeta Macabuense de 6 de fevereiro de 2003.

Usina Victor Sence nos anos 40. Foto do Relatório de Emancipação de


Conceição de Macabu.

392
Transporte de cana em carro de boi. Acervo de Eliete Azevedo.

Usina Victor Sence em foto do autor nos anos 80.

393
Fórmulas, utilidades e compradores
Os mais novos não viram e tão pouco terão grandes
oportunidades de ver a maioria dos produtos da UVS, a não ser os
populares álcool e açúcar. Se é difícil vê-los, pelo menos via
Dicionário Aurélio ficamos sabendo do que se tratavam
quimicamente.

1 – Acetona (Propanona)
[De propano + -ona2.]
S. f. Quím.
1. Líquido incolor, volátil, com cheiro agradável, usado como
solvente em inúmeras indústrias; acetona [fórm.: C3H6O].
Principais Compradores:
Rhodia/Sulvinil/Basf/Indústrias de Cosméticos, etc.
Produção: 861.144 Kg/ano (1980)

2 – Butila
S. f. Quím.
1. O grupo monovalente -C4H9. Líquido incolor, volátil, com
cheiro desagradável, usado como solvente em inúmeras
indústrias.
Principais Compradores:
Philips/Philco/Basf/Rhodia/Johnson/Gessy Lever, etc.
Produção: 669.237 kg/ano (1976)

394
3 – Butanol
[De butano + -ol2.]
S. m. Quím.
1. Álcool butílico (q. v.).
[Pl.: butanóis.]
2. Álcool usado como solvente e matéria prima em
indústrias fotográficas.
Produção: 1.536.480 Kg (1981)
Principais Compradores:
Fujy Film/Kodak/Philips/Rhodia/Basf/3M, etc.

4 – Álcool
S. m.
1. Quím. Composto orgânico que contém hidroxila
ligada diretamente a átomo de carbono saturado.
2. Quím. Líquido incolor, volátil, com cheiro e sabor
característicos, obtido por fermentação de substâncias açucaradas
ou amiláceas, ou mediante processos sintéticos, utilizado com
larga faixa de propósitos; etanol, álcool etílico [fórm.: C2H6O].
Produção: 30.000 litros/dia (1985)
Obs.: A U.V.S. produzia vários tipos de álcool, como álcool
anidro para uso como combustível, o álcool de uso doméstico, e
alguns tipos especiais, como matéria-prima das indústrias de
tintas, vernizes, fitas VHS e K-7, entre outras.

395
Álcool anidro. Quím.
1. Etanol a que se retirou, praticamente, toda a água, e
que pode ser misturado à gasolina para uso como combustível.

5 – Açúcar
[Do ár. as-sukkar, 'açúcar', poss. do gr. sákcharon (cf.
sacarose) < sânscr. çarkarâ, 'pedregulho'; 'grão'; 'cristais de
açúcar'.]
S. m.
1. Quím. Qualquer de certos carboidratos simples, ger.
solúveis em água e de sabor adocicado, como a sacarose, a
glicose e a frutose.
2. P. ext. Cana-de-açúcar: 2
Açúcar branco.
1. Açúcar (1), muito refinado e clarificado, em que a
sacarose está presente em alto grau de pureza.

Produção: 250.000 sacos de açúcar cristal e 25.000 sacos de


açúcar especial para exportação (1975).
Obs.: O açúcar era o principal produto da empresa, suas
vendas eram pagas com antecipação, e seus compradores
oriundos de todo país, além do exterior – EUA/Japão,
principalmente.

396
Propaganda da Usina Victor Sence na revista Manchete em 1986.
Acervo do autor.

Corte de cana anos 80. Fotos do jornal O Globo, 21-10-1988.

397
Bairro da Usina e a Massa Falida da Usina Victor Sence no Google
Earth em 16 de maio de 2019. Área de 23,6 hectares.

Vista aérea do bairro da Usina. Foto cedida por Eleny Oliveira.

398
Capela Nossa Senhora de Lourdes na Usina. Foto de Pablo Donato.

Vila da Ponte, Bairro da


Era uma comunidade situada entre a Ponte do Sertão (rio
Macabu) e o bairro do São Henri. Não era uma comunidade grande,
nem antiga, tinha menos de 150 moradores e menos de 30 anos de
existência.
A origem do nome é óbvia, referindo-se à ponte sobre o rio
Macabu não muito longe dali, ponte esta que liga Conceição de
Macabu à região do Sertão.
A Vila da Ponte era estritamente residencial, com apenas dois
bares. Era uma comunidade que sofria com a deficiência dos

399
serviços públicos mais básicos, como água, esgoto, coleta de lixo e
educação.
Grande parte desses problemas foram revertidos com a
extinção do bairro pois as pessoas que lá viviam foram transferidas
para um pequeno conjunto habitacional no bairro do São Henry,
integrando-se a este núcleo habitacional desde então.

Vila Esperança, Bairro da


Bairro novo, formado em decorrência de dois fatores: a
expansão da Vila São José e o Assentamento de São Domingos. São
desses dois bairros a maioria dos moradores da Vila Esperança, cujo
nome inspirou-se no desejo natural inerente de que, para quem
está começando (o bairro é do fim dos anos 80), tudo há de dar
certo.
É um bairro estritamente residencial, com pessoas
trabalhadoras, que dividem seu tempo entre afazeres domésticos,
estudo, atividades agropastoris no assentamento, e empregos e
serviços variados em outras partes da cidade.
Está localizado entre o Procura, a Vila São José, propriedades
rurais e a Estrada de São Domingos.

400
Vila Esperança no Google Earth em 10 de junho de 2019. Área de 4,2
hectares vistos de 650 metros de altura.

Vila Leolinda (Usina)


Leolinda Teixeira Sence era campista de nascimento e
macabuense de coração. Casada com Victor Sence, este resolveu
prestar uma homenagem à esposa: batizou o primeiro “correio de
casas” construído para servir de moradia aos operários da Usina
Conceição de Vila Leolinda. A vila operária foi o núcleo inicial do
bairro da Usina. A intenção de Victor Sence não deu certo, pois logo
o nome Usina se tornou mais forte e a Vila Leolinda denominava
apenas uma pequena parte do bairro.
Com o fechamento da Usina em 1993, houve muita gente
sugerindo que o nome do bairro fosse trocado para Vila Leolinda,

401
mas, ao que tudo indica, prevaleceu a tradição e a força da Usina
Victor Sence.
Ver também: Usina.

Vila Nova, Bairro da


Até a década de 20 do século XX, o atual bairro da Vila Nova
era constituído de propriedades rurais servidas pela Estrada Geral de
Cantagalo (construída em 1842). Além das propriedades rurais, havia
uma estalagem (tipo de pousada, hotel), que servia aos tropeiros
desde o século XIX. Muitos chamavam a Vila Nova de “Arrabalde da
Estalagem”, sendo esse portanto, seu primeiro nome.
Além disso, havia um pequeno sobradinho, de Dodonga
Brasil de Morais, até que, em 1923, José Maria Daumas, construiu
uma casa na região, dando início ao povoamento intensivo do
bairro. Logo foi se constituindo um pequeno núcleo urbano, que o
próprio ‘Zeca Daumas’ (para alguns era Juca Daumas) chamava Vila
Nova, contrapondo-se a Vila de Macabu, bem mais ‘velha’.
No ano de 1927, o prefeito de Macaé ordenou uma nova
delimitação da área urbana do então 5° distrito, Conceição de
Macabu. Chamado a opinar quanto ao nome do bairro que se
formava, o Sr. José Maria Daumas, batizou-o oficialmente de Vila
Nova.

402
Essa é a história do nome, mas a Vila Nova é mais antiga,
remontando ao século XIX, ao ano de 1842, quando foi aberta
naquela região a Estrada Geral de Cantagalo.
Por essa estrada, hoje ruas Coronel Castro, Coronel Etelvino
Gomes, Maria Adelaide e Godofredo Guimarães Tavares, passaram
toneladas de café e outros produtos agrícolas que viajavam em
lombo de mulas e burros até um porto fluvial às margens do rio
Macabu, ou seguiam diretamente para Macaé, caso fosse período
de estiagem e o rio não estivesse muito cheio.
Em sentido inverso, rumo às serras fluminenses, chamadas de
região de Cantagalo (hoje Trajano e Madalena), seguiam escravos,
manufaturas, aguardente, rapadura, farinha de mandioca, etc.
A Vila Nova concorre com a Bocaina pelo posto de maior
bairro de Conceição de Macabu, ainda permanecendo em segundo
lugar. De tão grande para os padrões locais, é subdividida em
Chácara de Santana, Morro da Biquinha, Subida do Malibu, Campo
do Rio Branco e Inferninho (Rua XV de março).
Bairro populoso, com todo tipo de comércio, movimentado,
há quem diga com orgulho, que a Vila Nova é uma grande família,
quase do tamanho de algumas cidades vizinhas.
Exageros à parte, o bairro progressista, seu povo e economia
são dinâmicos, e sua presença no perímetro urbano de Conceição
de Macabu, só nos engrandece.
O bairro é muito carismático, cheio de casos e histórias
interessantes, além de personagens marcantes como seu Jola – José

403
Belmont Daumas - que dos seus quase 100 anos quando da
primeira edição desse livro em 2004, demonstrava vigor físico e
capacidade intelectual invejáveis, tendo se tornado um dos marcos
vivos da nossa história e das tradições da Vila Nova.

Vila Nova nos anos 40.

Vila Nova em foto da década de 40. Foto do Relatório de


Emancipação.

404
Vila Nova no Google Earth em 16 de maio de 2019, foto obtida há
1.200 metros de altura. Área de 35,3 hectares.

Vila Progresso (Mutirão/Rhodia)


Localizado no bairro da Rhodia está o Mutirão, apelido da
Vila Progresso, que, pelo tamanho, já pode ser considerado um
bairro.
O nome Vila Progresso é um auspício para que tudo corra
bem, e o local prospere. Já o nome Mutirão conta melhor a história
do lugar. Em meados dos anos 80, surgiu um projeto de casas
populares, construídas em regime de mutirão. O mutirão foi intenso,
em poucos meses dezenas de casas eram levantadas e,
rapidamente, formava-se mais um núcleo urbano em nossa cidade.

405
Hoje em dia, o Mutirão é a residência de centenas de
macabuenses e não se pode dizer que sua população parou de
crescer. É basicamente residencial, embora diversos comércios
estejam se formando na região.

Vila São José, Bairro da

Mais um bairro cujo nome está relacionado às tradições luso-


católicas, não havendo dúvidas quanto à origem do nome.
Embora a região esteja povoada desde os tempos da
fundação da Fazenda Modelo Wenceslau Bello (hoje FIA), em 1923,
foi um loteamento de propriedade do senhor Zeca Ferreira, em
meados dos anos 70, que deu origem ao bairro. Daí também surgiu
o nome Vila São José, uma homenagem que o loteador prestou ao
santo de sua devoção, da qual tomou emprestado seu próprio
nome: Zeca = José = São José.
É um dos bairros que mais cresce em Conceição de Macabu,
devendo muito da sua expansão urbana ao crescimento da Bocaina
e da Calçadinha, de onde provém boa parte de seus moradores, e
com os quais faz limites, além da Vila Esperança e do Procura.
Até bem pouco tempo, todas as ruas do bairro tinham
nomes baseados na tradição luso-católica, sendo nesse quesito, o
maior bairro de Conceição de Macabu, pois em nenhum outro
temos tantos Santos e Santas. Em contraponto, é um bairro com
uma grande população não católica, talvez a maior da cidade.

406
O bairro é misto, agregando aspecto comercial e residencial.
As taxas de crescimento são muitas elevadas e é possível, que em
muito pouco tempo, passe a se confundir com a vizinhança:
Bocaina, Vila Esperança e Calçadinha.
Segundo o sítio Santo do dia:

São José
Príncipe da Casa Real de Davi e ao mesmo tempo humilde
carpinteiro, é difícil se poder avaliar a grandeza de sua missão. É
considerado o Patrono da Boa Morte porque morreu assistido pela
Santíssima Virgem, sua Esposa, e pelo próprio Homem-Deus, de quem
era pai adotivo. Foi também declarado Patrono da Santa Igreja.

407
Vila São José com vista de 850 metros de altura diretamente do Google Earth
em 11 de junho de 2019. A área do bairro é de 12,5 hectares.

Foto cedida por Edineia Nascimento, as olarias na região da Bocaina-Vila São


José, na época da foto, pertencentes ao senhor Manoel Soares.

Vila Tavares, Bairro da


Um dos bairros mais distantes do centro da cidade,
localizado às margens da RJ-186, entre o São Henri e Santa Catarina.
O Tavares, como também é conhecido, deve seu nome ao
loteador que deu origem ao bairro Tavares Gomes da Silva, que em
meados dos anos 70, iniciou o processo de venda de lotes a preços
populares, com pagamento facilitado, o que atraiu principalmente

408
trabalhadores e ex-trabalhadores das fazendas da região, inclusive
das propriedades da Usina Victor Sence.
O bairro é urbanizado, sua rua principal é asfaltada. Possui
posto de saúde, escola municipal, e todo tipo de comércio, com
especial destaque para bares.
A Vila Tavares é o centro de uma região que abrange a
Fazenda do Ipê, a Seringueira, e até Santa Catarina.

Vila Tavares com área de 7 hectares, ao longo da RJ-196, visto no dia


11 de junho de 2019 pelo Google Earth.

Zé Pureza, Assentamento

Fundado em 2008, o mais novo assentamento da região


localiza-se próximo ao bairro da Usina, logo após a ponte sobre o
Rio Macabuzinho, estendendo-se até o Rio Macabu.
Sua origem remonta ao abandono das fazendas São João e
Macabuzinho após a falência da empresa (Usina Victor Sence S/A), e

409
a posterior ocupação destas pelo MST, fato que gerou a criação do
assentamento.
O nome Zé Pureza é uma homenagem a um dos grandes
líderes da luta pela terra no Estado do Rio de Janeiro nas décadas
de 1950-1960 – mantendo o costume do MST em homenagear
grandes líderes populares em seus assentamentos.

410
Agradecimentos:

Em Campos:
Pe. Antonio Ribeiro do Rosário (Em memória)
Walter Siqueira (Em memória)
Fabielly Nogueira de Vasconcellos
Aristides Arthur Soffiati Neto

Em Macaé:
Maria da Conceição Villela Franco
Ricardo Meireles
Vilcson Santos Gavinho
Rosali Quinan
Jane Marinho
Lídia Aguiar
Maria da Penha
Ariana Miliosi
Nonata Maria
Uilian Guimarães
Rosiam Pacheco
Ir. Dagmar Nilger de Almeida - Tradução Italiano-Português
Ana Maria Pujol – Tradução Espanhol-Português
Marlene Murakami/Revisão
Rodrigo Romeiro

411
Francisco de Almeida Pereira (Em memória)

Em Quissamã:
Alacir Rodrigues da Silva/Revisão
Dona Leninha – Elena Barcelos
Jesus Edésio de Farias (Em memória)
Eduardo de Carvalho

Em Nova Friburgo:
Derli Barbosa Moreira (Em memória)

Em Teresópolis:
Dr. Waldir Barbosa Moreira (Em memória)

Em Santa Maria Madalena:


Mário Guimarães
Maria Luísa Feijó
Jomar Pereira Dias – Trajano de Morais
Silvia Soares Abreu (Em memória)
Nestor Cardoso Lopes

No Rio de Janeiro:
Senador/Antropólogo Darci Ribeiro - entrevistado em 1991
(Em memória)

412
Lúcia Maria Maina (Em memória)
Indigenista Orlando Villas Boas – seminário e entrevista
concedida em 1992 (Em memória)

Em Niterói:
Dr. Aloysio Tavares Picanço (Em memória)
Dr. Mário Nunes Picanço (Em memória)
Dra. Maria Apparecida Picanço Goulart
Dr. Jorge Picanço Siqueira (Em memória)
Mareda Fiorillo Bogado
Sérgio Costa Velho

Em Rio das Ostras:


Edgar de Carvalho
Bernarda Ornellas Gomes

Em Vitória – ES:
Océlia Boeck – sobre o governador Nestor Gomes

Em São Paulo – SP:


Célia Oy – sobre a Imigração Japonesa

Em Santos – SP
Talita Pereira

413
Em Belém/Vigia – Pará
Therezinha de Carvalho Palheta

Em Belo Horizonte – MG:


Mateus Handam Alvim – Macabu Tabledance/Traduções em
alemão

Em Três de Maio – RS
Joaquim Paulo do Rego Barros

Em Walsrode – Alemanha:
David Steinacker – Macabu Tabledance/Traduções em
alemão

Em Stutgard – Alemanha:
Joachin Ott – Macabu Tabledance

Em Santiago – Chile:
Verônica Andrea Donoso Selaive – Inversiones Macabu

Em Maputo – Moçambique
Paulo Mizuambela - Linguista indicado por Darci Ribeiro –
Grafia de Carukango

414
Em Ybbs Na Der Donnau - Áustria
Marion Kastenhofer do Caffe Macabu

Em Conceição de Macabu:
A/B/C
Andréa de Matos Procópio – Digitação da 1ª edição
Adelino Antonio de Campos Tavares (Em Memória)
Alex Monteiro Tavares – Vila Tavares
Antonio Augusto Fidalgo (Em Memória)
Antônio Leite (Em Memória) – Paciência
Antonio Getúlio da Silva (Em Memória)
Antonio Marcelus Salgado Tavares
Antônio Marcos da Silva Gomes (Botão)
Antônio Minguta de Oliveira (Em Memória) –
Macabuzinho/Patos/Barata/Caju
Aparecino Maciel (Em Memória)
Arinete Silva de Sá
Ascânio Gomes (Em Memória)
Augusta Silva – Barata/Caju
Aurino Moura – Socó/Santo Agostinho
Bruno Gomes – Vila Tavares
Cláudia Márcia da Silva Negreiros - Fotos
Carlos Edivar Barbosa Aded
Carlos José Tavares de Oliveira

415
Carlos Oliveira (Carlinhos Minguta) – Macabuzinho/Canudos
Celi da Silva Maciel
D/E/F/G/H
Darclê Bersot Leal – Arquivo da FIA
Délcio Pontes Pacheco (Em Memória)
Douglas Fernandes – Arquivo Paroquial
Edmar Neves Gambetta – Amorosa/Calambau
Eduardo Ferreira de Carvalho
Eleonora Bouçada Tassara
Eliana Ignez Abreu Gomes – Revisão
Evandro de Paula Gomes – Revisão (Em Memória)
Erival Gomes (Em Memória) –
Macabuzinho/Patos/Barata/Caju
Evaldo Pereira Tavares – Caju/Patos/Barata/Macabuzinho
Fábio José da Silva Gomes (Buranha)
Fernando Daumas (Galego)
Francisco Ferreira do Cabo (Cabinho/Em Memória)
Geraldo Azevedo Osório – Agulha/Balancé
Germano Lima (Maninho Lima/Em Memória)
Gilberto Navarro – Usina Victor Sence
Haroldo Bastos Tinoco (Em Memória)
Helena Bouçada Tassara
Hélio de Carvalho – Amorosa/Cachica
Herculano Gomes da Silva (Em Memória)
Hilda da Silva Gomes

416
I/J/K/L/M
Jeannete Paes Tavares Pacheco – Revisão
João Carlos Salgado Tavares (Duão)
João da Paixão Barbosa (Barbosa/Em Memória)
Joedir Belmont
Pe. Jorge Pereira – Arquivo Paroquial
Joilson Mobarak (Kika/Em Memória)
José Belmont Daumas (Jola) – Vila Nova/Monte Cristo (Em
Memória)
José Carlos Ferreira Borret (Zezinho)
José Luís Andrade – Roncador/Poaia
José Mário de Campos Tavares
José Miltonsiles Ornellas Gomes – Revisão
José Roberto Machado do Norte (Pastel)
Kelly Tavares Monteiro – Fotos
Lanusse da Silva Gomes (Pinguinho)
Laura Bouçadas de Araújo – Documentos/Fotos (Em
Memória)
Liliane de Matos Henriques - Piteira
Luciano Leal Tavares - Procura
Luciene Neves Oliveira
Lúcio Andrade Fidalgo - Cambotas
Manoel José Fidalgo - Cambotas
Márcio Andréa Vecci

417
Maria José Santos – Fotos
Maria Madalena Tavares dos Santos Jorge
Maria Magnólia da Conceição (Em Memória) – Estação/Santo
Agostino/Calçadinha
Marília Bouçada Tassara - Fotos
Marlene Souza Rocha – Arquivo Paroquial
Marlon Abreu Gomes - Assentamentos
Marlon Gomes Sardinha
Milton Narciso da Costa (Miltinho) – Vila São José
Morisson Cordeiro Couto - Procura
N/O/P/Q/R
Nanci Barbosa Andrade (Em memória)
Otávio Oliveira Tavares (Em Memória) –
Macabuzinho/Paciência
Paulo Sérgio Procópio Pacheco (Paulinho de Délcio)
Pedro Costa Linhares
Ramira Maria da Conceição – Curato de Santa Catarina (Em
memória)
Roberto Ribeiro – Patos/Usina Victor Sence
S/T/U/V/W/X/Y/Z
Silvério Pereira Rangel
Vanusa da Silva Rocha – Usina Victor Sence
Walace Negreiros da Silva – Revisão/Fotos
Welton Teixeira Martins
Zélia Santos Mota - Fotos

418
Zeni Carvalho Restum (Em memória)
Equipe de Produção 1ª e 2ª Edição:
Alacir Rodrigues da Silva
Andréa de Matos Procópio
Eliana Ignez Abreu Gomes
Evandro de Paula Gomes (Em memória)
Jeannete Paes Tavares Pacheco
José Miltonsiles Ornellas Gomes
Marcelo Abreu Gomes
Marlene Murakami
Walace Negreiros da Silva

419
Instituições:
Arquivo da Massa Falida da Usina Victor Sence
Arquivo Público do Espírito Santo – Vitória/ES
Arquivo Público Estadual – Rio de Janeiro
Arquivo Público Nacional – Rio de Janeiro
Biblioteca Nacional – Rio de Janeiro
Biblioteca Pública de Niterói - Niterói
Biblioteca Pública de Nova Friburgo – N.Friburgo
Biblioteca Pública de Teresópolis – Teresópolis
Cartório do Primeiro Ofício de Conceição de Macabu
Casa da Cultura Francisco Portugal Neves – Sta. Mª Madalena
Casa de Casimiro de Abreu – Barra de São João
Centro Integrado de Educação Pública – CIEP-271/ Dr. José
Bonifácio Tassara – Conceição de Macabu
Centro de Memória Antonio Alvarez Parada – Macaé
Espaço Cultural José Carlos Barcellos – Quissamã
FIA – Fundação da Infância e da Adolescência de Conceição
de Macabu
Fundação Rio das Ostras de Cultura – Rio das Ostras
Instituto Histórico e Geográfico de Macaé – Macaé
Museu da Imigração Japonesa – São Paulo/SP
Paróquia de Nossa Senhora da Conceição – Conceição de
Macabu
Primeira Igreja Batista de Conceição de Macabu
Solar dos Mello - Macaé

420
Fontes utilizadas:

1 – Depoimentos:
Adelino Antonio de Campos Tavares
Antonio Fidalgo
Antônio Leite
Antônio Minguta de Oliveira
Aparecino Maciel
Aristides Soffiati
Ascânio Gomes
Aurino Moura
Erival Gomes
Celi da Silva Maciel
Darci Ribeiro
Francisco Ferreira do Cabo (Cabinho)
Germano Lima (Seu Maninho)
Herculano Gomes da Silva
Hilda da Silva Gomes
João da Paixão Barbosa
José Belmont Daumas (Seu Jola)
Maria Magnólia da Conceição
Nanci Barbosa Andrade
Orlando Villas Boas
Otávio Oliveira Tavares

421
Ramira Maria da Conceição
Zeni Carvalho Restum

2 – Bibliografia:
ABREU GOMES, Marcelo. Geografia Física de Conceição de
Macabu. Rio das Ostras: Editora e Gráfica Poema,1997.
ALMEIDA, Ana Maria V. Carapebus nas Páginas do Passado.
Niterói: Muiraquitã, 2013.
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ARAGÃO, P.M. As cartas de sesmaria do Rio de Janeiro. Rio
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ATLAS HISTÓRICO E GEOGRÁFICO ESCOLAR DO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO. Governo do Estado do Rio de Janeiro, 1993.


BACIAS HIDROGRÁFICAS E RIOS FLUMINENSES – SÍNTESE
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Projeto Planágua-Semads/GTZ, 2001.
BIDEGAIN,Paulo. Lagoas do Norte Fluminense. Rio de
Janeiro: Projeto Planágua-Semads/GTZ, 2002.
BINDER, Walter. Rios e Córregos. Rio de Janeiro: Projeto
Planágua-Semads/GTZ, 3ª Edição. 2001.

422
BIZERRIL, Carlos Roberto. S. Fontenele. Peixes de Águas
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Planágua-Semads/GTZ, 2001.
BORGES, Armando. História do Canal Macaé a Campos.
Itaperuna: Damadá. 2000.
______.Folclore Macaense. Macaé: Gráfica Silva Santos. 1999.
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423
Goitacás que por Ordem do Ilmo e Exmo Senhor Luiz de
Vasconcellos e Souza do Conselho de S. Majestade, Vice-Rei e
Capitão Generalde Mar e Terra do Estado do Brasil, etc. se
Escreveu para Servir de Explicação ao Mapa Topográfico do
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DA COSTA ABREU, Antonio Izaias. Municípios e topônimos
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São Paulo: Nova Fronteira. 1997.
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Descrição que faz o Capitão Miguel Aires Maldonado e o Capitão
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fadigas das suas vidas, que tiveram nas conquistas da capitania do
Rio de Janeiro e São Vicente, com a gentilidade e com os piratas
nesta costa. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil
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apresentado a Universidade Federal Fluminense em 05 de junho de
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Históricas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora Biblioteca
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_____.Imagens de Teresópolis.1984.
_____.Personalidades de Teresópolis.1985.
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REGISTRO PAROQUIAL DE ÓBITOS DA PAROQUIA DE
NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE MACABU (1848-1889), 4V.
REGISTROS COMERCIAIS DA PREFEITURA DE CONCEIÇÃO
DE MACABU (1953-1993). REGISTROS COMERCIAIS DA PREFEITURA
MUNICIPAL DE MACAÉ (1913-1952). REGISTROS COMERCIAIS DA
PREFEITURA MUNICIPAL DE MACAÉ (1913-1952). RELATÓRIOS DA
CÃMARA MUNICIPAL DE MACAHÉ (1850- 1952).

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Brasil. São Paulo:Livraria Martins Editora, 5ª Edição.
SCISINIO, Alaor Eduardo. Escravidão e a Saga de Manoel
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sobre os Campos dos Goytacazes. Rio de Janeiro: Typographia
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Farmacêutico José Siqueira da Silva. Niterói: Parceria Editorial. 1999.
________. Carukango. Cordel. Rio de Janeiro: Cia. Brasileira de
Artes Gráficas, 1984.
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Brasileira de Artes Gráficas, 1984.
________.Centenário de Nascimento de Maura Picanço
Siqueira. Niterói: Parceria Editorial,2002.
SIQUEIRA, Walter. Conceição de Macabu.Campos: Edições
Pedralva, 1977.
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história ambiental na ecorregião Norte-Noroeste Fluminense entre
os séculos XVII e XX. Niterói: UFF, 1995.
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século XIX no Norte Fluminense. Boletim do Observatório
Ambiental Alberto Ribeiro Lamego, v. 1, n. 2, p. 13-24, 2007.
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perspectivas para a história ambiental na ecorregião Norte -
Noroeste fluminense entre os séculos XVII e XX. O nativo e o
exótico: perspectivas para a história ambiental na ecorregião Norte
- Noroeste fluminense entre os séculos XVII e XX. 1996.

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SUBSÍDIOS PARA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS DAS
BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS MACACU, SÃO JOÃO, MACAÉ
E MACABU. Rio de Janeiro: Projeto Planágua-Semads/GTZ, 1999.
TAVARES, Godofredo Guimarães. Imagens da Nossa Terra.
Rio de Janeiro: Prymil Editora, 2002.
TINOCO, Godofredo. Motta Coqueiro – a grande incógnita.
Rio de Janeiro: Livraria São José Ltda. 1966.
_______. Macaé. Rio de Janeiro: Livraria São José Ltda. 1960.
Uma Pequena História: A Geração de uma Princesa Africana.
VASCONCELLOS, Antão. Evocações - Crimes Célebres em
Macahé. Rio de Janeiro: Benjamin de Águila, Editora. 1911.
VASCONCELLOS, Francisco. O amanhecer do Sistema Viário
Fluminense. Monografia.

3 – Documentos:
Almanak Laemmert – Edições de 1852 a 1889 – referentes as
freguesias de Conceição de Macabu, Carapebus, Neves, Madalena e
São Francisco de Paula;
Registros Paroquiais de Nascimentos de Pessoas Livres e
Escravos da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Macabu –
1855 a 1889;
Registros Paroquiais de Casamentos de Pessoas Livres e
Escravos da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Macabu –
1848-1868;

432
Registros Paroquiais de Terras da Paróquia de Nossa Senhora
da Conceição de Macabu – 1855-1857;
Registros Paroquiais de Terras de Cantagallo: Freguesias de
Santa Maria Madalena e São Francisco de Paula – 1855-1857;
Registros Paroquiais de Terras de Macahé: Freguesias de
Quissamã, Nossa Senhora das Neves e Carapebus – 1855-1857;
Registros Cartoriais de Nascimentos e Óbtos da Comarca de
Conceição de Macabu– 1889, 1920,1976-1978;
Registro de Óbito de Milicianos Brancos que Combateram
um Quilombo no Rio Macabu – Paróquia de Nossa Senhora das
Neves – 1831;

4 – Mapas:
Bacia Hidrográfica do Rio Macabu - Uso do Solo e Cobertura
Vegetal – Esc. 1:200.000 - Rio de Janeiro: Projeto Planágua-
Semads/GTZ, 1998.
Cartas Aerofotogramétricas do IBGE: Macaé, Lagoa Feia,
Quissamã, Renascença, Conceição de Macabu, Trajano de Morais e
Campos dos Goitacazes. Rio de Janeiro:IBGE. Escala 1:50.000. 1967.
Carta Corográfica da Província do Rio de janeiro. Seguindo
os reconhecimentos feitos pelos Coronel Conrado Jacob de
Niemeyer, o Major Henrique Luís de Niemeyer Bellegarde, Carlos
Frederico Koeler e Carlos Rivierre, Directores e Chefes das Secções
da Directoria das obras Públicas. Contendo os trabalhos
Hydrographicos e Topographicos do Almirante Roussim, do

433
Marechal Miranda, do Brigadeiro Xavier de Brito, do tenente-
General Couto Reys, dos Marechais Andréa e Cordeiro. Coordenada
e Desenhada pelo Engenheiro Pedro Taulois, encarregado do
Archivo da Directoria. Sendo Presidente da mesma o Brigadeiro
João Paula dos Santos Barreto. 1860.
Carta da Província do Rio de Janeiro - 1840.
Carta Topographica e Administrativa da Província do Rio de
Janeiro e do Município Neutro. Erigida sobre os documentos mais
modernos pelo Visconde de Villiers de Cheadam. Gravada na
Lithographia Imperial de Vilareé. Publicada no Rio de Janeiro por
Garnier e Irmãos. 1850.
Fragmentos de mapas do Norte Fluminense de 1863 e 1891.
Mappa da Província do Rio de Janeiro. Mandado organizar
para o serviço de Immigração pelo presidente da Província o Exmo.
Sr. Dr. Antonio da Rocha Fernandes Leão. 1887.
Mappa do Estado do Rio de Janeiro – 1892. Composto sobre
os últimos mappas existentes e de acordo com as estatísticas e
demarcações officiaes – organizados por Hilário Massom e José
Clemente Gomes. Editores proprietários: Laemmert e Cia. Rio de
janeiro, 1892. escala 1:500000.
Planta da Direcção do Canal de Campos a Macahé – 1846.
Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho – Presidente da Província do
Rio de Janeiro.
Planta da Província do Rio de Janeiro, 1830.

434
Planta Geral da Lagoa Feia e Suas Dependências. Rio de
Janeiro: Comissão de Estudos do Saneamento da Baixada do Rio de
Janeiro, 1931.
Província do Rio de Janeiro, 1866.

5 – Internet:

• AlmanaK Laemmert:
www.crl.uchicago.edu/info/brazil/pindex
• Bibliotecas e arquivos:
www.bn.br
www.casaruibarbosa.gov.br
www.arquivonacional.org.br
www.memorialdoimigrante.sp.gov.br
www.aperj.rj.gov.br
• Cultura Indígena:
http://www.unb.br/il/liv/papers/aryon.htm
http://www.lafape.iel.unicamp.br/Publica%C3%A7%C3%B5es/
GENERO.pdf
• Dados, Estatísticas, Estudos, Organizações Internacionais:
www.cide.rj.gov.br
www.ibge.gov.br
www.fao.org
www.unesco.com.br
www.unicef.org

435
• Dicionários de Sinônimos:
www.uol.com.br/Michallis
www.uol.com.br/aurelio
• Dicionários de Tupi:
http://www.escolavesper.com.br/paginaindio/pagindio/dicion
ariotupi.htm
http://www.areaindigena.hpg.ig.com.br/dicionario.htm
• Diversos:
Júnior – Futebol Turco:
www.soccerage.rete.it/it/04/21888.html - Obs.: Sítio em italiano;
Fera de Macabu – Livro de Carlos Marchi:
www.macabu.com.br ;
Selo raro – “Cabeça do Imperador” – Com carimbo de
Macabu: www.arremate.com/antiguidades/selos/macabu ;
Rio Macabu na Martinica:
www.midianweb.it/viaggi/martinica.htm - Obs.: Sítio em italiano;
Pousada Himalaia do Macabu :
www.assuramaya.com.br/pousada;
Ação Social – Alemanha :
www.lateinamerikazeitrum.de/pdf/4-2000/europa%204.00.pdf -
Obs.: Sítio em alemão;
Dengue e outras doenças em Macabu:
www.memorias.ioc.fiocruz.br/99caxambu/molecho.pdf - Obs.: Sítio
em francês;
Ecologia: www.netflash.com.br/ecologia/principal.htm

436
Banda Macabu: www.bluesandbeer.com.br/maivo.htm ,
anjosderesgate.com.br;
Turismo: www.brasiltours.ch/abentewwer_rio.htm - Obs.:
Apesar de indicar procedência chilena (ch), o sítio está em alemão;
Trovador Macabu: www.cdlle.org.es/xv.html ;
Vera Lúcia Andrade Bueno:
www.niteroi_artes.gov.br/verabueno.html ;
Sítios em Letão: www.smigi.edu.lv/multim.htm
.cs.llu.lv/jaun/l_ples ;
Samba da Rosas de Ouro – 1994: www.carnaval-
samba.com.br ;
Rio das Ostras: www.riodasostras.com.br ;
Orquídeas: www.whereintheworld.co.uk/level3_pages/bees-
brazil - Obs.: Sítio é em inglês;
Restaurante e boate Macabu: www.interhogast.de ,four-
roses.de , macabu.xxi.de , etc. – Obs.: Sítios em alemão/inglês;
Locomotivas: www. steam.demon.com.uk – Obs.: Sítio em
inglês;
Bananas: www.icfes.gov.co - Obs.: Este é em espanhol, mas a
maioria é em inglês;
Usina Victor Sence: www.americanartifactes.com - Obs.: Em
inglês e, traz registros de 3 de março de 1914;
Inversiones Macabu Ltda.:
www.chilnet.cl/rc/port_select_componies/inversionesmacabultda -

437
Obs.: Possui versão em português, mas a empresa é
chilena...incrível!
Língua Desconhecida: www.tgpsubmitter.com/tgp
Sítio em Japonês: www.geocities.co.jp/silkroad.forest/7422;
Quilombo do Carukango: www.castelo.com.br/projetos;
• Enciclopédias:
www.uol.com.br/almanaque/index2.htm
www.uol.com.br/bibliot
www.encyclopedia.com
www.eb.com
www.wikipedia.com
• Jornais, Revistas, Televisões:
www.uol.com.br/jornais
www.folha.com.br
www.jornaldobrasil.com.br
www.odia.com.br
www.oglobo.com.br
www.globonoar.com.br
* Registros Paroquiais de Terras:
www.aperj.rj.gov.br
www.docvirt.com.br
• Religiões, Santos, etc.:
www.santododia.com.br
www.vaticon.va
• Sítios de Busca:

438
www.altavista.com.br
www.cade.com.br
www.google.com.br
www.radaruol.com.br
www.yahoo.com.br
www.qwant.com
www.duckduckgo.com
• Personalidades:
http://www.angelamariasapoti.hpg.ig.com.br/index.htm
• Mapas, Canal Macaé-Campos/Estrada Geral de
Cantagalo/E.F.Barão de Araruama/E.F.Leopoldina :
www.bussolaescolar.com.br
www.letraseartes.com.br
www.ihp.org.br
www.vcfo.com.br
www.trensecia.com.br
www.mapquest.com
www.maps.com
• Tradutor:
www.babel.altavista.com.br
Google Tradutor

E mais: os sítios citados anteriormente no livro (ver Macabu), além


de outros 2.500 que exigiriam outro livro.

439
Instituições:

*Arquivos:
Arquivo da Massa Falida da Usina Victor Sence
Arquivo Nacional
Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro
Arquivo Público do Estado do Espírito Santo
Arquivo Particular do Autor
Centro de Memória Antonio Alvarez Parada – Macaé
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição
Arquivo da Câmara Municipal de Macaé
*Bibliotecas:
CIEP 271 –Dr. José Bonifácio Tassara/Conceição de Macabu
UNED-Macaé
Nacional do Rio de Janeiro - FBN
Pública de Nova Friburgo
Pública de Santa Maria Madalena
Pública de Teresópolis
Centro de Memória Antonio Alvarez Parada – Macaé
Particular – do Autor
Palácio da Cultura – Campos
Solar dos Mello - Macaé
*Museus:
Imigração Japonesa - São Paulo
Jarbas Brasil de Morais – Conceição de Macabu

440
Imagem e do Som – Rio de Janeiro
Sócio Religioso Dom Clemente Isnard – Conceição de
Macabu .

441

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