Práticas Interpretativas na Pós-graduação no Brasil
A área de práticas interpretativas começa a ganhar destaque na área
científica da música após a Segunda Guerra Mundial. Autores como John Rink, Clarke E., Nichols Cook e outros começam a se questionar por que os músicos interpretam do jeito que interpretam e que tipo de ferramentas são utilizadas para passar certas ideias. Com a chega dos anos 2000, já há uma produção concreta no mundo sobre esta área, com destaque aos países como Inglaterra e Estados Unidos, que produzem grande trabalho científico. Entretanto, esta tendência global tarde a chegar no Brasil e começa de maneira não efetiva nos programas de pós graduação das universidades. Já no final dos anos 1990, há alguma produção científica sobre práticas interpretativas nas universidades brasileiras. Porém, estes estudos voltam-se, majoritariamente, para suprir demanda bibliográfica. Eles baseiam-se em teorias trazidas de fora do país, numa perspectiva quase puramente teórica. Neste sentido, Aquino afirma que havia um preconceito científico – tanto da musicologia quanto de outras áreas científicas mais afastadas – sobre a práxis artística, gerando uma barreira entre a produção artística e a produção intelectual. A negação de capacidade de criação e articulação de ideais dos intérpretes leva a um esvaziamento de instrumentistas de excelência no país – que se reflete na procura por músicos de outros países pelas grandes orquestras brasileiras, nomeadamente Amazonas Filarmônica e OSESP. O autor afirma que deve existir um equilíbrio a práxis e a teoria. Os estudos científicos devem basear-se nesta produção artística, de modo a produzir resultados mais práticos para as questões interpretativas. Desde modo, é pelo financiamento de “laboratórios”, como o “Laboratório de Práticas Interpretativas Prof. Gerardo Presente”, que se criará material para aprofundamento nestes estudos – que se relacionam precisamente com as outras subáreas da música como composição, musicologia, educação musical e performance. Assim, a produção científica nesta área vai poder iluminar os instrumentistas e compositores, de maneira a criar intérpretes de maior excelência e auxiliar pedagogicamente professores no ensino da música.