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INSTRUÇÕESPRÁTICAS

Sob os olhos da Clarividente Neiva – Mário Sassi

F ascículo 1
Prefácio para os Médiuns do Vale do Amanhecer

Caro Médium:
Este folheto é dirigido a você como Médium da Corrente. No momento que
você recebeu sua emanação, no seu primeiro dia como principiante você já se
tornou Médium do Templo do Amanhecer.
A partir desse ponto, seu problema é desenvolver suas qualidades
Mediúnicas. Estas Instruções são para lhe ajudar de maneira prática e objetiva.
Elas lhe ensinarão como se movimentar no Vale e no Templo, como usar seu
uniforme e como se adaptar no quotidiano da vida Mediúnica.
Naturalmente, seu desenvolvimento não vai depender de coisas escritas,
de leituras e aulas. Este trabalho apenas irá complementar as coisas que você vê
e ouve no decorrer de seu desenvolvimento.
Use-o como um livrinho de bolso, para você ler na condução ou nos seus
momentos de folga. Se houver mais alguma coisa que você ache que está
faltando, procure seu instrutor ou qualquer Mestre mais experiente. Temos
certeza que alguém irá lhe informar o que você pretende.
Temos à sua disposição 7 fascículos (Instruções Práticas para os Médiuns)
que deverão ser adquiridos de conformidade com as orientações dos Mestre
Instrutores, bem como os livretos de Pequenas Histórias e outras obras publicadas
sob os olhos da Clarividente Neiva, doutrinariamente destinadas a somar valores
essenciais ao seu melhor posicionamento. Os títulos são:
- O Vale do Amanhecer;
- Tia Neiva - Autobiografia Missionária;
- Série Pequenas Histórias (Fascículos 1 ao 7)
- Mensagens de Pai Seta Branca
- Luz do Amanhecer
- Hinos Mântricos e Preces
Lembre-se apenas que nossa Doutrina é dinâmica, isto é, as instruções dos
planos espirituais fluem constantemente pelos emissários do Céu e, já existe um
mundo fantástico de conhecimentos registrados em “cartas” que aos poucos você,
caro médium, irá no transcorrer de sua jornada se familiarizando e conquistando o
direito de adquirir.
Não será por falta de informações que você irá “estacionar” sua
mediunidade.
Boa sorte!
Mário Sassi
Trino Tumuchy
(em memória)
INSTRUÇÕESPRÁTICAS
Sob os olhos da Clarividente Neiva – Mário Sassi

P refácio para o Leitor Estranho à Corrente


Caro leitor:
Este folheto é dirigido aos Médiuns do Vale do Amanhecer.
Embora não haja objeção que seja lido por outras pessoas, apenas
queremos lembrar que ele será mais bem assimilado por quem estiver
participando das atividades Mediúnicas do Vale.
Na verdade ele é apenas um registro das posições básicas do Vale do
Amanhecer mostrando suas finalidades posição técnica, doutrinária e mística.
É também verdade que nossos Médiuns não dependem de material escrito
para sua participação, uma vez que o conhecimento da Doutrina do Amanhecer é
adquirido mais pela Mediunidade que pelo intelecto.
Sem dúvida existe um aprendizado inicial, no qual entram os processos
imitativos e sensoriais. Mas, tão pronto o Médium se familiariza com o sistema ele
aperfeiçoa mais a percepção Mediúnica que a sensorial.
Por meio de "Mantras", "chaves", cantos, gestos, indumentárias, e horários,
tudo formando um conjunto ritualístico, se estabelece um intercâmbio
ectoplasmático entre o Médium e a Corrente. Isso muda seu teor fluídico e o
impregna com as energias espirituais manipuladas no Templo.
O resultado é o clareamento fisiológico que abre a percepção extrasensorial.
O Médium passa a perceber as coisas de seu campo consencional que
antes não eram registradas pelo seu "eu".
Por esse processo ele se torna esclarecido sem artifícios, de acordo com
sua formação psíquica e sua cultura, sem falsas submissões à dogmatismos que
produzem dúvidas e angústias.
Só o mediunismo sem retoques ou superstições garante o respeito ao livre
arbítrio, e toma possível a modificação do individuo de dentro para fora, a única
mudança de comportamento que se faz sem criar dependência e que permite o
equilíbrio Individual.
Esse é o motivo básico pelo qual não se sujeita o Médium do Vale do
Amanhecer a leituras obrigatórias. Mas, uma vez aprendido o sistema do Vale,
nada há que se objete à leitura, que sempre pode acrescentar algo à
personalidade. Essa é a razão deste manual prático, que vamos colocando nas
mãos dos leitores em capítulos, para não se tornar cansativo.
Boa Sorte!

O Editor

INSTRUÇÕESPRÁTICAS
Sob os olhos da Clarividente Neiva – Mário Sassi

1. Como você ingressou no desenvolvimento.


Antes de se tornar Médium do Vale do Amanhecer você era um simples
paciente, um cliente ou freqüentador.
Você consultou um Preto Velho ou Tia Neiva e lhe foi dito: "Meu filho, você
tem muita mediunidade, você precisa desenvolver".
Nessa altura, você está convencido de que a única maneira de endireitar
sua vida, sarar daquela doença ou afastar as dificuldades, é se desenvolvendo.
Você então é encaminhado a um serviço especializado. A Ninfa responsável
lhe fez algumas perguntas, escreveu seu nome e seus dados em uma folha
Impressa e mandou que você começasse no domingo seguinte. Você então voltou
para sua casa com uma autorização para desenvolvimento".
2. Como você começou.
Se ingressou no Corpo Mediúnico pelos processos normais, você começou
assim: No domingo seguinte ao recebimento da autorização, se apresentou ao
Templo as 10 horas da manhã e sentou-se junto com os outros candidatos. Várias
vezes deve ter ouvido a palavra "novato" e isso é o que você era.
Das 10 às 11 horas o Mestre responsável pela palestra explicou através dos
alto-falantes o que era a Corrente, quais as razões da Mediunidade, o que poderia
ser feito e o que não poderia ser feito. Nessa ocasião deve ter sido dito:
“Para ser Médium da Corrente Indiana, a pessoa não pode tomar Álcool,
nem uma gota, e isso não tem meio termo".
Você deve ter ouvido também que o Vale não faz campanha antialcoó1ica,
nem se importa que seus clientes bebam. O problema do álcool é colocado em
termos técnicos da mediunidade e do perigo que isso representa para o Médium.
Foi dito também:
"A razão básica pela qual as pessoas precisam se desenvolver é o seu
equilíbrio pessoal, a realização do programa feito pelo seu espírito, antes de vir
para este Planeta, antes de reencarnar". E também:
"A mediunidade é uma arma que Deus lhe deu para se defender. Conforme
o uso que você fizer dela, você pode ferir a si mesmo. Por isso ela é um espinho
atravessado na carne".
Com essa explicação você então compreendeu que a mediunidade é um
fato natural e que todos os seres humanos a têm. Mas o que mais o
Impressionou, provavelmente, é de ter ouvido que espiritismo é doutrina da vida e
não da morte!
De fato é assim. A verdadeira religião é a vida de cada um, as obrigações,
as pessoas que o cercam, seus fitos, seus pais, seus irmãos, seus companheiros
de profissão, seu vizinho no ônibus, enfim, seu próximo e sua vida do dia a dia.
Da maneira que você se comportar a cada momento é que é sua religião. Se você
vive doente e desanimado, pobre, mal vestido, de mau-humor, cercado de
espíritos desencarnados de baixo padrão vibratório, que espécie de amor você
está dando ao "seu próximo", que "religião" é a sua?

Agora veja o outro lado da moeda: você se desenvolve, ou melhor,


desenvolve suas qualidades Mediúnicas amparado pelo Sistema Crístico, dentro
das normas que o Mestre Jesus preparou para este Planeta nestes 2000 anos.
Você aprende o valor da humildade, da tolerância e do amor ao próximo. Você
descobre que não é o pobre coitado que chegou ao Templo pedindo socorro, mas
sim que tem uma vasta experiência de milhares de anos - você descobre o acervo
do seu próprio espírito!
A partir dai você começa a "vencer na vida", isto é, sua mente se torna
mais clara, suas decisões são mais seguras, suas dores são menos sofridas e você
começa a se realizar. Você agora pratica a religião da vida!
A partir daí as pessoas começam a gostar mais de você e a achar que você
é uma boa pessoa, começam a vibrar favoravelmente a você!
"Nós podemos avaliar nossa posição neste universo, a cada momento, pelo
balanço entre as vibrações positivas e as negativas que nos atingem".
Assinalando isso, você aprende a cultivar as vibrações favoráveis do seu
próximo - você aprende que é mais negócio fazer amigos do que inimigos!
Assimilando essas idéias, você começou a ser um Médium do Vale.
3. O começo do desenvolvimento
Depois da palestra, ainda no seu primeiro dia de desenvolvimento, você foi
submetido a um teste dentro de um processo especial e isso foi muito importante.
A partir desse trabalho, as "águas do rio de sua vida" passaram a correr em outro
canal – o canal mediúnico. Desse momento em diante começa sua abertura
chácrica – abertura dos "Chacras".
"Chacras" são pontos de captação e transmissão de força espiritual, que
existem na periferia do corpo, sob a pele, com ligação com seu perispírito.
Para você ter uma idéia aproximada do seu perispírito, imagine que você
seja circundado por uma fina parede de plástico transparente e flexível que forma
um oval. Ela é de matéria etérica e por isso não interfere com o seu mundo físico,
de forma perceptível pelos seus sentidos.
Nessa parede existem alguns pontos parecidos com tomadas de
eletricidade, dessas que a gente tem na parede de casa. Através deles você
recebe a energia do seu mundo espiritual e transmite os anseios de sua alma.
Bem em cima da sua cabeça existe o "Chacra" Coronário. Esse "Chacra"
alimenta a força do Doutrinador. Pouco acima do seu est6mago, fica situado o
"Chacra" Umbilical, na região do seu Plexo Solar. Esse "Chacra" é que proporciona
o desenvolvimento maior do Médium Apará. Além desses, existem outros que têm
funções diferentes. Votaremos a falar deles mais tarde.
Depois do trabalho de "inversão de corrente", feito nos Tronos, você foi
submetido a um teste de mediunidade. Depois disso você e nos ficamos sabendo
com que tipo de mediunidade seu espírito decidiu exercer esta missão na Terra.
Veja bem, não somos nós que "damos" a sua mediunidade. É você que já a traz
consigo, nós apenas verificamos.
Sua primeira manifestação Mediúnica é na presença do seu Mentor. O
Mentor é um espírito da esfera superior, um pai ou mãe espiritual que sempre
guiou os seus passos na Terra. Alguns o chamam de "anjo da guarda".
O teste mediúnico consiste exatamente na "chamada do Mentor". Se você
for Doutrinador, o Mentor concentra o contrato na sua cabeça, no seu "Chacra"
coronário. Com isso você sente a cabeça um pouco mais quente, mas fica
completamente consciente. Se você for Apará (incorporação) a influência é maior
no Plexo Solar, no "Chacra" umbilical. Nesse caso você perde um pouco a
consciência e sente a pressão na região do estômago.
A partir dai você se definiu: Doutrinador ou Apará.
No domingo seguinte você foi encaminhado a um Instrutor. Doutrinador ou
Apará, aqui estão as coisas fundamentais que você deverá saber:
4. Como agir nos primeiros dias de freqüência
Desde que completou seu primeiro dia de desenvolvimento, você deixou de
ser cliente para ser Médium. Embora você não perceba isso, com muita nitidez,
existe uma diferença muito grande entre um e outro, o visitante vem unicamente
para ser servido e, você agora se dispõe a se preparar para servir.
Por isso não convém que você continue freqüentando como cliente
passando pelos Setores de Trabalhos. Você só deve fazer isso se tiver um motivo
muito forte e assim mesmo mediante orientação. Desde o momento em que se
tornou Médium, tudo que você precisa deverá ser obtido pela sua Mediunidade e
não pela mediunidade dos outros.
5. Horários
Procure fazer o possível para não interromper a freqüência do
Desenvolvimento.
A sirene do Templo é acionada faltando quinze minutos para as 10: 00 e de
preferência, procure logo se localizar no interior do mesmo, buscando com
naturalidade a sintonia com seus Mentores. Não se descuide, a palestra antes de
tudo uma preparação do ambiente...
6. A sirene do Templo
Depois que ela toca você tem sempre 15 minutos para se apresentar ou
para encerrar seu trabalho.
Código dos toques da sirene:
1 Toque (longo) - Encerramento do trabalho oficial e retiro.
2 Toques (médios) - Convocações para:
Reuniões -Trabalho Especial - Determinados trabalhos.
3 Toques (1 curto - 1 médio - 1 longo)
Intercâmbios do retiro e abertura do trabalho oficial.
4 Toques - Emergência - Reunido de todos que se acharem no vale. E
também, toques de meia em meia hora das 10:00 horas da manhã às 18:00
horas, no caso do desencarne de um Mestre.
Obs: Determinado trabalho especial, situação de emergência e nos casos
de desencarne, antes de tocar a sirene, o Mestre deverá estar autorizado por um
dos Mestres Trinos Presidentes: Arakém, Sumanã, Ajarã.
7. O ritual básico
Use a expressão "Salve Deus"!
a) Sempre que cruzar com outro Médium, aqui ou fora do Vale;
b) Quando cruzar o portão do Vale entrando ou saindo:
c) Ao entrar ou sair do Templo.
Entre no Templo de preferência pelo lado esquerdo. Ao atravessar o portal
diga "Salve Deus!" e abra os braços de frente para a Pira. Faça o mesmo ao sair,
não importa quantas vezes você entrar ou sair.
Não converse a não ser o estritamente necessário, assim mesmo em voz
baixa. Procure sair pelo lado esquerdo. A circulação é melhor no sentido dos
ponteiros do relógio.
Sempre que você chegar ao Templo, se prepare mentalmente. De
preferência ore um "Pai Nosso". Em seguida faça a sua preparação. Nesse caso
existem duas hipóteses: você chegou no horário de abertura ou chegou com os
trabalhos em andamento.
8. Ritual de abertura
A fila é formada a partir dos Presidentes do trabalho que ficam bem em
frente da presença divina (entre o sol e a lua) seguidos dos comandantes dos
demais setores trabalho.
As Médiuns ninfas (mulheres) ficam à sua esquerda; os homens ficam à
sua direita. Todos devem ficar com as mãos cruzadas atrás, a uma distância
mínima de 20 centímetros mais ou menos, entre um Médium e outro.
O Presidente dá o sinal (às 10 ou 15 horas em ponto) e todos começam a
cantar Maianti. O Presidente faz a sua preparação e a chave de abertura. Em
seguida, o segundo e o terceiro e dai por diante passa uma Médium Ninfa, depois
um homem e dai por diante, até o último.
Cada um que passa pela Pira faz a chave de preparação: "Senhor, Senhor,
faze a minha preparação, para que neste instante possa eu estar contigo", segue
depois para a frente da mesma e, abrindo os braços diz: "Meu Senhor e Meu
Deus". Segue depois para a base da mesa triangular e, abrindo os braços de
frente para a Pira repete: "Meu Senhor e Meu Deus".
Se você chegar com os trabalhos em andamento faça a mesma coisa,
porém sem precisar cantar Maianti.
De qualquer forma, em conjunto ou só, quando você termina o Ritual de
Abertura, isso deve significar que você já está mediunizado.
9. Mediunização
A mediunização é o fator básico e mais importante da vida do Médium, por
isso vamos nos alongar um pouco mais sobre isso neste folheto.
Para você entender bem a mediunização é preciso que você saiba algo
fundamental sobre você mesmo. Procure nos seguir com sua imaginação.
Um dia, na Eternidade, seu espírito foi criado por Deus. É como se Deus
fosse uma nuvem muito grande, uma dessas nuvens de chuva e seu espírito fosse
uma das gotas de chuva que caiu da Nuvem Deus. É lógico que essa gota de
água-chuva é feita da substância da Água-Nuvem-Deus.
Só que, uma gota de água é água, mas não é a água. Entendeu? A gota é
água, mas não é toda a água. A gota é um pouco de água individualizada.
Assim, a partir do momento que se destacou de Deus, seu espírito passou
a ser uma Individualidade, algo destacado, algo separado.
Como uma gota de chuva que cai sobre terra, seu espírito iniciou uma
trajetória, um caminho, um destino.
Agora pense quanta coisa pode acontecer com uma gota de água!
Ela pode se dissolver na terra, cair sobre uma planta e ser sugada por ela,
misturar-se com outras gotas e se tornar apenas água. Ela pode se sujar, se
colorir, ser mais transparente ou mais opaca, etc...
Depois ela pode virar vapor e subir de novo para a nuvem. Em seguida ela
pode descer de novo e tornar a subir. Mais ou menos assim é a vida do seu
espírito! Talvez você tenha mais imaginação e possa arranjar uma comparação
mais feliz. Mas cremos que você entendeu a idéia, não é verdade?
Pois bem, partamos agora para a idéia das encarnações.
Seu espírito está em alguma parte deste Universo e seu sonho é voltar
para Deus. Provavelmente ele estará em "alguma morada do Pai" como disse o
Mestre Jesus no seu Evangelho. Mas, desde o momento que você, ou melhor, seu
espírito partiu de Deus, ele se arranhou, empoeirou, sujou e se poluiu. Para voltar
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Sob os olhos da Clarividente Neiva – Mário Sassi
para Deus ele terá que se purificar de novo, ficar transparente, límpido como a
gota d'água em seu estado inicial.
Deus, então, na sua infinita misericórdia, estabeleceu um sistema, uma
maneira de os espíritos se purificarem: ele inventou a Humanidade, criou dentre
outras coisas, o ser humano.
Nesse caso, o que é um Ser Humano, o que é um Homem?
A resposta é óbvia: um Ser Humano é um espírito a caminho, um espírito
que ganhou uma oportunidade de se preparar para voltar a Deus que o criou e,
nessa trajetória, passa algum tempo na Terra.
Para esse fim o espírito se equipou com um corpo e, para operar esse
corpo ele utiliza uma alma. Assim como um motorista que adquire um carro e o
enche de gasolina. O motorista é o espírito, a gasolina é a alma e o carro é o
corpo. De acordo com o estado que esse espírito iniciou suas viagens ao Planeta,
ou melhor, pelo Planeta, tantas e de tais qualidades são suas encarnações.
Como não bastou uma, ele teve várias e é por isso que se costuma dizer
que uma pessoa é um espírito reencarnado. Assim como cada ano ou cada época
a gente pode ter um carro diferente, cada encarnação a gente forma uma nova
personalidade.
10. Personalidade e individualidade
Nessa altura meu caro Médium principiante, você tem duas coisas
diferentes para entender, que você é basicamente: a individualidade do seu
espírito e a sua personalidade atual. Naturalmente você já percebeu que a sua
individualidade é coisa antiga, tão antiga que você nem sabe quando ela começou
a existir. Mas a sua personalidade é recente, pois tem exatamente sua idade!
Sobre a sua personalidade você sabe quase tudo. Você sabe do que gosta
e do que não gosta. Na verdade você tem até mesmo certa admiração por você
mesmo! Pode até acontecer de você ter mágoa de não ser bonito, mais charmoso
ou mais alto...
Normalmente você vive tão preocupado com sua personalidade que
raramente você percebe sua individualidade. Entretanto, seu espírito tem a
experiência de muitas encarnações, de experiências vividas durante milhares de
anos. Ele tem a experiência acumulada de 20 ou mais personalidades diferentes
que você já foi! Só que você não se lembra disso, não tem preocupação de pensar
no seu próprio espírito, e isso não é realmente muito premente, até que o seu
"carro" atual comece a ratear a as coisas comecem a ir mal. É nesse ponto que
você veio parar no Vale do Amanhecer e acabou se tornando um Médium do Vale.
E como o Vale existe justamente para reavivar sua memória espiritual, a principal
coisa que ele vai lhe ensinar é a retomada de contato com seu próprio espírito.
Isso será feito pelo mecanismo da mediunização.
Ao chegar ao Vale pela primeira vez você estava dessintonizado, isto é,
sem sintonia com seu mundo espiritual, meio perdido no caminho da vida.
Desde o começo, você recebeu um principio doutrinário, algo em que se
basear e também confiar. Recebeu também um "reajuste" de sua organização
psíquica, um "reaperto" na sua tônica magnética. Isso que o povo chama de
"descarga", "limpeza", etc.
11. Mantras, Chacras e Plexos
Agora você tem um "Mantra" ou seja, um conjunto de gestos, sons e
atitudes que lhe permitem começar a se ligar com seu mundo espiritual. Você
canta "Maianti" e, ao fazer isso, você libera seu "Fluido" ou "Ectoplasma". Ele vai
saindo de sua boca como se fosse uma nuvem invisível e essa fumacinha vai se
juntando ao Ectoplasma dos outros Médiuns e ao que já existe no Templo.
Ao mesmo tempo sua "aura" vai ficando mais clara e a "parede" do seu
perispírito se torna mais límpida, mais transparente. Seus "Chacras" começam a
acordar e você vai recebendo de volta a mesma quantidade de fluido que você
está emitindo. Só que o fluido que volta é mais sutil, cheio de vibrações positivas.
Ele atravessa seus "Chacras" e se comunica com seus Plexos nervosos.
(Plexos são feixes de nervos, lugares onde os nervos se cruzam).
O maior "Plexo" fica situado na região do estômago, entre este e o peito.
Nele você recebe e emite a maior carga de Ectoplasma e é por isso que os
Mestres recomendam que você ande com as mãos cruzadas as costas. Com isso
você expõe mais o Plexo Solar, esse que fica acima do estômago. Outra parte do
Ectoplasma, que está sendo recebido, penetra pelo alto da cabeça, pelo "Chacra"
coronário. Na verdade isso pode acontecer com todos seus "Chacras" e, por
conseguinte, com todos seus "Plexos".
Aos poucos, você sente o resultado dessa complexa operação Mediúnica, e
você começa a se sentir diferente. Sua mente clareia, você percebe em si mesmo
uma excitação tranqüila, uma energia nova, uma certa leveza, uma espécie de
alegria.
Na verdade, o que você sente é difícil de ser reproduzido aqui, uma vez
que a experiência é só sua, de acordo com você mesmo e com mais ninguém.
Essa é a experiência do principio da comunicação de seu espírito com você
mesmo!
Daqui por diante você a cada dia você aperfeiçoa mais sua capacidade de
mediunização. Com o tempo e a repetição ela se torna automática, rápida.
A partir da mediunização, você tem pouca coisa a se preocupar, em termos
de trabalho mediúnico. Você estando mediunizado os Mentores e os Guias
executam o trabalho por seu intermédio e vão lhe creditando os "bônus horas",
isto é, os créditos espirituais que vão saldar suas "dividas" desta ou de outras
encarnações.
12. O uniforme
As peças do seu uniforme, sua fita, sua carteira de Médium, seu chaveiro,
sua estrela de carro, ou qualquer outro objeto que você use na sua qualidade de
Médium do Vale merecem sempre cuidados especiais, pois são objetos que ficam
impregnados de sua emanação.
Emanação é o toque pessoal do Médium.
Com o uso, os objetos vão ficando impregnados com os resíduos do seu
fluido e formam com isso uma identidade espiritual. Por isso, eles não devem ser
usados por outra pessoa, nem convém que os outros os toquem. Pela emanação
de seus objetos mediúnicos os mentores sintonizam mais facilmente com sua
onda pessoal.
Mas, a mais importante função do seu uniforme é a obtenção de vibrações
favoráveis dos outros. Repare na diferença: quando você está com sua roupa
comum, as pessoas vibram na sua personalidade, no cidadão que você é, na sua
maneira simpática ou não de se vestir. Porém, quando você está de uniforme, as
vibrações em torno de você se modificam muito. Você está representando a
esperança de cura ou de solução dos problemas das pessoas, você é Vale do
Amanhecer.
Por isso o seu uniforme deve ser o mais igual possível dos outros. Se você
der a ele características muito pessoais, você recebe mais carga vibratória do que
os outros. Isso tanto pode acontecer por seu uniforme estar "mais bonito" como
por estar mais feio".
Sabedor disso, você deve evitar enfeites, pregas, laços e outros
"acréscimos". Também deve evitar manchas, engruvinhados por falta de ferro de
passar, rasgões, etc. Seja elegante sem ser exagerado. Especialmente se você é
Médium mulher.
13. A voz
A voz humana tem uma importante função na trajetória do espírito na
Terra. Mas ela é mais importante, ainda na sua função mediúnica. Quando você
estiver no Templo procure sempre controlar sua voz. Evite gritar ou falar em voz
alta. O Ectoplasma do Templo é altamente condutor de som e qualquer
estridência ou dissonância altera toda a composição do ambiente.
Por outro lado o Templo recebe continuadamente vibrações negativas,
cargas magnéticas e outras emanações dos espíritos tratados. Se sua voz é
estridente ou dissonante pode atrair para você muitas dessas cargas.
14. O gesto
Seu porte, seu olhar e a movimentação de seus braços determinam o
melhor ou pior aproveitamento do seu trabalho no Templo. Eles formam sua
aparência e também são os índices de sua mediunização.
Um Médium que conversa animadamente, gesticulando com os braços
lançando olhares maliciosos ou rindo gostosamente, dificilmente pode estar
mediunizado. Em vez de estar sintonizado com a tônica do Templo ele se sintoniza
com os outros cidadãos e o resultado é negativo... para ele.
15. Amigos e inimigos
Você vai encontrar muita gente no Vale. A maioria você não conhece, mas
sempre encontrará alguns que conhece. Pode até encontrar alguns amigos e
alguns inimigos. Ou pode acontecer de você antipatizar com alguns ou simpatizar
com outros. Bem, isso acontece em qualquer outro lugar da vida, não é verdade?
Então qual é a diferença?
A diferença é que no Vale do Amanhecer só existem dois tipos de pessoas:
Médiuns e Clientes! O Vale só reconhece duas qualidades: a mediunidade ou a
necessidade.
Sabedor disso você terá que se educar para agir de acordo. Tanto o
desenvolvimento mediúnico como a busca de lenitivo para a dor são feitos no Vale
como a última esperança da pessoa. Logo, a probabilidade e que as que chegam
ao Vale talvez não sejam as melhores pessoas, os mais "bonzinhos" da
comunidade. Mas, seja pela mediunidade do Médium ou o Médium pela sua
mediunidade todos estão procurando conscientes ou não se integrar na sua
individualidade, no seu mundo espiritual e é isso que as tornam diferentes!
A Doutrina que você está recebendo é de amor, tolerância e humildade e
essas são as únicas coisas que as pessoas estão esperando de você. Não tente ser
amigo nem admita ser inimigo de ninguém no recinto do Vale. Seja apenas o
Médium e evite ser o cidadão. O Médium não faz negócios, não namora, não
discute futebol, nem pede dinheiro emprestado. Isso quem faz é o cidadão. E você
só é cidadão depois que atravessou o portão do Vale e entrou na estrada. Quando
você atravessou o portão para entrar, você deixou o cidadão lá fora e se tornou o
Médium.
16. Tia Neiva
A Clarividente Neiva era uma pessoa única e original. Ela era mãe, irmã, o
consolo, a esperança e a segurança de todos nós do Vale, Médiuns ou Clientes.
Mas era também uma simples criatura humana.
Tudo que aqui existe veio por seu intermédio. Ela trouxe a Doutrina, a
técnica, o ritual e a presença dos Planos Superiores, colocando tudo isso ao nosso
alcance. Partiu no dia 15 de novembro de 1985, nos deixando como herança, um
sistema técnico-doutrinário, singular, todo direcionado no sentido de somar -
nunca dividir. Se você tem na sua família ou no trabalho pessoas de outras
religiões, respeite-as em suas posições doutrinárias, evitando discussões
desnecessárias. Seja natural e não se afaste das metas racionais.
17. Relações Com os Mestres
Nós somos "Mestres ensinando Mestres" e portanto estamos ensinando e
aprendendo ao mesmo tempo. Mas o termo "Mestre" é muito respeitado na
Espiritualidade e não é aplicado no Vale no sentido comum da palavra.
O Mestre não é o professor que ensina a lição e que aplica a palmatória no
aluno. Ele é o Médium que evoluiu dentro da Doutrina do Amanhecer e vive sua
vida mediúnica com amor e assiduidade. Não é também o mais culto ou o mais
sabido, mas sim, o mais sábio.
Geralmente é o Médium mais humilde, mais simples, mais compreensivo,
mais tolerante e que assimilou o sentido profundo de que "a dor do próximo é
sempre maior do que a sua...". O Mestre do Vale é aquele que "se alguém lhe
pedir que caminhe com ele um quilômetro ele caminhará dois: se alguém chorar,
ele chorará com ele e, se alguém rir ele rirá com ele...". O Mestre é o que segue
os preceitos do Cristo Jesus.
A verdade é que os amigos nos ensinam muito pouco. A gente aprende
melhor com os que nos atacam, nos agridem e nos magoam. Só eles nos dão a
oportunidade de exercer as coisas que o Mestre dos Mestres, Jesus, nos deixou: a
lição do amor, da tolerância e da humildade...
18. Seus dias de freqüência
O Templo do Amanhecer e a Estrela Candente Funcionam todos os dias.
Cada dia é uma batalha diferente e é difícil no Vale, um dia igual ao outro. Procure
estar atento às recomendações dos Instrutores quanto à participação da Estrela
Aspirante, Retiro (após emplacado) e aos Setores de Trabalhos ao qual sua
participação é permitida enquanto nessa condição.
19. Retiro Normal
O Retiro é a instituição básica da Corrente Indiana do Espaço. Eles
começaram desde a fundação da UESB (União Espiritualista Seta Branca) na Serra
do Ouro em 1959.
Habitualmente ele funciona assim:
09:45 horas - Sirene (um toque curto, um breve e um longo). Os Médiuns
têm 15 minutos para se apresentarem uniformizados na fila de preparação da
Pira;
10: 00 horas. - Começa o Ritual de abertura, a saber:
- Maianti
- Organização da Mesa de Doutrina.
O Presidente abre o Trabalho do dia. Lê o Evangelho, faz ou não um
comentário, delineia a tarefa do dia e entrega a Mesa ao que vai presidir a
passagem.
Passagem de Sofredores - Esta dura aproximadamente 15 minutos. Em
seguida, atende-se o eventual público presente, com a Linha de Passes.
12:00 horas Almoço (um Recepcionista fica de guarda).
15:00 horas - Repete-se a cerimônia das 10:00 horas, com abertura,
leitura, passagem e depois da Mesa todos os Setores de atendimento passam a
funcionar.
O Retiro tem o seu encerramento aproximadamente as 22:00 horas, na
dependência, entretanto de possível evento a ser marcado pelos Trinos,
encerrando um pouco antes, também, quando é dia de Angical e Sessão Branca.
20. Horários dos Retiros
O Retiro do Médium é considerado na Espiritualidade, a partir do momento
em que ele sai de sua casa em direção ao Templo. Se houver atraso por motivos
alheios à sua vontade, seus "bônus horas" estão garantidos. Se o atraso é por
negligência ou distração, o que acontece é que ele apenas "não está em Retiro",
isto é, ele trabalha, mas não faz jus aos bônus horas. O Retiro começa as 10:00
horas e termina - mais ou menos - as 22:00 horas.
O mesmo acontece quando o Médium abandona o Retiro antes do
fechamento. A não ser que isso aconteça por motivos de força maior, o Médium
não fez Retiro.
Em casos de impossibilidade total, com motivos que justifiquem
plenamente, o Médium pode fazer um Retiro parcial. Nesse caso ele começa às
10:00 horas e fecha depois da passagem das 15:00 horas. Ou então ele abre
antes da passagem das 15 horas e fecha no término normal. "Pedaços" de Retiro,
não tem valor como Retiro. E lógico que qualquer Médium pode chegar ao Templo
e participar dos trabalhos que estejam se realizando. Mas isso não é Retiro, e o
Médium tem que tomar certas cautelas para não sair do Templo com "cargas".
O Médium em Retiro só deve se afastar do Templo na hora das refeições -
desde que fique uma guarda no Templo, ou em caso de outras necessidades por
curto espaço de tempo. Alguma ressalva pode ser feita aos Médiuns que residem
no Vale, assim mesmo em termos restritos.
21. Bônus horas
São o resultado do Retiro em termos de méritos espirituais. Com esse
"ganho", os Mentores do Médium "acertam" a vida dele libertam seus cobradores
e atendem seus pedidos.
22. Atitude básica
O Médium em Retiro deve manter uma atitude atenta à sua vida espiritual.
Ele faz o seu Retiro para evoluir e se libertar de seus "carmas". Por esse motivo
ele deve fazer o Retiro com o máximo de elevação mental. Mas, mesmo que ele
esteja deprimido, irado ou revoltado ele deve fazer o Retiro. Nesse caso, devido
ao esforço de autodomínio que ele faz, pode não ganhar "bônus horas" mas
ganha evolução.
O ideal seria todos os Médiuns fazerem um Retiro desses por mês.
23. Seus gastos no Vale
O Médium do Vale do Amanhecer "paga" para trabalhar, isto é, todas as
despesas para sua freqüência são inteiramente suas. Você terá que fazer seu
uniforme, comprar sua fita, sua carteira de Médium, suas vestimentas Iniciáticas e
todos os objetos que você precisar para o trabalho.
Pode acontecer também de você ser convidado a participar das despesas
com o orfanato, manutenção do Templo, porém sem obrigatoriedade.
Fora dos seus objetos pessoais sua colaboração é inteiramente voluntária.
O que o Templo exige de você é a sua mediunidade, seu Ectoplasma, seu desejo
de servir, o dinheiro é secundário, é o menos importante.
Se você for uma pessoa abonada e tiver uma situação financeira
equilibrada, procure ajudar. O Vale sempre está precisando de alguma coisa
sempre existe um débito a pagar, comida a comprar e contas de luz a serem
pagas. É lógico que isso tudo tem que sair de algum lugar. O que falta tem que
sair do corpo mediúnico. Mas, se você der alguma coisa, fale o menos possível no
assunto... E saiba que jamais podemos aceitar tostão algum de um cliente ou
pessoa estranha ao corpo mediúnico.
Você como Médium não pode pedir nada em nome do Vale, nem aceitar
coisa alguma.
24. Seus "Mantras"
"Chaves" são composições de palavras que ao serem pronunciadas e, às
vezes, até mesmo mentalizadas produzem determinados efeitos. Elas são os
"Mantras". Num folheto separado estão impressos todos os Mantras que você irá
precisar para seu trabalho no Templo. O mesmo acontece com a única oração que
usamos padronizada que é o Pai Nosso, assim mesmo adaptado à nossa linha.
O importante com relação aos Mantras é que os mesmos devem ser usados
nas ocasiões apropriadas e sem acréscimos. Por exemplo: quando você faz sua
preparação: "Senhor, Senhor, faze a minha preparação para que neste instante
possa eu estar contigo" os únicos dois Mantras usados são: "Meu Senhor e meu
Deus". Qualquer coisa a mais que você diga em nada vai melhorar o Mantra.
Quando a gente vai abrir uma porta coloca apenas a chave na fechadura, não
adianta colocar outras coisas junto com a chave.
Também os hinos cantados nos Templos são composições Mântricas. Eles
são recebidos pela Clarividência de Tia Neiva e adaptados às nossas condições de
trabalho. Existe um livreto onde você os encontrará a todos, bem como os
momentos apropriados em que deverá cantá-los.
As funções dos hinos são: harmonizar o ambiente e ajudar o Médium
liberar o Ectoplasma.
Você absorve as coisas da Doutrina do Amanhecer em três estágios: você
apreende, você compreende e por fim você assimila. Algumas coisas, das que
foram ditas até o momento, estão numa dessas fases outras estão em outra, isso
não importa muito. Cada Médium tem sua própria maneira de se desenvolver.
O importante é que você nesta altura já tenha condições de começar a
segunda fase do seu desenvolvimento. Neste ponto, o Apará e o Doutrinador
tomam caminhos ligeiramente diferentes, embora paralelos.
25. O Cartão
Traga-o sempre, pois é nele que os Mestres Instrutores assinarão o
acompanhamento de sua jornada.

Sob os olhos da Clarividente Neiva – Mário Sassi


1ª Aula de Desenvolvimento
A HISTÓRIA DE MANOEL TRUNCADO

Há uns dez anos atrás, vivia em uma cidade de Goiás, bem próxima da Capital do
Estado um cidadão chamado Manoel Truncado.

Ele era casado com uma mulher pacata e jovem chamada Maria.

O casal tinha três filhos: José o caçula, Marília e Josefa, duas mocinhas.

Manoel Truncado estava com mais de 40 anos e havia lutado muito para
sobreviver com sua família. Seu pai fora um fazendeiro no interior de Goiás e Manoel crescera
na dura vida de peão. Apesar das terras serem boas, o pai de Manoel Truncado nunca soubera
tirar melhor proveito delas e com isso a vida para eles sempre fora de luta e sofrimentos.

Um dia o pai de Manoel acabou por perder a fazenda e eles tiveram que se mudar
para aquela cidade. Os velhos logo morreram e Manoel teve que se ajustar a uma vida para a
qual não fora preparado. Trabalhou aqui e ali mas não conseguiu se firmar em lugar algum.

Um dia ele conheceu Maria, uma jovem bonita e simples que trabalhava ara ajudar
os pais. Os dois se amaram e logo se casaram sem muitos planos para o futuro. As pessoas
acostumadas com a pobreza não olham muito à frente e resolvem seus problemas com certa
facilidade. Assim fizeram Manoel e Maria e o casal logo ganhou uma filhinha.

No primeiro ano de casado Manoel procurou se firmar no trabalho árduo de


carroceiro. O casal morava numa casinha construída no fundo do terreno, deixando a frente
toda livre. Manoel mantinha uma cocheira onde guardava a carroça e seus dois animais. Nas
tardes quentes e de vento parado, o cheiro do estrume invadia a pequena residência, mas eles
já estavam tão acostumados que nem o sentiam. Manoel Truncado gostava de acariciar o
corpinho tenro de Josefa, deitada numa bacia forrada de panos.

Depois vieram Marília e por último José. A vida ficou tão apertada como a casinha
em que moravam. Manoel começou a freqüentar com mais assiduidade o botequim da beira da
estrada e a descuidar de seus negócios.

Logo começou a se manifestar nele um gênio arrogante e agressivo, que


atemorizava os vizinhos e deixava as crianças com os olhos arregalados de medo.

Enquanto isso, Maria sempre quieta e acostumada ao trabalho duro, se resignava


lavando roupa para ganhar algum dinheiro.

Manoel começou a se ausentar de casa e chegava a passar noites fora. Nos dias
que se seguiam essas ausências, ele costumava chegar na carroça com os cavalos meio
estropiados e os largava no pátio. Resmungava qualquer coisa e se deitava em pleno dia de
roupa e tudo.

Maria desatrelava os cavalos com auxílio de José e das meninas e, a casa ficava
quieta ouvindo-se apenas os roncos surdos de Manoel. Quem mais sofria com isso era o
pequeno José. Ele já estava no primeiro ano do grupo escolar e sua inteligência viva,
procurava explicações das coisas que a escola não lhe ensinava. No princípio Manoel
procurava ajuda-lo em suas lições e Zezinho adorava fazer perguntas. Mas, depois que Manoel
começou a beber e se ausentar, ele ficava horas e horas manuseando seus cadernos, na
espera que Manoel o ajudasse.

E assim a situação foi piorando a ponto de se tornar insustentável. Começou a


faltar a comida e as discussões violentas se processavam, sem mais nem menos. Maria que
habitualmente mal tinha tempo de chegar até a cerca da casa para falar com a vizinha,
começou a sair em busca de auxílio. As crianças ficavam em casa e deixaram a escola.
Maria acostumada a viver sempre na vida dura de casa, começou a se embaraçar
na vida fora de casa. Fez as primeiras dívidas e das dívidas passou aos favores ilícitos. Em
pouco tempo se separou de Manoel Truncado e se prostituiu por completo. Um dia Manoel
Truncado descobriu que estava só com seus cavalos estropiados. Maria o abandonara sem
deixar endereço, levando consigo as crianças.

No princípio Manoel pouco se importou e, juntando o pouco que restava de sua


vida material se lançou nas aventuras baixas da periferia da cidade, até que uma ocasião
saudoso da família, decidiu sair a sua procura.

Sua busca foi infrutífera, até que ele encontrou a morte num desses tristes
episódios que acontecem na calada da noite. Nos seus últimos tempos na Terra, ele começara
a atribuir toda sua desdita à esposa que o abandonara.

Seus sete dias na Pedra Branca foram de intensa agonia. Ele não conseguiu
dominar seus desejos de vingança, fomentados pela sua mente desvairada.

Ao se ver livre encaminhou-se como relâmpago em direção à família.

Os Mentores Espirituais ficaram temerosos do que podia acontecer à já tão sofrida


família e o desviaram de rumo. Cheio de rancor e agressividade, Manoel Truncado acabou por
ser atraído pelos Bandidos do Espaço (1) e foi vendido a uma Falange de um Terreiro (2).

Essa Falange pertencia ao reino do Exú Tranca Rua, e Manoel Truncado passou a
sofrer nas garras dos Exús tarimbados do Terreiro. Ele agora era um prisioneiro da Lei Negra.

A Lei Negra é uma espécie de máfia do Mundo Invisível e como sua similar na
Terra física, ela escraviza seus membros, quase sem possibilidades de libertação.

Suas Falanges são alimentadas e crescem a custa dos Espíritos nômades e sem
protetores. E isso acontece por opção do próprio Espírito com seu livre arbítrio.

Sempre que um Espírito termina seu estágio na Pedra Branca, onde ele tem a
oportunidade de conhecer a verdade sobre si mesmo, seus Mentores dão-lhe toda a
assistência e lhe mostram o caminho. Mas a decisão é sua e a chance permanece até o último
instante. Se ele toma a decisão errada acaba por se tornar vítima da Lei Negra.

Existem uns Espíritos no submundo invisível que se chamam Exús Caçadores (3).
Eles ficam a espreita e aguardam as decisões dos Espíritos recém desencarnados. Assim que
os Mentores desistem eles entram em ação.

Aproximam-se dos Espíritos, seduzem e os levam às suas Cavernas (4). Lá eles


são submetidos a todas as sevícias e são treinados nos costumes, até se tornarem Exús.

Manoel Truncado conheceu então o que era realmente sofrer.

Os anos na Terra foram se passando e ele foi adquirindo tarimba. Seu gênio
agressivo o ajudou de tal maneira que ele logo começou a se destacar em meio às tenebrosas
tarefas. Em pouco tempo ele adquiriu o direito de se chamar Exú Tranca Rua, nome do titular
da Falange e passou a ser temido pelos mais ferozes Espíritos.

Aos poucos ele foi formando um grupo de adeptos e estabeleceu seu reino. Com
sua esperteza ele fez um convênio com o Exú Tenório. Esse Espírito é um especialista em
hipnose magnética, e isso lhe dá uma força terrível no submundo etérico. A hipnose se presta
muito nas macumbas e o novo Exú Tranca Rua, ex-Manoel Truncado, se aproveitou disso.

Estávamos então em 1959 e um fato inteiramente oposto aconteceu nas


imediações da Caverna de Tranca Rua. Nessa data mudaram para o local chamado Serra do
Ouro, o grupo de Tia Neiva e formara-se assim a primeira Comunidade da Corrente Indiana do
Espaço (UESB). E o tempo continuava a correr na ampulheta da vida.
Certo dia Truncado, agora chamado Tranca Rua, estava sentado no seu trono
quando ouviu alguém praguejando com violência. Sabia por experiência que se tratava de
algum novato recém trazido pelos Exús Caçadores. Muniu-se do seu chicote magnético e se
encaminhou para o local do barulho. Lembrava-se de como fora tratado quando chegara, e seu
maior prazer era aplicar pessoalmente a correção nos novatos. Ele tinha um jeito especial de
chicoteá-los até convence-los.

O Espírito estava seguro pelos Caçadores e Truncado desfechou a primeira


chibatada. A vítima urrou de dor e ódio e seus olhos lançavam chispas de ira impotente.
Truncado ia dar a segunda chibatada, quando seu braço estancou no ar como se tivesse batido
num rochedo invisível. O Espírito que estava chicoteando era do seu filho José!

A cena terrível ficou paralisada num momento de agonia. Os dois Espíritos, pai e
filho, se fitavam com horror e espanto. Subitamente Truncado achou a voz e gritou em
desespero: “Zezinho meu filho! Você aqui?! Não, não! Não o quero aqui! Levem-no daqui!”.
Passado o primeiro momento de surpresa os Caçadores largaram Zezinho e
começaram a zombar da fraqueza de Truncado, espezinhando-o pela atitude tão diferente dos
seus hábitos.

Zezinho porém aproveitou o descuido de todos e num gesto brutal e enérgico,


arrebatou o chicote da mão de Truncado e passou a chicoteá-lo com ódio arrebatador!

Truncado não se defendia e Zezinho o chicoteou até ele cair sem forças.
Enquanto ele batia com o terrível chicote magnético, vociferava com ódio: “Tome miserável,
pelo mal que nos causou! Minha mãe se prostituiu por sua causa seu canalha! Ela foi obrigada
a isso para dar de comer a mim e as minhas irmãs, suas filhas! Elas agora vão para o mesmo
caminho que minha mãe, a prostituição! Tudo por sua culpa seu miserável! Mas eu disse que
um dia eu o encontraria, e agora o encontrei!”

O tempo continuou a correr na ampulheta da vida.

Zezinho agora era um terrível Tranca Rua, mais feroz que seu pai.

Truncado desmoralizado no próprio reino, mas não querendo se afastar de


Zezinho, tornou-se um nômade do submundo dos Exús. Cheio de ira e confuso com a cilada
que a vida lhe preparara, redobrou as atividades maléficas sem cautela nem medidas. Suas
estripulias puseram em sobressalto toda a região entre Anápolis e Alexânia, durante longo
tempo.

Nessa época aconteceram desastres incríveis. Carros perdiam a direção sem


causa aparente, e a estrada começou a ter cruzes fincadas de pessoas que desencarnavam
nesses desastres. Crimes aconteciam nos sítios vizinhos da rodovia e, o consumo da cachaça
aumentou nos botequins de beira de estrada.

A atmosfera da região começou a modificar-se visivelmente. Os macumbeiros


aumentaram de número e as doenças tétricas varavam as noites nas várzeas e encruzilhadas.

Na Comunidade da UESB, Tia Neiva recebia as lições dos Mundos Encantados


dos Himalaias, e os Médiuns se desdobravam no Serviço do Cristo Jesus.

Um dia Neiva recebeu a notícia de que estava para chegar um circo que se
instalaria nas imediações da UESB. Mas não se tratava de um circo comum, desses que a
gente está habituado a ver, tratava-se de um circo etérico!

De fato o Mundo Invisível da região estava alvoroçado. O circo chegou com


estardalhaço, com seus palhaços, seus acrobatas e seus carros coloridos. O palhaço principal
chamava-se “Remendão”.
Os Espíritos desencarnados afluíram para o circo, em massa. Depois disso desapareciam da
região...
Tranca Rua-Manoel Truncado também não resistiu e foi ver o circo. Quando deu
por si estava capturado pela Falange dos Centuriões! Ele urrou e ameaçou mas de nada lhe
adiantou. Levado para a UESB foi sendo doutrinado e acabou por conversar longamente com
Tia Neiva. Ela na sua proverbial paciência foi mostrando seu quadro espiritual e ele ali ficou. A
fagulha de ódio de seus olhos foi sendo substituída pela luz baça do arrependimento. Às vezes
o seu gênio rancoroso o dominava e ele dava trabalho aos Médiuns da UESB.

Por fim os Mentores, com o auxílio de Neiva, conseguiram encaminha-lo para o


Canal Vermelho (5). Lá ele foi atraído para um lugar chamado Umatã, mudou sua roupagem de
Exú e sua maior preocupação continuou sendo seu filho Zezinho. Na Terra, na Caverna do
antigo Tranca Rua-Truncado, um outro rei impera no seu reinado de ódio, o Tranca Rua Ex-
Zezinho. Sua ferocidade é maior do que era a de seu pai. O chicote magnético que fora usado
pelo seu pai continuava a sibilar nas costas de outras vítimas, outros Espíritos nômades
apanhados pelos Exús Caçadores.

Naquele tempo Tia Neiva sentia certa frustração no Canal Vermelho.

Na verdade, para um Espírito que conserva a consciência, a mesma consciência


nos vários Planos em que penetra, a paisagem do Canal Vermelho assusta um pouco no
começo.

Apesar de bonito, com seus enormes jardins, suas pontes, seus belos edifícios,
sua vida complexa, sua luz cambiante de tons lilás e sua simetria, seu conjunto dificulta a
sintonia. É como uma cidade criada artificialmente e cheia de truques mágicos.

Essa construção do Plano Etérico se destina a adaptação de Espíritos arraigados


a formas obsessivas de idéias. Ele estabelece um clima de transição entre a concepção que
alimentaram na Terra e a realidade do Mundo Invisível, da outra etapa da estrada da vida.

Tia Neiva vai com freqüência ao Canal Vermelho em sua Missão. Nesse dia
enquanto aguardava a presença de seus amigos espirituais, ela observava com curiosidade as
atividades em torno dela. De onde se achava via o enorme letreiro de Umatã que parecia
mudar constantemente. Às vezes ela lia a palavra “Umbanda” e outras parecia que ali estava
escrito “Candomblé”. Ficou a pensar no assunto até que decifrou o enigma. Tratava-se de uma
forma adequada para fazer certos Espíritos que chegavam se “sentirem em casa”.

Não muito distante havia uma espécie de Templo, com letreiro onde se lia “Igreja
Presbiteriana” e, pouco além havia outro Templo com aspectos nitidamente católicos.

Dessa forma os Espíritos desencarnados encontram um ambiente similar do que


tiveram na Terra. Só que a realidade é bem diferente. Seja em termos Candomblé, de
Umbanda, de Catolicismo, de Protestantismo ou de qualquer outra Doutrina, a direção é dos
Espíritos Missionários que mostram lentamente a esses Espíritos, sua sobrevivência depois da
morte terrena.

Nessa madrugada ela se encontrou com Manoel Truncado. Ele se lembrou


imediatamente dela e sua primeira manifestação foi em torno de seu filho Zezinho e sua
família. Neiva notou que ele ainda pensa muito em termos do Exú que foi na Terra. Embora
tenha modificado sua roupagem, ele vai ao Templo Umatã como ia aos terreiros da Terra. Ela
tem uma pena imensa desse Espírito e o ajuda sempre que pode.

Eram quase cinco horas da manhã quando ela voltou para a Terra. Preocupada
com a promessa feita a Manoel Truncado ela procurou ver Zezinho. Mas não conseguia vê-lo
com sua roupagem de Exú; a única coisa que conseguiu captar em sua Visão Espiritual, foi a
figura de um menino de sete anos, esperando o pai para lhe ensinar a lição da escola...

Com carinho, A Mãe em Cristo. Tia Neiva

Notas do Texto
Caro leitor:

Para a Doutrina do Amanhecer o Exú é conhecido como um Sofredor, um Espírito


desencarnado, que continua ativo no Plano Invisível da Terra.

Ensina-nos nossa Clarividente Neiva que se torna Exú, habitualmente, o homem


de personalidade ativa, orgulho intelectual e que seja demasiado apegado às coisas da sua
alma, da vida transitória. Seguindo a Doutrina do Mestre Jesus ele merece todo nosso amor e
tolerância.

Isso não significa, necessariamente, que precisemos de seus serviços ou nos


subordinemos a eles. Os Exús têm seus reinados nas sombras etéricas e agem como todas as
forças destrutivas; não criam mas apenas transformam as energias. Não sendo criadores de
forças e não tendo acesso às fontes de energias puras, eles necessitam de uma fonte: essa
fonte é o ectoplasma humano, seja de Espíritos encarnados ou desencarnados.

Essa é a razão básica dos engodos que eles estabelecem, como base do
relacionamento com os encarnados. Sempre que o homem abandona a iluminação Crística, a
luz do Amor, da Tolerância e da Humildade, ele fica sujeito às influências desses tipos de
Espíritos. Esse é o envolvimento daqueles que praticam as magias com intenções somente
humanas e se colocam como juízes do bem e do mal. Resumindo: o relacionamento com os
Exús somente se faz, em termos de troca de serviços, quando as intenções são da alma e não
do Espírito: quando a orientação não é a do Cristo Jesus.

Salve Deus!

(1) Bandidos do Espaço – São Espíritos desencarnados que se tornaram


delinqüentes. Embora eles andem em bandos, não formam “Falanges”, isto é,
não seguem uma norma, uma bandeira ou finalidade específica como a
maioria dos Espíritos. Eles se comprazem em fazer mal sem uma finalidade
em si. Por essa razão eles são duplamente perigosos, pois nunca se sabe o
que vai em suas mentes maldosas.

(2) “Vendido ao Terreiro” – Como na organização física, o mundo invisível vive


da força, da energia individual. Os Terreiros são organizações de
relacionamento entre o Plano Invisível e o Físico. Quanto mais Espíritos são
escravizados pelos Exús, maior é sua força de trabalho.

(3) Exús Caçadores – São Espíritos pertencentes a alguma Falange de Exús,


que se especializam em seduzir e se apossar dos Espíritos desprotegidos,
que se recusam a aceitar seus destinos cármicos; verdadeiros nômades do
Mundo Invisível.

(4) Cavernas – São as habitações etéricas dos Espíritos que operam em contato
íntimo com a superfície física. Sendo Etéricas, elas não ocupam espaço físico
mas permanecem sempre no mesmo “lugar”, e se tornam perceptíveis pelo
ambiente que formam em torno de si.

(5) Canal Vermelho – Posto de Socorro do Plano Etérico. Cidade Intermediária


onde os Espíritos permanecem em aprendizado até o máximo de 7 anos.

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