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Sistema de nulidades no processo penal

• O reconhecimento da invalidade dos atos processuais não decorre automaticamente


do texto legal: é preciso que uma decisão judicial a declare
o Modelo anterior: legalidade das formas è casos de nulidade enumerados
taxativamente na lei
o Modelo atual: instrumentalidade das formas è magistrado avalia no caso
concreto a conveniência de se retirar a eficácia de um ato atípico, levando em
consideração o prejuízo
• Princípio do prejuízo
o “Formas processuais representam tão somente um instrumento para a correta
aplicação do direito, sendo assim, a desobediência às formalidades
estabelecidas pelo legislador só deve conduzir ao reconhecimento da
invalidade do ato quando a própria finalidade pela qual a forma foi instituída
estiver comprometida pelo vício”
o Demonstração do prejuízo e prejuízo evidente
§ Nulidades absolutas não exigem demonstração do prejuízo, porque
nelas o mesmo é evidente
• Alguns afirmam que há presunção de prejuízo: mas Ada,
Magalhães e Scarance afirmam que essa abordagem não é
correta, pois não se trata de uma inversão do ônus, a ocorrência
de dano é evidente
§ Nas nulidades relativas o dano não é constatado desde logo, é preciso
prova do dano
• Efeitos da decretação da nulidade
o Os atos foram uma cadeia lógica que objetiva a preparação da sentença final:
indagação sobre a extensão da nulidade (originária ou derivada)
o Somente os atos diretamente dependentes ou que sejam consequência do
viciado serão atingidos. Regra geral
§ Nulidade dos atos da fase postulatória do processo se propaga sempre
para os demais
§ Invalidade dos atos de instrução não contamina os outros atos de
aquisição da prova devidamente realizado
• Princípio do interesse
o Invalidade ponderada com base na apreciação sobre vantagens que a
providência possa representar para quem invoca a irregularidade
o Isso não vale para as nulidades absolutas em que o vício atinge o próprio
interesse público
o MP, como fiscal da lei, pode alegar nulidades que são do interesse da parte
contrária (ex: ofensa ao direito de defesa)
o A lei não reconhece o interesse de quem tenha dado causa à irregularidade,
novamente, isso só vale para nulidades relativas
• Princípio da convalidação
o Forma de aproveitamento de atividade processual atípica
o Maneira mais comum: preclusão das nulidades relativas
§ Essencialmente o rol do art. 572
o Prolação da sentença: a decisão de mérito a favor do possível prejudicado pela
atipicidade afasta a conveniência de retroceder na marcha processual
o Coisa julgada: convalidação dos atos que poderiam ser reconhecidos em favor
da acusação, já que a defesa pode fazer uso da Revisão Criminal
o Regras especiais
§ Irregularidades relacionadas com a representação da parte: pode ser a
todo tempo sanada (art. 568)
§ Suprimento da denúncia, queixa ou representação antes da sentença
(art. 569)
• Trata-se de acréscimo, ratificação. Não elementos essenciais
que podem levar a inexistência ou invalidade do ato (ex:
denúncia que não impute fato criminoso)
§ Comparecimento do interessado sana a falta ou nulidade da citação
o Súmula 160: tribunal não pode reconhecer ex-officio nulidade contra a defesa,
mesmo se absoluta
o “ A utilização do HC como meio de decretação de invalidade de atos
processuais, ou de todo o procedimento, é admissível tanto no curso do feito
como depois de prolatada a sentença, mesmo após o trânsito em julgado,
enquanto não cumprida a pena e desde que a existência do vício (e
consequente ilegalidade) possa ser demonstrada de plano.”
o Se a ilegalidade não afetar o direito de locomoção, pode impetrar um MS
visando a invalidação de ato irregular, se dele puder resultar dano irreparável
o Em Revisão Criminal, embora a nulidade não esteja expressamente
mencionada, pode ser entendida no caso do inciso I do art. 621, que tratar da
sentença contrária ao texto expresso de lei

Recursos
• Fundamento do direito ao recurso: duplo grau de jurisdição (não é princípio expresso,
mas implícito da CF, pois subentende-se quando descreve o funcionamento do
judiciário)
• Conceito e classificações
o Recurso é o meio voluntário de impugnação das decisões judiciais utilizado
antes do trânsito em julgado, visando à reforma, invalidação, esclarecimento
ou integração da decisão judicial
o Distinguem-se das ações autônomas de impugnação, que dão causa a um novo
processo, com procedimento e relação jurídica processual próprios. Podem ser
antes (HC, MS) ou depois do trânsito em julgado (revisão criminal e em alguns
casos HC)
o Recursos podem ser totais ou parciais
§ Total: objeto é toda decisão recorrida (ex: pede absolvição quando a
sentença foi condenatória)
§ Parcial: ex: pede apenas redução da pena
o Fundamentação livre ou vinculada
§ Fundamentação livre: qualquer fundamentação (ex: apelação)
§ Fundamentação vinculada: legislador disciplina quais os motivos que
podem ser invocados para atacar a decisão recorrida (ex: recursos
especial e extraordinário)
o Objeto: recurso ordinário ou extraordinário
§ Ordinário: admitem discussão da matéria de fato e de direito
§ Extraordinário: apenas discussão de direito
• Princípios
o Taxatividade: rol de recursos e as hipótese de recorribilidade são
taxativamente previstos em lei, sendo possível o emprego de interpretação
extensiva quanto às hipóteses de cabimento
o Unirrecorribilidade das decisões: cada decisão comporta um recurso (não é
possível utilizar RESE quando da decisão cabe apelação)
o Fungibilidade recursal: art. 579: salvo hipótese de má fé, a parte não será
prejudicada pela interposição de um recurso pelo outro (evitar formalismo
excessivo no conhecimento dos recursos)
§ Má-fé: convicção que tem o violador da lei da infração que pratica,
como utilizar o recurso de maior prazo, valer-se do recurso de maior
devolutividade para escapar à coisa julgada formal, provocar
divergência na jurisprudência para se assegurar...
• Na prática costumamos identificar como
o Erro grosseiro, afronta à literalidade da lei
o Contornar a perda do prazo
o Interposição de recurso de fundamentação livre quando
deveria ter sido de fundamentação vinculada: nesse
caso não haverá impugnação nos limites estritos da
fundamentação
o Dialeticidade: razões e contrarrazões são indispensáveis
§ Ex: nos ED, caso haja a possibilidade de efeitos infringentes, deve ser
facultado à parte contrária contra-arrazoar o recurso
§ Súmula 707 do STF
o Disponibilidade: partes não têm dever de recorrer, além disso, o réu pode
desistir do recurso já interposto (não o MP)
o Irrecorribilidade das decisões interlocutórias: para as hipóteses não tratadas
pelo RESE, a parte poderá se valer de HC ou MS apenas
o Personalidade dos recursos e proibição de reformatio in pejus
§ Vedação da reformatio in pejus no recurso do réu (art. 617)
§ Possibilidade da reformatio in mellius para o acusado (MP recorre para
agravar a pena e juiz pode absolver o acusado)
§ Vedação à reformatio in pejus indireta
• O que é? Anulação de decisão anterior por força de recurso
exclusivo do acusado. Nova decisão na qual o acusado sofre
uma pena mais grave
• No caso do Tribunal do Júri, os jurados do segundo julgamento
não ficam vinculados à decisão proferida pelos primeiros em
razão da soberania dos veredictos. Se a matéria versar apenas
sobre assuntos de competência do juiz presidente, continua
sendo vedada
• Tem prevalecido o entendimento de que a vedação da
reformatio in pejus indireta também não tem aplicação no caso
de incompetência constitucional (processo foi em todo
inexistente)
• Efeitos dos recursos
o Devolutivo
§ Devolve-se a matéria à apreciação do PJ
§ Extensão: plano horizontal è quais matérias podem ser apreciadas
§ Profundidade: Tribunal pode considerar tudo o que é relevante para a
decisão, mesmo que um determinado argumento não tenha sido
invocado nas razões
o Efeito suspensivo
§ Os recursos prolongam a suspensão dos efeitos da decisão
§ Sentença condenatória tem efeito suspensivo: para que o réu seja
mantido preso é preciso fundamentar com base nos requisitos da
previsão preventiva
§ Sentença absolutória: não tem efeito suspensivo
o Efeito regressivo ou iterativo
§ Devolução da matéria recorrida ao próprio juiz que proferiu a decisão.
Trata-se de um ato do procedimento recursal que possibilita o próprio
juiz rever o seu ato decisório
§ Há um juízo de retratação no
• RESE (art. 589, caput)
• Agravo em execução
§ Se o juiz não decidir se retratar da decisão proferida, ainda durante a
tramitação do recurso em primeiro, deverá remeter os autos ao
tribunal para apreciação do recurso
§ Diversa é a situação dos ED, em que o próprio juiz que proferiu a
decisão irá julgar o recurso que não será apreciado por órgão superior
o Efeito extensivo
§ Art. 580 do CPP
§ Extensão do recurso interposto por um dos corréus a outro que não
tenha recorrido, extensão da decisão proferida no recurso
§ Homogeneidade do julgamento no caso de litisconsórcio unitário
o Juízo de admissibilidade e juízo de mérito
§ Juízo de admissibilidade
• Em regra, duplo: exercido tanto pelo juiz que proferiu a decisão
quando pelo tribunal è avaliação dos requisitos ou
pressupostos de admissibilidade recursal
• Se todos os juízos de admissibilidade do recurso forem
positivos, o tribunal deverá conhecer do recurso
• “O posicionamento hermenêutico que seria cientificamente
mais correto – eficácia meramente declaratória e, portanto,
com efeitos ex tunc da decisão de inadmissibilidade dos
recursos – é inaceitável diante da insegurança e injustiça que
poderá gerar em sua aplicação prática. Afastando o tecnicismo,
deve-se reconhecer que a decisão somente transita em julgado
depois da última decisão sujeita a recurso
§ Juízo de mérito
• Em regra, a competência é do órgão superior, mas
excepcionalmente o próprio órgão que proferiu a decisão pode
realizar (juízo de retratação)
• Objeto: matéria impugnada
• Se o juízo for positivo è dará provimento
o Se na sentença houver um error in iudicndo (erro de
julgamento) o Tribunal deverá reformar a decisão,
proferindo outra que irá substituí-la
o Se na sentença houver um error in procedendo (erro na
aplicação do direito processual) o Tribunal deverá
reconhecer o vício, anular o processo a partir do ato
defeituoso, baixando o processo para que o juiz de
primeiro grau refaça tais atos de forma regular
§ O Tribunal não pode substituir a decisão
recorrida, porque estaria suprimindo o primeiro
grau de jurisdição
• Se o juízo for negativo è nega-se provimento
o Requisitos de admissibilidade
§ Cabimento
• Ato jurisdicional recorrível: haja previsão legal de um recurso
contra tal ato
• Parte utilize o recurso adequado
§ Tempestividade
• Termo inicial: data da intimação da decisão recorrida
• Para o MP: entrega do processo em setor administrativo do MP,
formalizada a carga pelo servidor, configura intimação direta,
pessoal, cabendo a data em que ocorrida como a da ciência da
decisão judicial
• Sentença condenatória: necessidade de intimação do acusado
e de seu defensor
• Defensor público: necessidade de intimação pessoal e prazo em
dobro para recorrer
• Súmula do STF: Prazo para o assistente de acusação recorrer
supletivamente se inicia do transcurso do prazo do MP è
infere-se que, não é necessário intimar o assistente (mas a
doutrina aponta que é necessária a intimação)
§ Regularidade procedimental
• Recursos podem ser interpostos por escrito, mediante petição
ou oralmente, mediante termo nos autos (atualmente: meios
eletrônicos)
§ Ausência de fato impeditivo ou extintivo
• Impeditivo: operam-se antes da interposição do recurso,
impedindo a própria propositura do recurso è único fato é a
renúncia
• Extintivo: ocorre após o recurso ter sido interposto è
desistência e deserção por falta de pagamento de custas ou
translado
§ Legitimidade
• Art. 577: o recurso poderá ser interposto pelo MP, querelante,
réu, seu procurador ou defensor
• Legitimados especiais: ofendido habilitado ou não como
assistente de acusação poderá apelar supletivamente ao MP
§ Interesse
• Possibilidade de ganho com a futura decisão, utilidade prática
• Ação penal pública ou privada subsidiária: MP sempre tem
interesse em recorrer desde que entender que a sentença é
ilegal ou injusta
• Na ação privada, se o houve absolvição e o querelado não
recorreu, MP também não recorre, pois entende-se que ele se
conformou com a decisão. Mas se querelado for condenado,
MP pode recorrer postulando majoração da pena ou revogação
do benefício. Terá interesse em alegar nulidades, não importa
o beneficiado
• O acusado terá interesse em apelar para mudar a
fundamentação jurídica da absolvição para ficar vedada a via
cível
Habeas Corpus
• A concessão de HC pode gerar tutela meramente declaratória (declara extinta a
punibilidade), constitutiva (anula o processo) ou mandamental (ordena a liberdade do
paciente ou tranca a ação penal)
• Habeas corpus liberatório ou preventivo
o Preventivo: escopo amplo è “achar ameaçado de sofrer violência ou coação”
§ Justamente por isso é cabível HC para alegar uma nulidade, sendo
mesmo em fases iniciais do processo
• Condições da ação
o Único caso de impossibilidade jurídica é para atacar as prisões disciplinares
militares ante a vedação constitucional do art. 142. Mas pode ser usado para
atacar a ilegalidade da medida
• Interesse de agir
o Lesão ou ameaça à liberdade de locomoção
o Súmula 693/STF: incabível quando há somente pena de multa
o Súmula 695/STF: incabível quando a pena privativa de liberdade já foi
cumprida
o Tem-se considerado cabível o HC em caso de pena restritiva de direitos, pois a
liberdade de locomoção poderá ser violada (possibilidade de conversão delas
em privativa de liberdade)
o Cabível em favor do beneficiado com a suspensão condicional do processo
o Cabível quando o paciente está em regime de pena mais gravoso do que o
fixado na sentença condenatória
o Embora não estivessem presas, encontravam-se ilegalmente internadas em
asilos ou hospitais por não pagarem as despesas
o Se aceita HC para impugnação da decisão judicial de quebra de sigilo bancário,
fiscal, de dados ou telefônico que contenha alguma ilegalidade (algo que
achassem dentro desse âmbito poderia servir de fundamento para um pedido
de prisão)
o Crime ambiental em que o acusado é PJ, o HC não é adequado
• Legitimidade
o Qualquer pessoa física, nacional ou estrangeira (mesmo em trânsito pelo
território)
o Impetrante: quem promove o HC
o Paciente: quem sofre a ameaça ou o constrangimento em sua liberdade
o Legitimado passivo: autoridade coatora (ex: é o delegado, não o policial civil)
§ A autoridade não precisa ser pública
o Distinguir a autoridade coatora do detentor: a autoridade coatora é a
responsável pelo ato de coação ou pela ameaça à liberdade de locomoção do
paciente (ex: juiz que decreta a prisão) enquanto o detentor apenas executa
os atos para efetivar a decisão da autoridade coatora (ex: diretor do presídio)
• Pressupostos processuais
o Impetrante não precisa ter capacidade postulatória
o Não é necessária a apresentação de procuração
o Requisitos estão previstos no art. 654, §1º do CP
o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o
de quem exercer a violência, coação ou ameaça;
§ Não precisa do nome do coator, basta indicação do cargo
o declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de
coação, as razões em que funda o seu temor;
o assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não
puder escrever, e a designação das respectivas residências
• Competência
o Tribunal imediatamente superior com competência para apreciar recursos
ordinários em relação à matéria
o Ato praticado por particular ou delegado de polícia è juiz de direito da
comarca
o Autoridade for juiz de direito è TJ ou TRF
o Juizado Especial Criminal è Turma recursal
o Turma Recursal è TJ ou TRF
o TJ ou TRF è STJ
• Procedimento
o Petição inicial
§ Prova pré-constituída deve acompanhar a inicial
o Pedido de informações à autoridade coatora
§ O juiz pode determinar a apresentação do paciente se este estiver
preso è prática em desuso, costuma-se pedir informações
§ O pedido de informações é facultativo, sendo previsto em HC de
competência originária dos tribunais, mas por analogia, vem sendo
aplicado quando o HC é apresentado em primeiro grau
o Informação da autoridade
o Parecer da Procuradoria de Justiça (quando HC dirigido ao TJ/TRF/STJ)
o Julgamento
• Obs:
o O assistente de acusação não poderá intervir no HC contra ato proferido na
ação penal condenatória, somente pode intervir na própria ação
o O querelante pode intervir no HC que visa trancar a ação penal
Sentença e coisa julgada
• Sentença é o ato que extingue o processo com ou sem julgamento de mérito
o Sentença de mérito é o destino natural do processo è definitiva
§ Definitiva em sentido estrito
• Absolvição
• Condenação
§ Definitiva em sentido lato
• Prescrição
o Sentença sem julgamento de mérito è terminativa
• Requisitos da sentença
o Nome das partes (ou indicações para identifica-las)
o Exposição sucinta da acusação e da defesa
o Motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão
§ Vedação à motivação per relationem (menção à motivação de outra
parte, como o MP)
o Indicação dos artigos de lei
o Dispositivo
§ Em geral o dispositivo de lei se encontra no dispositivo
o Data e assinatura do juiz
• Sentença absolutória
o Estar provada a inexistência do fato + não haver prova da existência do fato;
§ Trata de fato naturalístico
o Não constituir o fato infração penal;
§ Tipicidade da conduta
o Estar provado que o réu não concorreu para a infração penal + não existir
prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
§ Autoria
o Existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena
§ Certeza de excludentes
§ Dúvida fundada sobre a existência de excludentes
o Não existir prova suficiente para a condenação
• Sentença condenatória
o Fixar a pena seguindo o modelo trifásico do art. 68 do CP
§ Fixação da pena base entre os limites mínimos e máximos exigidos
atentando-se às circunstâncias judiciais do art. 59 do CP
§ Circunstâncias agravantes (art. 61 a 64 do CP) e atenuantes (art. 65 do
CP)
§ Causas de aumento ou diminuição
o Regime inicial de cumprimento
o Penal privativa de liberdade pode ser substituída por pena restritiva de direitos
ou multa
• Emendatio libelli
o O juiz sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá
atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de
aplicar pena mais grave
o Fatos inalterados, mas há mudança da qualificação jurídica
o Entendimento: “o acusado se defende dos fatos que lhe são imputados”
o Doutrina: Juiz deverá instar as partes a se manifestarem sobre a questão. Não
precisa haver aditamento, mas antes de sentenciar, deve convidar as partes a
se manifestarem sobre a possibilidade de uma nova classificação
§ O tipo influencia na condução da defesa
o Se a nova classificação permitir a aplicação da suspensão condicional do
processo porque o crime decorrente da qualificação jurídica diversa tem pena
mínima igual ou inferior a 1 ano juiz deverá, antes de a sentença sentenciar o
feito, dar vista dos autos ao MP
o Possível no segundo grau de jurisdição, mas a pena não poderá ser agravada
se somente o acusado tiver recorrido
§ É possível que o acusado seja condenado por um crime, com nova
capitulação jurídica, sendo-lhe mantida a pena anteriormente fixada,
ainda que menor do que a pena mínima cominada no preceito
sancionados do novo tipo penal
• Mutatio Libelli
o Alteração dos fatos objetos do processo e em geral a qualificação jurídica è
aditamento da denúncia
o Mudança fática pode ser relativa a elemento ou circunstância do crime
§ Elemento é algo que compõe o tipo penal
§ Circunstância é mais amplo, abrange qualificadora, causa de aumento
ou diminuição
o Não pode ser aplicado em segundo grau
• Juiz na sentença condenatória pode reconhecer agravantes que não tenham sido
alegadas na denúncia è doutrina critica
• Coisa julgada
o Imutabilidade dos efeitos da sentença e da própria sentença
o Coisa julgada formal:
§ Imutabilidade da sentença no próprio processo
§ Preclusão das vias impugnativas (transcurso do prazo e esgotamento
das vias)
§ Ex: sentença que extingue o processo sem julgamento de mérito não
produz efeitos sobre a situação da vida
§ Atos que não transitam em julgado
• Despachos de mero expediente (não tem conteúdo decisório)
• Decisões interlocutórias
• Decisões proferidas em medidas cautelares
o Coisa julgada material
§ Imutabilidade dos efeitos da sentença
§ Essencialmente sentenças de mérito fazem coisa julgada
• O objeto do processo não poderá voltar a ser discutido em
outro processo envolvendo as mesmas partes (função negativa
da coisa julgada)
• Sentença condenatória pode ser rescindida por meio da
Revisão Criminal. Mesmo assim não afasta a coisa julgada, há
coisa julgada com rescindibilidade
§ Também se aplica
• Sentença de mérito lato sensu
• Sentença que rejeitar a denúncia contra o funcionário público
ou por considerar inexistente o crime ou improcedente a ação
• Sentença que homologa a transação penal
o Limites objetivos da coisa julgada
§ Quais partes da sentença ficam acobertadas pela coisa julgada
§ Fato principal do processo è o fato naturalístico da sua qualificação
jurídica compreendido em toda sua realidade histórica, mesmo que a
denúncia não traga o fato em sua inteireza
§ Concurso formal (art. 70)
• Uma só ação ou omissão pratica dois ou mais crimes
• Se o acusado foi originariamente julgado por apenas um dos
delitos, tendo a decisão transitado em julgado, isso não
impedirá que o acusado venha a ser processado por outro crime
cometido na mesma oportunidade
§ Crime permanente
• Momento consumativo se protrai no tempo (ex: extorsão
mediante sequestro)
• Não pode ser punido pela segunda vez, mesmo se descobrir que
o período foi maior
§ Crime habitual
• Para configurar a conduta é preciso uma regularidade das ações
(ex: exercício irregular da medicina)
• Não é possível um segundo processo por fatos anteriores, que
já foram julgados em um primeiro
• Será possível um segundo processo após uma sentença
transitada em julgado, desde que o objeto da nova denúncia
seja uma nova cadeia de atos
o Limites subjetivos da coisa julgada
§ Pessoas atingidas pela imutabilidade dos efeitos da sentença è quem
participou
§ Problemas específicos
• Extensão da decisão absolutória ao corréu: havendo concurso
de pessoas, o recurso interposto por um dos corréus
aproveitará aos demais, salvo se fundado em motivos
exclusivamente pessoais
o A coisa julgada fica suspensa em relação ao corréu que
não recorreu, desde que o fundamento do recurso do
outro acusado seja comum è art. 580 do CPP impede
que se forme coisa julgada em relação ao corréu que
não recorreu
• Coautor ou partícipe que não foi parte no primeiro processo
pode vir a ser processado o se acusado do processo originário
foi absolvido?
o Se a absolvição no processo tiver por fundamento
motivo que aproveite aos demais coautores ou
participantes (ex: atipicidade da conduta) è a ação
penal será inviável em relação ao corréu que não foi
processado, mas por falta de justa causa
o Efeitos civis da condenação criminal è execução da
sentença penal em face do responsável do acusado
§ Não, a cível somente pode ser proposta contra o
devedor reconhecido no título
§ Mas pode promover uma ação cível (com fase de
conhecimento) – responsabilidade civil por atos
de terceiros

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