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Práticas Interpretativas

para Oboé
Um estudo de caso sobre “Six Metamorphoes after Ovid” de Benjamin Britten
Introdução

“Da mesma forma que a composição musical requer o


conhecimento das linguagens, processos técnicos e estilos
composicionais, a execução de um concerto ou recital, como ato de
recriação da partitura, demanda um longo período de preparação. No
entanto, reflexão, análise, pesquisa musicológica, além, obviamente, do
estudo dos problemas técnicos inerentes a cada instrumento, são
etapas essenciais para se alcançar o nível de excelência artística”
(Aquino, 2003, p. 104)
Introdução

• Pré e pós guerra e a emergência dos estudos em práticas


interpretativas:
• Tobias Matthey (1918);
• John Rink (1995).
• A pedagogia (e a música):
• Migração Europa → América;
• Métodos tradicionais (interpretação historicamente informada).
• Paradoxos (O’Neill, 2014);
• As abordagens para os diferentes tipos/gêneros musicais:
• Majoritariamente em repertórios sinfônicos (séc XX/2) e aspectos cognitivos.
Introdução

• Escola Americana e Escola Europeia de oboé;


• Tipos de técnica:
• Alteração da coluna de ar por vogais, maleabilidade de pressão, velocidade e
quantidade do ar, alteração de timbre em diferentes digitações, raspagem da
palheta, etc;
• Análise computacional.
• Interpretação → Instrumento → Execução/Performance:
• Repertório de ferramentas;
• Processo criativo.
Objetivos (Gerais)

• Questionar e contribuir intelectualmente para as práticas pedagógicas


e interpretativas no oboé e em outros instrumentos;

• Impulsionar o processo criativo;

• Criar uma coesão nos conceitos técnicos de interpretação e oboé;


Objetivos (parte cognitiva)

• Produzir um modelo teórico de análise a partir das obras “Six


Metamorphoses after Ovid”, de Benjamin Britten, e
“Metarmophoses”, de Ovideo, tendo como amparo teórico a
literatura comparada;
• Demonstrar diferentes tipos de análise para a mesma obra;
• Demonstrar de que forma estes diferentes conhecimentos podem
influenciar na interpretação da obra de Britten;
• Criar pontes entres os diferentes tipos de conhecimento artístico;
Objetivos (parte técnica)

• Demonstrar a utilização das diferentes ferramentas técnicas na


interpretação;
• Descobrir novas ferramentas;
• Elaborar material conceitual com as ferramentas para fins
pedagógicos;

• Utilizar a interpretação para construir a técnica e não o contrário.


Justificativa

• Escassez de estudos em práticas interpretativas e pedagogia do oboé


• Parte técnica e parte cognitiva:
• Abordagens pedagógicas nas fases iniciais:
• Aspectos [psico]motores;
• Afastamento do processo criativo;
• Inversão do conceito de técnica.
• Transtornos (ansiedade, distonia focal):
• Memória muscular após 1 ano de estudo.
• Pouca coerência e “diálogo” entre as diferentes práticas.
Materiais e Métodos

• Six Metamorphoses after Ovid by Benjamin Britten:


• Conhecida;
• Há material documentado;
• Há espaço interpretativo;
• Relação com outras expressões artísticas.
• Material bibliográfico/analítico já produzido sobre a peça;
• Documentação sobre a obra (áudio, vídeo, outros);
• “Narcissus”;
• Métodos (quantitativo – analise computacional – e qualitativo);
Figura 1 – Six Metamorphoses after Ovid, Narcissus
Materiais e Métodos

• Produção de mais material para investigação:


• Novas gravações;
• Análises computacionais;
• Entrevistas;
• Reproduções interpretativas.
• Produção de repertório conceitual de acordo com seus efeitos
acústicos e psicoacústicos;
• Experimentos com o repertório (qualitativo e quantitativo).
Artistic Research in Music

1. Contextualização (particularidade, nicho de pesquisa, propósito,


audiência);
2. Processo (de investigação, de reflexão, empregar um método
apropriado)
3. Documentação (do produto final e/ou processo);
4. New Insights (originalidade, conhecimento, contribuição para a
proposta);
5. Disseminação (efetivamente compartilhada, peer review, impacto,
significância)
(EMMERSON, 2014, p. 35-36)
Perspectivas acadêmicas na área de
Práticas Interpretativas
• Dilema entre produção intelectual e produção artística (Aquino,
O’Neill e outros autores);
• Produção baseada majoritariamente nos aspectos cognitivos;
• “Rigor” científico imposto pelas ciências naturais;
• Os musicólogos e os intérpretes;
• Pesquisa em cima da performance (e em sua documentação);
• “a specific question – especially one that requires a definitive answer
– is not always appropriate for artistic research and may in fact limit
the investigation” (EMMERSON, 2014, p. 31)
Perspectivas acadêmicas na área de
Práticas Interpretativas
• Os tipos de questão em relação ao processo de criação;
• “However, while a single performance may not satisfy the
requirement [to be considered a research], certainly documentation
of and/or reflections on processes of preparation, on equally a series
of recorded performances of the same piece, could easily provide
satisfactory evidence of investigation through the changes that should
be demonstrably apparent” (Emmerson, 2014, p. 33)
• Parcerias com instituições e criação de laboratórios específicos para
estudos em práticas interpretativas;
Perspectivas acadêmicas na área de
Práticas Interpretativas
• Disseminação do conteúdo:
• Inspiração para jornais críticos de performances;
• Revelação de novos paradoxos (O’Neill, 2014);
• Articulação de ideias do interprete e do professor (Aquino, 2003);
• Negociações interpretativas;
• Creating dialogue with polarized postitions is the only path to solve
pedagogy problems in a pratical way (O’Neill, 2014)
• As polarizações fakes e a ultrapolítica;
• Confort Zone e seus Blind Spots;
Centros de pesquisa em Práticas
Interpretativas
• Queensland Conservatorium Research Centre:
• Música e Criatividade, Música em Comunidade, Music and Livelihood;
• Práticas com diferentes grupos culturais;
• Produção de material de performance para pesquisa;
• Produção científica referência;
• “é fundamental que sejam criados mecanismos que permitam
alcançar um ponto de equilíbrio entre produção artística e produção
bibliográfica. Apenas com o crescimento homogêneo destas duas
vertentes da produção intelectual na área de música é que
poderemos alcançar o nível de excelência tão almejado” (Avellar,
2003, p. 107 – 108)
Centros de pesquisa em Práticas
Interpretativas
• Laboratório de Práticas Interpretativas (LaPI) da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ):
• “todos os conjuntos estáveis da Escola de Música (Orquestra Sinfônica
da UFRJ, Orquestra de Sopros da UFRJ, UFRJazz, Conjunto de Sax da
UFRJ), os principais coros (Brasil Ensemble, SacraVox, Coro Infantil da
UFRJ) e os conjuntos de câmara, assim como suas salas e salões de
concerto, equipados com pianos de concerto Steinway e demais
recursos para a cena musical, são disponibilizados às atividades de
pesquisa da linha ‘As práticas interpretativas e seus processos
reflexivos’, para aulas, experimentos, ensaios, apresentações,
palestras e masterclasses” (Escola de Música da UFRJ, 2018)
CRONOGRAMA
2019
Setembro

Semana/ Escolha do Reunião de


Trabalho tema material
bibliográfico

3 X

4 X

Outubro

Semana/ Delimitação Reunião de material


Trabalho do tema bibliográfico

2 X X

3 X X

4
Novembro

Semana/ Escrita Reunião Leitura e Escrita dos Escrita da Escrita da


Trabalho do de resenha de objetivos justificativa Metodologia
corpo material material
do bibliogr bibliográfico
trabalho áfico
1 X

2 X X

3 X X X X

4 X X X X X X

Dezembro

Semana/ Escrita do Leitura e resenha de Entrega do Apresenta Procura de


Trabalho corpo do material bibliográfico texto parcial ção do métodos de oboé
trabalho do projeto projeto

1 X X X X X

4
CRONOGRAMA
2020
Janeiro

Semana/ Estudo do programa Reunião de material Entrega


Trabalho de analise musical gravado das do texto
metamorfoses do projeto

Fevereiro

Semana/
Trabalho

4
Resultados esperados
• Criação de mais material para investigação em práticas
interpretativas;
• Aprofundamento do uso de softwares de analise computacional para
fins pedagógicos;
• Objetividade de linguagem no diálogo entre musicólogos e
interpretes;
• New Insights para questões que perpassam gerações de músicos;
• Questionamento sobre as Ciências Musicais/Musicologia fazendo
parte, majoritariamente, das escolas de Ciências Humanas e Letras
das universidades;
• Projetos futuros.
Referências
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