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RESUMO
INTRODUÇÃO
A educação musical nas escolas brasileiras tem sido motivo de constantes debates na
atualidade. Em 1996, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional n.9394/96, após uma ausência de trinta anos dos currículos escolares, a
música recupera seu status como disciplina, pois na década de setenta, após uma
reforma na educação brasileira e a criação da lei n.5692/71, a educação
musical foi extinta do sistema educacional brasileiro e passa a integrar como um dos
componentes da educação artística, com as artes plásticas e o teatro. A partir daí, o
professor especializado em música é substituído pelo professor polivalente que
durante a sua formação no curso de graduação recebia uma pequena introdução a
todas as linguagens artísticas, com um pouco de música, uma parte de artes cênicas e
outra de artes plásticas. Os professores tiveram dificuldades de atuar nas três
áreas e o ensino da música emergiu-se nas práticas recreativas e lúdicas que fogem
aos objetivos propriamente musicais. Neste período, a música perde a sua identidade,
contudo, com as novas diretrizes da educação em 1996, ela é novamente
reconhecida como disciplina, mas devido a sua ausência nas escolas durante um
longo período, é necessário discutir, definir estratégias, propostas, ações e refletirmos
maneiras de pensar e fazer educação musical nas escolas. A música,
como a maioria das disciplinas, deve ser ensinada de maneira direta, aberta,
transversal e interdisciplinar, integrando os diferentes aspectos da pessoa, do mundo
e do conhecimento.
Ao lado das escolas religiosas mantidas por outras ordens (carmelitas, franciscanos,
capuchinos, etc.), surge a escola leiga (escola-régia). Apesar da mudança do
currículo, compatível com o momento histórico, parte das disciplinas ensinadas pelos
jesuítas são mantidas. Dessa forma, a música continua presente, com forte conotação
religiosa. Nesse período, são encontradas influências do canto gregoriano na vida dos
índios, negros, portugueses e europeus. A música brasileira também foi influenciada
pelos negros. Chegando ao Brasil como escravos, os negros trouxeram consigo
instrumentos de percussão como ganzá, cuíca, atabaque, etc. e cantavam e
dançavam embebidos pelos sons e ritmos de sua pátria distante. (Loureiro, 2011, pág.
47)
Segundo Loureiro, entre 1750 e 1810, nas regiões de Minas Gerais, se desenvolvia
uma sociedade urbana muito diferente das que se organizavam nos engenhos. A
prosperidade econômica faz surgir nas vilas e lugarejo uma condição favorável para a
cultura musical, atraindo músicos. Minas Gerais se transformou um foco importante
da música colonial. Conhecedores da música europeia, familiarizado com as cantatas,
sonatas, rondós e compositores melódicos.
A música se fazia presente no cotidiano mineiro nas igrejas, festas sociais e militares.
Ela estava presente nas casas contando com a participação de pessoas da família e
até mesmo de escravos. Formavam-se trios, quartetos, quintetos que animavam os
saraus elegantes ou as serenatas românticas pelas ruas nas noites. Com o
esgotamento do ouro nas terras mineiras e problemas políticos, dão início à
decadência e ao fim do profissionalismo musical.(Loureiro, 2011, pág. 47)
Em 1807, Napoleão declarou guerra a Portugal e Dom João VI veio com a sua corte
para o Brasil, trazendo uma época de prosperidade e de desenvolvimento artístico e
cultural. Com a chegada da corte deram-se relevâncias para as artes, que
transformaram completamente a vida urbana do Rio de Janeiro e, posteriormente, de
todo o Brasil. Foi um momento em que chegaram, ao país, viajantes intelectuais e
pesquisadores que deixaram grandes contribuições para o conhecimento do contexto
do Brasil do século XIX. A família real trouxe em torno de 15 mil pessoas,
dentre elas, músicos, intelectuais e artistas. Nesse contexto surgiram algumas
instituições no campo cultural, tais como academias militares, a Biblioteca Real,
cursos superiores e a Escola Nacional de Belas-Artes. A atividade musical ganha,
assim, uma nova expressão. Surgem a capela Real, orquestra de música erudita que
contava com cem músicos instrumentistas e cinquenta cantores, e uma orquestra
que tocava músicas populares, constituída por músicos negros. Padre José Maurício,
considerado o maior músico da época, foi nomeado, então, inspetor-geral dos
músicos. Mulato brasileiro, músico talentoso, padre José Maurício era possuidor de
uma imensa cultura. Em 1818, o mestre da capela real, padre José Maurício Nunes
Garcia escreveu o compêndio de música e o método para pianoforte, um pouco
antes da promulgação da primeira lei oficial que criava o curso de música no Brasil,
em 1818. (Alvares,1999)
Em 1851, Dom Pedro II aprova a lei 630, que estabelece o conteúdo de música nas
escolas primárias e secundárias. Após alcançar um notável esplendor durante esse
período colonial, a educação estagnou-se durante o império e, assim, permaneceu no
Brasil até a virada do século XX.
O final do século XIX foi marcado por mudanças nos planos sociais, políticos,
econômicos e culturais, culminando com a Proclamação da República em 1889. No
começo do século surgiram trabalhos importantes como o método criado por Gomes
Júnior, em 1915, que apesar de não ser utilizado hoje, pode ser considerado uma
atividade pioneira, baseada no sistema de movimento e improvisação. Gomes Júnior,
também, foi quem introduziu o canto orfeônico na educação brasileira. O canto
orfeônico ou canto coral livre, tem características próprias que o distinguem do canto
coral erudito. Trata-se de uma prática coletiva onde não se exigem um conhecimento
musical ou treinamento vocal dos participantes, ao contrário do canto coral erudito,
que exige conhecimento musical, habilidade vocal. Durante a década de 20, Anísio
Teixeira propõe reformas no sistema educacional brasileiro e com a chegada da era
Vargas ,tem a oportunidade de colocar o seu projeto em prática, trazendo grandes
mudanças na educação que ajudariam a música alcançar, novamente, um tempo de
notável esplendor, como o ocorrido no período colonial. Com o decreto 19.890,
assinado pelo presidente Getúlio Vargas, em 18 de abril de 1931, o canto orfeônico
tornou-se disciplina obrigatória nos currículos escolares para ser um alfabetizador
musical de grandes massas populares, em contrapartida, ao ensino profissionalizante,
ministrado em conservatório, escolas de músicas especializadas e em instituições de
ensino regular particular. O canto orfeônico serviria, assim, para alcançar grandes
contingentes da população, o que foi possível com sua inserção no sistema público de
educação. Em 1932, o secretário de educação, Anísio Teixeira, convida Heitor
Villa-Lobos para o cargo de diretor da Fundação Superintendência de Educação
Musical e Artística. Foi necessário organizaram um projeto para formarem professores
capazes de ministrarem as primeiras noções de música e o canto orfeônico nas
escolas públicas de todo o Brasil. O SEMA, foi, sobretudo, um grande projeto de
formação desses professores de música. Com a contribuição do maestro Villa-Lobos
o canto orfeônico se converteu no maior movimento de educação musical de massa
ocorrido no Brasil, porém a imagem do movimento acabou ficando profundamente
ligada ao governo de Getúlio Vargas, sobretudo pelo cunho
nacionalista presente no trabalho do maestro Villa-Lobos no canto orfeônico.
Em 1971, com a promulgação da Lei 5.692, o ensino das artes foi agrupado,
instituindo a polivalência na disciplina educação artística. A polivalência no ensino de
artes refere-se a ideia de que o mesmo professor teria que trabalhar as artes visuais,
teatro, música e dança. No entanto, a formação superior precária dos professores nos
chamados cursos de licenciatura curta, muito comuns na década de 70, aliados a uma
política de caráter tecnicista na educação no período do governo militar, percebemos a
predominância do ensino das artes visuais e o desaparecimento gradual das artes
coletivas como o teatro, a dança e a música do currículo escolar. Embora a música
jamais deixou de ser ouvida por alunos e professores, o abandono da legislação
permitiu o desaparecimento da música cultural e artística nas escolas e a maioria dos
cidadãos brasileiros acabaram se tornando vítimas da manipulação musical, atuando
como meros ouvintes, passivos, sem consciências musicais críticas e sentem-se
incapazes de se expressarem musicalmente.
Dos cinco campos de experiência separados para a educação infantil que abrangem
a BNCC, três deles apresentam objetivos musicais para a educação infantil.
● O último campo de experiência que tem aspectos que citam a música é a fala,
pensamentos e imaginação. Os objetivos são: explorar diferentes fontes
sonoras e materiais para acompanhar brincadeiras cantadas, canções, músicas
e melodias; utilizar diferentes fontes sonoras disponíveis no ambiente
em brincadeiras cantadas, canções, músicas e melodias; inventar brincadeiras
cantadas, poemas e canções, criando rimas, aliterações e ritmos; e identificar,
criar diferentes sons, reconhecer rimas e aliterações em cantigas de roda e
textos poéticos (BNCC, 2017).
A música está como uma das linguagens que estão dentro do componente curricular
de artes.
LDB/71 - Lei n.º 5.692 de 11 de agosto de 1971. Art. 7.º Será obrigatória a
inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística
e Programas de Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos de 1.º e
2º graus, observado quanto à primeira o disposto no Decreto-Lei n. 369, de
12 de setembro de 1969 (Brasil, 1971, p.3).
De acordo com Bréscia, A lei 5.692/71 extinguiu a educação musical e a partir daí,
surge a figura do professor polivalente, o qual, durante a graduação, estudaria todas
as linguagens artísticas, com um pouco de música, outro tanto de arte cênica e de
artes plásticas. (Bréscia,2011, pág.74) Com as novas diretrizes, a música passou a
ser considerada uma das diversas formas de expressão artísticas. Na verdade, o
termo integração e polivalência, prejudicou o desenvolvimento das disciplinas da
educação artística, porque os conteúdos específicos de cada área foram diluídos ou
excluídos das escolas.
Para Penna (1995) a criação do curso de licenciatura curta não conseguiu implantar
nas escolas as propostas previstas na lei, pois, mesmo que a intenção fosse colocar a
arte em função da educação global do indivíduo, as práticas pedagógicas
relacionadas à educação artística privilegiavam as artes plásticas. Os professores
polivalentes tiveram dificuldades em atuar nas três áreas da disciplina educação
artística e em decorrência disso, o ensino de música passa a ser praticado de forma
recreativa e lúdica e dar início a um enfraquecimento às questões e aos objetivos
propriamente musicais. Os professores que ministravam aulas de música nas escolas
públicas, anterior as mudanças no sistema de educação, tiveram que se adaptar ao
novo sistema e foram obrigados a dar aulas nas outras áreas da educação artísticas.
Para Loureiro, apesar das dificuldades enfrentadas pelos professores de música nas
escolas fundamentais, os conservatórios conseguiram manter relativa autonomia
interna em seus cursos e preservar em seu ensino de caráter
técnico-profissionalizante os conteúdos de linguagem específicos à área de música.
Dessa forma o conservatório segue seu modelo de escola para elite, ou seja, seu
acesso é restrito e privilegia o ensino tradicional com a adoção de conteúdos
fragmentados, fixos, isolados e descontextualizados, cuja função social básica
segundo Penna (1995, p.14), está em formar tecnicamente, pelo e para o padrão da
música erudita, os profissionais para um entretenimento de elite, em outras palavras,
os músicos para as salas de concerto. Ou, ainda, cumprem a função de enriquecer,
através da prática musical, a formação pessoal daqueles que têm, socialmente, a
possibilidade de acesso a essa forma artística. (apud Loureiro,2011, p.73).
Os conservatórios continuaram com suas metodologias tradicionais, dando ênfase a
exercícios que estimulam o ensino das técnicas, baseadas em repetições cuja função
única era despertar um virtuosismo de alguns poucos alunos considerados talentosos.
Os conservatórios mantiveram seu perfil privilegiando o acesso e a formação
daqueles que, socialmente, possuem familiaridade com o universo artístico-musical.
Isso fica claro nos critérios de admissão de alunos que, até hoje,
exige dos mesmos testes de habilidade específica na área de música para o ingresso
nos cursos de formação musical e graduação. Se, de um lado, dificuldades eram
encontradas no ensino de música nas escolas de primeiro grau, de outro, os
conservatórios e escolas especializadas conseguiam, apesar das críticas, manter
seu perfil e funcionamento. Com o fim do regime militar, em 1985, e com o começo do
processo de redemocratização da sociedade brasileira, inicia-se um novo processo de
mudança da educação no país. Em 1988 é promulgada a constituição que determina
os direitos e os deveres dos entes políticos e dos cidadãos do nosso país. Foi escrita
durante o processo de redemocratização do Brasil após o fim do
Regime Militar, sendo conhecida, por isso, como Constituição Cidadã. Foi resultado
de um amplo debate que se estendeu durante mais de um ano e simbolizou o início da
Nova República. Nela a educação passou a ser direito de todos e dever do Estado e
da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. Em 1996, após oito anos de tramitação, é publicada uma
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei 9.394/96.
O ex-presidente Lula sancionou no dia 18 de agosto de 2008, a Lei n.º 11.769, que
estabelece a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas de educação básica. A
aprovação da Lei foi sem dúvida uma grande conquista para a área de educação
musical no País. Todavia, há também grandes desafios que precisam ser enfrentados
para que possamos, de fato, ter propostas consistentes de ensino de música nas
escolas de educação básica. A obrigatoriedade de incluir o ensino de música na
grade curricular das escolas ocorreu por meio da lei número 11.769, que altera a Lei
de Diretrizes e Bases Orçamentárias (LDB) em agosto de 2008.
Segundo o artigo, a lei que torna o ensino de música obrigatório na rede pública,
publicado em outubro de 2018, a lei já havia completado dez anos, mas não havia
sido implementada. De acordo com especialistas ouvidos pelo G1, a maioria das
escolas que oferecem alguma atividade na área contam com a iniciativa isolada de
professores ou coordenadores: não há políticas públicas nacionais que garantam a
implementação da lei. Um dos entraves é a formação. Segundo censo da educação
superior de 2016, o país tinha 128 cursos específicos para formação de professores
em música com 8.384 vagas. Em 2016, 2.246 concluíram. (Farjado, Lei que torna o
ensino de música obrigatório na rede pública, 10/2018).
O professor pode e deve cantar com seus alunos, porém se não souber cantar ou for
desafinado, isso não pode servir de empecilho para as atividades de música na sala
de aula, pois existem muitas outras atividades que o educador pode fazer com a
musicalização; o mesmo acontece pelo fato do professor tocar ou não um instrumento
musical. Caso o professor toque, isto pode auxiliar nos seus desempenhos, mas se
não toca, isto não pode servir de impedimento para a realização da aula, porque na
educação infantil o objetivo não é fazer as crianças
tocarem, mas sim fazer com que os alunos explorem os diversos sons ao seu redor. A
maioria dos professores não trabalha a musicalização nas escolas porque não
receberam esse conhecimento em sua formação. Na verdade, as faculdades de
pedagogia ainda não estão preparadas para capacitarem os seus alunos para
exercerem a tarefa de musicalizar, no entanto, a BNCC que é o mapa que orienta todo
o processo educacional brasileiro, apresenta formas de trabalhos musicais para as
crianças e adolescentes.
Recreação x musicalização
A professora Letícia é uma pedagoga muito animada, adora música e utiliza muitas
músicas na sala de aula. Canta muitas músicas, que encontra na ‘internet’, com seus
alunos. Usa as músicas para a fila na hora da entrada e saída, para guardarem os
brinquedos, lavarem as mãos, lancharem, etc.
O professor João também é pedagogo, porém em suas aulas, além dos cânticos, ele
trabalha com atividades rítmicas, histórias sonorizadas e percepção auditiva. Ele
pensa no desenvolvimento de esquemas corporais de seus alunos, sabe utilizar e
trabalhar com as qualidades do som, tem objetivos claros e consegue planejar para
que as crianças atinjam esses objetivos e as habilidades musicais específicas.
Dois professores de música e dois pedagogos, ambos podem estar fazendo coisas
certas ou erradas. Tudo vai depender dos objetivos e metodologia utilizadas. O
professor pode estar focado na recreação, que tem como objetivos divertir e entreter o
aluno ou na musicalização que tem como foco, o aluno, com objetivos claros para o
seu real desenvolvimento musical.
“A música é a expressão artística que se materializa por meio dos sons, que
ganham forma, sentido e significado no âmbito tanto da sensibilidade
subjetiva quanto das interações sociais, como resultado de saberes e
valores diversos estabelecidos no domínio de cada cultura. A ampliação e a
produção dos conhecimentos musicais passam pela percepção,
experimentação, reprodução, manipulação e criação de materiais sonoros
diversos, dos mais próximos aos mais distantes da cultura musical dos
alunos. Esse processo lhes possibilita vivenciar a música inter-relacionada à
diversidade e desenvolver saberes musicais fundamentais para sua
inserção e participação crítica e ativa na sociedade” (BNCC, 2017, p.196).
“A música estimula áreas do cérebro não desenvolvidas por outras linguagens, como
a escrita e a oral. É como se tornássemos o nosso 'hardware' mais poderoso”, explica
a pedagoga Maria Lúcia Cruz Suzigan, especialista no ensino de música para
crianças. Essas áreas se interligam e se influenciam. Sem música, a chance é
desperdiçada. Segundo Suzigan, quanto mais cedo a escola começar o trabalho,
melhor. “Essa linguagem, embora antes fosse mais comum, faz parte da cultura das
crianças por causa das canções de ninar e das brincadeiras” (GIRARDI,2004).
Os gregos foram os primeiros a dominar o que se convencionou chamar de
¨consciência científica¨ os primeiros a se valer da música sem implicações mágicas
(Sekeff,2007, p.99). A educação por meio da arte está presente desde a antiguidade.
A Música fazia parte do que era ensinado às crianças e aos jovens. Os gregos deram
importantes contribuições nesse sentido. A educação musical estava presente entre
os conjuntos de matérias essenciais de um currículo composto de ginástica, gramática
e música. Segundo Bréscia, esse modelo de educação tripartida foi utilizado ao longo
dos séculos nas sociedades civilizadas, originando os desdobramentos que
conduziram ao currículo atual (Bréscia, 2011, pág. 69).
A música é uma linguagem universal. Ela não precisa de tradução e cruza as barreiras
do tempo e espaço, das nacionalidades, etnias e idiomas (Bréscia, 2011, pág.21).
Pedagogos, psicólogos, filósofos, musicólogos e pensadores de diversas áreas do
conhecimento discutem e escrevem sobre a importância da música para a
humanidade. Para Platão (filósofo grego, 427-347 a.C.):
A música não foi concedida aos homens pelos deuses imortais com o único
fim de lhes deleitar agradavelmente os sentidos, mas sim, sobretudo, para
acalmar as perturbações das suas almas e os movimentos tumultuosos que
necessariamente, experimenta um corpo, como nosso, cheio de
imperfeições. (apud Brescia, pág.21)
Segundo Aristóteles (filósofo grego, 384-332 a.C.), “a música tem tanta relação com a
formação do caráter, que é necessário ensiná-las às crianças” (apud Brescia, 2011,
pág.21).
Na Grécia Antiga, por exemplo, a música estava presente nos funerais, combates,
jogos esportivos, teatro, banquetes, etc., fazia parte do cotidiano em várias
manifestações coletivas, tanto nas festas religiosas como profanas. Pitágoras de
Samos, um dos filósofos dessa época, ensinava como determinados acordes musicais
e certas melodias criavam reações definidas no organismo humano. “Pitágoras
demonstrou que a sequência correta de sons, se tocada musicalmente num
instrumento, pode mudar os padrões de comportamento e acelerar o processo de
cura” (2011, apud Bréscia, p. 25).
A música consegue influenciar o homem, pois seus elementos constitutivos, som,
ruído, silêncio, melodia, ritmo, harmonia e sua sintaxe de semântica singular induzem
correspondentes movimentos biológicos, fisiológicos e mentais. O universo musical
impressiona o homem, desde a sua fase intrauterina. Os ritmos da batida do coração,
os ruídos do organismo e o pulso carregam o poder de impressionar, de burlar
mecanismo de defesa e favorecer uma aproximação do indivíduo consigo mesmo, o
que traduz em estímulos biológicos, fisiológicos, em reações sensoriais, hormonais,
psicológicas, etc. De acordo com o desenvolvimento do feto, ele percebe a
importância desse mundo de sons e ruídos, em especial dos batimentos do coração e
o som da voz da mãe, percebidos como afeto, carinho, sensação de prazer, conforto,
segurança, etc.
Gonzalo Brenes (1954), a música é uma combinação de sons, ruídos, ritmos, timbre,
intensidade, densidade, etc. podemos considerá-la como um jogo de combinações
destes elementos. Ela está relacionada a sensibilidade, a imaginação, ao jogo de
regra. Podemos relacioná-la às atividades lúdicas da infância propostas por Piaget
nas seguintes dimensões:
Em uma pesquisa realizada pela autora Vera Lúcia Pessagno Bréscia no projeto Guri
sobre os aspectos que se destacam como mudanças ocorridas graças à música
foram:
Todos esses dados corroboram a necessidade da música nas escolas, quando então
o educador deve abrir espaço para repertórios tradicionais, contemporâneos,
populares e o não europeu, para além da lógica e dos pensamentos rotineiros,
dominando procedimentos libertadores e otimizando funções cognitivas e criativas. A
vivência musical que se pretende na educação não diz respeito apenas ao exercício
de obras caracterizadamente belas, assinaladamente bem feitas, mas de todas que
motivam o indivíduo a romper pensamentos prefixados, induzindo-o à projeção de
sentimentos, auxiliando-o no desenvolvimento e no equilíbrio de sua vida afetiva,
intelectual, social, contribuindo enfim para a sua condição de ser pensante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS