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Atividade de enriquecimento 5

Apesar da diversidade do mundo biológico, a linguagem química que caracteriza os seres

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vivos é, na maioria dos casos, comum. Os organismos vivos são constituídos por moléculas quí-
micas que estão estruturadas sob a forma de polímeros. Entre os polímeros que caracterizam um
organismo salientam-se os polissacarídeos (moléculas que armazenam energia química), as pro-
teínas (moléculas estruturais que podem facilitar reações químicas específicas) e os ácidos nu-
cleicos (moléculas nas quais a informação hereditária é armazenada). Além destas, encontramos
outros compostos igualmente responsáveis pela construção dos organismos biológicos, os lípi-
dos. As biomoléculas têm algumas características fundamentais e que as definem, nomeada-
mente uma grande dimensão e peso molecular, sendo por isso designadas por macromoléculas,
e a sua estrutura é muito complexa mas formada por um reduzido número de unidades estrutu-
rais básicas, ou seja, são polímeros de monómeros. O carbono é o elemento básico das biomolé-
culas, pelo facto de formar quatro ligações com alta estabilidade, permitindo a formação de polí-
meros estáveis e versáteis.

Glícidos
Os hidratos de carbono são um grupo químico cujas moléculas contêm átomos de carbono,
hidrogénio e oxigénio. Em virtude de conterem um elevado número de ligações carbono-hidro-
génio, as quais libertam energia quando quebradas, os hidratos de carbono são de facto com-
postos adequados para o armazenamento de energia. São a mais importante fonte de energia
para animais e plantas, podendo também ter função de reserva e estrutural.
Os glícidos são classificados em função da complexidade das suas moléculas, distinguindo-se
três grandes grupos:

Monossacarídeos
São os glícidos mais simples, com uma molécula formada por um único monómero. São as
unidades básicas da construção dos glícidos mais complexos. São exemplos, a glicose, a frutose,
a galactose, a ribose e a desoxirribose.

Dissacarídeos
Estes glícidos resultam da ligação de dois monómeros e são vulgarmente conhecidos por açú-
cares, por serem doces e solúveis em água. Os monossacarídeos que formam um oligossacarídeo
unem-se entre si através de ligações glicosídicas, donde resulta a formação de uma molécula de
água.
Os dissacarídeos mais importantes são:
sacarose – extraída da cana-de-açúcar ou da beterraba, resulta da união através de uma liga-
ção glicosídica de glicose e frutose. A sacarose não é redutora, pois não apresenta nenhum
átomo C ligado a um -OH livre, não sendo detetada pelo teste de Fehling;
maltose – formada pela união de duas glicoses através da ligação glicosídica, pode ser dete-
tada pelo teste de Fehling, pois é redutora;
lactose – formada pela união de uma glicose e uma galactose, também é redutora. Compõe
cerca de 5% do leite dos mamíferos, sendo um dos açúcares menos doces e menos solúveis.

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Atividade de deenriquecimento
Atividade 1
enriquecimento 5 (continuação)

Polissacarídeos
Os glícidos resultantes da união, através de ligações glicosídicas, de um número elevado de mo-
nossacarídeos (pelo menos várias centenas) designam-se por polissacarídeos e têm solubilidade
reduzida na água, não sendo doces. Dada a sua grande complexidade, a sua classificação faz-se
com base na sua função celular: polissacarídeos de reserva, nos quais se incluem o amido (nos ve-
getais) ou o glicogénio (nos animais), e polissacarídeos estruturais, como a celulose ou a quitina.

A CH2OH CH2OH
H O H HOCH2 O OH HO O H
H
OH H H OH OH H
HO OH H CH2OH H OH
H OH OH H H OH
Glicose Frutose Galactose

CH2OH
H O H HOCH2 O H C Unidades
H de glicose
B OH H H OH
O CH2OH
HO
H OH OH H
Sacarose
(Glicose + Frutose)
CH2OH CH2OH
HO O H O H
H H
OH H O OH H

Instrumentos de exploração
H H OH
H OH H OH Glicogénio
Lactose
(Glicose + Galactose)
Figura 1 · Estrutura química de alguns glícidos. Monossacarídeos (A), dissacarídeos (B), polissacarídeos (C).

Lípidos
A designação lípido utiliza-se para nomear um conjunto bastante heterogéneo de compostos,
extremamente diferentes entre si em termos de estrutura química e função biológica, que pouco
mais têm em comum que uma reduzida solubilidade em água e uma solubilidade em solventes
orgânicos (éter, clorofórmio, benzeno, acetona, álcool, etc.). A reduzida solubilidade dos lípidos
em água resulta de as suas moléculas serem essencialmente hidrocarbonadas, ou seja, altamente
hidrofóbicas. Tal como os glícidos, também os lípidos são formados apenas por carbono, oxigé-
nio e hidrogénio.

Triglicerídeos
Estas moléculas desempenham uma função importante como reserva energética. São com-
postas por dois tipos distintos de subunidades: um álcool – o glicerol – e três ácidos gordos. Os
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glicerídeos são lípidos de reserva em plantas e animais, nestes últimos acumulando-se em células
especiais (adipócitos) ou em depósitos subcutâneos que funcionam como proteção contra o frio
e os golpes mecânicos.

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Atividade de enriquecimento 5 (continuação)

Um aspeto importante associado aos ácidos gordos é a sua disponibilidade em receberem ou

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não átomos de hidrogénio. Assim, quando um ácido gordo possui, associado a todos os átomos
de carbono, átomos de hidrogénio, diz-se que este ácido é saturado. No caso de existirem duplas
ligações entre um ou mais pares de átomos de carbono sucessivos, estamos em presença de áci-
dos gordos insaturados. Se o número de duplas ligações existentes entre os átomos de carbono
na cadeia é superior a um, dizem-se ácidos polinsaturados. Ao contrário das animais, as gorduras
vegetais são tipicamente polinsaturadas, apresentando pontos de fusão baixos e, consequente-
mente, maior fluidez, tomando a designação usual de óleos.
Sob o ponto de vista energético, os lípidos são compostos muito energéticos em virtude do
elevado número de ligações C-H, atingindo o dobro da capacidade dos hidratos de carbono (cerca
de 9 kcal por grama, comparativamente com as 4 kcal pelo mesmo peso de hidratos de carbono).
Quanto mais saturado for um lípido, maior a sua riqueza em energia, pelo que as gorduras animais
contêm maior número de calorias que as vegetais, e daí todas as suas implicações na dieta hu-
mana, em particular nos casos em que as doenças cardiovasculares podem ser um risco.

H
H C OH
H C OH
O
H C OH C CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2
H HO CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH3
A Glicerol B Ácido gordo saturado
O
C CH2 CH2 CH2 CH =CH CH2 CH2 CH3
HO CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2

C Ácido gordo insaturado


H O
H C O C CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2
CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH3
O
H C O C CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2
CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH3
O
H C O C CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2
H CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH2 CH3

D Triglicerídeo
Figura 2 · Estrutura química dos lípidos.

Prótidos
Os prótidos são os constituintes essenciais de numerosos tecidos vivos e estruturas por eles
produzidas, sejam vegetais ou animais, como a pele, os músculos, os cabelos, a seda, a lã, etc.,
para além de terem um importante papel nos processos metabólicos. Ao contrário dos anteriores
tipos de biomoléculas, cuja principal função era energética, os prótidos são essencialmente es-
truturais e enzimáticos.

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Atividade 1
enriquecimento 5 (continuação)

Nos prótidos, a ordem pela qual os monómeros (que são bem mais numerosos que nos glíci-
dos ou ácidos nucleicos) se encontram é fundamental, o que os torna capazes de desempenhar
funções específicas. Os monómeros dos prótidos, os aminoácidos, contêm carbono, oxigénio,
hidrogénio e azoto (existem cerca de vinte conhecidos).

Lisina
Tirosina NH2
Glutamato
OH CH2
O Oˉ
C CH2
Grupo Grupo Grupo
CH2 CH2
amina R carboxilo Alanina
R CH3 CH2 CH2 CH2
H O
N C C H2N C COOH H2N C COOH H2N C COOH H2N C COOH
H OH
H H H H H
A Aminoácido B Estrutura química de quatro aminoácidos

Figura 3 · Estrutura química dos aminoácidos.

Polipeptídeos ou proteínas
De um modo geral, considera-se uma proteína quando existem mais de 50 aminoácidos. Estas
moléculas são geralmente de grandes dimensões. As proteínas são muito diversificadas, pois os
20 aminoácidos podem estar presentes em percentagens muito variáveis e em sequências muito

Instrumentos de exploração
distintas.
As proteínas têm várias funções biológicas e uma das mais importantes é a catálise (enzimas).
Muitas proteínas regulam as funções celulares através do controlo da atividade enzimática ou por
serem hormonas. Proteínas específicas chamadas anticorpos ou imunoglobulinas têm uma fun-
ção de defesa, impedindo que invasores destruam o tecido vivo. Proteínas de suporte mantêm a
estrutura das células e tecidos, como o colagénio nos tendões e ossos, a reticulina e a elastina nos
vasos sanguíneos, actina e miosina nas células musculares. As alfa e beta-queratinas são proteínas
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de revestimento, formando os pelos, a lã, os cabelos, as penas, os bicos, as escamas, os cascos e as


armações. A função de reserva surge em sementes (cereais ou leguminosas, por exemplo), em
ovos de animais (albumina na clara e vitelina na gema) ou no leite (caseína e lactalbumina).

Ligação
peptídica
R1 R3

H H
C H O C O O
H C
N C N C N N C N C
O
C C C
H O H O
H
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Aminoácido R2 R4 R50
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Aminoácido 1 Aminoácido 2 Aminoácido 3 Aminoácido 4 Aminoácido 50


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Figura 4 · Estrutura química primária de uma proteína.

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Atividade de enriquecimento 1
Atividade de enriquecimento 5 (continuação)

Ácidos nucleicos

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NH2

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A designação de ácidos nucleicos surgiu pelo facto de as pri- H
N
meiras moléculas deste tipo terem sido detetadas no núcleo das
células. Atualmente sabe-se que estas moléculas não existem O N H
apenas no núcleo mas também noutras zonas da célula. H
Os ácidos nucleicos existem em todos os seres vivos, sendo os Citosina (C)

responsáveis e os coordenadores da informação genética e here- O


H CH3
ditária dos organismos. N
Anel H
O N
simples
H
Timina (T)
Base
A azotada O
O H H
N
O B
ˉO P O CH2
O N H

H
Grupo fosfato Uracilo (U)
Monossacarídeo NH2
N N
H
N N H
B
CH2OH CH2OH H
O O Adenina (A)
OH OH Anel
duplo O
H H H H H
N N
H H H H
H
N N NH2
OH H OH OH
H
Desoxirribose Ribose
Guanina (G)
Figura 5 · Estrutura de um nucleótido (A). Moléculas químicas que entram na constituição dos nucleótidos (B).

Os ácidos nucleicos englobam dois tipos de molécula, o que deriva dos diferentes monóme-
ros usados na sua formação:
 cido desoxirribonucleico (ADN) – encontra-se no núcleo das células, onde forma os cro-
á
mossomas, e nos cloroplastos e mitocôndrias (os nucleótidos possuem desoxirribose e as
bases adenina, timina, citosina e guanina);
 cido ribonucleico (ARN) – encontra-se essencialmente no citoplasma e dele existem três
á
tipos: ribossómico, de transferência e mensageiro (os nucleótidos possuem ribose e as bases
adenina, uracilo, citosina e guanina).

Os ácidos nucleicos são as maiores moléculas presentes nas células, mas são formadas por um
número espantosamente reduzido de monómeros, ditos genericamente nucleótidos.

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Atividade de deenriquecimento
Atividade 1
enriquecimento 5 (continuação)

3’ A T
5’
3’
G C
T 5’ U
3’ Oˉ
H C
G Oˉ P O
T A CH2 O HH N N H O CH3 O A
C G N N H N Oˉ G
N H N
A T O H O CH2 O P O
Adenina Timina U

O U
H N O H N H O
A T O O CH2 O H A
C G Oˉ N N HN H
A T N N H N G
O H O CH2
G C H Citosina
O Guanina C
A
O P Oˉ A
T Oˉ
3’ U
3’ G C 5’ 5’ 5’
A ADN B Pares de bases complementares C ARN
Figura 6 · Estrutura química do ADN (A) (B). Estrutura do ARN (C).

Na resposta a cada um dos itens de 1. a 9., seleciona a única opção que permite obter uma afir-
mação correta.

1. Uma das funções mais importantes dos glícidos é a função…


(A) … estrutural. (C) … de reserva.
(B) … energética. (D) … protetora.

Instrumentos de exploração
2. A opção que contém apenas monossacarídeos é…
(A) … maltose e glicose. (C) … glicose e galactose.
(B) … sacarose e frutose. (D) … lactose e glicose.

3. O amido é um…
(A) … polímero de glicose que desempenha, essencialmente, a função de reserva energética.
(B) … monómero que desempenha, essencialmente, a função de reserva energética.
(C) … polímero de glicose que desempenha, essencialmente, a função estrutural.
(D) … monómero que desempenha, essencialmente, a função estrutural.

4. Relativamente aos glícidos, é falso afirmar que...


(A) … os glícidos são classificados de acordo com o tamanho e a organização de sua molécula
em três grupos: monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos.
(B) … os polissacarídeos constituem um grupo de glícidos cujas moléculas não apresentam
sabor adocicado, embora sejam formadas pela união de centenas ou mesmo milhares de
monossacarídeos.
(C) … os dissacarídeos são constituídos pela união de dois monossacarídeos, e os mais conhe-
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cidos são a celulose, a quitina e o glicogénio.


(D) … os glícidos, além de terem função energética, ainda participam da estrutura dos ácidos
nucleicos, tanto RNA quanto DNA.

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Atividade de enriquecimento 1
Atividade de enriquecimento 5 (continuação)

5. Os lípidos são substâncias insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos que desempe-

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nham diversas funções nos seres vivos. Um dos importantes papéis dos lípidos nos seres vivos é…
(A) … atuarem como catalisadores biológicos.
(B) … servirem de fonte de reserva energética.
(C) … formarem proteínas celulares.
(D) … garantirem a solubilidade dos outros compostos em água.

6. O azoto é essencial para a formação de…


(A) … ácidos gordos.
(B) … proteínas.
(C) … hidratos de carbono.
(D) … triglicerídeos.

7. As proteínas são polímeros constituídos, essencialmente, por unidos por ligações .


(A) aminoácidos … peptídicas
(B) monossacarídeos … glicosídicas
(C) aminoácidos … glicosídicas
(D) monossacarídeos … peptídicas

8. O ADN tem na sua constituição…


(A) … ribose e uracilo.
(B) … ribose e timina.
(C) … desoxirribose e timina.
(D) … desoxirribose e uracilo.

9. As moléculas de ADN são polímeros de…


(A) … bases azotadas, encontrando-se maioritariamente no citoplasma.
(B) … nucleótidos, encontrando-se maioritariamente no citoplasma.
(C) … bases azotadas, encontrando-se maioritariamente no núcleo.
(D) … nucleótidos, encontrando-se maioritariamente no núcleo.

10. As macromoléculas (polissacarídeos, proteínas ou lípidos) ingeridas na alimentação não podem
ser diretamente usadas pela célula. Essas macromoléculas devem sofrer digestão, produzindo
moléculas menores, para serem utilizadas.
10.1. Indica quais são as moléculas menores que têm origem na digestão das macromoléculas
referidas.
10.2. Indica como ocorre a digestão química das macromoléculas ingeridas.

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