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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ - UNIFAP


PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO - PROGRAD
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SANTANA - CSTN

MESTRE OSCAR SANTOS: REFLEXÕES SOBRE EDUCAÇÃO


INTERCULTURAL NA AMAZÔNIA AMAPAENSE.

INTRODUÇÃO

O presente artigo, tem como principal objetivo, apresentar reflexões sobre a vida e o
legado de Oscar Santos, que representa diante da cultura popular amapaense um dos nomes
mais importante no ensino da música. Foi responsável por formar Academia de Música Oscar
Santos, se dedicou ao ensino da música por vários municípios e localidades paraenses e
amapaense, contribuiu na formação de uma nova geração de músicos, formando bandas e
conjuntos musicais por onde passava, e transformou-se num grande educador revolucionando
a educação e a cultura musical amapaense.
O trabalho de Oscar Santos foi de grande importância para uma geração de músicos no
Amapá, os quais mais tarde contribuíram para a formação de bandas marciais nas escolas
públicas de Macapá e ingresso de diversos músicos nas bandas militares do estado do Amapá.
Nessa perspectiva, a referida investigação foi produzida a partir de um levantamento
bibliográfico sobre a vida de Mestre Oscar Santos, além de uma análise documental de
diferentes fontes voltada também a vida e obra do Mestre Oscar Santos.
Essa temática se faz importante, pois, pesquisar sobre a vida de mestres e mestras da
cultura popular amazônica nos oferece muitos indicativos para refletirmos e construirmos
modelos pedagógicos que rompam com os pressupostos hegemônicos e eurocêntricos que
ainda balizam a educação escolar. Ou seja, podemos, a partir da vida de pessoas como mestre
Oscar, construir uma educação intercultural na Amazônia Amapaense.
Diante da análise e reflexões sobre a vida de Mestre Oscar Santos, percebe-se que ele
ocupa um lugar singular na cultura popular amapaense, percebe-se também que o
compositor/professor deixou um vasto legado contribuindo na formação de uma nova geração
e revolucionando a educação e a cultura musical amapaense.

DESENVOLVIMENTO
Podemos tomar Oscar Santos como um mestre de ofício, aquele músico que por
dominar a arte, torna-se professor. Segundo Harnoncourt (1988), a formação do músico se
dava da seguinte forma: o músico formava aprendizes de acordo com sua especialidade, havia
uma relação entre aprendiz e mestre na música, semelhante à dos artesãos, “Ia-se a um
determinado mestre para aprender com ele o “ofício”, sua maneira de fazer música, [...] O
mestre ensinava ao aprendiz sua arte, todos os aspectos desta arte. Ele não ensinava somente a
tocar um instrumento, ou cantar, mas também a interpretar a música” (HARNONCOURT,
1988, p. 29). E era esta formação que predominava, a relação mestre-aprendiz.
Oscar Santos dedicou a sua vida ao ensino de música na Amazônia amapaense,
majoritariamente em espaços populares, até em sua própria residência. Mas lecionou também
no Conservatório Amapaense de Música (CAM), atual Cento de Ensino profissionalizante de
Música Walkíria Lima. Contestou aos métodos tradicionais do conservatório da época,
aplicando conhecimentos musicais da música popular através da formação de bandas e
conjuntos. Foi um sujeito ativo com as práticas musicais e em todas manifestações culturais
da cidade, além de ter leciona em escolas públicas.
Músico autodidata, levou seus conhecimentos através do ensino coletivo de música,
abrangendo diversas realidades sociais do contexto local da sociedade amapaense, meninos e
meninas participavam de suas aulas. As grandes questões notadas então giram entorno de suas
inquietações quanto aos padrões ocidentais do ensino de música institucionalizado e
levantaremos questões de como um mestre de ofícios com poucos estudos trabalhou conceitos
musicais sem se apegar inicialmente a títulos e formações.
Conforme Candau (2013), o desafio de promover uma educação intercultural não se
restringe a determinadas populações específicas, como se somente a elas fosse exigido o
esforço de reconhecimento e valorização das culturas diferentes da sua de origem. Hoje urge
ampliar este enfoque e considerar a educação intercultural como um princípio orientador,
teórico e praticamente, dos sistemas educacionais na sua globalidade. As práticas de ensino de
música de mestre Oscar nos oferecem muitos indicativos para se pensar essa educação
intercultural.
Assim como em nenhum outro momento, diz Veiga-Neto (2002), as diferenças
culturais parecem cada vez mais visíveis. Da mesma forma, os confrontos sobre diferenças e
entre diferenças têm sido frequentes e fortes. Os muitos entendimentos atuais sobre o que é
cultura, sobre o que é educação e sobre as relações entre ambos estão no centro de tais
embates, portanto, assim como fez mestre Oscar com o ensino de música, a educação escolar
deve dialogar com os conhecimentos de diferentes culturas para assim desenvolver o processo
de ensino/aprendizagem.
Para Brandão (2002), educar é criar cenários, cenas e situações em que, entre elas e
eles, pessoas, comunidades aprendentes de pessoas, símbolos sociais e significados da vida e
do destino possam ser criados, recriados, negociados e transformados. Aprender é participar
de vivências culturais em que, ao participar de tais eventos fundadores, cada um de nós se
reinventa as si mesmo. No ensino de Música, as práticas pedagógicas de Mestre Oscar
seguiram essa lição.

CONSIDERAÇÕES

Pesquisar sobre a vida de mestres e mestras da cultura popular amazônica nos oferece
muitos indicativos para refletirmos e construirmos modelos pedagógicos que rompam com os
pressupostos hegemônicos que ainda balizam a educação escolar. Diante da análise e
reflexões sobre a vida de Mestre Oscar Santos, pode-se concluir que ele ocupa um lugar
singular na cultura popular amapaense, percebe-se também que o compositor/professor deixou
um vasto legado contribuindo na formação de uma nova geração e revolucionando a educação
e a cultura musical amapaense.
A reflexão sobre o papel da educação em uma sociedade cada vez mais de caráter
multicultural é recente e crescente no nível internacional e, de modo particular, na América
Latina. Conhecer a vida e a obra de indivíduos como mestre Oscar nos enriquece memórias e
trajetórias que devem ocupar a educação escolar.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A educação como cultura. São Paulo: Editora Vozes, 2002.

CANDAU, Vera Maria. Reinventar a Escola. Rio de Janeiro. Editora: vozes, 2013

HARNONCOURT, Nikolaus. O discurso dos sons. Jorge Zahar Editor: Rio de Janeiro,
1988.

VEIGA-NETO, Alfredo. Cultura e currículo. Contrapontos, v. 2, n° 4, jan-abr., p. 43-51.


2002.

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