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Universidade de Évora

Escola de Ciências Sociais


Departamento de Linguística e Literaturas
Línguas e Literaturas: Literatura e Artes

Nome: João Pedro Schwingel Carada


Número: 42295

Estudos de Literatura Comparada I

Análise pessoal do excerto das pp. 124-125 de Jacques le fatalista et


son mâitre

Docente: Profª. Doutora Odete Jubilado

Évora, 12 de Novembro de 2019

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Sobre a história da estalajadeira em Jacques le fatalist et son maître

A Madame de La Pommeraye é uma história ou “pequeno” romance


– apesar da disposição mais claramente romanesca contra as outras
histórias que se passam durante o livro, Diderot continuamente resgata
a oralidade da situação, com as interrupoções que se faz a estalajadeira
– dentro da obra Jacques le fatalist et son maître. A história não é narrada
pelos personagens principais e sim pela estalajdeira – que hospeda
Jacques e seu amo no sexto dia de viagem.
O primeiro fato que chama atenção é, apesar das constantes
interrupções – sempre que alguma coisa acontece na estalagem, tira-se
a dúvida com a estalajadeira – a história é contada linearmente e as
pequenas intervenções de Jacques e seu amo demonstram o seu
interesse e atenção. Vê-se a estalajadeira, mesmo que
momentâneamente, protagonizando a história, uma vez que, além da
atenção recebida pelos personagens principais, tudo que se passa na
estalagem durante o conto gira em torno dela. Demonstra-se uma mulher
numa posição de relativo poder dentro do romance, além de, como
comenta Jacques, contar histórias muito bem para uma estalajadeira –
referência a Saint-Cyr, local onde, descobre-se depois, a moça
frequentara quando jovem. São discursos que não se encaixam nos
padrões (e classes sociais, neste caso) da época – também há muitos
outros durante o texto – e, provavelmente, causaram estranheza aos
leitores (como destaca Diderot nos seus diálogos personagens-leitor-
escritor). A história de Madame de La Pommeraye começa a ser contada
e, logo, Jacques faz uma breve interruppção: “Il avait raison”. A
estalajadeira acha que a interrupção se dirige a ela, quando, na verdade,
ele a corrige: “Madame l’hôtesse du Grand-Cerf, je ne vous parle pas”,
demonstrando que o seu diálogo é, na verdade com o próprio personagem
da história. Esta ação remete as constantes intervenções que o próprio
Diderot faz enquanto desenvolve a história de Jacques e seu amo,
enfatizando que elas são propositais e devem causar desconforto ao leitor.

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A estalajadeira começa a história descrevendo, de forma breve as
duas personagens. Um homem tentando conquistar o coração de uma
viúva rica que foi infeliz em seu último casamento. Não se pode esquecer
que a história demonstra um ponto de vista feminio e, inicialmente,
poderia-se considerar, a paritr das relações de poder da instituição
casamento no século XVIII, um interesse financeiro do marquês no
casamento com Madame de La Pommeraye. Apesar disso (e após grande
resistência de Pommeraye), ao decorrer de mais algumas linhas percebe-
se que, aparentemente, o marquês faria o matrimônio porque realmente
gostava da madame. Entretanto, antecipado pelo comentário da
estalajadeira: “Tenez, monsieur, il n’y a que les femme qui sachent aimer,
les homme n’y entendent rien” (retificando o ponto de vista feminino), o
casamento não durou muito. Ao passo que a mulher consentia com tudo
dentro do matrimónio, o marquês começa a sentir monotomia – aqui
também pode-se observar a subordinação do marido a mulher: ele
sempre pedia permissão a ela (uma ponte com o que, talvez, tenha
acontecido entre o casal dono da estalagem). Madame de La Pommeraye
começa a perceber a distância do marido e a acreditar que ele já não a
amava mais. Assim, ela faz um plano, seguido com sucesso, para revelar
este fato. Os seus movimentos calculado, desde o início da história,
demonstram uma mulher inteligente e racional. Durante a discussão dos
personagens, Jacques faz novamente um comentário (“Personne”) a
pergunta que o marques faz (“Qui sait ec qui peut arriver?”), de modo a
relembrar o leitor que aquela é apenas uma história dentro da história do
romance – e que, de certa forma, não deveria ser o principal, apesar de
ser a única das histórias que ocorre linearmente, com um início, meio e
fim. A primeira parte da história termina com a estalajadeira sendo
interrompida novamente e Jacques contando uma nova pequena história.
O amo acaba adormecendo e eles deixam o final a história para o dia
seguinte.

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