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DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
DEPRESSÃO E SUICÍDIO:
ACADÊMICO
JOÃO PESSOA – PB
2008
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DEPRESSÃO E SUICÍDIO:
ACADÊMICO
João Pessoa – PB
2008
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DEPRESSÃO E SUICÍDIO:
ACADÊMICO
João Pessoa
2008
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DEPRESSÃO E SUICÍDIO:
ACADÊMICO
BANCA AVALIADORA
____________________________________________________
Profª Dra. Maria da Penha de Lima Coutinho (UFPB)
Orientadora
____________________________________________________
Profº. Dr. Valdiney Veloso Gouveia (UFPB)
Membro
____________________________________________________
Profª Dra. Natália Ramos (Universidade Aberta de Lisboa)
Membro
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AGRADECIMENTOS
Ao meu esposo Jairo, por todo o amor, companheirismo e compreensão nos momentos
de ausência e estresse, e por sempre acreditar em mim;
Aos meus filhos, Pedro e Júlia, pelo que eles são e pelo que eles transformaram a
minha vida;
Aos meus pais, primeiras referências do saber e do gosto pelos estudos, em especial à
minha mãe e amiga, Kay, pela ajuda, demonstrando na prática que ser avó é ser mãe duas vezes;
Às minhas avós, Leó e Lindalva, pela grandiosa sabedoria transmitida em meio a tanta
simplicidade;
À minha irmã Elayne, que mesmo à distância sempre representou uma fonte de
incentivo, força e credibilidade;
Ao professor Dr. Valdiney, por toda ajuda e contribuições nesse trabalho e por me
mostrar que “as aparências enganam”;
Ao professor Natanael, pela acessibilidade e gentileza com que trata as pessoas que o
cercam;
Aos meus colegas do Núcleo de Pesquisa, com especial gratidão à Evelyn, pela
amizade, disponibilidade e carinho, e à minha amiga Alexandra, com a qual sempre pude
contar durante essa caminhada;
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(Friedrich Nietzsche)
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RESUMO
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ABSTRACT
At our present time the depression and suicide phenomenon have become ever more present
in all social levels. Although no event or set of circumstances can foresee suicide, certain
vulnerabilities exist that makes an individual more inclined to commit this act than others.
Amongst these vulnerabilities, mental illness is the most prominent, of which depression is
responsible for 30% of the cases world-wide. To instrumentalize this inquiry, a psychosocial
method was used, anchored to the Theory of the Social Representations of Moscovici and in
the Theory of the Central Nucleus of Abric. This research objectified in understanding the
social representations of Psychology students concerning depression and suicide, as well as
investigating the epidemiologic index of these phenomena in the academic context. This study
was approved by the Ethics Committee of CCS/UFPB and undertook a descriptive research
with multi-method procedures. The study comprised of 233 students of both genders and
registered the Psychology course of a public university. In the collection of the data, the Free
Association of Words technique, the Inventory of Depression of Beck (BDI), Suicidal
Idealization Scale of Beck (BSI), a social-demographic questionnaire and an in depth
interview were all used. The Free Association was used with three inductive stimuli:
depression, suicide and I-myself and the data were processed by the Tri-Deux-Mots and Evoc
software. For the analysis of the BDI and the BSI the SPSS statistical program was used. The
contents learned from the in depth interviews were submitted to the Analysis of the Thematic
Content. The BDI evaluated that 10.73% of the students has depressive symptomology. BSI
analysis also evidenced the presence of the suicidal idealization in 11% of the sample. The
data analyzed with the use of software previously cited demonstrated similarities in its
descriptions, acting as complementary in the understanding of the social representations of
depression and suicide. By means of the analysis of thematic content of the interviews, it was
noted that the researched phenomena was quite present in the daily life of the participants.
Where they show that their representations emphasize facts occurred in their interpersonal
relationships. The analysis of the data showed that depression was represented similar to the
clinical description categorized in the psycho-affective disturbances. Suicide emerges as an
escape front to the adversities of the environment added to the fragility of the subjectivity of
the young academics. The auto-image of the students, in general, emerges as positive one,
coinciding with what is expected of psychology students. The auto-representations assume
differentiated contours in relation to the time of bond to the psychology course, however
anchored in referring manifestations to the proximity of the confrontation of the professional
reality and concentrating in social-cognitive manifestations. The epidemiologist index of
depression, as well as the presence of the suicidal idealization among the young academics,
demonstrates the necessity of an increased attention to this population on the part of the of
superior education institutions. So to promote specific services of psychological support in
the formation of these future professional.
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SUMÁRIO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
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CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
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LISTA DE TABELAS
Tabela 3 – Perfil dos estudantes com depressão segundo o Inventário de Depressão de Beck –
BDI (N=25) ................................ ................................ ................................ ..................... 99
Tabela 4 – Perfil dos estudantes com Ideação Suicida segundo a Escala de Ideação Suicida de
Beck – BSI (N=27) ................................ ................................ ................................ ........ 101
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LISTA DE FIGURAS
Figura 7 – Percentagem de estudantes que conhecem entre seus colegas universitários alguém
que já tenha pensado / tentado ou consumado o ato suicida. ................................ ................. 102
Figura 10 – Percentagem das Categorias pertencentes à Classe Temática DEPRESSÃO. ... 109
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1. APRESENTAÇÃO:
depressão vem ocupando uma posição de destaque, no rol dos problemas de saúde coletiva;
sendo considerada a quarta de todas as doenças mais onerosas, em todo o mundo. Desde o seu
autores e escolas distintas, suscitando controvérsias com relação ao termo. No senso comum,
flutuações de humor ou de caráter. Pode designar tanto um estado afetivo normal quanto um
De acordo com Paim (1983), nos estados depressivos, as funções psíquicas encontram-
se perturbadas em seu conjunto. Os sintomas mais destacados são: a tristeza vital, a angústia e
voluntária: permanecem quase sempre sentados ou deitados, numa atitude de inércia, com a
fisionomia triste, abatida e contraída; revelando uma expressão de profundo sofrimento. Nos
ansiedade.
A depressão emerge como resultante de uma inibição global da pessoa que afeta a
função da mente, altera a maneira como a pessoa vê o mundo, sente a realidade, entende as
coisas e manifesta suas emoções. Deste modo, segundo Camon (2001), é considerada uma
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doença do organismo como um todo, que compromete o ser humano na sua totalidade, sem
Saúde Pública, uma vez que representa uma questão que se agrava a cada dia, traduzindo-se
Dados da OMS (2000), mostram que a taxa mundial de suicídio é estimada em torno
de 16 por 100 mil habitantes, com variações conforme sexo, idade e país. Estima-se que as
tentativas de suicídio sejam 20 vezes mais freqüentes que os suicídios consumados. Conforme
Prieto e Tavares (2005), observou-se um aumento de 60% nos índices de suicídio nas ultimas
décadas, considerando-se os dados do mundo inteiro. A morte por suicídio passou a ocupar a
anos de idade em alguns paises. Atualmente, segundo a OMS, os jovens representam o grupo
A taxa oficial de mortalidade por suicídio, no Brasil, é estimada em 4,1 por 100 mil
habitantes, para a população como um todo; estando, para o sexo masculino, em torno de 6,6
por 100 mil e para o sexo feminino, em 1,8 por 100 mil.
Tanto o suicídio como a depressão, é uma realidade que nos cerca, mas que possui um
caráter mascarado, visto que seus dados não são totalmente confiáveis, devido a preconceitos
e tabus relacionados a essa temática. Para Cassorla (1998), as estatísticas sobre os atos
suicidas são falhas e subestimadas, e isso se deve a vários fatores, que incluem desde
De acordo com Silva e Boemer (2006), o ato suicida tem como característica ser
transgredindo regras expressas por nossa sociedade capitalista, na qual a morte é banida, não
enfrentada e evitada.
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Neste estudo, suicídio é entendido como o ato de pôr um fim à própria vida, a exemplo
do que preconiza Durkheim (2003), que define esse fenômeno como “todo o caso de morte
que resulta direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo praticado pela própria
vítima, ato que a vítima sabia dever produzir esse resultado” (p.15).
suicídio, em primeiro lugar está à depressão, alteração afetiva predominante no ato suicida,
da Teoria das Representações Sociais (TRS), desenvolvida pelo francês Serge Moscovici,
não apenas através dos aportes teóricos, normativos e científicos, mas com vista a um novo
determinado grupo de pertença. Sendo assim, será possível perceber como essas
que aquele apresenta a temática da depressão, enquanto este aborda o comportamento suicida
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existentes.
Considerações Finais.
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CAPÍTULO I
DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
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CAPÍTULO I
Delimitação do Problema
posição de destaque no rol dos problemas de Saúde Pública, possuindo uma prevalência de
17% em toda a vida. Segundo Versiani (2004), embora possa ocorrer em episódios – de longa
duração – ou apenas uma vez na vida de uma pessoa; a depressão é considerada uma doença
crônica, mais incapacitante que males como diabetes ou insuficiência cardíaca. O Ministério
da Saúde afirma que a depressão acomete, ao longo da vida, entre 10% e 25% das mulheres e
agressor são a mesma pessoa. Dutra (2002), define-o como o desejo consciente de morrer e a
60% nos últimos 45 anos. Nesse período, os maiores coeficientes de suicídio mudaram de
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Entretanto, sabe-se que as estatísticas sobre os atos suicidas são falhas e subestimadas,
pois o número de suicídios que consta nas estatísticas oficiais é extraído das causas de morte
assinaladas nos atestados de óbito. Porém, esses atestados nem sempre são confiáveis, uma
vez que a família e a própria sociedade comumente pressionam para que a causa seja
intensa quando se trata de crianças e adolescentes, em que os atos autodestrutivos são negados
ou até escondidos pela família, diante de maiores sentimentos de culpa e/ou vergonha pelo
ato.
Além disso, como destaca Cassorla (1992), uma grande proporção de suicídios é
fator complicador, nas estatísticas, é que não existem meios de verificar os suicídios
freqüentemente, existem pensamentos sobre a morte, nos quadros depressivos. Trata-se não
apenas da ideação suicida típica, mas, sobretudo, da preferência em estar morto a viver “desse
participando de várias pesquisas, nas mais diferentes áreas, tanto como participantes,
opinando acerca dos mais variados objetos sociais, quanto alvo, ele próprio, de investigação.
Uma pesquisa realizada pela Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das
Assuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace), revelou que 39% dos estudantes das
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instituições federais de ensino superior (Ifes) passam por alguma dificuldade emocional.
de Brasília (UnB), dos 39% de alunos com crises psicológicas, pelo menos 5,5% faz uso de
medicação psiquiátrica e 24% já procuraram ajuda psicológica. Além disso, estima-se que
entre 10 a 20% dos estudantes das universidades federais estejam em processo agudo de crise,
universidade, passa por situações de crise acidentais, uma vez que sai do seu ambiente
familiar e se depara com um mundo desconhecido, podendo viver vários conflitos. Isto,
nessas novas relações. A não superação dessa crise, decorrente da não-adaptação às novas
transição para o mundo do trabalho, assim como a autonomia própria do jovem adulto. Este
processo tem lugar numa fase importante do desenvolvimento psicossocial do estudante, uma
vez que as suas preocupações e problemáticas são muitas vezes um espelho de dificuldades na
final da sua personalidade, e é com a entrada no ensino superior que essa construção atinge o
ponto crucial. Nessa fase da vida, destacam os autores, é atribuído um novo papel ao jovem,
que envolve ao mesmo tempo poder e responsabilidade, exigindo do estudante grande nível
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de maturidade para poder responder aos desafios que lhes são postos a nível acadêmico sem
são preparados para cuidar, proporcionar bem-estar, salvar vidas. Palavras como depressão e
temática é tratada de forma técnica, sem que os sentimentos a ela relacionados sejam
abordados, mesmo quando esses fenômenos se tornam realidade (Igue, Rolim e Stefanelli,
2002).
Dutra (2000) afirma que nem sempre os estudantes recebem uma formação adequada para se
Foi utilizado para tanto, a abordagem da Teoria das Representações Sociais (TRS), partindo-
das citadas temáticas, que os permite elaborarem um conhecimento prático em relação a elas.
A presente pesquisa, relevante para o campo da Psicologia Social e para as ações que
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OBJETIVO GERAL:
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
instituição);
instituição pública.
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CAPÍTULO II
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – DEPRESSÃO
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CAPÍTULO II
DEPRESSÃO
depressão: a história de Saul, descrita no I livro de Samuel. Conta a Bíblia que aquele, ao ser
nomeado rei por seu pai, tomou decisões incorretas e precipitadas. Por esse motivo, foi
punido por Deus e por seu progenitor, sendo substituído no trono. Revoltado, voltou às costas
para o criador do universo e desde então, passou a ser afligido por demônios através de uma
A mitologia grega, por sua vez, também relata histórias de pessoas cujo sofrimento é
associado a “males da alma”. Um bom exemplo, entre tantos casos mitológicos, refere-se à
estreitamente, ligada à história do pensamento ocidental e pode ser dividida em cinco estágios
Hipócrates declarava ser a depressão uma doença, essencialmente, cerebral que deveria ser
tratada com remédios orais; e a questão primordial entre os médicos que o seguiam, era sobre
Na Idade Média, a depressão era vista como a manifestação do desfavor de Deus, uma
divina. Foi nessa época que a doença foi estigmatizada; em episódios extremos, os que
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sob o signo de Saturno, cuja apatia significava insight e cuja fragilidade era o preço pago pela
A era moderna começou, no início do século XX, com Sigmund Freud e Karl
Abraham; cujas idéias psicanalíticas da mente e do eu nos deram boa parte do vocabulário,
ainda em uso, para descrever a depressão e suas origens; e com as publicações de Emil
Kraepelin, que propôs uma moderna biologia da doença mental como uma aflição que pode
“pressionar para baixo”. (Coutinho e Saldanha, 2005). O termo depressão foi, inicialmente,
usado em inglês para descrever o desânimo em 1660, e que entrou para o uso comum em
Segundo Ballone (2005), o termo depressão pode significar: um sintoma que faz parte
de inúmeros distúrbios emocionais, sem ser exclusivo de nenhum deles; como também uma
síndrome traduzida por muitos, e variáveis sintomas somáticos; ou ainda, uma doença
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concentrar-se;
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mínimo;
seguintes critérios:
1- Humor depressivo;
7- Problemas de concentração;
Coutinho e Saldanha (2005) alertam para o fato de que devem estar presentes pelo
menos dois dos três primeiros sintomas. A presença de quatro sintomas indica um episódio
etiologia ou sintomatologia.
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Leve: Apresentando dois dos sintomas a seguir: humor deprimido, perda de interesse
Moderada: Dois dos sintomas a seguir: humor deprimido, perda de interesse (anedonia), falta
Grave ou Severa: Dois dos sintomas a seguir: humor deprimido, perda de interesse
(anedonia), falta de energia e pelo menos mais quatro dentre os expostos, anteriormente (CID-
hiporeatividade geral; tristeza vital; lentidão psicomotora; perda de apetite e de peso corporal;
sintomas mais intensos pela manhã, melhorando ao longo do dia; insônia terminal (indivíduo
acorda de madrugada e não consegue mais dormir); diminuição da latência do sono REM
fator estressor externo, representando uma associação entre fatores precipitantes internos e
externos; e formas moderadas dessa patologia. De acordo com Coutinho (2005), é entendida
como um sofrimento psíquico e/ou dor moral desencadeada por uma situação ou
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A depressão neurótica: segundo Abreu (2003), caracteriza-se por apresentar, pelo menos,
cinco dos itens a seguir: perda do interesse ou falta de motivação; demora em responder aos
estímulos prazerosos; piora dos sintomas pela manhã; agitação ou retardamento psicomotor;
significativa perda de peso; resposta anterior a terapias biológicas (como terapia eletro
desencadeantes similares.
A depressão psicótica: é um tipo grave que ocorre associado aos sintomas depressivos, um
2.3 ETIOLOGIA:
Do ponto de vista genético, sabe-se que esse transtorno, em si, não é herdado, apenas a
especial para a forma de depressão psicótica, bem como o distúrbio bipolar, o risco herdado é
maior.
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As mulheres são mais suscetíveis à depressão do que os homens, o que indica causas,
puberdade. Nesse sentido, afirma Abreu (op cit), pode haver uma facilitação biológica, ligada
aos níveis de certos hormônios femininos associados com a depressão, bem como ao fato de
No que se refere ao campo psicossocial, sabe-se que são vários os fatores que podem
doença.
A teoria da depressão de Freud mais aceita, gira em torno das conseqüências de perda.
depressão e luto (os sentimentos de tristeza e pesar que ocorrem quando alguém amado
Primeiramente, Freud observou que tanto o luto quanto a depressão ocorrem após a
mesmo tempo, sentirmos raiva ou até mesmo odiarmos a pessoa por ter nos deixado ou nos
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autocríticos, e sentem raiva de si mesmos, incriminam-se por coisas que não são culpa sua.
Freud sugeriu que isso ocorre porque elas tentam lidar com a perda introjetando,
simbolicamente, o objeto perdido e quando o introjetam torna-se parte do seu próprio eu, os
Portanto, para Freud, o fator crucial na depressão é a raiva internalizada, e o evento que
causador da depressão, e sugerem que uma perda pode ser um dos seus tipos. Segundo
Holmes (2001), as evidências são abundantes de que estresse agudo e crônico, de muitos
tipos, pode conduzir a esse transtorno, mas a abordagem psicodinâmica não supriu evidências
2.4.2Explicações da Aprendizagem
a depressão. A primeira é a de que é causada por baixos níveis de gratificação ou altos níveis
de punição (ou ambos). Pesquisas indicam que baixos níveis de gratificação e altos níveis de
punição podem resultar em humor entristecido ou disforia leve, mas até o momento, eles não
pesquisas indicarem que os indivíduos deprimidos são evitados, em vez de gratificados por
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negativas e que eles prestam atenção e recordam, seletivamente, material depressivo; mas não
há fortes evidências de que cognições negativas causam níveis clínicos dessa doença. Ao
contrário, parece que cognições negativas podem predispor os indivíduos, quando estão sob
estresse. As condições negativas podem também servir para mantê-la, uma vez que se
com o autor supracitado, foi típica de investigação intensiva durante os últimos anos, mas os
fato, desamparados, mas na maioria desses casos, esses sentimentos parecem ser um resultado
nível de atividade neurológica, nas áreas do cérebro que são responsáveis pelo prazer. Isso é
acompanham a depressão.
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Apoio para a explicação fisiológica é suprida por achados que drogas que aumentam e
reconhecimento de que nós não atingiremos nossas metas pessoais e uma conseqüente
medicamentoso. De acordo com Abreu (2003), em conjunto, é o que existe de mais eficaz,
pois apenas a psicoterapia pode não ser suficiente, por haver um desequilíbrio no
funcionamento do corpo. Por outro lado, apenas medicamento não resolve, pela razão
repercussões em todo o psiquismo, não existindo remédio milagroso, capaz de trabalhar com
fazer efeito, sendo de seis meses a duração mínima do tratamento completo. Geralmente,
produzem, em média, uma melhora dos sintomas de 60% a 70%, no prazo de um mês,
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psicoterapia.
diferentes formas, como por exemplo, psicoterapia de grupo, psicodinâmica breve, terapia
alerta para o fato de ser bastante alta a freqüência da repetição de episódios depressivos numa
mesma pessoa: cerca de 50% dos que já tiveram um distúrbio depressivo terão outro, em
algum momento de suas vidas. De acordo com a autora, esse fato ocorre devido a um
vai ajudar a mudar a perspectiva a partir da qual o individuo se percebe e percebe sua vida em
geral. Ao ver a vida de um novo ângulo, irá reagir de forma diferente, ficando, portanto, mais
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CAPÍTULO III
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – SUICÍDIO
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CAPÍTULO III
O SUICÍDIO
De acordo com Jamison (2002), ninguém sabe quem foi o primeiro a cortar a própria
intencionalmente, sobre sua lança num campo de batalha. Também não sabemos quem foi o
primeiro que pulou por impulso – ou premeditadamente – de um alto penhasco; que entrou
sem alimento numa tempestade de gelo; ou se fez ao mar sem a menor intenção de voltar. E
nunca saberemos quem foi, o porquê ou como, o primeiro homem a se matar o fez, pois as
observações registradas acerca do suicídio são, necessariamente, muito mais recentes do que
Bíblia descreve um número relativamente pequeno deles, e como afirma Alves (1999) assim
mesmo, quase todos estavam condicionados por acontecimentos externos, como no caso de
Um caso bastante conhecido, relatado pela Bíblia diz respeito ao suicídio de Judas
Iscariotes, um apóstolo de Cristo que o teria traído por 30 moedas. Arrependido, suicidou-se,
recentemente, documentos sobre ele que afirmam que o mesmo fora o mais íntimo e confiável
apóstolo de Jesus Cristo, e que teria sido escolhido para entregar o Filho de Deus para revelá-
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tendências para o abandono de si mesmo, para o desdém pelos bens terrenos, o suicídio
tornou-se fato banal. Na China antiga, este fenômeno constituía ato bastante comum.
Na História do Egito, ficou célebre o caso de Cleópatra, que se deixou picar por uma
de que a picada de uma víbora era o meio de morte mais suave. Na Grécia, foram numerosos
os suicídios de reis em determinadas circunstâncias, ora como expiação, ora para não cair em
mãos dos inimigos. Durante a Idade Média, foram raros, devido ao anátema religioso lançado
aos suicidas, entretanto, Alves (1999) destaca que com a Renascença, os suicídios parecem ter
aumentado em número.
verdadeira onda desse ato. Nesse sentido, foram, particularmente, numerosos os provocados
políticas e raciais criaram um clima em que o suicídio passava a representar a forma de morte
provocam a morte de muitos. Sem dúvida, o mais conhecido ocorreu no dia 11 de setembro de
2001 nos Estados Unidos, onde houve uma série de ataques contra alvos civis. Na manhã
desse dia, quatro aviões comerciais foram desviados de suas rotas, sendo dois deles jogados
contra as torres do World Trade Center, em Manhattan, Nova Iorque. Um terceiro avião foi
quarto avião foram vistos espalhados num campo próximo de Shanksville, Pensilvânia. Os
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2006).
Como objeto de estudo, o suicídio vem sendo observado desde o século XVIII.
Segundo Ordaz e Vala (1997), muitos foram os autores que se dedicaram à investigação desse
fenômeno, como por exemplo, Esquirol, Adler, Freud entre outros, que o relacionaram a
categorias. Assim, num dos extremos tem-se a ideação (pensamentos, idéias, planejamento e
palavra originada do latim, derivada da junção das palavras sui (si mesmo) e caederes (ação
de matar). Num sentido geral, é um ato voluntário através do qual um indivíduo possui a
intenção e provoca a própria morte.De acordo com Stevenson (1992), não existe uma
definição única aceitável ; entretanto, a morte deve ter sido auto-infligida. Esse autor também
alerta para o fato de que, sem a existência de um bilhete, por parte do suicida, pode ser um
diagnóstico difícil.
morrer e a noção clara de que o ato executado pode resultar nisso. Caso contrário, é
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considerado morte por acidente ou negligência. Entretanto, o fato de estar consciente de que
vai efetuar um ato suicida não elimina o estado de confusão mental que o indivíduo
(2002) refere-se a condutas cuja intenção não é acabar com a própria vida, mas sim modificar
O suicídio é uma realidade que nos cerca, embora muitas vezes não desejemos ou não
possamos aceitá-lo, talvez porque tal situação nos coloca diante de um fenômeno que sempre
provocará perplexidade no ser humano, que é a morte voluntária (Dutra, 2002). Segundo
pelos mitos das sociedades primitivas, criticado pelas religiões, como ato de rebelião contra o
Criador, aparecendo ainda, em muitos escritos filosóficos, como ato de suprema liberdade.
juristas e sociólogos. De acordo com Alves (1999), a origem do gesto humano de voltar-se
contra si mesmo de modo violento, a ponto de destruir sua própria existência, tem causa
urbana e rural são fatores sociais que influenciam na “taxa social do suicídio”
Também fatores menos genéricos e mais particulares podem fazer recrudescer a taxa
* Psicanalíticas:
Para Freud, o suicídio é resultante da pulsão entre Eros e thanat, com predomínio final
para este último. A idéia de suicídio seria parte do homicídio, pois considera esse ato um
crime, ao qual se deu um giro de 180 graus, dando destaque à existência da ambivalência
amor-ódio, que segundo ele, está presente na dinâmica de todo suicida. Outro aspecto
suicida.
Jung supõe que o ato suicida ocorre quando existe uma situação em que só a morte
pode pôr fim, aquilo que o eu está envolto, ou seja, um conflito de tal envergadura que, aliado
a uma falta de vitalidade, torna impossível encontrar uma solução emergente. Para ele, esse
que, em geral, tentam obter gratificações dos demais, possuidores de fortes sentimentos de
sobressair a qualquer preço. Ainda de acordo com este autor, isso proporciona a essas pessoas
a sensação de serem donas da vida e da morte, de serem onipotentes (Corrêa e Barrero, 2006).
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O psicanalista Karl Menninger propôs que em todos os seres humanos existem fortes
propensões para a autodestruição, e o suicídio seria apenas uma de suas manifestações, que se
apresenta de três formas: “suicídio crônico” “palmo a palmo”, em que o indivíduo organiza
lentamente sua morte à custa, por exemplo, de condutas anti-sociais, alcoolismo, uso de
deve-se os três desejos implícitos em todo ato suicida: (1) o de morrer; (2) o de matar; (3) o de
* Cognitivas:
e os motivacionais (Corrêa e Barrero, op. cit). O modo suicida estaria caracterizado pelos
Componentes Cognitivos:
Pensamentos suicidas.
desesperançado, etc.).
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Pensamentos relacionados com o futuro (as coisas não mudarão, não suporto por mais
Componentes Afetivos:
Disforia.
Componentes Comportamentais:
Planificação suicida.
Segundo Corrêa e Barrero (2006), essa foi, a primeira teoria, que tentou explicar as
causas do suicídio, que surgiu no princípio do século XIX, iniciada com Pinel e seu discípulo
Esquirol. Desde o fim do século XVII, foram os médicos, e em particular os alienistas, que
iniciaram o debate sobre a etiologia do suicídio. No século XVII, alguns livros já discutiam o
Esquirol, a partir de 1927 com seu livro Les Monomanies. Segundo ele, esse fenômeno
apresenta todas as características das alienações mentais e o ser humano só atenta contra sua
vida, quando está mergulhado no delírio; concluindo então que os suicidas são alienados.
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concepções diferentes sobre a etiologia do suicídio. A primeira, aquela de Esquirol que dizia
que o ato suicida seria secundário, uma alienação não específica; a segunda, defendida por
Bourdin, associava a uma doença mental específica, a monomanie suicidee; e a terceira, que
alienação mental era reconhecida, entretanto, como a mais comum. Apesar das diferenças dos
autores, algo era consensual entre eles: a importância das afecções mentais como causa do
Na atualidade, essa teoria é conservada em plena vigência, pois, embora nem todos,
que cometam suicídio, tenham um transtorno mental, a mortalidade decorrente desse ato entre
as pessoas que têm tal tipo de transtorno é, significativamente, maior do que a observada na
população geral. Segundo os autores supracitados, mais de 90% das pessoas que se suicidam
têm uma doença mental diagnosticável, no momento em que cometem esse ato. Por esse
motivo, as doenças psiquiátricas são um fator de risco conhecido e seu tratamento adequado é
francês Emile Durkheim. Este autor é reconhecido como o pai da Sociologia e o precursor dos
estudos sociológicos do suicídio. Ele focalizou os efeitos prejudiciais que a sociedade exerce
Segundo esse mesmo autor, não são os indivíduos que se suicidam, mas a sociedade
através deles, e postula que a incidência desse fenômeno numa determinada sociedade
depende do nível de integração social e das regras nela existentes . Dependendo do nível de
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Cerca de trinta anos após o livro de Durkheim, em 1930, Maurice Halbwachs publica
seu livro Les causes du suicide, este critica em vários pontos a obra daquele, mas contribui
para uma melhor compreensão dos aspectos sociológicos do suicídio. A principal contribuição
parentes biológicos de um suicida são muitas vezes mais suicidas do que os parentes adotivos
daquela pessoa. Gêmeos idênticos tendem a partilhar a propensão ao suicídio, mesmo que
sejam separados ao nascer e não tenham conhecimento um do outro. Gêmeos não idênticos
não têm essa tendência. Desta forma, percebe-se a influência tanto dos elementos externos,
3.4 EPIDEMIOLOGIA:
As estatísticas sobre atos suicidas são falhas e subestimadas, e isso se deve a vários
acordo com Cassorla (1998), certamente, a subestimação estatística é mais intensa quando se
trata de crianças e adolescentes, em que os atos autodestrutivos são negados ou até escondidos
pela família, diante de maiores sentimentos de culpa e/ou vergonha pelo ato. Mesmo os
solicitam.
provocada por um ferimento à bala, estando à arma ainda nas mãos do suicida; porém a morte
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serem tiradas.
um trauma emocional desnecessário. Além disso, a morte por esse ato pode ter impacto sobre
métodos e regras para verificar se uma morte ocorreu por suicídio ou não, fossem aplicados
em todos os países.
A taxa oficial de mortalidade no Brasil, de acordo com dados da OMS, é de 4,1 por
100 mil para a população como um todo, estando para o sexo masculino, em torno de 6,6 por
100 mil habitantes, e para o sexo masculino, em 1,8 por 100 mil habitantes
Segundo Cassorla (1998), sabe-se que o suicídio é a terceira causa de morte entre
aquelas consideradas como violentas ou externas, no estado de São Paulo. Além disso, 28%
do total dos suicídios ocorridos na Grande São Paulo acontecem entre jovens entre 15 e 24
anos.
Se nos reportarmos ao Nordeste, percebemos que essa taxa não é muito diferente . No
Rio Grande do Norte, segundo os estudos de Dutra (1998), constatou-se que no período de
1985 a 1996 ocorreram 561 suicídios. Desse total, 26% foram de jovens entre 15 e 24 anos,
estatísticas essas, que se aproximam dos dados verificados em São Paulo. A autora ainda
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ressalta que esses números podem ser considerados alarmantes, considerando-se que se trata
de um estado nordestino, sem os problemas de uma cidade como São Paulo, que abriga uma
demográficas distintas.
pessoas cometeram suicídio em 2003, representando uma morte a cada 35 segundos. Para
cada óbito por suicídio, há no mínimo cinco ou seis pessoas próximas ao falecido, cujas vidas
de 2006, 22 (vinte e dois) casos de suicídio no estado. Para o ano de 2007, até o mês de
O primeiro, aquele que comete o ato sem pensar no que está fazendo. Tais pessoas são
as mais impulsivas e as mais propensas a serem levadas ao suicídio por um evento externo
O segundo, meio apaixonado pela morte consoladora, comete suicídio como vingança,
como se o ato não fosse irreversível. Tais pessoas não estão fugindo da vida, mas correndo
O terceiro comete suicídio por uma lógica falha em que a morte parece ser a única
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suicídios e escrevem bilhetes. Geralmente, acreditam não somente que a morte vá melhorar
sua condição, mas também que ela removerá um fardo das pessoas que os amam.
O último grupo comete suicídio através de uma lógica racional. Tais pessoas – devido
a uma doença física, instabilidade mental ou uma mudança nas circunstancias de vida – não
desejam experimentar a dor da vida e acreditam que o prazer que elas podem vir a sentir é
Para Durkheim (2003), os suicídios podem ser divididos em três categorias sociais:
associado com sentimentos de depressão e apatia. O autor atribui o aumento das taxas de
suicídio à decadência de afiliação à família e à religião, duas instituições que servem para
O altruísta: difere do egoísta por características marcantes. Enquanto este se deve ao intenso
individuo se identifica tanto com a coletividade que é capaz de tirar sua própria vida por ela,
sendo visto como algo que ocorre, principalmente, em sociedades coletivas, onde os
O anômico: ocorre como resultado de uma mudança brusca na ordem social aceita e nas
normas que prescrevem o comportamento na sociedade. Esse tipo de suicídio é o mais comum
após crises sociais ou políticas, e ocorre entre indivíduos que estão tentando ajustar-se a novos
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como através da diminuição dos fatores de risco, tanto no nível individual como coletivo.
supracitados acrescentam ainda que a percepção dos riscos volta-se à perspectiva do controle
preventivo dos mesmos, buscando, por meio da educação, influir nos comportamentos
Os fatores de risco têm sido mais abordados pela literatura do que os de proteção.
mentais (como por exemplo, a depressão), perdas recentes, perdas de figuras parentais na
O Ministério da Saúde (Brasil, 2006) alerta para o fato de existirem alguns sinais na
história de vida e no comportamento das pessoas, que indicam que um determinado indivíduo
possui um maior risco para o comportamento suicida. São eles: (1) comportamento retraído,
inabilidade para se relacionar com a família e amigos, pouca rede social; (2) doença
(7) tentativa de suicídio anterior; (8) odiar-se, sentimento de culpa, de se sentir sem valor ou
com vergonha de si; (9) uma perda recente importante – morte, divórcio, separação, etc; (10)
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história familiar de suicídio; (11) desejo súbito de concluir os afazeres pessoais, organizar
desesperança; (13) cartas de despedida; (14) doença física crônica, limitante ou dolorosa; (15)
sexo masculino, faixa etária entre 15 e 35 anos ou acima dos 75 anos, extratos econômicos
Conforme Botega et al (2006), um dos grupos de maior risco para o suicídio é o dos
indivíduos que já tentaram cometer esse ato em algum momento de suas vidas. Tal risco foi
estimado em 100 vezes maior do que o da população em geral. Segundo os autores, os estudos
têm demonstrado que a adesão desses indivíduos ao tratamento é baixa, mas que, por outro
Pessoas com histórico de suicídio na família são muito mais propensas a se matar. De
acordo com Solomon (2002), isso ocorre em parte porque tornam o impensável pensável. Por
outro lado, ocorre também porque a dor de viver quando alguém que se ama aniquilou-se
matar; ao mesmo tempo querem viver e morrer. O predomínio do desejo de vida sobre o de
morte é o fator que possibilita a prevenção do suicídio. O suicídio é entendido como um ato
impulsivo que pode ser transitório e durar apenas alguns minutos ou horas. Geralmente, é
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estão constritos, ou seja, constantemente pensam sobre suicídio como única solução e não são
capazes de perceber outras maneiras de solucionar seus problemas. Análoga a essa condição é
consumação, ou pelo menos tentativa, do ato suicida. São denominados de “regra dos 4D”,
devido ao fato de todos os sentimentos começarem com a letra “D”. São eles: depressão,
seguintes: pessoas que possuem bons vínculos afetivos, sensação de estar integrado a um
grupo ou comunidade, religiosidade, estar casado ou com companheiro fixo, ter filhos
pequenos.
doenças graves. Entre os muçulmanos as taxas de suicídio são mais baixas quando
comparadas às outras religiões, provavelmente, por causa do pesado julgamento moral sobre o
suicídio e conseqüente senso de punição, além de outras características culturais, como por
Uma percepção mais otimista da vida, com razões para se continuar vivendo opondo-
exemplo, apego aos filhos pequenos e o sentimento de importância na vida de outras pessoas.
No sexo feminino, a gravidez e a maternidade auxiliam para que as mulheres tenham menores
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taxas de suicídio, em especial nos anos próximos da gestação. Nesses casos, é válido ressaltar,
ocupação, estar empregado, sentindo-se produtivo e socialmente mais integrado por meio de
seu trabalho. De forma geral, o sentimento de “pertencer”, no sentido de possuir forte ligação,
morte das pessoas, mas também em considerar as sérias implicações na sociedade que são
autodestrutivo. Segundo Dutra (2002), o abuso de drogas, bastante comum nos dias atuais, é
doenças mentais – sendo que a mais comum, atualmente, é a depressão, responsável por 30%
dos casos relatados em todo o mundo. Outras doenças como o alcoolismo, a esquizofrenia e
pessoa falecida por meio de entrevistas e, assim, delinear as características psicossociais que
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Interessante de janeiro de 2003, afirma que existem causas imediatas predisponentes – como a
perda do emprego, fracasso amoroso, morte de um ente querido ou falência financeira – que
agem como o último empurrão para o suicídio. A análise das características psicossociais do
suicida. Pode mostrar as razões para morrer que estavam enraizadas no estilo de vida e na
personalidade.
No Brasil, até há pouco tempo, o suicídio não era visto como um problema de saúde
pública. Entre as causas externas de mortalidades, ele encontrava-se na sombra dos elevados
publicada uma portaria com as diretrizes que deverão orientar tal plano. Dentre os principais
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inclusive do Programa Saúde da Família, dos serviços de saúde mental, das unidades
humanização.
esperado para 2007, com destinação de verba orçamentária específica, o Ministério da Saúde
Há hoje, considerável informação a respeito do que, em vários países, já foi feito para
a prevenção do suicídio, do que deu certo e do que não funcionou. Já temos evidências
científicas disponíveis, agora, segundo Botega (2007), é esperar o esforço final da área técnica
do Ministério da Saúde, para fazer do Brasil o primeiro país da América Latina a elaborar e a
com um fenômeno que tende a ficar à margem das discussões sociais e políticas como
intervenção do Estado nos problemas de saúde pública que são enfrentados por uma nação. As
diretrizes são, certamente, o primeiro passo em uma jornada que busca intervir sobre um
preventivo sobre o que afeta a saúde de nossa sociedade (Botega et al, 2006).
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certas vulnerabilidades, moléstias ou eventos tornam alguns indivíduos muito mais propensos
a se matar do que outros. O elemento mais comum é a psicopatologia ou doença mental. Entre
os diversos tipos de doença mental, bem poucas estão particular ou poderosamente ligadas à
2002).
ponto daquele ser, ainda hoje, considerado por muitos um sintoma ou uma conseqüência
exclusiva deste. De fato, a importância da associação entre um e outro é um dos dados mais
mesmo nos grandes sistemas nosográficos de classificação, como o CID 10, ou em escalas e
depressão, mas com praticamente todos os diagnósticos psiquiátricos. Mais de 90% das
associados a uma maior mortalidade por suicídio, quando comparados a população geral
(Corrêa e Barrero, 2006). Entretanto, muitos pacientes com sintomatologia depressiva, nunca
se tornam suicidas, assim como muitos suicídios são cometidos por pessoas que não vinham
Segundo Solomon (2002), os dois elementos não são partes de uma única equação
lúcida, uma ocasionando a outra. São entidades separadas que com freqüência coexistem,
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influenciando-se mutuamente. O autor afirma ainda que não existe nenhuma correlação forte
apeguem-se à vida.
podem ser feitas a partir da convergência dos vários estudos epidemiológicos realizados:
1. A mortalidade por suicídio é cerca de duas vezes maior nos homens do que nas
mulheres deprimidas. Esse dado torna-se ainda mais importante ao lembrarmos que a
risco suicida. Os pacientes com historia de internação têm um risco duas vezes maior
de se matarem do que os que nunca foram internados, de forma que a decisão clínica
4. O risco suicida é maior logo após uma internação e nos períodos iniciais da
casos, essa motivação diz respeito a quadros psicopatológicos, havendo grande destaque para
ocorrência do suicídio de motivação moral por si só, no qual entre os motivos desencadeantes
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fator vulnerável que necessita estar presente para que, culmine no suicídio do individuo,
Bertolote e Fleischmann (2002 apud Botega et al, 2006) realizaram uma revisão
sistemática de 31 artigos publicados entre 1959 e 2001. No total, 15.629 casos de suicídio em
indivíduos com idades acima de 10 anos foram avaliados quanto à presença de transtorno
mental, seja por avaliação psiquiátrica ocorrida antes do suicídio, ou pelo método de autópsia
psicológica após o mesmo. O estudo mostrou que em 97% dos casos de suicídio caberia um
20 vezes em indivíduos com episódio depressivo, sendo maior ainda em sujeitos com
psicológica mostram que, aproximadamente, metade dos indivíduos que faleceram por
mentais, para os quais a sintomatologia depressiva era central, como nos transtornos de
ajustamento com sintomas depressivos, a porcentagem sobe para cerca de 80% (Botega et al,
2006).
De acordo com Holmes (2001), as mulheres são três vezes mais propensas a tentarem
o suicídio do que os homens, embora os estes sejam três vezes mais propensos a serem bem
sucedidos em suas tentativas. A razão para essa diferença ainda não está bem definida, mas
acredita-se que isso se deva ao fato delas serem mais propensas a sofrerem de depressão do
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que eles, reconhecendo-se assim, o importante papel desempenhado pela depressão frente aos
atos suicidas.
Porém, outra hipótese também é destacada para explicar essa diferença: os homens
usam técnicas mais violentas (revólveres, saltos de prédio) do que as mulheres (overdose,
corte dos pulsos), aumentando assim, as chances das tentativas serem bem-sucedidas.
suicida, quando define os tipos de suicídio nos estados psicopáticos. O suicídio melancólico,
que faz com que o doente já não consiga mais apreciar de maneira sadia as relações que ele
de enfrentar e resolver problemas. Esses sintomas podem não estar presentes no inicio do
quadro, mas à medida que a depressão vai se tornando mais grave, a baixa da auto-estima vai
mais desesperado. Para Holmes (2001), os indivíduos deprimidos cometem suicídio porque, a
partir do seu ponto de vista a vida não vale a pena ser vivida.
subestimadas. O mesmo ocorre com as estatísticas que buscam descrever a relação entre esse
É provável que a taxa de suicídio entre indivíduos deprimidos seja bastante elevada,
porém, não podemos afirmar com certeza, devido ao fato de que muitos pacientes,
severamente, deprimidos não dispõem de energia para se matar. Nesses casos, destaca Holmes
(2001), os suicídios ocorrem depois que o individuo começa a melhorar. Os indivíduos ainda
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encontram-se deprimidos, mas à medida que melhoram, obtêm mais energia e, aí sim, são
Segundo Jamison (2002), nas suas formas grave, a depressão paralisa todas as forças
vitais que nos faz humano; deixando em troca um estado árido, desesperante e entorpecido. É
uma condição estéril, fatigante e agitada; sem esperança ou capacidade. Ainda conforme a
autora, para os indivíduos com essa doença, o risco de suicídio é mais alto se ela for muito
grave, a hospitalização for exigida ou o ato fora tentado alguma vez. Depressões brandas ou
moderadas, embora com freqüências dolorosas e debilitantes, não carregam com elas o
deprimidos consumaram esse ato, totalizando 15% dos indivíduos depressivos. Esse fato
depressão e suicídio, no entanto, a correlação entre essas duas variáveis pode ser identificada
na maioria das pesquisas. Também é questionada a idéia de que 15% dos pacientes com
depressão se suicidam, podendo esse ser um dado superestimado, já que, hoje em dia, os
décadas passadas, podendo haver um viés nas pesquisas longitudinais anteriores, além do que,
existem, hoje em dia, variadas formas, tipos e níveis de diagnóstico de depressão, o que pode
Malone (2000 apud Baptista 2004) relatou que indivíduos depressivos que tentaram
depressivos que nunca tentaram suicídio, além do que o número, a duração e a severidade dos
episódios depressivos não foram diferentes entre os dois grupos. No entanto, o autor não
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controlou uma série de variáveis que poderiam estar enviesando esses dados (análise por faixa
etária, inicio dos episódios), além do fato de a amostra utilizada no estudo (N=84) ter sido
pequena.
Baptista (2004) destaca também outro estudo realizado com o objetivo de investigar a
suicida em homens e 25% em mulheres. Os resultados sugerem que eles não consideram o
suicídio até estarem com um nível mais significativo de depressão, ao passo que elas podem
pesquisa relatada.
De um modo geral, como já foi dito anteriormente, na maioria das pesquisas é possível
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CAPÍTULO IV
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA - A TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
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CAPÍTULO IV
originada na Europa por Serge Moscovici (1961), através da publicação de seu estudo La
Psychanalyse: Son image et son public. Segundo Farr (1998), ela difere, marcadamente, das
formas psicológicas de Psicologia Social, que são atualmente predominantes nos Estados
Unidos da América. Esse contraste ocorre entre uma tradição de pesquisa européia e uma
porém a origem desse conceito provém de estudos realizados por Durkheim, no campo da
que propõe um conjunto sistemático de elementos que tentam explicar uma multiplicidade de
formas intelectuais que incluíam ciência, religião, mito, modalidades de tempo e espaço, etc.
de fato, qualquer emoção ou crença que ocorresse dentro de uma comunidade, estava incluída.
Nesse sentido, Moscovici (2003) alerta que isso representa um sério problema, pois, segundo
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ele, pelo fato de se querer incluir demais, inclui-se muito pouco: querer compreender tudo é
perder tudo.
individuais, considerando que o pensamento social possui uma matéria e estados específicos
que somente podem ser interpretados por fatores outros. Para Durkheim, as representações
coletivas têm suas leis próprias, e pertence à outra natureza, que é diferenciada do pensamento
individual. Segundo Nóbrega (op cit.), a oposição entre o individual e o coletivo, tanto marca
a falha de Durkheim sobre a noção das representações coletivas, como explica o fato de que
esse conceito tenha sido negligenciado pelos estudiosos durante muito tempo.
organizam em relação ao contexto social. Para tanto, ele acrescenta novos elementos às idéias
contidas na teoria da representação coletiva, fazendo com que a noção de representação social
Moscovici (2003) afirma que um grande estímulo ao seu estudo das representações
Guerra, o autor começou a preocupar-se com o impacto da ciência na cultura das pessoas. Na
errado e deficiente; ele reagiu a essa idéia, enfatizando a importância do senso comum.
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independentes das pessoas, procurando apoiar-se no que considera fatos puros; o segundo
consenso.
representações.
Jodelet (2001) afirma que, de acordo com a Teoria das Representações Sociais, a
também contribuem para construí-las. A ancoragem, portanto, assegura o elo entre a função
cognitiva de base da representação e a sua função social, bem como fornece à objetivação os
Sobre a ancoragem o autor afirma que é um processo que transforma algo estranho,
perturbador, que nos intriga, em nosso sistema particular de categorias e o compara com um
paradigma de uma categoria que nós pensamos ser apropriada. (p. 61).
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pela evolução das pesquisas realizadas a propósito das cognições e práticas sociais. Foram
elas: a função identitária, que permite salvaguardar a imagem positiva do grupo e sua
funcional e prática, que acaba por ser evidente na organização dos comportamentos, das
grupos sociais.
representações: difusão, propagação e propaganda. A primeira pode ser caracterizada por uma
que exige uma organização mais complexa das mensagens. Essa modalidade de comunicação
diferentemente das duas anteriores, é uma forma de comunicação de um grupo cuja dinâmica
encontra-se inscrita nas relações sociais conflituosas e que tem por objetivo engendrar a ação
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Para Abric (1998, 2003), as representações sociais são orientadas por um duplo
sistema (central e periférico), que permite compreender uma das características básicas das
valores partilhado pelos membros do grupo; e móveis e flexíveis por se abastecerem das
como referência à evolução das relações e das práticas sociais, nas quais se inserem os
indivíduos ou os grupos.
sobre os transtornos psicoafetivos podem ser compreendidas como uma interpretação coletiva
comunicações.
compreender as formas que as pessoas utilizam para criar, transformar e interpretar essas
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Estudar esses dois eixos temáticos ancorados nas Representações Sociais significa
estudá-los não apenas através dos aportes teóricos, normativos e científicos, mas com vistas a
partir do consenso desse grupo. Em seu ambiente social, são veiculadas as crenças, opiniões,
social quanto na pesquisa. Essa teoria propõe-se a identificar e analisar os processos que
2003).
la, sendo necessário identificar os elementos centrais – o núcleo central. Este possibilita à
social, servindo de “pára-choque entre uma realidade que a questiona e um núcleo central que
não deve mudar facilmente” (Flament, 2001, p. 178). Essa afirmação assinala que, para ser
protegido o núcleo central e para ser assegurada a estabilidade de uma representação social,
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proferidas pelo grupo de pertença acerca do objeto representacional; e por esse motivo,
absorvidos pelos esquemas periféricos. Desse modo, esse sistema serve de dispositivo para
permite interpretar sua vida e a ela dar sentido, compartilhando sua interpretação com seu
meio social e cultural (Coutinho e Saldanha, 2005). Desse modo, acessar as representações
para criar, transformar e interpretar essas problemáticas vinculadas à sua realidade. De acordo
teórico da Teoria das Representações Sociais é aqui adotado, enfatizando um saber real,
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estudos acerca das representações sociais elaboradas pelos mais diversos grupos de afiliação.
suicida. Os tópicos a seguir descrevem alguns estudos realizados utilizando-se como aporte
depressão elaboradas por crianças com sintomatologia. Para tanto, utilizou como instrumento
Através da análise dos dados, a autora percebeu que para as crianças pesquisadas
representaram a depressão como uma doença causada pela tristeza, dor e separação, enquanto
que o ser depressivo foi representado como uma pessoa nervosa, que chora e não interage.
Um outro estudo foi realizado por Coutinho et al (2003) em escolas públicas e grupos
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que ambos os grupos apreenderam suas representações não apenas pelo conhecimento teórico
Na pesquisa realizada por Barros et al (2006), que teve como objetivo apreender as
escola pública atribuíram esta patologia à causas mais voltadas à dimensão psicossocial,
Representações Sociais (RS), a depressão sob o ponto de vista dos estudantes universitários
emcocionais, enquanto para o segundo os fatores orgânicos foram mais comumente apontados
Um estudo desenvolvido por Monteiro, Coutinho e Araújo (2007), teve como objetivo
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adolescência.
maneira, independente das diferenças individuais e/ou grupais, a depressão foi representada
pós parto, objetivando apreender as representações sociais desta patologia elaboradas por
mães puérperas com e sem sintomatologia. Tais representações denotaram uma aproximação
Comparado as manifestações registradas nas falas das puérperas, a autora constatou que o
campo semântico que emergiu das mães com sintomatologia de depressão aglutinava poucos
tem sido pouco investigadas pela literatura especializada. Dentre os poucos estudos realizados
que os membros de uma equipe de enfermagem de uma instituição psiquiátrica possuía acerca
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decorrente de uma escolha própria, uma auto e hetero - agressão, causada por uma falta de
morte à solidão, tragédia, raiva e também a palavra ajuda como e,elemento representativo
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CAPÍTULO V
PERCURSO METODOLÓGICO - MÉTODO
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CAPÍTULO V
MÉTODO
O cunho quantitativo desta pesquisa diz respeito aos dados obtidos através do teste de
Associação Livre de Palavras que serão processados pelos softwares Evoc e Tri-Deux-Mots, e
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5.3 AMOSTRA;
amostra se deu mediante duas razões; a primeira refere-se a faixa etária dos participantes,
mental.
5.4 INTRUMENTOS;
prática clínica, teve como objetivo realizar diagnóstico psicológico sobre a estrutura da
personalidade do sujeito. Esse teste foi adaptado no campo da Psicologia Social por Di
Giacomo (1981) e desde então vem sendo, amplamente, utilizado nas pesquisas sobre as
representações sociais.
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RS, através da configuração dos elementos que constituem a trama ou rede associativa dos
Estes devem ser previamente definidos em função do objeto a ser pesquisado ou objeto da
da pesquisa.
A Escala de Ideação Suicida de Beck (BSI – Beck Scale for Suicide Ideation) foi
validada aqui no Brasil por Cunha com et al (1997). É uma versão de auto-relato de outro
instrumento clínico, a SSI, Scale for Suicide Ideation, apresentada por Beck, Kovacs e
Weissman (1979). A SSI consistia num instrumento sistemático, que fornecia indicadores de
suicidas. Os dois últimos itens, não incluídos no escore final, de caráter informativo, fornecem
A BSI foi estruturada de forma a permitir que os cinco primeiros itens possam ser
usados como triagem da ideação suicida. Assim sendo, se a resposta do examinado for 0 ao
“indicando evitação de morte, se confrontado com uma situação ameaçadora para a vida” –
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ele deverá ser orientado a passar imediatamente ao item 20, deixando de dar resposta aos 14
seguintes (Cunha, 2001). Tais itens são mais específicos, a respeito de planos e atitudes, com
uma intenção suicida subjacente. Caso tenha havido qualquer escolha diferente de 0, no item
4 ou 5, o examinando fará escolhas referentes aos grupos de afirmações dos itens 6 a 19.
Quanto ao item 20, deve ser respondido por todos os examinandos, tenham ou não
preenchido os 14 itens anteriores. Já o item 21 só será respondido por sujeitos com história de
O BDI foi, originalmente, criado por Beck, Ward, Mendelson, Mock e Erbaugh (1961)
e revisado por Beck, Rush, Shaw e Emery (1979/1982). É uma escala de auto-relato, de 21
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entrevistas abertas, que segundo Minayo (1998a), é aquela em que o entrevistado tem a
possibilidade de discorrer sobre o tema proposto, sem respostas ou condições prefixadas pelo
trabalho de coleta de dados, mas uma situação de interação social entre o pesquisador e o
comum são condições essenciais para apreender o objeto de um estudo qualitativo (Minayo,
1998a, p. 124).
presente estudo foi submetido à avaliação, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
A fase de coleta dos dados foi realizada nos meses de novembro e dezembro de 2006,
de forma coletiva a todos os participantes. Foi feito um contato prévio com os professores,
que concordaram em ceder um tempo de suas aulas para que os alunos participassem da
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acordo com as normas da Resolução 196/96 sobre Pesquisa Envolvendo Seres Humanos.
Antes dos dados serem lançados nos softwares, foram realizadas etapas sucessivas de
estatisticamente, significativas.
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Deus-Mots
opinião, obtidas pelas respostas dos participantes aos estímulos indutores coletados pela
Esse procedimento fornece uma representação gráfica composta por eixos ou fatores (F1 e
F2), que revelam a atração obtida entre as variáveis fixas e as de opiniões, que são formadas
pelas respostas de associação do sujeito, face aos estímulos indutores, que foram: depressão
programas informatizados, que permite a identificação dos temas que emergem do núcleo
central e do sistema periférico das representações sociais, a partir das respostas a cada um dos
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estabelecidos pelo programa, obedecendo à ordem da emissão das respostas (o segundo lugar
num esquema figurativo, em que podem ser identificadas. No quadrante superior esquerdo, as
Entre os elementos periféricos ocorre o inverso, com as palavras evocadas com menor
valores, com as palavras contidas no quadrante inferior esquerdo tendo uma freqüência de
evocação inferior à freqüência média das palavras e as mais preferidas, ao passo que o
quadrante superior direito possui uma freqüência maior que a freqüência média, combinada
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depressão nos estudantes, bem como avaliar a severidade desse transtorno. Segundo Cunha
(2001), os critérios de corte para os diferentes níveis de depressão são os seguintes: 0-9
depressão mínima; 10-16 depressão leve; 17-29 depressão moderada; 30-63 depressão
severa. A autora citada ressalta, porém, que os pontos de corte podem variar conforme o
intenção suicida, respondendo, portanto, aos itens 6 a 19, pode-se avaliar a gravidade da
ideação suicida, somando os escores dos itens individuais (de 1 a 19) e obtendo um total. De
acordo com Cunha (2001), os itens 20 e 21 são meramente informativos e não são
ideação suicida. A BSI possibilita a análise sob dois pontos de vista: a) a presença ou não da
ideação suicida; e b) a intensidade com que cada indivíduo deseja morrer, se tem intenções,
planos detalhados, ou se tem em vista algum método, preparando-se para chegar à execução
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conteúdos apreendidos foram analisados por meio da análise de conteúdo temático. De acordo
Segundo a autora citada, a análise das entrevistas deve seguir a ordem das etapas
descrita a seguir. A primeira, de constituição do corpus, foi formada pelos textos transcritos
das entrevistas; em seguida, foi feita a leitura flutuante, livre para tornar possível detalhar,
codificadas e validadas, internamente, por dois pesquisadores que trabalham com o mesmo
posteriori, para que fosse possível a apreensão de todos os conteúdos que emergiram a partir
das narrativas dos participantes, transcritas das entrevistas. Depois da composição das
unidades temáticas, foi a vez da codificação e recortes, por meio do agrupamento do material
categorias identificadas.
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CAPÍTULO VI
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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CAPÍTULO VI
RESULTADOS E DISCUSSÃO
relacionados à vida dos atores sociais. Esse perfil encontra-se descrito na tabela 1.
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Correspondência (AFC), que oferece uma leitura gráfica das variações semânticas na
possível também apreender a atração entre as variáveis fixas (período do curso, faixa etária e
sexo) e as de opinião, que correspondem às palavras evocadas pelos sujeitos para cada um dos
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semântico elaborado pelos estudantes dos últimos períodos do curso (7º, 8º, 9º e 10º
de busca, o que lhes traz cansaço e ansiedade. A depressão foi representada como uma
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tristeza, uma melancolia, que gera ansiedade, angústia, dor, apatia e incapacidade, podendo
levar à morte. O suicídio também foi objetivado pelo elemento morte, sendo ele motivado por
estes universitários conservam o otimismo durante essa busca por sua identidade profissional.
matriculados nos últimos períodos do curso, emergiu o campo semântico elaborado pelos
extrovertidas, amorosas e ligadas à família. A depressão foi representada como uma tristeza,
enquanto que o suicídio representa uma fuga, uma desistência da vida diante de uma
desilusão.
elemento, a tristeza. O suicídio, representado como uma fuga, e pode ser compreendido como
estudantes, tímidos e leais. A depressão foi representada como uma doença, causadora de
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medo, angústia e escuridão, decorrentes de uma desilusão na vida. O suicídio também foi
representado como uma doença, decorrente de um desequilíbrio, que causa medo e tristeza,
timidez, lealdade e papel social de estudante. Observa-se também que, para os universitários
uma vez que os atores sociais utilizaram evocações similares para representarem esses dois
fenômenos.
Por contraste, na parte inferior do fator 2, surgiu o campo semântico constituído pelos
psíquico, que se deve buscar ajuda. O suicídio foi representado como um ultimato, problema
ancorados nos sintomas clínicos, onde se enfoca para os dois fenômenos a necessidade de
ajuda, no caso do suicídio, uma ajuda mais específica, a da família. Mais uma vez, percebem-
se, através das evocações dadas pelos atores sociais, semelhanças entre as representações
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Figura 2 – Quadrante de distribuição das evocações livres dos estudantes de Psicologia no Teste de Associação
Livre de Palavras para o estímulo-indutor “depressão” (N=233).
foi registrada com sua respectiva freqüência acima ou abaixo de 10; e ordem de aparecimento
superior esquerdo, no seu núcleo central, as evocações «tristeza, dor, sofrimento e ruim». Os
que acompanha a vivência subjetiva e social dos acadêmicos investigados, que se relacionam
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manifesto pela nosologia psiquiátrica ou pela psicologia clínica, cujos estudos remetem às
ao lado da tristeza, do sofrimento e da dor, refere-se ao elemento «ruim»; que expressa uma
possíveis experimentadas pelo grupo investigado: por um lado, a indireta informação de que
alteridade, uma vez que, muito embora não tenham experimentado esse transtorno
psicoafetivo, eles se identificam, na relação com o seu grupo de pertença, com os colegas
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representacional da depressão.
Figura 3 – Quadrante de distribuição das evocações livres dos estudantes de Psicologia no Teste de Associação
Livre de Palavras para o estímulo-indutor “suicídio” (N=233).
foi registrada com sua respectiva freqüência acima ou abaixo de 10, e com a ordem de
(2005), na sua maior gravidade: o ato consumado. Ainda, na centralidade dessa representação
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Com respeito ao vocábulo fraqueza, chamam a atenção os dois sentidos possíveis para
significado do ser fraco. Por um lado, percebe-se um estado de qualidade de fraco, enquanto:
Nesse sentido, portanto, a fraqueza deve ser entendida como uma manifestação,
direção de uma falha ou defeito, como covardia, falta de obstinação, ou seja, o lado fraco de
um caráter de um ser, o que revela uma propensão para ceder a sugestões, imposições ou
impressões. Fraqueza aqui deve ser encarada como uma manifestação psicológica.
superior direito da Figura 3. Nesse quadrante, ainda são evidenciados elementos psicoafetivos
senso comum do ato suicida, como uma preferência ou opção, ação eleita ou escolhida
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consensuais, pois que agrupadas na periferia distante ilustrada no quadrante inferior direito da
Figura 3, mas denotadoras de forte apelo de resistência: «nunca, desejo e vida». A menção à
«família» parece resgatar os elos de vida que os trazem à realidade e os mantém vigilantes e
contrastantes, que oscilam entre a vida e a morte, possivelmente, sinalizando para uma tênue
linha divisória que separa o viver e o morrer. Essa oscilação encontra-se presente na
Psicologia investigados, sugerindo a convivência com ideação suicida dentro do seu grupo de
pertencimento.
estrutura representacional semelhante e interligada. Este paralelo está posto uma vez que as
elemento «depressão», no núcleo central, e das próprias representações sociais desse objeto
social, no sistema periférico que emergiu do estímulo suicídio «tristeza, dor e sofrimento».
Por sua vez, esses últimos elementos constituem o núcleo central da representação social da
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Entretanto, de acordo com os elementos constantes do núcleo central dos dois objetos
representacionais, observa-se que essas semelhanças e interligações apontam, ainda, para uma
sistema periférico.
observou-se que dos 233 estudantes, 25 apresentaram pontuação acima do ponto de corte (16)
proposto por Cunha (2001), o que representa um índice de 10,73% da amostra total, conforme
demonstra a figura 4.
100 89,27
80
60
Sem sintomatologia
40 Com sintomatologia
20 10,73
96
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escores); Depressão Leve (10-16); Depressão Moderada (17-29); Depressão Severa (30-63).
revelam que a maioria deles (71,67%) classifica-se no primeiro grupo, o qual não corresponde
a um quadro de depressão, como pode ser verificado na figura a seguir. Nesta mesma, pode-se
constatar que 17,6% dos estudantes estão na classificação de depressão leve, enquanto 7,73%
80 71,67
70
60
Depressão Mínima
50
Depressão Leve
40
Depressão Moderada
30
17,6 Depressão Severa
20
7,73
10 3
0
severa. A tabela a seguir traça um perfil de acordo com os sintomas da depressão mais
desse transtorno.
97
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(N=25).
sentimento de culpa. Observou-se que esses elementos são similares aos apontados pela
aparecimento da ideação suicida, objeto de nossa investigação, como uma das características
A partir dos dados apreendidos pelo questionário sócio-demográfico foi possível traçar
De acordo com esse perfil, constatou-se que dos 25 estudantes com depressão, 20
(80%) eram do sexo feminino e 5 (20%) do sexo masculino. A maioria (92%) encontrava-se
na faixa etária dos 18 aos 22 anos. Em relação ao estado civil, todos os estudantes afirmaram
No que se refere à renda familiar, observou-se que 8 estudantes (32%) possuíam renda
de até 3 salários mínimos, 9 (36%) estudantes possuíam renda familiar entre 4 a 7, 8 (32%)
afirmaram possuir renda entre 8 a 11. Quanto à habitação: 16% dos estudantes afirmaram
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morar sozinhos; a maioria, ou seja, 44% moravam com os pais; 20% moravam com colegas e
99
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suicida, nos estudantes de Psicologia, constatou-se mediante análise dos dados coletados pela
100 89
80
60
Sem sintomatologia
40 Com sintomatologia
20 11
possível traçar um perfil específico desses indivíduos que apresentaram ideação suicida. Esse
100
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Tabela 4: Perfil dos estudantes com Ideação Suicida segundo a Escala de Ideação
Dos 27 estudantes que apresentaram ideação suicida, 63% destes eram do sexo
feminino, e 37% do sexo masculino; a faixa etária da maioria (74,1%) encontrava-se entre 18-
22 anos de idade. Em relação ao período do curso, percebe-se que 30% dos estudante com
ideação suicida encontravam-se matriculados nos primeiros períodos, 37% estavam cursando
No que se refere ao estado civil dos participantes, observou-se que a quase totalidade
dos participantes (96,3%) era solteira, e 88,9% não trabalhavam. Em relação à renda familiar
desses estudantes observou-se que 11,1% possuíam renda familiar de até 3 salários mínimos,
valor do salário mínimo na época que era de R$ 350,00 (trezentos e cinqüenta reais).
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11,1% residiam sozinhos, 40,7% com os pais, 33,3% com colegas e 14,8% afirmaram possuir
participantes conheciam, entre seus colegas universitários, alguém que já tivesse pensado e/ou
tentado cometer o suicídio, onde se observou que 77,8% dos estudantes afirmaram
positivamente.
90
77,8
80 Conhece alguém que
70 já tenha pensado,
tentado ou mesmo
60 consumado o suicídio
50
40 Não conhece alguém
30 22,2 que tenha pensado,
tentado ou
20
consumado o
10 suicídio.
0
Figura 7: Percentagem de estudantes que conhecem entre seus colegas universitários alguém que já tenha
pensado / tentado ou consumado o ato suicida.
Através da análise dos dados apreendidos pela Escala de Ideação Suicida e, também,
pelo Inventário de Depressão de Beck, pôde-se perceber que dos estudantes que apresentaram
ideação suicida, a maioria (84,61%) apresentou também sintomatologia depressiva, seja ela
apresentaram o transtorno depressivo, fato esse que corrobora com alguns estudiosos, como
por exemplo, Solomon (2002) e Jamison (2002), no que tange a relação entre a depressão e o
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suicídio como fenômenos para os quais não existe relação de causalidade, e sim de co-
permitiram não só detectar a presença ou não dos pensamentos suicidas, mas também
possibilitou uma maior compreensão dos fatores a eles relacionados, como por exemplo, as
razões ou motivos que cada indivíduo tem para desejar sua própria morte, os preparativos para
uma possível concretização do ato e a intensidade com a qual esses pensamentos lhe vêem a
mente.
(67%) afirmou ter breves períodos com idéias de se matar, que passam rapidamente, e que
intensidade da ideação suicida, que nessa população pode ser compreendida como fraca/leve.
tentativa de suicídio, que é, por sua vez, o principal fator de risco para o suicídio completo
No que se refere à aceitação, por parte dos estudantes, dos pensamentos de morte que
lhes vem à mente, percebe-se que 55,6% da amostra declararam ter um julgamento imparcial
sobre o ato suicida, revelando que não aceitam, nem rejeitam a idéia de se matar. Tal fato
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demonstra que o suicídio é uma possibilidade cogitada por eles para a resolução de seus
Mundial de Saúde (2003) alerta, nesse sentido, que se torna preocupante quando o suicídio
A maioria dos participantes (63%) afirmou ser capaz de se controlar quanto a cometer
o suicídio, e 51,9% dos estudantes relataram que não chegariam a cometer o suicídio por
causa da família, dos amigos, da religião ou de um possível dano por uma tentativa mal
sucedida. Esses dados corroboram com o que afirma a literatura (Botega et al, 2006; Prieto e
Tavares, 2005; Silva et al, 2006)) no que tange aos fatores de risco e de proteção, estando
inclusas nestes últimos as pessoas com bons vínculos afetivos e familiares e que possuam
A respeito das razões que os participantes afirmaram ter para cometer o suicídio,
observou-se que 48,1% dos estudantes declaram que essas se baseiam, principalmente, numa
fuga de seus problemas, enquanto que para 40,7% as razões têm em vista influenciar os
outros, e também representam uma maneira de solucionar seus problemas pessoais. Esses
específico sobre como cometeriam o suicídio. No que se refere ao método que utilizariam
para concretizar esse ato, 63% dos estudantes relataram não terem acesso a um método ou a
covardia, percebeu-se que os indivíduos mesmo apresentando desejo de pôr um fim à própria
vida, não têm certeza se chegariam realmente a praticá-lo, pois 55,6% dos participantes
afirmaram que não estavam certos de que teriam a coragem o a capacidade de se matarem,
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enquanto 44,4% confessaram que não concretizariam o ato, ou seja, não chegaria a cometer o
suicídio por não terem coragem, ou a capacidade necessária para tal ato, apesar da existência
esperam não fazer uma tentativa de suicídio, enquanto que 44,4% afirmaram que não estavam
A respeito dos preparativos para a realização do ato suicida, observou-se que a grande
maioria (85,2%) relatou não terem feito maiores preparativos para esse acontecimento, pois
77,8% disseram nunca terem chegado a escrever um bilhete suicida e também não terem
tomado providências em relação ao que aconteceria depois que eles tivessem cometido o
suicídio.
pessoas sobre o seu desejo de se matar, provavelmente, devido ao fato de o suicídio ser
considerado um tabu, mesmo nos dias atuais, representando motivo de vergonha, sinônimo de
suicídio, onde se observou que 59,3% dos participantes informaram nunca terem realizado
uma tentativa de suicídio, 37% tentaram se matar uma vez e 3,7% tentaram cometer o suicídio
mais de duas vezes ao longo da vida. Esses resultados mostram-se bastante preocupantes,
uma vez que se sabe que a tentativa prévia de suicídio é considerada um fator bastante
vidas, observou-se que 55% dos mesmos apresentaram novamente ideação suicida no
105
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60 55
50 45
40 Presença de ideação
suicida
30
Ausência de ideação
20 suicida
10
Figura 8: Presença de ideação suicida em indivíduos com histórico de tentativas prévias de suicídio.
ENTREVISTAS.
106
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interlocuções, formando três classes temáticas, dez categorias e quarenta e sete subcategorias.
SUICÍDIO, havendo uma maior ênfase para a temática do suicídio, responsável por mais da
60
52,6
50
35,2 Depressão
40
Suicídio
30
20 12,2 Relação
Depressão/Suicídio
10
conhecia entre seus colegas universitários alguém que já havia pensado, tentado ou mesmo
responsável por 31,3% dos recortes analisados; Fatores desencadeantes, com 14,7% ; e, por
108
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fim, a categoria Tratamento, representando 14,1% das unidades temáticas, conforme pode
45
39,9
40
Descrição
35 31,3
30
Manifestações
25
20 Fatores
14,7 14,1
15 desencadeantes
10 Tratamento
5
0
Percebe-se nessa figura, uma maior ênfase nas falas dos estudantes de Psicologia, no
sintomatologia dos transtornos. Com vistas clínicas, essa atitude prepara o estudante para a
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45
40 40
40
35
Transtorno do
30 Humor
25 Dificuldade de
20
20 diagnóstico
15 Apatia
10
5
0
prevalece o sentimento de tristeza, conforme pode ser observados pelas interlocuções a seguir:
Essa associação entre depressão e tristeza já foi constatada em estudos anteriores sobre
a representação social desse transtorno, elaborada tanto por crianças, adolescentes, adultos
jovens ou idosos (Coutinho, 2005; Barros, 2005; Fonseca, 2007; Santana, 2007).
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dessa doença, muitas vezes confundida com o sentimento de tristeza. Para os participantes, a
depressão é um transtorno de difícil percepção, sendo seus sintomas muitas vezes mascarados,
Como já foi descrito, anteriormente, no referencial teórico deste estudo, o DSM -IV
reconhece a tristeza (humor deprimido) como um dos sintomas mais comuns ao estado
conforme preconiza Coutinho (2005), que a palavra depressão é uma constante no linguajar
depressão, visto que, no percurso de toda a elaboração do conhecimento, esse elemento foi,
constantemente, evocado no discurso dos participantes, ora para definir o fenômeno, ora para
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Por fim, a terceira categoria da Descrição da depressão mostra essa patologia através
participantes ancoram-se na apatia apresentada pelo indivíduo, objetivada pelo olhar perdido,
distante.
De modo geral, é possível constatar, de acordo com as falas dos atores sociais,
apresentadas a seguir, que o ser depressivo é aquele que apresenta inibição psicomotora, e que
“(...) estado de constante apatia em relação à vida ( ) enorme vontade de parar o tempo ( )
deixarmos tudo para outro dia ( ) adiar responsabilidades ( ) evitar o sol ( ) e qualquer
outro tipo de luz ( ) é um estado em que você se sente desmotivado ( )” é você não ver o
outro ( ) não ver o mundo ( ) nada lhe traz prazer ( ) sem vontade de fazer as coisas ( ) ela
olhava e parecia que não via nada (2)”.
Manifestações. Conforme ilustra a figura 12, essa categoria foi composta por quatro
Cognitiva, representando 7,8% das falas dos participantes; a Comportamental, com 35,3%
dos recortes analisados; e, por último, a categoria Psicossomática, totalizando 11,8% das
unidades temáticas.
112
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50 45,1
45
40 36,3
35
Psicoafetivas
30
Cognitivas
25
Comportamentais
20
Psicossomáticas
15 11,8
10 7,8
5
0
característicos da depressão, no que diz respeito aos sentimentos dos indivíduos com essa
advindos do transtorno depressivo, com maior ênfase para a ideação suicida, indicando uma
possível relação entre os pensamentos de morte e a depressão, de acordo com a análise dos
recortes a seguir:
seguir:
113
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referentes aos sintomas físicos desencadeados pelo psicológico, a exemplo dos recortes a
seguir:
estudantes de Psicologia como uma doença que afeta todas as esferas do organismo
sociais dos estudantes de Psicologia, no que diz respeito às causas dessa patologia, envolvem
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60 54,2
50
40
Psicológicos
29,1
30 Sociais
Físco-orgânicos
20 16,7
10
Figura 13: Percentagem das Subcategorias pertencentes à Categoria Fatores desencadeantes da DEPRESSÂO.
momento de estresse emocional, conforme pode ser observado nas interlocuções apresentadas
a seguir:
unidades temáticas referentes aos fatores de ordem social, apontados pelos estudantes como
115
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“ (...)passando por um momento difícil ( 2 ) ( ) existe a depressão que todo mundo pode
passar por ela( ) porque perdeu um emprego ( )causas sociais mesmo ( ) depende de
como aquela pessoa foi formada ( ) o tipo de criação que ela teve ( ) o meio em que ela
está inserida ( ) ele tenta disfarçar pra ninguém perceber que ele tem depressão ( 2 ) no
contexto familiar ou pessoal ( )cada vez que ele errava ( ) que ele falhava ( )”.
Recortes semelhantes a esses foram encontrados em um estudo anterior realizado por
depressão, conforme pôde ser observado através das falas dos participantes apresentadas a
seguir, representa uma disfunção cerebral a qual todos os indivíduos estão sujeitos.
“(...) existe a depressão por fatores químicos ( ) a química que surge no cérebro( ) eu acho
que tem causas genéticas ( ) doença do cérebro ( 3 ) que seria a depressão bipolar( ) ”.
unidades temáticas; a Ajuda de amigos e familiares, com 8,7% das evocações; e por fim,a
Ajuda religiosa, representando 21,7% dos recortes analisados. A figura a seguir demonstra a
50
43,5
Psicoterapêutico
40
Medicamentoso
30 26,1
21,7
Ajuda de amigos e
20
familiares
8,7 Ajuda religiosa
10
116
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esperava dessa população, uma vez que, como estudantes de Psicologia. Acreditava-se que
profissional.
termos percentuais, expressa-se a idéia de que a sintomatologia deve ser tratada por meio de
117
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intervenções sociais, ou seja, através de pessoas próximas ao doente, que teriam o poder de
“(...)o fato de eu ter amigos e familiares próximos me ajudou ( ) na recuperação que foi
longa ( )”.
opção por esse tipo de ajuda ao invés da profissional. Esses recortes são, perceptivelmente,
baseados, mais uma vez, em experiências pessoais dos participantes da pesquisa, conforme
“(...)eu já tinha o auxílio de uma instituição religiosa( ) foi um auxílio muito grande ( )
então não precisei de auxílio profissional( ) foi mais um auxílio eclesiástico ( )buscaram
por Saraiva (2007), onde as puérperas com sintomatologia depressiva afirmaram acreditar e
suicida, com 10,3%; Tipos de Suicídio, representando 14% dos recortes analisados; Fatores
118
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40 37
35 30,9
30 Descrição
25 Personalidade suicida
20 Tipos de suicídio
14
15 Fatores contribuintes
10,3
10 7,8 Método utilizado
5
0
participantes focaram suas representações do suicídio nos acontecimentos que levariam uma
percebe-se que essa se refere à Descrição desse ato, tendo suas unidades temáticas agrupadas
temáticas; Fuga, com 18,7%; Aspecto social também com 18,7% dos recortes analisados;
Preconceito, com 17,3%; Desesperança, com 25,3%; e Fim, responsável por 10,7% das
119
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30 Dificuldade de
25,3 conceituação
25 Fuga
20 18,7 18,7
17,3 Aspecto social
15
10,7 Preconceito
9,3
10
Desesperança
5
Fim
0
apresentadas a seguir.
“ (...)é difícil falar de algo tão complexo ( ) é meio paradoxal( ) algo totalmente anormal (
) algo grotesco ( ) eu acredito que isso é muito simplório ( ) você limitar o sofrimento
daquele sujeito a um querer chamar atenção ( ) eu acho que é uma coisa muito mais
complexa ( )”.
também pode ser interpretada como reflexo da dificuldade encontrada pelos estudantes de
Psicologia em encontrar palavras que definam esse fenômeno, para o qual, como ressalta
Stevenson (1992), não existe uma definição única aceitável devido à complexidade do ato.
uma escolha feita pelo indivíduo para a solução de seus problemas, caracterizando assim, uma
fuga diante do sofrimento vivido, conforme pôde ser observado nas seguintes interlocuções:
análise dos dados coletados através da Técnica de Associação Livre de Palavras, onde se
120
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observou que, para os participantes, o suicídio emerge como uma fuga frente às adversidades
necessário que se leve em conta os aspectos sociais da vida do suicida, conforme preconizam
as seguintes falas:
“(...)é muito difícil entender o suicídio sem levar em conta o contexto ( )tem acontecido
muito ultimamente( ) o suicídio como uma questão que não é de responsabilidade de uma
pessoa ( ) o suicídio é em último caso um ato individual ( ) eu não acho que o suicídio seja
um ato individual ( ) por um fator externo que desencadeou ( ) ele culmina no
comportamento de uma pessoa ( ) mas até chegar a esse ponto, tem todo um contexto ( )
tem toda uma configuração pra se chegar a ele ( ) eu não creio que ninguém se suicide de
uma hora pra outra ( ) tem toda uma história ( ) nessa hora acho que o apoio social é o
que mais pesa ( ) porque você sente que ainda há alguém por você ( ) que se importa com
você ( )”.
Como foi dito anteriormente, os estudos pioneiros nesse sentido são os do sociólogo
Émile Durkheim para o qual o suicídio representa um ato social e não individual. Durkheim
encontradas para se falar sobre esse fenômeno devido a sentimentos de vergonha e/ou culpa
Percebe-se, através das falas dos participantes que o suicídio é um tema que não faz
parte das conversas familiares do dia-a-dia das famílias, pois se acredita que falar sobre esse
tema seria o mesmo que incentivar sua prática, conforme pôde ser interpretado através das
“(...) suicídio é um tabu( ) suicídio não é uma coisa que a gente sai falando por aí( ) as
pessoas não gostam muito de falar sobre isso( ) tem um certo preconceito por quem já
tentou ( ) não sei te dizer o real motivo( ) porque esse assunto ficou meio que proibido ( )
meus pais não queriam falar sobre esse assunto( ) perguntar a minha irmã o que realmente
aconteceu, nem pensar( ) até hoje não sei( ) é uma coisa que ninguém fala lá em casa( )
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acho que eles tem vergonha( ) ou medo( ) de que pelo fato de relembrar vá fazer com que
minha irmã tente de novo( )”.
a Organização Mundial de Saúde a considerar que cuidados por parte da imprensa ao noticiar
casos de suicídio constitui um dos pilares básicos dessa organização na prevenção do suicídio
perante a vida, característico do indivíduo que comete esse ato. De acordo com as falas dos
atores sociais apresentadas a seguir, a pessoa que se suicida é alguém que não conseguiu
enxergar uma saída para seu sofrimento, alguém que não conseguiu encontrar esperanças para
continuar vivendo.
“(...)falta de esperança( 2 ) o sujeito olhar e não ver mais saída ( 3 ) mesmo que haja uma
saída ( ) não tem mais esperança( ) não tem um escape ( ) a pessoa está num estado de
angústia bastante exacerbada ( 2 ) a esperança se aniquila ( ) ela fica sem esperança( ) e
quer morrer mesmo ( ) o suicídio vem quando você não acredita mais que possa mudar ( )
enquanto você acredita que existe uma possibilidade ( ) mesmo que não seja do jeito que
você quer ( ) mas que existe essa possibilidade ( ) eu creio que o suicídio não aconteceria (
) é como se o suicídio fosse a última esperança ( )”.
sentimentos mais comuns do indivíduo com risco de suicídio (Correa e Barrero, 2006; Botega
et al, 2006; Baptista, 2004). Segundo o Manual de Prevenção ao Suicídio, elaborado pelo
consumação, ou pelo menos tentativa, do ato suicida. Esse sentimento faz parte da chamada
“regra dos 4D”, que destaca como indicadores de risco para o comportamento suicida, além
A última subcategoria da Descrição do Suicídio foi denominada Fim, uma vez que
descritos a seguir, o suicídio representa a atitude final, o fim da vida e, dessa forma, o fim do
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Essa representação do suicídio pode ser entendida não só como o fim da vida, mas
pois conforme destaca Silva e Boemer (2006), o individuo que busca comete o suicídio é
alguém que, não suportando mais tanto sofrimento, vê na morte o único descanso, a única
Personalidade Suicida, uma vez que abrange as representações dos estudantes de Psicologia
autodestrutivos.
Essa categoria foi formada por cinco subcategorias que representam os tipos de
representando 32% das unidades temáticas; a Impulsiva, com 16%; a Covarde, também
responsável por 16% dos recortes analisados; a Corajosa, com 24%; e a Depressiva,
35 32
30
24
25 Patológica
Impulsiva
20
16 16 Covarde
15 12 Corajosa
10 Depressiva
5
123
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acredita que a pessoa que comete o suicídio apresenta uma Personalidade Patológica. De
fato, a literatura ressalta que, de acordo com estudos realizados através de autópsia
psicológica, observou-se que a maioria dos indivíduos que cometeram suicídio apresentava
algum tipo de transtorno mental no momento de sua morte (Botega et al, 2006).
à associação do ato suicida com um estado de alienação mental do indivíduo, conforme pode
“(...) é algo totalmente anormal ( ) o individuo que comete o suicídio esta num estado de
transe total ( ) ou num universo paralelo ( )porque ele perde a noção da gravidade da
situação ( ) suicídios decorrentes de alienação ( ) de causas religiosas ( ) ou uma filosofia
( ) por causa de algum culto ( )”.
com comportamento suicida, como alguém que não pensa duas vezes antes de agir, como
“(...) devem ser pessoas que agem sem pensar ( 2 ) pessoas impulsivas (2)”.
Tal representação encontra-se confirmada pelo conhecimento científico, uma vez que
as falas dos participantes apresentadas a seguir, a pessoa que comete o ato suicida é alguém
indivíduo decide pôr um fim à própria vida na tentativa de livrar-se do sofrimento vivido.
“ (...)pessoas que acham mais fácil fugir( ) ao encarar seus problemas ( )ato de covardia
(2)”.
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“(...)ato de coragem ( 4 ) suicídio é uma ação muito forte ( ) então você tem que ter muita
coragem ( )”.
Observou-se que o suicídio é visto pelos estudantes como algo paradoxal, pois
representa para alguns um ato de covardia, enquanto para outros consiste num ato de extrema
coragem, uma vez que a pessoa abriu mão da própria vida. Se por um lado, os participantes
descrevem o suicídio como uma fuga dos problemas, por outro reconhecem que é preciso ter
sociais do suicida associando-o com o ser depressivo, conforme se observou nas interlocuções
apresentadas a seguir. Para os participantes o indivíduo que comete o suicídio é alguém que
consumado.
De fato, o senso comum corrobora com o saber científico, uma vez que se sabe que a
depressão constitui um forte fator de risco para o suicídio. De acordo com OMS (2000), a
depressão é responsável por 30% dos casos de suicídio mundialmente relatados. Essa doença,
conforme ressalta Corrêa e Barrero (2006), envolve o modo como a pessoa pensa e sente,
desesperança, assim como irritabilidade, perda de interesse ou prazer em atividades que antes
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lhes eram prazerosas, e perda de energia. Além disso, destacam os autores, os deprimidos têm
maiores níveis de ansiedade, alterações de sono, apetite e libido, maiores preocupações com
A terceira categoria que emergiu na Classe Temática SUICÍDIO refere-se aos tipos
desse fenômeno classificados, sob a ótica dos participantes desta pesquisa, em três grupos.
Sendo assim, a categoria Tipos de suicídio foi composta por três subcategorias: Suicídio real,
responsável por 44,1% das unidades temáticas; Chamar atenção, com 32,4%; e Suicídio
50 44,1
40
32,4
30 Suicídio real
23,5
Chamar atenção
20 Suicídio indireto
10
três tipos, sendo o primeiro denominado de Suicídio real por haver nesses casos a verdadeira
intenção de se matar. Esse tipo de suicídio é classificado pelos participantes como o ato de
tirar a própria vida, quer se tenha conseguido obter êxito ou apenas realizado uma tentativa, a
“(...) pessoa que tira a própria vida (7) quando a pessoa vai de contra a vida dela ( )
quando ela tenta se matar( 3 ) destruição ( )ato praticado pela própria pessoa ( ) ele
causa uma angústia ( ) um sofrimento muito grande ( )”.
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em relação a outro tipo de suicídio, aquele no qual a verdadeira intenção não é morrer, mas
sim chamar a atenção dos outros para si e para seu sofrimento, conforme pode ser observado
nas interlocuções a seguir apresentadas. De acordo com Vega Piñero (2002), essas condutas
de chantagem emocional.
intenção mórbida desse ato. Os exemplos de Suicídio indireto incluem o consumo excessivo
automóvel, ou seja, a negligência, de uma forma geral, com a própria saúde, conforme pode
“(...) pessoa que bebe( ) que fuma( ) que anda em alta velocidade( ) de certa forma ela ta
cometendo suicídio ( ) uso de drogas( ) o próprio cigarro( ) alguns estilos de vida que
você sabe que são danosos( ) mas que continua qualquer que seja a causa ( )”.
Essa categoria foi composta por onze subcategorias: Psicológicos, responsável por
13,3% das unidades temáticas; Sexualidade, com 2,2%; Aparência física, também com
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Problemas financeiros, com 5,6%; Doenças crônicas, com 1,1% Adolescência, com 4,4%;
Psicológicos
35
28,9 Sexualidade
30
25 Aparência física
20
15,6 Desestruturação
15 13,3 familiar
10
10 7,8 8,9 Tentativas anteriores
5,6 4,4
5 2,2 2,2 Cognitivos
1,1
0
Acadêmicos
Problemas
Figura 19: Percentagem das subcategorias pertencentes à Categoria Fatores contribuintes do SUICÍDIO.
financeiros
A grande quantidade de fatores apontados pelo senso comum como contribuintes para
o ato suicida corrobora com o saber científico, à medida que é de conhecimento da literatura
participantes, o suicídio pode ser causado por problemas psicológicos pelos quais o individuo
“(...) pessoas que vivem em constante estresse ( ) desengano ( ) se sente triste ( ) não vê
saída ( ) depressão (3) pessoas que não tem mais tolerância aos problemas( ) começa num
estado em que ele ta se questionando ( ) perdendo os valores da vida( ) até que chega ao
ponto de cometer o suicídio( ) também já tinha uma depressão diagnosticada( )”.
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estudos revelam que indivíduos com orientação sexual minoritária apresentam maior risco de
influência da imagem corporal como fator contribuinte para o risco de suicídio. Os recortes a
seguir referem-se à narração de episódios, onde se atribui a causa desse fenômeno à baixa
participantes que relacionam às causas do suicídio à falta de estrutura familiar, bem como
pressões sofridas por membros da família, conforme se observou nas interlocuções a seguir.
“(...) falta estrutura familiar ( ) ela tava passando por problemas familiares ( ) minha mãe
é uma pessoa extremamente manipuladora ( ) dominadora ( ) aí minha irmã não agüentou
a pressão ( ) o pessoal fala que ele tinha problemas com os pais ( ) brigavam muito ( )”.
temáticas que ressaltam a importância da existência de uma tentativa de suicídio anterior para
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falas dos participantes apresentadas a seguir foram baseadas em episódios vivenciados por
cada participante, onde os mesmos relatam exemplos de indivíduos que se suicidaram, ou que
tentativa prévia.
“(...)ele já tinha tentado outras vezes ( ) ela comentou que já havia tentado suicídio ( ) uma
amiga minha tentou recentemente o suicídio ( ) ela ta no hospital ainda ( ) não conseguiu,
mas tentou( ) conheci uma menina que tinha uma cicatriz no pulso ( )conheço uma pessoa
que tentou três vezes ( )em todas as vezes ele escrevia uma carta de despedida ( )”.
Com base em dados da Organização Mundial de Saúde, Botega, Mauro e Cais (2004)
relatam que 15 a 25% das pessoas que tentam o suicídio, tentarão novamente se matar no ano
seguinte, e 10% das pessoas que tentam o suicídio conseguem efetivamente matar-se nos
indica que a maioria dos participantes acredita que a ideação suicida representa um forte fator
pensamentos de morte ocorridos tanto pelos participantes como por pessoas próximas.
Percebe-se, de acordo com as falas dos estudantes, que boa parte reconheceu já terem pensado
“(...) tinha pensamentos de morte ( ) pensando besteira ( ) veio a idéia( ) foi muito difícil
ela tirar da cabeça esses pensamentos de morte ( ) o suicida tem sempre que idealizar as
coisas antes( ) eu já vi casos de crianças idealizando isso ( )já pensei várias vezes ( ) as
vezes passa pela minha cabeça pensamentos de morte ( ) quando to com problemas ( ) aí
eu penso que se eu morresse seria melhor ( ) seria mais fácil ( )eu fiquei pensando sobre
esse tema e colocando pra mim ( ) se um dia eu faria ( ) se um dia eu chegaria a esse ponto
( ) de perder mesmo o sentido da vida ( )eu só pensei me colocando no lugar dele ( )eu já
pensei em me matar (4) mas acho que não chegaria a cometer( ) fiquei até assustada em me
pegar pensando nisso ( )eu fiquei bem triste e pensei em morrer também ( )meu namorado
já pensou ( ) ele pensou em cometer o suicídio e contou pra mim ( )ele contou que as vezes
tinha vontade de se matar”
consumado. A maioria das pessoas com idéias de morte comunica seus pensamentos e
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intenções suicidas, dando sinais ou fazendo comentários sobre sua vontade de pôr um fim à
própria vida (Brasil, 2006). Estima-se que 60% dos indivíduos que se suicidaram tinham,
correlacionam-se com a probabilidade de tentativa de suicídio, que é, por sua vez, considerada
um dos principais fatores de risco para o suicídio consumado (Silva et al, 2006).
diversos fatores, como por exemplo, dificuldades de aprendizagem, baixo rendimento escolar,
descritas a seguir.
Dívidas, pobreza e baixa qualidade de vida são apontadas, pelos estudantes de psicologia,
como fatores contribuintes do ato suicida. Como pode ser observado nos seguintes recortes:
“(...) quando algumas pessoas estão muito endividadas ( ) a pessoa que passa fome ( )
muito pobre ( ) não tem saneamento básico ( ) pode se suicidar porque não encontrava
outra solução ( )”.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2000), a maioria das pessoas que
comete suicídio passou por acontecimentos estressantes nos três meses, anteriores ao suicídio,
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individuo como fator contribuinte para o comportamento suicida, mediante análise das
doenças. De acordo com Corrêa e Barrero (2006), a partir dessa faixa etária, ocorre também o
surgimento de certas patologias que, apesar de, isoladamente, não levar a um maior risco de
suicídio, tem que ser consideradas, quando coexistem outros fatores de risco. Entre essas
Observou-se através dos recortes analisados e descritos a seguir que esse período do
“(...) mas era coisa de pré-adolescente ( ) eu era adolescente ( ) mas eu acho que é coisa
de adolescência mesmo ( ) agora eu vejo que era coisa de adolescente ( )”.
propício ao aparecimento das idéias suicidas, uma vez que faz parte do processo de
desenvolvimento de estratégias; para lidar com problemas existenciais como, por exemplo,
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indivíduo. Essa perda, de acordo com as falas dos participantes apresentadas a seguir, é na
maioria das vezes, de ordem afetiva, podendo ser uma morte na família ou mesmo uma
separação conjugal. Porém, também foram indicadas como motivação para o suicídio as
A quinta e última categoria formada na Classe Temática SUICÍDIO diz respeito aos
Métodos utilizados para cometer esse ato. Essa foi formada por cinco subcategorias assim
tóxicas, com 31,6%; Uso de armas, com 5,3%; Saltos de prédio, correspondendo a 21%; e
Afogamento, representando 15,8% dos recortes analisados, conforme ilustra a figura 20.
35 31,6
30 26,3
25 Medicação
21
Substãncias tóxicas
20
15,8 Uso de armas
15
Saltos de prédio
10 Afogamento
5,3
5
relatos dos participantes, de episódios de tentativas que foram realizados por eles ou por
pessoas próximas; ou até mesmo do suicídio consumado, por pessoas do seu convívio.
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remédios para a busca da própria morte, como pode ser observado nas falas a seguir:
“(...) ela tentou o suicídio tomando uma caixa de remédios ( ) ela tomou um remédio ( ) ela
se embebedou e tomou meia cartela de Valium ( ) ela tomou 2 litros de vinho ( )e tomou 6 a
8 comprimidos ( )”.
de algum tipo de veneno ou água sanitária por parte do suicida, como pode ser observado nos
recortes a seguir:
surpreendente, baixa a freqüência desse tipo de representação por parte dos participantes, uma
vez que a literatura apresenta esse tipo de método como um dos mais comumente utilizados.
prédio. Nesta subcategoria há um importante fator destacado nas interlocuções, que diz
senso comum apresentado a seguir concorda com o que preconiza o conhecimento científico,
“(...) cheguei até a sentar no parapeito da minha janela ( ) mas olhei e achei que ia doer
muito ( ) e falei assim :não, não ( ) se lembra quando teve uma época que todo mundo se
jogava de um prédio ?( )”.
Por fim, a última subcategoria dos Métodos utilizados foi denominada Afogamento,
uma vez que contém relatos de episódios de tentativas de suicídio, onde o individuo buscou a
“(...)“...pensou mas não teve coragem de se jogar lá na Lagoa ( ) ficou parado ( ) mas não
conseguiu ir adiante ( )”.
meios usados para se cometer o suicídio. Vale ressaltar que a utilização desses métodos
depende também de fatores econômicos, culturais e políticos. Como exemplo disso, destaca
tóxicas.
A terceira e última Classe foi denominada Relação Depressão / Suicídio, uma vez
que contém as representações dos estudantes de psicologia pesquisados, no que diz respeito à
Essa Classe Temática foi formada por uma única categoria, Correlação, sendo
composta por três subcategorias: Existência, responsável por 66,7% das unidades temáticas;
80
66,7
70
60
50 Existência
40 Dúvidas
30 26,3 Inexistência
20
7
10
0
na existência de uma relação entre depressão e suicídio. Os dados indicam que a maioria, dos
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e comportamento suicida, à medida que apontam essa patologia como um fator desencadeante
depressivo possui maior chance de vir a cometer o suicídio do que os indivíduos sem essa
patologia.
“(...) quando a pessoa está depressiva ela corre um risco maior ( ) acredito que tem tudo a
ver( ) quanto mais deprimida a pessoa está mais chances ela tem de tentar se matar( ) a
depressão é o principal motivo para que uma pessoa venha a tentar o suicídio ( ) acho que
tem toda relação(3) quanto mais grave a depressão( 2) quanto mais severos os sintomas( )
e quanto mais tempo dure a depressão ( ) mais chances o individuo tem de cometer suicídio
( 2) ou pelo menos tentar( ) todos os casos de suicídio que eu já ouvi falar foram de pessoas
que estavam passando por um processo depressivo( ) eu acredito que existe uma correlação
sim( 5 ) porque quando você não encontra sentido pra viver( ) pra acreditar em você( ) ou
acreditar na própria vida( ) isso pra muita gente seria o ponto final( ) eu acho que de
alguma forma há indícios sim( ) eu acho que todo suicida era depressivo( ) eu acredito
plenamente( ) eu acredito firmemente que é uma decorrência ( 3) é como se fosse o estágio
mais perigoso que a depressão pode atingir ( ) seria terminar num suicídio ( )última fase
de uma depressão mais profunda ( ) a depressão se não tiver um acompanhamento de um
profissional pode trazer uma tentativa de suicídio( ) na grande maioria dos casos existe
uma relação direta da depressão com o suicídio.( ) uma relação de desencadear ( ) eu
acho que dificilmente uma pessoa vai fazer isso sem estar passando por uma depressão ( )
eu acho que tem a ver e muito ( )”.
para a avaliação dos sintomas depressivos, como o Inventário de Depressão de Beck, também
depressão, mas com quase todos os diagnósticos psiquiátricos, observou-se que as falas dos
representações apreendidas, a pessoa que comete o suicídio era alguém que vinha passando
por um episódio depressivo, que fez com que ele buscasse a própria morte.
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participantes que não souberam opinar sobre a possível existência de uma correlação entre
depressão e suicídio. Os recortes a seguir demonstram que eles possuíam dúvidas ou receio
“(...) não sei se dá pra fazer uma relação de causalidade ( ) não necessariamente a
depressão vai sempre levar ao suicídio( 2 ) acredito sim que exista relação, mas não muito
estreita ( )”.
negação da associação entre depressão e suicídio, onde se observou mediante análise dos
recortes a seguir, que os estudantes reconheceram que nem toda depressão leva a um ato
suicida ou mesmo que esses dois fenômenos não possuem relação alguma.
“(...) nem toda depressão faz com que o indivíduo pense em morrer ( 2 ) nem todo mundo
que tem depressão chega a tentar o suicídio( ) não é todo suicida que é depressivo ( 2 ) nem
todo depressivo vai se tornar suicida ( ) não tem esse grau de obrigatoriedade ( ) eu não
consigo ver uma relação entre depressão e suicídio ( ) eu não acho que a pessoa se suicida
porque está depressivo ( ) suicídio não está ligado à depressão ( ) quando você está
depressivo você não tem disposição para cometer (2 )tem que ter muita mobilidade ( ) coisa
que uma pessoa com depressão não tem ( )eu pensei e não estava com depressão ( ) “.
Apesar da relação entre depressão e suicídio ser reconhecida pela suicidologia, sabe-se
que muitos pacientes com sintomatologia depressiva nunca se tornaram suicidas, assim como
muitos suicídios são cometidos por pessoas que não vinham passando por um processo
depressivo. Nesse sentido, afirma Solomon (2002), acredita-se que esses dois fenômenos são
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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CONSIDERAÇÕES FINAIS:
obtidos, possibilitou uma análise científica do que se chama senso comum. Essa análise
Mediante análise dos dados coletados, pôde-se observar que a depressão foi
representações sociais dos estudantes a respeito dos estímulos dados não foram,
período no qual o estudante estava inserido, bem como sua faixa etária; apresentaram
esse grupo uma fuga, uma saída escolhida pelo individuo, face às adversidades advindas do
suicídio e percebeu-se que os estudantes em sua totalidade afirmaram conhecer dentre seus
colegas universitários alguém que já tivesse pensado, tentado ou mesmo chegado a óbito, em
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sociais desses dois fenômenos, para o grupo pesquisado. Tanto para a depressão quanto para o
suicídio foi dada a objetivação «morte», o que implica dizer que ambos os fenômenos
início do curso ressaltaram sua timidez e seu papel social de estudante, enquanto os alunos
se que as evocações constantes dos sistemas central e periférico das representações sociais da
Esse paralelismo está posto, uma vez que, as objetivações registradas para o estímulo-
e das próprias representações sociais desse objeto social, no sistema periférico o qual emergiu
140
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do estímulo suicídio «tristeza, dor e sofrimento». Estes elementos, por sua vez, constituem o
aos aspectos psicoafetivos, encontra-se uma manifestação atitudinal, o elemento «ruim», que
ainda, para uma maior interdependência do suicídio com relação à depressão. Do ponto de
observou-se que apenas 55,56% dos estudantes com ideação suicida haviam obtido pontuação
transtorno depressivo. Sendo assim, constatou-se que 29,63% apresentaram apenas uma
manifestação de alguns sintomas característicos dessa patologia, mas que não constituiu um
quadro de depressão.
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necessário para sua compreensão à análise de diversos fatores, uma vez que a etiologia desse
dados apontam para a existência de uma relação entre a depressão e a ideação suicida, sendo a
Por ser um ato definitivo e irreversível, a prevenção do suicídio faz-se por meio da
tentativa de diminuição dos fatores de risco, tanto no nível individual como coletivo, bem
como através do reforçamento dos fatores de proteção. Sendo assim, o diagnóstico precoce e
o tratamento correto da depressão, pode ser entendida como uma das maneiras mais eficazes
indicador de risco para o ato suicida, devendo, pois, ser levado em consideração, na tentativa
emergiu das interlocuções dos participantes da pesquisa; foi possível refletir sobre a dimensão
dos fenômenos pesquisados, bem como a interligação existente entre eles. Através da análise
Os dados apreendidos através das entrevistas foram de extrema importância, uma vez
que possibilitou uma maior compreensão das representações sociais dos estudantes de
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psicologia, acerca dos fenômenos pesquisados. Através dessa técnica foi possível também se
abordagem multimétodo foi de suma importância, uma vez que proporcionou uma
Associação Livre de Palavras, como também possibilitou uma compreensão mais detalhada
interligadas com experiências de vida dos atores sociais, intercalando-se também com o
pelo significado da futura atuação profissional desses indivíduos; mas também da qualidade
de vida dos mesmos, que necessitam de uma maior atenção, no que se refere à saúde mental e
ao bem-estar biopsicossocial.
eles vêem, e lidam com a patologia, reconhece-se que a análise aqui apresentada não é
representações sociais dos indivíduos que apresentaram o transtorno depressivo, bem como a
cursos.
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vida e com a formação profissional desses universitários, propondo um acesso mais fácil aos
compreensão da forma como esses indivíduos vêem e lidam com os fenômenos pesquisados,
sob a ótica da Teoria das Representações Sociais, possibilita uma complementaridade entre o
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ANEXOS
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Consentimento: Certifico haver lido o anteriormente descrito e compreendo que sou livre
para interromper minha participação na pesquisa em qualquer momento sem que isso acarrete
penalização. Pela presente, dou meu consentimento para participar do estudo.
_______________________________________________
Assinatura do participante
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BDI
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14. a) Não acho que de qualquer modo pareço pior do que antes.
b) Estou preocupado em estar parecendo velho ou sem atrativo.
c) Acho que há mudanças permanentes na minha aparência, que me fazem parecer sem
atrativo.
d) Acredito que pareço feio.
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19. a) Não tenho perdido muito peso se é que perdi algum recentemente.
b) Perdi mais do que 2 quilos e meio.
c) Perdi mais do que 5 quilos.
d) Perdi mais do que 7 quilos.
20. a) Não estou mais preocupado com a minha saúde do que o habitual.
b) Estou preocupado com problemas físicos, tais como dores, indisposições do
estômago ou constipação.
c) Estou muito preocupado com problemas físicos e é difícil pensar em outra coisa.
d) Estou tão preocupado com meus problemas físicos que não consigo pensar em
qualquer outra coisa.
21. a) Não notei qualquer mudança recente no meu interesse por sexo.
b) Estou menos interessado por sexo do que costumava.
c) Estou menos interessado por sexo agora.
d) Perdi completamente o interesse por sexo.
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BSI
3. a) Minhas razões para viver pesam mais que minhas razões para morrer.
b) Minhas razões para viver ou para morrer são aproximadamente iguais.
c) Minhas razões para morrer pesam mais que minhas razões para viver.
Se você assinalou as afirmações “a”, em ambos os grupos 4 e 5, passe para o item 20.
Se você assinalou “b” ou “c”, seja no grupo 4 ou 5, prossiga respondendo o item 6.
10. a) Eu não me mataria por causa da minha família, de meus amigos, de minha religião,
de um possível dano por uma tentativa mal sucedida.
b) Eu estou um tanto preocupado a respeito de me mata,r por causa da minha família,
de meus amigos, de minha religião, de um possível dano por uma tentativa mal
sucedida.
c) eu não estou ou estou só um pouco preocupado a respeito de me matar, por causa da
minha família, de meus amigos, de minha religião, de um possível dano por uma
tentativa mal sucedida.
11. a) Minhas razões para querer cometer suicídio tem em vista principalmente influenciar
os outros, como conseguir me vingar das pessoas, torná-las mais felizes, fazê-las
prestar mais atenção em mim, etc.
b) Minhas razões para querer cometer suicídio não tem em vista apenas influenciar os
outros, mas também representam uma maneira de solucionar meus problemas.
c) Minhas razões para querer cometer suicídio se baseiam principalmente numa fuga
de meus problemas.
18. a) Não tomei providências em relação ao que acontecerá depois que eu tiver cometido
suicídio.
b) Tenho pensado em tomar providências em relação ao que acontecerá depois que eu
tiver cometido suicídio.
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Se você tentou suicídio anteriormente, por favor, continue no próximo grupo de afirmações.
21. a) Durante a última tentativa de suicídio, meu desejo de morrer era fraco.
b) Durante a última tentativa de suicídio, meu desejo de morrer era moderado.
c) Durante a última tentativa de suicídio, meu desejo de morrer era forte.
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