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ORGANIZACIONAL
AULA 4
CONTEXTUALIZANDO
Hoje você pode receber em seu celular notícias dos principais jornais do
mundo, fotos, áudios da família e dos amigos. As notícias circulam rapidamente,
para o bem e para o mal – veja a desinformação e confusão que as fake news
criam. Com a rapidez em que o contexto muda, você, gestor(a), precisa estar
conectado e reagir às mudanças com a mesma rapidez. O dinamismo, o ritmo e
a abrangência das mudanças sociais desencadeadas pelas novas tecnologias
são intensos, e nenhuma sociedade viveu estas mudanças tão rápidas.
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As tecnologias da comunicação e da informação se desenvolveram
vertiginosamente nas últimas décadas. Na década de 1940, logo após a
Segunda Guerra Mundial, a comunicação telefônica era por sinal analógico, que
precisava de cabos e fios. Gradativamente, ela foi substituída por cabos de fibra
ótica, que suportam muito mais canais de voz. No início da década de 1960, uma
nova invenção, o satélite, permitiu a comunicação não apenas por som, mas por
imagem. A internet corou esta revolução das comunicações. A primeira rede que
conectava computadores de algumas universidades e centros de pesquisa nos
EUA foi lançada no final dos anos 1960, e as primeiras trocas de
correspondência eletrônica via e-mail foram na década seguinte. Em 1991, foi
lançado o primeiro website, inaugurando a world wide web. A partir de então, o
desenvolvimento da comunicação pela internet foi vertiginoso: em 1998, havia
140 milhões de utilizadores de internet no mundo; três anos depois, em 2001,
eram 700 milhões de pessoas conectadas à internet (Giddens, 2008).
Qual o impacto dessas inovações tecnológicas em seu dia a dia? Você se
lembra como era sua vida social e profissional dez anos atrás? Você utilizava
aplicativos? Redes sociais? Aparelhos celulares conectados à internet?
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TEMA 2 – RISCOS DO AVANÇO TECNOLÓGICO
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agrotóxicos à saúde. – eles não existem para nós. Por este motivo, Beck chama
a atenção para a importância da informação em nossa sociedade e diz que, ao
tomar conhecimento dos riscos, é preciso divulgá-los a toda a população. Beck
afirma que o papel dos cientistas, dos juristas e da mídia é importantíssimo, pois
estes profissionais devem alertar a sociedade dos riscos inerentes às variadas
atividades industriais e sociais, legislar e buscar soluções para atenuá-los.
Quanto à sua empresa, é sua a responsabilidade de, na condição de
gestor(a), conhecer os riscos envolvidos nas atividades da organização, divulgar
e promover debates sobre as medidas para prevenir acidentes e atenuar riscos.
Retomando o caso dos agrotóxicos: se você é gestor(a) de uma rede de
supermercados que vende frutas e legumes, é importante saber se estes utilizam
agrotóxicos e quais os riscos para a saúde de quem os consome. A gestão dos
riscos implica uma nova organização e distribuição do poder e autoridade dentro
das organizações e dos governos.
Outro aspecto dos riscos gerados pelo avanço tecnológico é que eles
afetam a todos. Uma criança da periferia que brinca perto de um córrego está
mais exposta aos riscos da contaminação das águas que uma criança que brinca
na piscina de casa. A produção e difusão dos riscos não quebra completamente
a lógica capitalista: as pessoas mais vulneráveis são as mais afetadas. Todavia,
os riscos podem ter um efeito bumerangue e atingir quem os produziu.
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Já o sociólogo Renato Ortiz pensa as questões ligadas à globalização
tomando como base o Brasil, uma nação periférica. A representação do Brasil –
e das nações latino-americanas – como não completamente concretizada é
corrente. Nesse contexto, as mudanças introduzidas pela mundialização – Ortiz
prefere o termo mundialização em vez de globalização – tem efeitos mais
profundos, sobretudo na cultura e identidade nacionais. Voltaremos a este tema
nesta aula, ao estudarmos os efeitos das novas tecnologias no trabalho.
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As novas tecnologias abrem possibilidades aos trabalhadores: aplicativos
como Uber e Ifood são novos campos de trabalho. No entanto, são empregos
informais, sem garantias sociais. Retomando a discussão de Beck sobre os
riscos da modernização, o lado negativo destas mudanças é justamente a falta
de proteção social. A flexibilização foi associada à precarização, ou seja, o
trabalhador não tem garantias sociais nem renda mínima, gerando grande
insegurança.
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O antropólogo Alfred Kroeber foi além e afirmou que graças à cultura o homem
se distanciou do mundo animal, estando acima de suas limitações orgânicas. Se
o homem pode habitar desde os desertos africanos até as terras geladas do
Canadá é porque ele desenvolveu uma cultura – vestimentas, casas, caça,
agricultura, organização social – que permitiu tal adaptação.
O choque entre diversas culturas não é uma novidade do mundo
globalizado. No século XIX, os viajantes e exploradores traziam notícias de tribos
distantes com costumes e vestimentas exóticas. Este contato com pessoas de
culturas tão diferentes às dos europeus levou muitos antropólogos (tais como
Tylor, Spencer e Morgan) a considerar a cultura desses povos como primitiva. A
oposição entre civilizado e primitivo surgiu, sendo o civilizado considerado
melhor e mais evoluído do que o primitivo. O conceito que descreve esta atitude
é etnocentrismo, ou seja, quando julgamos outras culturas com base em
nossos próprios padrões culturais, o que, por sua vez, perpetua o preconceito.
O antropólogo alemão radicado nos EUA Franz Boas deu um passo
importante em combater o etnocentrismo ao refutar o princípio do evolucionismo
cultural. Boas e seus alunos realizaram várias pesquisas em comunidades
diferentes e defenderam que não há cultura mais avançada ou mais primitiva,
cada uma é única. De acordo com o contexto, a cultura muda e se adapta de
forma particular, e é preciso compreender a sua lógica interna. Esta é base da
perspectiva do relativismo cultural, segundo o qual cada cultura deve ser
avaliada apenas em seus próprios termos.
O relativismo cultural é muito importante para os dias de hoje. Como
mostramos nesta aula, as trocas entre pessoas de origens diferentes é cada vez
mais intensa e é comum organizações contratarem funcionários de outras
nacionalidades. Para desenvolver o relativismo cultural, é preciso conhecer
diversas culturas, o que é fácil de fazer mesmo sem sair de casa, por meio de
filmes, literatura, música etc. Este conhecimento mostra que há várias formas de
pensar, sentir e interpretar os diversos aspectos de nossas vidas, e é assim que
combatemos o etnocentrismo e desenvolvemos um olhar plural para o mundo e
as pessoas.
NA PRÁTICA
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propiciam trocas entre pessoas de origens e visões de mundo diversas? Como
as trocas contribuem para o respeito mútuo? De que forma a diversidade cultural
transforma a organização?
TROCANDO IDEIAS
FINALIZANDO
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interpretações sobre o fenômeno da globalização colocam em evidência a sua
complexidade e a importância de se discuti-lo.
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REFERÊNCIAS
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