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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SERGIPE

1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA CÍVEL DA COMARCA DE LAGARTO/SE


CURADORIAS DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE E URBANISMO E DO
PATRIMÔNIO PÚBLICO, SOCIAL E CULTURAL

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DE DIREITO DA ______


VARA CÍVEL DA COMARCA DE LAGARTO/SE.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SERGIPE, por intermédio de


seu presentante que esta subscreve, no uso de suas atribuições legais, notadamente no
artigo 129, inciso III da Constituição Federal de 1988, no artigo 25, inciso IV, alínea “b”, da
Lei n. 8.625/93 e no artigo 17 da Lei 8.429/92, com base no Procedimento Preparatório de
Inquérito Civil n. 0028/2013, vem, perante Vossa Excelência, propor AÇÃO CIVIL
PÚBLICA POR ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, em face de HILDA
ROLEMBERG RIBEIRO, brasileira, capaz, Prefeita de Lagarto/SE, portadora do RG n.
1.359.588, SSP/SE, inscrita no CPF n° 001.575.615-77, residente e domiciliado Rodovia
Lourival Batista, nº 250, Moita Redonda – Lagarto/SE; e o Sr. ADRIANO ROCHA
FONTES, brasileiro, Secretário Municipal da Cultura, da Juventude e do Esporte do
Município de Lagarto, com endereço para citação à rua “B”, nº 81, Conjunto Sílvio
Romero, Centro, Lagarto/SE; pelo arcabouço fático jurídicos a seguir declinados.

Promotoria de Justiça da 1ª Vara Cível – Fórum Des. Epaminondas Silva de Andrade Lima
Rodovia Antônio Martins de Menezes, s/n - km 36 – Telefones: (79) 3631-6776/3632-1700
49.400-000 – Lagarto – SE/ e-mail: 1promlagarto@mpse.mp.br

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I – DELINEAÇÃO FÁTICA

Preambularmente, convém sublinhar que foi instaurado por meio da


PORTARIA Nº 16/2019, no âmbito da Curadoria do Patrimônio Público, a Notícia de Fato
n. 40.19.01.0036, com escopo de averiguar possível irregularidade dos procedimentos
licitatórios atinentes ao evento festivo do dia 21/04/2019 no que concerne à contratação
das atrações musicais, mediante os Procedimentos Administrativos de Inexigibilidade nº
21, 22 e 23/2019, tendo por objeto a realização de shows de diversos artistas durante as
comemorações do aniversário da cidade de Lagarto, a saber:

a) BANDA SEEWAY
b) TÔ NESSA
c) QUINTA ROUND

Vale salientar que o valor total implicado pelos Procedimentos


Administrativos de Inexigibilidade nº 21, 22 e 23/2019 foi da ordem de R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais), assim subdivido:

a) BANDA SEEWAY – R$ 25.000,00


b) TÔ NESSA – R$ 10.000,00
c) QUINTA ROUND – R$ 15.000,00

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Com efeito, depreende-se dos autos que o MUNICÍPIO DE


LAGARTO, já sob gestão da chefe do executivo HILDA ROLEMBERG RIBEIRO, após
Procedimentos Administrativo de Inexigibilidade n. 21, 22 e 23/2019 chancelados pelo Sr.
ADRIANO ROCHA FONTES, Secretário Municipal de Cultura, da Juventude e do Esporte
(Secretaria responsável pelos eventos) firmou os Contratos de Prestação de Serviço 42,
43 e 44, com os representantes legais das bandas acima citadas, para a realização de
shows nos dias 21 de abril de 2019.

Apreciando os atos constitutivos dos procedimentos de


inexigibilidade, verificou-se frontal burla a requisito indispensável da inexigibilidade e, por
consequência, violação ao princípio da obrigatoriedade da licitação, haja vista que
referidas atrações artísticas foram contratadas sob o pretexto de serem consagradas pela
crítica especializada ou pela opinião pública, quando em verdade não o são.

Esta é a apertada síntese dos fatos.

III – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA


III – a) DELINEAÇÃO CONSTITUCIONAL DA OBRIGATORIEDADE DA LICITAÇÃO

Para a consecução do interesse público, a Administração Pública


exerce atividade multifacetária e complexa, inclusive utiliza-se de serviços e bens
fornecidos por particulares. Assim, tal necessidade impõe ao Poder Público a obrigação
de contratar.
Com efeito, à vista do regime jurídico de Direito Público, com arrimo
nos princípios da supremacia do interesse público sobre o privado e da indisponibilidade
do primeiro, a concretização dos contratos a serem firmados no interesse da coletividade

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não se insere no âmbito de disposição exclusiva do administrador. Para contornar tal


embaraço e guarnecer os interesses postos, o constituinte originário insculpiu o
princípio da obrigatoriedade da licitação, conforme preconiza o inc. XXI do art. 37 da
CRF/88:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(….)
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações. (destaquei)

Em verdade, a imposição constitucional da observação do princípio


da obrigatoriedade da licitação é a materialização dos princípios constitucionais
expressamente dispostos no caput do referido dispositivo, com ênfase aos princípios da
legalidade, impessoalidade e moralidade.

Sobre a matéria, preleciona CARVALHO FILHO 1:

1
CARVALHO FILHO, José dos Santos, Manual de Direito Administrativo, Atlas, 25ª Edição, 2012, p. 240.

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A licitação veio prevenir eventuais condutas de improbidade


por parte do administrador, algumas vezes curvados a acenos
ilegítimos por parte de particulares, outros levados por sua própria
deslealdade para com a Administração e a coletividade que
representa. Daí a vedação lhe impõe, de optar por determinado
particular. Seu dever é o de realizar o procedimento para o
contrato firmado com aquele que apresentar a melhor proposta.
Nesse ponto, a moralidade administrativa se toca com o próprio
princípio da impessoalidade, também insculpido no art. 37
caput, da Constituição, porque, quando o administrador não
favorece este ou aquele interessado, está, ipso facto,
dispensando tratamento impessoal a todos. (destaquei)

III – b) DA CONTRATAÇÃO DIRETA

Consoante exaustivamente declinado, vige no ordenamento jurídico


pátrio, inclusive com assento constitucional, a obrigatoriedade de prévio procedimento
licitatório para o enlace de contratos pela Administração Pública. Esta é a regra.

Força reconhecer, entretanto, que o próprio constituinte originário


permitiu exceção a tal regra, atribuindo ao legislador ordinário a edição de lei para efetivar
as ressalvas à obrigatoriedade da licitação, a saber: Lei nº 8.666/93.

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Nesse contexto, convém sublinhar que as hipóteses de contratação


direta emolduradas na Lei 8.666/93 reservam-se à (1) dispensa, (2) inexigibilidade, (3)
vedação e (4) licitação dispensada.

In casu, cumpre examinar a efetiva subsunção dos enlaces


administrativos levados a efeito pelos requeridos à contratação direta na vertente
inexigibilidade.

III – c) DA INEXIGIBILIDADE

A mens legis da contratação direta pela inexigibilidade consiste na


impossibilidade da efetivação do procedimento licitatório PELA INVIABILIDADE DE
COMPETIÇÃO, em razão da exclusividade do fornecedor ou da peculiaridade do objeto,
consoante se depreende do art. 25 da Lei 8.666/93.

Traçada a premissa geral de contratação direta pela inexigibilidade,


cinge-se a discussão ao enquadramento legal da contratação do show artístico das
bandas pela municipalidade de Lagarto/SE (já sob a gestão da prefeita HILDA
ROLEMBERG RIBEIRO), ao tipo descrito no inciso III do art. 25 da Lei de Licitações, sob
o móvel da exclusividade empresarial. Eis a questão em debate:

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de


competição, em especial:

(…)

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III – para contratação de profissional de qualquer setor artístico,


diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que
consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.

§2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de


dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem
solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o
fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público
responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.
(destaquei).

Partindo-se de uma análise literal da lei, com a singeleza de uma


interpretação gramatical, a referida inexigibilidade para contratação de profissional de
setor artístico exige:

a) Contrato firmado pelo próprio contratado ou por meio de


empresário exclusivo;

b) consagração do artista pela crítica especializada ou pela opinião


pública.

No presente caso, emboras exigências formais tenham sido


observadas, a Municipalidade deixou de observar o primeiro e talvez mais elementar das
regras para a inexigibilidade em contratações como as que estão sob foco, qual seja: a
consagração da contratada, atração artística, pela crítica especializada ou pela opinião
pública.

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Note-se que as atrações contratadas são bandas de pouca


expressão, ordinariamente dedicadas a espetáculos promovidos por Prefeituras. São
atrações contratadas sem maiores critérios pelas administrações municipais para, em
regra, colmatar lacunas entre shows de atrações realmente consagradas, durante os
eventos promovidos. Ditos grupos artísticos carecem de identidade musical definida que
possa ser arguída como elemento apto à singularização; aliás, mesmo a composição
dessas bandas é altamente fluida.

Mesmo que fosse possível argumentar acerca da consagração


crítica dos grupos musicais contratados, não serviam de prova mínima comprar tal
notoriedade a juntada de panfletos publicitários de eventos anteriores nos quais dita
bandas se apresentaram. Isso é o que, aliás, se extraí do art. 2º, inciso VI, da Resolução
nº 298/2016 emitida pelo TCE/SE:

Art. 2º No caso de inexigibilidade prevista no art. 25, inciso III, da Lei


de Licitações, presente a consagração do artista pela crítica
especializada ou pela opinião pública, o órgão ou entidade
responsável encaminhará ao gestor exposição de motivos,
solicitando a contratação de determinada empresa, banda, grupo
musical ou profissional do setor artístico, devidamente autuada,
protocolizada e numerada, gerando processo administrativo,
instruído com os seguintes dados/documentos:
(…)

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VI - Documento que justifique a inviabilidade da competição,


devendo anexar recortes de matérias jornalísticas e da crítica
especializada que indiquem tratar-se de artista consagrado pela
opinião pública local, regional ou nacional

Na mesma linha, o Tribunal de Contas do Distrito Federal, nos autos


do processo nº 1876/1995:

“(...) a consagração pela crítica e pela opinião pública requerida nas


contratações de profissionais do setor artístico, previstas no item III,
artigo 25, da Lei 8.666/93, deve ser comprovada pela apresentação
de "curriculum" destes profissionais, acompanhada de documentos
(recortes de jornais, revistas, etc), que a atestem, bem como de
comprovantes de consultas preliminares sobre os valores cobrados
pelos seus concorrentes.”

Ainda sobre o tema, a Procuradora Federal Fernanda Mesquita


Ferreira2 escreveu:

“O terceiro pressuposto diz respeito à consagração pela crítica


especializada ou pela opinião pública. Para a comprovação desta
condição, cumpre ao administrador justificar a escolha do
contratado, na forma do art. 26, § único, III da Lei nº 8.666/93,
apontando as razões do seu convencimento nos autos do processo.

2
FERREIRA, Fernanda Mesquita. A contratação direta de artistas no âmbito da Administração Pública Federal.
Disponível em: http://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/34687/a-contratacao-direta-de-artistas-no-ambito-
da-administracao-publica-federal. Acesso em: 27/11/2019.

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É preciso distinguir a consagração do artista pela crítica


especializada ou pela opinião pública da mera qualificação
profissional. Assim, não será suficiente a demonstração de que o
artista se qualificou através de cursos na área ou a simples
comprovação de experiência profissional. Para tais casos, poderá a
Administração se valer da realização de um processo licitatório na
modalidade “concurso”, prevista no art. 22, IV c/c § 4º da Lei nº
8.666/93, ou ainda, se for o caso, uma dispensa de licitação com
base no baixo valor, nos termos do art. 24, II da Lei de Licitações”.

Na hipótese sub judice, portanto, diante dos elementos coligidos,


é patente a afronta ao art. 25 da Lei de Licitações perpetrada pela Administração
Municipal, no caso representado pela prefeita, ao contratar diretamente bandas sem
consagração.

Trata-se de mecanismo, embora ilegal, está difundido pelo Brasil


como uma prática comum, corriqueira e justificável.

IV – RESPONSABILIZAÇÃO PELOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

O fundamento para a responsabilização por atos de improbidade


administrativa repousa no artigo 37, caput, da Constituição Federal, in verbis:

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A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(…)
§ 4º – Os atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal
cabível (destaquei).

Sem sombra de dúvidas, a norma em comento ostenta caráter de


eficácia limitada, cuja aplicabilidade foi efetivada a partir da edição da Lei n. 8.429/92 –
Lei de Improbidade Administrativa –, dando concretude ao princípio da moralidade
administrativa.
Nesse contexto, o referido diploma legislativo, em seus artigos 9º, 10
e 11, definiu um rol exemplificativos das condutas ímprobas em três espécies de atos
distintos, em ordem crescente de gravidade e sanção, a dizer: a) os que importam
enriquecimento ilícito – art. 9º –; b) os que causam prejuízo ao erário – art. 10 –; c) os que
atentam contra os princípios da administração pública – art. 11.

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IV – a) DO PREJUÍZO AO ERÁRIO

Encertados exemplificadamente nos incisos do art. 10 da LIA (Lei de


Improbidade Administrativa), tem-se os casos em que o agente público provoca lesão ao
erário por meio de qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
haveres das entidades públicas mencionadas na Lei.
De mais a mais, não se pode descurar do que preconiza o inciso VIII
do art. 10 do citado diploma, a saber: frustrar a licitude de processo licitatório ou
dispensá-lo indevidamente.
Sem maiores discussões, ante a inexistência de elementos aptos a
comprovar a consagração dos grupos artísticos contratados, é evidente que os
Procedimentos Licitatórios de Inexigibilidade nº 21, 22 e 23/2019 surgiram viciados, ante a
inobservância dolosa do pressuposto elementar desse tipo de contratação direta.

Sob outro vértice, por uma ilação lógica, a Municipalidade deveria ter
aberto Processo Licitatório através de Carta Convite, de forma a observar o contido na Lei
de Licitações, consequentemente na Lei de Improbidade Administrativa.
Comprovada a ilegalidade da conduta da demandada, é forçoso
concluir pelo consequente prejuízo ao erário, na medida em que, ao burlar a Lei de
Licitação a agente, necessariamente inviabilizou que o Poder Público buscasse no
mercado a contratação da melhor proposta.
O STJ, analisando justamente o afastamento irregular de um
procedimento licitatório, redefiniu a matéria ao consagrar a possibilidade de presunção do
dano ao erário (in re ipsa), quando diante de dispensa/inexigibilidade ilegal de licitação.

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Consoante a Corte especial, não existe necessidade de


comprovação do dano em casos tais, visto que o prejuízo à Administração Pública é
inerente à própria conduta ímproba, por obstar a contratação da melhor proposta. Nesse
sentido, confira-se:
DIREITO ADMINISTRATIVO. PREJUÍZO AO ERÁRIO IN RE IPSA
NA HIPÓTESE DO ART. 10, VIII, DA LEI DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA.
É cabível a aplicação da pena de ressarcimento ao erário nos
casos de ato de improbidade administrativa consistente na
dispensa ilegal de procedimento licitatório (art. 10, VIII, da Lei
8.429/1992) mediante fracionamento indevido do objeto licitado.
De fato, conforme entendimento jurisprudencial do STJ, a existência
de prejuízo ao erário é condição para determinar o ressarcimento ao
erário, nos moldes do art. 21, I, da Lei 8.429/1992 (REsp 1.214.605-
SP, Segunda Turma, DJe 13/6/2013; e REsp 1.038.777-SP, Primeira
Turma, DJe 16/3/2011). No caso, não há como concluir pela
inexistência do dano, pois o prejuízo ao erário é inerente (in re
ipsa) à conduta ímproba, na medida em que o Poder Público
deixa de contratar a melhor proposta, por condutas de
administradores. Precedentes citados: REsp 1.280.321-MG,
Segunda Turma, DJe 9/3/2012; e REsp 817.921-SP, Segunda
Turma, DJe 6/12/2012. (REsp 1.376.524-RJ, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 2/9/2014)

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Veja-se excerto da seguinte decisão monocrática do Min. Herman


Benjamin, no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 148.306 - SP (2012/0034877-5) 3:
"(...) Acresço que a inexigibilidade indevida elimina
possível pressão competitiva em razão de inexistência de
licitação com objeto pré-definido. Com o certame regularmente
instituído, há imperativa assimetria informacional entre os possíveis
competidores, de modo a contribuir para a apresentação de um
serviço eficiente e menos oneroso à Administração Pública, o que
compõe a própria ratio da licitação e da previsão constitucional (art.
175 da CF). Nesses casos, fica caracterizado o dano in re ipsa,
consoante o teor de julgados que bem se amoldam à espécie
(REsp 1.280.321/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques,
Segunda Turma DJe 9.3.2012; REsp 1.190.189, Relator Min. Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 10.9.2010; STF, RE
160.381/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, Segunda Turma, DJ
12.8.1994).(...)"

Por fim, colaciona-se lição de Sérgio Ferraz e Lúcia Valle


Figueiredo4: “(…) quem gastar em desacordo com a lei, há de fazê-lo por sua conta,
risco e perigos. Pois, impugnada a despesa, a quantia gasta irregularmente terá de
retornar ao Erário Público”.

3
Disponível em <www.stj.jus.br> Acesso em: 27 de dezembro de 2012.
4
FERRAZ, S.; FIGUEIREDO, L. V. Dispensa e Inexigibilidade de licitação, 3ª ed., Malheiros, p. 93.

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IV – b) DA VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Os atos de improbidade administrativa consubstanciados na violação


dos princípios da Administração Pública diz respeito à não observância dos deveres de
honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, conforme se depreende
do art. 11, caput, e inc. I, da Lei 8.429/92, verbis:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta


contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou


diverso daquele previsto, na regra de competência;

Extrai-se dos documentos em anexo que a requerida ao burlar a


exigência da realização de licitação prévia por ocasião da contratação realizada mediante
inexigibilidade de licitação, bem como desrespeitaram a legalidade, impessoalidade e o
dever de eficiência ao não cumprir os procedimentos exigidos pela Lei 8.666/93 e, por fim,
violar o dever de lealdade com a administração pública, uma vez que se espera dos
agentes públicos o cumprimento da lei e uma boa representação dos interesses dos
órgãos públicos.
Ora, adotar comportamento como o que foi adotado pela
demandada, ao arrepio das normas legais e objetivando uma política clientelista, é ceifar
o espírito do Estado Democrático de Direito, em especial, o Princípio da Legalidade.

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A respeito do tema, escolia BANDEIRA DE MELLO:

(...) enquanto o princípio da supremacia do interesse público e da


sua indisponibilidade é de essência de qualquer Estado, de qualquer
sociedade juridicamente organizada, o da legalidade é específico da
supremacia do Estado de Direito, é justamente aquele que o
qualifica e que lhe dá identidade própria, por isso, considerado
princípio basilar do regime jurídico-administrativo 5.

Com efeito, deve-se ressaltar o destaque que merece o Princípio da


Legalidade, o qual repousa de forma especial em berço constitucional, e, paralelamente,
ao lado de alguns outros princípios, conformam o regime jurídico administrativo-
constitucional, de acordo com que se extrai do texto do art. 37, caput, da CF.
Insta consignar que, pelo princípio da moralidade administrativa ou
da probidade administrativa, requer-se dos administradores públicos a observância não
só da legalidade formal restrita, mas também de princípios éticos, de lealdade, de boa fé,
de regras que assegurem a boa administração e a disciplina interna na Administração
Pública6.

VI – INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA DOS RÉUS

Para melhor fixarmos os limites das afrontas, equacionarmos e


conectarmos cada conduta malquerida e ilegal dos requeridos ao respectivo princípio da
administração fustigado com as suas ações, trataremos de per si de cada uma delas.
5
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo, Ed. Malheiros, 26ª Ed., pág. 99 -100.
6
DI PIETRO, Maria Sílvia Zanela. Direito Administrativo, 13ª ed., São Paulo: Atlas, 2001, p. 647.

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No que se refere a HILDA ROLEMBERG RIBEIRO, Prefeita


Municipal, ficam evidenciadas as seguintes condutas ímprobas:
a) a formalização dolosa dos Contratos de Prestação de Serviços
nº 42, 43 e 44/2019, tendo por objeto a Contratação dos Shows das atrações musicais
alhures apontadas, em total afronta à LIA, à CF, e à Lei de Licitações, ferindo os princípios
da legalidade, impessoalidade e dever de eficiência;
b) chancelamento doloso de sua parte à JUSTIFICATIVA relativa
à Inexigibilidade de Licitação nº 21, 22 e 23/2019, ferindo os princípios da legalidade,
impessoalidade e dever de eficiência;
c) prejuízo, presumidamente causado ao erário, no valor da
contratação das bandas, qual seja, R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

No que diz respeito ao réu ADRIANO ROCHA FONTES, Secretário


Municipal de Cultura, da Juventude e do Esporte, ficam evidenciadas as condutas:

a) a Secretaria comandada pelo mesmo foi a realizadora dos


eventos, tendo requisitado e chancelado as contratações irregulares na forma exposta na
fundamentação apresentada nesta peça;

b) formalização dolosa dos Contratos já citados, realizados contra


as disposições da LIA, Constituição federal e à Lei de Licitações, tudo na forma já
exposta;
c) chancelamento doloso de sua parte à JUSTIFICATIVA relativa à
Inexigibilidade de Licitação nº 21, 22 e 23/2019, ferindo os princípios da legalidade,
impessoalidade e dever de eficiência;

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d) prejuízo, presumidamente causado ao erário, no valor da


contratação das bandas, qual seja, R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).

Dessa forma, com tais condutas nefastas, afrontou o ex-agente


político nominado os princípios da legalidade, finalidade e dever de eficiência,
incidindo, assim, nas condutas contidas nos art.10, caput, incs. VIII e art. 11, caput, e
inc. I, da LIA.
Cabe salientar que, embora seja imperioso concluir pela
existência de efetiva lesão ao erário no valor total despendido para a contratação
das bandas apontadas nesta exordial.

VII – DOS PEDIDOS


Ex positis, com espeque nos argumentos fáticos e jurídicos declinados e, também, no
que dispõem os artigos 37, 4º, do Pacto Social de 1988; 2º, 3º, 4º, 5º, 9º, 10, 11 e 12,
incisos I, II e III, todos da Lei 8.429/92, o Ministério Público do Estado de Sergipe,
REQUER:
1) Seja esta petição inicial autuada com os documentos que a
acompanham, notificando-se os réus para a apresentação de suas manifestações
preliminares (prevista no artigo 17, § 7º, da lei nº 8.429/92);

2) Após o oferecimento da aludida manifestação preliminar, ou


transcorrido o prazo legal sem sua apresentação, seja recebida a presente ação, citando-
se os réus nos endereços constantes do preâmbulo para oferecimento de contestação,
sob pena de revelia (artigo 17, § 9º, da Lei nº 8429/92) e confissão ficta quanto à matéria
fática;

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3) Seja notificado o Município de Lagarto para tomar ciência do


ajuizamento desta ação e, também, para integrar o polo ativo desta (caso queira), nos
precisos termos do artigo 17, § 3º, da Lei nº 8429/92;

4) Seja julgada totalmente procedente a presente ação, para


condenar a ré nas pertinentes sanções do inciso II (atos de improbidade que acarretam
prejuízo ao erário), e do inciso III (atos de improbidade que importam em violação aos
princípios da Administração Pública) do artigo 12 do referido diploma legal, conforme
segue:

A) No que concerne a HILDA ROLEMBERG RIBEIRO:


(i) Quanto à transgressão do art. 10, caput, e inc. VIII:
- as sanções do art. 12, inciso III, em toda a sua extensão e
plenitude.
(ii) Quanto à transgressão do art. 11, caput, e inc. I:
- as sanções do art. 12, inciso III, em toda a sua extensão e
plenitude.

B) No que pertine ao réu ADRIANO ROCHA FONTES:


(i) Quanto à transgressão do art. 10, caput, e inc. VIII:
- as sanções do art. 12, inciso III, em toda a sua extensão e
plenitude.
(ii) Quanto à transgressão do art. 11, caput, e inc. I:
- as sanções do art. 12, inciso III, em toda a sua extensão e
plenitude.

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5) a procedência da ação, com a condenação dos réus,


solidariamente, ao ressarcimento integral do valor equivalente ao dano imposto ao erário
pelas contratação (dano in re ipsa), qual seja R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais),
devidamente corrigido.

6) a condenação dos réus ao pagamento das “despesas


processuais”.

Requer, ainda, que sejam oficiados o Tribunal Superior Eleitoral para


a efetivação da suspensão dos direitos políticos dos demandados; o Banco Central do
Brasil para que este comunique às instituições financeiras oficiais a proibição de contratar
com o poder público e de receber incentivos e benefícios fiscais ou creditícios e, para o
mesmo fim, seja determinada a inclusão do nome dos réus no Cadastro Informativo de
Créditos Não Quitados do setor público federal (Cadin).

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, com especial atenção à perícia contábil, requerendo, desde já, a ouvida das
testemunhas, as quais serão oportunamente arroladas, e juntada posterior de novos
documentos.

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Por fim, para efeitos meramente fiscais, dá-se à causa o valor de R$


5.000,00 (cinco mil reais).
D. R. e A., com as peças de informação que seguem em anexo.
Termos em que,
Pede deferimento

Lagarto/SE, 28 de novembro de 2019.

BELARMINO ALVES DOS ANJOS NETO


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