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ANTEPROJETO DE PESQUISA
PORTO VELHO
19/07/2019
RENAN FELIPE SILVA DO AMARAL
CPF 988.095.122-00
PORTO VELHO/RO
2019
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SUMÁRIO
RESUMO ....................................................................................................................... 04
PROBLEMÁTICA E DELIMITAÇÃO......................................................................... 04
OBJETIVOS................................................................................................................... 04
Geral ......................................................................................................................... 04
Específicos ............................................................................................................... 04
DISSERTAÇÃO ............................................................................................................ 13
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1. RESUMO
Na primeira metade do séc. XX, a Alemanha viveu sob a sombra da ideologia totalitária do
Nacional-Socialismo. Não obstante, houve, por parte do povo alemão, aprovação e
consentimento, tornando esse período histórico propício a questionamentos dos mais variáveis
níveis. Utilizando-se da investigação filosófica de Eric Voegelin, este trabalho acadêmico
buscará instrumentos teóricos que permitam compreender tal período na História. Além disso,
tendo em vista os acontecimentos de junho de 2013, ocorridos em diversas cidades brasileiras,
o presente trabalho irá traçar uma leitura paralela entre os acontecimentos do séc. passado e os
eventos trazidos pela recente história brasileira. Também será oportuno retratar a figura do
intelectual como a instância individual de resistência, pela qual, a consciência individual busca
imunidade diante da estupidez, isto é, diante da recusa de participação no transcendente. Em
outras palavras, uma forma específica de declínio espiritual.
2. PROBLEMA E DELIMITAÇÃO
Quais são os tópicos trazidos por Eric Voegelin, em sua análise a respeito do espírito totalitarista
presente na ideologia nacional-socialista, realizada em Hitler e os Alemães, que poderiam
contribuir numa abordagem filosófica da atual conjuntura política brasileira?
3. OBJETIVOS
3.1. Geral
Identificar na filosofia de Eric Voegelin, sobretudo em sua obra Hitler e os alemães,
conceitos que identifiquem aspectos do espírito totalitarista.
3.2. Específicos
Apresentar a filosofia de Eric Voegelin;
Delimitar a gênese do fenômeno totalitarista europeu, em especial o nacional-
socialismo, tendo em vista a obra Hitler e os alemães;
Abordar a atual conjuntura política brasileira, utilizando-se de instrumentos
teóricos provenientes da filosofia de Eric Voegelin.
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4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1
cf. artigo de Marcelo de Souza Cleto, Recepção Brasileira de Eric Voegelin (Revista de Filosofia Síntese).
2
Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982). Sociólogo e político brasileiro, figurou entre os maiores colaboradores
da evolução da sociologia na segunda metade do séc. XX.
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Em sua obra Raízes da modernidade, Lima Vaz mostra a contribuição de Voegelin na
busca por uma reconstituição genética da modernidade (o novo diante do velho), indo em
direção a uma leitura axiológica da modernidade, por meio do conceito de gnose. Segundo Lima
Vaz, Voegelin enxerga uma inversão na modernidade, que contraria a direção para a
Transcendência, típica para o espírito humano.
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duas geraria confusão, pois “a perda de realidade se expressa na perda de contato das palavras.
As palavras adquirem sua própria existência, a linguagem torna-se uma realidade independente
em si mesma.” (VOEGELIN, 2008, p. 327). Somado a essa distinção, Voegelin identifica o
período que se seguiu ao do romantismo alemão como opaco. Pois, diante da perda do brilho
de figuras notáveis, emergiu na história do pensamento ocidental figuras como Marx,
Nietzsche, Freud e Weber. Trazendo uma linguagem sui generis, cada um, ao seu modo,
trouxeram descrédito ao gênero humano, alimentando uma visão antropológica que via a
humanidade sob a ótica do poder, do conflito e do instinto, pois buscavam “descobrir valores
como máscaras de interesses, conflito e instinto” (VOEGELIN, 2008, p. 336). Produzia-se,
então, linguagens separadas, incapazes de comunicarem-se reciprocamente. Antevendo
características do pensamento filosófico do sec. XX, Voegelin, diante disso, exorta a uma
redescoberta duma linguagem pública do filosofar, capaz de apropriar-se das filosofias
particulares e produzir sério diagnóstico da situação filosófica da sua época. Por fim, Voegelin
aponta para uma maior investigação a respeito do abismo que se dá entre o idealismo alemão
(séc. XVII-XIX) e o período que se seguiu (1830 por diante) como ponto de partida para maior
compreensão das razões para o surgimento do fenômeno do nacional-socialismo.
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... a combinação de uma personalidade forte e de uma inteligência enérgica
com uma deficiência de estatura moral e espiritual; de consciência messiânica
com o nível cultural de um cidadão da era de Haeckel; de mediocridade
intelectual unida à autoestima de um soba provinciano; e do fascínio que uma
tal personalidade poderia exercer num momento crítico sobre pessoas de
espírito provinciano e com mentalidade de súditos (VOEGELIN apud
MENDES, 2008, p. 14).
Não só o alemão típico dos anos 30 possuía alguma responsabilidade pelo surgimento
de Hitler, mas a mesma sociedade que, no período do pós-guerra, buscou reconstruir a nação
alemã, também sofria da mesma condição degenerada. Nesse sentido, Mendes orienta: “que um
homem assim [Hitler] se tenha tornado o representante do povo alemão só mostra que o declínio
e a ascensão espirituais são caminhos sempre em aberto na História” (2008, p. 15).
Richard Evans, no prefácio de “Terceiro Reich: Na história e na memória. Crítica.”,
faz um resumo do que as últimas décadas proporcionaram às interpretações do que significou
o Nacional-Socialismo. Para Evans, o
Além disso, no que se refere aos horrores do nazismo, Evans aponta na mesma direção
que Voegelin, ao mostrar personalidades ilustres do mundo empresarial/industrial que
mantinham-se camufladas em meio ao clima pós-guerra, mas que detinham uma biografia
profundamente mesclada com as atrocidades nazistas. Diz Evans:
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países e em outros momentos históricos. Aqui, mais uma vez uma mudança
de perspectiva trouxe à baila dividendos (EVANS, 2018, paginação irregular)
(destaques nossos).
Urge estar atento à expressão “mudança de perspectiva”, pois espera-se encontrar fontes
bibliográficas de diferentes matizes e, necessariamente, diferentes tradições, a respeito do
mesmo objeto de estudo. Assim como Voegelin necessitou extrair a gênese das ideias, este
trabalho atentará às diversas correntes de interpretação a respeito do significado que há no
surgimento das ideologias totalitárias na história da humanidade. Ora, tal acontecimento não
está meramente registrado nos livros de História, mas faz parte de um movimento de
consciência que abarca diversas correntes de pensamento e que, certamente, atinge a atual
geração. Pois assim diz Evans:
“O nazismo, por exemplo, aparece em obras recentes como uma ideologia que
bebeu nas fontes mais variadas, de países tão díspares quanto a Rússia e a
França, a Itália e a Turquia, em vez de ser a culminação de tradições
intelectuais exclusivamente alemãs como se costumava julgar” (EVANS,
2018, paginação irregular).
Por fim, a busca por uma fundamentação histórica, neste trabalho, estará em busca de
explicitar o papel do indivíduo alemão, diante da emergência totalitária. Não se quer perder de
vista o princípio antropológico, proposto por Voegelin, ao demonstrar suas razões em explicar
a consolidação do nazismo alemão. A sociedade é um ser humano em maior escala. Portanto, a
maneira como a sociedade alemã atuou, durante aqueles anos, é material de estudo. Ademais,
também interessa a esse trabalho, investigar o procedimento pelo qual o nazismo obteve
aceitação perante a nação alemã. Trata-se de um trabalho sutil e astuto, pois obteve aceitação
da sociedade na implantação de uma ditadura. Nesse sentido, é oportuno o resumo deste
paradoxo feito por Evans:
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sobre o valor de tais acontecimentos. O presente trabalho buscará coletar uma série de
perspectivas que ilustrarão essa diversidade. No entanto, adotará um filtro cético perante tudo
isso, pois tamanha variedade de perspectivas mostra certa incompreensão a respeito do que foi
as manifestações de junho de 2013. Nesse sentido, as questões levantadas por Morgenstern são
oportunas:
O que deu errado? Por que milhões de pessoas que juravam estar mudando o
Brasil passaram a olhar manifestações políticas parando ruas com o mesmo
desprezo de sempre? Por que tantos ânimos exaltados com uma causa
repentina uniram um país, mas não se repetiram com outras tentativas de
manifestações, que voltam a parar cidades quase semanalmente? (2015,
paginação irregular).
É no meio desse debate, dessa troca de ideias e ideais que esta obra surge. [...].
Apenas uma exposição das diferentes visões, onde cada um expõe seu olhar
sobre o mesmo tema [...]. Uma obra rica, com grandes nomes e pensadores,
em que [...] revelam o que pensam sobre esta onda de vozes que ganharam as
ruas do nosso país e nos despertam para a nossa realidade atual (2014,
paginação irregular) (destaque nosso).
O destaque para a palavra “despertam” não se dá por acaso. Na verdade, há uma rica
tradição filosófica para o significado de despertar. Porém, não existe consenso sobre o
significado do que seja dormir e o que seria vigília. Nesse sentido, é, no mínimo, curioso
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perceber o uso desta palavra ao descrever o efeito dela sobre a consciência política atual. No
que se está dormindo? Para aonde deve-se manter o estado de alerta?
A escolha no uso dos termos revelam o sentido das ideias presentes na consciência
individual. Nesse sentido, há de se atentar para o vocabulário presente nas abordagens
realizadas pelos, autoproclamados, intelectuais públicos. Pois, como diz Morgenstern:
O nazismo não surge pedindo câmaras de gás para judeus, e sim “espaço vital
para o povo alemão”; Lenin não faz a Revolução Russa em nome do Gulag e
dos paredões, mas pedindo ‘pão e terra’ para o ‘proletariado’. Fazer
manifestações políticas calcadas em slogans, sem nenhuma substância
concreta além de berrar ‘chega!’ contra a ordem atual, é o maior perigo que a
humanidade já enfrentou (2015, paginação irregular).
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deverá ser guia diante do caos e da desordem presentes no mundo, pois será a medida de
aferição do nível de brio de quem se denomina intelectual.
6. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Tema, Problema
Bibliografia
Documentação
Elaborar projeto
Pesquisa
bibliográfica
Escrita/produção
da dissertação
Revisão
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7. SUMÁRIO DOS CAPÍTULOS E SEÇÕES A SEREM DESENVOLVIDOS NA
DISSERTAÇÃO
TOTALITÁRIA .......................................................................................................................00
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BIBLIOGRAFIA BÁSICA
HENRIQUES, MENDO CASTRO. PREFÁCIO. IN: VOEGELIN, ERIC. HITLER E OS ALEMÃES. SÃO
PAULO: É REALIZAÇÕES, 2008.
LIMA VAZ, HENRIQUE CLÁUDIO. RAÍZES DA MODERNIDADE. SÃO PAULO: LOYOLA, 1997.
MORGENSTERN, FLÁVIO. POR TRÁS DA MÁSCARA: DO PASSE LIVRE AOS BLACK BLOCS, AS
MANIFESTAÇÕES QUE TOMARAM AS RUAS DO BRASIL. RIO DE JANEIRO: RECORD, 2015.
FORMATO EBOOK. EDIÇÃO DO KINDLE.
1982.
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______. ANAMNESE: DA TEORIA DA HISTÓRIA E DA POLÍTICA. SÃO PAULO: É REALIZAÇÕES,
2009.
______. HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS – VOL. 2: A IDEIA MÉDIA ATÉ TOMÁS DE AQUINO.
SÃO PAULO: É REALIZAÇÕES, 2012.
______. HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS – VOL. 3: A IDADE MÉDIA TARDIA. SÃO PAULO: É
REALIZAÇÕES, 2013.
______. HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS – VOL. 4: RENASCENÇA E REFORMA. SÃO PAULO:
É REALIZAÇÕES, 2014.
______. ORDEM E HISTÓRIA – VOL. 1: ISRAEL E REVELAÇÃO. SÃO PAULO: LOYOLA, 2014.
______. ORDEM E HISTÓRIA – VOL. 2: O MUNDO DA PÓLIS. SÃO PAULO: LOYOLA, 2012.
______. ORDEM E HISTÓRIA – VOL. 3: PLATÃO E ARISTÓTELES. SÃO PAULO: LOYOLA, 2015.
______. ORDEM E HISTÓRIA – VOL. 4: A ERA ECUMÊNICA. SÃO PAULO: LOYOLA, 2014.
______. ORDEM E HISTÓRIA – VOL. 5: EM BUSCA DA ORDEM. SÃO PAULO: LOYOLA, 2010.
VV. AA. NÃO É POR CENTAVOS: UM RETRATO DAS MANIFESTAÇÕES NO BRASIL. RIO DE
JANEIRO: ED. LIGA, 2014. FORMATO EBOOK. EDIÇÃO DO KINDLE.
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