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Recensão Crítica
Guillén, Claudio: 2001, “Entre o Uno e o Diverso: Introdução à Literatura
Comparada”, in BUESCU, Helena Carvalhão, João Ferreira Duarte e
Manuel Gusmão (org.): 2001, Floresta Encantada. Novos caminhos da
Literatura Comparada, Lisboa: Dom Quixote, pp.385-405.
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2 Síntese
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nacional, “entrando assim em contacto com formas estranhas e temas
novos” e cita o específico caso da América Latina, com um dinamismo de
território e cultura muito grande: o choque entre a cultura dos povos
europeus e dos povos nativos causa grandes pontos de tensão entre o
local e o universal.
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milenar e, por muito tempo, pouco influenciada pela cultura europeia,
pode-se encontrar paralelismos – ou melhor dizendo, tensões – entre uma
literatura e outra. E isto é ressaltado pelas diferentes relações de poder
das/entre diferentes sociedades. Enquanto na américa podíamos
encontrar fortes influências europeias – tendo de, o comparatista, possuir
um aparato de conhecimento maior para observar os traços das culturas
nativas – no Oriente, mais especificamente na Ásia, as tensões são mais
dificilmente identificáveis, enquanto as possíveis influências da cultura
europeia (onde, por muito tempo, se concentrou o estudo da disciplina)
são mais sutis. E isto, segundo Guillén, é um terreno fértil para “o diálogo
entre a unidade e a diversidade”. Não podemos, no entanto, renegar o
comparatismo entre literaturas de localidades próximas. Aqui, os
mesmos ou diferentes discursos literários podem criar tensões
transnacionais dentro das relações de poder que podem haver numa
mesma sociedade. E investigar estes pontos, afirma o autor, “amplia
decididamente o que podemos exprimir, aprofundando a nossa própria
humanidade”.
Ainda, o panorama temporal é também de suma importância, pois
“a Literatura Comparada foi uma disciplina resolutamente histórica”. O
tempo demonstra, por exemplo, o dinamismo dos diferentes gêneros
literários, que geram um novo debate: o devir e a continuidade. Algumas
coisas param no seu tempo (não somem, apenas congelam em um
período) e outras juntam-se a novos processos que geram diferenças e
influenciam o tensionamento de certos conceitos/estruturas. O autor
exemplifica isto com a “literatura do exílio” e como este discurso perpassa
diferentes tempos/localidades gerando processos de significação
diferentes em cada vez que aparece (porém, mantendo coerência e
unidade do conceito). Questiona-se, então, como o comparatista trabalha
nestes casos.
Não há um método nem objeto específico. Entretanto, cita Guillén,
poderíamos utilizar do mesmo método para analisar o romance realista
europeu e o romance pastoril espanhol, pois “os instrumentos
conceptuais são os mesmos”. Então, o que caracteriza e onde acontece o
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trabalho do comparatista é sobre “o conjunto de problemas” ocorrente
dos tensionamentos entre as literaturas. A origem deste conjunto é
demonstrada através de uma breve perspectiva história que o autor dá.
Com o fim da hegemonia dos clássicos, diz Glauco Cambon, iniciou-se
«um processo que transformou o que tinha sido antigamente um universo
apreensível num ‘multiverso’ cultural». Com este «multiverso», quer
queiram quer não, quer saibam quer não, confrontam-se todos os críticos
e historiadores da literatura. (Guillén, 2001, p. 401)
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3 Análise e conclusão
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uma visão mais objetiva de algumas relações específicas que ficaram, na
minha perspectiva, um pouco abstratas no texto.