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OUTUBRO DE 2016
CENTRO DE ESTUDOS PRESBITERIANO
CONGREGAÇÃO PRESBITERIANA DE CONCEIÇÃO DE COITÉ – BA.
BREVE CURSO DE PREGAÇÃO BÍBLICA.
INTRODUÇÃO:
A pregação da Palavra de Deus é uma das tarefas mais difíceis de ser realizada.
Pregar não é fácil. Há quatro anos atrás escrevi uma breve apostila sobre a pregação como
a vox Dei (A pregação como a voz de Deus) naquela ocasião focalizei sobre a história da
pregação, seguindo por uma lacônica definição de pregação expositiva e suas
características, e por fim, apresentei de forma resumida a quem é destinada a tarefa da
Pregação.
Neste curso apresentaremos o lado prático daquilo que foi abordado há quatro
anos atrás. Nos focalizaremos especialmente na tarefa da apresentação e da entrega dos
sermões bíblicos.
I – O QUE É PREGAÇÃO?
1. Definições:
Uma outra definição bastante elucidativa quanto a este tipo de pregação é aquela
oferecida por Walter Kaiser jr. Que declara: “Um sermão explicativo [expositivo] toma
um parágrafo inteiro no mínimo (uma cena em narrativa, ou uma estrofe em poesia) e
permite que o texto bíblico forneça a força também o conteúdo da mensagem ou lição do
*
O autor é Ministro da Palavra e dos Sacramentos pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Formado em Teologia
pelo Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife – PE. Foi professor de línguas bíblicas (Hebraico
e Grego) no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil (SPF) em Recife – PE. Atualmente está
cursando mestrado no Instituto Bereano de Teologia – IBETEO – Brumado – BA. Hoje é pastor na Igreja
Presbiteriana de Riachão do Jacuípe – BA. É casado com Géssica A. Sorares do Nascimento de França e
pai de Lucas Luís Nascimento de França e Júlia Hadassa Nascimento de França.
1
ROBINSON, Haddon W. Pregação Bíblica – O Desenvolvimento e a entrega de Sermões Expositivos.
Tradução: Hope Gordon Silva. São Paulo: Shedd Publicações, 2003, p.22. 1
próprio texto”2. Isto aponta para o fato de que a “pregação expositiva tenta apresentar e
aplicar as verdades de uma passagem bíblica específica. ”3
Este é o primeiro vocábulo bíblico que é usado para descrever o ofício da pregação
bíblica no Novo Testamento. No grego temos a palavra “khrux” – keryx – o emprego desta
palavra é "descrever o homem que é comissionado pelo seu soberano, ou pelo estado,
para anunciar em voz alta alguma notícia, a fim de torná-la conhecida”.4 Apontando para
alguém que prega com autoridade comissionada. As “palavras da família de Kerusso são
usadas para descrever a pregação de Jonas (Mt.12.41), de João Batista (Mt. 3.1), de nosso
Senhor Jesus Cristo (‘proclamar’ e ‘apregoar’ – Lc.4.18b-19) e de seus apóstolos
(‘pregador’ – 1ª Tm 2.7; 2ª Tm 1.11).
O sentido desta palavra é “dá testemunho dos fatos” tem haver com falar sobre o
evangelho ou apresentar os temas do evangelho (João 4.39; 1ª João 1.2) e envolve um
elemento da pregação da igreja (Lucas 24.44-48).
2
KAISER JR, Walter C. Pregando e Ensinando o Antigo Testamento - Um Guia para a igreja. Rio de
Janeiro, CPAD, 2009, p.59-60.
3
CHAMPELL, Brayan. Pregação Cristocêntrica – Restaurando o sermão expositivo: Um Guia prático
e teológico para a pregação Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p.22.
4
COHEN, Lothar, “khru,ssw”. In: Docionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Volume
2, Ed. Lothar Cohen e Colin Brown. Tradução: Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova, 1993, p. 741. 2
A última palavra relacionada com pregação é esta aqui que o sentido básico é
“ensinar”, a pregação do evangelho também carrega uma boa dose de ensino ou doutrina!
O testemunhar de Cristo deve ser sempre regado com doutrina. Em Atos 5.42, lemos que
os apóstolos não cessavam “de ensinar e de pregar” (didasko e euangelizo) a Jesus, o
Cristo. Então, pregara a palavra envolve ensinar também doutrinas! E o uso destas
palavras nos mostram que a tarefa da pregação é mais ampla.
Quais características práticas deve ter a pregação bíblica? O que caracteriza uma
verdadeira pregação da palavra? Olhando para o Novo Testamento podemos identificar
três características básicas de uma pregação.
3.1 – Compulsão:
O pregador é chamado a tarefa de pregar. Ele é impulsionado ou mesmo
constrangido para anunciar o evangelho (1ª Coríntios 9.16). Quando os homens querer
que paremos a pregação devemos responder como fizeram os apóstolos (Atos 4.20) não
podemos parar de falar e anunciar o evangelho! É essa compulsão que toma conta de cada
um nós quando subimos no púlpito para pregar o evangelho.
A igreja evangélica de nosso tempo está tão tomada pelo pecado que muitas vezes
tenta silenciar a pregação pelos programas adicionais ao culto: coral, grupo de louvor,
coreografia – mas a pregação precisa ser reduzida! 15 minutos, dizem alguns, já suficiente
para a pregação; mas quem tem essa compulsão dirá não! Preciso pregar a palavra de
Deus.
3.2 – Clareza:
A segunda característica de uma pregação verdadeiramente bíblica é a sua
“clareza”. Este termo poderia ser substituído por “popular em seu estilo”, podemos, dizer
que o estilo puritano é o que se aproxima deste conceito. O próprio Richard Baxter, o
puritano, falou sobre a pregação de seus pares como tendo por meta “As palavras mais
simples são a oratória mais proveitosa, quanto às questões mais importantes”5. William
Perkins, outro puritano, disse que o sermão “Deve estar claro, lúcido, e evidente .... É um
5
PACKER, J.I. Entre os Gigantes de Deus – Uma visão Puritana da Vida Cristã. São Paulo: Editora
Fiel, 1996, p.306. 3
provérbio entre nós: Foi um sermão muito simples: E eu digo novamente, quanto mais
simples, melhor.”6 A clareza na pregação é de fundamental importância.
Stuart Olyott nos lembra que “A boa-nova apresentada com palavras e frases
difíceis não é boa-nova. Se os fatos são mostrados sem clareza parecerão ficção. ”7 a
pregação é a apresentação franca da verdade (2ª Coríntios 4.2) e que não se deve florir a
palavra de Deus com vãs filosofias (1ª Coríntios 1.17). A clareza na exposição bíblica é
importante na vida dos pregadores da palavra, pois, eles precisam falar à mente e ao
coração dos seus ouvintes. (1ª Coríntios 2.1-5).
3.3 – Cristocêntrica:
A outra característica da pregação é que ele se centraliza em Cristo. Todo alvo da
pregação deve ser sempre apresentar e levar os homens a Cristo. O tema central de toda
a escritura é cristo.
Novamente devemos ressaltar que a pregação puritana tinha esta característica. O
James I Packer mais uma vez nos lembra: “A chamada do pregador consiste em anunciar
todo o conselho de Deus; e a cruz é o centro desse conselho. Os Puritanos sabiam que
quem viaja através das paisagens da Bíblia perder-se-á no caminho assim que perder de
vista a colina do Calvário”8.
O próprio senhor Jesus nos ensina que a totalidade das Escrituras ensinam sobre
ele (Lucas 24.25-27;44-48). Paulo ao orientar o jovem pastor Timóteo evoca que as
sagradas letras podem tornar o homem sábio pela fé em Cristo (2 Timóteo 3.15) isto
significa que a Palavra de Deus é saturada pelo ensino a respeito do redentor, então, toda
a pregação deve ter uma orientação cristocêntrica.
6
BEEKE, Joel R.; JONES, Mark. A Puritan Theology – Doctrine for Life, Grand Rapids, Michigan:
Reformation Heritage Books, P.671
7
OLYOTT, Stuart. Pregação Pura e Simples. São Paulo: Editora Fiel, p.22.
8
PACKER, J.I. Entre os Gigantes de Deus – Uma visão Puritana da Vida Cristã. São Paulo: Editora
Fiel, 1996, p.307. 4
pessoalmente este autor recomende que cada aluno busque conhecer o Hebraico e o
Grego, não é de fundamental importância sabê-las para este tópico.
O curso pretende apresentar noções de exegese no uso de ferramentas importantes
para a pesquisa e estudo da palavra de Deus que vise ajudar a pregação da palavra.
Walter C. Kaiser Jr nos oferece uma definição interessante do que seja a Exegese:
O termo exegesis é derivada de uma transliteração da palavra grega εξηγησιj,
significando uma “narração” ou “explanação” (esta forma do substantivo,
entretanto, não ocorre no Novo Testamento, e somente uma vez no códex
Vaticanus da Septuaginta [a tradução grega do Antigo Testamento] – Juízes
7.15. A forma verbal Grega é εξηγεοµαι,[exegeomai] o qual literalmente
retém o significado “para levar para fora” (note o prefixo εξ).10
A exegese está ligada a tarefa daquele que prega a palavra. Se queremos ser bons
pregadores precisamos conhecer com exatidão as palavras do texto que iremos pregar, ou
ainda conhecer com precisão o texto da sagrada Palavra de Deus. Mais uma vez devo
fazer menção em aos puritanos porque a “a forma de pregação expositiva puritana
consistiu em introduzir um texto bíblico com exegese acurada, identificar suas principais
doutrinas e provar essa doutrina com uma série de proposições subordinadas...”11
2.1.2 – Erro que revelam a ausência de exegese
9
WEGNER, Une. Exegese do Novo Testamento: Manual de Metodologia. São Leopoldo, 1998, p.11 –
ênfase dele
10
KAISER JR, Walter C. Toward An Exegetical Theology – Biblical Exegesis for Preaching and Teaching.
Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1981, p. 43-44
11
OLIVER, Robert. Raízes da Pregação Reformada. In: BEEKE, Joel R. Vivendo para a Glória de Deus
– Uma Introdução à Fé Reformada. São Paulo: Editora Fiel, 2010, p. 269 5
oferecer é que esta forma de abordar a mensagem do Antigo Testamento “ocorre quando
o pregador rejeita a realidade histórica, terrena e física da qual o texto fala e cruza a lacuna
com uma analogia espiritual daquela realidade histórica”.12
b. O Uso da Alegoria
Outro tipo de abordagem muitos usam a alegoria como recurso de pregação. Vale
salientar que há bons usos da alegoria, um exemplo é obra o Peregrino de John Bunyan.
Os que fazem uso da alegoria se interessam pela gramática do texto, entretanto, para eles
o que importa é o que precisa ser descoberto por trás das palavras usadas. Stuart Olyott
oferece uma ilustração interessante do uso deste método:
Certa vez, ouvi um sermão baseado em Gênesis 24. Fiquei assentado em meu
banco por 75 minutos, sentindo-me totalmente encantado, enquanto o pregador
contava a história de como Abraão mandara seu servo de confiança à
Mesopotâmia, a fim de encontrar uma esposa para Isaque, seu filho. O
propósito da mensagem era mostrar como Deus Pai traz uma noiva para seu
Filho. No sermão, Abraão foi igualado a Deus Pai; Isaque, a Deus Filho; o
servo de confiança, ao Espírito Santo; Rebeca, à igreja; e os camelos, às
promessas divinas que levam a igreja, guiada pelo Espírito, em segurança ao
céu! 14
12
GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo. São Paulo: Cultura Cristã,
2006, p.198.
13
OLYOTT, Stuart. Pregação Pura e Simples. São Paulo: Editora Fiel, p.30.
14
Ibid, p.32.
15
GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo. São Paulo: Cultura Cristã,
2006, p. 197
16
ARENS, Eduard. A Bíblia sem Mitos. São Paulo: Paulus, 2007, p.337 – ênfase dele 6
cânticos de Salomão pode ser entendido como expressando não o amor entre um homem
e uma mulher, mas o amor entre Cristo e a Igreja”.17
Vale salientar que a verdadeira pregação insiste na intenção proposital que o autor
tencionou transmitir no texto sagrado. Não pode haver lugar para esta abordagem
alegórica, alguns tem apelado para a passagem de Gálatas 4.21-31 (onde Paulo usa uma
alegoria sobre Hagar e Sara), entretanto, vemos o apóstolo usando a alegoria para
argumentar fatos e não para criar ilusões que o texto não diz. Há outros que recorrem a
textos como 1ª Coríntios 10.1-3 e Hebreus 7.1-3, mas estes textos não são alegoria, são
ilustrações que são usadas a partir do Antigo Testamento e são tipologia (proto-tipo que
aponta para o tipo no Novo Testamento, neste caso Cristo).
c. A Abordagem Dogmática:
Um exemplo disso é a análise que feita de Hebreus 6.4-8. Os que possuem uma
dogmática que ensina a perda da salvação fará este texto dizer que trata-se disto; outros
que sua dogmática entendem que salvação não se perde fará o texto dizer que isso é uma
mera hipótese. Mas, não houve um estudo exegético sério da passagem para determinar
o verdadeiro sentido do texto. Devemos ressaltar que a Teologia Sistemática é importante
para a vida da Igreja, mas não deve se sobrepor à exegese séria das Escrituras.
d. O Racionalismo:
17
GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo. São Paulo: Cultura Cristã,
2006, p. 197 7
2.2 – Princípios Norteadores ao Exegeta-Expositor
a. Evitar que os pressupostos dominem o sentido do texto:
Não pretendemos sugerir que não existe pressupostos quando nos aproximamos
do texto sagrado. Especialmente em sua leitura hermenêutica conforme nos lembra Paulo
Anglada que “a interpretação reformada parte de pressupostos fundamentais e
confessionais”.18O que queremos salientar é que estes pressupostos não interfiram na
intenção original do texto.
Deus quer que nós leiamos e ouçamos o texto sagrado tal como ele foi inspirado
e outorgado pelo Espírito Santo, ou como nos coloca de forma precisa Olyott:
O que isto quer dizer? O sentido como está escrito é o sentido que se pretende no
texto. Há uma infinidade de palavras no livro de Deus. Temos “substantivos”, “verbos”,
“pronomes”, “advérbios”, etc...
18
ANGLADA, Paulo R.B. Introdução à Hermenêutica Reformada. Ananindeua: Knox
Publicações,2006 ,p.107.
19
OLYOTT, Stuart. Pregação Pura e Simples. São Paulo: Editora Fiel, p.37.
20
Ibid, p.38. 8
c. Observar os gêneros literários da Bíblia
Um dos grandes desafios do pregador é descobrir que tipo de texto estará pregando
para a congregação no domingo à noite. A questão resume-se em uma pergunta: qual o
gênero literário é o usado pelo autor sagrado? O que é um Gênero literário?
O Gênero é “um tipo de composição literária que pode ser distinguido por
aspectos como o conteúdo de uma forma específica”21
Uma leitura correta de qualquer texto bíblico levará, antes de mais nada, a
fazer algumas distinções, por vezes, espontâneas: Estamos diante de um
texto em prosa ou em poesia? Trata-se de um relato ou de um discurso? Com
isso, estamos praticando um princípio de distinção entre Gêneros Literários.
As respostas a tais perguntas nos oferecem a orientação elementar para
classificarmos o texto.22
Não podemos interpretar da mesma maneira todo tipo de literatura24, por isso,
devemos sempre observar o gênero literário ao qual pertence a determinada passagem
bíblica. Mas uma vez Stuart Olyott é perspicaz neste aspecto:
21
SILVA, Moisés; KAISER JR, Walter C. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã,
2002, p.276.
22
SILVA, Cássio Murilo Dias. Metodologia de Exegese Bíblica. São Paulo: Paulinas, 2000, p. 187-188
23
BRUGGEN, Jakob Van. Para Ler a Bíblia. Tradutor: Theodoro J. Havinga. São Paulo: Cultura Cristã,
1998, p.23
24
OLYOTT, Stuart. Pregação Pura e Simples. São Paulo: Editora Fiel, p.39
25
Idem. 9
O estudo do gênero literário é importante para quem pretende pregar a Palavra.
Podemos apresentar alguns exemplos que podem ilustrar a necessidade de se perceber o
uso deste recurso na perseguição da intenção original daquilo que foi escrito na literatura
Bíblica:
No estudo para análise de uma passagem com vista à pregação é necessário estudar
as frases, as sentenças, e muitas vezes o capítulo e por fim, o livro como o todo.26 Ou seja,
para ser um bom expositor da palavra deve-se realizar os seguintes passos de interpretação
textual:
26
Ibid, p.40 10
6. Devemos levar em consideração em qual testamento estamos pregando: A
passagem encontra-se no Antigo ou Novo Testamento? Qual a relação desta
passagem com todo o conteúdo deste testamento?
7. É necessário relacionar a mensagem da passagem com a totalidade da Bíblia:
Qual é a relação deste texto com toda a mensagem da Bíblia sagrada?
8. E por fim, devemos considerar o Gênero literário: É uma narrativa? É uma
novela? É uma poesia? É uma ironia? É um oráculo profético?
Estes procedimentos podem ser diagramados da forma como nos apresenta o Dr.
Grant Osborne em seu livro sobre hermenêutica27
a. Contexto histórico-Cultural:
27
OSBORNE, Grant R. A Espiral Hermenêutica. Tradução: Daniel de Oliveira . São Paulo: Vida Nova,
2009, P.46 11
que está inserido no texto sagrado. E por falta de conhecimento destes fatos muitos tem
oferecido interpretações não legítimas ao texto bíblico. Por exemplo, considere o texto de
Provérbios 22.28: “Não removas os marcos antigos que puseram teus pais. ”. Como
devemos interpretar este texto? Que pergunta deve ser feita a este texto? Há aqueles que
olham para o texto e perguntam: O que este texto significa para mim? Já ouvimos uma
pregação nesta passagem onde o pregador declarou que o significado de “não remover os
marcos” era “não remover a doutrina da igreja”!
Henry Virkler oferece um breve teste para avaliarmos a nossa interpretação dessa
passagem:
Que resposta você ofereceu a esta questão? Se você indagou: o que este texto
significa para mim? Então, sua resposta está errada! A resposta deve levar em
consideração o contexto histórico-cultural. Naquele tampo não havia demarcadores de
propriedade, eram usados pedras e paus para delimitar a extensão de uma propriedade,
aqui se proíbe uma espécie de furto, onde se removia as pedras ou os marcos do vizinho
para se acrescentar uma propriedade por meio de uma apropriação indevida.
28
VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. Tradução: Luiz Aparecido Caruso, São Paulo: Editora
Vida, 1987, p.59.
29
OLYOTT, Stuart. Pregação Pura e Simples. São Paulo: Editora Fiel, p.43 12
b. O princípio Escritura Interpreta Escritura.
A forma prática de usar este princípio é bem ilustrada por Olyott mais uma vez de
forma bem clara:
c. Abordagem Cristocêntrica:
30
Veja-se a Confissão de Fé de Westminster no Capítulo 1 seção IX.
31
ANGLADA, Paulo R.B. Sola Scriptura – A Doutrina Reformada das Escrituras. São Paulo: Os
Puritanos, 1998, p. 123.
32
OLYOTT, Stuart. Pregação Pura e Simples. São Paulo: Editora Fiel, p.43
33
LOGMAN III, Tremper. Como ler Gênesis. São Paulo: Vida Nova, 2009, p.200. 13
2.3 – Como podemos nos torna melhores exegetas?
De que forma podemos melhorar a nossa perícia exegética? Como podemos ser
melhores exegeta para pregar melhor a Palavra de Deus?
O que isto significa? Bem significa que devemos ler com mais regularidade as
Sagradas Escrituras. Devemos buscar memorizar os textos da Bíblia, seguir o modelo dos
antigos que meditavam na Lei de Deus (Salmos 1.3). A saturação das Escrituras em nossa
mente é fundamental para que possamos pregar e executar os labores de exegese com
maior clareza. Conheça a sua Bíblia, os pregadores devem ser doutores em Bíblia
Sagrada!
Como pregadores devemos ter uma biblioteca básica para os nossos labores
dominicais. Não acredito em "um pregador que não ler” declarou certa vez meu professor
de hermenêutica. Tomás de Aquino certa vez declarou: “Timeo hominem unius libri”
(tema o homem de um livro só) aqui ele certamente referia-se de um homem que conhecia
profundamente a Bíblia; entretanto, esta frase pode ser tomada no sentido negativo! Pois,
um homem que se guia apenas por livro (ou que rejeita os livros) não pode ser pregador!
Ele deve conhecer o livro supremo (A Bíblia Sagrada), mas não pode ignorar ler outros
livros que ajudam a compreendê-la. Então, cada estudante de homilética / pregação
deverá construir uma biblioteca particular e se aplicar a leitura (1ª Timóteo 4.13). Pois, é
no estudo que podemos ser melhores exegetas e expositores da Palavra de Deus.
34
Veja-se o Apêndice onde indicamos uma breve literatura destinada ao aprendizado das línguas originais. 14
III – A PREGAÇÃO E O CONTEÚDO DOUTRINÁRIO:
Nós temos visto que em nossos dias pessoas dizem que não precisamos de
doutrinas, os sermões devem ser mais evangelísticos e menos doutrinários; há aqueles
que acham que a pregação nunca deve conter doutrina. Stuart Olyott nos mostra a
importância de se pregar doutrinariamente para a Igreja de Cristo em nossos dias:
O que pretendemos dizer quando usamos esse termo? Queremos dizer que todo
sermão deveria estar repleto de doutrina. Deve ser rico em teologia. Afinal de
contas, a Bíblia é uma revelação divina. Revela a mente de Deus. Ela nos
mostra o que devemos crer a respeito dEle e o que Ele espera de nós em nossa
curta existência. Toda vez que a Bíblia é pregada, aqueles que a ouvem devem
crescer no entendimento da doutrina e do dever.35
35
OLYOTT, Stuart. Pregação Pura e Simples. São Paulo: Editora Fiel, p.49.
36
Apud, BEEKE, Joel R. B; JONES, Mark. Teologia Puritana – Doutrina para a Vida Tradução: Márcio
Louvreiro. São Paulo: Editora Vida Nova, 2016. p. 977
37
PACKER, J.I. Entre os Gigantes de Deus. São Paulo: Editora fiel,1996, p.306.
38
BEEKE, Joel R. B; JONES, Mark. Teologia Puritana – Doutrina para a Vida Tradução: Márcio
Louvreiro. São Paulo: Editora Vida Nova, 2016. p. 978 15
Estas três características também devem estar presentes em nossa pregação
dominical na Igreja.
Quais são os problemas que ocorrem na vida de uma igreja quando doutrinas não
são expostas na exposição bíblica dominical?
A pregação quando ela não se vale de doutrinas é marcada pela ausência de que a
redenção outorgada por Deus é negligenciada, textos como Efésios 1.3-14 não mostrado
e apresentado com clareza; pois tal trecho das Escrituras fala da salvação como uma ação
da Trindade.
Já temos visto que há uma necessidade de que a pregação seja clara. Então, quando
nós formos elaborar o nosso sermão precisamos que a estrutura seja clara. Precisamos
expor a Palavra de Deus com a maior clareza possível. Neste processo o nosso sermão
deve conter Unidade, Ordem e Proporção:
Consideremos as partes que deve conter um sermão que segue esta estrutura
primando pela clareza de estrutura homilética:
39
OLYOTT, Stuart. Pregação Pura e Simples. São Paulo: Editora Fiel, p.67. 17
2. O Discurso:
É a verdade a ser ensinada a estas pessoas logo após a introdução. É constituída
do material que o pregador se dispõe a comunicar naquele determinado
sermão.40deveremos seguir uma sequência lógica naquilo que pretendemos abordar, por
isso, anunciamos prontamente o esboço daquilo que será abordado durante todo o sermão.
As subdivisões devem ser claras e agrupem um pensamento único que se integrem ao todo,
lembrem-se seus ouvintes devem lembrar do sermão como um todo. As divisões devem ser
naturais e não forçadas e devem ser excessivamente poucas. Poucas divisões ajudam na
memorização do conteúdo exposto.
Vale salientar também que a divisão deve ser proporcional uma a outro em relação
ao seu tempo de transmissão. Deve-se evitar gastar mais tempo em um do que em outro.
Também o pregador deve persuadir os seus ouvintes a crerem na verdade que está sendo
apresentada diante deles. Buscar falar à mente e ao coração.
3. Conclusão:
A conclusão é uma das partes mais importantes do sermão que pode ter
consequências eternas na vida das pessoas! Por isso, ela precisa ser pensada e bem escrita.
Escrava exatamente tudo o que você deseja que seu ouvinte receba e guarde no coração
e na mente. A conclusão deve ser curta! Longa quando a necessidade convier, mas
lembremos estamos concluindo o sermão e não fazendo outro!
40
Ibid, p.71
41
Ibid, 77 18
usá-las de formar mais prudente possível com o objetivo de comunicar a verdade de Deus
aos ouvintes.
Imagine um alfaiate que tece suas próprias roupas. Não há falhas na textura
(exatidão exegética). O material (conteúdo doutrinário) é de alta qualidade. O
tecido tem um padrão atraente (estrutura clara). Até uma pessoa simples pode
sentir e ver quão bom é o tecido (ilustração vívida). Portanto, não há nada a
reclamar, há? Contudo, todos sabemos que o alfaiate ainda não terminou o seu
trabalho.42
Por que a aplicação é tão escassa em muitas pregações nos dias de hoje? Devemos
ressaltar que sem ela a pregação não tem sentido de ser. Pensamos que a falta de aplicação
está na ausência de considerar o que ela não é:
42
Ibid, p.101. 19
vida. Mas isso permanece afastado do individual — de nós. Mas e daí? Como
eu farei isso na minha vida?43
43
VEERMAN, David. APLICAÇÃO INTERNA Um método para se chegar à reação prática requerida
no texto IN: ROBISON, Haddon; LARSON, Graig Brain Org.. O Ofício da Pregação Bíblica. São Paulo:
Shedd Publicações, 2009 ,p.348-349
44
Apud, OLYOTT, Stuart. Pregação Pura e Simples. São Paulo: Editora Fiel, p.102.
45
OLYOTT, Stuart. Pregação Pura e Simples. São Paulo: Editora Fiel, p.103 20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
21
17. ROBINSON, Haddon W. Pregação Bíblica – O Desenvolvimento e a entrega
de Sermões Expositivos. Tradução: Hope Gordon Silva. São Paulo: Shedd
Publicações, 2003.
18. SILVA, Cássio Murilo Dias. Metodologia de Exegese Bíblica. São Paulo:
Paulinas, 2000.
19. SILVA, Moisés; KAISER JR, Walter C. Introdução à Hermenêutica Bíblica.
São Paulo: Cultura Cristã, 2002.
20. VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. Tradução: Luiz Aparecido
Caruso, São Paulo: Editora Vida, 1987.
21. WEGNER, Une. Exegese do Novo Testamento: Manual de Metodologia. São
Leopoldo, 1998.
22
APÊNDICE
Como posso aprender essas línguas? Há várias formas. Uma delas é a busca por
literaturas específicas. Deixem-me oferecer alguma informação sobre isso:
O aluno deverá adquirir uma gramática de Hebraico para ter uma noção
fundamental, deixo aqui algumas que podem ser autodidatas (que você pode aprender
sozinho):
Gramáticas:
Dicionários e Léxicos:
Vídeos:
Para o Novo Testamento há uma vasta literatura que pode nos ajudar. Também
apresentaremos livros na linha autodidata:
Gramáticas:
Dicionários:
Edições da Bíblia:
24