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RESUMO
ABSTRACT
Analyze how articulate the training and performance of the percussionist Pernambucano to
experience the typical cultural practices of the state and its own rhythms and its place in
academia in order to meet professional expectations of the music market. The research was
literature and documents and sought texts that contemplated the scenario in a comprehensive
way, ranging from the specifics of the formation of percussionist professional in academic
areas and not academic expectations and opportunities for action that the market creates
regarding the performance of these musicians . Some issues that have proved relevant involve
the characterization of the role of percussion in traditional rhythms of Pernambuco linked to
local cultural practices; the description of the process of assimilation of these rhythms by
academia, whether in terms of training or professional practice, and its transposition, a
transmission priority whether made orally, for an academic language, via systematization
through categories of music theory ; assessing how this tension between tradition and
academia participated in the development of its own musical identity of the state; and even the
approach of new possibilities of interpreting these musical patterns from its context in an
academic environment.
1 INTRODUÇÃO
também a relação do músico com essas diferentes abordagens – na iniciação aos estudos, no
sentido atribuído ao fazer musical, nos objetivos pretendidos. Pode-se observar como isso se
dá, por exemplo, na grade de implementação de um bacharelado em percussão, onde a
participação de músicos
Cabe, então, questionar como esses diferentes modos de formação de músicos lhes
garantiria diferentes competências enquanto intérpretes e possíveis educadores, considerando
particularmente se tratar, por um lado, de uma tradição musical cuja transmissão se dá de
forma oral, por outro, de outra cujo viés é acadêmico, e como isso afeta sua atuação no
mercado de trabalho.
Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar as diferenças na relação
ensino-aprendizagem e como isso afeta a colocação do percussionista no mercado de trabalho,
percebendo que ganhos e perdas cada seguimento desse processo pedagógico-musical tem a
oferecer para esse mercado.
Três são os elementos básicos que formam a música: melodia, harmonia e ritmo.
Acredita-se que as primeiras manifestações na história da civilização do que hoje se conhece
por música tenha se dado como experiências elementares no campo do ritmo (HERRAIZ,
2012).
O ritmo é o elemento que está diretamente ligado ao ato de percutir. O "bater" no
próprio corpo, nas pedras, madeiras e posteriormente em peles de animais esticadas, deram ao
homem a condição de buscar mais formas de expressão por meio do som e novos timbres.
Percutir fazia parte dos diversos tipos de inteiração social, que iam das festas pagãs,
celebrações religiosas, até as ações fúnebres.
Quando se fala do início da percussão no Brasil, o primeiro grupo que podemos
identificar como tendo “percussionistas brasileiros” é o dos indígenas nativos. É claro que a
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música já era tida como linguagem, tudo tinha um significado – pisadas marcando os tempos,
vozes guturais, a utilização de chocalhos, tinham funções específicas.
Aliando-se a essa percussão já existente, as caravelas trariam outro tipo de
instrumentos que integrariam e se misturariam aos existentes na terra recém-descoberta – os
portugueses com seus tambores marciais e caixas de guerra (PIEDADE, 2001).
Por fim, o negro trás sua tradição percussiva, que era muito forte e, mesmo com a
proibição por algum tempo do uso de seus instrumentos, eles entraram nessa mistura, não só
musical, como a história pode contar (CANÇADO, 2000). Diversos âmbitos foram tocados
por esse encontro de povos e a origem dos diversos ritmos tipicamente brasileiros é um de
suas principais legados.
O que se pode depreender quando se observa esse histórico da escola percussiva
brasileira é que dois dos seus núcleos se preocupavam com a transmissão oral de sua cultura
musical, apenas a de origem europeia – por conta de sua evolução política e social, da função
colonizadora que se colocava e da própria especificidade da sua música e de como essa se
fazia transmitir –, já teria atravessado o campo da oralidade e se preocupava com registros
formais para as futuras gerações.
Desse modo, o esforço será por compreender a atividade musical dentro do seu
contexto mais amplo, visualizando sua ocorrência como, em si mesma, uma realidade
multifatorial e que está permanentemente em interação com outras práticas, compondo um
todo cultural orgânico e em constante movimento.
Neder (2010) dá o tom da complexidade em torno do estudo da música popular:
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Voltando agora ao fator do ensino de música, cita-se mais uma vez Queiroz (2010),
que em estudo realizado na cidade de João Pessoa acerca dos processos de educação musical
no contexto da música popular urbana destaca: “No que tange à transmissão de
conhecimentos, cada expressão [musical] investigada possui estratégias singulares para a
valoração, a seleção e a definição dos conteúdos e das estratégias utilizadas para assimilação e
prática musical” (p. 122). E complementa:
Poucas coisas na vida são tão democráticas quanto a música. Todos podem, à medida
que quiserem, cantar, não se preocupando se esse ato pode ou não soar “bem”. Em outra
esfera da liberdade musical está a percussão – quem nunca batucou em cima de uma mesa, ou
ritmou chocalhando uma caixinha de fósforo?
Tem-se na história do Brasil folguedos e suas músicas típicas que foram passados
através da oralidade. Para que isso se dê, é preciso que o músico ouça, memorize, imite,
experimente, reinvente (Dantas, 2011). Ou seja, parte-se da experiência prática daquele que
ensina e já também do que se coloca na condição de aprendiz, de modo que
Quando tomei a decisão de me tornar músico profissional - e lá se vão quase trinta
anos -, esbarrei na enorme dificuldade em conseguir material didático que
possibilitasse o meu aprimoramento. O que se via nas prateleiras especializadas
eram métodos e mais métodos vindos de fora. Eram trabalhos voltados para o Rock
ou para o jazz e que davam ênfase à aplicação de rudimentos de caixa da escola
americana. Para um jovem interessado em ritmos brasileiros, pouco ou quase nada
havia. Nas escolas oficiais, o ensino da percussão era dirigido quase exclusivamente
para a música sinfônica. As melhores fontes para o aprendizado eram, então, os
discos, os espetáculos e os redutos de samba e choro. Gafieiras, biroscas, bares e
quadras de ensaio que eram as minhas salas de aula. (p. 10)
Daí se depreende como não se pode pensar a prática musical nesses casos fora do seu
contexto social mais amplo, não se tratando a formação desses músicos da busca pelo
virtuosismo técnico ou mesmo por uma profissionalização – valores comuns ao fazer musical
radicado na música erudita europeia. Trata-se, isso sim, da manutenção de tradições culturais
e/ou religiosas.
Ainda a esse respeito, Ribeiro (2013) destaca:
A performance musical abordada por meio da relação entre música e religião pode
revelar aspectos importantes para a compreensão dos seus fundamentos simbólicos,
sociais e culturais. A união do fenômeno religioso com a música na construção da
performance produz um trânsito entre o sagrado e profano nos espaços da vida
diária, bem como naqueles entendidos como espaços de exercício religioso. Assim,
o processo de ritualização performática produz uma relativização dos conceitos de
sagrado e profano, ligando a religiosidade popular e a institucionalizada em alguns
pontos e produzindo choques em outros. (p. 263)
Existe uma opinião que perdura há anos no meio musical e é alimentada por aqueles
que compõem algumas classes da academia. Trata-se da crença de que aqueles que não têm a
compreensão dos elementos formais da escrita, signos e estéticas musicais não podem ser
considerados músicos.
A fileira dos que acreditam nesses argumentos tem se esvaziado à medida que a
música e as disciplinas que a estudam (educação musical, etnomusicologia, musicologia)
estimulam que sua execução deixe de ser única e exclusivamente teórica e passe a ser também
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tida como artística. É óbvio que o estudo técnico-sistemático dá aos que dele usufruem uma
condição de externar e interpretar com mais facilidade, mas isso não garante uma
performance artística que dimensione o que é belo.
O próprio autor deste artigo, na condição de aluno da graduação em Música da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi testemunha de episódios intrigantes que
arruinavam com facilidade os argumentos de que os acadêmicos e suas práticas eram
superiores. A observação atônita de como determinados músicos sem formação acadêmica,
sem títulos ou diplomas, conseguiam emocionar os ouvintes, o que parecia que o simples
ouvir e tocar era suficiente, sem partituras, sem maestros, sem ensino (formal). No entanto, o
que se via era um profundo mergulho na cultura que permitia um grande domínio de suas
ações fazendo que suas performances fossem enriquecidas por suas personalidades.
Esse era o ponto mais que desejável para conhecer com propriedade as nuances e
detalhes que as partituras não conseguiam mostrar. Segundo Dantas (2011),
Por mais que se tente alcançar uma maneira de codificar músicas através de
símbolos, a exemplo da notação ocidental, é impossível conseguirmos trazer para o
papel as manifestações sonoras ou algo mais que se queira com relação ao som, pois
estamos falando de fluxos de ondas sonoras que mudam a cada instante, sejam essas
mudanças intencionais ou não. (p. 32)
3.2.1 Breve histórico das escolas de música no Recife que oferecem o curso de percussão
ficou por conta de um Diretor – à época o próprio maestro Ernani Braga – e pela Congregação
dos Catedráticos, em caráter definitivo (CONSERVATÓRIO PERNAMBUCANO DE
MÚSICA, 2007).
Após uma série de reformulações em seu programa, objetivos, estrutura e atividades,
ocorridas ao longo de mais de oito décadas de existência, o CPM atualmente
Uma outra escola foi fundada no ano de 1982 com o nome original de Centro
Profissionalizante de Criatividade Musical, sendo oficializada no ano de 1984, através da
publicação do Decreto Estadual, estando localizada em dois casarões da Rua da União. No
ano de 1987, muda-se para a Rua da Aurora, em instalações próprias. Depois de uma
reformulação no seu projeto político pedagógico passa a se chamar Escola técnica de
criatividade musical (ETECM). (ESCOLA TÉCNICA DE CRIATIVIDADE MUSICAL,
2012)
Quanto à sua proposta de diálogo entre o ensino formal de música que oferece e o
contato com as tradições musicais do estado segue aproximadamente a mesma lógica do
CPM.
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No contexto acadêmico, o fazer musical acontece muitas vezes como fruto do esforço
consciente por combinar técnicas, sejam instrumentais ou composicionais, de diferentes
procedências para produzir resultados novos que atendam às expectativas estéticas e de
mercado no qual esteja inserido. Os ritmos tradicionais brasileiros ao longo das últimas
décadas e, à medida em que são inseridas nos meios de ensino formal e que passam a
conviver com outras abordagens musicais, tem se dado a esse processo.
Ezequiel (2014) observa:
Com uma frequência cada vez maior, o músico popular brasileiro se depara com
situações que envolvem a adaptação de ritmos tradicionais para um contexto
polirrítmico e/ou de fórmulas ímpares de compasso. Em comparação com a
diversidade de material voltado ao estudo de improvisação melódico/harmônica, há
pouquíssimas opções didáticas para quem pretende se aperfeiçoar em fluência
rítmica, e talvez nenhum material publicado que sistematize a aplicação de tais
conceitos preservando as características tradicionais dos ritmos brasileiros. (p. 7)
nisso, não existem muitas escolas que trabalhem esse conteúdo, então o que forma esse
"especialista" é a prática – e porque não dizer a tradição oral, só que feita em uma perspectiva
contemporânea, com auxílio da internet, as experiências são partilhadas nas mídias sociais.
Não limitando sua participação por não saber ler, esse ponto pode ser minimizado através da
prática adquirida.
5 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
conhecimentos práticos e teóricos que capacite os percussionistas a responder por tudo que
deles pudesse ser requisitado musicalmente, inclusive uma prática de leitura fluente. Isso
tanto no âmbito popular, quanto no erudito.
A reflexão aqui feita, destacadamente aos percussionistas pernambucanos, indica que a
notação musical e seu aprendizado não é indispensável para a prática musical, e que o
mercado de trabalho pode absorver aqueles que não possuem uma formação acadêmica, mas
sem dúvida é uma vantagem para o músico que a tem. Fica claro que em determinados
trabalhos o conhecimento dos signos musicais poupa tempo em ensaios e recursos
financeiros.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final dessas análises, foi possível concluir que aqueles que transitam nos meios da
tradição e da academia tem mais possibilidades junto ao mercado de trabalho, podendo atuar
em várias frentes.
Assim, espera-se que o presente trabalho contribua para que a bibliografia voltada para
o universo do percussionista e seus fenômenos aumente, visto se tratar de um campo ainda
carente de estudos que deem conta da complexidade que o envolve.
REFERÊNCIAS
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Horizonte, v. 2, 2000, p. 5-14. Disponível em:
<http://www.musica.ufmg.br/permusi/port/numeros/02/num02_cap_01.pdf>. Acesso em: 17
jan. 2016.
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<http://www.uemg.br/openjournal/index.php/modus/article/view/767/483>. Acesso em: 18
jan. 2016.
FREIRE, G. A.; SANTOS, R. dos. Hibridismo na música instrumental do Grupo Medusa. Per
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HERRAIZ, Martin. De Cage a Zappa: o ritmo como função expressiva. Disponível em:
<http://www.ufjf.br/anais_eimas/files/2012/02/herraiz.pdf>. Acesso: 21 dez. 2015.
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PIEDADE, A. Perseguindo fios da meada: pensamentos sobre hibridismo. Per Musi, Belo
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<http://www.scielo.br/pdf/pm/n23/n23a12.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2016.
TEIXEIRA, Marcelo. Oscar Bolão: Ensino de percussão e bateria brasileira e seus pontos de
contato com a vida acadêmica. 2006. 56 p. Monografia (Licenciatura plena em Educação
artística com a habilitação em Música) – Centro de Artes da UNIRIO, Rio de Janeiro, 2006.
VICENTE, Ana Valéria. Maracatu Rural: o espetáculo como espaço social. Recife:
Associação Reviva, 2005.
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Este artigo foi julgado adequado para a obtenção do Título de Especialista em Docência do
Ensino Superior, pela Faculdade Joaquim Nabuco, em 13 de fevereiro de 2016.
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Profª Vilma Flávia Lima
Coordenadora do Curso
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Prof Ricardo Alexandre da Silva Souza
Orientador
RECIFE
2016