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1- A democracia desde a sua criação até os dias de hoje passou por inúmeros formatos,

inúmeras formas até chegar ao modelo atual praticado em boa parte do ocidente. Alain
Touraine é um importante sociólogo que possui excelentes estudos sobre a democracia a
partir do pensamento moderno, sobre a sua evolução, desenvolvimento e as modificações
pelas quais passou ao longo dos anos. Mencione os 3 tipos de democracia identificados
por Touraine explicando-os.

R: Touraine identifica 3 tipos de democracia. O 1º tipo de democracia dá importância a


limitação dos poderes do Estado – tem uma grande importância histórica pois se mostra
a primeira fase das democracias onde apresenta a vitória dos regimes liberais em um
primeiro momento e em um segundo momento na proteção dos direitos sociais e
econômicos contra ataques de um poder absoluto. Já o 2º tipo de democracia dá maior
importância à cidadania, à Constituição ou as ideias morais ou religiosas que garantem a
integração da sociedade e fornecem um sólido fundamento para as leis, estando a
democracia mais voltada para o desejo de igualdade do que pelo desejo de liberdade. Esse
modelo corresponde a experiência norte-americana, tendo um conteúdo mais social do
que político, conforme observou Tocqueville, que via nos EUA o triunfo da igualdade e
o desaparecimento do homo hierarquicus. Por fim, Touraine afirma que o 3º tipo de
democracia insiste mais na representatividade sócia dos governantes e opõe a democracia
–que defende os interesses das categorias populares – à oligarquia, quer seja essa
oligarquia associada a uma monarquia ou mesmo à propriedade do capital. Esse tipo está
mais próximo da democracia francesa do século XX.

2 – Hans Kelsen vai afirmar na sua obra Teoria Pura do Direito que “a interpretação
jurídico-científica tem de evitar, com o máximo cuidado, a ficção de que uma norma
jurídica apenas permite, sempre e em todos os casos, uma só interpretação: a
interpretação “correta”. Isto é uma ficção de que se serve a jurisprudência tradicional
para consolidar o ideal da segurança jurídica. Em vista da plurissignificação da maioria
das normas jurídicas, este ideal somente é realizável aproximativamente”. A partir do
pensamento kelseniano narrado, mencione em que se diferencia com o pensamento de
Dworkin e quais as críticas desse autor ao modelo positivista jurídico de Kelsen. (4
pontos)
R: Dworkin, por ser adepto da ideia contida na chamada virada kantiana, prevê a
necessidade da reintrodução da moralidade no direito, criticando o purismo ficto
kelseniano, prevendo também que, na ausência de normatividade expressa, o magistrado
não pode decidir de forma discricionária, mas sim buscando a resposta certa, ou nas
palavras de Lenio Streck, a resposta constitucionalmente mais adequada através dos
princípios constitucionais. Diferente de Kelsen que acredita que pode existir mais de uma
resposta correta, ficando o magistrado autorizado a encontrar e até optar pela resposta que
usará, Dworkin criticará tal ideia acreditando na existência de uma única resposta correta,
sendo aliás essa a grande busca do magistrado. Não há espaço para essa
discricionariedade prevista por Kelsen, pois o juiz deverá encontrar, dentro dos princípios
constitucionais a resposta correta.

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