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O ENSINO DA MÚSICA NAS ESCOLAS: NO RITMO DO DESENVOLVIMENTO

Carlos Alberto Rodrigues Peixoto


Maria Inmaculada Chao Cabanas

RESUMO

Palavras chaves: Educação musical. Leis. Escolas.

INTRODUÇÃO

A música está presente em todas as sociedades e culturas. Podemos desfrutá-la


tanto nas comunidades primitivas quanto nas desenvolvidas. Seja através dos
acalantos, cantiga de berço nos suaves embalo e aconchego nos braços dos pais,
como nana neném; brincos e parlendas, brincadeiras rítmico-musicais com que os
adultos entretêm os bebês e as crianças, como serra, serra, serrador e um, dois, feijão
com arroz; brincadeiras de roda, como sambalelê e escravo de Jó; ou através das
músicas populares cantadas, ou tocadas através dos meio de comunicações. A
música é ouvida nos momentos de alegria, nascimento, batismo, casamentos,
comemorações diversas; e nos momentos de tristeza, solidão, sofrimento, luto, etc. A
música existe em toda a comunidade humana, contudo, a maioria das pessoas,
principalmente nas sociedades mais desenvolvidas, deixam de viver uma melhor
experiência musical por se deixarem levar pelos padrões impostos pelas mídias e da
cultura de massa, acreditando que as atividades de cantar, dançar ou tocar algum
instrumento pertence a pessoas talentosas que possuem aptidões inatas ou dons para
exercerem tais práticas. O intuito do ensino de música nas escolas não é formar
músicos virtuosos, extremamente habilidosos para tocarem nas grandes orquestras
dos teatros ou lançar uma carreira, solo, mas democratizar o ensino da música,
proporcionando acesso à experiência musical, a cultura e a arte.

A música deve ser acessível a todos, independentemente da idade, raça, gêneros ou


nível econômico. Ela pode ser produzida com a voz, mãos, pés ou com auxílio de
algum instrumento.

A música é, sem dúvida, uma ferramenta muito importante na formação integral do


ser humano, por isso, ela precisa ser incluída nos projetos políticos pedagógicos das
escolas.

A educação musical nas escolas brasileiras tem sido motivo de constantes debates na
atualidade. Em 1996, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional n.9394/96, após uma ausência de trinta anos dos currículos escolares, a
música recupera seu status como disciplina, pois na década de setenta, após uma
reforma na educação brasileira e a criação da lei n.5692/71, a educação
musical foi extinta do sistema educacional brasileiro e passa a integrar como um dos
componentes da educação artística, com as artes plásticas e o teatro. A partir daí, o
professor especializado em música é substituído pelo professor polivalente que
durante a sua formação no curso de graduação recebia uma pequena introdução a
todas as linguagens artísticas, com um pouco de música, uma parte de artes cênicas e
outra de artes plásticas. Os professores tiveram dificuldades de atuar nas três
áreas e o ensino da música emergiu-se nas práticas recreativas e lúdicas que fogem
aos objetivos propriamente musicais. Neste período, a música perde a sua identidade,
contudo, com as novas diretrizes da educação em 1996, ela é novamente
reconhecida como disciplina, mas devido a sua ausência nas escolas durante um
longo período, é necessário discutir, definir estratégias, propostas, ações e refletirmos
maneiras de pensar e fazer educação musical nas escolas. A música,
como a maioria das disciplinas, deve ser ensinada de maneira direta, aberta,
transversal e interdisciplinar, integrando os diferentes aspectos da pessoa, do mundo
e do conhecimento.

Este artigo tem a intenção de estimular reflexões e questionamentos sobre os


benefícios e a importância da educação musical nas escolas e entender os motivos da
baixa adesão da música como componente obrigatório no ensino básico, uma vez que
a legislação que torna o ensino da música obrigatório nas redes públicas e privadas
no Brasil, Lei 11.769, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDBEN) em agosto de 2008, completou doze anos no ano vigente, mas o
que se vê, na verdade, é que ela ainda não foi colada em prática na maioria das
escolas.

A pesquisa, de natureza qualitativa, elaborou-se através de leituras bibliográficas


como instrumentos de coletas de dados, realizadas com livros de autores que são
referências na área da educação, desenvolvimento infantil, educação musical e
documentos oficiais que regulamentam as Leis e diretrizes da educação. Portanto, é
importante estabelecermos um olhar preciso, crítico e atento aos interesses e
compromissos ligados a estes objetivos.

1.1 HISTÓRIA DA MÚSICA NO BRASIL

No momento da chegada dos portugueses ao território brasileiro estima-se que havia


cerca de 3,5 milhões de indígenas. Hoje, segundos dados do IBGE, cerca de 734 mil
pessoas se consideram indígenas. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, em
1500, eles encontraram os índios cantando, dançando acompanhados de diversos
instrumentos de percussão, flautas de bambus, trombetas feitas de chifres.(CAMÊU,
1977).

Os portugueses trouxeram com eles a música ocidental, música nascida


originalmente na Grécia. Para os Gregos, a música tinha a função de educar a alma
do homem. Numa primeira etapa, a educação era dada aos rapazes que
frequentavam a escola e a palestra, onde eram instruídos através da leitura, da
escrita, da música e da educação física, sob a direção de três instrutores: o
grammatistes (mestre), o kitharistes (professor de música), o paidotribes (professor de
gramática). (“Esparta e Atenas — História da Educação” em Só Pedagogia). Em 1549,
acontece chegada do governador-geral, Tomé de Souza e, com ele, os jesuítas, os
primeiros professores dessa música ocidental no Brasil. De acordo com Loureiro, a
música se destacava como recursos, em virtude da forte ligação dos indígenas com
essa manifestação artística.(Loureiro, 2003, pág.43).
Em 1553, na inauguração do Colégio dos Meninos de Jesus, foi levado o auto
Mistérios de Jesus, o primeiro drama sacro a ser encenado no Brasil, seu autor foi o
José de Anchieta. Viajando por todo o território brasileiro, Anchieta criou por todas as
aldeias que passou a escola do ler, contar e tocar alguns instrumentos. Ele escreveu e
dirigiu a primeira peça de teatro encenada no Brasil. Suas peças eram cheias de
canto e incorporavam manifestações das culturas indígenas, como, por exemplo, o
boitatá. Os autos eram manifestações presentes da música nas escolas e festivais
desenvolvidos pelos jesuítas(Loureiro, 2011).
Em 1554, é fundada a primeira escola da companhia de Jesus, em São Paulo, pelo
padre Manoel da Nóbrega e seguido pelo padre José de Anchieta com seu trabalho
educacional, considerado uma das mais belas contribuições do século XVI. O auto da
pregação universal, em 1555, foi considerado a primeira peça musical brasileira,
realizado no mesmo ano em que o padre José de Anchieta fundou o primeiro teatro
no Rio de Janeiro.

De 1564 a 1605, vinte e um autos envolvendo música instrumental, vocal e dança,


foram realizados no Brasil. (1999, Alvares)

Em 1759, Marquês de Pombal baniu os jesuítas do Brasil. A capital foi transferida da


Bahia para o Rio de Janeiro, medidas que contribuíram para o declínio do sistema
educacional dos jesuítas. O latim, o grego, a filosofia e a retórica substituem os
colégios jesuítas e a educação passa para o controle do estado, havendo uma
secularização da educação e a padronização do currículo. Após um período de
desestruturação das escolas, causados pelo fechamento das escolas jesuítas e a
demora, por parte da coroa, em assumir os seus compromissos com o ensino, a
educação portuguesa passa por um declínio.

Ao lado das escolas religiosas mantidas por outras ordens (carmelitas, franciscanos,
capuchinos, etc.), surge a escola leiga (escola-régia). Apesar da mudança do
currículo, compatível com o momento histórico, parte das disciplinas ensinadas pelos
jesuítas são mantidas. Dessa forma, a música continua presente, com forte conotação
religiosa. Nesse período, são encontradas influências do canto gregoriano na vida dos
índios, negros, portugueses e europeus. A música brasileira também foi influenciada
pelos negros. Chegando ao Brasil como escravos, os negros trouxeram consigo
instrumentos de percussão como ganzá, cuíca, atabaque, etc. e cantavam e
dançavam embebidos pelos sons e ritmos de sua pátria distante. (Loureiro, 2011, pág.
47)

Segundo Loureiro, entre 1750 e 1810, nas regiões de Minas Gerais, se desenvolvia
uma sociedade urbana muito diferente das que se organizavam nos engenhos. A
prosperidade econômica faz surgir nas vilas e lugarejo uma condição favorável para a
cultura musical, atraindo músicos. Minas Gerais se transformou um foco importante
da música colonial. Conhecedores da música europeia, familiarizado com as cantatas,
sonatas, rondós e compositores melódicos.

A música se fazia presente no cotidiano mineiro nas igrejas, festas sociais e militares.
Ela estava presente nas casas contando com a participação de pessoas da família e
até mesmo de escravos. Formavam-se trios, quartetos, quintetos que animavam os
saraus elegantes ou as serenatas românticas pelas ruas nas noites. Com o
esgotamento do ouro nas terras mineiras e problemas políticos, dão início à
decadência e ao fim do profissionalismo musical.(Loureiro, 2011, pág. 47)

Em 1807, Napoleão declarou guerra a Portugal e Dom João VI veio com a sua corte
para o Brasil, trazendo uma época de prosperidade e de desenvolvimento artístico e
cultural. Com a chegada da corte deram-se relevâncias para as artes, que
transformaram completamente a vida urbana do Rio de Janeiro e, posteriormente, de
todo o Brasil. Foi um momento em que chegaram, ao país, viajantes intelectuais e
pesquisadores que deixaram grandes contribuições para o conhecimento do contexto
do Brasil do século XIX. A família real trouxe em torno de 15 mil pessoas,
dentre elas, músicos, intelectuais e artistas. Nesse contexto surgiram algumas
instituições no campo cultural, tais como academias militares, a Biblioteca Real,
cursos superiores e a Escola Nacional de Belas-Artes. A atividade musical ganha,
assim, uma nova expressão. Surgem a capela Real, orquestra de música erudita que
contava com cem músicos instrumentistas e cinquenta cantores, e uma orquestra
que tocava músicas populares, constituída por músicos negros. Padre José Maurício,
considerado o maior músico da época, foi nomeado, então, inspetor-geral dos
músicos. Mulato brasileiro, músico talentoso, padre José Maurício era possuidor de
uma imensa cultura. Em 1818, o mestre da capela real, padre José Maurício Nunes
Garcia escreveu o compêndio de música e o método para pianoforte, um pouco
antes da promulgação da primeira lei oficial que criava o curso de música no Brasil,
em 1818. (Alvares,1999)

A vinda da corte para o Brasil era um empreendimento, exigia uma política


educacional voltada à formação de pessoal de nível superior para suprir uma
demanda de estado. Filhos da nobreza e da aristocracia recebiam instruções em
domicílio, enquanto a grande massa de escravos e camponeses permaneciam
analfabetos. Quando Dom João VI retornou a Portugal, em 1821, em clima de tensão
políticas, a atmosfera cultural e artística declinou e a educação musical ficou instável.
A Capela Real perde a sua força e, em consequência, a música religiosa cede espaço
para a música profana. Bandas e orquestras se espalham por toda a parte.
Surge o reinado da ópera, abrem-se salões para a sociedade elegante que começava
a despertar para o requinte, o bom gosto e a sensibilidade artística.

O país passa, então, por um período de inquietação. Não é um momento favorável


para as artes, entretanto, crescem o número de professores particulares, suprindo a
ausência das escolas especializadas em música. Além disso, o estudo do piano
passou a fazer parte de uma boa educação, principalmente para as moças de família
de classe média alta. Com a independência do Brasil, em 1822, o imperador D. Pedro
I necessitava de uma afeição jurídica para o país e determinou a convocação de uma
constituinte em 1823. A educação ocupou lugar de destaque nos debates sobre o
perfil da nova nação.

Para a implantação de um sistema de educação era necessária a criação de uma


rede de escolas e de formação de professores. Em 1835 é criada, em Niterói, a
primeira Escola Normal. Em 1847, essa escola é fundida ao Liceu Provincial, o que
possibilitou uma formação diversificada, visando a preparação de professores para o
ensino preliminar e médio. O currículo simples é enriquecido com a inclusão de novas
matérias, entre elas a música. (Loureiro, 2011, pág. 49.) Em janeiro de 1847 surgiu a
primeira lei estabelecendo conteúdo musical para a formação em música:
Principio básico de solfejo, voz, instrumentos de corda, instrumentos de sopro e
harmonia. O Brasil começa a fornecer diploma de formação musical. O Conservatório
de Música foi fundado pelo decreto n. 496, de 21 de janeiro de 1847, mas sua origem
remete ao ano de 1841, quando a Sociedade Beneficência Musical, também chamada
de Sociedade de Música, requisitou ao governo a criação de uma loteria para
subsidiar a implantação da escola. Sociedades associativas de intelectuais e letrados
tornaram-se comuns a partir da metade do século XIX e visavam o desenvolvimento
da cultura inspirada na civilização europeia. A solicitação da Sociedade de Música foi
atendida pelo decreto n. 238, de 27 de novembro de 1841, que concedeu duas
loterias anuais no espaço de oito anos para implementar o conservatório. O decreto
n.496 de janeiro de 1847 estabeleceu as bases para o funcionamento da instituição,
que foi inaugurada no dia 13 de agosto de 1848 em um salão do andar térreo do
Museu Nacional, onde funcionou em seus primeiros anos (Alvares,1999).

Art. 1.º O Conservatório de Música, que, na conformidade do Decreto n.º


238 de 27 de novembro de 1841, tem de fundar a Sociedade de Música
desta Corte, terá por fim não só instruir na Arte de Música as pessoas de
ambos os sexos, que a ela quiser dedicar-se, mas também formar Artistas,
que possam satisfazer às exigências do Culto, e do Teatro.
Art. 2.º Constará o Conservatório das seguintes Aulas:
1.ª De rudimentos, preparatórios e solfejos.
2.ª De canto para o sexo masculino.
3.ª De rudimentos e canto para o sexo feminino.
4.ª De Instrumentos de corda.
5.ª De Instrumentos de sopro.
6.ª De Harmonia e composição (BRASIL, 1847.p.10).

Em 1851, Dom Pedro II aprova a lei 630, que estabelece o conteúdo de música nas
escolas primárias e secundárias. Após alcançar um notável esplendor durante esse
período colonial, a educação estagnou-se durante o império e, assim, permaneceu no
Brasil até a virada do século XX.

O final do século XIX foi marcado por mudanças nos planos sociais, políticos,
econômicos e culturais, culminando com a Proclamação da República em 1889. No
começo do século surgiram trabalhos importantes como o método criado por Gomes
Júnior, em 1915, que apesar de não ser utilizado hoje, pode ser considerado uma
atividade pioneira, baseada no sistema de movimento e improvisação. Gomes Júnior,
também, foi quem introduziu o canto orfeônico na educação brasileira. O canto
orfeônico ou canto coral livre, tem características próprias que o distinguem do canto
coral erudito. Trata-se de uma prática coletiva onde não se exigem um conhecimento
musical ou treinamento vocal dos participantes, ao contrário do canto coral erudito,
que exige conhecimento musical, habilidade vocal. Durante a década de 20, Anísio
Teixeira propõe reformas no sistema educacional brasileiro e com a chegada da era
Vargas ,tem a oportunidade de colocar o seu projeto em prática, trazendo grandes
mudanças na educação que ajudariam a música alcançar, novamente, um tempo de
notável esplendor, como o ocorrido no período colonial. Com o decreto 19.890,
assinado pelo presidente Getúlio Vargas, em 18 de abril de 1931, o canto orfeônico
tornou-se disciplina obrigatória nos currículos escolares para ser um alfabetizador
musical de grandes massas populares, em contrapartida, ao ensino profissionalizante,
ministrado em conservatório, escolas de músicas especializadas e em instituições de
ensino regular particular. O canto orfeônico serviria, assim, para alcançar grandes
contingentes da população, o que foi possível com sua inserção no sistema público de
educação. Em 1932, o secretário de educação, Anísio Teixeira, convida Heitor
Villa-Lobos para o cargo de diretor da Fundação Superintendência de Educação
Musical e Artística. Foi necessário organizaram um projeto para formarem professores
capazes de ministrarem as primeiras noções de música e o canto orfeônico nas
escolas públicas de todo o Brasil. O SEMA, foi, sobretudo, um grande projeto de
formação desses professores de música. Com a contribuição do maestro Villa-Lobos
o canto orfeônico se converteu no maior movimento de educação musical de massa
ocorrido no Brasil, porém a imagem do movimento acabou ficando profundamente
ligada ao governo de Getúlio Vargas, sobretudo pelo cunho
nacionalista presente no trabalho do maestro Villa-Lobos no canto orfeônico.

Com a saída de Villa-Lobos da direção do Sema, em 1944, e com o fim do estado


novo em 1945, o canto orfeônico acabou desaparecendo, gradativamente, do
currículo escolar. (Loureiro, 2011, pág. 62)
O processo de redemocratização iniciado com a queda do estado novo foi
interrompido pelo regime militar em 1964. A retomada do autoritarismo é justificada
pela necessidade do desenvolvimento econômico do país.

Em 1971, com a promulgação da Lei 5.692, o ensino das artes foi agrupado,
instituindo a polivalência na disciplina educação artística. A polivalência no ensino de
artes refere-se a ideia de que o mesmo professor teria que trabalhar as artes visuais,
teatro, música e dança. No entanto, a formação superior precária dos professores nos
chamados cursos de licenciatura curta, muito comuns na década de 70, aliados a uma
política de caráter tecnicista na educação no período do governo militar, percebemos a
predominância do ensino das artes visuais e o desaparecimento gradual das artes
coletivas como o teatro, a dança e a música do currículo escolar. Embora a música
jamais deixou de ser ouvida por alunos e professores, o abandono da legislação
permitiu o desaparecimento da música cultural e artística nas escolas e a maioria dos
cidadãos brasileiros acabaram se tornando vítimas da manipulação musical, atuando
como meros ouvintes, passivos, sem consciências musicais críticas e sentem-se
incapazes de se expressarem musicalmente.

Tudo começou a mudar com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da


Educação 9.394/1996. O Brasil vinha de uma pedagogia tecnicista e com a
promulgação da nova LDB, baseada no princípio dos direitos universal, a educação
para todos se torna uma pedagogia mais humanista, prometia mais autonomia,
inclusive às unidades escolares, diminuindo a centralização e o poder do MEC,
respeitando, sobretudo, a diversidade cultural e o regionalismo. Em 2008, finalmente,
a promulgação da Lei 11.769, trouxe uma nova perspectiva para o ensino da música
no Brasil. A lei transformou a música em conteúdo obrigatório como um dos
componentes curriculares, porém, é importante se dizer que o objetivo da educação
musical não é o de ensinar músicos, exatamente. O que se espera é dar a esses
estudantes condições para que eles possam perceber o que se passa quando ouvem
músicas para se expressarem através dela. Apesar de todos os esforços para a
inclusão da música nas escolas, o ensino musical não produziu os resultados
esperado em relação à ampliação das possibilidades de aprendizagem escolar e foi
incapaz de estimular aos estudantes a prosseguirem os estudos musicais.
2.1 LEIS, DIRETRIZES E A EDUCAÇÃO MUSICAL NO BRASIL

A música vem desempenhando um papel importante no desenvolvimento do ser


humano. O homem começou a praticar ações sonoras na pré-história quando ouviam
os sons da natureza e os repetiam para se comunicar. A partir desta observação
humana das manifestações naturais do som, os homens pré-históricos descobriram
que poderiam imitá-las e emitir sons.
Assim, começou a comunicação e a criação musical, que evoluiu até tornarem-se as
canções que ouvimos hoje. De lá até agora, muitas informações sobre música, sua
influência no comportamento humano e seus efeitos na educação foram descobertos,
prova disso, é que desde 2008, a música passa a ser uma componente obrigatória no
ensino fundamental pela Lei 11.769/2008, mas a música na educação infantil estava
presente antes disso.

Ao longo do último século as diretrizes da educação mudaram, impulsionando, assim,


o início de muitas pesquisas sobre o desenvolvimento e educação infantil, abordando
diferentes temas e com incontáveis propostas pedagógicas inovadoras, inclusive,
teorias sobre o porquê e como trabalhar música no ensino infantil.

Através do documento normativo para as redes de ensinos públicos e privados, a


Base Nacional Comum Curricular orienta como deve ser o trabalho na educação
básica. Este documento garante a aprendizagem de todas as crianças e adolescentes
brasileiros com o objetivo de ampliar o universo das experiências,
conhecimentos e habilidades. De acordo com a BNCC existem seis direitos de
aprendizagem: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. A
organização curricular da educação está estruturada em cinco campos de
experiências.

Os campos de experiências em que se organiza a BNCC são: O eu, o outro e o nós;


corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e movimentos; escuta, fala,
pensamento e imaginação; e espaços, tempos, quantidades, relações e
transformações (BNCC, 2017).

Dos cinco campos de experiência separados para a educação infantil que abrangem
a BNCC, três deles apresentam objetivos musicais para a educação infantil.

● No campo de experiência corpo, gestos e movimentos possuem dois itens que


pedem atividades com música. O primeiro objetivo é criar com o corpo formas
diversificadas de expressão de sentimentos, sensações e emoções, tanto nas
situações do cotidiano quanto em brincadeiras, dança, teatro e música; e o
segundo é criar movimentos, gestos, olhares e mímicas em brincadeiras,
jogos e atividades artísticas como dança, teatro e música.
● O campo de experiência traços, sons cores e formas é profundamente musical e
tem como objetivos explorar sons produzidos com o próprio corpo e com objetos
do ambiente; criar sons com materiais, objetos e instrumentos musicais, para
acompanhar diversos ritmos de música; utilizar sons produzidos por materiais,
objetos e instrumentos musicais durante brincadeiras de faz de conta,
encenações, criações musicais, festas; e reconhecer as qualidades do som
(intensidade, duração, altura e timbre), utilizando-as em suas produções
sonoras e ao ouvir músicas e sons.

● O último campo de experiência que tem aspectos que citam a música é a fala,
pensamentos e imaginação. Os objetivos são: explorar diferentes fontes
sonoras e materiais para acompanhar brincadeiras cantadas, canções, músicas
e melodias; utilizar diferentes fontes sonoras disponíveis no ambiente
em brincadeiras cantadas, canções, músicas e melodias; inventar brincadeiras
cantadas, poemas e canções, criando rimas, aliterações e ritmos; e identificar,
criar diferentes sons, reconhecer rimas e aliterações em cantigas de roda e
textos poéticos (BNCC, 2017).

A música está como uma das linguagens que estão dentro do componente curricular
de artes.

A BNCC recomenda a articulação de seis dimensões que simultâneas caracterizarão


as singularidades das expressões artísticas. As dimensões são: criação, crítica,
estesia, expressão, fruição e reflexão (BNCC, 2017, p.194-195).

Além da BNCC, documentos oficiais como o Referencial Curricular Nacional para a


Educação Infantil já traziam a música como parte das práticas pedagógicas a serem
realizadas na educação infantil para estimular diversos processos cognitivos para as
crianças.

Deve ser considerado o aspecto da integração do trabalho musical às


outras áreas, já que, por um lado, a música mantém contato estreito e direto
com as demais linguagens expressivas (movimento, expressão cênica, artes
visuais, etc.), e, por outro, torna possível a realização de projetos
integrados. É preciso cuidar, no entanto, para que não se deixe de lado o
exercício das questões especificamente musicais. O trabalho com música
deve considerar, portanto, que ela é um meio de expressão e forma de
conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive aquelas que
apresentem necessidades especiais. A linguagem musical é excelente meio
para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e
autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social
(RCNEI,1998, Vol.03, p.49).

Apesar de muitas dificuldades, a música esteve presente em boa parte da história da


educação. No entanto, em 1971, o governo militar promulgou uma nova lei que
alterou o sistema de ensino (Lei 5692/71), em que a educação musical é enfraquecida
e gradualmente perde a sua identidade como disciplina. A disciplina de música passa
a integrar, com as artes plásticas e o teatro, a disciplina educação artística.

LDB/71 - Lei n.º 5.692 de 11 de agosto de 1971. Art. 7.º Será obrigatória a
inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística
e Programas de Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos de 1.º e
2º graus, observado quanto à primeira o disposto no Decreto-Lei n. 369, de
12 de setembro de 1969 (Brasil, 1971, p.3).

De acordo com Bréscia, A lei 5.692/71 extinguiu a educação musical e a partir daí,
surge a figura do professor polivalente, o qual, durante a graduação, estudaria todas
as linguagens artísticas, com um pouco de música, outro tanto de arte cênica e de
artes plásticas. (Bréscia,2011, pág.74) Com as novas diretrizes, a música passou a
ser considerada uma das diversas formas de expressão artísticas. Na verdade, o
termo integração e polivalência, prejudicou o desenvolvimento das disciplinas da
educação artística, porque os conteúdos específicos de cada área foram diluídos ou
excluídos das escolas.

A carência de professores aptos para atender aos requisitos da disciplina educação


artística foi um problema para as novas diretrizes do ensino. As instituições superiores
foram responsáveis por formar, habilitar e capacitar esses profissionais. Em 1973, foi
criado o curso de licenciatura (curta duração) em educação artística e de licenciatura
(longa duração) em educação musical e artes plásticas.(PENNA, 1995, p. 13).

Para Penna (1995) a criação do curso de licenciatura curta não conseguiu implantar
nas escolas as propostas previstas na lei, pois, mesmo que a intenção fosse colocar a
arte em função da educação global do indivíduo, as práticas pedagógicas
relacionadas à educação artística privilegiavam as artes plásticas. Os professores
polivalentes tiveram dificuldades em atuar nas três áreas da disciplina educação
artística e em decorrência disso, o ensino de música passa a ser praticado de forma
recreativa e lúdica e dar início a um enfraquecimento às questões e aos objetivos
propriamente musicais. Os professores que ministravam aulas de música nas escolas
públicas, anterior as mudanças no sistema de educação, tiveram que se adaptar ao
novo sistema e foram obrigados a dar aulas nas outras áreas da educação artísticas.
Para Loureiro, apesar das dificuldades enfrentadas pelos professores de música nas
escolas fundamentais, os conservatórios conseguiram manter relativa autonomia
interna em seus cursos e preservar em seu ensino de caráter
técnico-profissionalizante os conteúdos de linguagem específicos à área de música.
Dessa forma o conservatório segue seu modelo de escola para elite, ou seja, seu
acesso é restrito e privilegia o ensino tradicional com a adoção de conteúdos
fragmentados, fixos, isolados e descontextualizados, cuja função social básica
segundo Penna (1995, p.14), está em formar tecnicamente, pelo e para o padrão da
música erudita, os profissionais para um entretenimento de elite, em outras palavras,
os músicos para as salas de concerto. Ou, ainda, cumprem a função de enriquecer,
através da prática musical, a formação pessoal daqueles que têm, socialmente, a
possibilidade de acesso a essa forma artística. (apud Loureiro,2011, p.73).
Os conservatórios continuaram com suas metodologias tradicionais, dando ênfase a
exercícios que estimulam o ensino das técnicas, baseadas em repetições cuja função
única era despertar um virtuosismo de alguns poucos alunos considerados talentosos.
Os conservatórios mantiveram seu perfil privilegiando o acesso e a formação
daqueles que, socialmente, possuem familiaridade com o universo artístico-musical.
Isso fica claro nos critérios de admissão de alunos que, até hoje,
exige dos mesmos testes de habilidade específica na área de música para o ingresso
nos cursos de formação musical e graduação. Se, de um lado, dificuldades eram
encontradas no ensino de música nas escolas de primeiro grau, de outro, os
conservatórios e escolas especializadas conseguiam, apesar das críticas, manter
seu perfil e funcionamento. Com o fim do regime militar, em 1985, e com o começo do
processo de redemocratização da sociedade brasileira, inicia-se um novo processo de
mudança da educação no país. Em 1988 é promulgada a constituição que determina
os direitos e os deveres dos entes políticos e dos cidadãos do nosso país. Foi escrita
durante o processo de redemocratização do Brasil após o fim do
Regime Militar, sendo conhecida, por isso, como Constituição Cidadã. Foi resultado
de um amplo debate que se estendeu durante mais de um ano e simbolizou o início da
Nova República. Nela a educação passou a ser direito de todos e dever do Estado e
da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. Em 1996, após oito anos de tramitação, é publicada uma
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei 9.394/96.

O ex-presidente Lula sancionou no dia 18 de agosto de 2008, a Lei n.º 11.769, que
estabelece a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas de educação básica. A
aprovação da Lei foi sem dúvida uma grande conquista para a área de educação
musical no País. Todavia, há também grandes desafios que precisam ser enfrentados
para que possamos, de fato, ter propostas consistentes de ensino de música nas
escolas de educação básica. A obrigatoriedade de incluir o ensino de música na
grade curricular das escolas ocorreu por meio da lei número 11.769, que altera a Lei
de Diretrizes e Bases Orçamentárias (LDB) em agosto de 2008.

De acordo com Loureiro, (2007, p.77) “a menção à música como componente


curricular não garante mudanças na situação das aulas nas escolas, envolve desde
políticas públicas, até um melhor entendimento do papel da música na formação da
criança e do jovem”.

Segundo o artigo, a lei que torna o ensino de música obrigatório na rede pública,
publicado em outubro de 2018, a lei já havia completado dez anos, mas não havia
sido implementada. De acordo com especialistas ouvidos pelo G1, a maioria das
escolas que oferecem alguma atividade na área contam com a iniciativa isolada de
professores ou coordenadores: não há políticas públicas nacionais que garantam a
implementação da lei. Um dos entraves é a formação. Segundo censo da educação
superior de 2016, o país tinha 128 cursos específicos para formação de professores
em música com 8.384 vagas. Em 2016, 2.246 concluíram. (Farjado, Lei que torna o
ensino de música obrigatório na rede pública, 10/2018).

3.1 A música na educação infantil


A música na educação infantil brasileira vem sendo usada para atender a propósitos
como suporte para a aquisição de conhecimentos gerais, hábitos, atitudes, disciplina,
condicionamento de rotina, comemoração de datas, etc. Ela é usada nos horários de
entrada, recreio, refeições, saída ou, ainda, em demonstrações e eventos festivos. Os
cânticos são ótimos para atingir os objetivos considerados adequados a instrução e a
formação infantil, porém as repetições diárias os tornam mecanizados e
automatizados, deixando de ser expressivos para a criança.

Para Teca Alencar de Brito, a abordagem e o modo de atuação na área de música,


sob a influência de novas pesquisas e teorias pedagógicas, avançam lentamente. É
comum observar uma defasagem entre o trabalho realizado na área da música e
aquela realizadas nas demais áreas do conhecimento (Brito, 2003, pág.51).

Felizmente, já não deparamos corriqueiramente com os desenhos prontos


que eram oferecidos às crianças para serem coloridos- conforme sugestões
do professor ou professora! -, e estão cada vez mais distantes os dias em
que se copiavam letras e números, muitas e muitas vezes, de modo
mecânico e desprovido de significados. Mas continuamos apenas cantando
canções que já vem prontas, tocando instrumentos únicos e exclusivamente
de acordo com as indicações prévias do professor (Brito,2003, pág. 52).

Os resultados refletidos na área da música são causados pela falta de profissionais


especializados com pouca ou nenhuma formação musical dos educadores
responsáveis pela educação. Além disso, o caráter de espetáculos que é associado
ao trabalho musical, que dedica a maior parte dos tempos com ensaios para
apresentações em comemorações diversas muitas vezes excluem os alunos que não
demonstram aptidões e virtuosismo na área de música. Porém, a música deve ter
como premissa a função de promover o ser humano. Sendo assim, todos devem ter a
oportunidade de participar das apresentações, mesmos os que não conseguem afinar
a sua voz ou manter os ritmos fluentes e regulares dos instrumentos, pois apenas com
a prática, orientação, respeito, estímulos e oportunidades, considerando todo o
processo do trabalho, e não apenas os resultados, os alunos que não tem aptidões
para a atividade musical poderão desenvolver e aperfeiçoar-se na área de música.

Convém ressaltar que usufruir da música não é uma questão de talento,


para as pessoas em geral, e para a criança ou o jovem, menos ainda. O ser
humano que se desenvolve, criança ou adolescente, é essencialmente um
músico, pois ser músico é, no fundo, estar sensível aos sons, é se deixar
tocar e envolver pela música (Bréscia, 2011, pág.14).

Muitos pedagogos não têm segurança em trabalhar a musicalização nas escolas


porque não sabem cantar ou tocar um instrumento e julgam que as atividades
musicais se restringem ao cantar ou tocar, mas a atividade de música vai além disso.
Ela tem que ter uma finalidade com planejamentos, suportes e objetivos definidos que
contribuirão para o desenvolvimento sócio afetivo, cognitivo, da linguagem e motor do
aluno. A BNCC propõe algumas práticas que podem ser trabalhadas com as crianças
por pedagogos, mas que tenham, pelo menos, algumas orientações básicas musicais.

Alguns músicos licenciados criticam a prática da musicalização por professores leigos,


pois eles julgam que as aulas de musicalização devem ser exclusivamente ensinadas
por profissionais especializados. Por isso, se a escola não tiver o profissional para
assumir essa área da aprendizagem, os alunos não têm acesso a estas atividades ou
acabam tendo apenas uma forma de recreação musical sem aplicabilidade e objetivos.

O professor pode e deve cantar com seus alunos, porém se não souber cantar ou for
desafinado, isso não pode servir de empecilho para as atividades de música na sala
de aula, pois existem muitas outras atividades que o educador pode fazer com a
musicalização; o mesmo acontece pelo fato do professor tocar ou não um instrumento
musical. Caso o professor toque, isto pode auxiliar nos seus desempenhos, mas se
não toca, isto não pode servir de impedimento para a realização da aula, porque na
educação infantil o objetivo não é fazer as crianças
tocarem, mas sim fazer com que os alunos explorem os diversos sons ao seu redor. A
maioria dos professores não trabalha a musicalização nas escolas porque não
receberam esse conhecimento em sua formação. Na verdade, as faculdades de
pedagogia ainda não estão preparadas para capacitarem os seus alunos para
exercerem a tarefa de musicalizar, no entanto, a BNCC que é o mapa que orienta todo
o processo educacional brasileiro, apresenta formas de trabalhos musicais para as
crianças e adolescentes.

Na BNCC, encontraremos vários objetivos de desenvolvimento e aprendizagens


relacionados a música em diferentes fases do desenvolvimento. O fato de o
pedagogo não ter formação musical não significa que não possa usar as ferramentas
de musicalização no desenvolvimento dos seus alunos.
Infelizmente, a quantidade de professores licenciados em música não supre a
necessidade atual das escolas para a inclusão da educação musical. Seria muito bom
se todas as escolas tivessem, pelo menos, um professor especialista em música, mas
não é a realidade da maioria das escolas.

É tempo de semear e, não de colher. Portanto, é hora de arar e preparar o


terreno. Como última consideração, é preciso dizer que, caso se acredite
no valor da música e da educação musical para o ser humano, e caso se
compreenda que os costumeiros mecanismos de que se dispõe para a ação
educativa não consegue atender as necessidades atuais, será possível
compartilhar da convicção de que as operações em rede são a única
maneira disponível de responder às circunstâncias e atender às demandas
da atualidade" (Fonterrada, 2008, p.349).

Para Fonterrada (2008), a solução para o problema da dificuldade para estabelecer a


educação musical nas escolas seria a capacitação dos leigos para exercer a função
de “animador musical” dentro da escola. Cabendo aos músicos assumirem a tarefa de
liderar este movimento e orientar os pedagogos para isto. Há muitas coisas, em
música, que o não músico pode fazer.

Recreação x musicalização

O professor Pedro é um músico que domina o seu instrumento e dá aula de música


uma vez por semana na escola X, normalmente leva o seu instrumento musical e
passa toda a aula cantando e tocando com os alunos, ele adora tocar e cantar. Ele
também participa das datas especiais da escola, os pais dos alunos o chamam de
festeiro da escola.

A professora Maria, também é professora de música, especialista, licenciada em


música. Ela se preocupa com as fases do desenvolvimento infantil e ela desenvolve
os seus planejamentos com objetivos musicais claros a serem alcançados. Ela toca e
canta com seus alunos, mas também, ela incentiva a criar, compor, ouvir, apreciar,
perceber, explorar, diferenciar e manipular todos os sons a sua volta.

A professora Letícia é uma pedagoga muito animada, adora música e utiliza muitas
músicas na sala de aula. Canta muitas músicas, que encontra na ‘internet’, com seus
alunos. Usa as músicas para a fila na hora da entrada e saída, para guardarem os
brinquedos, lavarem as mãos, lancharem, etc.

O professor João também é pedagogo, porém em suas aulas, além dos cânticos, ele
trabalha com atividades rítmicas, histórias sonorizadas e percepção auditiva. Ele
pensa no desenvolvimento de esquemas corporais de seus alunos, sabe utilizar e
trabalhar com as qualidades do som, tem objetivos claros e consegue planejar para
que as crianças atinjam esses objetivos e as habilidades musicais específicas.

Dois professores de música e dois pedagogos, ambos podem estar fazendo coisas
certas ou erradas. Tudo vai depender dos objetivos e metodologia utilizadas. O
professor pode estar focado na recreação, que tem como objetivos divertir e entreter o
aluno ou na musicalização que tem como foco, o aluno, com objetivos claros para o
seu real desenvolvimento musical.

De acordo com a BNCC:

“A música é a expressão artística que se materializa por meio dos sons, que
ganham forma, sentido e significado no âmbito tanto da sensibilidade
subjetiva quanto das interações sociais, como resultado de saberes e
valores diversos estabelecidos no domínio de cada cultura. A ampliação e a
produção dos conhecimentos musicais passam pela percepção,
experimentação, reprodução, manipulação e criação de materiais sonoros
diversos, dos mais próximos aos mais distantes da cultura musical dos
alunos. Esse processo lhes possibilita vivenciar a música inter-relacionada à
diversidade e desenvolver saberes musicais fundamentais para sua
inserção e participação crítica e ativa na sociedade” (BNCC, 2017, p.196).

“A música estimula áreas do cérebro não desenvolvidas por outras linguagens, como
a escrita e a oral. É como se tornássemos o nosso 'hardware' mais poderoso”, explica
a pedagoga Maria Lúcia Cruz Suzigan, especialista no ensino de música para
crianças. Essas áreas se interligam e se influenciam. Sem música, a chance é
desperdiçada. Segundo Suzigan, quanto mais cedo a escola começar o trabalho,
melhor. “Essa linguagem, embora antes fosse mais comum, faz parte da cultura das
crianças por causa das canções de ninar e das brincadeiras” (GIRARDI,2004).
Os gregos foram os primeiros a dominar o que se convencionou chamar de
¨consciência científica¨ os primeiros a se valer da música sem implicações mágicas
(Sekeff,2007, p.99). A educação por meio da arte está presente desde a antiguidade.
A Música fazia parte do que era ensinado às crianças e aos jovens. Os gregos deram
importantes contribuições nesse sentido. A educação musical estava presente entre
os conjuntos de matérias essenciais de um currículo composto de ginástica, gramática
e música. Segundo Bréscia, esse modelo de educação tripartida foi utilizado ao longo
dos séculos nas sociedades civilizadas, originando os desdobramentos que
conduziram ao currículo atual (Bréscia, 2011, pág. 69).

A música é uma linguagem universal. Ela não precisa de tradução e cruza as barreiras
do tempo e espaço, das nacionalidades, etnias e idiomas (Bréscia, 2011, pág.21).
Pedagogos, psicólogos, filósofos, musicólogos e pensadores de diversas áreas do
conhecimento discutem e escrevem sobre a importância da música para a
humanidade. Para Platão (filósofo grego, 427-347 a.C.):

A música não foi concedida aos homens pelos deuses imortais com o único
fim de lhes deleitar agradavelmente os sentidos, mas sim, sobretudo, para
acalmar as perturbações das suas almas e os movimentos tumultuosos que
necessariamente, experimenta um corpo, como nosso, cheio de
imperfeições. (apud Brescia, pág.21)

Segundo Aristóteles (filósofo grego, 384-332 a.C.), “a música tem tanta relação com a
formação do caráter, que é necessário ensiná-las às crianças” (apud Brescia, 2011,
pág.21).

De acordo com Shakespeare (dramaturgo e poeta inglês, 1723-1799): “O homem que


não possui música no seu próprio ser é capaz de intriga, de vandalismo e de traição.
Não confies nesse homem” (apud Brescia, 2011, pág.21)

Para Beethoven (1770-1827): “A música é a manifestação mais convincente do que


toda sabedoria e filosofia” (apud Brescia, 2011, pág.22)

Na Grécia Antiga, por exemplo, a música estava presente nos funerais, combates,
jogos esportivos, teatro, banquetes, etc., fazia parte do cotidiano em várias
manifestações coletivas, tanto nas festas religiosas como profanas. Pitágoras de
Samos, um dos filósofos dessa época, ensinava como determinados acordes musicais
e certas melodias criavam reações definidas no organismo humano. “Pitágoras
demonstrou que a sequência correta de sons, se tocada musicalmente num
instrumento, pode mudar os padrões de comportamento e acelerar o processo de
cura” (2011, apud Bréscia, p. 25).
A música consegue influenciar o homem, pois seus elementos constitutivos, som,
ruído, silêncio, melodia, ritmo, harmonia e sua sintaxe de semântica singular induzem
correspondentes movimentos biológicos, fisiológicos e mentais. O universo musical
impressiona o homem, desde a sua fase intrauterina. Os ritmos da batida do coração,
os ruídos do organismo e o pulso carregam o poder de impressionar, de burlar
mecanismo de defesa e favorecer uma aproximação do indivíduo consigo mesmo, o
que traduz em estímulos biológicos, fisiológicos, em reações sensoriais, hormonais,
psicológicas, etc. De acordo com o desenvolvimento do feto, ele percebe a
importância desse mundo de sons e ruídos, em especial dos batimentos do coração e
o som da voz da mãe, percebidos como afeto, carinho, sensação de prazer, conforto,
segurança, etc.

Segundo Benezon, o feto não reage apenas aos movimentos


rítmico-sonoros desse seu paraíso uterino. Ele reage também a alguns sons
do mundo exterior que por sua intensidade chegariam de alguma forma até
ele, ainda que abrandados pelo trajeto percorrido (2007, apud Sekeff, p.71).

Nas palavras de Brito, os bebês e as crianças se relacionam permanentemente com o


ambiente musical, já que ouvir, cantar e dançar são atividades presentes na vida de
quase todos os seres humanos. O processo de musicalização dos bebês e das
crianças começam de forma intuitiva, através do contato com a música. Nesse
sentido, os sons espontâneos criados pelos pais para fazer os nenéns pararem de
chorar, as cantigas de ninar, o som ambiente para acalmar e o jogo musical tem
grande importância, pois através dele os bebês desenvolvem um repertório que
permitirá momentos de troca e comunicação sonoro-musicais que favorecem o
desenvolvimento afetivo e cognitivo (Brito, 2003.p35).

Gonzalo Brenes (1954), a música é uma combinação de sons, ruídos, ritmos, timbre,
intensidade, densidade, etc. podemos considerá-la como um jogo de combinações
destes elementos. Ela está relacionada a sensibilidade, a imaginação, ao jogo de
regra. Podemos relacioná-la às atividades lúdicas da infância propostas por Piaget
nas seguintes dimensões:

● Fase do ritmo (à sensório-motora de Piaget)


● Fase da melodia (pré-operacional)
● Fase da harmonia (operacional concreta); e
● Fase da forma (operacional-formal).
Na primeira etapa a criança percebe e reage ao ritmo musical por meio da escuta e
dos movimentos, à medida que seu organismo se desenvolve, ele coordena os seus
movimentos com a dança. A segunda fase a criança caracteriza o estágio em que a
criança já se mostra sensível à beleza da linha melodia. A criança começa a emitir as
notas de um instrumento dentro do ritmo correto, porém com uma melodia ainda
diferente da música que elas desejam, porém, conforme o tempo passa, a percepção
melhora e elas conseguem executar as melodias afinadas. Na terceira fase a criança
se interessa pelos efeitos gerados pela harmonia, combinação dos sons simultâneos.
Na última fase, da forma, quando então a percepção se amplia ainda mais,
possibilitando a recepção de estruturas e formas musicais elementares (2007, apud
Sekeff,132). Falar de música na educação é mais uma vez refletir sobre o
desenvolvimento da inteligência, filosoficamente considerada fonte de toda a
intelectualidade. Para Gardner (1994) existem sete categorias de inteligência: lógico
matemático, linguística, cinestésico-corporal, musical, espacial, interpessoal,
naturalista.

Os estudos na área educacional promoveram a formulação de várias novas teorias,


sendo preciso identificar, entre elas, uma possibilidade que garante um processo de
ensino e aprendizagem eficaz. Entre essas teorias encontra-se a teoria das
inteligências múltiplas, proposta por Howard Gardner em Howard. Essa teoria
considera que o ser humano é pluralista, ou seja, dotado de várias capacidades,
chamadas de ¨ inteligências múltiplas ¨, que podem ser desenvolvidas de acordo com
a necessidade e a deficiência de cada um, a qualquer momento, a partir de estímulos,
durante o processo de ensino e aprendizagem. Para Gardner, inteligência é a
capacidade de resolver problemas novou ou de criar produtos que sejam valorizados
dentro de um ou mais cenários culturais. A prática da música desenvolve a chamada
inteligência musical e esta, no que lhe concerne, colabora no
desenvolvimento de todo o sistema cognitivo (2007, apud Sekeff, p.140).

Em uma pesquisa realizada pela autora Vera Lúcia Pessagno Bréscia no projeto Guri
sobre os aspectos que se destacam como mudanças ocorridas graças à música
foram:

● Formação do caráter e desenvolvimento do senso ético de responsabilidade; ●


Desenvolvimento da sociabilidade;
● Desenvolvimento da criatividade, da descoberta, da capacidade inventiva
●Desenvolvimento da cordialidade, amizade, cooperação trabalho em equipe;
●Desenvolvimento do senso de humor, satisfação pessoal e alegria de viver;
●fortalecimento do senso de autoestima, de valorização de si mesmo.

(Bréscia, 2007, p.130)

Todos esses dados corroboram a necessidade da música nas escolas, quando então
o educador deve abrir espaço para repertórios tradicionais, contemporâneos,
populares e o não europeu, para além da lógica e dos pensamentos rotineiros,
dominando procedimentos libertadores e otimizando funções cognitivas e criativas. A
vivência musical que se pretende na educação não diz respeito apenas ao exercício
de obras caracterizadamente belas, assinaladamente bem feitas, mas de todas que
motivam o indivíduo a romper pensamentos prefixados, induzindo-o à projeção de
sentimentos, auxiliando-o no desenvolvimento e no equilíbrio de sua vida afetiva,
intelectual, social, contribuindo enfim para a sua condição de ser pensante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ainda falta muito diálogo, questionamentos, reflexões e soluções nesta área de


estudo, mas queremos estabelecer e buscar um consenso com a comunidade
escolar, músicos, autoridades e a sociedade sobre a importância da música como um
instrumento de apoio no processo de ensino-aprendizagem e conscientizá-los das
reais possibilidades e do alcance da música na educação. É necessário que as
universidades apoiem essa causa incluindo a educação musical nas grades
curriculares dos cursos de formação dos professores e fomentem curso de extensão e
educação continuada na área de música para incentivá-los a levar seus alunos a
uma experiência musical mais rica e plena, provocando mudanças de atitude, hábitos,
comportamentos e mentalidades.

A música na escola não pode ser simplesmente ornamental para animar as


festas, mas deve ser compreendida e praticada à luz da vivência das dimensões
estéticas, sonoras, visuais, e gestuais, com o propósito de desenvolver a consciência
crítica dos valores humanos e encontrar meios de levar os alunos a atuarem como
cidadãos.

A educação, de modo geral, e a artística, particularmente, devem considerar as


fantasias, os sentimentos e os valores, como também as habilidades cognitivas, a
pesquisa, a descoberta, a criação, a reflexão, levando o aluno a absorver, pensar, para
depois fazer e comunicar, através dos objetivos que se pretende atingir.

Procura-se, assim, com esse trabalho sensibilizar educadores para a


necessidade dessa linguagem no processo da educação formal e informal do
educando e em particular para a necessidade da música nas escolas, seja como
atividade lúdica, exercício do fazer, ou tão-somente como escuta, uma vez que ela
constitui uma interface da própria educação.

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