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As Formações dos Grupos Sociais na Visão

Gramsciana.
Elisandro Desmarest de Souza1

FORTUNATO, Sarita Aparecida de Oliveira. Escola, Educação e Trabalho na


Concepção de Antonio Gramsci. IX Congresso Nacional de Educação –
EDUCERE, III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia . 26 a 29 de out de 2009 -
PUCPR

Sarita Aparecida de Oliveira Fortunato2, professora, pedagoga e doutora em


educação pela Universidade Tuiuti no Paraná – UTP (2016). Mestre em Educação pela
mesma universidade, sobre Políticas Públicas e Gestão da Educação (UTP 2007).
Especialização em Organização do Trabalho Pedagógico (UFPR, 2013) e Magistério da
Educação Básica: Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental
(UNIBEM/IBPEX, 1999), graduada em Pedagogia pela (PUC-PR, 1992). É membro do
grupo de pesquisa na Universidade Tuiuti do Paraná, sobre ¿EVOLUÇÃO DA
CULTURA PROFISSIONAL DOCENTE NO BRASIL?, sob a coordenação da Profª.
Dra. Naura Syria Carapeto Ferreira, e, como Profº. Consultor Dr. Mariano Fernandes
Enguita, Universidade Complutense de Madri/Espanha.
O referido artigo dividiu-se em quatro partes, sendo que a primeira parte é a
introdução; segunda parte Hegemonia e visão de mundo; terceira parte Escola,
educação e trabalho: o pensamento Gramsciano e quarta e última parte a autora faz
uma breve conclusão.
Na introdução Fortunato nos mostra o quanto na história da humanidade às
formações de grupos sociais, assim como suas culturas são conduzidas pelo pensamento
das maiorias, as práticas diárias são regidas pela convivência do dia-dia o qual
determina valores e ideias da maioria desse conjunto social. Ela explana que na visão de
Gramsci somente conhecendo a fundo o dinamismo das crenças populares poder-se-ia
manter, aprimorar ou ate mesmo aperfeiçoar a ordem social.
Na segunda parte do artigo cujo titulo é Hegemonia e visão do mundo a autora
explana sobre a complexidade subjetiva do ser humano e como sua conduta moral pode
contribuir na modificação tanto na contemplação do mundo, como na maneira de pensar
de uma sociedade. Pois ela expõe que cada indivíduo mesmo não sendo um filósofo ou
um intelectual, ele tem seu papel de “filósofo espontâneo” dentro da sociedade assim
podendo ajudar na construção da mesma com sua “filosofia espontânea”, e da mesma
forma poder ajudar na orientação das ações dessa sociedade e com seus anseios
reivindicar melhoria para seu futuro, podendo assim formar através dessa consciência
critica cidadãos que buscam uma mudança de perspectiva de vida não só para ele, mas

1
Graduando em Filosofia na Universidade Federal de Rondônia.
e-mail elisandro_souza_2006@hotmail.com
http://lattes.cnpq.br/0684841892216928
2
http://lattes.cnpq.br/6745632969673131
para toda a sociedade. Igualmente a concepção de mundo que surge através dos grupos
que esses indivíduos estão inseridos e com eles se relacionam entre si, e criando uma
ordem estabelecida por esses grupos, ou seja, uma hegemonia de ideias consolidadas o
qual transforma união desses indivíduos em um bloco de massas objetivos. As suas
relações sociais de produção são bases para formação de uma sociedade de massa, a
qual será orientada em sua vida cotidiana e em sua formação de conduta coletiva, e a
parti disso servir as necessidades dos grupos dominantes. No presente artigo a visão de
Gramsci é de uma sociedade organizada, porém com o compromisso moral com seus
cidadãos, e que eles tenham uma consciência crítica e que sua classe trabalhadora seja
ativa para poder brigar por seus direitos e melhorias da sociedade. O individuo deve
estabelecer uma nova forma de pensar, deixar de lado o pensamento hegemônico das
classes dominantes e assim poder decidir o que é melhor para as classes de base.
“Escola, educação e trabalho: o pensamento gramsciano” é a terceira parte do
artigo o qual discorre sobre os processos de interação social na formação do individuo e
na indução desse mesmo individuo em uma sociedade capitalista, pois sendo a escola
um meio fundamental para a educação do homem, ela, através de seus atributos, é o
meio para o homem aprender por intermédio da disciplina a fazer suas escolhas. Para
Gramsci o problema das escolas era a forma que o Estado geria sua política escolar e o
medo de que a igreja pudesse ampliar seu domínio na educação da sociedade. Assim
propôs que a escola formasse indivíduos com preparações mais técnicas e autônomas,
assim a escola não ficaria somente no campo da teoria, mas também estenderia para o
campo da prática, claro que respeitando a individualidade de cada aluno, dado que as
escolas capitalistas não fazem com seus indivíduos. Para Gramsci o homem deve estar
sempre em sintonia com a natureza de seu trabalho, ele deve ter amplos conhecimentos
científicos, técnicos e filosóficos. Na política Gramsci realça que o individuo deve ser
ético e seus princípios devem estar em primeiro lugar com o compromisso com a
sociedade. Para ele o Estado é o principal educador, ou seja, na parte política a educação
deve ser feita com base na coerção, e na sociedade civil a educação era adquirida
através do convívio sócio-cultural escolar, familiar entre outros. No presente artigo,
Fortunato realça que política e economia eram “dois lados da mesma moeda”, pois as
mesmas estavam interligadas, sendo assim a educação deveria ser voltada a importância
do trabalhador e não dos interesses da burguesia. Um trabalhador com uma boa
educação poderia melhorar seu entendimento e conhecimento, assim reconhecendo seu
lugar correto no contexto social e poder também criar lideres capazes de conduzir um
novo Estado governado pelo proletariado. A autora aborda também que Gramsci
defendia uma escola unitária para o proletariado diurna e noturna onde a educação era
conduzida pelos professores e com a assistência dos melhores alunos, uma escola onde
os valores humanistas seria a essência do aprendizado, juntamente com a autodisciplina
e uma autonomia moral, assim possibilitando uma especialização cientifica ou prático-
produtiva. O ideal gramsciano era uma escola onde formasse livres pensadores e
autônomos, e não apenas indivíduos presos a uma concepção de mecanicidade do
trabalho.
Na quarta e última parte a autora destaca que mesmo com o passar dos anos e da
evolução que as técnicas do trabalho e a informatização do mesmo, a educação ainda é
por muitas vezes ditadas pelas regras da superestrutura social, ela compara a sociedade
italiana analisada por Gramsci, a atualidade brasileira, onde a falta de investimento e
qualidade do ensino público, apenas produz operário de baixa qualidade intelectual e
com a capacidade apenas de trabalhar para que a superestrutura ou a burguesia possa
manter seu estilo de vida. Uma escola que conduz o individua a aceitar seu status social
e não questionar seu verdadeiro valor dentro do contexto sócio-político-econômico de
sua sociedade. Essa escola que deveria formar cidadãos capacitados, autônomos e
críticos, forma seres alienados prontos para servir apenas de massa de manobras de
governos corruptos e ditadores.

O objetivo da autora é abordar a formação do pensamento de uma sociedade


onde o mesmo se forma através da concordância de uma maioria dominadora, e para
que isso não ocorra, a educação do individuo deve ser de qualidade e igualitária. Cabe
destacar também a participação do “filosofo espontâneo”
No entanto, concordo com o autor em relação a sua visão que o trabalho é o
ponto primordial de uma boa educação e também na forma de ensino para o intelectual,
porém não é porque seja de uma visão socialista ou capitalista e sim que visa buscar
conciliar uma igualdade que beneficie a todos sem interferência do estado. Porém, fica
sempre aquela dúvida, quando se fala em hegemonia, entende-se de um domínio de um
país ou classe sobre o outro, então, o autor realmente busca essa igualdade ou seria
apenas uma troca de “senhor-escravo”. Indico a obra Fortunato para ser lida por pessoas
comuns para poderem ter mais conhecimento do que seria uma “luta de movimentos
sociais”, também para professores que levariam estes conhecimentos e pode debater
com seus alunos (claro que se a “escola sem partido” não vingar) assuntos políticos-
econômicos-sociais, assim tornar seus alunos melhores pensadores e cidadãos.

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