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A verdade do PomaR do LAranJal

Copyright©2020 por Paulo Cesar da Silva

Projeto Gráfico e Diagramação: Margareth Caetano


Revisão: Paulo Cesar da Silva

CIP – BRASIL – CATALOGAÇÃO – NA – FONTE

978-85-913353-0-5
Silva, Paulo Cesar –
A Verdade do PomaR do lAranJal
/ Silva, Paulo Cesar - Rio de Janeiro, 2020
1. Religioso. 2. Denominação Batista. Nonono

Todos os direitos reservados, no Brasil, por Paulo Cesar da Silva

E-mail: pcsilva0607mar@yahoo.com.br

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Paulo Cesar da Silva

Para minha família com amor, por ser o


pilar que sustenta no dia a dia e fortalece
emocionamente.
A Deus por sua preciosa graça. Eu seria
nada sem a fé que tenho nEle.

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A verdade do PomaR do LAranJal

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Paulo Cesar da Silva

Agradeço aos amigos e irmãos em Cristo, o convívio, as horas


de estudos bíblicos, o apoio e juntos buscarmos crescer na fé.
Agradeço a Luciana, que trabalhou na compilação deste tra-
balho e, muitas vezes, contribuiu com sua orientação, que buscava
o equilíbrio e a sensatez, no intuito de tornar os textos mais leves.
Mesmo não tendo concordado com ela em todos os momentos sua
colaboração foi expressiva.
Agradeço a minha família, Marcilene, Letícia e seu esposo Cíce-
ro, Paula, e o pequeno Gabriel que está a caminho. O meu melhor
todos os dias da caminhada.
Agradeço a Deus, o autor da minha vida, tantas oportunida-
des, tantos encontros providenciados e tantas bênçãos, mesmo sem
merecimento.

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A verdade do PomaR do LAranJal

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Paulo Cesar da Silva

Não leia este livro

Gostaria de me dirigir ao leitor que não é evangélico, que não


pertence a nenhuma igreja, para sugerir que não leia este livro.
Trata-se de retalhos de uma história triste que retrata algumas
igrejas de São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro.
No entanto, caso se interesse pelo livro, apelo ao seu coração
que atente à verdade da Palavra de Deus e não coloque seus olhos e
ouvidos em palavras de homens que não advêm da verdadeira prá-
tica da fé cristã.
Para um melhor aproveitamento e compreensão do que irei
narrar, sugiro uma leitura preliminar da página 13.

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A verdade do PomaR do LAranJal

Abreviaturas e Siglas

ABM - Aliança Batista Mundial


BAND - Rede Bandeirantes de Televisão
BANERJ - Banco do Estado do Rio de Janeiro
BBB - Big Brother Brasil
BLH - Bíblia na Linguagem de Hoje
CBB - Convenção Batista Brasileira
CBF - Convenção Batista Fluminense
CBL - Colégio Batista do Laranjal
CC - Cantor Cristão
CMEC - Colégio Municipal Estephânia de Carvalho
CNT - Central Nacional de Televisão
CPAD - Casa Publicadora das Assembleias de Deus
EBD - Escola Bíblica Dominical
IBL - Igreja Batista do Laranjal
IURD - Igreja Universal do Reino de Deus
NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje
PIB - Primeira Igreja Batista
SBB - Sociedade Bíblica do Brasil
SFM - Sociedade Feminina Missionária
SMM - Sociedade Masculina Missionária
TJRJ - Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro

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Paulo Cesar da Silva

Sumário

Prefácio............................................................................................... 11
Preâmbulo........................................................................................... 15
O dia da verdade................................................................................ 17
De volta ao começo............................................................................ 18
Uma Surra para não ser esquecida.................................................. 25
Em busca do conhecimento.............................................................. 27
“A tragédia do Sarriá” ....................................................................... 34
De coordenador a .............................................................................. 39
vendedor de balas.............................................................................. 39
Entre a verdade e as dúvidas............................................................. 47
Vozes da verdade no caminho do desespero.................................. 51
Prelúdio para a hora da verdade ...................................................... 58
A hora da verdade.............................................................................. 60
O enterro do porco............................................................................ 63
Em busca dos fatos da verdade ........................................................ 68
Colégio Municipal Estephânia de Carvalho:
Um lugar maior de bênçãos.............................................................. 72
Maravilhas de Deus........................................................................... 74

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A verdade do PomaR do LAranJal

Um encontro surpreendente............................................................. 81
Tocando em frente contando com a Justiça.................................... 83
Um voo quase perdido ..................................................................... 86
“Queremos um Pastor”..................................................................... 88
Uma escolha: um erro ...................................................................... 90
Lobos disfarçados em ovelhas.......................................................... 92
“Esses pastores são uns IDIOTAS”.................................................. 97
Jesus: “Eles me procuram por causa da comida”.......................... 101
O poder corrompe o caráter ou o revela?...................................... 104
Salomão e Manassés – dois destinos.............................................. 109
Monjolos tem um Deputado Federal............................................. 113
Tudo posso: este é o ano da vitória!............................................... 116
Um Passarinho me contou.............................................................. 118
Bola – o último ovo deixado pelo diabo........................................ 126
Por duas vezes dentro, estando fora; por duas vezes fora,
estando dentro.................................................................................. 130
Os últimos capítulos: Escritos “de joelhos”................................... 136
Fé + Obra = Salvação....................................................................... 140
Seja um bereano............................................................................... 150
Programa para depois da minha morte ........................................ 156
Epílogo.............................................................................................. 168
Post Scriptum................................................................................... 170
Anexos.............................................................................................. 172

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Paulo Cesar da Silva

Prefácio

Que este prefácio possa explicar por que este livro foi escrito.
Porque o escrevi, da maneira como ele se apresenta, é meu
intuito aqui.
Esta obra não surgiu de uma inspiração momentânea.
É fruto de anos de meditação e de busca das respostas de Deus
para muitas questões que permearam, e ainda permeiam, minha tra-
jetória.
É necessário registrar desde o meu nascimento até os dias atu-
ais, e muitos fatos vividos, para que esta obra tenha sentido e cumpra
a missão que Deus a mim designou.
Nesses anos todos, sempre quis compreender a plena vontade
de Deus e a relação dEle com a Igreja, precisamente a Igreja Batista
Tradicional ou Histórica.
Após 40 anos de caminhada na fé, nesta denominação, e obser-
var, de muito perto, o comportamento dos grandes líderes, no Esta-
do do Rio de Janeiro, e discordar com os rumos, atualmente, dados à
denominação, venho registrar um grito de alerta.
Este é, pois, o objetivo deste livro.

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A verdade do PomaR do LAranJal

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Paulo Cesar da Silva

Vejamos o que Deus quer lhe falar no texto do Evangelho escri-


to por Lucas no capítulo 17, versículo 1-2, onde disse Jesus a seu
discípulo:
“É inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo
qual ele vem! Melhor fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma
pedra de moinho, e fosse atirado no mar, do que fazer tropeçar a um
destes pequeninos.”
Jesus nos advertiu em Mateus 24:9 a 13: “então, sereis atribula-
dos, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do
meu nome. Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar
uns aos outros, levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a
muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de qua-
se todos”.
O que Deus quer lhe falar está muito claro:
1º Os escândalos são inevitáveis;
2º Pessoas deixarão de se salvar em consequência dos escânda-
los;
3º De fato o castigo virá sobre os que praticarem esses escânda-
los, mas isso não servirá de desculpa para você.
O que vai acontecer, estejamos certos, é que haverá uma gran-
de condenação para aqueles que foram empecilho para que outros
pudessem entender o plano de Deus para a humanidade: O grande
amor revelado, em Jesus na cruz, por nós.
Não havia outra maneira de salvar o homem.
“Alguém tinha que pagar o preço. Alguém tinha que morrer”.
Isaias 53, diz: “Ao Senhor agradou moê-lo”. Paul Washer disse: “As
pessoas dizem: ‘A cruz é um sinal de que somos importantes.’ Isso

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A verdade do PomaR do LAranJal

não é verdade! A cruz é um sinal de quão depravados nós realmente


somos! Jesus morreu sob a ira de seu próprio Pai, pagando o preço”.
Olhemos para a cruz e recebamos Jesus como o nosso Salvador.
Ele poderia se quisesse, não ter morrido. Ele tinha a possibilidade de
desejar não pagar o preço.
Jesus disse:
O Pai me ama porque Eu entrego a minha vida para poder ter a vida
de volta outra vez. Ninguém pode me matar sem que Eu deixe; - Eu
entrego a minha vida de livre vontade. Pois tenho o direito e o poder
de entregar minha vida quando quiser, e também o direito e o poder
de tomá-la de novo, porque o Pai me deu este direito.

Deus nos amou profundamente, a ponto de esmagar o próprio


Filho na cruz. Foram os nossos pecados que conduziram Jesus à
cruz. Eu deveria morrer. Você deveria morrer. Mas Ele morreu no
meu e no seu lugar.
Não deixemos de receber esta Salvação por causa daqueles que
a desprezam.
Os que escandalizam o nome de Jesus pagarão alto preço. Rece-
berão a sentença no grande dia do juízo final.
Devemos pensar nisto!

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Paulo Cesar da Silva

Preâmbulo

Essa história começou a ser registrada há, nada mais, nada


menos, que 25 anos.
Em uma segunda-feira, 1º de setembro, vésperas da primavera
de 1986, e desde então, eu jamais seria o mesmo outra vez.
A decisão que tomaria, a partir da revelação que tive, marcaria
a vida de centenas de pessoas, que tomariam novos rumos, definiti-
vamente.
Neste livro, encontraremos de tudo: experiências profundas
com Deus, com o mundo das trevas, e decepções com cristãos, com
pastores, com líderes e até “grandes Igrejas”.
Num enredo de dramas, horrores, suspenses e alguma pitada de
humor, será contada uma história real que retrata a trajetória de um
cristão e envolve líderes da denominação Batista, algumas igrejas,
pastores e milhares de pessoas.

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A verdade do PomaR do LAranJal

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Paulo Cesar da Silva

O dia da verdade

Domingo, 07 de setembro de 1986 ficaria conhecido como o dia


da verdade.
Aproximadamente 9h 30 min, quando entro pela porta da fren-
te do templo da Igreja Batista em Laranjal (São Gonçalo-RJ), meu
irmão sugere que eu sente ao lado da minha esposa e minhas duas
filhas (Letícia e Paula) o que, prontamente obedeço. Começo a cami-
nhar na direção delas, quando de repente os meus pés me trazem
para o corredor central do templo e vou em direção ao púlpito, onde
o diretor da EBD fazia o encerramento naquela manhã.
Ao me aproximar disse:
“Preciso dar uma palavra à igreja.”
Ele, virando-se para o pastor que estava, como de costume, sen-
tado no 1º banco aguardando a hora de assumir à palavra, fala:
“O pastor está com a palavra”. Então pego o microfone de suas
mãos, assumo o seu lugar e me dirijo à igreja. O que seria dito naque-
la manhã, cairia como uma bomba.
Jamais seríamos os mesmos!

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A verdade do PomaR do LAranJal

De volta ao começo

3 de outubro de 1955, nascia um menino de olhos claros, cabe-


los louros, e “lindo”, segundo minha mãe, dona Enedina Claudio
Fully. Pode ser coisa de “mãe coruja”.
Meu pai, Sr. Agenor, viajaria para sua cidade natal, Cambuci,
para cumprir seu papel de cidadão, e votar, por ocasião das eleições,
que ocorreriam naquele ano.
E quando o meu pai saía de casa em direção àquela cidade, a
mãe lhe disse: “Nequinha quando você voltar o seu filho já terá nas-
cido”. E foi o que de fato aconteceu.
Naquela época, uma viagem de São Gonçalo a Cambuci levava
muito tempo, muitas horas. Não sei se naquela ocasião era possível
justificar o voto. O fato é que meu pai viajou.
JK venceu as eleições com 3.077.411 votos, 35.7% e para vice-
-presidente o vitorioso foi João Goulart com 3.541.749 votos, 43.98%.
Nos causa estranheza que o vice-presidente tenha tido mais
votos que o presidente. Mas é fato, realmente. Naquela época, o povo
escolhia também o vice-presidente.
Hoje o voto é vinculado. Mas bem que poderia ainda ser assim,
não é? Quanta dor de cabeça seria evitada.

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Paulo Cesar da Silva

Vamos relembrar o que ocorreu nas últimas eleições presiden-


ciais no Brasil (2010): os evangélicos foram orientados a não votar
na Presidente eleita, Dilma, por causa do vice. Não é um assunto que
devemos estender, de tão ridículo que foi.
Ainda hoje, minha mãe conta que os vizinhos ficavam admira-
dos com a beleza daquele bebê. Naquela época, as pessoas eram bem
mais educadas que hoje em dia.
Ri muito por ocasião do nascimento do João, filho de meu ami-
go Nivaldo Mulim. Estávamos em Brasília, quando Evaldo contou (a
mim e a Neilton) o telefonema recebido pelo primo: “Evaldo, nasceu
meu filho, ele é a minha cara. Não me aguento de tanta alegria”. E
o Evaldo respondeu: “primo, não se preocupe, o importante é que
nasceu perfeito e com saúde”.
Claro que se tratava de uma brincadeira. João nasceu lindo e
continua sendo um menino muito bonito e cheio de saúde.
Recordo-me, também, do nascimento de minha sobrinha Taís.
Tadinha, essa era feinha mesmo.

Infância no Laranjal

No último mês de dezembro, no dia 15, conversei longamente


com mamãe. Aos 94 anos é a mais linda mãe que conheço. Tenho
orgulho em mostrá-la aos meus amigos nas fotos que trago em meu
celular. E quando as mostro, todos são unânimes em dizer como ela
é realmente linda!
Conta ela que, assim que nasci, fomos morar numa casinha em
Laranjal, na propriedade do Sr. Antonio Aguiar.

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A verdade do PomaR do LAranJal

Ali passei os primeiros anos da minha vida. Lembro-me das


brincadeiras: pique, amarelinha, pega-ladrão, bola de gude, etc. que
tempo bom!
Que infância saudável. O meu melhor amigo era o Alcenir e,
ainda nos dias de hoje, mantemos contato. Estudamos o “primário”
e o “ginásio” juntos – séries que hoje compõem o Ensino Fundamen-
tal.

O sonho: a bicicleta vermelha

Naquela época, criança que possuía uma bicicleta “tirava onda”.


Se fosse, então, uma Caloi ou uma Monark, que nos anos 1970 e
1980 dominava o mercado produzindo cerca de 95% da produção
nacional em relação a seus concorrentes.
Mas não almejava uma das tops. Sabia que meu pai jamais teria
condição para comprar uma, mesmo que fosse de segunda mão.
Havia mais de 50 marcas de bicicleta. Poderia ser a pior marca.
Poderia ser uma bem velhinha e usada. Eu só queria uma bicicleta.
Sabendo de meu desejo, meu pai me levou a um cicle, na praça
de Santa Luzia. Havia muitas bicicletas reformadas. Então ele pegou
uma que havia acabado de ser pintada. Era linda! Vermelha! Pare-
cia uma Ferrari. “Essa tá boa”? me perguntou. “Papai, ela é linda”!
“Então, preste atenção”, falou, olhando nos meus olhos. “Ela será sua,
se você for um bom menino. Se passar de ano, ela será sua”. “Papai”
– respondi – “vou ser o melhor aluno da classe”. Não deu pra ser o
melhor, pois o desafio me foi feito, já no 2° semestre. Mas cheguei
em 3° lugar. Ganhei de minha professora, Hedite Hardoim, um lindo
ioiô. Era colorido, o mais lindo do mundo. Já sonhava com ele enro-
lado nos meus dedos e com as mãos no guidão da minha Ferrari.

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Paulo Cesar da Silva

Ao me entregar as provas, juntamente com o meu prêmio – o


ioiô – a professora Hedite sussurrou aos meus ouvidos: “não repare,
ganho muito pouco”.
As crianças não dão valor ao que é caro. O valor está no que
representa. Ali, naquele momento, o ioiô representava um sonho.
O ioiô é uma das invenções mais antigas no mundo dos brin-
quedos, não se sabe ao certo onde foi criado. Fala-se que provavel-
mente tenha surgido na Grécia, China ou Filipinas. Alguns foram
encontrados na Grécia cerca de 500 anos antes de Cristo. A palavra
“ioiô” vem do filipino, e quer dizer “volte aqui”.
Mas enfim, voltei para casa feliz com minhas provas e com meu
troféu.
Chegara o dia. E eu contara as horas e os minutos. Dormia e
sonhava que descia a rua da Igreja Católica do Laranjal a toda velo-
cidade, cortando o vento e freando em frente à Escola e descendo da
minha Ferrari na frente dos colegas e das meninas.
A bicicleta não veio. No lugar, as lagrimas, chorei não apenas
por mim. Chorei por meu pai, que ficou triste por não poder realizar
o meu sonho.

O Batismo para agradar

Percebia a tristeza de meu pai. Pensei que poderia alegrá-lo e


ao mesmo tempo mostrar a ele que não pensava mais na bicicleta.
Afinal, não faltavam bicicletas na igreja. Todos os domingos, quando
começava o culto, após a EBD, pegava a que estava mais fácil e sumia
em direção à Lagoinha. Ia, subia até as proximidades da casa de Car-
valho, e voltava cortando o vendo, com as mãos soltas, voando como
uma águia. Como era maravilhoso! E voltava.
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A verdade do PomaR do LAranJal

Por volta dos 10 anos, fui batizado para alegria de todos e orgu-
lho de meu pai.
Quando entrei no batistério, era inverno, estava bastante frio
naquele dia, tremia muito. Á água estava muito fria. Entrei na ponta
dos pés. O Pastor A me falou baixinho: “fique calmo, não precisa
tremer”. Ao que respondi: “estou com medo não. Estou é com muito
frio”.

Acidentes na Infância

Dona Nadi, nossa vizinha, trabalhava no Posto de Saúde de


Alcântara e costumava trazer leite em pó, que era distribuído para
as famílias pobres, para nós. Vinha em saco plástico grande. O leite
era grosso. Para dissolvê-lo na água não era fácil. Mas o danado era
gostoso. E com açúcar, então, nem se fala.
Num dia, esperei minha mãe sair da cozinha e fui em direção
ao leite com a colher na mão. Quando já estava me preparando para
comer, ouvi passos. Não dava tempo para devolver o danado para o
pacote. Foi então que cometi um grave erro. De uma só vez o colo-
quei na boca. Você não imagina, se na água quente o leite não se dis-
solvia completamente, imagine na boca! Engasguei. Não conseguia
respirar. Corri para fora ao encontro de minha mãe. Estava mor-
rendo. Imediatamente ela gritou: “corre Nequinha. Paulo Cesar está
morrendo. Já está até babando”. Era o infeliz do leite que escorria. Ao
chegar, papai, logo percebeu de que se tratava. Me pegou no colo,
abriu-me a boca, colocando-a embaixo da torneira fazendo com que
o leite “descesse”. Estava salvo!
Por outras duas vezes quase morri: uma com uma raiz de aipim.
Essa foi fácil de resolver: só abrir a boca e com o dedo puxar a raiz
agarrada na garganta.
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Paulo Cesar da Silva

A outra foi mais complicada: estava em Niterói com minha


irmã, acredito que indo à casa de tia Zenilda. Pedi um pirulito e,
Erinea sempre com um coração bom, logo me atendeu. Então, não
mais que de repente, engoli o pirulito. Ele parou na garganta, e sem
poder falar comecei a pular sem poder gritar. Apavorada, ela entrou
em uma lanchonete e, pediu socorro. Todos pararam. A rua já estava
repleta de gente. Todos olhavam para o menino raquítico que pulava
e agonizava em busca de oxigênio. Entrou, então, uma mulher alta,
loura e perguntou: “o que está acontecendo com o menino”? minha
irmã respondeu: “ele se engasgou com um pirulito com cabo e tudo”.
Ela se aproximou de mim e me pregou um senhor tapa na altura do
pescoço fazendo o pirulito ir parar longe! Uma vez mais, estava a
salvo.
Mais tarde vieram os acidentes com água: quase morri afogado
por duas vezes.
Na primeira estava nadando com meu primo, Fernando José,
no Forte de Gragoatá, e levei um grande susto. Ninguém chegou a
perceber, mas quase não consegui sair da água.
Em outra ocasião, quis seguir meu irmão Jorge Luis que nadava
em direção a uma ilhota e percebendo que não teria forças para che-
gar, gritei por socorro, e ele me levou amparado em seus ombros até
à praia. Quase me deu uns tapas. Mas felizmente ficou só na bronca.
O mais grave, dos acidentes na água, aconteceu quando já era
casado, na praia em Barra de São João. O lugar havia sido descoberto
pelo povo de São Gonçalo.
Foi por volta de 1983, e naquela época bastava pagar uma
pequena quantia, legalizar junto à prefeitura de Cabo Frio, e tornar-
-se um feliz proprietário de uma área de terreno junto à praia. Não
adquiri um por achar a praia perigosa.

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A verdade do PomaR do LAranJal

Mas naquele dia cheguei à praia, percebi alguns rapazes brin-


cando na areia: Orivaldo, Eli, Jose e Paulo “gago”. De repente, uma
mulher começou a se afogar a poucos metros dali. Um homem na
praia, apavorado, apontava para a mulher dizendo: “ela está se afo-
gando, por favor socorram”. Imediatamente pedi a Ubirajara que
corresse e chamasse os rapazes enquanto tentaria mantê-la viva.
Ao me aproximar ela me segurou com tanta força que me levou
para o fundo. Só pensei uma coisa: “meu Deus, vou morrer e dei-
xar duas filhas para Marcilene criar”. Mas uma força se apoderou de
mim e ainda submerso, coloquei o pé em sua barriga e a empurrei
para longe. Ao emergir, quase sem ar, vi os 4 chegando e agarrando
aquela mulher desesperada. Ela conseguiu levar todos para o fundo
novamente. Neste momento o Paulo “gago” a agarrou pelos cabelos,
seu irmão Eli de um lado, e Jose do outro e a empurraram para fora
conseguindo salvá-la.
O homem que gritara e pedira por socorro era seu marido. Ou
ele não sabia nadar, ou queria ficar viúvo.
Mas recordando seu desespero acredito, verdadeiramente, na
primeira hipótese.

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Paulo Cesar da Silva

Uma Surra para


não ser esquecida

Era adolescente com meus 12 ou 13 anos de idade. Tudo acon-


teceu num domingo por volta das 11h 30min da noite.
Havia combinado com um amigo, Reginaldo, de irmos até a
Igreja Congregacional em Vista Alegre, onde encontraríamos com
umas meninas que estávamos querendo namorar. Tudo foi com-
binado nos mínimos detalhes: hora de sair, hora de chegar. Nada
poderia dar errado.
Assim que o culto em Laranjal começasse rumaríamos em
direção a Vista Alegre. Teríamos que retornar antes que a reunião do
Laranjal terminasse para não levantarmos suspeitas.
Chegamos ao local por volta das 20 horas. Era uma noite espe-
cial, seria servida a Ceia do Senhor. Lembro-me como se fosse hoje:
estava também naquele culto o tio de Marcilene, o Sr. Washington,
muito amigo do pastor da igreja – Pr. Jorge, e era meu professor no
CBL.
Acabado o culto, fomos acompanhar as meninas até suas resi-
dências, em Marambaia. Você deve estar imaginando: na época
havia pouca condução e tendo que acompanhar as “suas namoradas”
até suas casas, não voltaram a tempo!

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A verdade do PomaR do LAranJal

É verdade! Não deu outra. Ao passarmos em frente ao Templo


da IBL, este estava envolvido pela escuridão da noite. Não havia uma
alma sequer ali. Foi então que comecei a imaginar a dimensão da fria
em que havia me metido. Tendo que levar o medroso do meu cole-
ga até sua casa que ficava próxima ao bairro Lagoa Seca, me atrasei
ainda mais.
Voltando, quando dobrei a esquina e entrei na rua de casa, per-
cebi que havia duas pessoas em é diante do portão de casa. Não tive
dúvidas que uma delas era o meu pai, já que o outro indivíduo come-
çou a gritar: “Corre Paulo! Corre!” era o meu irmão Carlinhos.
Não poderia correr. Havia errado. Enganara, uma vez mais,
meu pai. Desta feita, porém, sem sucesso. Esperei que se aproximas-
se enquanto seguia em sua direção e ser recebido com uma bela cor-
reia à mão.
Não preciso explicitar os detalhes. Fui apanhando até entrar
dentro de casa, onde fui “socorrido” por minha mãe.
Na manhã seguinte, ao me levantar da cama, ainda sentia em
meu corpo as consequências daquela boa e oportuna disciplina.
Apesar de tudo, tive uma boa noite de sono. Quem não conseguiu
dormir muito bem foi meu pai.
Ao me dirigir à cozinha lá estava ele com as mãos sobre o ros-
to, triste, abatido pelo desfecho daquele domingo. Talvez, na manhã
daquela segunda-feira, ele tenha pensado: “acho que exagerei”.
Ao me aproximar, dei-lhe um beijo no rosto e disse: “benção
meu pai”. Após o café, pudemos realizar o nosso culto doméstico,
como era comum na época. Estava tudo pronto e perfeito para mais
um dia ...

26
Paulo Cesar da Silva

Em busca do conhecimento

No início do ano de 1974, esteve realizando uma série de con-


ferências em nossa igreja, em Laranjal, o Pr. Jurandir Gonçalves
Rocha, vice-diretor do Colégio Batista em Campos e Deão do Semi-
nário Batista Fluminense que tinha, como diretor e reitor o Pr. Ebe-
nezer F. Souza.
Aproveitando a chance, pedi a ele que me desse a oportunidade
de estudar em Campos. Concluiria o 3º ano pedagógico e entraria no
curso de Bacharel em Teologia. A ideia foi imediatamente aprovada
e rumei em direção a realização do meu sonho de aprender mais
sobre Deus e aprimorar na pregação da sua Palavra.
Fiquei feliz quando o Everaldo França também decidira tomar
o mesmo caminho, afinal seria uma companhia, um amigo compa-
nheiro, num novo e distante lugar, pois esta seria a primeira vez que
deixaria minha família e meus amigos.
Só para registrar, a igreja mantinha o irmão Diné Lott no Semi-
nário Sul do Brasil, na Tijuca. Como a igreja não tinha recursos para
ajudar mais seminarista, fomos, por nossa conta e risco para aquela
instituição mantida pela CBF.
O Everaldo, já havia concluído o 2º Grau. Eu precisei me matri-
cular no 3º ano, o último, do curdo de formação de professores.
Fazer, portanto, pela manhã o curso pedagógico (na época recebia

27
A verdade do PomaR do LAranJal

o nome de Curso Normal) e a tarde trabalhava no Colégio como


inspetor de alunos do 2º turno. Era um grande colégio, não só em
estrutura física, mas também na quantidade de alunos. E à noite cur-
sava Bacharel em Teologia.
Aos sábados, alguns seminaristas, “esquecidos” por suas igrejas,
tinham que lavar o colégio. Cada grupo ficava com um andar. Era
muito divertido. Saíamos em grupo e apostávamos quem faria mais
rápido o andar, é claro, sem perder qualidade, já que os banheiros
tinham que estar limpos e cheirosos na segunda feira seguinte.
Vou tentar resumir aqui alguns acontecimentos que marcaram
minha curta, mas intensa passagem por Campos.
A primeira lição no Seminário é que se “ora” muito. Estava ajo-
elhado de costas para a porta orando, não havia ninguém. Fechei-a e
fui para o meu canto orar antes de me deitar. Precisava acordar às 5
horas da manhã para passar a limpo o conteúdo e rumar para a pri-
meira batalha – a sala de aula. No meio de minha oração senti algo
poderoso, uma força na altura do pescoço. Quase desmaiei. Era uma
bota atirada contra mim por um seminarista. Fiquei algumas sema-
nas sentido o poder daquela oração. Agora sabia que no seminário,
quando você ora, algo acontece.
Nas refeições, aprendi a lição bíblica: era preciso orar e vigiar.
Orar apenas não era suficiente. Precisávamos também vigiar. Antes
de aprender essa boa lição, perdi algumas sobremesas ao fechar os
olhos e não as vigiar.
Outra boa lição aprendida: nunca dê as costas ao seu “inimigo”.
Essa história ocorreu justamente com a pessoa que mais ajudava.
Tratava-se de um seminarista que cursava o 3º ano de bacharel em
teologia e o 1º ano do segundo grau. Uma situação totalmente inver-
sa à minha.

28
Paulo Cesar da Silva

Esse rapaz era um jovem forte e musculoso, apesar de sua baixa


estatura. A seu pedido, dava-lhe aulas de português. Sempre tirando
notas baixas, vivia incentivando-o dizendo que conseguiria superar
as dificuldades. Era esforçado.
Certa manhã, quando me levantei, por volta das 5 horas, encon-
trei um seminarista sentado à mesa estudando. Era o Julião, o mais
alto e forte de todos, porém o mais manso e educado. Ficamos em
silencio, ali, passando matérias da noite anterior a limpo e estudan-
do. Após alguns minutos, chega o baixinho musculoso, passa pelos
armários, cujas portas eram de madeira, e começa a chutar uma a
uma; sai em direção ao banheiro, que ficava do lado externo, próxi-
mo ao refeitório. Ao retornar, eu que estava sentado de costas para a
entrada, ouvindo seus passos, perguntei (pois pensava que chutara
os armários de brincadeira): “aí Valter, você está mais calmo?” Foi
então que vi o mundo escurecer; ele veio por trás e me aplicou um
soco, na cabeça, tão violento, que fez parecer que eu estava num car-
rossel. A sala toda girava.
Enfurecido, ou melhor, tomado por Satanás, pegou um galão,
daqueles grandes, de lixo que ficava no local e com toda força atirou
sobre mim como se fosse uma bola de vôlei. Consegui me esqui-
var e o Julião entrou em ação conseguindo segurá-lo pela cintura,
enquanto ele bufava como um touro bravo. Saí dali preocupado. Fui
até o banheiro, tomei uma chuveirada fria e pensei: “estou morto.
Deve ter arrebentado um vaso na minha cabeça”. E fiquei pensando
em um jovem do Laranjal que devido a uma queda de bicicleta, ao
bater com a cabeça no chão, enlouqueceu após algum tempo.
Ao voltar, o clima era tenso; todos os seminaristas estavam
acordados e assustados. O Valter em pé, triste, não emitia um som
sequer. Tive pena dele. Cheguei perto dele. Coloquei a mão sobre ele
e disse: “está tudo bem comigo. E com você?” Ele me mostrou, então,
sua mão muito inchada. Toquei nela e ele gritou de dor. Então eu
29
A verdade do PomaR do LAranJal

disse a ele que estava quebrada e que precisava procurar um pronto-


-socorro. Entrou em desespero dizendo que seria expulso e que não
poderia varrer o salão nobre onde ocorriam os cultos do seminário,
cuja limpeza era responsabilidade dele. Acalmei seu coração dizen-
do que não se preocupasse, ele não seria expulso e eu varreria o salão
para ele. A mão havia sido quebrada em três pontos diferentes.
Só que aquele irmão aprontou uma outra. Só que desta vez com
o Pr. Ebenézer, o reitor. Num sábado, após a faxina, já estávamos
de banho tomado quando o reitor apareceu “pedindo” ajuda para
levar uns bancos para a sua igreja, para um trabalho especial que iria
acontecer.
O caminhão já estava no local para que fosse carregado com os
bancos.
Imediatamente fomos trocar de roupa para realizar aquele tra-
balho extra. Apenas o baixinho (e todo baixinho é metido a valen-
te!), disse que não iria por já ter tomado banho e que estava de saída.
Ao ouvir isto, o Pr. Ebenezer aconselha: “meu filho é melhor você
obedecer”. E dizendo isto se retirou.
Fomos, fizemos nosso trabalho e já era a hora do almoço.
Ao entrarmos no refeitório, um edital: “está suspenso por 30
dias por desrespeitar...” sabia que a coisa não ia acabar bem.
Não deu outra: o baixinho quando leu sua suspensão partiu em
direção à casa do reitor. Queria entrar de qualquer jeito. O Pr. Ebene-
zer lá dentro, e ele lá fora querendo arrombar a porta e atirar alguns
galões em cima do pobre reitor. Foi expulso.
Mas no ano seguinte, voltou arrependido. E o Pr. Ebenezer
caminhou a segunda milha com aquele desequilibrado irmãozinho.
Alguns dias depois, foi a minha vez de bater em um mais fraco.
Era sábado também. Após o café, passei pelos banheiros e encontrei
30
Paulo Cesar da Silva

um pano de chão, largado, todo sujo. Após lavá-lo, percebi que esta-
va melhor que o meu. Peguei o pano e fui fazer a faxina. Ao retornar,
encontrei um seminarista irado, querendo saber quem havia rouba-
do o seu pano de chão. Imediatamente me apresentei como o ladrão
do pano e disse que não sabia que era dele. Pois pensara que alguém
o tivesse jogado fora, apesar de seu bom estado. Pedi perdão e esti-
quei a mão para devolver o pano. Não satisfeito começou a me humi-
lhar chamando-me de moleque e vagabundo. Pedi que parasse de
me ofender. Respondeu que não iria parar porque eu era mesmo um
moleque safado. Ao ouvir isto, parti pra cima dele e fui batendo em
sua cara com a mão aberta até perto do refeitório. Não sei quantos
tapas lhe apliquei, mas foram o suficiente para me deixar bem calmo.
Procurei, após o episódio, o pastor Benedito, responsável pelos
seminaristas internos e lhe contei sobre o ocorrido. Após me ouvir
pacientemente, disse: “aquele rapaz fez por merecer. Pode ir em paz
Paulo Cesar”.
Um último episódio de agressão: respeito adquirido: Ocorreu
também no pátio do seminário. Acordei cedo, fui escovar os den-
tes, quando encontro abandonada, em cima da pia, uma gilete, toda
cheia de cabelos, usada. Peguei-a, lavei-a bem e pensei: “será que
consigo fazer a barba com ela”?
Seminarista, realmente, não tem nada. Isto não é ruim. Não
somos chamados para ter conforto ou dinheiro. Pastorado é missão
e não profissão.
Eu entendia minha situação: meu pai, vereador no seu primeiro
mandato, ganhando pouco, estava reformando nossa casa. A igreja
pobre. Com um colégio com 4 mil alunos dando prejuízo. O pastor,
como diretor do colégio, tendo que destinar seu pouco salário, para
pagar os professores e funcionários. Isto tudo eu entendia. Afinal, já
bancava o Diné no Sul do Brasil.

31
A verdade do PomaR do LAranJal

Após fazer a barba com a gilete velha, comecei a limpá-la na


esperança de usá-la novamente. Quando repentinamente surge o
dono da gilete: “seu ladrão, safado, quem mandou roubar minha
gilete?” tive que me explicar, mas não obtive sucesso.
Este seminarista era o motorista eventual do pastor Jurandir.
Não pagava o seminário, como alguns de nós, mas como motorista
do vice-diretor do colégio, e deão do seminário tinha lá suas regalias.
Vivia fazendo exercícios. Ao contrário daquele que quebrara a
mão na minha cabeça, era alto e possuía braços fortes em consequ-
ência do levantamento de peso que fazia todos os dias. Pedi que não
me chamasse de moleque safado. Ao ouvir isto, partiu pra cima de
mim e desfechou uma direita que explodiu na parede. Não sei como
me esquivei. A única coisa que pude ouvir foi o seu grito de dor.
Quebrou o braço e teve que engessá-lo e ficou por 30 dias sem poder
“trabalhar” e exercitar.
Pronto! A minha fama correu. Todos diziam: “não encosta a
mão no Paulo Cesar, caso você não queira ter um osso quebrado”.
1975 – Seminário do Sul do Brasil – Não achei justo ficar longe
da minha família com um seminário a poucos quilômetros de casa.
Retornei ao Seminário, sem ajuda, claro. Tive que arrumar
emprego no Colégio Batista da Tijuca para pagar as despesas.
No final do ano, a IBL resolveu abrir seu próprio seminário. Fui
obrigado a voltar, novamente, para o 1° Ano, pela 3 vez.
No Seminário Batista do Sul, éramos obrigados a fazer um tes-
te psicotécnico que era realizado por uma equipe que vinha de São
Paulo. Ficou constatado, então, o meu precário controle emocional.
Pensei: “para ser mais um pastor desequilibrado, é melhor
desistir e ser apenas um bom professor maluco”.

32
Paulo Cesar da Silva

Sobre o Seminário do Sul, um outro passarinho, líder na deno-


minação, me falou em Brasília, por ocasião da sessão solene pelo
centenário da CBF. “lá no sul, está acontecendo de tudo, desde bebe-
deira até “troca de casais””. Ao ouvir, eu disse que não poderia acre-
ditar neste nível baixo de imoralidade; já que a Bíblia, sabemos, não
se ensina há muito tempo. Ele replicou: “pode acreditar irmão Paulo
Cesar, é a mais pura e triste verdade”.
Duas observações: se aquele irmão, líder denominacional, esti-
ver mentindo, é um grande irresponsável; a segunda: se estiver falan-
do a verdade, é um tremendo covarde.
Ao comentar com outro pastor, amigo, que estava presente disse
a mim: “uma coisa posso afirmar: já no meu tempo, na década de 80,
no final de semana, aos sábados pela manhã, os corredores ficavam
repletos de garrafas vazias de cerveja e outras bebidas alcoólicas”.
Eu pergunto: Vamos continuar como avestruzes?
Só para explicar a comparação: o avestruz é uma ave que vive
em bandos, nas estepes e nos desertos africanos, de asas reduzidas e
inaptas para o voo, mas capaz, graças a pernas longas e fortes, de cor-
rer em uma velocidade de 40 km/h. Caça-se e cria-se o avestruz por
conta das longas penas brancas das asas, de que se fazem ornatos. O
avestruz possui 2 ,60 m; pesa aproximadamente 100 kg e chega aos
50 anos de vida.
Estômago de avestruz tudo digere.
Política do avestruz: se recusa a encarar o perigo.
Muitas palavras rimam com avestruz. Quero destacar algumas:
capuz; chapuz; quebra-luz; tapa-luz.
Mas tenho certeza de que há uma expressão que jamais poderá
rimar com avestruz: discípulo de Jesus.

33
A verdade do PomaR do LAranJal

“A tragédia do Sarriá”
Enquanto muitos no Brasil choravam, um agradecimento a Deus

Outro dia, num bate-papo gostoso com o Altineu, a conversa


acabou por desviar-se para o futebol. Foi aí que ele me contou sua
maior decepção com esporte.
Contou ele: “tinha 14 anos de idade, e havia ganhado de meu
pai, um presente: uma viagem com alguns familiares, que estavam de
partida para a Espanha onde se realizaria a copa de 82. Fiquei ansio-
so pela viagem. Afinal de contas, poderia ver ao vivo todos aqueles
craques. A seleção do grande técnico Telê Santana, os canarinhos
do Brasil, jogava um bolão. Quem não se lembra de Zico, Sócra-
tes, Junior, Falcão, Leandro e tantos outros. Alguns dizem que foi a
melhor seleção de todos os tempos.
Tínhamos certeza de que o Brasil seria campeão. Já havíamos
despachado a nossa maior rival, a Argentina, por 3 x 1. Agora bas-
tava um empate contra a Itália, a mesma que havíamos vencido em
1970 de 4x 1 para avançarmos até a grande final.
A festa estava linda. Só dava camisa amarelinha. Parecia que
estávamos no Brasil. Veio o jogo. No final: Itália 3 x Brasil 2. O Sarriá
calou. Foi uma tristeza. As pessoas mudas olhavam umas para as
outras não acreditando no que havia acontecido. O sonho se tornara

34
Paulo Cesar da Silva

pesadelo. Foi muito triste. Jamais pude esquecer aquele dia, foi uma
tragédia, em pleno Sarriá.”
Naquele mesmo dia, de tristeza para meu amigo Altineu, e tan-
tos outros brasileiros, tinha muitos motivos para me alegrar. Jamais
havia assistido uma final com tanta alegria, até aquela data.
Ao final do jogo, em profunda reflexão ponderei: “Deus foi mui-
to misericordioso comigo. Ele me ama de verdade”.
Não parece sano, não é mesmo?
Bem, vai ser fácil de entender com o que será exposto aqui. Um
fato significativo e muito marcante em minha vida. Tudo começou
com uma desobediência a Deus. No entanto, Deus transformaria
toda a angústia e dor e me revelaria o seu grande amor.
Tudo começou no dia 22 de fevereiro de 1981. Era o jogo Bolí-
via x Brasil pelas eliminatórias para a copa de 1982, na Espanha.
Passei pela casa de meu sogro e o convidei para que viesse comi-
go assistir ao jogo. Após muita insistência, dizendo que era melhor
assistir a cores, já que na época poucas casas possuíam TV em cores,
consegui convencê-lo.
Fomos para minha casa, após saborear o apetitoso almoço pre-
parado por minha sogra, como fazíamos todos os domingos.
Já estava quase na hora de começar a partida, quando minha
esposa disse que precisava de leite. Nossa filha mais velha, Letícia,
sempre muito gulosa, não esperaria o jogo acabar. Marcilene, grá-
vida de 5 meses, sugeriu que comprasse pilhas para seu pai, pois ele
sempre gostou de ouvir seu radinho.
Fomos então, em direção à padaria para comprar leite, pão e as
pilhas. Atravessamos a pista em frente ao Colégio Estephania.

35
A verdade do PomaR do LAranJal

Quando saí da padaria de volta para casa, ansioso para chegar,


pois faltavam poucos minutos para a partida, de repente, ouço uma
freada, um homem rolando por cima de um carro e caindo como
morto no asfalto: era o meu sogro.
Desespero, culpa, dor, tudo isso tomou conta do meu ser naque-
le instante. Joguei o leite pra cima, chutei o pão desesperado, e com
as mãos na cabeça, apavorado, disse: “Meu Deus, tem misericórdia
de mim”!?
Havia deixado de ir à Congregação onde era um dos dirigentes,
só podia ser castigo de Deus, pensei.
O irmão José Maria que aguardava no ponto de ônibus para ir
realizar o trabalho de Deus presenciou todo o meu desespero. Rapi-
damente chegaram alguns amigos para prestar socorro. O motorista
conseguiu dar ré e fugiu como um louco.
“Não está morto” alguém disse. Pegaram-no, puseram-no em
um carro e partiram para a Casa de Saúde São José.
E agora? O que dizer a minha esposa grávida de 5 meses? O que
dizer aos familiares? Eu era o culpado. Ele não queria! Fui eu quem
insistira. Agora era só tragédia.
Com várias fraturas pelo corpo; com hemorragia interna, aos
62 anos de idade, sua chance de sobrevivência era muito pequena.
Pensava em todos os parentes vítimas da mesma tragédia: seria uma
“maldição hereditária?”
Após uma longa e arriscada cirurgia, ele sobreviveu.
Em casa junto a esposa, filhos, genros, noras e netos pode se
recuperar daquele terrível acidente.
Após alguns meses, chegaram às minhas mãos o endereço e
o nome do motorista. Erivelton, que presenciara tudo, conseguira,
também, anotar a placa do carro.
36
Paulo Cesar da Silva

Acompanhada de uma das filhas, Marlete, fomos procurar o Sr.


Valdir, eventual atropelador. Ele residia em Laranjeiras, muito próxi-
mo do campo do Fluminense.
Facilmente conseguimos chegar ao apartamento, onde fomos
atendidos por uma senhora muito simpática e elegante.
Ao abrir a porta indagou quem éramos e de que se tratava. Res-
pondemos que gostaríamos de falar com seu esposo sobre o acidente
do Laranjal. Estávamos ali para ajudá-lo, já que havia um inquérito
na Delegacia de Alcântara, pois alguém anotara a placa e o número
da mesma estava em poder da polícia.
Entramos, e o Sr. Valdir, assustado, tentou negar. Disse a ele que
não se preocupasse, não estávamos ali para condená-lo. Que esta-
va tudo bem com o Sr. Marcelino. Ao ouvir, chorou copiosamente
e disse: “você é aquele rapaz que estava com as mãos na cabeça?”
respondi a ele que sim, e ele completou: “não tive culpa, ele entrou
na frente do carro”.
Sua esposa chorava muito também, e quando conseguiu falar,
disse: “meu marido não dorme há meses. Tem pesadelo quase todas
as noites. Como foi bom vocês terem vindo aqui”.
Após muitas lagrimas, pudemos contar o desdobramento
daquele terrível acidente
Foi um dia que marcou a vida daquele casal, pois foi um dia de
alívio da culpa. Foi o reencontro com a paz na consciência e o desejo
de voltar a viver plenamente. Poder dormir sem acordar no meio da
noite com a imagem de um homem rolando sobre o seu parabrisa,
caindo morto ao chão.
Saímos para passear, e ao longo de nosso diálogo soubemos que
ele e meu sogro tinham algo em comum: o Fluminense. Ele me levou

37
A verdade do PomaR do LAranJal

até a sede do clube e como era sócio, tinha acesso a todas as depen-
dências. Passei pelo campo. Fui até a Sala dos troféus.
Aquele foi um dia que começou com lágrimas e terminou em
alegria e confraternização.
Por várias vezes o Sr. Valdir e sua esposa estiveram no Laranjal.
Traziam presentes e por muito tempo tivemos um belo relaciona-
mento. Creio que pudemos mostrar ao Sr. Valdir que éramos pessoas
diferentes.
No jogo da final da Copa de 82, exatos 495 dias, 11.880 horas,
712.800 segundos, quando o juiz apita o final da partida, o Brasil
chora a sua derrota. E eu feliz, como nunca, digo: “Muito obrigado,
Deus. O Senhor é um Deus de misericórdia!”.

38
Paulo Cesar da Silva

De coordenador a
vendedor de balas

Deus me concedeu bênçãos. Muitas delas o que chamamos de


sucesso. Quando eu obtive “sucesso” ele veio nos meus melhores
momentos com Deus.
Em um momento na vida, abri mão de quatro empregos, sendo
três estáveis, com salário generoso para a realidade da maioria, na
época, e passei, por livre escolha, a receber 3 salários mínimos, sem
vínculo empregatício e fui chamado de louco.
Transferi minhas filhas do melhor colégio, na época, com ôni-
bus apanhando-as na porta de casa e as coloquei em um colégio
público. Ninguém teve dúvida: “Paulo Cesar está desequilibrado”.
Disse a uma dessas pessoas o seguinte: “se eu estiver errado,
vou me arrepender amargamente, quando vierem as privações. Mas
daqui a alguns anos, Deus me dará um emprego melhor e meu carro
será um 0 km. Não que eu queira estas coisas. Deus me dará, e mes-
mo assim vocês continuarão cegos”. Vendi meu carro, telefone fixo
e até o anel de formatura com que presenteei minha esposa por oca-
sião de sua formatura de professora. Passei por algumas privações
sim. Mas não me arrependi.

39
A verdade do PomaR do LAranJal

Outro dia, encontrei com um amigo na Câmara Municipal de


São Gonçalo que me deu a notícia que receberia uma fortuna da
Câmara numa ação dos funcionários, ganha na última estância. Ain-
da completou: “se você não tivesse pedido demissão, talvez recebesse
algo em torno de 600 mil reais”. Ao me despedir de meu colega, senti
alegria por ter tomado a decisão de me demitir na ocasião apropria-
da.
Ao longo destes anos, após todas as decisões, que tantas pessoas
julgaram desacertadas, Deus abençoou-me juntamente com minha
família. Só para registrar, em apenas 10 anos, pude comprar 5 car-
ros 0 km. Viajei por diversos Estados brasileiros. Ainda não fui ao
exterior por não ter tido uma vontade realmente forte para isto, mas
estou planejando ir com minha esposa em nosso aniversário de 35
anos de casamento.
Mas todas as minhas decisões se deram a partir da eleição do
prefeito Jayme Campos. Com a sua eleição poderia ter sido o dire-
tor – essa é a verdade e a opinião do então secretário de Educação,
professor Luiz Vianna – mas rejeitei o cargo de direção e aceitei o de
coordenador do Colégio Estephânia de Carvalho.
Alguns funcionários e professores ficaram sob meu comando.
Na época, os professores que haviam apoiado o candidato derrotado,
Hairson Monteiro, sofreram perseguição por um grupo de pessoas.
Uma dessas pessoas estava lotada em meu setor de trabalho.
Certa ocasião, chegou ao trabalho chorosa por ter deixado sua filhi-
nha com febre em casa. Imediatamente, após perceber seu estado,
dispensei-a de suas atividades naquele dia.
Para minha surpresa, fui chamado pelo vice-diretor, ao gabine-
te para uma reunião com a diretoria, e ele logo disse a mim: “você
não pode dispensar funcionários. Se continuar a proteger pessoas
aqui, serei obrigado a ir ao prefeito e pedir que o exonere da função”.

40
Paulo Cesar da Silva

A situação não ficou agradável e eu disse a ele que fosse imediata-


mente: “se eu não vier para o seu lugar de vice-diretor não me chamo
Paulo Cesar. O que você não vê, é que nossos cargos são muito mais
por política do que por competência”?
Ele não sabia que eu entrava pelas portas do fundo e almoça-
va, de vez em quando, com meu amigo Jayme Campos. Além disso,
havia um vereador, meu pai, que também tinha a amizade e o respei-
to do prefeito.
O tempo passou. A roda gigante girou. E quem estava por cima
ficou por baixo e quem estava por baixo foi parar em cima.
Hairson Monteiro ganhou as eleições seguintes. E quem veio
a ser o diretor daquele colégio foi o pai da criança que teve sua mãe
liberada do trabalho para cuidar da febre de sua filha.
Já fazendo parte da Câmara, trabalhando no Colégio fiz meu
pedido ao prefeito: não queria continuar em casa, recebendo sem
trabalhar.
O prefeito Hairson atendeu meu pedido e me enviou para o
Estephânia de Carvalho. Ao chegar, ouvi as seguintes palavras do
diretor: “Paulo Cesar, aqui você faz o que quiser. Aqui você manda.”
Fiquei ajudando o diretor como uma espécie de conselheiro.
Ao reclamar que estava desconfiado que estavam desviando
dinheiro da cantina, sugeri a possibilidade de tentar pegar o ladrão.
Coloquei-me a disposição e disse que assumiria o controle da
cantina e que trabalharia vendendo balas e contabilizando as entra-
das e saídas.
Interessante, um não crente confiando em um crente. Nada
semelhante ao que acontecia no CBL

41
A verdade do PomaR do LAranJal

Certa ocasião, fui procurado pelo diretor para que assumisse,


por alguns dias, a cantina, porque segundo ele, todos que passavam
por ali roubavam muito. Todos, sem exceção, disse ele.
A minha carga horária era pesada. E eu disse a ele que não pode-
ria assumir por muito tempo tal responsabilidade. Voltou a afirmar
que seriam alguns dias. Era uma virada de mesa. Não seria remune-
rado por isto. Tomei o cuidado de nunca contar o dinheiro sozinho,
contava sempre com a ajuda de 2 professores que assinavam o livro
caixa (não havia nada disso até então), e a partir daí eram feitos os
lançamentos contábeis de forma adequada.
Certo dia, me chamou para uma conversa antes de subir para
lecionar. Convidou-me a ir à sala de professores e me perguntou:
por que nas últimas semanas não fez nenhum depósito? (na época o
deposito era feito por ele mesmo no antigo BANERJ).
De repente, parou de depositar ele próprio a “graninha” e pediu
que eu fizesse os depósitos. Soube, através do caixa, o motivo da
repentina mudança de hábito. Segundo o caixa do banco, ele tentava
furar a fila, quando a fila, quando uma pessoa reclamou, e começa-
ram a discutir, causando um grande mal-estar entre os presentes.
Respondi à pergunta, explicando as razões e olhando dentro
dos seus olhos; percebi sua incredulidade. Você já ouviu aquele dita-
do “para o ladrão, todos o são”? pois é, só aí caí em mim. Meu pai
acabara de me presentear com um lindo carro, o meu primeiro carro,
era uma Variant branca ano 71.
Ele deu ao fato o mesmo julgamento. Já que um dos “ladrões”
anteriores também comprara um carro.
Caiu finalmente a ficha. Virei e fiz a seguinte pergunta: o senhor
está duvidando de mim, acha que estou roubando? Ao que ele res-
pondeu: “é você quem está dizendo isso”!

42
Paulo Cesar da Silva

Saí dali muito abatido. Uma coisa que meu pai me ensinou foi
ser honesto.
Em 1982, ao chegar à noite em casa, tive uma surpresa: Letícia
havia aprontado mais uma das suas: querendo ajudar sua mãe, jogou
água atrás da televisão para tirar a poeira. Pronto. Lá se foi o tubo de
imagem. Com a tela toda molhada de vermelho, não podíamos mais
distinguir o que era grama ver ou mar azul.
Coloquei-a no meu colo e expliquei que quando quisesse ajudar
sua mãe, era só passar um paninho e pronto. Era perigoso jogar água
em qualquer aparelho que estivesse ligado à energia elétrica.
Não teria condições de consertar o tubo. Ficaríamos sem tele-
visão por algum tempo. Mas então, veio “a bênção”: ao passar pelo
BANERJ para descontar o cheque do Colégio Alcântara, o caixa me
deu 100 mil cruzeiros a mais. Não se assuste, o valor é esse mesmo.
Naquela época o cruzeiro – nossa moeda – não valia muita coisa. O
Cruzeiro até foi inspiração para um grande sucesso de Beth Carva-
lho, escrito por Francisco Santana:
De que me serve um saco cheio de dinheiro
Pra comprar um quilo de feijão
Me diga gente
De que me serve um saco cheio de dinheiro
Pra comprar um quilo de feijão
No tempo dos “derréis” e do vintém
Se vivia muito bem, sem haver reclamação
Eu ia no armazém do seu Manoel com um tostão
Trazia um quilo de feijão
Depois que inventaram o tal cruzeiro
Eu trago um embrulhinho na mão
E deixo um saco de dinheiro
Ai, ai, meu Deus

43
A verdade do PomaR do LAranJal

Somente após chegar em casa percebi o erro do Caixa. Aquele


jovem caixa estava em apuros e eu agora poderia trocar o tubo da
minha televisão. Era exatamente o valor do conserto. Como Deus é
maravilhoso!
Só pra registrar: tem igreja prometendo desaparecer com a sua
dívida contraída ao fazer um empréstimo por não resistir aquele
objeto de desejo. Vá a essa igreja e depois é só passar e ungir a porta
do banco que sua dívida desaparecerá. Que maravilha!
Muito bem. Voltando à história, à tarde, do mesmo dia, vol-
tei àquela agência, e pude devolver os 100 mil cruzeiros ao jovem
que desesperado, há havia contado o dinheiro por três vezes. Ao me
aproximar, pude ouvi-lo dizer ao gerente: “não adiante, já é a terceira
vez que conto. O caixa não fecha. Está faltando 100 mil cruzeiros”.
Peguei o dinheiro, coloquei em cima do balcão e, lhe disse:
“aqui estão os 100 mil cruzeiros”. Ele olhou para mim e não disse
nem muito obrigado. Não conseguia falar uma palavra, sequer.
Ao passar pelo guarda, bateu em meus ombros e disse: “traba-
lho aqui há muitos anos. Nunca vi ninguém entrar aqui para devol-
ver alguma coisa”.
Sabe por que devolvi aquele dinheiro? Ainda criança, ao voltar
da padaria, com quase mil cruzeiros a mais no troco de 2 pães e um
litro de leite, meu pai quase me deu uma surra e me fez voltar à pada-
ria e devolver ao Sr. Joaquim o dinheiro e pedir desculpas.
Aquele jovem caixa, deveria agradecer a meu pai, ou então ao
Sr. Joaquim por ter me dado um troco errado 20 anos antes.
Ao chegar à sala de aula, era prática recitarmos o versículo
da semana e orarmos antes da primeira aula. Todos os professores
faziam isto. Após a oração, virei para a turma e disse “esperem um
pouco. Preciso devolver a chave da cantina ao seu legítimo dono”.

44
Paulo Cesar da Silva

Desci as escadas e fui até a secretaria. Ao procurar pelo dire-


tor fui informado que não se encontrava mais. Peguei as chaves e
entreguei-as à secretária do colégio, juntamente com um livro caixa
e disse: avisa a ele que não piso mais na cantina. Se quiser, que arru-
me outro trouxa.
Voltei à sala. Tranquei a porta por dentro e comecei minha aula.
Alguns minutos depois, ao saber de minha decisão, veio até a sala
à minha procura, querendo tirar alguma satisfação. Era orgulhoso.
Não gostava de perder. Começou a bater insistentemente. Os alunos
disseram: “professor estão batendo na porta”.
Muito tranquilo lhes pedi que ficassem quietinhos, fizessem
toda a atividade, e aguardassem por outro professor, pois, provavel-
mente, não voltaria mais.
Ao abrir a porta, disse ao diretor: “não abra a sua boca”. E fui
descendo as escadas e ele caladinho atrás. Ao chegar no pátio cha-
mou dois homens (meu sogro e o irmão Tiones) e disse: “O Paulo
Cesar tentou me agredir lá em cima”.
Eu disse que não era verdade. E fui para casa naquela manhã.
Era setembro de 1979.
Contei a meu pai o que havia acontecido. Ele ficou furioso com
a situação. Pedi que não fizesse nada. Precisava descansar. Seria bom
para mim.
Fui procurado mais tarde, pelo diretor que me pediu que voltas-
se a dar aulas. Alegou que seria pai e que precisaria do salário. Todos
já conheciam esta novidade, Marcilene estava grávida. Agradeci, e
disse que realmente me sentia esgotado e que seria melhor descan-
sar. Caso quisesse, voltaria no ano seguinte.
Hoje entendo toda aquela preocupação. Tinha medo da reação
do meu pai. Meu pai sabia demais!

45
A verdade do PomaR do LAranJal

Com a repercussão do ocorrido, houve um murmurinho na


igreja, o que fez com que, inteligentemente, levasse a igreja a eleger
uma comissão que examinasse as contas do colégio.
Acredito que ele imaginava que igreja dissesse: “não é necessá-
rio pastor. Nós confiamos quando o senhor diz que o colégio só dá
prejuízo. Como o senhor mesmo já afirmou algumas vezes, para ser
diretor do CBL tem que ser rico”. Ou seja, ele alegava que colocava
dinheiro do próprio bolso para pagar os funcionários.
Mas para grande surpresa a igreja elegeu uma comissão de peso.
Uma vez mais o Pastor, de maneira muito esperta, convocou os
diáconos para que fizessem um trabalho preliminar, para facilitar o
trabalho da comissão.
E lá foram os diáconos “somarem” os prejuízos. Após tentar me
obrigar a prestar contas aos devotos e capazes diáconos, disse: “tudo
já foi prestado contas e colocado no livro caixa. Lá não coloco meus
pés”.
Afirmei a alguns membros da comissão eleita para fazer a tal
auditoria: “podem esperar sentados, vocês nunca terão acessos às
contas do colégio”. Até hoje, a comissão espera para trabalhar. Um
diácono, talvez com maior conhecimento, me disse em uma ocasião:
“só fui lá para somar. Vi muitas notas serem computadas várias vezes
como despesas”. Que tristeza!
Quanto à cantina do outro colégio, em poucos dias ficou pro-
vado que, realmente, o diretor estava certo: com minha presença à
frente do caixa o lucro aumentou consideravelmente.

46
Paulo Cesar da Silva

Entre a verdade e as dúvidas

Em um dia de ventos de inverno em agosto de 1986, fui pro-


curado por um irmão da igreja, que, decepcionado com o compor-
tamento e maneira com a que a igreja vinha sendo conduzida pelo
pastor que a dirigia, tenta me persuadir a assinar um manifesto de
oposição àquela liderança. Ao tentar me convencer, afirmou se tratar
de uma pessoa que não era crente, não convertida.
Logo me opus aquela declaração dizendo que se tratava apenas
de uma pessoa problemática, cheia de defeitos, com dificuldades de
se relacionar com as pessoas. Tratava-se apenas de um líder, como
tantos outros, de uma personalidade de difícil trato. No entanto, afir-
mei àquele irmão que poderia contar com o meu apoio por ocasião
que fosse levado o assunto à assembleia da igreja. Disse, ainda, que,
provavelmente, eu seria o único a apoiá-lo e seriamos excluído da
igreja como consequência dessa atitude. Porém, empenhei minha
palavra a seu favor naquela ocasião.
Na época cursava o 1º ano de direito numa universidade do Rio
de Janeiro. Lecionava no 1º e 2º graus (curso pedagógico) no Colégio
Batista de Laranjal, na rede estadual e no Colégio Municipal Este-
phânia de Carvalho.
Em apenas uma semana, uma série de descobertas mudaria toda
a forma de ver e viver dentro da realidade em que estava inserido.

47
A verdade do PomaR do LAranJal

O que seria, de maneira extraordinária, revelado a respeito da


igreja e de seu pastor, faria com que eu abandonasse o sonho de ser
advogado, de sair “pacificamente” da igreja e de levar uma vida nor-
mal como membro de uma Igreja Batista, próxima de casa.
Já havia combinado com a minha esposa que pediríamos nossas
cartas de transferências. Ao comentar essa decisão numa segunda-
-feira (01/09/86) com o meu pai, ele deixou escapar toda a verda-
de a respeito da exclusão de dezenas de irmãos na década de 60. O
que ocasionou a organização da 1ª Igreja Batista em Santa Luzia, que
prospera até os dias atuais (2012), tendo o mesmo pastor como líder
espiritual. O que prova que se tratava de irmãos ordeiros e amorosos.
Fiquei assustado com a revelação que me fez: recordei as pala-
vras ditas pelo irmão F. Realmente, tratava-se de um ímpio. Ime-
diatamente, vieram-me à mente as palavras ditas pelo pastor A
num culto pela manhã, anos depois desse terrível acontecimento:
um irmão, diácono, que assistia a um culto naquela igreja (PIB de
Santa Luzia) foi humilhado e chamado de porco por ter ido àquela
reunião. Citou o famoso provérbio: “Quem com porcos se mistura,
farelo come”. Isso do púlpito da igreja. Como poderia, depois de tan-
to tempo, dizer aquelas palavras, ainda mais estando errado? Nem
se certo estivesse, poderia fazê-lo, por questões éticas, de educação
e de orientação bíblica. Afinal, temos que perdoar, até aos nossos
inimigos.
Tive dúvidas e senti medo após ouvir o relato, achei que o meu
pai poderia estar sendo usado pelo inimigo de nossas almas, inimigo
de Cristo, com o objetivo de me levar a prejudicar àquela que é a
Igreja de Jesus, nosso Senhor e Salvador.
A acusação era de adultério e sedução a uma jovem de apenas
17 anos de idade. Como saber se o que meu pai dissera era verdade?
O que faria? Tive dúvida e medo. Então apelei a Deus: “Senhor Deus,

48
Paulo Cesar da Silva

se isso for verdade, amanhã, quero estar com essa pessoa”. Encontrar
e conversar com aquela que tinha sido uma das mais prejudicadas
da trama. Seria uma missão triste e dolorosa. Mas como encontrar
uma pessoa que nunca mais tivemos notícia? Seria possível, se Deus
estivesse na direção dos acontecimentos.
No dia seguinte, pela manhã, Deus me daria o endereço de uma
maneira muito interessante.
Caminhava em direção ao CBL quando me deparei com a
minha ex-professora, Hedite Hardoim e tivemos o seguinte diálogo:
“Paulo, você não pode nem sonhar com quem estive ontem?”
“Não, não posso “nem imaginar”.
“Marly do Carmo”. Ela está trabalhando no Alcântara.”
Ela me deu o endereço completo. Naquele mesmo dia, chamei
meu pai, meu irmão Jorge Luis e fomos até aquele local.
Quando lá chegamos foi travado o seguinte diálogo após nos
cumprimentarmos:
Paulo: – “Marly do Carmo”, estamos aqui com uma missão não
muito agradável”.
Maly: − “Já sei. Só pode ser um assunto a respeito do Pr. A.
Aquele homem não presta. Ele me seduziu e me enganou dizendo
que me amava e que largaria a esposa pra ficar comigo. Eu acreditei.
Era apenas uma menina de 17 anos. Fiz um juramento que jamais
entraria numa igreja. Enquanto aquele homem existir”.
− “Gostaria apenas que você me respondesse essa pergunta: O
que o Edgar disse que viu foi verdade? Realmente aconteceu como
ele relatou”?
− “Sim. Foi tudo verdade”.

49
A verdade do PomaR do LAranJal

“Você sabe que, infelizmente, eu terei que levar esse assunto à


igreja. Corro o risco de ser processado por calúnia e difamação e até
ser preso, no entanto, não posso me calar”.
− “Não tenha medo Paulo! Se for necessário ir à justiça confir-
mar essa história, irei”.
Tudo que precisava era saber a verdade. Nada me seguraria.
Nem quando o meu pai me disse que sofreria um infarto caso levas-
se adiante tal ideia.

50
Paulo Cesar da Silva

Vozes da verdade no
caminho do desespero

As revelações feitas por Marly do Carmo me deixaram muito


assustado, e tudo ficaria mais assustador a noite. Chegava para mais
uma noite de trabalho no CMEC, Era terça-feira, dia 2 de setembro,
quando fui interpelado por uma amiga, funcionária do colégio, mãe
de um Pastor da Igreja Congregacional:
− “Paulo, o que está havendo com você? Está calado, triste. Você
não é assim!”
− “Não se preocupe, está tudo bem.”
− “Não. Não está. É algum problema em casa? Está tudo bem
com Marcilene, com as meninas (referindo-se a minhas filhas)”?
− “Está tudo bem sim. A questão é na igreja.”
− “Já sei, o problema é com o pastor... Infelizmente eu sei de
muita coisa. Por exemplo, na época que ele namorava uma aluna,
sua esposa quase morreu. Ficou tão deprimida que foi parar numa
sessão espírita.”
− “Não brinque com essas coisas. Afinal de conta, trata-se de
uma pessoa consagrada.”

51
A verdade do PomaR do LAranJal

− “É mais que ela foi... foi. Uma vizinha que tinha o hábito de
frequentar tal centro espírita me contou. Ela conhecia a esposa dele,
pois seu filho estudava no CBL.”
Voltei para casa com aquilo na cabeça. Não podia acreditar
naquela história. Mas se fosse verdade? Como ter certeza?
Antes de me deitar falei com Deus: “Senhor, se isto for verdade,
quero a confirmação amanhã pela manhã.”
Acordei cedo naquela quarta-feira e perambulava no quintal
quando minha mãe se aproximou de mim:
− “Meu filho, não faça nada que possa prejudicar você. Pense
bem. Você vai ser mandado embora do Colégio. Como vai pagar sua
faculdade? Não poderá ser advogado.”
− “Mamãe, não estou preocupado com isto. A única coisa que
quero é fazer a vontade de Deus.”
− “Veja bem, meu filho, o pastor realmente errou muito. Seu pai
só quis ajudá-lo. Ficou com pena dele.”
− “Mamãe, eu disse a papai que só Deus pode perdoar pecado.
Ele não tinha o direito de mentir. Confirmar a história que o Edgar
estava perturbado da cabeça. Ele só tinha ido buscar um dicionário
a pedido de seu professor, Getúlio Araújo (vereador eleito em 1982-
SG), e ao abrir a porá da secretaria viu a triste cena. Apavorado, não
teve outra alternativa, a não ser correr para sua casa. Era apenas um
menino assustado, que não queria acreditar no que acabara de ver.
Assinar uma declaração, juntamente com o pastor, atestando a insa-
nidade mental do Edgard, foi desumano e cruel! Olha o fim que teve
aquela família. Todos fora da igreja. Edgar hoje é um alcoólatra; vive
bêbado pelas ruas. É muita desgraça. Papai e o pastor A prestarão
contas a Deus por essas vidas.” (Edgard faleceu precocemente em
consequência da bebida).

52
Paulo Cesar da Silva

Ao correr para casa e contar para os seus pais o que vira, Edgar
não sabia que estava acendendo o estopim da primeira bomba que
afetaria a IBL.
“Sim, meu filho. Mas eu quero pedir não por ele (o pastor), mas
por sua esposa. Ela é uma santa mulher. Como eu devo a ela! Você
sabe que ela ajudou seu irmão a ler e escrever”. (estava se referindo
meu irmão Luis Carlos, deficiente auditivo).
“O que a senhora quer dizer mamãe? Fale que eu estou ouvin-
do”. (sabia que a confirmação estava a caminho).
“Eu me lembro como se fosse hoje. Numa noite, ela trouxe uma
palavra à UFM. Foi uma bela palestra. Ela contou que estava visi-
tando a casa de uma amiga, quando percebeu que havia escurecido.
Ao dizer para a amiga que precisava ir pra casa, a amiga pediu que
ficasse mais um pouco e participasse da reunião espírita que estava
para começar. ‘Pensei em ir embora, irmãs, mas me veio à mente a
pessoa de Jorge Cabral, recém-chegado à igreja, oriundo da macum-
ba... Fiquei para conhecer o mundo de onde veio o irmão. Que mal
haveria irmãs. Pessoas incorporando espíritos... pessoas caindo
endemoniadas... Que tristeza’”.
É... eu pensei, ela foi mesmo!
Na quinta feira veio a falecer o sogro de minha cunhada. O
sepultamento seria na sexta-feira pela manhã. Fui procurado por
Gumercindo, amigo do falecido e tio da nora, minha cunhada, e
perguntado sobre a possibilidade de viajarmos até Santo Antonio de
Pádua para o sepultamento. Disse que sim e rumamos à noite para
aquela cidade.
Junto conosco viajaram mais duas pessoas: Vadinho (meu
cunhado) e Fernando, um jovem, amigo do Gumercindo.

53
A verdade do PomaR do LAranJal

Combinamos que voltaríamos pela cidade de Campos, pois


gostaria ter uma conversa com o Pr. Arnaldo Stelet.
A viagem foi exaustiva. Estava vivendo uma semana muita ten-
sa e dormindo poucas horas naquelas últimas noites. Chegamos pela
manhã a tempo de participarmos do sepultamento.
Voltamos, em seguida, para casa, seguindo o caminho por
Campos, como o combinado. Ao chegar naquela cidade, pedi que
aguardassem por mim no Colégio Batista, enquanto iria até a casa de
Arnaldo tratar de um assunto particular.
Finalmente, chegando à residência do Pr. Arnaldo, fui muito
bem recebido, pois ele, e a esposa, formavam um casal amigo, padri-
nhos de meu casamento.
Após os cumprimentos informais, pedi ao Arnaldo que me dei-
xasse sozinho com sua esposa, pois tinha um assunto particular a
tratar com ela. No que fui prontamente atendido. Então me dirigi a
ela:
“Normice, estou aqui com uma missão muito difícil. Quero
dizer a você que hoje eu entendo o porquê do Pr. A. ter destrata-
do e humilhado você naquele domingo pela manhã na IBL, após ter
desmoralizado ruidosamente o seu marido. Lembro, com tristeza,
as lágrimas deixadas por você naquele banco do coral. Estava no
final da sua 1ª gravidez, o que comoveu mais ainda os que puderam
presenciar aquela triste cena. Na verdade, ele estava atacando vocês
para se defender mais tarde, caso viesse à tona o fato de ele ter ten-
tado seduzir você”. (naquele instante ela começou a chorar copiosa-
mente).
“O que você quer de mim”?
“Quero apenas que você faça uma declaração de que aquilo que
direi na próxima assembleia é pura verdade”.

54
Paulo Cesar da Silva

“Você quer que eu prejudique meu marido. Ele vai perseguir


e derrubar Arnaldo aqui em Campos. Ele é muito poderoso. Não
posso fazer isso”.
Nesse momento, Arnaldo percebendo que sua esposa chorava,
aproximou-se e a questionou sobre o que ocorria. Ao que Normice
respondeu:
“É Paulo. Ele deve estar ficando louco. Ele está falando que Pr.
A me seduziu”.
“O que é isso Paulo? Você está doido”?
“Não adianta mentir Arnaldo. Você andou falando demais. A
sua vizinha do laranjal, dona Maria Rosa, disse que confirma essa
história. Você disse para ela que o Pr. A estava dando em cima de
Normice”.
Diante disso eles recuaram. Apenas pediram que eu não levasse
o caso para a igreja. Respondi que infelizmente, com ou sem decla-
ração, a igreja tomaria conhecimento da história. Diante da minha
afirmação, pediram um tempo para dar a resposta.
No sábado, dia 6 de setembro, acompanhado por meu irmão
Jorge Luis, Volmer e o irmão Fernandes, fomos à casa do meu amigo
e diácono Paulo Macedo, na tentativa de convencê-lo que era hora
de dar um basta ao ministério do Pr. A.
Após longa conversa, sem sucesso, travei o seguinte diálogo
com Paulo Macedo:
- “Amanhã, você saberá quem é o Pr. A”.
- “Amanhã? Por que amanhã? A sessão é dia 21 de setembro.
Aliás, na reunião com os diáconos, o pastor garantiu que ele não
dará a palavra a ninguém na assembleia. Você sabe Paulo, que só fala
quem ele deixa. Você vai ser humilhado amanhã. Você jamais falaria
na assembleia, quanto mais amanhã que não é sessão”.
55
A verdade do PomaR do LAranJal

- “Se eu estiver sozinho nessa questão, você estará certo. Vou


passar grande humilhação e vergonha. Mas posso lhe garantir uma
coisa, se eu estiver com Deus, ele continuará sentado, nem as pernas
ele vai descruzar. Amanhã é o dia da verdade”.
Paulo Macedo estava coberto de razão. Sempre muito lúcido e
racional, sabia o que estava afirmando. A história estava a seu favor.
Nunca alguém falara nas assembleias da igreja sem sua prévia per-
missão. E se alguém se atrevesse a falar, ele humilhava publicamente
o “corajoso” e o obrigava a ficar sentado e calado.
Nem mesmo o presidente da CBF escapou de ser humilhado por
ocasião que quis dar uma palavra em uma reunião da ABG presidida
pelo Pr. A. ao tentar falar ouviu a seguinte sentença: “aqui você não
vai falar. Você é presidente lá, na CBF. Aqui, sou eu. Sente-se, por
favor, não lhe darei a palavra”.
Levantamos e entramos no carro. Enquanto voltávamos, os
irmãos tentavam me acalmar e diziam: “Calmo Paulo, calma!”
Vamos esperar mais alguns dias. Você pode estragar tudo. Ao que
respondi: “Prefiro morrer a prejudicar a igreja. Fiquem tranquilos.
Vou pedir uma prova a Deus. Ele está no comando”.
No sábado, 6 de setembro, estava muito cansado. Cheguei à
casa, após ter deixado todos em suas residências, já no domingo.
Deitei-me e orei a Deus: “Senhor, se hoje for o dia da verdade,
que eu tenha uma noite tranquila de sono, e acorde apenas na hora
de ir ao culto de oração”. (7 horas da manhã).
Deitei-me na cama e adormeci como uma pedra. Às 3 horas da
madrugada, fui despertado por uma forte agonia; o que me fez crer
que não era o dia da verdade. Quanto mais dizia a Deus que entendia
que não seria o dia, mais aumentava a minha agonia. Parecia que
ia explodir. Não aguentava mais aquilo. Fui para a cozinha, abri a
Bíblia em busca de uma resposta, quando os meus olhos caíram na
56
Paulo Cesar da Silva

seguinte palavra: “e Jesus foi tomado de grande agonia...”. “Senhor


– exclamei – esta agonia é tua”! Quando terminei a frase, uma paz
imensurável, indizível, tomou conta do meu ser. Sentia como se esti-
vesse flutuando. Não sentia os pés. Uma grande alegria inundou o
meu coração. Fiquei ali, na cozinha, lendo a Bíblia e orando até às 5
horas da manhã. Após esse período, tomei banho, me vesti; fui até o
quarto e disse para a minha esposa: Hoje é o dia da verdade. Pegue
as crianças e vá para a igreja como em todos os domingos. Não se
preocupe. As crianças não verão, nem ouvirão nada. Deus me pro-
meteu que ninguém que não tiver condições de ver e ouvir o que vai
acontecer hoje não se lembrará de nada.

57
A verdade do PomaR do LAranJal

Prelúdio para a hora da verdade

“O primeiro que chega aos cultos dá as mãos a Deus”

Ouvira, num dos sermões do Pr. A., que o 1º crente a chegar


num culto tem o privilégio de dar as mãos a Deus. E, que ele nun-
ca tivera privilégio, pois jamais chegara a qualquer culto que fosse,
antes de todos.
Verdade ou não, o fato é que, Jorge Luis e eu, fomos os primei-
ros a entrar na IBL naquela manhã do dia 7 de setembro de 1986.
Pois havia pedido a Jorge Luis que estivesse pronto bem cedo. Pre-
cisávamos ser os primeiros a chegar ao culto de oração para darmos
“as mãos a Deus”.
Ali permanecemos alguns minutos até que fosse aberta a reu-
nião de oração e estudo da palavra. Na primeira metade, aconteciam
as orações, na outra metade, acontecia o estudo bíblico. Foi aí que
eu pedi mais uma prova a Deus: “Senhor, se hoje é o dia da verdade,
que este homem não abra sequer a tua palavra”. Mas como isso seria
possível? Afinal era um culto de oração com estudo bíblico.
Iniciado o culto, o pastor pediu que cantássemos o hino 152 do
CC. Havia quase 100 pessoas congregando no culto naquela manhã.
Após o cântico, o pastor começa a ler o hino e comentar estrofe por

58
Paulo Cesar da Silva

estrofe: Quando termina de comentar a última estrofe, já marcava o


relógio 8h.
O pastor então, sem sequer abrir a palavra de Deus, pede (após
se desculpar por ninguém ter orado – fato que jamais ocorreu na
história da igreja) a um irmão que sentisse o desejo de orar que oras-
se encerrando aquele culto. Foi aí que me levantei e fiz a seguinte
oração:
“Senhor Deus, tem misericórdia desse homem que está à frente
dessa igreja por tantos anos. Homem mentiroso, que vem enganan-
do o teu povo há tanto tempo. Mas hoje, Senhor é o dia da verdade!
Dá visão a tua igreja. Que os teus servos vejam quem é este que vem
enganando a tua igreja. E que ele não minta neste dia. Porque a tua
palavra diz que o Espírito Santo matou Ananias e Safira porque men-
tiram. Em nome de Jesus, amém.”
Estranhamente, quando terminei a oração, ele riu e disse a
seguinte palavra:
“Irmãos imaginem se Deus matasse a todos que não dão o dízi-
mo. A igreja teria que construir um cemitério nos fundos para enter-
rar todos os infiéis...”
Agora ele sabia que aquele dia, era o dia da verdade. O que iria
acontecer?

59
A verdade do PomaR do LAranJal

A hora da verdade

Dirigi-me à frente e peguei o microfone das mãos do Pr. Ubira-


jara e me voltei à igreja, nos seguintes termos:
“Irmãos, estou aqui à frente, nesta manhã, porque um louco não
pode lecionar numa classe da EBD”. Um louco não pode ser dirigen-
te de uma congregação, enfim um louco não pode exercer as funções
de um cidadão normal. No sábado retrasado, o pastor convocou os
diáconos para uma reunião extraordinária e afirmou que eu estava
louco e que tinha me visto subindo as escadas do IBL gritando: “Vol-
mer, você me traiu e vou matá-lo”. O que fez com que o Pr. Wilson,
imediatamente confirmasse o fato, dizendo: “É verdade eu estava lá
e vi”! (O Pr. Wilson era meu aluno no 3º ano pedagógico, por isso
posso fazer tal afirmação).
Agora estou aqui diante dos irmãos e deste homem, que vem
enganando esta igreja por tantos anos. Vejamos:
1º Usando a mesma estratégia, juntamente com meu pai, cha-
mou o Edgar de louco e desequilibrado por ocasião da exclusão de
dezenas de irmãos no caso Marly do Carmo (vou evitar os detalhes
para preservar as pessoas que já sofreram tanto).
2º No caso Cristiane, onde sua esposa ficava vigiando o seu com-
portamento que, segundo ela mesma, ao comentar com as senhoras
na caminhada das programações semanais da SMF, dizia: ‘Orem
pelo A, ele está como um adolescente. Só quer usar camisas de man-

60
Paulo Cesar da Silva

gas curtas e apertadinhas. Não sai da quadra de esportes. Passa horas


jogando vôlei e ping pong com os meninos da escola. (ela ficava da
janela do escritório da casa contemplando essas cenas humilhantes).
Por causa desse caso, com a aluna, sua esposa foi parar numa
sessão espírita.
Em menos de 6 meses construiu a casa que mora até hoje. Na
época, muitos indagaram com que dinheiro conseguira construir
aquela, que para época, era uma verdadeira mansão. Mas todos
tinham medo. Ninguém tinha coragem de falar abertamente. Por
falar em casa, mais tarde viera a construir duas belas residências para
as suas duas filhas, por ocasião de seus casamentos.
Assim fui falando. Por quase uma hora, tudo foi trazido à memó-
ria daquele povo que não acreditava no que estava acontecendo.
Por fim, dirigi-me ao pastor que permanecera sentado, calado
e com as pernas cruzadas como havia dito ao irmão Paulo Macedo
que ocorreria:
“Olha, não venha aqui me desmentir. Porque o meu Deus, o que
sirvo, o mesmo que fulminou Ananias e Safira porque mentiram, vai
puni-lo se negar o que estou afirmando. Vai cair duro aqui na frente”.
Por fim, após tudo isto, tomou posse da palavra e disse:
“Paulo César eu o amo! Volte para a escola. Os seus alunos estão
com saudades de você. Você tem sido um grande profissional. Todos
o admiram”. Fez algumas ponderações as quais vou omitir aqui, não
por medo, mas porque afirmou na época, que não foi Deus que auto-
rizou tal atitude. O que me surpreende foi o fato dele (o pastor A) ter
tido a coragem de usar o fato para tirar o foco de sua pessoa. Nin-
guém percebeu essa estratégia.
A única coisa que negou foi o fato de eu ter dito que comprara
uma Brasília ano 81, 0 Km, com o dinheiro do colégio. Desafiou-me
a provar que a Brasília não estava em seu nome.
61
A verdade do PomaR do LAranJal

Porém, alguns dias depois, encontrei-me com as pessoas que


haviam me passado a informação sobre a Brasília 81, que havia sido
comprada à vista, pelo Pr. A, e que ele dizia que estava no nome do
colégio Batista. Ao perguntar como havia chegado àquela conclu-
são, disse-me: “eu não falei Brasília, eu falei Kombi”. Respondi que as
kombis, todos sabíamos que estavam no nome do colégio. No final
da conversa desculpou-se pela falha. Foi quando eu lhe disse: “quer
saber, se eu falei que a Brasília está no nome do colégio é porque
está. Deus não permitiria que eu falasse uma mentira sequer no dia
da verdade”.
Algumas semanas depois, houve um pequeno acidente envol-
vendo o Pr. Wilson quando dirigia a Brasília.
A ocorrência do acidente (sem vítimas graças a Deus) foi parar
em nossas mãos.
Preciso dizer no nome de quem estava registrado o veículo?
Mas voltando ao final daquela manhã, no encerramento o Pr. A
orou longamente e conclui dizendo: “Senhor, tu sabes que não devo
nenhuma dessas acusações”. Ao terminar essa frase não teve tempo
nem para dizer amém. Caiu duro na frente de todos. Um silêncio de
assombro e espanto toma conta da igreja toda.
Estava “morto” ...
Passei pelo banco onde estava sentado meu irmão Jorge Luiz e
disse: “Vamos embora daqui. Eu avisei, mas ele não quis me ouvir.
Agora Deus o matou”.
Quando saia pela porta da frente, aquela mesma pela qual
entrei, olhei para trás e vi o Pr. Ubirajara, que é médico, realizando o
procedimento de ressuscitação.

62
Paulo Cesar da Silva

O enterro do porco

Hoje, como de hábito, acordei bem cedo, por volta das 5 horas
da manhã, a minha tarefa doméstica é fazer o café. Modestamente
posso afirmar que é o melhor café da casa.
Logo após o delicioso café, fui alertado por minha esposa que se
tratava do dia em que minha irmã completava 49 anos de casamento.
Antes de sair, passei em sua casa. O primeiro que encontrei ao
chegar foi meu cunhado, Mimi. Dei-lhe um forte abraço e um beijo,
no que fui carinhosamente retribuído. Logo em seguida apareceu a
minha irmã, como sempre, oferecendo algo para comer. Abracei-
-a fortemente e após um beijo, disse ela: “no próximo ano faremos
um culto de gratidão a Deus e, juntos comemoraremos as bodas de
ouro”. Mimi, como não poderia deixar de ser, fez uma piada.
Ficamos por alguns minutos recordando fatos que marcaram
seu casamento. Recordamos o gesto carinhoso do tio Otalício, que
ao tomar conhecimento da morte e sepultamento do porquinho que
estava sendo preparado para o almoço do grande dia, se ofereceu
para comprar outro.
O porquinho morreu engasgado com um pedaço de carne. Por
isto, toda vez que alguém se engasgava dizíamos “olha o porquinho”.
Recordo como se fosse agora: Num Dodge 1951 fomos a pro-
cura do tal porquinho. Pelas ruas empoeiradas do bairro de Santa
63
A verdade do PomaR do LAranJal

Luzia encontraríamos o substituto que teria a “honra” de participar


do grande dia.
“Como o tempo passa rápido” – comentei.
Mimi sorrindo relatou o telefonema que recebera de Wal-
ter Christie, horas antes, pedindo seus dados pessoais. Ao passar a
informação, para confirmar seus dados, Walter repetiu a idade que
ouvira: “o senhor está com 65 anos, não é papai”? Mimi sorrindo
lhe respondeu com outra pergunta (aplicando a famosa maiêutica
socrática): “meu filho, quantos anos você tem”? e completou: “você
se esqueceu que completou este ano 47 anos de idade”? claro que
rimos um bocado com este diálogo.
Fiz lembrar a Erineia o susto que tomamos por ocasião em que
o Walter, bem pequeno, com aproximadamente um ano e oito meses,
quase derrubou a árvore de natal que enfeitava o templo (antigo) da
IBL. Na ocasião corri, e consegui segurá-lo antes que puxasse a bela
árvore com suas bolas coloridas. Foi por um triz, pois já estava com
suas mãos encostadas nas pontas de um galho.
Antes que eu me retirasse, foram colocados alguns gomos de
tangerina em minha boca. Não satisfeita, Erineia pegou outra tange-
rina, descascou e me deu.
Após aqueles momentos agradáveis e descontraídos na casa de
minha irmã, rumei em direção a Santa Luzia, para comprar algumas
frutas. Antes, porém, resolvi dar uma chegadinha na loja de Cal e
Luciana, um provedor de internet.
Ao chegar ali, conheci o Calciano, que estava se despedindo de
seus colegas de trabalho muito emocionado, pois estava se dirigindo
ao Hospital Darcy Vargas, no município de Rio Bonito, para fazer
uma cirurgia.

64
Paulo Cesar da Silva

Ao perceber que seu irmão Cal, estava com um compromisso, e


com dificuldade de conciliar suas tarefas do dia com o transporte de
seu irmão até o hospital, logo me coloquei a disposição para levá-lo.
Durante o percurso, na autoestrada, fomos conversando. Na
tentativa de acalmá-lo fui puxando uma série de assuntos. Percebi
claramente que ele estava com muito medo da cirurgia. Ele se sub-
meteria a uma operação, não tão simples, para a retirada de pedras
nos rins. Ainda bem que eu não disse a ele que se tratava de uma
cirurgia tão simples quanto a retirada das amídalas, pois ele poderia
ter se recordado de Geraldo, o grande jogador do Flamengo. Sua vida
foi recordada em um dos jogos transmitidos pela Globo no intervalo
de uma partida do Flamengo pelo campeonato brasileiro no ano de
2011 (ano passado).
Ele poderia ficar mais tenso ao recordar que aquele excelen-
te jogador, revelação do Flamengo, aos 22 anos de idade, em 26 de
agosto de 1976 encontrara a morte, exatamente, quando fazia esta
cirurgia simples.
Meu desejo era lhe falar do cuidado de Deus. Queria lhe comu-
nicar o grande amor de Deus revelado em seu filho, Jesus Cristo. Mas
não seria oportuno. Estava com medo de não poder voltar para sua
esposa e rever sua filhinha de menos de 2 anos de idade.
Ao passar pelo município de Tanguá, o telefone toca, era um
amigo que queria confirmar alguns nomes dos professores da EBD.
Após a conversa telefônica, virando-me para o Calciano, disse a ele
sobre o que era aquele telefonema e comecei a conversar com ele
sobre o evangelho.
Ele me disse que gostava muito de ir a igreja. Muitas vezes havia
assistido às reuniões, os cultos da PIB em Jardim Catarina. Também
me contou que havia sido demitido por seu patrão, Ricardo, forne-

65
A verdade do PomaR do LAranJal

cedor de materiais de construção “El Shaday”, por ocasião de suas


frequentes crises renais.
Perguntei a ele o que achara daquele patrão e imediatamente,
sem pensar, me respondeu: “o ‘seu’ Ricardo não era um patrão. Era
muito mais que isso. Era como um pai pra mim. Sou muito grato a
ele. Às vezes, quando não estava me sentindo bem, me liberava mais
cedo. Nos dias de culto na igreja, como morava longe, ele sempre me
liberava antes da hora, para que eu tivesse tempo de ir à igreja.”
Então eu disse a ele: “podemos afirmar que o Ricardo, como
patrão, é um bom crente.” “com certeza” respondeu ele.
Nessa altura da conversa já estávamos no centro da cidade. Ao
passar por um posto de gasolina perguntei como poderia chegar até
o hospital, mesmo já tendo ido lá algumas vezes. (Tenho certa difi-
culdade para me localizar).
Após a boa e clara explicação de dois simpáticos jovens, che-
gamos finalmente ao local, depois é claro, de ter errado a entrada e
perguntar a uma terceira pessoa.
Após uma oração dentro do carro, dei um forte abraço em meu
novo amigo e disse que Deus estava com ele.
Ao voltar, parei no mesmo posto e perguntei aos mesmos rapa-
zes por um lugar onde pudesse almoçar.
Não precisei nem me perder, pois o local era ao lado do pos-
to. Estacionei o carro e entrei. Dentro do restaurante, resolvi anotar
como havia sido o meu dia até àquela hora.
Não tinha caneta nem papel em mãos. Olhei para o lado direito
e vi um jovem com uma caneta no bolso da camisa. Perguntei se
podia me empresar e imediatamente, após um sorriso, disse que sim.
Tinha a caneta, mas não tinha o papel.

66
Paulo Cesar da Silva

Então me lembrei do hábito do meu bom amigo, Neilton Mulim,


de usar guardanapos para fazer anotações.
E foi assim que comecei a escrever registrando os fatos daquele
dia.
Ao devolver a caneta, disse ao rapaz que estava escrevendo os
últimos capítulos de um livro, uma história iniciada há muitos anos.
Então com um largo sorriso ele me disse: “emprestada não. A caneta
é sua, pode levar”.
Perguntei a ele se poderia escrever no livro esse episódio e citar
seu nome. Ele respondeu afirmativamente e me passou ainda seu
telefone e disse que gostaria de estar presente, por ocasião do lança-
mento do livro. Prometi que ligaria para ele na oportunidade. Disse
ainda que colocaria o nome de sua loja e telefone também:
LOJA BOM PREÇO TINTAS, tel. (21) 2734 6943 – Centro –
Rio Bonito.
Aí está a referência. Promessa cumprida, meu caro Toninho
Rangel.
Nos veremos no lançamento!

67
A verdade do PomaR do LAranJal

Em busca dos fatos da verdade

Quando saímos da reunião da SMM no início daquela noite,


vimos o casal de braços dados rumando para o templo. Jorge Luiz
disse para mim: “Olhe ali Paulo, ele está realmente muito bem”.
Para nossa feliz surpresa ele, o Pr. A estava vivo e com aparência
saudável.
Ao que respondi: “Acredito que Deus é misericordioso e bondo-
so. Dará mais uma oportunidade de arrependimento.”
Você vai indagar: como foi o culto a noite na IBL? O Pr. A Rea-
lizou batismos, pregou, contou piada. Parecia que nada havia acon-
tecido naquele dia.
Nos dias que se seguiram, na tentativa de começar a provar o
que havia dito, chamei os diáconos Paulo Macedo e Volmer para
que, juntamente comigo e Jorge Luiz, fôssemos até Campos conver-
sar com Arnaldo e Normice; o que prontamente atenderam.
Tivemos que viajar à noite pelo fato de os irmãos trabalharem
no Rio de Janeiro e só se liberarem à noite.
O fato de chegarmos pela madrugada a Campos não nos pre-
ocupava, pois todos éramos amigos daquele casal há muitos anos.
Quando lá chegamos, era início da madrugada do dia 10 de
setembro. Fomos muito bem recebidos pela Normice que mandou

68
Paulo Cesar da Silva

que entrássemos. Já na sala, bem acomodados, pedi a ela que con-


firmasse àqueles irmãos a conversa que tivera comigo na sexta-feira
anterior.
Ela negou a versão dada por mim. Afirmando que nunca fora
seduzida por quem quer que fosse. Muito menos pelo Pr. A, a quem
tinha como pai e nutria grande gratidão por tudo que fizera pelo seu
marido e por ela também.
Pedi que chamasse seu esposo; ela respondeu que ele não se
encontrava em casa, pois havia saído pra socorrer um membro de
sua igreja. Diante daquela afirmação, disse a eles que se tratava de
uma mentira e afirmei que naquele momento ele estava em Laranjal,
na casa do Pr. A descumprindo, assim, o acordo que fizera dias antes.
Lembrei a ela do perigo que corria em estar mentindo nesse
assunto tão grave, que Deus poderia puni-la. Diante da negativa, o
irmão Volmer sugeriu que encerrássemos ali a conversa e voltásse-
mos para Laranjal. Então nos levantamos e nos despedimos e fomos
levados até o portão pela Normice.
Assim, rumamos de volta a Laranjal. Era muito tenso o clima.
Agora todos achavam que eu estava realmente louco...
Mesmo assim, indignados com a indiferença do pastor A, os
homens da SMM decidem afastar o líder da igreja até que todas as
denúncias fossem apuradas. Lembro-me muito bem das palavras do
irmão Volmer (Presidente da SMM): “Não é possível que após essas
denúncias tão graves nada seja feito. Se Paulo César inventou toda
essa história, o seu lugar é na cadeia”.
No domingo seguinte, 14/09/1986, diante da apatia do Pr. A, os
homens foram a frente e impediram que o pastor assumisse a dire-
ção do culto. Diante disto, o pastor convoca a todos que queiram
segui-lo, para se dirigir até o velho templo, para a realização do culto.

69
A verdade do PomaR do LAranJal

Uma parte não saiu. E com aqueles que permaneceram, pres-


tamos o culto a Deus e levantamos a oferta para Missões Nacionais
que foi entregue ao tesoureiro da igreja. Naquela ocasião, um irmão
trouxe um grande e belo sermão, fazendo alusão ao dia e a necessi-
dade de amarmos o trabalho de Missões Nacionais.
Aquela semana prenunciava fortes e tensas emoções. O comen-
tário era que o Pr. A invadiria o templo acompanhado por um
batalhão de policiais e realizaria a assembleia da igreja de qualquer
maneira.
Fui, juntamente com o meu irmão (Jorge Luiz), conversar com o
Pastor Fanini, então Presidente da CBB, que nos aconselhasse diante
do quadro que se formava. Fez algumas ponderações no sentido que
tirássemos o maior número possível de fotos, que documentássemos
o que ocorresse na Assembleia.
O Pr. Fanini disse ter estranhado o fato de ter recebido uma
ligação do Pr. A. no sentido de obter alguns seguranças para dia 21
de Setembro, alegando ser vítima de uma perseguição política, por
se tratar de uma revolta de um grupo político, que se voltara contra
ele, por apoiar o candidato a Deputado Federal da 1ª Igreja Batista
em Niterói.
Na despedida, o Pr. Fanini fez uma observação dizendo que
quando estudava no Seminário Batista Sul do Brasil, na Tijuca, inter-
cedera, juntamente com outros seminaristas a favor do Pr. A, junto
à reitoria do seminário para que o mesmo não fosse expulso daquela
instituição por ter sido pego colando na prova de grego. Fiz lembrar
ao Pr. Fanini que o Pr. A gostava de se gabar dizendo, “que nunca na
história do seminário, alguém havia superado sua média de nota.”.
No dia 21 de setembro a polícia militar dá cobertura ao Pastor A
enquanto era realizada uma assembleia tumultuada em que exclui-
ria quase duzentos irmãos. Exibiu um documento, que segundo ele,

70
Paulo Cesar da Silva

colocaria na cadeia os quatros homens que invadiram a casa de Nor-


mice às duas da madrugada, ocasionando também, a expulsão do
sargento Jorge Luiz da Silva da Polícia Militar.
Na saída do templo, o irmão Paulo Macedo se aproxima do Pr.
Wilson e diz que ninguém invadiu a casa de Arnaldo. Ele era teste-
munha de que o documento (ANEXO I) era mentiroso. Ao que o Pr.
Wilson respondeu: “Não estava lá para ver!” Paulo Macedo já des-
confiado de toda aquela mentirada, perguntou ao Pr. Wilson quanto
ao fato de ele ter dito ser testemunha de que eu havia subido as esca-
das do Colégio Batista gritando, ao que responde: “não me lembro
de ter falado nada sobre isso”.

71
A verdade do PomaR do LAranJal

Colégio Municipal Estephânia


de Carvalho: Um lugar maior
de bênçãos

À noite, no dia 21 de setembro, realizamos um culto na casa


do irmão Ilton. Tive oportunidade de pregar. Ali percebemos, pela
grande quantidade de pessoas que Deus continuava agindo.
O grupo Cristão Batista continuava se reunindo, mas estáva-
mos diante de um grande problema: o grupo não parava de crescer.
Toda semana chegava mais pessoas. A casa do irmão não estava mais
comportando tanta gente.
Tive a ideia de procurar o meu amigo, Prefeito Hairson Mon-
teiro, na tentativa de conseguir o espaço do Colégio Municipal Este-
phânia de Carvalho.
Fui à prefeitura conversar com ele. Como sempre, muito simpá-
tico, me recebeu. Ao contar o que estava acontecendo, o prefeito me
fez uma única pergunta: “De que lado está a Agenor”? Respondi que
estava conosco. Ao que prontamente, acrescentou: “Se Agenor está
com vocês, então vocês estão com a razão. “Não conheço ninguém
que seja mais correto que seu pai. Foi o vereador mais honesto que
conheci. Vocês podem, a partir do próximo domingo, começar a se

72
Paulo Cesar da Silva

reunir no Colégio. Fale com o Carlinhos (diretor) que está tudo cer-
to”.
Um lugar que foi abençoador de muitas vidas. Ali, dezenas de
pessoas puderam aceitar a Jesus como Senhor e Salvador. Dali saí-
ram pessoas convertidas que abençoaram muitos outros lugares.
Foram cerca de 150 decisões em apenas um ano. O trabalho crescia.
Deus continuava conosco.
Ali, enquanto falávamos do amor de Deus, em Laranjal, o Pas-
tor A fazia o povo rir com suas piadas de mau gosto: “Irmãos, essa
noite tive um sonho. Um sonho não, um pesadelo. Sonhei que um
cachorro enorme mordia o meu calcanhar. Sacudia o pé e o danado
não largava. Olhei para trás e vi que era o Paulo César. Sai, sai, larga
o meu calcanhar infeliz”.
O povo de Deus reunido na IBL dava gargalhada...
Mas não desistíamos. Continuamente seguíamos trabalhando a
obra de Deus.

73
A verdade do PomaR do LAranJal

Maravilhas de Deus

Muitas pessoas ao lerem esta obra, até mesmo àquelas que fre-
quentaram as nossas reuniões no Colégio, ficarão surpresas com o
que será revelado nas próximas páginas deste livro. Isso porque nun-
ca permitimos que esses acontecimentos fossem levados a público.
Aprendemos isso com a palavra de Deus.
Jesus quase sempre pedia sigilo após a realização de um milagre.
Ele nunca desejou a fama. Bem diferente do que se dá hoje quando as
igrejas, através de seus líderes, disputam a popularidade com unhas
e dentes.
Os apóstolos modernos fazem exatamente o oposto do que o
Senhor Jesus fez.
Porém, irei colocar alguns acontecimentos que ocorreram
durante os momentos iniciais da grande caminhada que ainda não
terminou:
1º. Um jovem cai no chão: “Não adianta nem chegar perto
dele. Quando ele cai, fica horas desacordado.”
Essa foi à frase falada por um dos homens que se encontravam
na sala de aula para mais um estudo da lição da EBD. Após ouvir essa
sentença de falta de fé, disse àquele irmão que ali no chão ele não
ficaria. Estaria atrapalhando a classe no seu estudo. Aproximei-me
do moço, abri os seus olhos e disse: Levante-se daí agora, em nome
74
Paulo Cesar da Silva

de Jesus. Imediatamente ele se levantou. Tratava-se de um jovem,


filho de um diácono da IBL, agora membro da PIB em Santa Luzia.
Aquele mesmo diácono que foi humilhado pelo Pr. A por ocasião de
sua visita à Igreja de Santa Luzia.
Após se levantar, participou do estudo, muito alegre. Pediu a
mim que o deixasse dar um testemunho à igreja, porque havia sido
curado naquela manhã. Afirmava ter visto uma coluna de fogo com
uma inscrição que dizia: “Você está curado”. Respondi a ele que
aquela experiência deveria ser só dele, que não poderia testemunhar.
2º. Demônios eram expulsos, pessoas eram abençoadas.
Por muitas vezes, tivemos a oportunidade de ver Deus retirar
espíritos malignos das pessoas..., alguns eram membros de igrejas.
Pessoas que com certeza, nunca tiveram uma experiência real com
o Senhor Jesus. Não acreditamos que um crente verdadeiro venha a
ser possuído por qualquer demônio que seja.
Numa ocasião, fomos a uma casa em Santa Luzia. Lá moravam
algumas pessoas, dentre elas uma velhinha bem pequenina e magri-
nha. Todavia, essa pequena e franzina velhinha ao ser confrontada
pelo irmão Almir Rodrigues, nosso “pastor”, que insistia que o demô-
nio a deixasse, foi brutalmente atacado por ela, que não parava de lhe
bater com uma vassoura. Após alguns momentos, o irmão Volmer
virou-se pra mim e disse: “Pelo amor de Deus Paulo, vai lá e expulsa
o demônio antes que essa velhinha acabe com o irmão Almir”.
3º. Satanás ordena e pastor obedece.
Prepara-se para ouvir uma das mais tristes experiências que já
vivenciei. Vou dar-lhe um conselho, caro leitor, se for possível vencer
a curiosidade, não leia essa triste história.
Fomos procurados por uma irmã, frequentadora assídua das
nossas reuniões, pedindo que visitássemos a sua sobrinha que estava
há alguns dias muito doente. Tratava-se de uma jovem professora

75
A verdade do PomaR do LAranJal

que ao chegar em casa certo dia, não conseguia mais se expressar, se


comunicar, com quem quer que fosse.
Assustado com a situação, seu pai (Pastor da Assembleia de
Deus) procurou um médico que, imediatamente lhe deu uma guia
de internação para um hospital psiquiátrico.
Após um culto de 5ª feira, fomos até a residência daquele pastor,
acompanhados de sua irmã, tia da menina, e mais cinco irmãos. Ao
chegarmos, fomos bem recebidos pela família. A jovem permaneceu
sentada na poltrona sem abrir a sua boca, sem expressar nenhuma
reação a nossa presença. Fui até ela e perguntei se me reconhecia,
uma vez que tivera sido seu professor no curso pedagógico. Apenas
respondeu que “sim, há mil anos”.
Após conversarmos sobre a situação, ficamos sabendo que tudo
havia começado, após uma discussão com um pai de aluno. Muito
nervosa, ao chegar à casa ficou naquele estado de catatonia.
Após orarmos, nos despedimos e nos dirigimos à porta da sala.
Deus já havia me mostrado qual era o problema. Tratava-se de algo
grave e perigoso que nós não teríamos condições de resolver. Ali
estava uma jovem possessa e que de alguma forma, não desejava a
libertação. Não entendia o que estava acontecendo, mas sabia que se
tratava de algo muito grave. Não sabia que atitude tomar. Se deveria
revelar ou não a verdade ao seu pai, enfim, a sua família.
Quando estava saindo, virei para trás, ela estava me olhando,
e então eu disse para ela: “você não é Maria Verônica. Eu sei quem
você é”. Daquele momento em diante, o demônio começou a falar.
Agora não era mais segredo para ninguém. Ela estava terrivelmente
possuída pelo poder das trevas.
Chamei aqueles irmãos que estavam comigo e discretamente,
disse a eles que não adiantaria ficarmos ali, porque não consegui-
ríamos expulsar aquele demônio. Não sabia explicar o porquê, mas
76
Paulo Cesar da Silva

sabia que não teríamos sucesso. Fui, imediatamente, repreendido


por um irmão que acompanhado pelo seu filho adolescente, pediu
que passássemos em sua casa para avisar a sua esposa que passaria
à noite toda orando, afirmando que Deus não permitiria que pas-
sasse vexame, que só deixaria aquela casa após a expulsão daquele
demônio. Novamente o alertei, dizendo que ele, infelizmente, não
conseguiria. Que deveríamos orar mais, para enfrentar aquela situa-
ção. Mais uma vez me chamou atenção dizendo que era uma questão
de fé.
Entramos no carro e o irmão Volmer me perguntou como eu
ficaria se ele expulsasse o tal demônio. Respondi que, obviamente,
ficaria feliz e torcia para que isso acontecesse só que não aconteceria.
No dia seguinte, voltei aquela casa, agora acompanhado do meu
irmão Jorge Luiz. Ao chegarmos ali, fomos mais uma vez, muito bem
recebidos pelo pastor, pai da menina. Foi nos oferecido café, que
agradecemos.
Enquanto tomavam café, ficamos sozinhos com a jovem, que
veio em direção a Jorge Luiz querendo beijá-lo, no que foi repreen-
dida pelo meu irmão em nome de Jesus. Após, essa repreensão, ela
deitou-se no sofá e ali fez sexo com aquele que a possuía. Assusta-
dos, sem saber bem o que estava acontecendo, torcemos para que
ninguém da família entrasse na sala e presenciasse aquela cena de
puro terror.
Felizmente, o pai da jovem apareceu na sala poucos segundos
após a “conclusão” daquele ato sexual. Disse a ele que, por favor, ras-
gasse aquela guia de internação, uma vez que ele, como Pastor da
Assembleia de Deus que era, sabia que não se tratava de um pro-
blema psiquiátrico, porém de um problema de possessão. Ele con-
cordou comigo, prometendo jogar fora aquela guia. Sugeri a ele que
convocasse a sua igreja que orasse e que também estaríamos orando.

77
A verdade do PomaR do LAranJal

Na despedida, prometi que voltaríamos na quinta-feira seguin-


te, pois estávamos indo para um retiro de carnaval, em Nova Iguaçu,
num espaço que a Igreja daquela cidade nos havia oferecido, através
do seu pastor, Edgar Barreto, secretário executivo da CBF.
Ao voltarmos daquele retiro, onde pudemos ver a fúria de Sata-
nás, através de alguns irmãos, que quiseram misturar culto com
lazer, ao irem ao culto à noite vestido com as mesmas roupas com as
quais iam à piscina e ao campo de futebol. Ao interromper o início
daquele culto, pedi que todos que estavam com trajes inadequados
voltassem aos seus alojamentos e trocassem de roupa e só após, darí-
amos continuidade ao culto.
Até alguns líderes se aproveitaram da situação para tentarem
jogar o povo contra mim. Mas com autoridade de Deus todos vol-
taram aos seus alojamentos. Hoje, após 25 anos, as pessoas cultuam
a Deus de qualquer maneira. Parece que Deus hoje mudou, afinal,
trata-se de novos tempos. Apesar de afirmar, quando nos interessa
que “Deus não mudou, que Ele é o mesmo de ontem”.
Quero aproveitar esse parêntese, para falar a essas “mentes aber-
tas”, que daqui a alguns anos, nós não precisaremos mais de ventila-
dores em nossos templos, porque nos Estados Unidos e, em alguns
templos no Brasil, já não se usam mais roupas nos cultos. É isso mes-
mo, se quiser é só acessar à internet. Argumentos que esses cristãos
usam são os mesmos que ouvi numa reunião de liderança quando
fui questionar um cântico; “o problema está no seu coração. Você vê
maldade em tudo”. “Nos cultos, ninguém olha a nudez dos outros”,
explica o pastor de uma igreja de nudismo. “Aliás, nudez é sinônimo
de pureza” e cita, como exemplo, o primeiro casal do mundo. Como
o diabo é cara-de-pau. Quer dizer com isso, que quem protege o seu
corpo é porque não é santo. Está com os seus olhos “cheios de mal-
dade”. Abramos os nossos olhos, irmãos!

78
Paulo Cesar da Silva

Voltando à história. Ao retornarmos do “retiro espiritual”, fica-


mos sabendo que aquela jovem havia morrido e que estava sepulta-
da.
Logo após a nossa saída daquela casa, após aquela experiência
terrível, a jovem, ou melhor, quem nela estava virou-se para o pastor
dizendo essas palavras: “Olha, sua filha me pertence. Hoje mesmo eu
vou levá-la. Amanhã quero que ela seja sepultada com um vestido
branco, rosas brancas num caixão branco”. Aquele pai se apavorou,
pegou aquela guia de internação que deveria ter rasgado como havia
sugerido, internou a menina, que ao chegar naquele hospital rece-
beu uma injeção que provocou um choque anafilático, provocando
a morte daquela jovem. Tudo que Satanás precisava para usar como
instrumento para matá-la. O pior é que, aquele pastor, obedecendo à
ordem de Satanás, sepultou a filha com roupas brancas, num caixão
branco e rosas brancas.
4º. “Se ele for internado morre”.
Fui procurado pelo irmão Volmer que me pediu para acompa-
nhá-lo, a uma clínica médica em São Gonçalo para levar seu cunha-
do, que apresentava um quadro de saúde bem grave de ordem neu-
rológica.
Ao chegarmos à clínica fomos atendidos por um médico que
demonstrava larga experiência no ramo. Após o exame, constatou
que o paciente apresentava um grave transtorno mental. Imedia-
tamente, fez um contato telefônico com outro médico, seu colega
e diretor de uma clínica psiquiátrica especializada naquele tipo de
enfermidade. Após ter conseguido uma vaga, afirmou: “Consegui
uma vaga para tentarmos salvar a vida desse moço. Se ele não for
internado, o quadro pode se tornar irreversível e em poucas horas
ele estará morto”.

79
A verdade do PomaR do LAranJal

No caminho de volta para casa, o Volmer me fez a seguinte per-


gunta: “O que você acha Paulo?” Ao que respondi: “Penso o oposto, se
ele for internado, morre. Se o levarmos para casa, amanhã de manhã
ele estará cuidando de seus passarinhos”. Virando-se para sua espo-
sa, disse: “Vou fazer o que Paulo está sugerindo”. Ao chegarmos em
casa, após o colocarmos em sua cama, fiz a seguinte oração: “Muito
obrigado Senhor por teres curado este moço. Porque amanhã pela
manhã, ele poderá sair dessa cama e cuidar de seus passarinhos”. No
dia seguinte, foi o primeiro a se levantar e cuidar de suas gaiolas.
Muitos outros acontecimentos extraordinários eu poderia con-
tar, mas o objetivo desse livro não é apenas mostrar um Deus que
tudo pode. Isso todos sabemos. O objetivo principal desse livro é
mostrar como este Deus é misericordioso, longânimo, e que está
pronto a perdoar e dar sempre uma nova oportunidade.

80
Paulo Cesar da Silva

Um encontro surpreendente

Precisava conversar com o Pr. Fanini e colocá-lo a par de tudo


que vinha acontecendo. Não queríamos que a liderança batista, fosse
na pessoa de presidente da CBB, ou na do presidente do CBF, Pr.
Fanini e Pr. Elinezer, respectivamente, soubesse de alguma atitude
do grupo a não ser através de nós mesmos.
Aguardava a chegada do presidente do CBB no pátio da PIB de
Niterói, local marcado pelo Pr. Fanini, quando fui abordado por um
militar da Marinha. Ao se aproximar de mim. Perguntou: “O senhor
é o pastor Fanini?”, respondi que não. “O senhor é pastor?”. Nova-
mente respondi que não. “O senhor poderia orar por mim”? Res-
pondi: “Claro que posso”. Comecei a procurar uma sala vazia onde
pudéssemos entrar para orar. Não tendo sucesso, sugeri que fôsse-
mos até aos fundos do templo, lá estava o meu carro estacionado na
quadra, onde poderíamos ficar a sós. Ao entrarmos dentro do carro,
ele virando-se para mim, disse: “Não há mais necessidade de orar.
Já estou bem”. Olhando bem fixamente em seus olhos disse: “Você
não é o Eduardo. O Eduardo veio em busca de socorro, e o terá”. O
demônio que o dominava se manifestou: “É isso mesmo. Não sou
o Eduardo. Eu vou matá-lo”. Ao que respondi: “Não vai não”. Jesus
morreu também por ele e vai salvá-lo hoje. “Está vendo isso aqui,
essa cicatriz?” Levantando o paletó, estava com a roupa de gala da
marinha, disse: “Eu o joguei de cima do navio em cima de uma pon-

81
A verdade do PomaR do LAranJal

ta de ferro”. Porém, um anjo o protegeu, isso porque foi numa Igre-


ja Batista, na Bahia, ele desejou aceitar a Jesus como seu Salvador.
Estou fazendo de sua vida um inferno. Fiz com que se aproximasse
de uma moça, filha de mãe de Santo. O seu carro foi roubado pelo
futuro cunhado. A sua vida está nas minhas mãos”. Disse que isso
não aconteceria. Resumindo a história. Deus o libertou. Ele aceitou a
Jesus. Conversei com ele, expliquei que deveria repensar o seu modo
de vida, disse que sua sogra havia feito “um trabalho” para amarrá-
-lo à filha e ao espiritismo. Após ouvir essas palavras, abriu sua pasta
e retirou um livro e disse: “Pegue este livro”, Tratava-se do livro “O
evangelho seguindo o espiritismo, do autor Allan Kardec” Peguei de
sua mão e agradeci.
Até hoje guardo aquele livro no qual faço algumas leituras.
Esse livro foi lhe presenteado com o objetivo, segundo Eduardo,
para que tivesse o seu dom de mediunidade desenvolvido.
Eduardo, se você chegar a ler este livro, entre em contato.
Um abraço, do seu irmão em Cristo, Paulo César.

82
Paulo Cesar da Silva

Tocando em frente
contando com a Justiça

O Pr. A tinha duas estratégias para desmoralizar o grupo que


ficou conhecido como o “grupo do Estephânia”:
1º. Dizia para quem não nos conhecia: pastores e liderança de
fora da cidade, que se tratava de um grupo que havia sido excluído
da igreja por desvio doutrinário.
2º. Aos que nos conheciam, que sabiam que se tratava de um
grupo Batista, composto por quase 90% da liderança colocada para
fora da igreja do Laranjal, ele mostrava o tal documento de invasão
de domicílio da casa de Arnaldo Stelet. Dizia, inclusive, que o Sar-
gento Jorge Luiz seria expulso da polícia Militar.
Sabendo disso, Jorge Luiz resolve participar aos seus Superiores
em seu batalhão sobre o que estava acontecendo e pediu que fosse
feita uma investigação conforme conta no ANEXO II.
Tentamos de todas as formas que a denominação, através do
conselho ético, apurasse as denúncias graves que foram feitas no dia
7 de setembro de 1986, conhecido como o “dia da verdade”.
Infelizmente nada foi feito. Levamos alguns pastores para pre-
gar nos nossos cultos. Muitos foram convidados, mas só alguns acei-
taram. Quero agradecer a todos aqueles que aceitaram o convite na

83
A verdade do PomaR do LAranJal

pessoa do falecido Pastor Valdir Rocha, na época, pastor da PIB de


Alcântara.
Pastor Valdir Rocha teve coragem de se levantar na Convenção
Batista Fluminense que acontecia no Município de Nova Iguaçu e
dizer que conhecia os irmãos do Estephânia de Carvalho. Não se
tratava de nenhum movimento estranho aos costumes e doutrina
batista. Citou como exemplo a participação do grupo, nomes como
o diácono Agenor José da Silva e a poetiza Elza Terezinha. Após uma
palavra em defesa do grupo excluído, pediu que fosse eleito um con-
cílio de igreja para analisar o caso. O que foi votado e aprovado. No
entanto, infelizmente nada foi feito. (ANEXO III)
Sabíamos que o CBF ou, até mesmo, a CBB nada poderiam
fazer. As igrejas batistas são autônomas, o que não permite nenhu-
ma interferência em suas decisões. O que nós queríamos, é que fos-
sem apuradas as denúncias, ouvindo testemunhas, pessoas ligadas
ao processo, e fosse dado um parecer e uma satisfação às pessoas
interessadas. Assim como foi feito, no final de 2011, em uma grande
igreja no município de Magé. Infelizmente, aquela igreja, ainda não
tomou uma atitude. Fato que, provavelmente, ocorresse em Laranjal.
Após a frustração na esfera religiosa, decidimos entrar na jus-
tiça comum com o objetivo de anularmos aquela assembleia do dia
21 de setembro.
Ao comunicar a decisão ao Presidente da CBB, Pastor Fanini,
tive a reprovação imediata do Presidente: “Vocês vão dar conta a
Deus por colocar a igreja de Cristo na justiça”.
Respondi ao Pastor Fanini, que quando ele era presidente da
CBF, não se fez rogado ao levar a igreja Batista do Ingá à justiça obri-
gando-a a devolver o Colégio Batista à convenção.

84
Paulo Cesar da Silva

É com tristeza que acompanhei o fim de sua carreira. Aliás,


alguém que sempre se preocupou mais com sua projeção na deno-
minação, não poderia ter diferente desfecho. A igreja, que o projetou
para o Brasil e o mundo, usaria a mesma justiça contra ele. A vaidade
o levou à queda.

85
A verdade do PomaR do LAranJal

Um voo quase perdido

Em 1988 rumamos para Brasília, onde acontecia a Convenção


Batista Brasileira. Pela segunda vez pegaria um avião.
A primeira viagem havia ocorrido em 1982, por ocasião do
Centenário dos Batistas, em Salvador-Bahia. Fui acompanhando o
Pr. Jadir Félix. Foi uma semana muito interessante. Até hoje, quando
nos encontramos, eu e o Pr. Jadir rimos de alguns episódios vividos
por nós ali.
No domingo à tarde, resolvemos assistir ao jogo Bahia e Vitória.
Cheguei ao estádio muito preocupado por se tratar de um domingo.
Não gostava de ir a jogos no domingo.
Ao chegarmos à Fonte Nova, logo no intervalo, encontramos
alguns conhecidos, entre eles o Pr. Hudson Galdino. Fiquei mais
leve, afinal naquela tarde assistia ao maior clássico da Bahia. O jogo
não valia nada. Os dois times já estavam classificados para a fase
seguinte. Mesmo assim, o jogo contou com mais de 25.000 pagan-
tes, e com certeza, muitos batistas contribuíram com esse número.
Só para registrar, não houve trabalhos na convenção naquela noi-
te. Todos os congressistas foram liberados para conhecer as igrejas
Batistas de Salvador.
Voltemos à 2ª viagem. Estávamos eu e Paulo Macedo no Santo
Dumont aguardando o embarque com a passagem à mão. Quando o

86
Paulo Cesar da Silva

alto-falante anunciou a última chamada para fazer o check-in. Saí-


mos correndo e, felizmente deu tempo para embarcar. Fomos os últi-
mos a entrar no avião. Logo nas primeiras filas estavam vários pasto-
res, inclusive o Presidente, que ao passar por ele fui cumprimentado:
“como vai Pastor Paulo César”. Estava precisando sentar rápido que
nem tive tempo para responder que não era pastor. Assim pudemos
embarcar e viajar rumo a Brasília.
Em lá chegando, procuramos à casa da tia da minha esposa, “Tia
Dilma”, que nos recebeu muito bem e nos hospedou por alguns dias.
A nossa missão era prestar um “relatório” do nosso trabalho e,
com esse intuito, passamos a distribuir uma cópia de uma carta aos
líderes e pastores ali presentes. (ANEXO IV)

87
A verdade do PomaR do LAranJal

“Queremos um Pastor”

Uma vez mais olhávamos de frente um problema: Alguns


irmãos começavam a murmurar dizendo que queriam um pastor.
Talvez não tivessem percebido que o verdadeiro Pastor, o Autor da
Fé, nunca estivera tão perto de nós.
Havia uma pessoa, na verdade um líder da denominação que
tínhamos conhecido, dias antes, por ocasião da funesta assembleia
que havia nos excluído. Tratava-se do irmão Almir Rodrigues, presi-
dente dos homens da CBB.
Nós nos simpatizamos de imediato com aquele irmão pelo fato
de não ter ficado do lado de Pr. A na Assembleia.
Fomos procurá-lo com o objetivo de que ele assumisse a lide-
rança do grupo. Era aluno do Seminário Batista do Sul do Brasil, na
Tijuca. Líder na denominação, tudo que precisávamos.
Numa ocasião, num desses encontros, aquele irmão nos deu um
cheque de valor altíssimo que segundo ele, serviria para comprar um
terreno para o futuro templo, da futura igreja.
Com essa atitude, demonstrando tamanho desprendimento
material, entendemos que estávamos voltados para a pessoa certa.
Levamos o seu nome para assembleia e com uma proposta de
10 salários mínimos mensais, o seu nome foi aprovado por unanimi-
dade, para nossa alegria, lágrimas de alguns e felicidades de todos.
88
Paulo Cesar da Silva

O irmão Almir Rodrigues buscou de toda forma impedir que


abríssemos um processo contra a IBL.
Tentou, por várias vezes, convencer-nos da dificuldade que
teríamos em arrumar um advogado que aceitasse o desafio de nos
defender. Tratava-se de “causa estranha” ao meio jurídico. Mas se
Deus estivesse realmente nos conduzindo, tudo se tornaria fácil.
Afirmei que num único dia tudo estaria resolvido. Ele duvidou
afirmando que não acreditava que algum advogado viesse a se inte-
ressar pela questão.
Foi aí que algo estranho ocorreu. Estávamos indo em direção ao
centro de São Gonçalo em busca do tal advogado, do qual se desco-
nhecia o nome, o endereço e tudo mais.
No carro, eu ao volante, o irmão Almir ao meu lado no banco
do carona, e o Jorge Luiz, no banco traseiro. De repente, na altura de
nova cidade, o irmão Almir afirma estar sentindo o ar pesado e que
não conseguiríamos sucesso naquela questão. Ao ouvir isso, disse-
-lhe que nada, nem ninguém, poderia impedir o que íamos fazer,
nem os demônios. Após dizer isso, algo saiu pelo para-brisa do car-
ro fazendo com que a paleta do limpador direito fosse para trás e
batesse de volta com toda força, fazendo um barulho semelhante a
um grande estalo. Virei para ele e disse: pronto, foi embora a força
que tentava nos impedir. Não fiz a observação, na hora, mas pude
constatar que aquela força estranha havia saído pelo lado direito, em
frente ao seu assento.
No fim daquele dia, encontramos o Dr. Paulo da Costa. Ele seria
nosso advogado. Encontrado pela fé, apesar do episódio misterioso
do para-brisa.

89
A verdade do PomaR do LAranJal

Uma escolha: um erro

Passadas apenas algumas poucas semanas, sabíamos que haví-


amos cometido um erro. Não devíamos ter dado importância ao
“choro” de alguns irmãos que pediam um “pastor”.
O presidente do grupo, irmão Paulo Macedo, se identificara
muito com seu novo “pastor”. Fiz um leve comentário com minha
irmã que não estava apreciando algumas atitudes do tal irmão e fui
logo advertido: “Não vai tirar o pastor Almir; se não, eu sou a pri-
meira a sair”!
A situação era realmente muito séria.
Chamei para uma reunião os irmãos mais próximos, e disse:
“Irmãos, a questão é simples: cometemos um erro e nada podemos
fazer para corrigi-lo. Só Deus pode tirar o “pastor” Almir. Vamos
orar para que seja rápido. Deus conhece o nosso coração e sabe que
este erro que cometemos, foi acreditando que era o melhor para o
grupo. Portanto, afirmo que em poucos dias, sem que precisemos
dizer uma só palavra, ele sairá assim como entrou, com a unanimi-
dade do grupo”.
Já se sentindo o pastor da igreja, ele acreditava que sua palavra
tivesse mais peso que a de qualquer um de nós. O que era realmente
verdade. Alguns irmãos chegaram a comentar que haviam saído da
ditadura de um pastor, para a ditadura de quatro simples irmãos.

90
Paulo Cesar da Silva

Como você, caro leitor, se lembra, os nossos cultos eram rea-


lizados aos domingos no Colégio. Era um espaço aberto que ficava
embaixo das salas de aula. (ver fotos do ANEXO VII)
Num desses domingos após um culto à noite, após a oração
final, o “pastor” Almir fala: A igreja esteja assentando, enquanto o
“pastor” estará à porta cumprimentando os irmãos.
Na saída, o meu irmão, Jorge Luiz, chegando até mim, comenta:
“Paulo, há algo de errado acontecendo. Olha só, não somos “igreja”;
Almir não é pastor e aqui não tem porta”.
Quero ressaltar que quando meu irmão se referiu à igreja, ele
está pensando em igreja organizada.

91
A verdade do PomaR do LAranJal

Lobos disfarçados em ovelhas

Você se perguntará, caro leitor, com que autoridade eu afirmo


que esses profetas citados são falsos. Jesus afirma que é fácil identi-
ficá-los. Ele falou: “cuidado com os falsos mestres que vêm disfarça-
dos em ovelhas inofensivas, mas são lobos, e vão despedaçar vocês”.
Mateus 7:15 (BLH).
O Senhor Jesus afirma que pelos frutos se conhece a árvore. A
árvore boa só pode dar bons frutos. A árvore, é conhecida pelos seus
frutos. É isso que Jesus afirma em Mateus 7:16:
Vocês podem descobri-los pela maneira como agem. Tal como podem
identificar uma árvore pelo seu fruto. Vocês nunca confundirão uma
videira com um espinheiro”.

Em 1988, visitou o Brasil, o grande Evangelista Jimmy Swag-


gart. Na ocasião, o meu irmão, Jorge Luiz, estava desejoso de obter
uma comunhão mais profunda com Deus. Lendo o livro de Atos,
dizia que estava confuso a respeito do Dom de Línguas. Disse a ele
que não deveria se preocupar sobre o assunto. Argumentei que a
igreja de Corinto não era uma igreja modelo. Havia muita confusão
naquela igreja. Não eram unidos. Eram fofoqueiros e mantinham
dentro da igreja um homem em pecado. Sabemos que Deus é Santo.
A Santidade de Deus não se relaciona com o pecado. Mas ele insis-
tia. Dizia que se fosse algo que o levasse ao crescimento espiritual,
não abriria mão. Recordo-me de uma colocação muito pertinente
92
Paulo Cesar da Silva

do irmão Volmes. Disse ele: “entendo que Deus não faz acepção de
raça, de religião, de grupos pentecostais ou tradicionais. Se o dom
de línguas é um sinal de espiritualidade por que nunca um líder, um
pastor batista, falou em línguas? Será que no meio batista não have-
ria uma pessoa sequer que merecesse esse privilégio”?
Bem, como já disse, naquele ano o Brasil receberia a visita do Pr.
Jimmy Swaggart. Sugeri a Jorge Luiz que fôssemos ao Maracanã na
ocasião que o dito evangelista viesse ao Rio de Janeiro.
Assim ocorreu. Numa noite, procurávamos um lugar nas arqui-
bancadas, disse: “Jorge, preste atenção, hoje Deus vai falar ao seu
coração”.
Quando o culto começou, havia milhares de pessoas presentes.
A nossa frente, mais para o lado esquerdo, estava um grupo de cren-
tes muito eufóricos. Sugeri que ele ficasse atento aquele grupo.
De repente uma mulher, com aproximadamente 50 anos come-
çou a falar em línguas. As pessoas que estavam ao seu redor, come-
çaram a gritar dando glórias a Deus. Olhei para Jorge Luis e disse:
“Preste atenção, Deus vai falar agora”. Imediatamente começamos
a ouvir em português o que aquela mulher dizia: “Satanás é Deus.
Satanás seja louvado”. Ali, diante de nós dois, aquela mulher elogia-
va e adorava a Satanás. E as pessoas ao redor glorificavam e davam
aleluias.
Após alguns minutos, virei-me para Jorge Luis e disse: “vamos
embora! Deus não está neste lugar. Afirmo para você, Jorge Luis,
aquele homem, Jimmy Swaggart, é um falso profeta”.
Domingo pela manhã, antes de começar a lecionar a classe de
EBD, relatei a experiência para alguns homens que estavam na sala.
Tratava-se de um grupo seleto. Jamais contaria essa experiência para
a igreja. Aprendi que cada experiência é de quem a vive e deve ficar
para quem a viveu. O que não está na Palavra de Deus é coisa pesso-
93
A verdade do PomaR do LAranJal

al e ninguém é obrigado a acreditar. Hoje, após quase 24 anos, conto


o que aconteceu naquela manhã. Um irmão, muito furioso, virou
para mim e disse: “você está maluco! Como você pode dizer isso
de um homem que já falou do evangelho para milhões de pessoas”?
Com autoridade de Deus lhe respondi: “dentro de 15 dias, você e o
mundo saberão quem é este homem”!
15 dias após aquelas palavras, os jornais do mundo inteiro,
inclusive, aqui no Brasil, traziam a triste notícia da queda de Jimmy
Swaggart.
Acredito, caro leitor, que este fato me dá autoridade para afir-
mar que esses televangelistas vem, ao longo de sua vida, revelando
quem são pelos frutos que tem produzido.
Gostaria de fazer uma observação no sentido de lhe pedir uma
análise. Somos sabedores que possuímos um cérebro seletivo, ou
seja, ele só vai ver e ouvir o que nós queremos. Devemos, pois, nos
esforçar para conseguir ver e ouvir. Esses dados são científicos.
Vou fazer algumas comparações com os apóstolos de hoje e os
apóstolos do Senhor Jesus.
Enquanto Paulo, o último apóstolo, era preso por pregar o evan-
gelho, hoje se é preso por carregar dólares escondidos;
Enquanto Paulo era chamado pelo governador, diariamente, na
esperança que lhe desse dinheiro para libertá-lo, os de hoje, vão em
busca de dinheiro para dar apoio seus candidatos;
Enquanto os verdadeiros apóstolos passaram por dificuldades,
fome, frio e todo tipo de sofrimento, os de hoje, exibem suas man-
sões, carros importados e até jatos;
Enquanto os verdadeiros apóstolos davam de graça aquilo que
recebiam do Senhor, os de hoje, exigem o “depósito no altar” (na
conta do banco) como oferta e condição para receber a benção.
94
Paulo Cesar da Silva

Enquanto o apóstolo Paulo tinha que fugir, sendo descido atra-


vés de um cesto, os de hoje, ganham do Itamaraty um passaporte
diplomático que só pode ser concedido a funcionários do governo e
autoridades que viajam em missão diplomática.
Agora, um fruto bem claro, revelador, do tipo de árvore que são:
estão se digladiando diariamente na imprensa. Um falando mal do
outro. Cada um querendo provar que é melhor que o outro. Uma
disputa acirrada pela audiência, sem ética, sem escrúpulos. Pense,
reflita! Veja o que Jesus diz:
“Que o Senhor faça todos puros e santos, ensinando-lhes as suas
palavras de verdade! Como o Senhor Me enviou ao mundo, Eu os
estou enviando ao mundo. E Me dedico a atender às suas necessi-
dades de crescimento, tanto na verdade como na santidade. Minha
oração por todos eles é que sejam de um só coração e pensamento, tal
como Eu e o Senhor somos...” João 17:17-21A

Observe: a união é a marca; a união é o fruto. Agora vejam, os


líderes que estão na mídia vivem se batendo. Leiam o que foi publi-
cado no Púlpito Cristão, de autoria de Leonardo Gonçalves:
Silas Malafaia, Edir Macedo e Valdemiro Santiago: Escorpiões
Gospesl
Certa vez, um escorpião aproximou-se de um sapo que estava na
beira de um rio, e fez um pedido: “Sr Sapo, você poderia me carregar
até a outra margem deste rio tão largo?” O sapo respondeu: “Só se eu
fosse tolo! Você vai me picar, eu vou ficar paralisado e vou afundar”.
Disse o escorpião: “Isso é ridículo! Se eu o picasse, ambos afundaría-
mos”. Confiando na lógica do escorpião, o sapo concordou e levou o
escorpião nas costas, enquanto nadava para atravessar o rio. Porém,
ao chegar do outro lado do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo.
Atingido pelo veneno, e já começando a afundar, o sapo voltou-se
para o escorpião e perguntou: “Por quê? Por quê?” E o escorpião res-
pondeu: “Por que sou um escorpião e essa é a minha natureza”.

95
A verdade do PomaR do LAranJal

Segundo o autor, no artigo supracitado, Silas é um escorpião, e


uma prova do que fala é que apoiou a candidata Marina Silva, mas
nos momentos finais das eleições jogou a candidata no “corredor
polonês”, divulgando informações que prejudicavam a índole da
candidata, mas somente após ter percebido que o ibope, descartava
a possibilidade de vitória da candidata.
Valdemiro Santiago mostrou a capacidade de seu ferrão quan-
do, após ter aprendido todos os segredos com seu mestre, Macedo,
fundou a Igreja Mundial, e lhe deu uma grande rasteira. Injetou seu
veneno também no Malafaia, que havia defendido o apóstolo no
programa “Vitória em Cristo” quando ocorreu o fechamento da
Igreja Mundial do Poder de Deus. Pensava-se que Silas havia ganha-
do um amigo.
A “aliança fraterna” entre Silas e Valdemiro se consolidou quan-
do criticou duramente o missionário RR Soares por ter adquirido
horários de Valdemiro na CNT.
Mas, nasceu escorpião, terá sempre essência de escorpião, e
num descuido do Silas, Valdemiro tirou Malafaia das madrugadas
da BAND.
No Juízo, porém, muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não
profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos
demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes
direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que
praticais a iniquidade.

96
Paulo Cesar da Silva

“Esses pastores são uns IDIOTAS”

Não fiquem irados comigo, caros pastores. Não fui eu quem dis-
se isto! Foi ele, o pastor machão: Silas Malafaia.
Vejam o que ele afirmou em uma entrevista à Revista Igreja, edi-
ção de novembro de 2010, ao receber o seguinte questionamento: “O
Senhor está sendo duramente criticado pelo setor mais conservador
da igreja por causa da teologia da prosperidade pregada por alguns
convidados de seu programa, como Morris Cerrulho e Mike Mur-
dock. Como o senhor responde a estas críticas de que a teologia da
prosperidade não tem base bíblica e é uma heresia?
A resposta de Silas Malafaia: “Primeiro quem fala isto é um
idiota! Desculpe a expressão, mas comigo não tem colher de chá!
Porque quando é membro eu quebro um galho, mas pastor não: é
um idiota. Deveria até mesmo entregar a credencial e voltar a ser
membro e aprender. Para começar não sabe nada de teologia, muito
menos de prosperidade. Existe uma confusão e um radicalismo, e
todo radicalismo não presta.”
Gostaria de concordar com o Silas: quando ele diz “todo radi-
calismo não presta”. Ele poderia pegar sua própria dica, auto aplicar
sua própria afirmação e parar de humilhar, debater e ofender grupos
como homossexuais e ateus.

97
A verdade do PomaR do LAranJal

Em uma entrevista – e como gosta de aparecer este indivíduo


– ao The New York Times, Silas ofende a jornalista Eliane Brum cha-
mando-a de vagabunda.
Vá ao Portal Imprensa e lá encontrará a reportagem.
Ele deveria seguir o exemplo de Jesus Cristo. Pergunto: quan-
do foi que Jesus ofendeu um opositor, um pecador? Ele não tinha
nenhuma paciência com aqueles que, embora se dissessem religio-
sos, não viviam o que ensinavam.
A estes Jesus chamou de “raça de víboras”. Aos pecadores,
expressou amor e compaixão. Lembremos do encontro com o jovem
rico. O texto fala que Jesus “fitando-o, o amou e disse: só uma coisa
te falta...”
Imagino aquele jovem rico ao ouvir aquelas palavras de Jesus.
O texto narra que ficou triste, baixou a cabeça e saiu frustrado com
o que ouvira. Deve ter passado por sua mente todas as coisas das
quais deveria abrir mão: a vida confortável que levava, a paparicação
dos “amigos”, as mulheres bonitas, os carros importados, as viagens,
a casa da praia e uma vida sem nenhuma preocupação a respeito de
seu futuro.
Aquele diálogo o deixou extremamente deprimido. Nunca
esperou que Jesus lhe impusesse uma condição tão dura e difícil.
Uma coisa podemos dizer: Jesus nunca enganou ninguém. Ele
nunca vendeu uma esperança falsa. Sempre foi muito claro com as
condições para segui-lo. E diz: “todo aquele que quer ser meu discí-
pulo... Lc 14:26-30 e33 (BLH)
Em uma outra ocasião Jesus disse: “ Lc 9:23 e 25 (BLH)
Mas a alegria daquele moço teria voltado imediatamente se
tivesse encontrado pelo caminho Silas Malafaia, pois o diálogo seria
mais ou menos assim:
98
Paulo Cesar da Silva

— Bom dia “seu” Silas.


— O que houve rapaz? Por que está com essa cara de quem
comeu e não gostou?
— Fui fazer uma pergunta a um profeta sobre como ganhar a
vida eterna e ele me falou que tenho que ficar pobre.
— Quem foi o idiota que lhe disse isso? Quero dizer a você que
não é isso não. Tem alguns profetas idiotas que não entendem nada
de teologia e estão ensinando por aí que a teologia da prosperidade
é do diabo. Não acredite nisso. Estão citando até a bíblia “no mundo
tereis aflições”. Tenho dito a estes pastores que parem de citar esse
texto bíblico para justificar a miséria. Eles se esquecem que Deus é
dono do ouro e da prata. Não há nada de errado com você. Estou
vendo que é um jovem inteligente que conhece e guarda os manda-
mentos.
— é isso mesmo. Eu disse isto a ele, mas não acreditou.
— meu caro jovem, vamos nos sentar aqui debaixo dessa arvo-
re que vou lhe dar uns conselhos e isso não vai lhe custar nada. Você
vai, se tiver fé, aumentar em 30, 60 e até 100 vezes a sua fortuna.
— É mesmo “seu” Silas? E o que eu tenho que fazer?
— É fácil. Muito fácil. Como eu gostei de você vou quebrar o
seu galho e facilitar a sua vida. É uma fórmula infalível. Olha que
sei o que estou dizendo. Tenho autoridade no assunto. Deu certo
comigo. Comprei, outro dia, um jatinho. Foi uma galinha morta. Só
paguei 12 milhões de dólares. O RR Soares deve estar morrendo de
inveja já que o dele só vale uns miseráveis 5 milhões de dólares.
— É mesmo?
— Pode acreditar. Comigo não tem lero-lero.

99
A verdade do PomaR do LAranJal

— É, estou vendo que o senhor é um homem muito convicto.


Sabe muito bem o que diz. Estou curioso para saber como posso
fazer para aumentar a minha riqueza.
— Você vai pegar 30% de sua fortuna, vai dividir em 10 parceli-
nhas iguais e vai começar a plantar a sementinha. Uma sementinha a
cada mês. Pode começar no próximo mês. Coloque a sementinha da
prosperidade na minha conta. No final das 10 sementinhas você verá
o resultado. Você terá multiplicado a sua fortuna e eu terei trocado
de jatinho. Afinal, eu mereço.

100
Paulo Cesar da Silva

Jesus: “Eles me procuram


por causa da comida”

Voltemos nossa atenção para o livro de Atos dos Apóstolos.


Outro dia, um irmão me chamou de incrédulo por não acreditar
nos milagre de hoje. Eu o desafiei a que me levasse a algum apóstolo
moderno que realmente tivesse o dom da cura. Caso fosse encontra-
do, disse a ele, que a primeira coisa que faria, seria levá-lo ao hospital
do câncer do Rio de Janeiro – INCA. Principalmente no setor infan-
til. Com base em referencias dos registros de base populacional, são
estimados mais de 9 mil casos novos de câncer infanto-juvenil, no
Brasil, por ano.
Não. Eles não iriam. As crianças não poderiam mostrar a fé,
através de uma gorda oferta, para sustentar as suas mansões, carros
importados e até jatos particulares que custam uma fortuna.
Como já foi dito nesta obra, o último abençoado com a aquisi-
ção de um brinquedinho de 12 milhões de dólares, foi o bem-suce-
dido Pr. Silas Malafaia. Dinheiro tirado de você, que deixa, muitas
vezes, de contribuir com sua igreja, para alimentar a vaidade e a
megalomania de gente como essa.
Leia o que os anjos disseram aos apóstolos em Atos 5:19: “porém
um anjo do Senhor veio de noite, abrir os portões da cadeia e levou

101
A verdade do PomaR do LAranJal

os apóstolos para fora, dizendo: vão para o templo, e preguem sobre


a Vida Eterna”.
Quando você lê o verso 12, do capítulo 4 de Filipenses, compre-
ende que Paulo, o último apóstolo, quis dizer com o “tudo posso”.
“Sei viver com quase nada ou tendo tudo. Já aprendi o segredo para
viver contente em qualquer circunstância, quer com o estômago
satisfeito, quer na fome, na fartura ou na necessidade.”
Chega de ouvir um evangelho mentiroso. Um evangelho que só
traz “lucro” para aqueles que falam de prosperidade e realizam curas
que não existem. Uma coisa afirmo: se há cura, não é Deus quem as
realiza. O Deus em que eu creio é Santo. Essa gente não sabe com
quem está brincando. Não temem a Deus. Não acreditam no julga-
mento de Deus. O único objetivo é tirar o dinheiro do povo
Naquele dia ouvirão as palavras de Jesus: ‘no juízo muitos me
dirão ‘Senhor, Senhor, nós falamos aos outros a seu respeito, e usa-
mos o seu nome para expulsar demônios, e para fazer muitos outros
grandes milagres’. Mas eu responderei: ‘vocês nunca foram meus.
Vão embora, porque as suas obras são más.’” Mateus 7:22 e 23
Ouvi, outro dia, Silas Malafaia, num desses congressos de avi-
vamento, levar o povo ao êxtase dizendo: “eu, como profeta de Deus,
afirmo: ninguém que está aqui morrerá sem que todos os sonhos se
realizem”.
Leia, meu irmão, Hebreus 11 e, após ler todo o capítulo, releia
os versos 39 e 40:
“E estes homens de fé, embora tivessem confiado em Deus e recebido
a sua aprovação, nenhum deles recebeu tudo quanto Deus lhes havia
prometido; por que Deus queria que eles esperassem e participassem
das recompensas ainda melhores que estavam preparadas para nós”.

102
Paulo Cesar da Silva

Volte um pouco e veja o que alguns deles receberam: “alguns


foram escarnecidos e suas costas foram dilaceradas pelos chicotes,
e outros foram acorrentados em masmorras. Alguns morreram ape-
drejados e outros serrados ao meio; a outros foi prometido a liberda-
de se renegassem a fé, e depois foram mortos a espada. Alguns anda-
ram de um lado para outro em peles de ovelhas e de bodes, vagando
pelos desertos e montanhas, escondendo-se em covas e cavernas.
Passaram fome, ficaram doentes e foram maltratados – bons demais
para este mundo. Hb. 11:36-38(BLH)

103
A verdade do PomaR do LAranJal

O poder corrompe o
caráter ou o revela?

No Dicionário Aurélio, encontramos algumas definições para o


substantivo caráter. Uma bastante interessante é a que diz que “são
traços psicológicos, as qualidades, o modo de ser, sentir e agir de um
indivíduo, um grupo, um povo.
Costuma-se dizer que para se conhecer o caráter de uma pes-
soa, basta dar a ela fama, poder ou dinheiro.
Estamos vivendo tempos difíceis. Na verdade, os tempos sem-
pre foram difíceis. O ser humano é muito complicado.
Quem é o homem?
Davi escrevendo o Salmo 8, diz: “quando, admirado, olho céu à
noite, o céu que tu criaste com as tuas mãos; quando vejo a lua e as
estrelas que lançaste no espaço, fico pensando... afinal, por que Deus
dá tanta atenção a essa coisa tão pequena que é o homem? Por que
Ele procura se aproximar de nós”? O grande rei Davi não conseguiu
entender.
Muitos filósofos, sociólogos e religiosos tentaram responder a
esta pergunta.
O Apóstolo Paulo quando escreveu sua carta aos Romanos,
descreveu o caráter do homem: “Assim, quando eles abandonaram
104
Paulo Cesar da Silva

a Deus e nem mesmo o reconheceram, Deus os deixou fazer tudo


quanto suas mentes malignas puderam imaginar. Suas vidas ficaram
cheias de toda espécie de maldade e pecado, ganância, ódio, inveja,
assassínios, brigas, mentiras, amarguras e mexericos. Falam mal um
dos outros mentindo, cheios de ódio contra Deus, insolentes, fan-
farrões orgulhosos, pensando sempre em novas maneiras de pecar,
e sendo continuamente desobedientes aos seus pais.” ROM 1:28-30
(NTLH)
Infelizmente a grande verdade é que o homem só sabe pecar.
“Essa criatura foi tão terrivelmente ‘enfeiurada’ pelo pecado, que
mesmo tendo ainda um resquício do reflexo do seu criador, ainda é
mais parecida com o diabo, a quem desde a queda é atribuída a sua
paternidade. Suas ações imundas, seu coração enganoso e perverso
e nele, o pecado foi escrito com ponta de diamante.”
Na verdade, o cristianismo que estamos vivendo coloca o
homem no centro. Há muita confusão e possivelmente estejamos
presenciando o cumprimento das palavras proféticas de Jesus “...
quando vier o filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?”
Note que Jesus não está se referindo à igreja, aos religiosos, está
falando de fé. Não a fé num evangelho triunfalista. Vejamos parte de
um sermão pregado há algum tempo pelo pastor Silas Malafaia:
“Por que o evangelho triunfalista é perigoso? Mas tem uma pergunta
que você pode estar fazendo: Pastor, por que Deus permite a tem-
pestade? Por quê? Com todo respeito eu fico vendo na televisão os
pregadores do evangelho triunfalista. Eu fico ouvindo essas mensa-
gens. E elas tem um pouco de ilusão e de engano”. Para mim só são
ilusão e engano. ... Vem pra Jesus porque se você é pobre, fica rico.
Vem pra Jesus porque se você é empregado vira patrão. Vem pra Jesus
porque se você mora de aluguel vai ter casa própria. Vem pra Jesus
porque se você estiver encalhado vai arrumar um bonito casamento.
Esse evangelho triunfalista cria uma ilusão. Quando as pessoas não
conquistam essas coisas, sabem o que eles dizem? É porque você não

105
A verdade do PomaR do LAranJal

tem fé. É porque deve ter algum pecado. Cria complexos nas pessoas.
Os pregadores do evangelho triunfalista deveriam ter hombridade
e coragem para dizer para as pessoas algo assim: olha querido, você
pode ter muita fé, pode ter muitos sonhos, pode orar muito, mas
enquanto você estiver aqui nessa terra, se prepare para lutas, tribula-
ções e tempestades! Seria mais honesto, por que nunca vi Jesus dizer
que nós nunca teríamos lutas, conforme o texto de João 16:33: “aqui
na terra vocês terão muitos sofrimentos e tristeza, mas tenham bom
ânimo, porque eu venci o mundo.”

A mensagem acima foi pregada por Silas Malafaia. Quanta


mudança! Fica uma questão: o que fez com que o Silas mudasse tan-
to?
Será possível que não atentou para a palavra de Paulo (o último
apóstolo) dirigida para o jovem pastor Timóteo:
para eles o evangelho é simplesmente um meio de ganhar dinheiro.
Afaste-se deles. Você quer ser verdadeiramente rico? Você já é, se for
feliz e bondoso. Afinal de contas, não trouxemos nenhum dinheiro
conosco quando viemos ao mundo e não podemos levar nem mesmo
um centavo ao morrermos. Portanto devemos nos sentir bem satis-
feitos sem dinheiro se tivermos alimento e roupa suficiente. Mas as
pessoas que querem ser ricas, logo começam a fazer toda espécie de
coisas erradas para ganhar dinheiro, coisas que lhes causam dano e
as tornam malvadas e, finalmente, as mandam para o próprio infer-
no.

Como pode um verdadeiro discípulo de Cristo mudar tão radi-


calmente de posição? Será que foi culpa da inveja? Sim, talvez inve-
ja de seus colegas que prosperaram pregando um tipo diferente de
evangelho. Deve ter olhado para um lado e visto o R. R. Soares com
o seu jatinho, não precisando embarcar fora de horário. Olhou para
o outro lado e deve ter visto o apóstolo Terra Nova, digo, patriarca,
é isso mesmo, tomou o título de Abraão, também com o seu próprio
jatinho de 5 milhões de dólares.

106
Paulo Cesar da Silva

Deve ter pensado que o evangelho que ele estava pregando não
dava o “resultado” que esperava que desse. Fica uma pergunta: ele
era diferente dos outros ou agora revelou-se como verdadeiramente
é?
Como afirmou o próprio Silas Malafaia em seu sermão citado
neste capítulo Jesus jamais disse que não sofreríamos:
“Crente santo, crente que ora, crente que te muita fé”, como ele
próprio afirma, “passa por tempestade”. Crente também sofre, fica
doente e morre como qualquer pagão.
Philip Yancey, no seu livro O Deus (IN)visível, explora muito
bem esse tema: o sofrimento.
Gostaria de reproduzir parte do capítulo 16, da supracitada
obra, que tem por título “Amnésia Espiritual” onde ele escreve:
Presumo que a maturidade espiritual progride como a maturidade
física. Um bebê aprende a engatinhar, depois a andar cambaleando
e, enfim, a correr. Será que a nossa caminhada com Deus não pro-
gride da mesma forma, para que, gradualmente, nos fortaleçamos,
ganhemos controle de nossos primeiros movimentos hesitantes e,
então, firmemos o passo para a santidade?

Logo após o autor cita a reflexão que John Claypool faz sobre a
passagem de Isaías: “Mas aqueles que esperam no Senhor renovam
as suas forças. Voam alto como águias, correm e não ficam exaustos,
andam e não se cansam”.
Em sua reflexão, John Claypool nos chama a atenção para o fato
que a ordem está invertida com relação ao que poderíamos esperar.
Isaías inicia com o voo e termina com a caminhada.
Claypool fez, de fato, essa observação, sentado junto à cama de sua
filha de dez anos de idade no hospital. Um ministro importante,
de renome nacional, certamente conhecia a sensação do voo. E em
dezoito meses havia corrido, buscando freneticamente todas as ora-

107
A verdade do PomaR do LAranJal

ções e técnicas de cura que pudesse fazer a filha sarar da leucemia.


Agora, contudo, quando a vida dela se esvaía, nada podia fazer a
não ser ficar sentado a seu lado, segurar-lhe a mão, umedecer seus
lábios e chorar.

Quando fala da sua experiência, ele comenta que isso pode


parecer realmente insignificante para aqueles que buscam e procu-
ram o espetacular. Ele conclui dizendo: “quando não existe possi-
bilidade de voar e nenhum lugar para correr, tudo o que se pode
fazer é se arrastar penosamente, passo a passo, é realmente uma boa
nova saber que existe um remédio que permitirá que ‘andemos sem
esmorecer’”.
Para finalizar este capítulo, compartilhei o testemunho de uma
colega, professora, que descobriu um câncer em estado bastante
avançado. Fui convidado a estar presente e dar uma pequena pala-
vra por ocasião de seu aniversário que seria comemorado na esco-
la onde trabalhávamos em um culto de gratidão. Antes que alguém
falasse, ela agradeceu a presença de todos os colegas e parte da sua
igreja que se fazia presente. Sua fala foi mais ou menos a seguinte:
“quero dizer a todos que aqui estão que estou curada”! Naquele ins-
tante ouvi alguns “améns” e “glórias a Deus”. Muito preocupado, tive
uma surpresa agradável com a palavra seguinte: “não estou curada
do câncer, estou curada da vida que levava longe de Deus. Hoje, mais
que nunca, sei que Deus me ama. Ele transformou a minha vida. Era
uma pessoa extremamente egoísta. Mudei. Mudei para melhor. Não
estou preocupada se Deus vai, ou não, curar-me do câncer. Quero
apenas estar junto d’Ele”.
Acredito que estas palavras tenham provocado sentimento de
frustração em muitos crentes triunfalistas que ali se encontravam
naquele momento.

108
Paulo Cesar da Silva

Salomão e Manassés –
dois destinos

Vou começar este capítulo citando John Luther: “bom caráter


é para ser mais enaltecido do que talento extraordinário. A maioria
dos talentos é de uma certa forma um dom. Bom caráter, em con-
traste, não nos é dado. Temos que construí-lo peça por peça... por
pensamentos, escolhas, coragem e determinação.”
Gostaria de chamar sua atenção para a vida de dois homens,
reis: de Israel – Salomão e de Judá – Manassés.
Salomão, o mais sábio de todos os homens começou bem o seu
reinado e acabou mal. Manassés, o mais néscio e perverso de todos
os reis, começou mal e acabou abençoado por Deus.
Salomão começou o seu reinado construindo o Templo para o
Senhor Deus.
Manassés começou o seu reinado reconstruindo as capelinhas
de imagem nos altos das montanhas que seu pai, Ezequias, havia
destruído. Construiu altares para o deus Baal e fez uma imagem ver-
gonhosa de Aserá.
Salomão chamou o povo para a adoração ao único e verdadeiro
Deus.

109
A verdade do PomaR do LAranJal

Manassés praticou a magia negra e fazia uso de adivinhações


buscando médiuns e feiticeiros.
Salomão durante seu reinado promoveu a paz e expansão do
reino e poder de Israel.
Manassés levou o povo a adorar imagens, assassinou um grande
número de pessoas inocentes e Jerusalém teve seu solo coberto por
corpos de suas vítimas.
Dois começos bem diferentes: Salomão, usando a sabedoria
que Deus lhe dera, conseguiu ser o maior rei de todos os tempos: o
mais rico e o mais poderoso. Manassés, desprezando o exemplo de
seu pai, começou desobedecendo a Deus e praticando coisas hor-
ríveis, sendo capaz de sacrificar seus próprios filhos como ofertas,
queimando-os no vale de Hinom.
Entretanto, os papéis são invertidos no final do reinado de
cada um. Salomão termina o seu governo, que tivera tudo para ser o
“governo do justo” levando o povo à escravidão. Obrigando o povo
a construir templos para suas mulheres. Ele teve 700 esposas, além
destas, teve outras 300 mulheres; sem dúvida elas conseguiram que
o rei desviasse o seu coração do Senhor, especialmente quando ele
ficou velho. Elas conseguiram que ele adorasse os deuses delas. A
queda e a desgraça de Salomão só não foram maiores por causa do
amor que Deus nutriu por seu pai, Davi: “contudo, por amor a seu
pai Davi, não vou fazer isto enquanto ele estiver vivo.”
Por causa da desobediência de Salomão, Deus dividiu o reino de
Israel. Aquele que tinha começado o seu reinado submisso a Deus,
terminou afrontando-O com a maior das afrontas: adorando deuses
estranhos.
No final de sua vida escreveu:
Ser rico não é a coisa mais importante do mundo; por isso, não use
todo o seu tempo e toda a sua inteligência para ganhar dinheiro.
110
Paulo Cesar da Silva

Para que se dedicar tanto a riqueza? Elas desaparecem num instan-


te, como um pássaro que voa para longe.

Como é triste ver o fim da vida de um homem que não soube


usar a sabedoria dada por Deus! O homem mais sábio, mais rico e
mais poderoso da história, no final da vida escreve: “o dia da morte
é melhor que o dia do nascimento! É melhor estar no velório que ir
festas de aniversário”.
Ao contrário de Salomão, Manassés, um rei louco, assassino e
desobediente a Deus, termina o seu reinado com a aprovação e o
perdão de Deus.
Cheio de pavor, e aflito, Manassés orou humildemente ao Senhor
Deus, pedindo socorro. E quando assim o fez, o Senhor ouviu, teve
misericórdia dele, e respondeu aos seus pedidos levando-o de volta a
Jerusalém e ao seu reino.

Em reconhecimento e gratidão a Deus,


Manassés “retirou os deuses estranhos e as imagens que ele tinha
dentro dos templos, e fez em pedaços os altares que ele havia cons-
truído na montanha onde estava o templo e os altares que estavam
em Jerusalém. Jogou tudo para fora da cidade. Depois reconstruiu
o altar do Senhor e ofereceu sacrifícios sobre ele: sacrifícios de paz e
ofertas de ações de graças.

Fico imaginando, se o grande Salomão não soube lidar com o


poder e a riqueza, quanto mais nós, pobres mortais.
Quero encerrar este capítulo citando Charles Reade: “Semeie
um ato, e você colherá um hábito. Semeie um hábito, e você colherá
caráter. Semeie um caráter, e você colherá um destino”.
Para você tirar suas próprias conclusões: Salomão é o exemplo
que os defensores da Teologia da Prosperidade gostam de citar. Seria
muito bom se eles entendessem melhor as Escrituras Sagradas. Se

111
A verdade do PomaR do LAranJal

há alguém que não devemos seguir o exemplo, este alguém é o rei


Salomão.
Nunca na história do governo do povo de Israel, houve um
governo mais injusto. O povo gemeu e sofreu como nunca.
Como consequência desse desastroso governo, Israel foi divi-
dido.
Não se esqueçam: o reino de Jesus não é deste mundo. Aqui não
é nosso lugar.

112
Paulo Cesar da Silva

Monjolos tem um
Deputado Federal

Outro dia fui à casa de Madalena acompanhado de meu amigo,


Nivaldo Mulim. Como sempre deve ocorrer, o final de qualquer con-
versa de crente, sempre será conversa de crente, ou seja, o evangelho.
Fazendo um hiato nessa conversa, recebi no dia 13 de dezem-
bro de 2011, uma terça feira, o telefonema do meu amigo, Sandro,
secretário executivo do PR/SG. Na ocasião, me convidou para o seu
aniversário que seria comemorado com um almoço em sua casa.
Disso ele: “faço questão de sua presença e de sua esposa, Marcile-
ne. Só quero fazer uma observação: proibido falar em política”. E ele
completou: “vamos, ao menos, tentar, mas sei que será uma tentativa
frustrada, por que no final, o assunto principal será política”.
Não deu outra: antes mesmo que começasse o almoço, o assun-
to predominante era a sucessão do poder executivo.
No nosso caso, voltando à Monjolos, entramos no assunto
principal, e mais importante para nós: o Evangelho.
No meio da conversa fiz uma observação sobre o falso evange-
lho que vem sendo pregado por muitas igrejas, dentre elas, dei como
exemplo a IURD. Na mesma hora me fizeram lembrar dos benefícios
que a igreja traz. Falaram do trabalho social que desempenha e até

113
A verdade do PomaR do LAranJal

dos convertidos na igreja e, ainda, que conheciam um morador de


Monjolos que ao participar da corrente da casa própria, teve o seu
sonho realizado.
Em primeiro lugar, gostaria de dizer que em matéria de ação
social, poderia citar inúmeras instituições (espíritas, católicas, ateias)
que fazem ação social em escala muito maior.
Em segundo lugar, conheço testemunhos de pessoas que se
converteram no centro espírita, dentro do ônibus, dentro do avião, e
até, no meio de um desfile de carnaval. Uma pessoa relatou o seguin-
te: “entrei no sambódromo para mais um desfile na minha escola
de samba. Desfilava, sambava, quando no meio da apresentação, o
Espírito Santo tocou o meu coração. No final do desfile, tirei a fanta-
sia, joguei tudo fora e disse: ‘a partir de hoje serei um servo de Jesus
Cristo’”.
Começou o desfile perdido e terminou salvo, uma nova criatu-
ra.
É isso que muitos de nós, batistas, esquecemos: algo de sobrenatural
acontece na conversão de um indivíduo. Como diz Paulo, o apóstolo:
“quem está em Cristo nova criatura é, as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo”.

Disse a eles, na ocasião, que conhecia algumas histórias de pes-


soas que perderam tudo nessa mesma corrente.
Da mesma forma que Monjolos não terá, muito provavelmente,
um outro deputado federal, não terá um outro “abençoado” ganhan-
do a sua casa própria participando das 7 semanas da prosperidade,
ou plantando a sementinha do Silas Malafaia.
Tenho certeza de que não convenceria os eleitores de Monjolos
a se filiarem a um partido político, dizendo, que se assim o fizessem,
teriam uma cadeira no Congresso Nacional.

114
Paulo Cesar da Silva

Da mesma forma, tenho certeza, que não convenceria os estu-


dantes da cidade de Santo Antonio de Pádua, que se todos fizessem
o curso de Direito, porque no final teriam uma cadeira de Desem-
bargador no TJRJ, pelo simples fato de a cidade ter um ilustre filho
Desembargador: Fábio Dutra.
Mas o Evangelho em que creio me garante: “Heb. 6:12
Hoje, infelizmente, pregam-se outros evangelhos. Em uma pre-
gação no dia 30 de janeiro de 2011 o Bispo Edir Macedo, líder da
IURD e dono da Rede Record, afirmou que bebe cerveja, entre outras
bebidas. O tema da pregação era fé e religiosidade. Afirmou que a
religião proíbe as pessoas de várias coisas, mas fé, as deixa livres.
Disse que tinha a consciência leve. Seu coração não o condenava.
Esse é o grande problema. Jesus deixou uma lei pesada pra ser
cumprida. Se na lei se cobrava 10%, na graça se exige 100%. Leia o
sermão do Monte em Mateus 5. Lá você encontrará uma lei impossí-
vel de ser cumprida sem a ajuda de Deus.

115
A verdade do PomaR do LAranJal

Tudo posso:
este é o ano da vitória!

Baseado em Filipenses 4:13: “Posso todas as coisas naquele que


me fortalece”, os pregadores, os pastores, bispos e os apóstolos de
hoje pregam sobre tudo, menos como alcançar a vida eterna. Num
frenético evangelho baseado em textos isolados, afirmam que tem o
poder para curar todas as enfermidades e é um verdadeiro Self Ser-
vice. Tem de tudo, para todos.
Você já leu a passagem que fala sobre a prisão dos apóstolos no
capítulo 5 de Atos? Leia-o. porém, deve lê-lo com bastante atenção.
Vai ajudá-lo a entender e dar a interpretação correta. Atente-se para
o versículo 19: “porém um anjo do Senhor veio de noite, abriu os
portões da cadeia e levou os apóstolos para fora, dizendo: vão para o
templo, e preguem sobre a Vida Eterna!”.
Levando em conta o princípio que diz que “as culturas devem
ser lidas nas linhas e entrelinhas. As linhas falam das coisas em si.
As entrelinhas falam do espírito das coisas. As entrelinhas podem
distorcer e até mesmo destruir o que está dito nas linhas”. Podemos
afirmar que com a cultura cristã o princípio é válido. Vamos ver, por
exemplo, o “slogan” da IURD: “Jesus Cristo é o Senhor”. De acordo
com a Bíblia, isso quer dizer que devemos viver de acordo com os

116
Paulo Cesar da Silva

mandamentos de Jesus, subjugados a Seus propósitos, Ele manda e


nós obedecemos, ele dirige e nós os seguimos.
Para a IURD significa que “Jesus pode realizar todos os seus
desejos, afinal de contas Ele é o Senhor”. Mas isso é na verdade uma
inversão no relacionamento do ser humano com Cristo. Ele é o
Senhor e você é “o filho do rei”. As linhas da bíblia dizem uma coisa;
as entrelinhas da interpretação da IURD dizem outra.

117
A verdade do PomaR do LAranJal

Um Passarinho me contou

Outro dia um passarinho me contou a seguinte história: Esta-


vam voltando de mais uma convenção vários pastores e líderes
batistas. Parecia um voo exclusivo. Praticamente todos eram batistas
naquele avião.
De repente um líder se levanta e diz: “vocês já pensaram se esse
avião caísse? Aqui estão os pensadores, os que conduzem o nosso
povo batista. Seria uma tragédia. O povo ficaria sem liderança. Eu
pergunto: como ficaria a nossa denominação?”
Um pastor se levantou e disse: “ficaria muito melhor”.
Uma das coisas boas, quando a coisa está muito ruim, é que
qualquer coisa, quando é feita, a torna melhor.
Uma coisa é certa: a coisa tem que mudar. Não dá pra deixar
a coisa como está. Só que para a coisa mudar, temos que pagar um
preço.
Assim como numa nação, a coisa só muda se o povo quiser
pagar o preço. Não sei se o nosso povo batista quer pagar o preço. Só
sei que Deus quer mudar a nossa vida.
Algum tempo atrás, um líder respeitado da nossa denominação
fazia uma palestra em São Gonçalo. Dizia ele que Deus estava ini-
ciando um grande avivamento. Deu a sua explicação bíblica e histó-

118
Paulo Cesar da Silva

rica. Havia um bom número de pastores presentes à reunião. Não sei


como ficou o coração dos líderes e pastores que ali estavam. Sei que
o meu ficou balançado. Apenas havia uma dúvida em meu coração.
Felizmente, ele deu oportunidade para que se tirasse dúvida.
Após algumas questões postas, coloquei a minha: “quando o senhor
fala em grande avivamento, está falando de qualidade, quantidade,
ou ainda, as duas coisas juntas?” Ele me respondeu com toda convic-
ção: “falo de qualidade, apenas qualidade”.
Historicamente Deus nunca usou a quantidade. Se consultar-
mos o Antigo Testamento, encontraremos muitos exemplos. Um
deles é Gideão que contava com 32 mil homens mas usaria apenas
300 deles.
No caso de Jesus, Ele confiou em alguns poucos para realizar a
sua obra. Diz a Bíblia que no final de seu ministério havia cerca de
500 crentes.
Quando lemos o Evangelho, fica claro que Jesus não queria que
ninguém o seguisse de qualquer maneira. Teria que conhecer as con-
sequências de sua escolha, e somente após avaliar bem os custos,
deveria tomar uma decisão.
Os fatos estão claros diante de nossos olhos. Não há como negar
as evidências. Diante de uma escolha não podemos nos omitir. Não
se trata de uma questão ideológica, filosófica ou sociológica. A ques-
tão é espiritual. O destino, o futuro da igreja estão em jogo. Não
podemos simplesmente virar as costas para o que está acontecendo.
Não se trata de lavar as mãos, não temos a opção de apertar a tecla
branca e não votar em alguém. Não podemos apertar a tecla verde
após digitarmos qualquer número para anular a nossa opção. Não!
Agora é a hora.
Como ouvir declarações semelhantes às de Billy Graham, abai-
xo, e não nos posicionarmos?
119
A verdade do PomaR do LAranJal

“... é isso que Deus está fazendo hoje, está chamando as pessoas do
mundo budista, ou do mundo cristão, ou do mundo dos descrentes.
São membros do corpo de Cristo, pois foram chamados por Deus.
Elas podem nem conhecer o nome de Jesus, mas sabem em seus cora-
ções que precisam de algo que não têm, e acho que estarão salvas, e
que estarão conosco no céu”.

Sabemos que Deus escolheu o próprio homem para usar e levar


a mensagem do Evangelho. Não precisamos citar aqui textos do
Novo Testamento que provam esta afirmação, pois é de domínio de
todos os conhecedores dos preceitos de /Cristo. Então não citaremos
os textos do apóstolo Paulo e nem mesmo as orientações de Jesus
Cristo, mas voltaremos nossa atenção para um texto do Antigo Tes-
tamento.
Sabemos que muitas das heresias que vêm sendo pregadas atu-
almente, procedem de interpretações do Antigo Testamento
Para jogar por terra interpretações indevidas citaremos o texto
de Ezequiel no capítulo 3:17-21:
Filho do Homem, eu o escolhi para ser o vigia do povo de Israel.
Quando você receber as minhas mensagens, deve transmitir cada
uma delas ao povo, sem demora. Quando eu disser ao pecador: você
está condenado à morte! Se você não entregar a ele a minha men-
sagem, se não mostrar que ele precisa mudar de vida para ser salvo,
ele será castigado com a morte por causa de seus pecados. Mas você
será castigado também; terá de prestar contas diante de mim pela
vida daquela pessoa. No entanto, quando você avisar ao pecador e
ele não se arrepender de seus pecados e desobediências, ele será cas-
tigado com a morte por causa de seus pecados, mas você não será
culpado – fez o que podia para ajudar. Da mesma forma, quando
um homem bom deixar de fazer o que é justo e passar a fazer o mal,
se você não avisar esse homem dos tristes resultados do pecado, eu
o castigarei com a morte por causa dos seus pecados. As boas obras
que ele antes fazia não o livrarão do castigo, mas Eu pedirei contas
a você pela vida daquele homem. Mas, se você avisar o homem bom

120
Paulo Cesar da Silva

para não pecar e ele obedecer, ele viverá e você também escapará ao
meu castigo.

Não é difícil imaginar, caso o Pr. Billy Graham estivesse falando


em nome de Deus-Pai, Jesus – o filho, à sua direita, dizendo: “Pai,
isso é verdade, o que o Billy está dizendo? Então quer dizer que todo
aquele meu sofrimento; todas as provações e tentações que tive que
vencer, a dor da solidão no Getsêmani, e a dolorosa morte na cruz,
foi só pra entrar pra história? Basta ao homem, tão somente, olhar
para as estrelas e dizer: ‘há um Deus’ e pronto?”
No dia 24 do primeiro mês do ano de 2002, o Papa João Paulo II
presidiu o Encontro Ecumênico de Oração pela Paz.
A BBC News Europe, versão eletrônica, resumiu o encontro:
O Papa João Paulo II levou 200 outros líderes religiosos a Assis, a
cidade natal de São Francisco, para um dia de orações pela paz.
Cardeais Católicos Romanos, irmãos mulçumanos, rabinos, judeus,
monges budistas, sikhs, bahais, hindus, jainistas, zorastristas e mem-
bros de religiões tradicionais africanas estiveram entre aqueles que se
reuniram para a oração. O Papa queria que o dia de oração reforças-
se sua mensagem após os ataques de 11 de setembro: que a religião
não deve ser um motivo para conflitos no século XXI.

Os líderes do mundo inteiro estão pregando que todas as religi-


ões devem se unir com base naquilo em que podem concordar. Isso
é um grande engano, uma grande mentira. Deus nunca aprovaria a
união da Luz com as Trevas.
Na ocasião da grave doença do Presidente eleito Tancredo
Neves, em uma consulta com um médico, diácono da PIB de Nite-
rói, perguntei o que ele achava da doença e da recuperação de Tan-
credo. Ele me respondeu mais ou menos assim: “a doença é grave,
mas não tenho dúvidas que Deus irá recuperá-lo”. Perguntei a ele em
que se baseava toda aquela convicção, e ele acrescentou: “você não

121
A verdade do PomaR do LAranJal

tem visto, na televisão, a união, as orações e súplicas que todos estão


fazendo em Brasília? Uma coisa linda, com católicos, espíritas, evan-
gélicos, todos unidos de mãos dadas suplicando a Deus num único
clamor e oração. Não tenho dúvidas que Deus ouvirá as orações; é
muita fé e devoção”.
Ao ouvir aquelas palavras lhe disse: “agora tenho certeza de que
o presidente está morto”.
Deus jamais ratificaria a união do seu povo com seitas e tradi-
ções satânicas. Em menos de uma semana, Tancredo Neves estava
sendo sepultado.
Jesus diz: “vocês erram por não conhecerem as Escrituras”.
Certa ocasião, fui questionado por algumas pessoas, crentes
antigos, que frequentavam o colégio, quando preguei que Cristo não
veio trazer a paz, mas ao contrário a divisão e a espada, conforme
texto de Mateus 10;34-39:
“Não imaginem que Eu vim trazer paz à terra! Pelo contrário, vim
trazer uma espada. Eu vim para lançar um homem contra seu pai,
e uma filha contra sua mãe, e uma nora contra sua sogra. Os piores
inimigos de um homem estarão justamente dentro da sua própria
casa! Se você tem amor a seu pai e a sua mãe mais do que tem amor
a Mim, não é digno de ser meu; e se você ama o seu filho ou a sua
filha mais do que a Mim, não é digno de ser Meu. Se você recusa
apanhar sua cruz e seguir-Me, não é digno de ser meu. Se você se
agarra à sua vida, você a perderá; mas se a desprezar por Mim, você
a salvará”.

Jesus não está, neste texto, convocando seus discípulos para


uma “guerra santa”. Ele está dizendo que as pessoas tomariam deci-
sões diferentes em relação a Ele. Há no meio dos cristãos batistas,
um grande líder que foi colocado para fora de casa por ocasião de
sua conversão e decisão de seguir a Jesus. Muitos Batistas do Esta-
do do Rio de Janeiro sabem de quem é esta história. É sobre isso
122
Paulo Cesar da Silva

que Jesus está afirmando. Caso seja preciso tomar uma decisão que
demande coragem, cuja consequência é a perda do amor da família.
O Pr. Paul Washer em um dos seus grandes sermões disse:
“você sabe como a bíblia ensina se você é salvo? Você sabe por que
sua vida está num processo de transformação e seu estilo de vida é
de alguém que anda nos caminhos do Senhor... uma das maiores evi-
dências de que você nasceu de novo, é que Deus não permitirá que
você fale como sua carne quer falar. Deus não permitirá que você se
vista como o mundo sensual e a igreja sensual permitem que você se
vista. Deus não permitirá que você ande como mundo, cheire como
mundo, fale como mundo, escute as coisas que o mundo escuta.
Deus fará DIFERENÇA NA SUA VIDA”.
No decorrer de seu sermão, o Pr. Washer ainda afirma: “se você
é membro da igreja e vive como o mundo vive, você não está cor-
rendo o risco de perder o galardão, você está correndo o risco é de ir
para o inferno”.
É duro ter que colocar essas palavras aqui. Mas eu creio que
grande parte dos membros das nossas igrejas nunca experimenta-
ram o novo nascimento. Billy Graham afirmou certa ocasião: “gosta-
ria de acreditar que pelo menos 5% das decisões em minhas cruza-
das tenham sido realmente conversões”.
Poderia citar o nome de alguns pastores e pregadores do evan-
gelho que pregam um belo sermão num dia e no outro estão no
motel com alguma amante.
Poderia citar o nome de vários “levitas” que após cantarem que
são “apaixonados por Jesus”, pegarem suas namoradas e conviverem
com elas maritalmente.
Você sabe qual é o sinal para saber se você é um cristão no Bra-
sil? Basta usar uma camisa gospel, colar um adesivo de sua igreja no
seu carro. Agora estão até tatuando o nome de Jesus em seus cor-
123
A verdade do PomaR do LAranJal

pos. Colocam alargadores de orelha com um versículo, e por aí vai.


Diferença na vida não há. Nem na aparência. Ainda citam a bíblia e
dizem o que Jesus nunca disse.
Esquecemos-nos de pregar que não é só a porta que é estreita.
O caminho também o é.
Enquanto em nossas igrejas se discute se devemos ou não proi-
bir os adolescentes e jovens de usar isso ou aquilo. Se devem ou não
usar brincos, fazer tatuagens, colocar piercing, se devemos deixar
que usem roupas que imitem os seus ídolos, ou deixem os seus cabe-
los coloridos imitando esse ou aquele jogador. Nos países onde não
há liberdade, pessoas estão dando suas vidas em “sacrifício vivo, san-
to e agradável a Deus”.
Ouçam os sermões pregados pelo Pr. Paul Washer. Muitos deles
estão disponíveis na internet através do site do youtube.
Há alguns anos, afirmei que o caos em que os batistas mergulha-
ram, se deve ao fato do então presidente da CBB, Pr. Nilson Fanini,
tentar unir as igrejas de várias denominações com base nas crenças
em que poderiam concordar, e ignorar aquelas doutrinas divisíveis.
Na ocasião, acreditava que era por pura vaidade, na tentativa de
lotar o Maracanã para celebrar mais um aniversário do “Reencon-
tro”, uma organização com fins sociais que passou a ser o carro chefe
da PIB em Niterói. Quando se falava da Primeira Igreja de Niterói,
primeiro se pensava no Pr. Fanini, depois se pensava no Reencontro
e por último no Senhor Jesus. Será?
Hoje, penso diferente. O objetivo sempre foi o ecumenismo
amplo e irrestritivo. Hoje entendo aquela foto grandiosa, exposta em
um enorme quadro em seu gabinete junto ao Papa João Paulo II.
Um discípulo deve ser um imitador de seu mestre. Billy Graham,
seu modelo e exemplo afirmou:

124
Paulo Cesar da Silva

“Penso que o povo americano está procurando um líder, um líder


moral e espiritual que acredite em algo. Ele (o papa) acredita. Ele
não usa palavras contenciosas em um único assunto... seu tema em
Boston foi realmente um: a chamada evangelística em que pediu que
as pessoas viessem a Cristo, para dar suas vidas a Cristo. Eu disse:
“Graças a Deus, agora tenho alguém com alguma autoridade real
que possa citar.1”

Caro leitor, amigo, irmão em Cristo, não nos deixemos levar


por jogos de palavras bonitas, do tipo, “união na adversidade”. Não
existe união entre Deus e Mamon. Consulte sempre as Escrituras e
em oração peça o discernimento do Espírito Santo de Deus.

1 A Hidden Agenda, pag. 408. Dra Burns relaciona seis fontes para essa citação:
seu livro pode ser adquirido na seção Bookstore do Site do Cuttind Edge.

125
A verdade do PomaR do LAranJal

Bola – o último ovo


deixado pelo diabo

No último dezembro, no dia 21, recebi em minha casa, Michel,


um fisioterapeuta, indicado por meu amigo Cal. Estou enfrentando
uma forte crise de coluna, e após alguns dias tomando medicação
e não percebendo resultados, tive que recorrer a um profissional, e
este é muito competente. Agradeço a Cal pelo carinho.
Por causa dessa enfermidade, que vim descobrir sobre sua gra-
vidade, já com meus quase 40 anos de idade, após muitas crises pre-
cisei abandonar o futebol.
Sempre que saía de casa, aos sábados, para jogar a minha bola,
embora não fosse muito bom como alguns afirmam. Craque de bola
era meu irmão Jorge Luís, que quase tornou-se um profissional do
futebol.
Mas quando eu saía a minha esposa dizia: “Já vai jogar bola” E
depois fica em cima da cama!” Posso garantir ao leitor que era preo-
cupação de verdade.
Quando me converti, não queria saber mais jogar bola. Acha-
va que era pecado. Aquilo que eu mais gostava de fazer, não queria
mais.

126
Paulo Cesar da Silva

Fui conversar com um professor, o pastor Arilton de oliveira,


sobre o assunto. Felizmente ele me convenceu que eu deveria con-
tinuar a jogar o futebol. Mas não como antes, querendo sempre
machucar o adversário. Agora era futebol de crente. Como é agra-
dável assistir aos jogos de jovens e homens crentes. Eles não brigam.
Um abraça o outro. Até quando o adversário marca um gol é motivo
de alegra e confraternização.
Recordo-me que a primeira vez que vi o Pr. Fanini foi na qua-
dra do Colégio Batista em Campos. A PIB de Niterói jogava contra
nós, os seminaristas, até o momento em que um jogador provocou
uma bela confraternização que fez com que o Pr. Fanini descesse das
arquibancadas e viesse participar da “união”, ou melhor, da confusão.
O título deste capítulo foi inspirado numa frase dita pelo Pr.
Arsênio Gonçalves: “a bola foi o último ovo que o diabo pôs no mun-
do”.
Há um fundo de verdade nessa frase. O futebol tem ocupado
muitos corações atualmente. Meu irmão, se você não consegue dei-
xar o seu tipo, que pode ser do coração, e ir para a igreja, aliás, gos-
taria de fazer um apelo: não perca o seu domingo na frente da tele-
visão. Após conseguir essa façanha, vai diminuindo aos poucos este
vício, até se libertar.
Outro dia ouvi de um irmão, amigo, tricolor, quando perguntei
a ele sobres as chances do nosso time no brasileirão, uma linda res-
posta: “Paulo, este ano quero amar menos o Fluminense e amar mais
a Jesus”.
Não tenho dúvida que um dos deuses do século XXI é o futebol.
Capaz de atrair milhões de pessoas aos estádios. Como loucos todos
torcem, xingam, brigam, matam.

127
A verdade do PomaR do LAranJal

O que tem dominado o seu coração, meu querido irmão? O seu


trabalho? A sua profissão? A sua empresa? A sua família? A sua igre-
ja? A sua denominação?
Saiba que qualquer coisa que domine sua mente e o seu coração,
que não seja o Senhor Jesus é pecado, é idolatria.
Certo pastor me contou, achando a maior graça, que seu pai,
diácono de uma grande igreja, não entrava para assistir ao culto, sem
antes saber pelo radinho de pilha, que carregava na bolsa do paletó,
o resultado do seu time do coração – “o mengão”. Disse ainda, que
o seu último desejo – deixando o pastor numa saia justa – era ser
sepultado com a camisa do flamengo e com a bandeira por cima do
caixão. Temo pelo destino da alma daquele irmão.
Mas jogar bola, como esporte, como exercício físico, como disse
o Pr. Anilton, creio ser muito saudável.
Recebíamos em Campos, certa ocasião, uma caravana do Laran-
jal, em um intercâmbio com a Igreja pastoreado pelo Pr. Jurandir
Gonçalves Rocha.
Fomos para a rua evangelizar na praça onde realizaríamos um
culto relâmpago. Ao chegarmos no local, um grupo de jovens batia
aquela “pelada”. Não poderíamos realizar a programação ao ar livre
como havia sido planejado. Os pastores sugeriram que desistíssemos
e voltássemos dali mesmo. Pedi a eles que me dessem um minuto
que falaria com eles.
Ao me aproximar, a bola veio parar em minha mão. Peguei-a,
coloquei debaixo do braço e me dirigi para o centro do campo.
Todos me encaravam de um jeito zombador. Afinal de contas,
com apenas 18 anos, vestindo um terno ridículo, gravata nada com-
binando com a camisa e um par de sapatos que precisava ficar de

128
Paulo Cesar da Silva

lado para conversar com as pessoas de tão bicudo que era, não pode-
ria ser diferente.
Chamei-os ao centro e disse: “Faço 100 embaixadinhas com essa
bola em troca de vocês cederem o espaço por 30 minutos para reali-
zarmos um culto. Pregaremos sobre o amor de Deus pelos homens,
por vocês, revelado em Seu filho, Jesus Cristo”.
Eles olharam para o meu pé, viram aquele sapato ridículo, já
empenado, e disseram rindo: “topamos!”
Peguei a bola. Dei a minha bíblia para um deles segurar e come-
cei. “Vamos contar: 1, 2, 3, 4 5, ... 99, 100, 101, 102, 103, 104, 105,
106, chega”.
Saí com a bola debaixo dos braços.
Virei-me para todos que assistiram a tudo, assustados com
aquela atitude, e disse: “venham, vamos realizar o culto. Temos 30
minutos”.

129
A verdade do PomaR do LAranJal

Por duas vezes dentro,


estando fora;
por duas vezes fora,
estando dentro

Antes da mensagem daquela noite, o pastor pede que a igreja


ore pelo Raimundo. Aquele senhor vai a frente e com os olhos úmi-
dos pelas lágrimas, que tentava segurar, encara a igreja num pedido
de ajuda e socorro.
Desanimado da carreira cristã, cansado pela caminhada difícil
que o verdadeiro evangelho impõe, espera recuperar o ânimo e reco-
meçar a sua vida cristã.
Naquela noite, pensei, não apenas naquele irmão que teve a
coragem de ir à frente se expor, mas também, em dois tipos de cren-
tes e em dois tipos de igreja. Há também dois tipos de membros de
igreja: o salvo e o perdido.
Pode parecer confuso, mas não é. Talvez você esteja pensando
que os dois tipos de crentes sejam o carnal e o espiritual.
Vou explanar para que seja esclarecido o porquê do título deste
capítulo, caso você não tenha entendido o seu significado.

130
Paulo Cesar da Silva

Na verdade, a primeira vez que estive dentro da igreja, estando


fora, foi por ocasião do meu batismo, ainda criança. Foi um batismo
para trazer alegria a meus pais. Creio que isto seja muito comum
ainda nos dias de hoje.
A segunda vez que estive dentro, me sentindo fora, foi mais
penoso e doloroso para mim. Já convertido, havia me afastado de
Deus. Após experimentar o voo da águia, havia mergulhado na lama
como um porco.
A culpa dominou o meu coração. A consciência, o temor, e o
tremor a Deus não permitiam que sentisse a alegria da salvação e da
comunhão. Estava dentro, estando fora.
Abatido e sem alegria, alguns membros da igreja perceberam
que havia algo de errado comigo. Um diácono procurou o pastor da
igreja e disse: “estou preocupado com Paulo César. Ele está igual em
1986. Ele está muito estranho”.
Logo foi acalmado pelo pastor que, procurado por mim, na épo-
ca, me aconselhou que não pedisse exclusão da igreja e que deixasse
o tempo passar. Foi dada ao diácono essa explicação. Ao ouvir estas
palavras, em vez de discordar da atitude pastoral, saí aliviado. Estava
com medo de que o episódio de setembro de 1986 se repetisse.
Tal atitude revelou duas verdades:
1ª – estava mais que comprovado que não entendera nada do
que acontecera em Laranjal;
2ª – demonstrou total desconhecimento da palavra de Deus que
diz:
“Que coisa terrível é vocês estarem gabando-se de sua própria pure-
za, enquanto deixam continuar esse estado de coisas. Vocês não
compreendem que se permitirem que uma única pessoa continue
pecando, logo todos estarão contaminados?”

131
A verdade do PomaR do LAranJal

Esta é a orientação de Paulo, o último apóstolo, à igreja “espi-


ritual” de Corinto. Paulo (o último apóstolo) continua dizendo que
“quando lhes escrevi antes, eu disse que não se misturassem com
gente ruim, porém, quando eu disse isso, não estava falando de des-
crentes que vivem em pecados sexuais, ou são trapaceiros ganancio-
sos, ou ladrões, ou adoradores de ídolos. Porque vocês não podem
viver neste mundo isolados de gente desse tipo. O que eu queria
dizer era que vocês não devem fazer companhia a ninguém que se
diz irmão em Cristo, porém cai em pecados sexuais, ou é ganancioso,
ou é um caloteiro, ou adora ídolos, ou é um bêbado, ou um desafo-
rado. Nem ao menos almocem com alguém dessa espécie. Não é de
nossa responsabilidade julgar os de fora. Mas não há dúvida de que
é nossa obrigação julgar e tratar com rigor aqueles que são membros
da igreja e estão pecando nessas coisas. Só Deus é o juiz daqueles que
estão de fora, mas vocês mesmos precisam falar com esse homem e
ele deve ser posto fora da igreja.”
O apóstolo Paulo não está dizendo que não haja amor e com-
paixão dentro da igreja de Cristo. Ao escrever aos cristãos de Éfeso,
diz: “deixem de ser mesquinhos, irritados e mal-humorados. As con-
tendas, as palavras ásperas e a antipatia pelos outros não devem ter
lugar na vida de vocês. Em vez disso, sejam bondosos uns para com
os outros, compassivos, perdoando-se mutuamente, tal como Deus
os perdoou por vocês pertencerem a Cristo.”
Aquele diácono, na verdade, como tantos líderes e pastores
nas igrejas de hoje, não tem autoridade para cumprir o que a Bíblia
fala. Aliás, nunca se falou tanto em Jesus como nos nossos dias. O
personagem mais comentado no mundo todo é Jesus Cristo. Nun-
ca se escreveu tantos livros sobre Jesus Cristo em toda a história da
imprensa. “Nunca antes, na história desse país”, se distribuiu tantas
bíblias!

132
Paulo Cesar da Silva

O Senado Federal comemorou, em sessão especial, no dia


20/06/2011 a impressão da centésima milionésima bíblia (100
milhões) pela SBB – Sociedade Bíblica do Brasil. A sessão foi solici-
tada pelo senador Marcelo Crivella. O mesmo senador que no final
do mesmo ano presenteara o seu tio, R.R. Soares com um passaporte
diplomático.
Quantas bíblias há hoje nas casas! Só em minha casa não tem
menos de 8 bíblias. Uma média de quase 3 bíblias por pessoa.
Hoje, assim como igrejas, tem bíblia para todo tipo e gosto. A
Sociedade Bíblica do Brasil – instituição sem fins lucrativos (espero
que seja mesmo) já lançou diversas versões. Tem a bíblia dos cami-
nhoneiros, dos atletas de cristo, que diga-se de passagem, o lança-
mento foi uma verdadeira festa, com a presença de atletas, políticos,
etc.
Agora a última grande novidade da SBB: a bíblia que pode ser
lida debaixo d’água. Já pensou? Que barato! Quem é mergulhador
não terá necessidade de privar-se da leitura de um texto bíblico. É
uma bíblia impressa 100% em material plástico, com a edição do NT,
à prova d’água e de intempéries. Totalmente impermeável, permite
que a palavra de Deus seja lida ainda que o leitor esteja à beira da
piscina, na praia, e até na chuva.
Acho uma excelente ideia, principalmente na praia e piscina,
porque além de uma boa leitura, a Bíblia servirá, quem sabe, tam-
bém, para cobrir o corpo de nossas irmãzinhas e mocinhos, que
muitas vezes, usam biquínis e sungas mais indecentes que o povo
descrente.
Você deve estar dizendo: você que afirma que ninguém tem o
dom de cura em nossos dias, vai também dizer que a bíblia não tem
poder para mudar as pessoas? Claro que sim! Afirmo com toda con-
vicção da minha alma!

133
A verdade do PomaR do LAranJal

No programa exibido no dia 17 de novembro de 2011, o apre-


sentador Jô Soares, diz, após ouvir um entrevistado falar que o gru-
po Novos Baianos fazia cigarros de maconha com páginas da Bíblia
comenta: “A Bíblia tem 1001 utilidades!”
Imediatamente. o Pr. René de Araújo Terra Nova, criou um
abaixo assinado na internet para exigir a retratação do apresentador.
Fico, realmente, muito comovido por tanta preocupação com a pala-
vra de Deus.
Receio que o Jô tenha dito uma verdade. Já ouvi muitos pastores
afirmarem: “A Bíblia é a mãe de todas as heresias”.
É esta mesma bíblia que líderes gananciosos usam para tirar
dinheiro do povo e chegar ao poder; para ganhar fama. O Terra
Nova – “filho de peixe, peixinho é” – já comemorou o sucesso: “já
conseguimos 13 mil assinaturas até a noite de quinta-feira (15).
Meu pai, em 1973, fez um projeto de lei, no município de São
Gonçalo, para que as sessões na Câmara iniciassem apenas após uma
leitura bíblica. O projeto foi aprovado, virou lei, e vigora até os dias
atuais.
O que pensar disso? Foi boa ideia? A Câmera melhorou? Foram
dadas pérolas aos porcos, como o próprio Jesus orientou que não
fizéssemos? “Não deem pérolas aos porcos! Eles pisarão as pérolas.
Não deem coisas santas aos homens depravados. Eles voltarão para
atacar você.”
Quando completei a idade de me alistar nas forças armadas – no
exército brasileiro – ao participar da seleção percebi que um jovem
portava a bíblia, tentava “evangelizar” os demais rapazes. Ao redor
dele, zombavam e pediam que citasse a Bíblia. Ao me aproximar, abri
espaço entre os rapazes e me dirigi ao jovem e muito furioso lhe dis-
se: “você não vê que está lançando pérolas a esses porcos?” Imedia-

134
Paulo Cesar da Silva

tamente começaram a se retirar. Finalmente, pude mostrar, àquele


crente, que não deveria atirar as preciosas pérolas, a palavra de Deus,
às pessoas que não a queriam.

135
A verdade do PomaR do LAranJal

Os últimos capítulos:
Escritos “de joelhos”

Em 1974, quando cursava o 1º ano de Bacharel em Teologia,


pela primeira vez, em Campos, STBF, cujo reitor era o Pr. Ebenezer,
com quem tive o prazer de conviver por 1 anos.
Na ocasião fiz uma viagem de trem, partindo de Campos em
direção a Recreio – MG. A IBL mantinha dois trabalhos missioná-
rios em MG. Um em Palma, onde pude pregar por muitas vezes,
uma, muito jovem, logo após a minha conversão em 1971.
Foi uma longa e cansativa viagem. Ao chegar à estação fui rece-
bido pelo irmão Sebastião de Jesus, que logo for me contando uma
história: “Irmão Paulo, aqui é muito difícil pregar o Evangelho. O
povo é muito católico. O irmão não imagina o susto que tomei quan-
do, pela primeira vez, vi os irmãos passando em frente a nossa con-
gregação, por ocasião de um programa “Todos de Joelhos”.
Fiquei impressionado com a história e disse ao irmão que acre-
ditava que pessoas se converteriam naquela série de conferências.
Ele começou a rir e disse: “Irmão Paulo, como aqueles irmãos
poderiam desfilar sem os seus joelhos?”
Gostaria de contar para o amigo leitor que havia uma situação
desagradável ocorrendo naquela congregação. Muitos irmãos não

136
Paulo Cesar da Silva

queriam mais participar dos trabalhos. Dias antes, a porta da igreja,


acompanhado de alguns diáconos, tinha estado ali na tentativa de
resolver o problema, sem sucesso.
A questão era que o dirigente da igreja, o irmão Sebastião de
Jesus, estava sendo acusado por uma jovem de assédio sexual.
Reuni o grupo “rebelde” numa única casa para conversar na
tentativa de resolver o problema.
Comecei a reunião com uma oração. Após contei a seguinte his-
tória: “irmãos conheci um jovem que foi acusado por uma mulher,
está casada, e possuía um pedaço da camisa do acusado em suas
mãos, após a tentativa frustrada de usá-la, pediu a seu marido que
tomasse uma posição.”
Perguntei aos irmãos presentes qual deveria ser a atitude daque-
le marido, que era o patrão daquele jovem, e havia sido acolhido em
sua residência, por não possuir seus pais. Aquele rapaz era como um
filho para ele. Agora, no entanto, vê sua esposa sendo humilhada
pelo jovem ingrato.
Todos puderam falar. Alguns até tentaram defender o rapaz.
Mas todos acreditaram na história daquela mulher.
Após todos falarem, lhe disse: esse jovem que eu conheci se cha-
mava José.
Ficaram espantados e sem graça. Levantei e disse: quero ver os
irmãos todos logo mais a noite na igreja para nossa primeira con-
ferência. À noite, todos, sem exceção, estavam lá, alegres com sua
bíblia e cantor cristão à mão.
A série de conferências foi um sucesso. Os irmãos voltaram a
sorrir e apoiar o irmão Sebastião.

137
A verdade do PomaR do LAranJal

Na última noite, no domingo, uma decisão sob pressão ocor-


rera. No final da mensagem, após a decisão de duas pessoas, disse:
“existe uma pessoa aqui que se decidiu, mas não está tendo forças,
para tomar sua decisão por Jesus”.
Repetimos uma vez mais a última estrofe do hino. Fiquei ali
insistindo, até que um irmão, sabiamente, me fez um sinal apontan-
do para o relógio. Tomei um susto! Sem graça, terminei dizendo:
“vou devolver a palavra ao dirigente, mas antes quero me dirigir a
você, meu amigo, no caminho de casa, aceite a Jesus como Salvador.
Hoje Ele quer salvar você”.
Após o culto fui à casa de um irmão para jantar, a seu convite.
Tempo bom! Naquela época, seminarista era respeitado.
Ao voltar para casa, já tarde, cansado, mas feliz, já deitado, o
irmão Sebastião – nós dormíamos na própria congregação, que na
verdade era uma grande casa adaptada para as reuniões – me contou
duas histórias: uma bonita e outra terrivelmente triste.
Como você não pode escolher qual quer ouvir primeiro, se a
boa ou a má, eu vou começar pela boa:
“Irmão Paulo, mais cedo alguém bateu à porta. Achei que era
o irmão. Ao abrir, tive uma surpresa: tratava-se de um homem que-
rendo falar com você. Disse que o irmão não estava e que não demo-
raria, e sugeri que ele o esperasse. Disse que não precisava e agrade-
ceu, e pediu que lhe desse um recado. O recado é o seguinte: ‘Estava
quase chegando em casa quando Jesus tocou no meu coração. Eu
pude aceitá-lo. Eu era a pessoa que Ele disse que precisava aceitar a
Jesus antes de chegar em casa.
Gostaria que o irmão dissesse a ele que vou para minha casa
salvo por Jesus’.

138
Paulo Cesar da Silva

A outra história triste, foi uma outra piada bem diferente da pri-
meira que ouvi quando cheguei, e não vou contar por ser de cunho
pornográfico envolvendo um velho e uma menina.
Naquela noite fui dormir convicto que a história de José não se
repetia em Recreio.
Não é preciso dizer que não estava escrevendo este capítulo de
joelho, mas sim, com os joelhos.

139
A verdade do PomaR do LAranJal

Fé + Obra = Salvação

Todas as vezes que pregava usando o texto de Marcos 10:17 a


22, sobre o Jovem Rico, dizia no final da mensagem que Jesus só que-
ria provar àquele jovem que ele era um mentiroso ao afirmar que
conhecia e cumpria os mandamentos desde a sua juventude.
Afirmava, caso o jovem aceitasse o desafio do Senhor Jesus de
vender tudo que possuía, repartir com os pobres e o seguisse, ouvi-
ria: “estou só testando você. Vá! Aproveite a fortuna. Viaje pelo mun-
do. Conheça tudo que o meu Pai criou para o benefício do ser huma-
no. Vá e seja feliz”! e daqui alguns anos, quando você morrer, eu o
receberei no Paraíso”.
Para reforçar a minha tese, usava como exemplo, Dimas, aquele
ladrão da direta da cruz de Cristo, que fez uma das mais belas decla-
rações de fé que já ouvi.
“Um dos criminosos ao lado zombava: ‘então você é o messias,
não é? Prove isso, salvando a si mesmo e a nós também””!
Mas o outro criminoso protestou: “você não teme a Deus nem
quando está morrendo? Nós merecemos morrer pelos nossos cri-
mes, mas este Homem não fez nenhuma coisa ruim”. Em seguida
disse: “Jesus, lembre-se de mim quando o Senhor entrar em seu Rei-
no”.

140
Paulo Cesar da Silva

E Jesus respondeu: “Hoje você estará comigo no Paraíso. Esta é


uma promessa”.
Dimas, o assassino, conseguiu ver o que os Judeus, escribas,
fariseus e doutores da Lei, não conseguiram. Reconheceu que aquele
que morria ao seu lado não era um homem comum. Enxergou o Rei,
que tinha um trono e que era eterno.
Uma vez, o Pr. A. me fez a seguinte pergunta: “Paulo, onde você
colocaria a vírgula? Antes ou depois do advérbio de tempo “hoje”.
Se colocar antes é uma coisa. Se colocar após, é outra coisa”. Só uma
informação. No grego não existe vírgula.
Numa outra ocasião, disse: “A bíblia é um livro que damos a
interpretação que quisermos. Levamo-la para onde quisermos”.
De certa forma ele estava com razão. Já ouvi, por várias vezes, a
seguinte frase: “A Bíblia é a mãe de todas as heresias”.
Por isso, podemos ver pessoas que acreditavam e defendiam
certa doutrina e hoje pensam e agem de forma diferente. Posso dar
como exemplo, uma vez mais, Silas Malafaia. Não quero me referir
à questão política em que ele apoiava a candidata Marina Silva e, de
repente, passou a apoiar o Serra. Não quero dar a minha opinião,
como muitos que o acusaram de má fé. Não entendo por que os líde-
res religiosos estão entrando na política para valer. Isso é conversa
para mais adiante. Não quero me referir a sua mudança de opinião
em relação à Rede Globo de Televisão. Gostaria de parabenizar Lucas
Gonzaga pelo belo artigo que escreveu sobre o assunto. Vou destacar
um pequeno trecho:
“... anos atrás Silas Malafaia comparecia à Record para defender
o Macedo contra a Globo. Tá certo que segundo um religioso, Silas
recebia 40 mil dólares para fazer isso, tentador, não é”?

141
A verdade do PomaR do LAranJal

Só para não restar dúvidas, “um religioso”, é o reverendo Caio


Fábio. Continua:
“mas agora entendemos o porquê de o Silas ficar criticando o Edir
Macedo em seus programas. Silas está unido com a Globo. Será que
também recebe um trocadinho da emissora como recebia na Record?
Ou o benefício é simplesmente ter sua imagem divulgada sem ter que
pagar milhões como a coca-cola faz”?

Não, não me refiro à preferência de Rede de Televisão. Quero


me referir a questões mais relevantes.
Por exemplo, na questão G12. Sobre o assunto gostaria de dar
os meus parabéns ao Prof. João Flávio Martinez, fundador do CACP
– Centro Apologético Cristão de Pesquisas, graduado em história
e professor de religiões, assinou o artigo: “Essa foi tremenda: Silas
Malafaia, Renê Terra Nova e Valnice Milhomens”, publicado em
24/01/2009 e que dispõe o seguinte:
“Recebemos a informação que durante o Congresso Passando o
Manto com líderes de visão celular como: Apóstolo René Terra Nova,
apóstola Valnice Milhamens, Profeta dr. Morris Cerulho e Ver. Dr.
Mike Murdock, entre outros, o Pr. Silas Malafaia pediu PERDÂO à
apóstola Valnice. O perdão seria pelas ofensas, agressões verbais e
calúnias que liberou muitos anos por causa da visão do G12”.

Fazendo uma pequena observação, penso que o Silas deveria


fazer a obra completa. Pedir perdão a milhares de evangélicos que
compraram o seu DVD que expunha as suas razões bíblicas para
condenar o G12. Aliás, tive acesso a um que me foi cedido certa oca-
sião. Além do perdão, é claro, devolver a grana que faturou desses
ingênuos crentes que insistem em enriquecer esse tipo de profeta. O
artigo diz ainda que:
“após essa atitude, a multidão liberou brados extravagantes e muitas
lágrimas diante dessa tão ‘maravilhosa’ atitude.

142
Paulo Cesar da Silva

O que percebemos é que o Pr. Silas Malafaia se perdeu nessa


questão e pendeu-se para o lado de movimentos e pessoas heréticas.
Lamentamos, pois tínhamos nele uma pessoa salutar ao evangelho,
mas hoje fica difícil de sustentar esse mesmo sentimento. Por isso,
oremos pelo evangelho no Brasil”!!
Quero rapidamente abordar a questão da prosperidade. Li um
artigo no blog do Roberto Soares o artigo: “Cai a máscara de Silas
Malafaia”. Nesse artigo, o autor mostra a sua tristeza, ao enxergar,
após algum tempo a verdadeira face desse impostor.
Diz o artigo:
“Há algum tempo, bem antes que meus olhos começassem a se abrir
para a realidade da Graça de Deus em oposição a religião em que
vivia, eu era um grande admirador do Silas Malafaia.
Sempre acompanhava seus programas e os achava mais interessantes
que os do Movimento da CPAD.
Algum tempo depois conheci os textos de Caio Fábio e suas palavras
baseadas na bíblia e, juntamente com isso as denúncias de certos
ícones cristãos, entre eles Silas Malafaia.
De início não levava tão a sério as denúncias até que comecei a
enxergar no modo de agir dele algo estranho a partir do ataque dele
a Globo e apoio incondicional a quem se declare evangélico no episó-
dio do casal Hernandes”.

Gostaria, caro leitor, de fazer um pedido a você. Pesquise mais.


Ore mais. Peça sabedoria a Deus. Tiago na sua carta escreve: “se qui-
serem saber o que Deus quer que vocês façam, perguntem-lhe, e ele
alegremente lhes dirá, pois está sempre pronto a dar uma farta pro-
visão de sabedora a todos os que lhe pedem. Ele não se ofenderá com
isso”.
Sabemos que hoje, o Silas optou por pregar o evangelho da
prosperidade. Neste mesmo artigo o autor faz essa observação. Para
defender esse evangelho, chamou os crentes que ofertam sem inte-

143
A verdade do PomaR do LAranJal

resse de trouxas. Chamou os crentes que acham que não podem exi-
gir mais nada de Deus de bobos. Uma vez que este Deus já nos deu o
maior presente, a maior dádiva: o seu único filho. A estes Silas cha-
mou de pseudo-crentes, chamou de hipócritas e que querem exibir
uma santidade que não existe.
Para finalizar este capítulo vamos voltar ao tema. A carta de Tia-
go foi chamada por Lutero de palha. Todos nós sabemos que Lutero
se converteu lendo a carta do Apóstolo Paulo.
Confesso que não entendia a parte desta carta que diz: “verifi-
cais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente”.
Achava que a ideia que Tiago tinha era oposta à do apóstolo
Paulo. Em Efésio, lemos: “porque pela graça sois salvos, mediante
a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus: não de obras, para que
ninguém se glorie”.
Agora compreendo o que os dois apóstolos quiseram dizer. A
salvação é igual a fé mais obra. Os dois estão certos. Tiago ainda
escreve: “você acha que o caminho para Deus é pela fé sozinha, sem
nada mais; ora eu digo que as obras são importantes também, por-
que sem obras você não pode provar se tem fé ou não; mas qualquer
um pode ver que eu tenho fé pelo modo como procedo”.
O que Tiago está dizendo é que a verdadeira fé produz obra, ou
seja, ação. Paulo, o último apóstolo, não está contradizendo o que o
apóstolo Tiago afirma. Isto se chama EVIDÊNCIA DE FÉ.
O jovem rico foi para o inferno, não porque era rico. Mas por-
que não teve a FÈ que faria com que “fosse e vendesse toda a sua
fortuna e distribuísse com os pobres”.
“E Jesus, fitando-o, o amou e disse: só uma coisa te falta...” Que-
ro assegurar que apesar dessa afirmação ele foi parar no inferno.
Jesus nos contou uma história:

144
Paulo Cesar da Silva

“Cuidado! Não andem sempre querendo o que vocês não têm. Por-
que o valor da vida que alguém tem não depende da quantidade de
bens que possui”.

Então apresentou uma comparação:


“um homem rico tinha uma fazenda que deu boa colheita. Com isso
seus depósitos ficaram cheios – e ele não podia colocar tudo lá den-
tro. O homem pensou no seu problema. Que devo fazer? Finalmente
exclamou: “já sei – eu vou derrubar os meus depósitos e construir
outros maiores! Assim terei espaço suficiente para guardar tudo.
Depois eu vou descansar e dizer para mim mesmo: ‘amigo, você
guardou o suficiente para os anos futuros. Agora sim! Coma, beba
e alegre-se’. Mas Deus lhe disse: “louco! Você esta noite morrerá. E
então, quem ficará com tudo isso”? Mais adiante, Jesus conta outra
história: “era uma vez um homem rico, disse Jesus, a que se vestia
muito bem e vivia todos os dias em prazer e luxo. O rico também
morreu e foi sepultado, e sua alma foi para o inferno”.

Jesus nunca disse, como alguns afirmam, que os ricos não


podem herdar o reino dos céus. Jesus disse que por serem ricos e
confiarem em suas riquezas, isso se torna realmente quase impossí-
vel.
Resumindo, Dimas não anula o que Tiago escreve. Dimas pos-
suía a FÉ. Só não teve tempo de pela obra mostrar a sua fé.
Confesso que tinha muita dificuldade em entender a Carta do
apóstolo Tiago. Principalmente a parte que diz:
“não foi por obras que Abrãao, o nosso pai, foi justificado, quando
ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? Vês como a fé operava
juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se
consumou, e se cumpriu a Escritura, a qual diz: ora, Abrãao creu em
Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e, foi chamado amigo de
Deus”. Tiago 2:21-23.

145
A verdade do PomaR do LAranJal

Não há nenhuma contradição com o que o apóstolo Paulo fala


sobre a salvação em Efésios 2:7 a 9:
“e agora Deus pode sempre nos mostrar como exemplos de como Sua
bondade é riquíssima, como é revelado em tudo quanto Ele fez por
nós por intermédio de Jesus Cristo. Devido à sua bondade é que vocês
foram salvos, mediante a confiança em Cristo. E até a própria fé em
Jesus não vem de vocês mesmos; é uma dádiva de Deus também.
A salvação não é uma recompensa pelo bem que fizemos, portanto
nenhum de nós pode obter qualquer mérito por isto”.

O que o apóstolo Paulo escreve logo adiante no capítulo 5:5:


“Podem estar certos disto: o reino de Cristo e de Deus nunca será de
ninguém que seja impuro ou ganancioso, pois uma pessoa ganancio-
sa, na realidade, é uma idólatra: ama e adora as coisas boas desta
vida mais do que a Deus”.

No capítulo 4:2-4:
“agora as suas atitudes e os seus pensamentos, tudo deve estar cons-
tantemente mudando para melhor. Sim, você deve ser uma pessoa
nova e diferente, santa e boa. Vista-se desta nova natureza”.

O apóstolo João escreve em sua 1ª Carta no capítulo 2, versículo


4 que
“alguém poderá dizer: “eu sou cristão, ou estou no caminho do céu,
eu pertenço a Cristo”. Mas se não fizer o que Cristo lhe manda, é um
mentiroso”.

Certa ocasião, um irmão foi procurado por certa irmã que esta-
va confusa por viver com um homem, segundo ela, ele era viúvo,
ela, no entanto, ainda era casada. O conselho dado aquele irmão foi
no sentido de que ela orasse para que também se tornasse viúva, ou
seja, pedisse a Deus que matasse o seu ex-marido. Uma vez que ele
entendia que ela estava em adultério. De certa forma, aquele irmão

146
Paulo Cesar da Silva

estava certo. Segundo o que Jesus fala sobre o divórcio em Marcos


cap. 10:11-12 “quando um homem se divorcia da esposa para casar-
-se com outra, comete adultério contra ela. E se a esposa se divorciar
do marido e se casar, ela também comete adultério”.
Mas isso é impossível de ser cumprido, você vai dizer. Não, não
é impossível, é muito difícil. Por isso que Jesus diz que é difícil che-
gar aos céus. Por isso que Ele disse que poucos vão entrar no céu.
Você não vai entrar por não ter obra. Você não vai entrar por não ter
a fé que faz você realizar a obra.
Veja o que Jesus diz em Mateus 5:29 a 30:
“Portanto, se o seu olho – olho com que você enxerga melhor – faz
você cobiçar, arranque e atire para longe. É melhor que seja destruí-
da uma parte de você, do que ser lançado você todo no inferno. E se
a sua mão – até mesmo a sua mão direita! – faz você pecar, corte e
jogue longe. É melhor isto do que você se ver no inferno”.

Eu diria àquela irmã: pare de pecar. Mesmo que isso lhe traga
grande sofrimento. Só há uma saída: fique só!
O divorciado, que segundo Jesus, se casar novamente, está em
adultério, não irá para o céu pelo fato de ser adúltero, apenas. Mas
porque, na verdade, não possui a FÉ, que o levaria a deixar o pecado.
Não é isso que Jesus quis dizer em Lucas 14:26 e 27:
“Todo aquele que quer ser meu seguidor deve amar-me bem mais
do que, ao seu pai, mãe, esposa, filhos, irmãos ou irmãs – sim, mais
do que a própria vida; caso contrário, não pode ser meu discípulo. E
ninguém pode ser meu discípulo se não carregar sua própria cruz e
seguir-me”.

Ainda diz, em Mateus 10:39 que “se você se agarra à sua vida,
você a perderá; mas se a desprezar por Mim, você a salvará”.

147
A verdade do PomaR do LAranJal

Você se recorda o que Jesus disse à mulher adúltera? Ele não


disse “vá e seja uma benção”, como afirmou o pastor A. certa ocasião,
numa quinta-feira, aliás, muito bem observado pelo irmão Ilton que,
imediatamente, falou ao meu ouvido: “irmão Paulo, Jesus não disse
isso. Ele disse: ‘vá e não peque mais’”.
Você quer ir para o céu, meu irmão? Então mostre a sua fé obe-
decendo a lei que Jesus deixou.
Quando falamos de princípios bíblicos, sobre o que devemos
fazer e o que não devemos fazer, como devemos viver e como não
devemos viver; todos começam a exclamar: “legalista, legalista”.
Jesus diz em Mateus 7:23:
“Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartem-se de
mim, vocês que dizem ser meus discípulos, que me confessam como
Senhor, porem vivem como se eu nunca tivesse lhes dado uma lei
para obedecerem”.

No nosso cristianismo moderno, cultural, diz-se: “Passe pela


porta! Louve a Deus! Viva como o resto do mundo, tudo bem! Você
só é um crente carnal”.
Não existe crente carnal. Você não pode transformar um texto
isolado numa doutrina. É isso que fizeram. Há 60 anos num semi-
nário Batista nos EUA, pegaram o capítulo3 de I aos Coríntios e
criaram a figura do crente carnal. Precisamos ler todas as cartas do
apóstolo Paulo e ver que ele jamais diria que um cristão, um crente,
pode ter uma vida na carnalidade e ser salvo.
À mesma igreja ele escreve na 2ª Carta, cap. 13:
“façam a verificação em vocês mesmos. Vocês são realmente cristãos?
Passam pela prova? Sentem cada vez mais a presença e, o poder de
Cristo dentro de vocês? Ou estão apenas fingindo-se cristãos, quando
não são absolutamente nada? Espero que vocês possam concordar

148
Paulo Cesar da Silva

que nós passamos por aquela prova e pertencemos verdadeiramente


ao Senhor”.

O apóstolo Pedro nos adverte em sua 2ª Carta, cap. 3:15 e 16:


“... o nosso amado irmão Paulo já falou com grande sabedoria acerca
destas mesmas coisas em muitas das suas cartas. Algumas explica-
ções dele não são fáceis de entender, e há pessoas intencionalmen-
te ignorantes que sempre estão pretendendo alguma interpretação
fora do comum; eles torceram as cartas dele de todos os lados, para
significar, uma coisa completamente diferente daquilo que ele que-
ria dizer, tal como fazem com as outras partes das Escrituras mas o
resultado é a ruína deles”.

Eu prefiro ficar com o que Jesus falou: poucos os que vão se


salvar e ponto final. A história está a meu favor. Pegue sua Bíblia e
leia desde Gênesis. Quando foi que um grande número foi salvo? No
tempo de Noé: 8 pessoas. Em Sodoma e Gomorra: Ló e suas duas
filhas. Não se esqueça o que Jesus disse: “) (Quando eu voltar) o mun-
do estará (tão indiferente para com as coisas de Deus) como estava
o povo no tempo de Noé. Eles comiam, bebiam, e se casavam - tudo
como de costume, até o dia em que Noé entrou na arca, o dilúvio
veio e destruiu a todos. O mundo estará também como nos dias Ló:
o povo andava para lá e para cá em seus negócios diários - comendo
e bebendo, comprando e vendendo, cultivando e construindo - até
aquela manhã em que Ló deixou Sodoma. Então, fogo e enxofre cho-
veram do céu e destruíram a todos. Sim, será um dia normal como
os outros, até à hora da minha volta. Lucas 17:26-30. BLH

149
A verdade do PomaR do LAranJal

Seja um bereano
Baseado no artigo do Pr. Marcelo Augusto missionário da IMN

Paulo, o último apóstolo, escreveu 13 cartas para várias igrejas.


Uma delas merece destaque: A igreja de Bereia – cidade da Macedô-
nia onde havia três igrejas: Tessalônica, Filipos e Bereia.
O Apóstolo Paulo após ser expulso de Tessalônica foi para a
igreja de Bereia que era pequena, pobre, mas possuía imenso valor.
Os crentes de Bereia eram investigativos, pesquisadores, verdadeiros
detetives em busca de provas.
Vejamos o que diz o doutor Lucas, o médico amado do apóstolo
Paulo: LC 17:11
“Como reagimos às exortações feitas no culto? Será que pelo
menos refletimos no que foi dito? Será que olhamos para o que as
Escrituras dizem a respeito?
A Folha Renascer publicou um artigo escrito por Paulo Cam-
pos, com o seguinte tema: “As heresias de Renê Terra Nova na con-
ferência apostólica”.
A participação do patriarca Renê Terra Nova na conferência apos-
tólica, na última sexta-feira, 15 de julho, foi um verdadeiro “terro-
rismo” aos ensinamentos bíblicos. Por orientação de Renê, os parti-
cipantes da conferência tiveram que repetir por diversas vezes “eu
sou apostólico”, com frases repetitivas e fora de contextos bíblicos, se
gloriava por levar o título de apóstolo.
150
Paulo Cesar da Silva

Agora vamos ler e meditar no que foi dito naquela oportuni-


dade. Como um verdadeiro bereano, eu o convido a pesquisar na
palavra de Deus o que será exposto a seguir. O Apóstolo Pedro diz:
“estes mestres, em sua ganância, dirão qualquer coisa pra se apossa-
rem do dinheiro de vocês. Mas Deus já os condenou há muito tempo
e a destruição deles está a caminho”.
Uma coisa temos que admitir: eles são muito criativos.
Veja o que foi dito em uma igreja neopentecostal em Brasília:
“Querido, antes de receber o que vocês têm para oferecer para
Deus, queria que algumas pessoas me trouxessem todos os tipos de
notas em Real aqui na frente para lhes dar uma demonstração de
como ser verdadeiramente abençoados nas finanças”.
Com o objetivo de levantar uma boa oferta, o criativo, e “mes-
tre, em sua ganância”, continua:
“Gente, veja que a nota de 2 reais é representada por uma tar-
taruga. Sabe o que significa? Ela só serve para uma oferta medíocre!
Você quer uma oferta que vem a passos de tartaruga? Uma bênção
que vem lentamente, quase parando? A nota de 5,00 é representada
por uma garça! Sabe onde as garças vivem? Elas adoram um man-
gue. Irmão, é na lama que você quer viver?”
Já ouvi um pastor amigo fazer uma bela ilustração usando exa-
tamente essa figura. Dizia ele: “irmão, seja como uma garça. Você foi
salvo para viver neste mundo, no meio do pecado. Observe a garça.
Apesar de viver na lama não suja suas penas”.
Mas continuando o espetáculo: “já a nota de 10 reais, ela possui
uma arara, gente, arara vive voando! Crente não voa baixo como ara-
ra. Mas alto como Águia! Essa nota não serve para Deus.
A nota de 20 reais tem um mico. Você vai “pagar um mico” ofer-
tando só isso?
151
A verdade do PomaR do LAranJal

Já a nota de 50 reais tem uma onça. Irmãos a onça até que é


interessante, mas ela está em extinção. Portanto a sua benção não
está em extinção, creia! Olha, fique sabendo... nem “onça” serve para
Deus!
Já a nota de 100 reais, querido irmãos, tem um peixe. Sabe o
que o peixe simboliza? O cristianismo! Se você quer ser abençoado,
não ofereça tartaruga, garça, arara, mico ou onça, mas dê ao Senhor
o que Ele merece: peixe”!
Sem comentários! Vamos voltar a nossa história.
Tomando por base I aos coríntios 12:28 Renê argumentou e
enfatizou que o apóstolo é de fundamental e extrema importância
para a obra de Deus e disse ainda que “os milagres só acontecem hoje
por causa do povo apostólico”. Explicou por que Deus escolheu pri-
meiramente o apóstolo: “o apóstolo é aquele que abre todas as por-
tas, e é por causa dele que os outros são formados. Os apóstolos são
aqueles que dão passagem àqueles que vão chegando. Durante muito
tempo, a Igreja perdeu o sobrenatural, pois fechou a porta para os
apóstolos. A ideia apostólica é uma ideia divina. Veio do coração de
Deus para doutrinar o povo para viver milagres, prodígios e maravi-
lhas. Os apóstolos são embaixadores, patriarcas e generais”
Para Renê, os apostólicos são aqueles que estão debaixo da
cobertura de um apóstolo.
Vejamos algumas frases antibíblicas e hilárias dele na conferên-
cia apostólica:
“Todo povo apostólico é um sonhador, então conte-me seu
sonho que eu te direi seu caminho.”
“Quando chega um apóstolo, os principados e potestades saem
correndo”.
“Você é uma ideia de Deus”

152
Paulo Cesar da Silva

“O povo apostólico é mestre na arte de receber.” – Disso não há


dúvida!
“Todo apóstolo é um profeta, mas nem todo profeta é um após-
tolo.”
“Deus só sabe fazer uma coisa: milagre”.
“o apóstolo é a visão perfeita de Deus”.
“quando o manto apostólico (apóstolo) recebe ataques... é dife-
rente dos outros mantos como os dos pastores. Nosso manto é o da
linha de frente.”
“O apóstolo é aquele que abre todas as portas.”
“Com a volta do manto apostólico aconteceu, (vou corrigir)
aconteceram, os sinais, prodígios e maravilhas.”
“Os apóstolos são os responsáveis pelos milagres que estão
acontecendo hoje”.
“Eu juro...”
“São os apóstolos que são os responsáveis para fazer a rota do
caminho real. Somos patriarcas, enviados de Deus, para o gran-
de milagre. Deus usa os apóstolos para fazer milagres, prodígios e
maravilhas.”
“Os apóstolos têm a responsabilidade de abrir caminhos.”
“Os apóstolos vivem no futuro. Nós (apóstolos) vamos emitir
um decreto”.
Bem, fica difícil usar a mesma prática dos bereanos. Como se
pode investigar, pesquisar nas Escrituras Sagradas o que esse mal-
-intencionado disse? Confesso que ainda não li a Bíblia toda. Caso
você, seguidor do Pr. René Terra Nova, tenha a localização de onde
nas escrituras ele tirou tantas informações, por favor, envie para
mim.
Seja um bereano: creio que os irmãos de Bereia tenham aberto
mão de muitos afazeres, lazer, descanso... a intenção deles, ao se reu-
nirem diariamente, não era criticar. O propósito era conferir e apro-

153
A verdade do PomaR do LAranJal

fundar em conhecimentos da palavra de Deus. Era Paulo pregando


e eles estudando minuciosamente, detalhando o que Paulo pregava.
Eles eram pobres e atravessavam tribulações, mas queriam
investigar, queriam a verdade de Deus. No Grego no verbo exami-
nar está associado a uma investigação para o tribunal. Quando um
bom advogado quer fazer uma boa defesa e obter sucesso, ele inves-
tiga, pesquisa outros casos semelhantes, examina os erros e acertos
cometidos no processo. Vê e examina a jurisprudência existente
sobre o tema.
O que os falsos mestres querem é que recebamos as informa-
ções sem questionar.
Por exemplo: a unção do riso. Procure conhecer onde isto
começou.
Acesse o site do CREIA e lá procure pelo artigo do Pr. João Ela-
vio Martinez – A Unção do Riso.
Há um trecho neste artigo que diz o seguinte:
“os cultos promovidos pelos pregadores são de aparência igual a
qualquer culto em uma igreja pentecostal ou carismática. Muito
louvor e na hora da mensagem começam a falar que algo novo vai
acontecer na vida das pessoas que ali estão, e que elas serão cheias
de alegria naquela noite. Em meio às pregações começam a ouvir
pessoas rindo de forma incontrolável, algumas gargalham a ponto
de cair ao chão”.

Seja, pois, um bereano, siga o exemplo daquela igreja: não é à toa


que o apóstolo Paulo elogia aqueles irmãos. Ali, não havia dinheiro,
não havia vida fácil. Estavam passando por tribulação. O termo tri-
bulação empregado neste contexto por Paulo descreve uma fornalha
onde os metais são colocados para retirar toda a impureza.

154
Paulo Cesar da Silva

Eles estavam numa verdadeira fornalha, mas viviam em obedi-


ência a Deus e com abundância alegria.
Quantas vezes encontramos com alguns irmãos na igreja “tris-
tes”, sem nenhuma alegria. Interessante que o apóstolo Paulo recebe
a oferta daqueles irmãos.
Vamos refletir também a respeito da oferta de uma igreja rica,
orgulhosa e problemática: a igreja de Coríntios.
Irmãos, sejamos um crente bereano. Não aceitemos as heresias
que vem assolando a igreja de Cristo: maldições hereditárias, mal-
dições de família, unção do riso e tantas outras práticas estranhas à
Palavra de Deus.
Irmãos, voltemos à simplicidade do Evangelho. A Palavra de
Deus nos mostra a simplicidade da fé cristã. Uma fé exclusiva em
Cristo “sem apetrechos neojudaizantes, ou macumbas neopentecos-
tais”.

155
A verdade do PomaR do LAranJal

Programa para depois


da minha morte
Manoel Bandeira

“Depois de morto, quando eu chegar ao outro mundo,


Primeiro quererei beijar meus pais, meus irmãos, meus avós, meus
tios, meus primos.
Depois irei abraçar longamente uns amigos - Vasconcelos. Ovalle,
Mário...
Gostaria ainda de me avistar com o santo Francisco de Assis.
Mas quem sou eu? Não mereço.
Isto feito, me abismarei na contemplação de Deus e de sua glória
Esquecido para sempre de todas as delícias, dores, perplexidades
Desta outra vida de aquém-túmulo”.

Outro dia conversando com minha esposa, lhe falei: “se no céu
pudermos nos reconhecer, não espere que a procure logo que ali
chegar. Não procurarei por voe, por minhas filhas, netos, genro, pai,
mãe, irmãos, irmã. Quero ver Jesus. Quero tocar na Sua face. Con-
templar o Seu rosto. Segurar naquelas mãos perfuradas pelos pregos
que eram para mim. Quero ouvi-lo. Quero adorá-lo quero estar com
Ele. Depois de uma eternidade ter se passado, aí então, talvez, pro-
cure por você”.

156
Paulo Cesar da Silva

Tenho estado pensativo e preocupado com a afirmação de Billy


Graham que estava ansioso para partir e estar com sua esposa. Fica
claro nas entrevistas dadas, no decorrer dos últimos anos.
Billy Graham tem se revelado uma grande decepção. Vou resu-
mir ao máximo estas entrevistas, por se tratar de uma pessoa que
admirei a minha vida toda. No entanto, não tenho o direito de omitir
a dura verdade que, aqui, uma vez mais, será revelada:
Confesso, de todo o meu coração, a minha tristeza, ao desco-
brir que o maior pregador do século XX, nem sequer crê na própria
salvação.
Vamos aos fatos:
1º Com relação à Salvação do mundo.
Declara em entrevista, que crê na salvação das pessoas que nun-
ca ouviram falar de Cristo.
Afirmando ter certeza de que as pessoas que não conhecem
Jesus Cristo como Salvador, também poderão ser salvas. Ele conce-
deu a seguinte entrevista:
Schuller: “Em sua opinião qual será o futuro do cristianismo?”
Graham: “Bem, o cristianismo, e sendo um verdadeiro crente,
acho que existe o Corpo de Cristo. Ele vem de todos os grupos cris-
tãos no mundo inteiro, fora dos grupos cristãos. Acho que todos que
amam a Cristo, ou conheçam a Cristo, estejam eles cientes disso ou
não, são membros do Corpo de Cristo... Acho que o apóstolo Tiago
respondeu a isso no primeiro concílio em Jerusalém, quando dis-
se que o propósito de Deus para esta época é tomar um povo para
o seu nome. E é isso que Deus está fazendo hoje, está chamando
as pessoas do mundo para o seu nome, independente se elas vêm
do mundo islâmico, do mundo budista, ou do mundo cristão, ou o
mundo dos descrentes, são membros do Corpo de Cristo, pois foram
157
A verdade do PomaR do LAranJal

chamadas por Deus. Elas podem nem conhecer o nome de Jesus,


mas sabem em seus corações que precisam de algo que não têm, e
voltam-se para a única luz que têm, e acho que estão salvas, e que
estarão conosco no céu.”
Schuller: “O que você está dizendo então é que é possível que
Jesus Cristo venha aos corações dos homens, mesmo que eles este-
jam nas trevas e nunca tenham ouvido sobre a Bíblia? Essa é a inter-
pretação correta daquilo que você está dizendo?”
Graham: “Sim, acredito nisso. Já conheci pessoas em várias par-
tes do mundo que vivem em situações tribais, que nunca viram ou
ouviram falar sobre a Bíblia, e nunca ouviram falar de Jesus, mas
crêem em seus corações que há um Deus, e tentam viver uma vida
separada na comunidade em que estão inseridas.”
Schuller: “Fico emocionado em ouvir isso de você. Há uma
grandeza na misericórdia de Deus!”
Graham: “Realmente há.”
Mais uma vez precisamos ser um bereano. Vamos às escrituras.
O próprio Jesus disse: “eu sou o caminho, a verdade e a vida. Nin-
guém pode chegar até o Pai, a não ser por Mim”. Jô 14:6 Bíblia Viva
Ora, se Deus, o Pai, pudesse salvar àqueles que somente cres-
sem nEle, o primeiro a ser salvo seria o próprio Satanás. Veja o que
Tiago diz: “Ainda existe alguém entre vocês que sustenta que ‘apenas
crer é suficiente’? crer num único Deus? Ora, lembrem-se que os dia-
bos também creem isso – com tanta convicção que até tremem de
terror!” Tiago 2:19
Ainda podemos tirar a seguinte conclusão: por que Deus sacri-
ficaria o Seu único Filho na Cruz? Para que tanto sofrimento? Ali
naquela cruz abandonado pelo Pai, sofreu a terrível morte da Cruz.
Como disse o Apóstolo Pedro. E lembrem-se que seu Pai Celestial,
a quem vocês oram, não tem preferidos quando julgar. Ele julgará
158
Paulo Cesar da Silva

vocês com perfeita justiça por tudo quanto fizerem; portanto, pro-
cedam com um respeitoso temor a Ele, desde agora até chegarem ao
céu.
“Deus pagou um resgate para nos livrar do insuportável cami-
nho que seus pais tentaram seguir para chegar ao céu, e o resgate que
Ele pagou não foi simplesmente ouro ou prata, como vocês sabem
muito bem, mas Ele pagou por vocês o precioso sangue de Cristo, o
Cordeiro de Deus sem pecado e sem mancha”.
SE nós acreditarmos na palavra de Billy Graham, vamos, ime-
diatamente, trazer de volta para o convívio de seus familiares, os
milhares de missionários espalhados pelo mundo numa tentativa,
num esforço, para alcançar àqueles que não conhecem a Jesus.
Vamos economizar milhões de reais que estão sendo investidos
para buscar esses perdidos, pois Deus já o está chamando, pois o seu
propósito foi abandonado. A morte de Jesus. Todo o seu sofrimento.
Tudo foi em vão. O Apóstolo Pedro se equivocou quando escreveu
“Deus O (Jesus) escolheu para este propósito muito antes do princí-
pio do mundo ...”
O último Apóstolo, Paulo, se equivocou ao escrever Romanos
10:13-15:
Como dizem as Escrituras Sagradas: Todos os que pedirem a ajuda
do Senhor serão salvos. Mas como é que as pessoas irão pedir, se não
crerem nele? E como poderão crer, se não ouvirem a mensagem? E
como poderão ouvir, se a mensagem não for anunciada? E como é
que a mensagem será anunciada, se não forem enviados mensagei-
ros? As Escrituras Sagradas dizem: Como é bonito ver os mensagei-
ros trazendo boas notícias!

Billy Graham estaria chamando Jesus de mentiroso quando


afirmou: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode
chegar até o Pai, a não ser por Mim.”

159
A verdade do PomaR do LAranJal

2º Com relação a sua própria Salvação – Entrevista no Fox


News em 2/01/2000, informado no boletim The Calvary Contender,
volume XVII de 15/01/2000.
Tony Snow: “Quando chegar ao céu, quem vai falar primeiro,
você ou Deus?’
Graham: ‘Quando eu chegar lá, tenho certeza de que Jesus me
dará as boas-vindas. No entanto, acho que ele vai dizer: ‘Muito bem,
servo bom e fiel.’ Ou talvez ele diga: ‘Você está no lugar errado.’”
Snow: “O senhor realmente se preocupa que possa ouvir que
está no lugar errado?
Graham: “Sim, porque não sou um homem justo. As pessoas
me colocam em um pedestal ao qual não pertenço na minha vida
pessoal. Elas me acham melhor do que realmente sou. Não sou o
homem bom que as pessoas pensam. Os jornais, as revistas e a televi-
são me transformaram em um santo. Mas não sou. Não sou a Madre
Teresa. Sinto bem isso”.
É uma pena ouvir uma declaração dessa de um pregador como
o Billy Graham. Já pude ouvi-lo por muitas vezes. Ainda criança,
com apenas 5 anos de idade, tivemos o privilégio de vê-lo, num
Maracanã totalmente lotado, em 1960. era a campanha: “Cristo a
Única Esperança”.
Em 1974, no mesmo Maracanã, agora como seminarista, pude
vê-lo bem de perto. Ouvi grandes mensagens. Todas bíblicas e falan-
do que Jesus é o único Salvador.
Quantas vezes o ouvi pregar sobre a Justificação! Dizia ele:
“quando Deus olha para você, é como se você nunca tivesse pecado
algum”.
Citava a Bíblia como a infalível Palavra de Deus. Ele não dava a
localização dos textos citados. Eu creio que usava esse método para
160
Paulo Cesar da Silva

que as pessoas não se distraíssem ao tentar localizá-los. Ele dizia


assim: “A Bíblia diz...”
Agora, descrê de tudo que pregou. Quanto ao inferno declarou:
“Quando se trata de fogo literal, eu não prego sobre isso porque eu
não tenho certeza sobre isso”.
Ao afirmar que imagina que a melhor tradução para “Mar Ver-
melho” fosse “Mar de Juntos”, está desacreditando que Deus real-
mente realizou o milagre do Mar Vermelho.
3º Billy Graham e a Vida Eterna
Lee Harrison: “Há vida após a morte”:
Graham: “Uma experiência sobrenatural me provou isto. Viva
eu tantos anos que minha existência permitir, jamais. Todavia esque-
cerei aquela espetacular experiência, assombrosa, tida junto ao leito
da minha avó moribunda, retornando à consciência e falando com o
marido já morto, face-a-face”.
Nessa entrevista, faz alusão que os cientistas da atualidade estão
chegando à mesma conclusão de que ele, da verdade de que a morte
não existe, e sim a continuação da vida, após a morte, com a presen-
ça do Espírito falando aos que ficaram na Terra.
Continua, Billy Graham, “sentado na cama de minha avó mater-
na; o quarto escuro iluminou-se repentinamente filtrando uma luz.
E então, começou a grande experiência, pois a luz elétrica estava des-
ligada e a avó sentou-se, coisa que não fazia há vários dias. Muito
pálida vivia, e tornou-se colorida a sua face, e sorriu. Ela estendeu
os braços para mim e exprimiu o nome do seu marido BEN, o qual
havia morrido há vários anos. Ele vivera – durante o último período
da sua vida sem um olho e sem um braço, perdidos na GUERRA
CIVIL norte-americana, da qual participara”.

161
A verdade do PomaR do LAranJal

Continua Billy: “olhando em minha direção, disse: ‘Eu vejo


BEN! Ele está todo inteiro novamente. Seu braço e seu olho retorna-
ram. Eu estou indo com BEN””.
Billy Graham conclui, dizendo: “E com estas palavras ela caiu
sobre o travesseiro e morreu! – o quarto retornou à escuridão ante-
rior!”.
Lee Harrison: “Qual foi a sua reação, o que você sentiu”?
Graham: “fiquei atordoado, estonteado quando vi o quarto cla-
rear com luz sobrenatural e a minha avó falar e ver o seu marido e
deixou-me indestrutível impressão de que há vida depois da morte.”
Billy Graham deve ter se esquecido da parábola que Jesus con-
tou do rico e Lázaro, que pregou tantas vezes. Lá, na parábola, Jesus
deixa claro que é probido aos mortos voltar à Terra.
Também deve ter se esquecido daquele episódio, quando os
saduceus, quenão acreditavam na ressurreição dos mortos fizeram
essa pergunta a Jesus: “Senhor, Moisés disse que se um homem mor-
resse sem filhos, seu irmão deveria casar-se com a viúva eos filhos
deles ficariam com todas as propriedades do morto. Ora, tivemos
entre nós uma família de 7 irmãos. O primeiro destes homens casou-
-se e logo morreu, sem filhos, e assim sua viúva se tornou esposa do
segundo irmão.”
Eles continuam contando a história que se repetiu até que mor-
rese o sexto irmão e finalmente a viúva se casou com o sétimo. Ou
seja, ela se tornou esposa de todos os sete irmãos. Eles continuam:
“depois ela morreu também. Então, de quem ela será esposa na res-
surreição? Por que foi esposa de todos os sete!”
A intenção deles era deixar Jesus numa situação complicada.
Sempr quando faziam uma pergunta, o objetivo não era realmente
aprender algo novo. A intenção era pegá-lo em alguma contradição.

162
Paulo Cesar da Silva

Mas Jesus responde: “o erro de vocês é causado pela sua igno-


rância nas Escrituras e do poder de Deus! Pois na ressureição não há
casamento; cada um é como os anjos do céu”.
Para finalizar a conversa, Jesus conhecendo a incredibilidade
dos saduceus, completa: “mas agora, se há ressurreição dos mor-
tos ou não – vocês nunca leem as Escrituras? Não compreendem
que Deus estava falando diretamente a vocês quando disse: Eu sou
o Deus de Abraão, Isaque e Jacó? Portando, Deus não é o Deus dos
mortos, mas dos vivos”.
É uma pena que Billy Graham tenha se revelado dessa maneira.
Confessa que gostaria de deixar a surpresa para o grande dia – o
Juízo final
Como o Apóstolo Paulo escreveu em Timóteo no último dia
saberemos a realidade d muitos pastores, diáconos, cantores, mem-
bros, enfim, naquele dia sabereão de tudo e de todos. Jesus disse:
“mais do que qualquer outra coisa tomem cuidado com esses faiseus
e com a maneira como eles parecem ser bons; quando na verdade
não sao. Porém este fingimento não poderá ser escondido para sem-
pre. Pois se tornará tão evidente como o fermento em massa. Tudo o
que foi dito no escuro, será ouvido na claridade, e o que se cochichou
dentro de casa, será anunciado dos telhados, para que todos ouçam”!
Lucas 12:1-3
Antes de finalizar este livo, gostaria que que você meditasse um
pouco no fim que tiveram os apóstolos de Jesus. Se já não bastasse
todo sofrimento que tiveram, toda provação que passaram, veja que
tragédia foi o final de suas vidas. Segundo a tradição lemos:
1. André – crucificado
2. Bartolomeu – surrado, esfolado e depois crucificado.
3. Tiago Menor – filho de Alfeu – Apedrejado até a morte.

163
A verdade do PomaR do LAranJal

4. Tiago Maior – filho de Zebedeu – decapitado


5. João – morreu de velhice – irmão de Tiago Maior, era tam-
bém pescador e foi o autor do 4º Evangelho e também do Apocalipse.
Segundo a tradição, sob o imperador Domiciano, foi colocado den-
tro de uma cadeira com óleo fervendo, mas saiu ileso. Em Patmos,
para onde foi degradade, escreveu o Apocalipse e, segundo consta
viveu e morrem em Éfeso, onde foi sepultado.
6. Judas, o não Iscariotes – apedrejado até a morte.
7. Mateus – perfurado com lanças até a morte. Também cha-
mado Levi, era coletor de impostos e foi o autor do 1º Evangelho.
Outras fontes referem que Mateus teria sido martirizado por apedre-
jamento, queimado e decapitado na Etiópia.
8. Pedro – crucificado de cabeça para baixo.
9. Filipe- crucificado.
10. Simão Zelota – crucificado.
11. Matias – apedrejado até a morte.
Quando vislumbramos essa realidade podemos pensar: será que
vale a pena, viver para Jesus e morrer por Jesus, se necessário for?
Todos os personagens da bíblia só conseguiram viver par Deus,
para o Evangelho, porque tinham uma unica esperança: o céu!
“Abraão confiou em Deus, e quando Deus lhe disse que deixas-
se a sua pátria e fosse para longe, a outra terra que Ele prometera
dar-lhe Abraão obedeceu. E foi embora, sem ao menos saber para
onde ia. E mesmo depois que chegou à terra prometida por Deus, ele
morou em tendas como um simples hóspede, como fizeram Isaque
e Jacó, a quem Deus fez a mesma promessa. Agraão fez isso por-
que estava esperando confiadamente que Deus o levasse àquela forte
cidade celestial, cujo arquiteto e construtor é Deus.

164
Paulo Cesar da Silva

E no final do capítulo 11 de Hebreus, o autor conclui: “E estes


homens de fé, embora tivessem confiado em Deus e recebido a sua
aprovação, nenhhum deles recebeu tudo quanto Deus lhes havia
prometido; porque Deus queria que lhe esperassem e participassem
das recompensas ainda melhores que estavam preparadas para nós”.
Talvez, meu caro irmão e amigo, Deus não realizará os seus
sonhos, por que tem algo muito melhor para você. Creia nisso que!
Deixe de olhar para trás e também para frente. Olhe para cima.
Olhe para o céu!
O evangelho de hoje quer prendê-lo aqui. Saiba qune o que lhe
oferecem hoje: uma vida próspera, uma vida de sucesso, uma vida
cheia de bençãos materiais, isso é na verdade uma estratégia de Sata-
nás para que você deixe de olhar para a essência do verdadeiro evan-
gelho.
O que Jesus lhe promete está escrito em Mateus 6:31 e 32:
“Portanto ao se preocupem de forma alguma com a necessidade de
comida e roupa suficientes. Não sejam como os pagãos! Pois eles se
orgulham dessas coisas todas, e estão muitíssimo interessados nelas.
Mas o Pai Celeste, que vocês têm, ja sabe muito bem que vocês preci-
sam delas. E Ele as dará a vocês, se O colocarem no primeiro lugar de
suas vidas. Portanto não fiquem preocupados com o dia de amanhã.
Deus cuidará do dia de amanhã para vocês também. Já é suficiente a
preocupação de cada dia”.

No mesmo capítulo Ele diz: Não se preocupem em acumular


riquezas aqui na terra, onde tudo pode estragar-se ou ser rouba-
do. Guardem, sim coisas preciosas no céu, onde nunca perdem seu
valor, e estão livres dos ladrões! Se as riquezas estiverem no céu, o
seu coração também estará lá”.
No domingo de natal do ano de 2011, dei um abraço gostoso em
meu amigo, o Pr Emiliano. Via em seu rosto uma alegria e satisfação
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A verdade do PomaR do LAranJal

por ter podido levar para sua terra natal, na semana que antecedeu o
natal, uma carreta repleta de alimentos para o povo de um municí-
pio no interior do Ceará. Quanta miséria encontramos, ainda, neste
país.
No mundo morrem 24 mil pessoas de fome todos os dias. Tenho
uma amiga que leva 1 hora para almoçar. Isso significa que quando
começa a saborear a sobremessa, 1000 pessoas já morreram de fome.
Dessas mil, 458 são crianças.
Enquanto isso, na maioria das igrejas está se pregando tudo,
menos o amor às pessoas, aos pobres e aos perdidos. Um evangelho
cada vez mais egoísta.
Aliás, a ciência pode ter uma resposta para tanta indiferença
dos que se dizem evangélicos, principalmente, os dessas igrejas que
tem enfestado o nosso país nos últimos anos com suas heresias.
Li um excelente artigo escrito por Lúcia Helena de Oliveira com
o seguint tema: “Silêncio: Som demais”. Recomendo sua leitura. É só
digitar em um site de busca. Neste artigo ela fala das doenças pro-
vocadas pelo excesso de barulho: distúrbios auditivos, sérios proble-
mas cardíacos e digestivos.
Voltando a questão do desinteresse e egoísmo, a resposta pode
estar também na questão do excesso de barulho.
“Segundo os cientistar, o humor e a solidariedade das pessoas
pioram quando o barulho golpeia o que se chama audição primitva
– aquela que permite escutar o som dos próprios movimentos. Uma
experiência em uma Universidade Americana provou que o barulho
faz diminuir o interesse pelos outros e as boas maneiras. Pequenos
grupos de estudantes acompanharam o pesquisador num passeio
pelo prédio; ao atravessarem determinado corredor, alto-falantes
escondidos faziam soar um barulho, ento o cientista deixava cair um
livro: apenas seis em cada dez estudantes tomaram a iniciativa de
166
Paulo Cesar da Silva

pegá-lo. Repetida a experiência com outro grupo e dobrada a inten-


sidade do barulho no corredor, só três em cada dez alunos resolve-
ram catar o livro”.
Bem, gostaria de chama a sua atenção para o fato de que não
apreciar som alto na igreja não é questão espiritual é, sobretudo,
racional, de saúde pública.
Nos EUA as danceterias são obrigadas a fixar o seguinte aviso
na prota: “Aqui você está sujeito à surdez”.
Duvido que no Brasil alguém assinaria a autoria de uma lei
semelhante. Nao apenas para as danceterias, mas para as igrejas que
dizem seguidras do Senhor Jesus e, no entanto, sequer respeitam as
lei existente e aos vizinhos que sofrem com tanto barulho em suas
reuniões.
Se você pegar os jornais, todo dia tem gente processando algu-
ma igreja em algum lugar pelo excesso de barulho.
Vou fazer um apelo aqui a essas igrejas, já que que desrespeitam
à lei e ao próximo, respeitem a si mesmos. Ou vocês não sabem que
temos que preservar nossa saúde, pois o nosso corpo é Templo do
Espírito Santo?!

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A verdade do PomaR do LAranJal

Epílogo

Caro leitor, se você estiver lendo esse epílogo, muito provavel-


mente caminhou por todo o livro. Espero que tenha entendido o
principal objetivo deste trabalho.
Em vinte e dois de março de 2012, na qualidade de Presidente
do Partido da República de SG, desde 2008, ao participar da soleni-
dade de inauguração da sede do partido nesta cidade – conforme
mostra foto abaixo – ouvi uma pertinente ilustração contada pelo
Presidente Regional do partido, Deputado Federal Anthony Garo-
tinho.

A história versava sobre um rei que se recusava a se deixar retra-


tar em razão de seu proeminente nariz, à moda Cirano de Bergenrac.

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Paulo Cesar da Silva

Após renitente insistência do príncipe, seu filho, o pai concorda em


posar para o retrato, com a condição de que o pintor deveria execu-
tar uma obra que o agradasse, sob pena de sentença de morte. Três
candidatos corajosos se apresentam para a tarefa. O primeiro, em sua
nudeza acadêmica, retratou o rei como era, com nariz real e tudo. Ao
ver o retrato, o soberano, tomado de ira, condenou o ousado pintor
à morte imediata. O segundo, desejando agradar e escapar da forca,
pintou a figura real com um nariz extremamente suavizado, o que
levou o rei a acusá-lo de descarada bajulação. Outro que foi parar na
forca. O terceiro, já avisado pelas mortes de seus colegas, retratou o
rei numa cena de caça, atirando com o arco. Do alto de seu cavalo o
rei fazia mira, com a mão convenientemente cobrindo o narigão. O
nariz estava lá, todos sabiam, mas encoberto pela mão do rei. Nem
é preciso acrescentar que o rei recompensou gratamente o artista.
Bem, qual a moral dessa história contada por Garotinho? Ao
nos dirigirmos às pessoas, podemos optar por verdades cruas e radi-
cais (o caso do primeiro pintor); podemos escolher a rasgada baju-
lação (como o segundo artista); ou, como o terceiro retratista, pode-
mos oferecer verdade com amor. As relações interpessoais devem
ser presididas pelo bom senso e respeito ao ponto de vista alheio.
Podemos ser verdadeiros com educação e urbanidade.
Por fim, gostaria de pedir desculpas a quem, possivelmente se
sinta ofendido ou magoado por uma ou outra passagem deste livro.
Minha intenção, como afirmei no prefácio, nunca foi a busca de
uma verdade “minha” ou o simples ataque a quem quer que seja. Ao
contrário, procurei sempre o foco central da verdade que exaltaria
a Pessoa de Deus e seu Reino aqui na Terra. Entretanto, se por fal-
ta de habilidade redacional ou pelo simples fato de ter siso tomado
pela emoção ao relembrar o passado, ofendi e machuquei alguém,
minhas sinceras e comovidas desculpas.

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A verdade do PomaR do LAranJal

Post Scriptum

Talvez alguém esteja curioso para saber o que aconteceu após a


reabertura do galpão e a organização da Congregação pela PIB em
Jardim Catarina. Depois da vitória, partimos para a compra de um
terreno onde seria construído o templo da futura igreja.
Alguns poderão imaginar não ter havido maiores dificuldades
para a compra do terreno, em razão do cheque recebido do Almir
Rodrigues. Porém, qual não foi a nossa surpresa quando o tesoureiro
do grupo, José Luis da Silva, constatou que o cheque (pré-datado)
carecia de fundos.
Mas esse não foi nosso maior problema. Os recursos, Deus pro-
videnciaria. A questão foi que alguns irmãos desejavam que a igreja
fosse organizada o mais longe possível da IBL. Foi encontrado um
terreno na subida da Caixa d’água que foi dado como o ponto de
construção.
Na ocasião, afirmei que Deus já havia escolhido outro local, um
terreno de esquina, na Rua Sebastião Leme, lote 4, quadra 45, em
Laranjal. Por sinal, um terreno bem mais caro do que o da Caixa
d’água. Mas era ali o local da futura igreja. Como somos regidos pelo
sistema democrático, na assembleia que decidiu pela compra, preva-
leceu a vontade da maioria, no caso, a aquisição do terreno da Caixa
d’água.

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Paulo Cesar da Silva

Após a votação eu disse para o grupo que até poderíamos cons-


truir um templo no local escolhido pela Congregação, mas a igreja
seria organizada no templo que seria construído na Rua Sebastião
Leme.
No dia primeiro de Maio de 1992, era organizada a Igreja Batis-
ta Central em Laranjal, na rua Sebastião Leme! (Anexo X)
E a justiça? O que aconteceu? Alguém pode perguntar. Num
domingo, pela manhã, no final de Abril de 1990, o pastor A exibe a
sentença proferida pelo Juiz de Direito Dwight Cerqueira, e afirma
que “irmãos, até a justiça dos homens está do meu lado. A sentença
nos foi favorável.”
De posse da sentença, eu nunca procurei alguém para desmen-
tir a afirmação do pastor A; hoje, no entanto, todos terão a oportuni-
dade de ler a sentença proferida (ANEXO XI).

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Anexos

Anexo I - Foto mãe - Enedina - 94 anos

Anexo II - Sr. Marcelino em seu aniversário de 93 anos

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Anexo III

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Anexo IV

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Anexo V

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Anexo VI

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Anexo VII
Foto do local onde se reunia o “grupo do Estephânia”.

Anexo VIII
Sessão Solene - Centenário da CBF - 2007

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Anexo IX
Reabertura do galpão e organização da congregação da PIB do
Jardim Catarina

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Anexo X

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Anexo XI

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