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INTRODUÇÃO
O que também é defendido por Machado e Pageaux (p.17, grifos dos autores):
A Literatura Comparada como disciplina universitária não se baseia na comparação.
Ou antes, não se baseia apenas na comparação. De facto, trata sobretudo, muito mais
frequentemente, muito mais amplamente, de relacionar. Relacionar o quê? Duas ou
mais literaturas, dois ou mais fenômenos culturais; ou restritamente, dois autores, dois
textos, duas culturas de que dependem esses autores e esses textos.
Nesse sentido, tal estudo está pautado na relação concernente a migrações de temas,
motivos e mitos, até mesmo das influências. Exigindo do comparativista ou pesquisador uma
experiência em criar e enxergar nos textos elementos que foram ignorados e menosprezados
por outras investigações, explicando de maneira sistemática a fim comprovar a veridicidade.
Claudon e Haddad-wotling afirmam que os benefícios desse estudo para o comparativista está:
Precisamente através do paralelo e da comparação explícita, em apreciar melhor os
verdadeiros valores da história das ideias e dos textos. Nem tudo se presta a uma
aproximação: nem se quer é certo que se possa comparar utilimente a Odisseia e a
Naissance de I’Odyssée, que constituiu, no entanto, a transcrição pretendida pior
Giono. (CLAUDON; HADDAD-WOTLING, 1992, p. 21, grifos dos autores)
Ferreira (1977) ainda cita o exemplo da obra Senzala sem batuque, publicada por Bessa
Victor em Lisboa, que ao seu ver foi uma tentativa de equação da relação social e cultural
envolvendo o negro, o branco e o mestiço pela qual Luanda enfrentava. No entanto, defende
que, apesar de ser uma atitude de conciliação, há uma tendência em realçar o sentimento
aristocratizante presente no mulato em relação aos valores europeus, que, segundo ele, o
narrador afirma também partilhar.
É certo que há fascínio pelo que é lusitano nos poemas de Geraldo Bessa Victor, mas
também há admiração por tudo que pertence à África, como no poema “batuque”, onde o autor
enaltece uma das danças originária da África, criando um ambiente em que o eu lírico confunde-
se com o próprio autor ao sentir-se envolvido com o ritmo, demonstrando certa intimidade e
paixão pelo que faz parte de sua identidade: “ [...] E sinto dentro da alma/ este batuque sem
fim!/ Eu sinto bem o batuque/ a gritar dentro de mim!” (ANTÓNIO, 1962, p. 123).
Vale lembrar também que a própria mulher negra é constantemente citada nos versos
de Bessa Victor. No poema “Amor Negro”, o autor a enaltece: “A tua voz é nota deliciosa/ dum
quissange que, perto, alguém dedilha,/ nesta noite de luar, subtil, formosa.../ O Mundo é todo
um Mar – tu és a Ilha!” (ANTÓNIO, 1962, p. 122). Defende, inclusive, o amor entre raças,
uma vez que parte da premissa de que o olhar do outro sempre será diferente com relação à
mulher negra. Esse pensamento fica bastante evidente no seu poema “Poema para Negra” em
que ressalta a forma objetificada com que o “outro”, que não é negro, vê a negra: “Deixa que
os outros cantem o teu corpo/ que dizem feiticeiro e sedutor,/ e, na volupia vã do pitoresco,/
entoem madrigais à tua dor.”.
Logo, Bessa Victor, um angolano nascido em Luanda, não pode fugir do que lhe
agradara, tal como defende Laranjeira (1995 apud SANTOS, 2006), o de exaltar a musa lusitana,
e construir obras pautadas no uso exagerado do soneto, da rima final e a medida classicizante. No
entanto, não se pode esquecer, como bem defende Rossell Hamilton (1981 apud SANTOS, 2006),
a sua disponibilidade em vislumbrar e evidenciar aspectos significativos da problemática da
cultura angolana e do seu desenvolvimento mesmo se encontrando numa época de grandes
contradições ideológicas e sociais.
A história africana no Brasil começa nos meados do século XVI, quando os negros
começaram a ser importados para o território colonial brasileiro pelos portugueses, de início,
para o trabalho escravo na lavoura da cana de açúcar, depois para realizarem todos os tipos de
trabalho na lavoura e no ambiente doméstico.
Diversos grupos étnicos ou nações, com culturas bem distintas, foram trazidos para o
Brasil, principalmente das regiões em que viviam dois grandes grupos étnicos: os bantos
(Guiné, Congo, Angola, Moçambique) e os sudaneses (Sudão egípcio e costa da Guiné), para
serem vendidos nos portos como o de Luanda, em Angola, e posteriormente serem
transportados para as Américas.
Deve-se, porém, salientar que a colonização africana do Brasil realizou-se com
elementos bantos e sudaneses. Gente de áreas agrícolas e pastoris. Bem alimentada a
leite, carne e vegetais. Os sudaneses da área ocidental, senhores de valiosos elementos
de cultura material e moral próprios, uns e outros adquiridos e assimilados dos
maometanos. (FREYRE, 2003, p. 393)
Para Eagleton (2003), a palavra “Cultura” significa, de certa forma, uma procura ativa
de um crescimento natural, e que, por isso, há um tipo de relação existente entre os elementos
naturais e artificiais, ou seja, há uma ligação de efeito naquilo que fazemos ao mundo e naquilo
que o mundo nos faz. Por exemplo, em se tratando da cultura brasileira, Freyre (1976), apesar
de não desmerecer outras contribuições culturais como as ameríndias e europeias, defende que,
por causa da atuação significativa do negro africano na sociedade escravista, ele se constituiu
um “co-colinazador”, e, por isto, se tem presenciado aqui tantas formas culturais negras
africanas.
As culturas negras da África, juntamente com os negros antropologicamente negros,
isto é, através deles, quer como indivíduos biológicos, quer, mais do que isto, como
pessoas sociais ou sócio-culturais, passaram, desde o século XVI, a fazer sentir sua
presença na formação de um tipo miscigenado de homem paranacional e de uma
configuração pré-nacional de cultura. Essa presença foi de tal modo ativa, dinâmica,
influente, africanizante, que fez dos negros vindos da África para o Brasil, embora
escravos, co-colonizadores - repita-se - desta parte da América, ao lado dos europeus,
máximos como fundadores de nova cultura, em face de ameríndios aqui menos
culturalmente desenvolvidos do que aqueles negros africanos, desde o século XVI tão
presentes no Brasil. (FREYRE, 1976, p. 170)
As contribuições africanas abrangem um terreno vastíssimo que engloba desde a
língua, a culinária, a música, a dança, a religião e, até mesmo, estimas sociais. Moura (1992)
lembra que os negros escravos trouxeram diversas nuanças culturais que sobreviveram e
serviram como suporte de resistência ao sistema que lhes oprimia; incorporaram em todas as
áreas onde permeavam seus costumes, seus modos de vida.
O que se percebe com tamanha africanização no Brasil, é que há, nos brasileiros, um
tipo de predisposição ou afinidade com os linhas, antes, consideradas populares, como as de
origem africanas, porquanto, apesar de se encontrar aqui, dentre outras, culturas europeias, e,
uma que tem se intensificado nos últimos anos, a japonesa, o brasileiro tem com o decorrer dos
anos se percebido e se reconhecido mais nos traços cultuaris ou, até mesmo, biológicos
africanos e ameríndios. Como cita Freyre (1976, p. 378): “os brasileiros, de modo
especialíssimo, têm sido sempre uns predispostos à compreensão intuitiva e à assimilação
amorosa de valores africanos”.
Stuart Hall (2011) considera o popular como formas de atividades que estão enraizadas
em condições sociais e materiais de classes específicas, sendo que outrora estiveram
incorporadas nas tradições e práticas populares. Para ele, “a cultura popular é um dos locais
onde a luta à favor ou contra a cultura dos poderosos é engajada; é também o prêmio a ser
conquistado ou perdido nessa luta. É a arena do consentimento e da resistência.” (HALL, 2003,
p. 263).
No entanto, nem a cultura das minorias se manteve pura, a cultura negra, por exemplo,
não se manteve tal como em territórios africanos, uma vez que estando em terras brasileiras, o
negro africano passou a ter contato com culturas distintas, pois já havia se estabelecido na
colônia uma sociedade híbrida. Pois como ainda afirma Hall (2011), não há cultura popular
íntegra, autêntica e autônoma, que esteja fora do campo das relações de poder e dominação
cultural, por isso nem sempre o povo vai estar com sua cultura liberdade e instintos intactos,
mas estarão constantemente sofrendo influências dessas relações.
O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro de
um longo processo acu-mulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adqui-
ridas pelas numerosas gerações que o antecederam. A manipulação adequada e
criativa desse patrimônio cultural permite as inovações e as invenções. (LARAIA,
2001, p. 24)
Eagleton (2003) ainda defende que não nascemos seres por inteiros, ou seja,
inteiramente culturais, nem “naturais auto-suficientes”, e sim “criaturas cuja inescapável
natureza física é tal que a cultura é uma condição de sobrevivência. A cultura é o ‘suplemento’
que preenche um vazio no cerne da nossa natureza e as nossas necessidades materiais são depois
reconduzidas nos seus termos.” (EAGLETON, 2003, p. 129).
Assim, houve a promoção de um processo de absorção do africano às culturas já
predominantes, fato que se intensifica com o decorrer dos anos. Ora, a dança do batuque é um
exemplo das muitas manifestações culturais que foi trazida pelos africanos para o Brasil que
acabou sofrendo mudanças decorrentes do contato dos negros africanos com outras culturas. E
isso fica bem perceptível nas descrições poéticas feitas por Bruno de Menezes e Geraldo Bessa
Victor.
O Batuque é uma dança que adquiriu contornos próprios em territórios africanos, mas
que possui imprecisões quanto ao local específico de origem. Para muitos estudiosos, o
Batuque, surgiu, especificamente, em Cabo Verde e chega ao Brasil sendo realizado com um
grupo de pessoas posicionadas formando um círculo, os quais, também, formavam um coro que
entoava cantigas envolvendo diversas temáticas. Todos os participantes acompanhavam o ritmo
batendo com as palmas das mãos nas pernas.
O Batuque, de origem africana, que surge em Cabo Verde
provavelmente só na ilha de S. Tiago (existente também no Brasil,
através da ida dos escravos, e nos Açores, na ilha de S. Miguel), é
executado num ritmo de tempo binário mas de divisão ternária, marcado
pela percussão das 'tchabetas e palmas' acompanhadas pela cimboa
monocórdica, às quais se juntam o canto e a dança. (BRITO, 1998, p.
16, grifos do autor)
Houve, nesse sentido, como se percebe nos versos acima, que o Batuque sofreu uma
reconstrução que de certa forma buscou manter vivo traços da cultura de um povo que teve uma
atuação significativa para o desenvolvimento do Brasil. Hall (2003), por exemplo, defende que
os elementos da "tradição" além de poderem ser reorganizados com o objetivo de obter uma
melhor articulação com diferentes práticas e posições e, assim, adquirir melhor importância,
eles podem também surgir visando a resistência, onde existe tradições distintas e antagônicas.
Nos batuques, nas congadas, na capoeira, nos terreiros e pelo tambor, se ecoa a
transgressão da ordem do sistema escravocrata em que a comunidade negra inscreveu
uma afirmação étnica. Por esse som a ancestralidade reverberou nos corpos de pessoas
que tiveram sua condição humana violentada pela escravidão e se tornou resistência
que reverbera hoje. (SILVA; ROSA, 2017, p. 254)
Nesse trecho do poema, os homens aparecem dentro da dança somente como quem
exerce a arte da música, ou seja, quem toca ou canta; já as mulheres, estas demonstram toda sua
desenvoltura na diligência das atividades de dançar, tocar e cantar, numa perfeição que
entusiasma quem as vê. E isso é confirmado pelo eu lírico, quando este as descreve como sendo
“sensuais”, além de agitar seus “ímpetos carnais”. Já no poema de Bruno de Menezes, é
evidente a atuação da mulher dentro da dança do batuque visando mais a diversão de seus
senhores, homens brancos.
E rola e ronda e ginga e tomba e funga e samba,
A onda que afunda na cadencia sensual.
O batuque rebate rufando banseiros,
As carnes retremem na dança carnal!...
(MENEZES, 1984, p. 22)
Ao mesmo tempo que Bruno de Menezes enfatiza o caráter sensual e até mesmo carnal
da dança do batuque, ele coloca a mulher negra escrava relatando os abusos sofridos pelo seu
senhor branco: “Maribondo no meu corpo!”, o que retrata bem como era o ambiente
escravocrata no Brasil. Em relatos como o de Gilberto Freyre (2003), inclusive, escreve que
desde pequenos, os colonos demonstravam sua tendência para o sadismo, portanto o escravo e
a escrava negra serviam não somente para trabalhos qualquer, mas para suas diversões. Neste
sentido, as danças com mulheres escravas negras fazendo coreografias sensuais serviam muitas
vezes apenas como um divertimento para os colonos portugueses.
Nos poemas, há outro ponto importante a ser evidenciado, é a forma como os autores
tratam a dança, a posição que cada um escolhe para se referir a ela. Victor, um escritor de
origem angola, conviveu com toda a realidade do ser negro em terra africana, mesmo que depois
um tempo tenha se ausentado. Sua realidade, sua identidade mais manifesta sempre será de
raízes africanas, é o que observamos, por exemplo, nos seus versos do poema “O feitiço do
batuque”, em frases tais como: “Sinto o som do batuque nos meus ossos”, “seu ritmo louco no
meu sangue vibra”, “sinto em mim o batuque penetrando”.
Em seu poema, é explícito a intimidade do eu lírico com a dança, a forma com que ele
se expressa é de pertença, como se o batuque fosse parte dele, o que não deixa de ser verdade.
Em momento nenhum ele se refere à essa manifestação como uma forma que está distante de
si, ou que é indiferente, mas ele expressa um envolvimento que o atinge de forma positiva. Na
última estrofe da estrofe a seguir, ele enfatiza o impacto da batucada no seu ser, e confirma que
isso sempre fará parte do seu eu, mesmo na vida após a morte, que acaba sendo incerta para ele
– ou o céu, ou o inferno.
A batucada tem feitiço eterno.
o batuque de dor e alegria,
que sinto no meu ser, dentro de mim,
nunca mais terá fim,
nem mesmo além do Céu e além do Inferno!
(VICTOR, 1958, p. 21)
Aqui, Bruno de Menezes não assume a posição do ser negro, ou do ser mestiço, mas a
posição do outro, com um olhar distanciado, para narrar a dança do batuque, onde homens e
mulheres negras estão envolvidas, e para trazer à tona os abusos que as escravas sofriam por
parte de seus senhores. O poeta afrodescendente, então, constrói uma fala em que “o ser negro”
faz parte do outro, é uma realidade do outro, não demonstra a intimidade com os elementos
abordados como o poeta Bessa Victor. Nos seus versos, quem dança o batuque são “crioulas
mulatas gente pixaim”; são “os suarentos corpos lisos lustrosos”, ou seja, o outro e não eu.
Os teóricos que estudam a cultura têm uma explicação lógica para esclarecer esse
comportamento diferenciado de um indivíduo que apesar de ter ligações biológicas com
determinadas “raças” ou grupos humanos, por pertencer a um espaço cultural diferente dos de
sua origem, é capaz de se perceber sendo o outro, e não mais como parte desse grupo. Laraia,
por exemplo, defende que as atitudes de cada pessoa não são biologicamente determinadas, sua
herança genética nada tem a ver com suas ações, mas que “o comportamento dos indivíduos
depende de um aprendizado, de um processo que chamamos de endoculturação.” (LARAIA,
2001, p. 22-23) e ainda explica:
se transportarmos para o Brasil, logo após o seu nascimento, uma criança sueca e a
colocarmos sob os cuidados de uma família sertaneja, ela crescerá como tal e não se
diferenciará mentalmente em nada de seus irmãos de criação. Ou ainda, se retirarmos
uma criança xinguana de seu meio e a educarmos como filha de uma família de alta
classe média de Ipanema, o mesmo acontecerá: ela terá as mesmas oportunidades de
desenvolvimento que os seus novos irmãos. (LARAIA, 2001, p. 22)
Eagleton (2003), por sua vez, ressalta um fato importante, o de que mesmo havendo
territórios com culturas diferentes, a opressão incomum sofridas por elas pode se tonar um
ponto positivo para que ambas construam uma relação de empatia. O exemplo citado pelo autor
é o colonialismo sofrido por diversos países, para ele “uma sociedade que tenha sofrido uma
colonização, por exemplo, basta consultar a sua própria experiência ‘local’ para ser solidária
com outra colónia.” (EAGLETON, 2003, p. 69). Tal fato é observado na escrita de muitos
autores negros brasileiros, os quais apresentam uma escrita de alguém que exprime uma
solidariedade por causas negras por consequências incomuns do colonialismo, e não por se
reconhecer como tal.
CONCLUSÃO
Dentre tantas culturas presentes no Brasil, a cultura negra é uma das que se destaca,
porém, as mesmas não se apresentam em formas puras, mas com algumas alterações resultadas
do contato do negro africano, ao chegar na colônia, com as demais culturas aqui existentes. O
fato importante de todo esse processo de reconstrução cultural pelo qual passaram os negros no
Brasil, foi a capacidade de resistência, de mesmo enfrentando situações de opressão, submissão
e sofrimento, os mesmos conseguiram manter vivas manifestações de extrema significação.
A dança do batuque é o retrato desse processo de reconstrução, pois ao chegar em
territórios brasileiro, sofreu transformações significativas na sua forma de ser realizada. A
mesma foi reorganizada de acordo com o novo ambiente, o que foi resultado de um processo
natural do próprio contato humano com novas realidades, com uma natureza diferente. Além
disso, as mudanças ocorreram também com um objetivo maior, o de manter a cultura africana
viva, ou seja, como uma forma de resistência, uma vez que que os escravos africanos viam nas
manifestações próprias da África um meio de rememorar sua terra, seu país de origem.
Neste sentido, ao se analisar os poemas de Bruno de Menezes e Geraldo Bessa Victor,
é evidente como a literatura através das letras, das palavras e dos próprios sons evocados, têm
a capacidade de transportar o leitor e instiga-lo a compreender a realidade. É uma relação que
para ser melhor apreciada, faz-se necessário que o leitor ou pesquisador se aventure por diversas
vias, dentre elas, a intertextual e interdisciplinar, pois ao abarcarmos, por exemplo, em nossa
prática de análise literária a forma, a temática, presentes nos textos, valorizando a fruição do
texto e o seu poder de relacionar-se com outros, faz com que sejam ampliados os olhares sobre
as obras literárias.
Dentro dessa perspectiva, a literatura comparada, então, tem suma importância,
porquanto desconstrói a ideia de que o texto é o todo-poderoso, a única fonte de informação, e
leva o leitor numa viagem intertextual e interdisciplinar onde os elementos culturais, os
elementos sociais, as vertentes pessoais do autor e as ideologias próprias de uma época fazem-
se requisitos fundamentais para a análise literária. Pois como salientam Machado e Pageaux
(1988, p. 193) “O investigador literário nunca deverá esquecer-se de que a literatura não é
apenas o que se escreve, é também o que se pensa e o que se vive.”
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