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Universidade de Aveiro Departamento de Comunicação e Arte

Programa Doutoral em Música da Universidade de Aveiro

2016/2017

Disciplina: Seminário Temático – Etnomusicologia I

ABET – Associação brasileira de etnomusicologia: criação,


disseminação e relevância para a etnomusicologia do Brasil.

Professora: Susana Sardo


Aluno: Ítalo Robert
ÍNDICE

Índice de quadros............................................................................................................ 3

Introdução ....................................................................................................................... 4

Um resumo da Etnomusicologia no Brasil ................................................................... 5

À ABET ........................................................................................................................... 7

Contribuições e perspectivas ....................................................................................... 10

Considerações finais ..................................................................................................... 13

Referências bibliográficas ............................................................................................ 14


Entrevista ............................................................................................................................... 15

ANEXOS........................................................................................................................ 16
Anexo A .................................................................................................................................. 16
Anexo B .................................................................................................................................. 17
Anexo C ................................................................................................................................. 18
Índice de quadros

Quadro analítico 1: Encontros da ABET ..................................................................... 9


Quadro analítico 2: Periódico eletrônico – Revista Música e Cultura .................... 12
Introdução

O objetivo desse ensaio é apresentar um breve panorama sobre a Associação Brasileira


de Etnomusicologia (ABET). A considerar que, o mapeamento feito mostra a
importância do papel da associação para a consolidação do campo da etnomusicologia
no Brasil.
O trabalho foi concebido a partir da ótica de que com o surgimento da ABET, o campo
etnomusicológico se expandiu em linhas de sua institucionalização, etnomusicólogos,
pesquisadores interessados na área, trabalhos científicos e conexões disciplinares. A
discursão sobre a necessidade de se potencializar ainda mais a inserção da
etnomusicologia nas instituições de ensino superior, sempre foi visível na ABET, sendo
aos poucos e no passar do tempo, inseridos outros engajamentos que tornaram o seu
crescimento homogêneo.
Inicialmente foi tomado como base a contextualização da etnomusicologia no Brasil
para se saber de que forma surgiu a associação. A referenciar apenas os personagens
que marcaram o surgimento institucional e como concretizou a disciplina no Brasil. Em
segundo plano, buscaremos expor elementos norteadores sobre a temática do trabalho,
como os arquivos disponíveis pela ABET e arquivos de colaboradores, além de artigos
que citam a associação e, uma entrevista realizada por mim ao etnógrafo José Alberto
Salgado que faz parte da associação desde a sua fundação.
A partir da realização dessa pesquisa podemos compreender em parte as dimensões em
que a etnomusicologia tem se desenvolvido no Brasil, suas impressões e expressões
durante os últimos 16 anos desde a fundação da ABET. Pois, congregaram em torno
dela, diferentes gerações, saberes e práticas que impulsionam o desenvolvimento da
área.
Um resumo da Etnomusicologia no Brasil

Já se vão décadas das primeiras pesquisas etnomusicológicas no Brasil, sendo ainda


mais recente a inserção da etnomusicologia como área principal na academia. Só a
partir dos anos de 1980, que começa a se construir um “perfil” institucional da
etnomusicologia, em que diferente do outros cenários que surgiram antes, ela começou
de forma imediata a construir seu próprio caminho.
O crescimento da etnomusicologia no Brasil foi substancial e pode ser visto em várias
etapas e com diversas orientações na sua aproximação a outras áreas de pesquisa. Porém,
o que apresento aqui são apenas dois momentos que afirmaram a consolidação da
etnomusicologia no Brasil: a chegada de etnomusicólogos brasileiros que se
aperfeiçoaram no exterior e a criação de programas de pós-graduação. Visto que os
mesmos também se conectam com um marco por sua vez histórico na criação da ABET.
O primeiro brasileiro a chegar no país com um doutorado em etnomusicologia foi o
Manuel Veiga em 1981 (vindo dos EUA). Depois dele vieram o José Jorge de Carvalho
e a Rita Laura Segato, que em 1984 defenderam seus trabalhos de doutorado. A surgir
ainda nesse ciclo inicial, o Marcos Branda Lacerda (1988), o Tiago Oliveira Pinto
(1989) e com pesquisa etnomusicológica envolvendo o Brasil a Angela Lühning em
1989, que passou a lecionar em universidades brasileiras a partir do ano seguinte.
Com o passar dos anos, outros importantes pesquisadores foram emergindo em diversos
locais do país após a sua formação em etnomusicologia. Porém, destaco duas figuras
expoentes da etnomusicologia no Brasil que contribuíram de forma significativa durante
esse período para o inicio de uma etnomusicologia brasileira. O Rafael Meneses Bastos
e a Elisabeth Travassos1.
Basicamente essa etapa se encaixa até os anos de 1990, a fazer com que ela mesma se
engaje para uma segunda etapa, na criação dos cursos de pós graduação em música, em
especial, de etnomusicologia. Ao afirmarmos que as atividades etnomusicológicas
brasileiras só tomaram vulto na década de 1990, Pinto (2008) afirma que isso só
aconteceu “...quando universidades incluíram a etnomusicologia nos currículos dos
departamentos de música e de antropologia, inaugurando os primeiros programas
brasileiros de pós-graduação na área...”. O que se viu então, foram esses pesquisadores
da primeira etapa fazerem escola no país, através da formação de novos pesquisadores
da área.
1
Bastos desenvolveu o que se denomina a etnomusicologia da música indígena no Brasil. Já Travassos,
contribuiu como etnomusicóloga na documentação do folclore brasileiro (Sandroni, 2008).
Travassos (2003) diz que tendo em vista a institucionalização e, consequentemente, uma
legitimação da disciplina no ambiente universitário “...houve um crescimento
importante da etnomusicologia...”. Esse facto é associado também ao seu diálogo com
outras áreas de pesquisa que a cerca.
Junto a esses programas de pós graduação, foram sendo criados núcleos de pesquisas
que passaram a ser chamados de laboratórios no estudo da etnomusicologia no país, a
auxiliar também o desenvolvimento de pesquisas e ações. Como afirmou Bastos (2004):

“Os estudos sobre a música no Brasil - agora enfocando aqueles


feitos de dentro da etnomusicologia - revelam conquistas sólidas e
horizontes promissores. [...] Na direção dessa consolidação, a
disciplina conta com núcleos de pesquisa e ensino robustos no Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília,
Bahia, Pernambuco e Paraíba. Fora do Brasil, os estudos
etnomusicológicos sobre a música no País encontram centros
importantes de cultivo principalmente nos Estados Unidos, França e
Grã-Bretanha.”

Por fim, no fechamento desse breve resumo e já dando abertura para o nosso tema
principal, vemos que a tendência de crescimento acentuado se encaixa em uma segunda
etapa, na qual, acreditamos ainda está em desenvolvimento. Segundo Sandroni (2008,
p.75):
“Temos então uma segunda etapa de expansão do campo, indicada
pelos seguintes fatores: formação de novos doutores
predominantemente no país; criação da Abet em 2001 e realização de
três encontros nacionais até 2006; criação em 2006 de um periódico
científico consagrado à área; crescimento de 250% entre 2000 e 2006
de grupos de pesquisa cadastrados no CNPq em que a
etnomusicologia desempenha papel relevante.”

Esta tendência de expansão nessa segunda etapa é vista com clareza no passar dos quase
dez anos que foi citada. Bem como, se tornou a fase mais enfatizada na maioria dos
etnomusicólogos, tendo em conta a relevância para os diferentes quadros de atuação no
campo.
À ABET

Com o objetivo da promoção da etnomusicologia no Brasil a congregar


etnomusicólogos, pesquisadores, profissionais de áreas afins, instituições e associações
ligadas a etnomusicologia, criou-se a Associação Brasileira de Etnomusicologia
(ABET), uma sociedade civil sem fins lucrativos2. Segundo a sua Ata de fundação, ela
foi criada sobre o seguinte contexto3:

“No dia dez de julho do ano de dois mil e um, no âmbito do 36°
Congresso do International Council for Traditional Music reuniram-
se, sob a convocação de Samuel Araújo e Carlos Sandroni, no salão
Pedro Calmon do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, os abaixo-
assinados, com o fito de discutir formas de organização para a
etnomusicologia no Brasil. Foi designado para secretariar a reunião
Hugo Leonardo Ribeiro. Dado início aos trabalhos, as pessoas se
apresentaram, indicando suas áreas de atuação e interesse. A seguir
Manuel Veiga fez o relato do histórico das tentativas anteriores de
organização dos estudiosos da área. Após discutirem o assunto, os
presentes decidiram pela criação de uma Associação Brasileira de
Etnomusicologia (ABET), discutindo sua caracterização, finalidades e
modalidades de associação.”

A história da ABET começa então na cidade do Rio de Janeiro no encontro citado


acima, porém um fato curioso é que, encontros incentivados pelo Manuel Veiga
(professor da UFBA) também citado na ata, marcam tentativas de formalizar esta
associação na cidade de Salvador na Universidade Federal da Bahia por volta dos anos
de 1980. Para entendermos isso, vejamos o que Manuel Veiga em entrevista a Ribeiro
(2006) disse em relação a sua preocupação em fazer uma sequência de encontros de
etnomusicologia, com o máximo de etnomusicólogos brasileiros que conhecesse na
época:
“No início desses Encontros, que foram uma sequência, a ideia era de
cuidar do aspecto associativo dos músicos. Isso não existia. […] Logo.
Provavelmente em 1981 já deve ter havido um. Deixe eu ver...
Jornadas de Etnomusicologia da UFBA, foram cinco.”

2
Descrição da própria ABET, retirada em recortes do seu site – abetmusica.org.br
3
Documento cedido pelo prof. Hugo Leonardo Ribeiro então secretário da reunião de constituição da
associação na época.
Entendida a notoriedade dos fatos, após fundada formalmente, a ABET passou a
concentrar seus esforços na pesquisa e no encorajamento a organização e preservação
de documentos etnomusicológicos, a passar então a se organizar para reuniões que se
formalizaram em ser bianuais, para encontros na divulgação de trabalhos e pesquisas na
área. Para esses encontros foi se criado um tema, uma espécie de logotipo, chamado de
ENABET (encontro nacional da associação brasileira de etnomusicologia).

“O I Encontro da Associação, realizado em Recife no ano de 2002,


abriu um amplo espaço para troca de experiências entre
pesquisadores da área e afins. Nesse segundo encontro espera-se que
as conquistas da etnomusicologia sejam ampliadas, estimulando o
surgimento de novas configurações para pesquisa e atuação nesse
campo” (ENABET, 2004).

Junto aos encontros nacionais a cada 2 anos, tendo uma exceção de três anos entre 2008
e 2011, na qual, não se sabe ao certo o motivo desse intervalo maior de tempo, fixou-se
a publicação das comunicações apresentadas nesses encontros, em forma de Anais (a
partir do II encontro), lançadas em periódicos digitais pela sua plataforma. Tendo em
vista isso, o objetivo se concentrou em fazer encontros entre os etnomusicólogos de
todo país, assim como de países vizinhos e convidados, abordando pesquisas e debates
relevantes para a consolidação do campo da Etnomusicologia no Brasil. No total
somam-se 8 encontros (com o que irá acontecer em maio de 2017) e com 8 diretorias de
gestão da associação.
Para um melhor entendimento de como aconteceu esses encontros, os locais, datas e as
temáticas abordadas, decidimos por criar um quadro analítico em resumo a todos os
encontros nacionais da associação:

Encontros da Local Tema Anais


ABET
I ENABET 2002 Recife-PE “100 anos do disco no Apenas um caderno
Brasil” – músicos, de resumos sobre os
públicos, trabalhos.
pesquisadores e
registros
fonográficos.

II ENABET 2004 Salvador-BA “Etnomusicologia: 113 artigos em 1305


lugares e caminhos, páginas.
fronteiras e diálogos”.
III ENABET 2006 São Paulo-SP “Universos da 95 artigos em 631
música: Cultura, páginas.
sociabilidade e a
política de práticas
musicais”.
IV ENABET 2008 Macéio-AL “A etnomusicologia e 88 artigos em 633
a produção de páginas
conhecimento”.
V ENABET 2011 Belém-PA “Modos de pensar, 73 artigos em 749
modos de fazer páginas.
etnomusicologia”.
VI ENABET 2013 João Pessoa-PB “Música e 79 artigos em 558
sustentabilidade”. páginas.
VII ENABET 2015 Florianópolis-SC “Redes, trânsitos e 81 artigos em 1006
resistência”. páginas.
VIII ENABET 2017 Rio de Janeiro-RJ “Música, Dança, Ainda em aberto a
(À acontecer) Cidadania e seleção de
Participação”. comunicações.
Quadro analítico 1: Encontros da ABET

Esses encontros marcam um período de 15 anos de atividades acadêmicas da


etnomusicologia no âmbito nacional. Seus trabalhos vão muito além do diálogo interno,
mas abrangem a preocupação recente de uma rede de diálogo e integração de pesquisas
etnomusicológicas com países latino-americanos, a ilustrar com isso, sua importância
para a etnomusicologia brasileira.
Ainda sobre a descrição da associação e seu modo de atuação, é interessante observar
que há vários engajamentos que movem a instituição como o social, cultural,
acadêmico, entre outros. Nesse sentido, decidimos apenas destacar e de certo modo
esclarecer o seu engajamento político, visível principalmente através da sua plataforma
digital. Para esclarecer este ponto, o professor José Alberto Salgado4 em entrevista
(Salgado, 2017), foi argumentado sobre essa questão, pelo fato do seu envolvimento
com a associação. A sua resposta nos auxiliou no seu entendimento e culminou em
mostrar que, não há um conservadorismo na instituição. O mesmo pode ser
exemplificado pela posição desde as produções num modo de pesquisar mais político ou
ético talvez, além dos posicionamentos através de notas públicas sobre determinadas
situações políticas:
“é evidente nessas publicações por exemplo de notas de apoio ou de
repúdio a determinadas medidas politicas em nível macro, pelo menos
nesse nível. E isso tem sido uma prática constante, assim como em
outras associações ligadas a ciência sociais e humanidades no Brasil.

4
Etnógrafo e professor associado da escola de música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. José
Alberto Salgado está na ABET desde a sua fundação (2001), fez parte da diretoria como primeiro
secretário (gestão 2007-2008), participou como editor (gestão 2011-2012) e como coeditor na gestão
seguinte, que foi anterior a atual (2013-2014).
É importante que a gente tenha esse papel de reflexão, de atuação
crítica não só nos textos, mas nesses momentos pontuais da história.
[...] Mostrando que a academia não vive a parte da sociedade. Então
isso se torna bastante importante.”

Por todos estes motivos mencionados, ressalto que a etnomusicologia pode ter um papel
social como forma agregadora no debate da sociedade com novas diretrizes politicas
que são tomadas e com fatores socioculturais eminentes. E à ABET como a instituição
que “dá a voz” a etnomusicologia do Brasil não poderia estar inerte a certas medidas
tomadas que atingem o meio acadêmico ou aos envolvidos nele.

Contribuições e perspectivas

Com o passar do tempo houve na ABET a proposta de encontros menores no Brasil,


divida por regiões. As motivações desses encontros partem na fomentação de discussões
produtivas para o campo, tendo em vista os pesquisadores locais. No total somam-se
cinco encontros, realizados em quatro das cinco regiões do país, a ficar de fora até o
momento a região centro-oeste.
A primeira conferência nesse formato foi o I Encontro Regional Sudeste da Associação
Brasileira de Etnomusicologia (ABET) no Rio de Janeiro/RJ no ano de 2007, nela
destacou-se a discursão sobre necessidade de potencializar-se ainda mais a inserção da
etnomusicologia nas instituições de ensino superior, como produtora de perspectivas
que fomentem e qualifiquem o debate em torno de políticas públicas com focos
diversificados. A seguir, realizou-se o I encontro regional da ABET Sul em 2009 na
cidade de Pelotas/RS, com o tema direcionado aos diálogos interculturais e políticas
públicas na etnomusicologia contemporânea, com cerca de 33 comunicações.
Na região Nordeste foi instituído de imediato o II Encontro Regional Nordeste (na qual
não deixa claro se foi por ter havido o I encontro nacional da ABET no nordeste ou por
qualquer outro motivo). Esse II encontro aconteceu em João Pessoa/PB (UFPB, 2010)
com 21 comunicações. Houve também o I Encontro Regional Norte da ABET junto ao
III Encontro Regional Nordeste em Salvador/BA no ano de 2012, com tema sobre a
formação e diálogos interdisciplinares na etnomusicologia brasileira, com cerca de 41
comunicações. E o último foi o II Encontro Regional Norte da ABET em parceria com
o II Colóquio Amazônico de Etnomusicologia em 2016 no Belém do Pará.
Tendo em conta a importância desses encontros para fortificar núcleos centrais já
consolidados (UFRJ, UFBA, UFPB, UFSC, etc.) eles podem auxiliar na expansão de
núcleos etnomusicológicos de outros estados em suas regiões. Para isso, tonar-se
necessário que as conferências pudessem acontecer de maneira regular e em
universidades não contempladas nesse circuito.
Como etnomusicólogo “recém chegado”, observo que, sempre se fala de uma conquista
dentro da área quando se observa essa organização de encontros regulares com
profissionais dedicados a etnomusicologia, como é o caso do ENABET e dos encontros
regionais que citamos. Fundamentalmente, porém, outra conquista é posta em relevo,
conforme destacou Salgado (2017):

“Outra conquista é organizar uma publicação que regularmente e


anualmente pelo menos, como é o caso da música e cultura, publica e
veicula produções nessa área, de maneira que não só professores e
pesquisadores experientes, mas também estudantes de pós graduação
que puderam ao longo desses anos fazer conhecidos suas produções,
e essa produção tornou-se por sua vez material de estudo dos cursos
de graduação e pós graduação. Porque nós precisamos de
publicações em português na etnomusicologia e a música e cultura
tem muito esse papel. Não só a música e cultura, mas a própria
publicações dos Anais, a gente fica conhecendo as pesquisas.”

A revista Música e Cultura é uma publicação da Associação Brasileira de


Etnomusicologia que tem como objetivo disponibilizar, por meio eletrônico e com
formato a principio de periódicos, artigos e resenhas de livros, CDs, vídeos e mídias em
geral que tenham relação com a Etnomusicologia, a estimular o estudo sobre práticas
musicais em contexto sociocultural. Desde o ano de 2006 passou-se a ter um periódico
anual5, sendo que seu último lançamento foi no ano de 2014, a não saber também os
motivos pelos quais não foram lançadas novas publicações.
Na soma dos periódicos disponíveis6, somam-se nove volumes:

5
Na carta publicada pelos editores (anexo B), vemos que houve anteriormente tentativas de publicação da
revista, tendo um período de três anos desde a sua idealização na escola de música da UFBA até o
lançamento de sua I edição.
6
http://musicaecultura.abetmusica.org.br
Revista Ano Conteúdos
música e
cultura
Vol. 1 2006 Entrevista com Manuel Veiga; resenhas de livros (3) e resenhas
de CD (1).
Vol. 2 2007 Entrevista com Samuel Araújo; artigos (3); resenha de livro (1) e
resenha de CD (1).
Vol. 3 2008 Entrevista com Rafael José Menezes Bastos; artigos (3); resenha
de livro (1) e resenha de DVD (1).
Vol. 4 2009 Artigos (5) e resenha de CD (1).
Vol. 5 2010 Artigos (8) e resenha de livro (1).
Vol. 6 2011 Artigos (6) e resenha de livros (2).
Vol. 7 2012 Artigos (5) e resenha de livros (1).
Vol. 8 2013 Artigos (9).
Vol. 9 2014 Artigos (10) e resenha de livro (1).
Quadro analítico 2: Periódico eletrônico - Revista Música e Cultura.

Num primeiro momento, podemos perceber que a produção e diversidade da revista


apesar de tímida, era equilibrada. Num segundo momento, vemos que produções como
resenha de CDs foi sendo deixada de lado, indo mais longe porém na publicação de
artigos. Isso pode ser associado possivelmente com um pensamento de se aumentar a
produção acadêmica, o que ainda parece ser algo distante como coloca Salgado (2017)
ao falar sobre uma possível proposta de se aumentar a produção etnomusicológica no
país, seja por meio da ABET, ou pela força dos próprios etnomusicólogos:

“É difícil pensar em intensificação da produção em geral, porque


ainda somos poucos, relativamente a antropólogos, a sociólogos,
ainda é um conjunto em formação, em crescimento. Mas eu acho que
antes de mais nada precisará engrossar esse caldo, esse corpo social
precisa crescer, precisa aumentar, estamos fazendo força pra isso na
formação universitária que é a maneira mais direta de contribuir
para isso.”

Dentro do cenário traçado, vemos que à associação brasileira de etnomusicologia tem


uma posição singular na operacionalização de pesquisadores e pesquisas da área,
conforme seguidamente se explicita na confluência entre ambos. A permitir também
uma colocação de gratificação ligada ao reconhecimento que com à ABET novos
pesquisadores (meu caso) podem estabelecer conexões com a geração que iniciou esse
caminho, como também pode dar continuidade a essa trajetória.
Considerações finais

O que vimos sobre à associação brasileira de etnomusicologia foram apenas recortes


ligados a sua história na etnomusicologia brasileira, sem entramos em méritos
específicos. E sobre este recorte, notasse que sua preocupação está sendo criar
condições nos cursos universitários para a formação de novos quadros. Em que a
relação da pessoa interessada em etnomusicologia é reflexo também de sua convivência
com membros da ABET, com leituras produzidas por ela e por ver que os
etnomusicólogos estão convergidos no mesmo sentido. Dessa maneira difundisse assim
um saber mais especifico desse campo nas universidades.
A associação tem buscado maneiras de se comunicar com a sociedade, e até mesmo de
se situar em relação as constantes provocações socioculturais que ela mobiliza. A prova
disso, é a preocupação com os temas abordados nos encontros, os debates e pesquisas
que fomentam. Contudo, quem sabe possamos pensar na criação de outros resultados na
amostragem das pesquisas, ao invés de apenas resultados, para que possam contribuir e
serem significativos para a sociedade de alguma forma, como já defendem alguns
etnomusicólogos.
Em todos os enquadramentos citados foi possível reiterar que a etnomusicologia
brasileira está solidificada e em expansão em grande parte do país, quer seja pelos
programas acadêmicos de música ou pelos passos cada vez mais firmes da ABET.
Referências bibliográficas

BASTOS, Rafael José de Menezes. Etnomusicologia no Brasil: Algumas tendências


hoje. Antropologia em primeira mão. Programa de Pós Graduação em Antropologia
Social, Universidade Federal de Santa Catarina, 2004.

LÜHNING, Angela. Análise da Formação de Etnomusicólogos no Brasil: constatações


inicias. XXIII Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em
Música. Natal. 2013.

LÜHNING, Angela. “Temas emergentes da etnomusicologia brasileira e seus


compromissos sociais”. Música em perspectiva, vol. 7, n.2, 2014, p.7-25.

PINTO, Tiago Oliveira. “Etnomusicologia: da música brasileira à música mundial”.


Revista USP, n. 77 (mar./abr.), São Paulo, 2008. 06-11.

PINTO, Tiago Oliveira. “Cem anos de Etnomusicologia e a ‘Era Fonográfica’ da


disciplina no Brasil.” Anais do II Encontro Nacional da ABET, Salvador/BA, 2004.
103-124.

RAUTMANN. Richard Edward. A Etnomusicologia no contexto acadêmico brasileiro:


uma revisão atualizada. VII ENABET. Florianópolis, Campus da Universidade Federal
de Santa Catarina – UFSC. 2015. 625-635.

RIBEIRO. Hugo Leonardo. Entrevista com Manuel Veiga. Revista Música e Cultura,
nº1, 2006.

SANDRONI, Carlos. “Apontamentos sobre a história e o perfil institucional da


etnomusicologia no Brasil”. Revista USP, São Paulo, n.77, março/maio 2008. 66-75.

TRAVASSOS, Elizabeth. Esboço de balanço da etnomusicologia no Brasil. Opus, v.1.


n. 9, 73–86, dezembro 2003.

ANAIS
Anais do II Encontro Nacional da ABET, Salvador/BA, 2004. Disponível em
<http://www.abetmusica.org.br>.

Anais do III Encontro Nacional da ABET, São Paulo/SP, 2006. Disponível em


<http://www.abetmusica.org.br>.

Anais do IV Encontro Nacional da ABET, Macéio/AL, 2008. Disponível em


<http://www.abetmusica.org.br>.

Anais do V Encontro Nacional da ABET, Belém/PA, 2011. Disponível em


<http://www.abetmusica.org.br>.

Anais do VI Encontro Nacional da ABET, João Pessoa/PB, 2013. Disponível em


<http://www.abetmusica.org.br>.

Anais do VII Encontro Nacional da ABET, Florianópolis-SC, 2015. Disponível em


<http://www.abetmusica.org.br>.
Portal/página Web

Plataforma digital da associação brasileira de etnomusicologia. Disponível em:


<http://www.abetmusica.org.br> acessado no período de 24/02/2017 a 08/03/2017.

Revista música e cultura da ABET. Disponível em: <http://www.


http://musicaecultura.abetmusica.org.br> acessado no período de 24/02/2017 a
08/03/2017.

Entrevista

José Alberto Salgado – Aveiro/PT (01/03/2017)


ANEXOS

Anexo A
Cartaz do I ENABET – Documento cedido por Hugo Leonardo Ribeiro.
Anexo B
Carta dos Editores da primeira edição da Revista Música e Cultura da ABET em 2006.

Música e Cultura n°1 www.musicaecultura.ufsc.br 1

Carta dos Editores

Hugo Leonardo Ribeiro


Vanildo Mousinho
Luis Ricardo Queiroz

Ufa! Até que enfim.


Podemos dizer que essa revista estava “cozinhando” há quase 3 anos, desde quando nos
reunimos na sala da pós-graduação em música da UFBA, até conseguirmos lançar essa
primeira edição. Duas tentativas anteriores foram frustradas, mas por fim, o ideal
venceu o cansaço.
Essa revista on-line surge num momento importante para a consolidação da
etnomusicologia no Brasil. Em 2001 tivemos a oficialização da criação da ABET –
Associação Brasileira de Etnomusicologia, a partir de uma retomada dos esforços
iniciados em Salvador, no início da década de 90. Onze anos após o início da primeira
pós-graduação em etnomusicologia no Brasil, a ABET já começa a dar frutos. Tivemos
dois encontros nacionais. O primeiro em Recife, em 2002; e o segundo em Salvador, em
2004. O próximo será em São Paulo, neste ano de 2006.
Como é de interesse de todos, a etnomusicologia cresce a cada dia, e nada mais justo do
que um periódico para estimular e divulgar a produção etnomusicológica brasileira. No
entanto, a revista não se encontra limitada às produções de acadêmicos em
etnomusicologia. Não podemos esquecer da contribuição que antropólogos,
musicólogos, sociólogos, e folcloristas deram à compreensão da música criada,
produzida, e/ou consumida no Brasil. Dessa forma, não é de interesse fechar as portas
através de fronteiras que na verdade não existem e nunca existiram. Muito menos na
própria etnomusicologia, que já é por definição interdisciplinar.
Partindo de um projeto particular, nós, os editores e a equipe editorial, decidimos que
seria mais interessante para a própria revista, não só assumir uma posição flexível,
como ser ela própria flexível em sua estrutura. Pretendemos, dessa forma, dar espaço a
mudanças na linha editorial, pois queremos que a revista tenha sempre o fôlego juvenil
para enfrentar as dificuldades inerentes à qualquer periódico.
O primeiro passo foi dado. Esperamos que esse seja o primeiro de uma longa
caminhada. Mas para isso contamos com todos aqueles que contribuíram, e contribuirão
com a produção etnomusicológica brasileira. Contamos com todos vocês.

Os editores
Anexo C

Guia de entrevista sobre a ABET ao professor José Alberto Salgado.

1- Qual o panorama que pode descrever sobre a etnomusicologia no Brasil no


momento da criação da ABET? Como estava o movimento etnomusicológico?

2- Como conheceu a ABET? e quando passou a fazer parte da equipe? Qual a sua
história com a associação?

3- Pode citar uma ou mais conquistas da ABET desde o seu surgimento?

4- Posso dizer que a ABET tem também uma parcela de engajamento político?

5- Em quais perspectivas acredita caminhar o futuro da ABET?

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