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BRUXARIA
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Carlo Ribas
BRUXARIA
O DESVENDAR DE SEGREDOS OCULTOS
5ª Reimpressã o
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Ribas, Carlo
Bruxaria - O Desvendar de Segredos Ocultos
2ª Ediçã o - Paraná - Brasil
Carlo Ribas Ministries - 130p
CATEGORIA:
Batalha Espiritual - Espiritualidade - Vida Cristã
DIREÇÃO EXECUTIVA:
Francine Gava de Morais Ribas
AUTOR:
Carlo Ribas
REVISÃO DE TEXTO:
Anderson Cruz
TERCEIRA EDIÇÃO:
Setembro de 2015
Todos os direitos sã o reservados.
E proibida a có pia ou reproduçã o parcial deste livro
sem autorizaçã o do autor ou do Carlo Ribas Ministries,
exceto por citaçõ es breves em crıt́icas, revistas ou artigos.
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Não te espantes diante deles, porque o SENHOR,
teu Deus, está no meio de ti, Deus grande e temível.
(Deuteronô mio 7:21)
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Luiz, estou orando por sua conversão
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Agradecimentos
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PREFACIO
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Introduçã o
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CAPITULO UM
O Inıćio
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Satâ nica, responsá vel em passar os conhecimentos
organizacionais do satanismo para novos membros. Alé m de um
mestre em conhecimentos, ele era um grande mago, termo
usado por sacerdotes que desenvolvem a magia ativamente.
Fazia rituais, encantamentos e muitas açõ es má gicas.
Sem que eu soubesse, minha mã e tinha um chamado
dentro da Tradiçã o: gerar um descendente para o meu avô , uma
vez que os filhos dele, meus tios, nã o haviam sido aceitos pelos
demô nios designados por Sataná s naquela é poca, para dar
continuidade à Tradiçã o em nossa famı́ l ia. Na ordem
numeroló gica, da cabala, o nú mero 3 é um nú mero que
simboliza a maldiçã o, impureza. No satanismo nã o se utiliza
quatro dıǵitos, apenas trê s. Nasci no dia 6-1-76, que sã o quatro
dıǵitos. Subtraindo os dois nú meros do meio (1-7) tê m o nú mero
666, que todo satanista precisa ter, de alguma forma, em seu
nome ou data de nascimento. E a identificaçã o espiritual.
Desde muito cedo, eu sentia que era diferente. Havia em
mim uma sensibilidade espiritual muito maior do que nas outras
pessoas. Certa vez, com apenas cinco anos de idade, minha mã e
levou meu irmã o mais velho e eu a uma curandeira, para fazer
alguns encantamentos que pudessem nos curar de problemas
de saú de. Eu tinha asma e bronquite e fiquei esperando a
curandeira realizar os encantamentos em meu irmã o, que na
é poca estava sofrendo com interferê ncias espirituais que o fazia
ver vultos e imagens que o impediam de dormir. Na salinha em
que eu estava, comecei a cantar uma cançã o antiga, que havia
aprendido com um “amigo imaginá rio” (hoje sei que era um
demô nio), da Tradiçã o, que abria uma portinha bem pequena e
me possibilitava olhar para outro lugar, no planeta, como se
fosse um portal para ir a qualquer lugar. Como estava muito
chato esperar ali, comecei a cantar aquela cançã o, na esperança
de abrir aquela portinha pequenina, pró ximo a mim, e eu
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O INICIO
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permanecia no portã o olhando para nó s. Ao vê -lo senti algo
perturbador, diferente, apesar de sua aparê ncia ser normal.
Continuei jogando, mas sem deixar de notar a sua presença. Nã o
demorou muito para que fizesse um gesto com a mã o, me
chamando até ele. Seu nome era Luiz e era o dono de um
pequeno jornal da cidade. Disse que sempre nos via jogando ali e
perguntou se nã o está vamos interessados em montar um time
para jogar no campeonato infantil da cidade, com um jogo de
camisas do jornal dele. Reuni meus amigos e aceitamos,
empolgados! Seria ó timo! Eu nã o sabia que aquilo era apenas
uma isca para que ele pudesse se aproximar de mim: Luiz era um
mestre da Tradiçã o e havia sido enviado para minha iniciaçã o,
que deveria ser feita aos doze anos.
Passou uma semana e decidi ir até o jornal conversar com o
Luiz. Queria acertar com ele alguns detalhes sobre nosso time de
futsal e conhecê -lo melhor. Como eu estudava à tarde, passaria lá
depois da aula, porque o jornal ficava perto da escola. Ao
té rmino da aula, como se houvé ssemos combinado, Luiz estava
na frente da escola me esperando. Espantei-me:
- Luiz? – Disse.
- Eu sei, você estava indo lá me ver, nã o é ? Eu estava
passando aqui perto e resolvi te buscar. - Ele disse sorrindo.
Fiquei impressionado, mas como coisas muito estranhas
aconteciam comigo sempre, deixei simplesmente acontecer e fui
até o jornal.
O jornal era em um quarto de hotel, de baixa qualidade, no
centro da cidade. Ali també m era sua casa. Tudo muito
desorganizado e sujo. A primeira coisa que vi quando entrei foi
uma coleçã o de discos de vinil do Iron Maiden, e gastei um tempo
olhando capa por capa. Apesar de ter imagens diabó licas e
satâ nicas, eram extremamente bem desenhadas e atraiu minha
atençã o.
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O INICIO
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sente-se em uma cadeira e comece a conversar com ele. Passe
suas mã os sobre ele e sinta a madeira, as cordas... peça a ele que
te ensine a tocar. Diga que gostaria de lembrar-se disso, porque
todo conhecimento e toda a sabedoria já está inserida dentro de
nó s. – Ensinou.
Confesso que achei meio ridıćulo ficar conversando com
um violã o, mas a forma com que ele falava era tã o viva e
convincente que resolvi tentar. Eu sentava todos os dias e mexia
no violã o, deslizava os dedos pelas cordas e dizia ao meu
cé rebro: “eu ordeno a você que me mostre como tocá -lo!”. Em
poucos dias já estava tocando violã o, sem nunca haver feito
aulas.
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O INICIO
movesse. Tentei uma, duas, vá rias vezes até que se moveu. Senti-
me o “Superman”! Eu, uma criança pobre, sem amigos, agora
fazendo coisas fantá sticas que ningué m fazia! Comecei a treinar
em tudo o que podia. Movia folhas, pequenos objetos. Minha
autoestima aumentava a cada dia e eu, cada vez mais, queria ser
como o Luiz. Eu queria saber o que ele sabia e ter o que ele tinha.
Em uma noite, enquanto desenhá vamos algumas tirinhas
de histó rias em quadrinhos para o jornal, Luiz me mostrou algo
muito interessante. Ele me pediu para pegar um lá pis da cor azul.
Quando o segurei na mã o, ele me perguntou:
- Tem certeza que é o azul que você pegou?
Eu tinha!
- Olhe novamente! - Disse ele.
E o lá pis estava com a cor amarela e o azul estava na mã o
dele. Era impossıv́el! Fiquei estarrecido e perguntei como ele
havia feito aquilo. Mais uma vez, o olhar sereno dele,
acompanhado de um sorriso trouxe uma resposta simples:
- Você só precisa desejar! E simples, apenas queira o lá pis
azul na sua mã o.
Fechei meus olhos e desejei de todo o meu coraçã o.
Quando abri os olhos, o lá pis azul novamente estava comigo.
Outro dia, ao chegar ao hotel notei que o quarto estava
escuro, porque o sol já havia se posto. Luiz, que olhava para fora
da janela em um momento contemplativo, me pediu para
acender as luzes. Quando fui tocar no interruptor ele disse:
- Nã o com a mã o. Acenda com o seu pensamento.
Forcei muito a minha mente e nada aconteceu e ele me
explicou:
- Quanto mais força mental você fizer, mais pesado o
interruptor ficará . Tente ser suave e imaginar sua mã o saindo do
interruptor, ao invé s de tocá -lo.
Imediatamente imaginei minha mã o tocando suavemente,
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como se estivesse flutuando. A luz do quarto se acendeu.
Luiz fazia todas essas coisas para me cativar, para me
convencer de que a magia era o meu destino. Passei a trabalhar
com ele no jornal, ajudando com a arte. Cada dia de trabalho era
muito mais um dia de aula do que qualquer outra coisa. Ele me
ensinava sobre a magia, sobre os mestres do universo e sobre a
manipulaçã o das coisas. Sentá vamos na varanda do hotel e ele
movia as nuvens com movimentos das suas mã os. Fazia buracos
no meio delas e cortava outras em dois pedaços.
Algumas vezes eu o vi levitar levemente do chã o, quando
ficava muito feliz, como no dia em que seu time de futebol
ganhou o campeonato brasileiro. Ele vibrou tanto, gritou,
festejou, pulou tanto que, em determinado momento pude notar
que seus pé s nã o estavam tocando o chã o.
Desde criança eu era fascinado pela magia. Assistia aos
desenhos animados e imaginava ter superpoderes e isso, de
certa forma, auxiliou no desenvolvimento psıq ́ uico e mıśtico em
mim. Agora, vendo Luiz ali na minha frente, eu sabia que tinha a
chance de ter tudo o que sempre sonhei. Eu queria ter um poder
que ningué m tivesse. Sentei com Luiz no tapete do quarto e pedi:
- Luiz, quero ser como você . Quero ter o que você tem e
quero fazer o que você faz. Ensine-me!
Ele, entã o, passou a me contar tudo, sobre quem ele era,
sobre a Tradiçã o, sobre minha famıĺia e o poder que meu avô
Carlo havia deixado para mim. Ele me disse sobre os graus que
havia no satanismo e o que seria necessá rio para eu alcançar a
iluminaçã o. Ele disse que eu era um escolhido e que a missã o
dele era me treinar e me preparar para ser um sacerdote
superior, um dia. Ele seria meu mestre. Levantei dali com uma
certeza em meu coraçã o: eu seria um sacerdote da Tradiçã o.
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CAPITULO DOIS
A TRADIÇAO
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A TRADIÇAO
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condiçõ es de dominar completamente o que sonhá vamos, e até
com o que querıámos sonhar.
Tı́nhamos o poder de entrar nos sonhos dos outros.
Vinculá vamos algué m no mundo espiritual atravé s de um
demô nio que agia na pessoa. Com isso podı́amos dominar
completamente os sonhos dele, fazendo-o até mudar decisõ es
tomadas, pensando ser um "aviso divino" ou algo assim.
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A TRADIÇAO
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negra, o tempo todo. Palavras má gicas de encantamentos, gestos
mıśticos, liberaçã o do prana, substâ ncia espiritual criadora do
universo e que está nos seres vivos, segundo os mıśticos. E usada
para canalizaçã o da vontade do feiticeiro em algum lugar, como
uma demarcaçã o. Acredita-se, erroneamente, que os demô nios
sã o seres neutros, portanto podem praticar tanto o bem quanto
o mal, dependendo apenas da motivaçã o e ordem do bruxo.
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“pactos involuntá rios”, como ir até algum mé dium que lê tarô ,
mã o etc. E nisso que o inimigo coloca escondido legalidades para
poder entrar na vida das pessoas. Muitos acreditam que nã o
passa de uma curiosidade ou brincadeira, mas é uma armadilha
terrıv́el.
Veja, por exemplo, o horó scopo: tecnicamente é uma
fraude! Pessoas comuns escrevem nos jornais o que querem em
cima dos signos. Mas o simples fato de uma pessoa desejar saber
o seu futuro, faz uma “troca” da sua pureza espiritual por uma
informaçã o sobrenatural (saber o futuro está acima do natural,
por isso é operado por forças espirituais que manipulam essas
informaçõ es. Nã o é algo natural). Isso gera o direito legal do
demô nio que manipulou as informaçõ es entrar na vida da
pessoa.
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A TRADIÇAO
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cıŕculo má gico faz com que o bruxo domine tudo o que entra
nele: pessoas, animais, objetos etc. Com o passar do tempo, um
bruxo desenvolve isso de uma forma absurda, fazendo-o crescer
ao ponto de absorver casas, ruas, montanhas, cidades.
O iniciado precisa passar por um perıo ́ do de um ano e um
dia, aprendendo encantamentos, rituais, pactos e outras
atividades espirituais, até fazer um segundo ritual de “votos”,
nos quais declara que deseja continuar no caminho da magia e
que nã o será um peso para a Tradiçã o. Só entã o ele está pronto
para o terceiro grau.
O MENSAGEIRO
O inferno envia a cada pessoa que nasce um demô nio,
chamado de “demô nio pessoal”. Sua funçã o é aprender tudo
sobre aquela pessoa, independente se ela é satanista ou nã o.
Quando a criança aprende a andar, aquele demô nio aprende
junto com ela. Quando fala as primeiras palavras, aquele
demô nio aprende junto. Quando começa a escrever o demô nio
aprende també m e passa a ter a mesma letra.
A medida que a pessoa cresce o demô nio desenvolve todas
as caracterıśticas do indivıd
́ uo e passa a ter um temperamento e
personalidade parecidos. Por isso quando morre um parente,
algué m tem uma experiê ncia de tê -lo visto depois de morto. Na
verdade nã o foi o morto quem apareceu, mas sim o demô nio
pessoal que, com a morte da pessoa passa a dar um direito dele
se manifestar com a mesma imagem, voz, letra e assinatura. Os
mé diuns que psicografam livros, afirmando que um morto
incorporou neles e escreveu, fazendo a mesma assinatura
inclusive, estã o fazendo uso desses demô nios, que
acompanharam a vida toda da pessoa e sabem imitá -lo em tudo.
Na bruxaria, utilizam-se esses demô nios para outros fins.
O demô nio pessoal passa a se chamar “mensageiro”, a partir da
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A TRADIÇAO
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mesmo sendo demô nios aparecem com a forma de santos,
pessoas, luzes. Em algumas, situaçõ es é possıv́el ouvi-los e até
conversar com eles.
No inıćio, é necessá rio invocar o mensageiro quando se
quer ter um contato. Passado certo tempo, o iniciado gera tanta
afinidade e intimidade com o mensageiro que passa a se
comunicar com ele todos os momentos, in rapport, que é uma
forma de harmonizaçã o, onde liga a mente ao mundo espiritual.
O mensageiro opera inclusive nos sonhos do iniciado.
Um mensageiro é utilizado em tudo na vida de um bruxo.
Ele é o demô nio pessoal. Nada é decidido sem que haja um
parecer dele primeiro. Atravé s dele acontece a transferê ncia de
sensibilidade (muito usada no Voodoo), quando a sensibilidade
fıśica de algué m é transferida para um objeto, em geral um
boneco, atravé s da magia negra. Tudo o que se faz ao objeto é
acometido na pessoa. També m é o mensageiro que auxilia nos
projecionismos, ou viagens astrais, quando o espıŕito sai do
corpo e viaja por regiõ es aonde deseja ir. Feitiços,
encantamentos, magias, rituais... Tudo é auxiliado pelo
mensageiro, que é o representante do bruxo no mundo
espiritual.
Muitos infelizmente pensam, como eu també m pensava,
que dominam seus mensageiros. Acham que estã o no controle,
mas nã o estã o. Mensageiros sã o demô nios perigosıśsimos e
terrıv́eis. Eles dominam as pessoas e as levam ao inferno.
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convites, mas foi isso que salvou a minha vida. Tome coragem e
vá ! Sua vida depende disso!
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ficar em branco. Eu folheava avidamente para saber o que
aconteceria nos anos vindouros mas, depois de certa data, nã o
tinha mais nada lá ! Apenas pá ginas em branco. Perguntei ao
Stinuts a razã o daquilo e ele respondeu que seria um momento
da minha vida que eu deveria traçar meu pró prio caminho. Hoje,
acredito que eles só tinham permissã o de Deus para escrever
coisas ali até o dia em que eu entregaria minha vida ao Senhor
Jesus. A partir daı́ demô nio nenhum teria mais legalidade sobre
mim.
Quando volta da catedral e o ritual é finalizado, o mestre do
iniciado pergunta se ele deseja realmente seguir o caminho da
magia, um caminho difıćil e injustiçado por milhares de anos. O
iniciado responde que sim e, entã o, o mestre fura a ponta do
dedo indicador esquerdo do iniciado e, com o pró prio sangue,
desenha no peito dele o sı́ m bolo má gico da Tradiçã o, o
hexagrama de Salomã o. Depois o iniciado assina com o pró prio
sangue o pacto do voto à Tradiçã o que é queimado, logo apó s,
pelo mestre. Começa assim o terceiro grau.
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A TRADIÇAO
meses.
E um grau cientıf́ico. O mestre ensina tarô egıp ́ cio e de
Marselha, quiromancia, que é a leitura de mã os, a numerologia,
ciê ncias e organizaçõ es ocultas, como rosa crucianismo,
maçonaria, catolicismo negro etc, reconhecimento e visã o de
aura, visualizaçõ es espirituais, contemplaçã o ativa e passiva,
transferê ncia de sensibilidade entre outras coisas.
Nesse perıo ́ do é muito maior o contato com os demô nios e
a comunicaçã o com eles aumenta significativamente. O iniciado
passa a ouvir quando os demô nios chamam. Quando passei por
esse está gio lembro que eu ouvia como um assobio do vento.
Quando ouvia isso, sabia que era algum demô nio chamando,
entã o concentrava minha atençã o na esfera espiritual e permitia
que o demô nio aproximasse. No inıćio, me assustava porque,
logo apó s ouvir o sinal e autorizar a aproximaçã o visıv́el deles,
quando os via, a imagem de cada um era ainda terrıv́el e
abominá vel aos meus olhos. Infelizmente, com o tempo fui me
acostumando e se tornou um há bito tã o normal que nada mais
me assustava.
No terceiro grau, Leviatã , um dos quatro prın ́ cipes do
inferno, comanda o iniciado durante todo o tempo, atravé s dos
seus demô nios especıf́icos para isso. Por ser o demô nio da á gua,
o poder dele é passado à pessoa que, com isso, ganha um
aumento de poder e uma evoluçã o maior na magia, dominando a
á gua e a intuiçã o.
Intuiçã o na magia é a capacidade de “saber” ou “prever”
acontecimentos significativos a cerca de um assunto. Quando o
bruxo precisa, por exemplo, invadir uma casa em seu corpo
espiritual, ele faz uso do poder que Leviatã lhe dá para, atravé s
da intuiçã o espiritual, saber exatamente quais sã o os portais
abertos. Podem ser eles os pecados de um dos moradores
daquela casa ou ainda objetos amaldiçoados dentro da casa.
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Talvez o antô nimo espiritual disso seja a revelaçã o ou o
discernimento espiritual, descrito em 1 Corın
́ tios 12:10.
A partir daı́ começa uma grande mudança na vida da
pessoa. O ocultismo seduz de tal forma que passa a mudar
há bitos. Personalidade, modo de vestir, de falar sã o
transformados. As pessoas notam que algo está acontecendo,
porque sua mente fica alterada, devido a grande quantidade de
demô nios que passam a habitá -la.
QUARTO GRAU – AR
Belial, outro dos quatro prın ́ cipes do inferno, comanda
este treinamento e envia seus demô nios para ensinar ao iniciado
tudo sobre comunicaçã o extrassensorial. Neste perı́ o do,
aprendi a leitura dos pensamentos dos outros. Vale ressaltar que
só é permitido a leitura de pensamentos de pessoas que estejam,
no mın ́ imo, oprimidas por algum demô nio. Os crentes em Jesus
tê m suas mentes cativas no Espı́ r ito Santo e, portanto,
bloqueadas para qualquer tipo de invasã o. Mas isso nã o impede
que demô nios astutos façam os crentes falarem demais e, assim,
entregarem todos os seus tesouros.
Quando fui instruıd ́ o a primeira vez sobre como ler a
mente de uma pessoa, achei que seria impossıv́el, mas como eu
tinha muita facilidade em aprender coisas mıśticas, foi bem fá cil.
Primeiro fazıámos um teste com cartazes. Luiz escrevia uma
letra ou nú mero, a certa distâ ncia, de forma que nã o podia ver,
em um papel que segurava em sua mã o. Ele ficava olhando para
aquele papel e repetindo mentalmente aquele nú mero ou letra
vá rias vezes. Eu fazia alguns exercıćios mentais e pronunciava
algumas palavras de invocaçã o do mensageiro e fazia com que
ele, o demô nio, potencializasse a minha percepçã o mental,
conseguindo entã o ouvir – literalmente – o que o Luiz estava
repetindo mentalmente.
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eletromagné tico do bruxo fica sobre o objeto e aı́ acontece a
levitaçã o.
Belial era chamado de “o demô nio mais bonito do inferno”,
porque era mestre em persuasã o. Nesse está gio, aprendıámos a
regra das trê s etapas para convencer algué m: a primeira era
atravé s de elogios exagerados e honras; a segunda era atravé s do
choro, comoçã o, emoçã o; a terceira era atravé s de ameaças sutis
e chantagens. Sempre que querıámos algo de algué m, usá vamos
essa regra das trê s etapas. Convencıámos a pessoa atravé s de
suntuosos elogios e presentes. Se a pessoa ainda nã o se dobrasse
à nó s, fazıámos com que ficasse com pena, sentindo dó . Se isso
ainda nã o mudasse a opiniã o ou vontade de algué m, entã o
encontrá vamos um meio de chantagear, intimidar, ameaçar e
oprimir a pessoa, até que fizesse por medo.
Nesse está gio, aprendi a me comunicar. Eu era um menino
tıḿ ido, acanhado. Nã o tinha amigos e sempre era motivo de
chacotas na escola. Magro, pobre, feio. Comecei a usar todas as
té cnicas aprendidas e me destaquei, tornando-me querido pelas
pessoas. Nessa é poca, desenvolvi um senso de liderança muito
grande, porque nos ensinaram que sempre é melhor você tomar
as decisõ es. Um satanista nunca deve ficar apoiado em
pensamentos ou decisõ es alheias. Ele deve ir à frente e avançar!
Por isso me tornei um lıd ́ er a partir daı,́ com boa orató ria, leitura
dinâ mica e facilidade em outros idiomas.
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maldiçã o, para que outras permaneçam vivas.
A manipulaçã o espiritual era tã o usada que é ramos
ensinados a conquistar amigos, namoradas para se ter muitas
pessoas em nosso cıŕculo má gico e, caso precisá ssemos nos
curar de algum mal, poderıámos enviar este mal para qualquer
uma dessas pessoas pró ximas, sem qualquer piedade ou
remorso. Ouve-se que aqueles que entram para seitas e
irmandades má gicas passam a conviver com a morte de
parentes, amigos e funcioná rios. E exatamente isso!
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chamados “guardiõ es das torres cardeais”. Em frente a cada uma
dessas velas coloridas é colocado um prato com a oferenda
especıf́ica de cada um. Em frente ao pentagrama, fora do cıŕculo,
centralizada fica a vela branca, do demô nio mensageiro, que
conduzirá o espıŕito do bruxo neste ritual. O bruxo fica deitado
no centro do pentagrama, de onde nã o poderá sair durante os
seis dias e seis noites. O mestre, em sua ú ltima funçã o sobre ele,
faz a oraçã o em latim e abre o ritual. Todos os demô nios que
estã o no bruxo vã o sendo invocados e se manifestam no quarto,
um a um. Esses demô nios sã o os que o bruxo adquiriu até aquele
dia. No meu caso, ficamos quase dois dias inteiros invocando-os,
pois eram muitos, devido a herança espiritual que meu avô havia
deixado.
O demô nio mensageiro fica o tempo todo sentado no chã o,
pró ximo à parede, em frente à vela branca, colocada
especialmente para ele. Durante esse tempo todo, a ú nica coisa
que o bruxo pode se alimentar é de sangue de galinha e carne
crua (que no dia ele nã o sabe que carne é aquela). Entã o, apó s
todos os demô nios estarem manifestos, o mestre faz com que o
bruxo entre em transe e permaneça assim até o ultimo dia do
ritual. Nesse perıo ́ do, seu corpo espiritual é expulso do seu
corpo fıśico e ele passa a ser habitado por todos os demô nios,
que antes apenas o seguiam. Sã o dias de pesadelos terrıv́eis,
dores fıśicas e sensaçõ es nauseantes. A pele é rasgada e os
ó rgã os internos afetados. Apó s este perıo
́ do de quase morte, o
bruxo acorda do coma no sexto dia, com dores, respiraçã o
ofegante, arritmia cardı́aca. Seu corpo coberto por sangue
podre, coagulado. O cé rebro nã o consegue ordenar bem os
pensamentos e, tampouco, demandar movimentos aos ó rgã os
inferiores. Daquele dia até um perıo ́ do de uns trê s meses, a
pessoa fica com um retardo considerá vel, até que tudo volte ao
normal.
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mestres e sacerdotes da Tradiçã o.
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A TRADIÇAO
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NONO GRAU – SACERDOTE SUPERIOR
Este é o ultimo grau da Tradiçã o, onde o sacerdote recebe o
tıt́ulo de Mago. O grau começa quando o sacerdote consegue sua
espada apó s uma peregrinaçã o escolhida pelo conselho da
Tradiçã o. Durante esta peregrinaçã o o sacerdote é submetido a
muitas liçõ es e provas para testar sua fidelidade a magia e a
Tradiçã o. No final, o “rito de entrega” é realizado e entã o sua
caminhada termina. A partir daquele momento riquezas e
honras passam a habitar sua vida. Um mago é tã o poderoso que é
capaz de matar uma pessoa apenas olhando para ela.
Na é poca em que servi ao diabo, havia poucos magos no
Brasil, em relaçã o ao nú mero de mestres de alta magia. Sã o os
magos que dirigem as diretrizes da Tradiçã o. Eles determinam
açõ es má gicas, grandes rituais e tomadas de territó rios para
algum objetivo final. També m eles tem direitos especıf́icos alé m
dos demais membros da Tradiçã o, podendo, por exemplo,
selecionar membros para participarem de alguma invocaçã o
satâ nica. Nos rituais de fertilidade, onde há orgias sexuais,
apenas os sacerdotes podem praticar o sexo ritualı́stico,
gerando filhos para a Tradiçã o. Os demais podem participar dos
rituais e das relaçõ es, poré m as crianças que, por ventura
venham a nascer, serã o abortadas.
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CAPITULO TRES
A Magia
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dele e Cris ia atrá s de mim. Era perceptıv́el uma energia
emanando dos dois e passando por mim, deixando meu corpo
completamente arrepiado e fazendo meu coraçã o acelerar.
Depois de meia hora de caminhada, chegamos à clareira
onde o ritual seria feito. Um casal que eu nunca havia visto já
estava lá e tinha arrumado tudo. A clareira era na parte de cima
de um vale feito por pedras muito altas, com um riacho correndo,
uns trinta metros abaixo. No centro dela, estava uma grande
fogueira acesa, rodeada por quatro outras pequenas, també m
acesas, separadas umas das outras por uns cinco metros de
distâ ncia. O casal que arrumou tudo estava lá há um dia,
consagrando o lugar. Eram sacerdotes superiores da Tradiçã o e
vieram de outra cidade para realizar os encantamentos. Outubro
já começava a fazer calor naquela regiã o, mas um vento muito
frio soprava aquela noite. Luiz deixou-me em um canto, pró ximo
a umas á rvores e pedras, onde havia coisas pessoais do casal e,
agora, nossas coisas també m, e foi conversar com os sacerdotes.
Cris ficou comigo, abraçada com carinho. Lembro-me dela me
dizer:
- Fique calmo, tranquilo. Vai ser ó timo. – Encorajando-me.
Luiz voltou depois de uns instantes e me disse que irıámos
iniciar o ritual e, para isso, era necessá rio eu me despir e vestir
uma roupa pura, chamada de tú nica talar. Ela era feita de um
tecido confortá vel, parecido com o veludo, e tinha um
pentagrama finamente estampado em branco, na frente. Com
seu á thame Luiz iniciou o fechamento espiritual do lugar,
fazendo um cı́ r culo má gico no ar. Gestos especı́ f icos,
coreografados, associados a invocaçõ es de alguns demô nios
produzem um ambiente mıśtico ideal para a realizaçã o dos ritos.
Chamou a proteçã o dos guardiõ es das torres cardeais, norte, sul,
leste e oeste. Esses guardiõ es sã o demô nios que ficam
constantemente protegendo os locais de cultos, cerimô nias,
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A MAGIA
celebraçõ es e rituais.
Passou, entã o, a chamar a presença dos oito subprın ́ cipes
do inferno, cada um responsá vel por uma á rea na existê ncia
humana: Behemoth (alimentaçã o), Astaroth (religiã o), Belam
(armas), Asmodevs (artes), Belzebú (descendê ncia), Cım ́ erio
(ciê ncia), Belfegor (sexo) e Azazel (oferendas). Chamou també m
a presença do meu demô nio mensageiro Stinvts, que seria o meu
guia para sempre. Logo apó s escreveu palavras ritualıśticas no
ar com seu á thame, um punhal de lâ mina curvada em forma de
serpente, e depois veio e selou meu corpo com vá rios
encantamentos e passes má gicos, repetindo as mesmas palavras
ritualıśticas, que por prudê ncia, nã o vou escrevê -las aqui.
Senti-me incomodado, porque um calor muito grande
invadiu meu corpo e comecei a queimar. Eu suava muito e pensei
que iria desmaiar. Olhei para o lado procurando a Cris e ela fez
um gesto para que eu permanecesse calado. Obedeci e aguardei
o Luiz terminar. Ele saiu e foi até a fogueira menor, a minha
direita a frente. Sentou-se lá em posiçã o de ló tus e ficou
repetindo oraçõ es satâ nicas em um tom grave e baixo.
Veio, entã o, o sacerdote e passou a falar em uma lın ́ gua
estranha. Sua expressã o era temıv́el e quando abriu os braços
em direçã o ao cé u, um vento muito forte soprou no local. Eu
podia sentir uma presença muito maligna e forte. Ele veio em
minha direçã o e olhou profundamente em meus olhos. Possuıd ́ o
por um demô nio, ele deu uma gargalhada alta e estridente. Seus
olhos chamuscavam como se houvesse fogo dentro deles. Fiquei
tã o assustado que nã o contive o choro, entã o ele veio novamente
e, estupidamente me mandou calar a boca. Ameaçou bater na
minha cara e eu passei a sentir muito medo. Pensei realmente
que iria morrer naquela noite. Eu era apenas um garoto de treze
anos. Passado aquele momento, o sacerdote retornou ao seu
lugar, atrá s da fogueira, a minha esquerda, à frente. Sentou-se e
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passou a fazer as oraçõ es satâ nicas que Luiz estava fazendo
també m.
Cris veio até mim dançando sensualmente. Nã o era mais
ela, tinha algo diferente. Sua expressã o nã o era mais meiga e
gentil. Agora ela era algué m possuidora. Colocou sua mã o em
minha face, na altura da testa e eu desabei. Tudo escureceu de
repente e senti ná useas. Tudo estava rodando. Foi horrıv́el.
Quando recobrei os sentidos, Cris já estava sentada a frente da
terceira fogueira pequena, com um cá lice nas mã os. No cá lice,
soube depois, havia meu sê men. Ela o colheu enquanto eu estava
desmaiado, possivelmente atravé s de demô nios sexuais que me
fizeram ter uma ejaculaçã o espontâ nea.
Veio, por fim, a outra mulher, sacerdotisa, e começou a falar
os tratados má gicos comigo, em latim. Embora eu tivesse um
conhecimento bem bá sico do idioma, pelos estudos que havia
feito no decorrer daquele ano, consegui entender perfeitamente
tudo o que ela me dizia, que aquele era o dia mais importante da
minha vida e que eu devia estar ciente disso. Falou que precisava
de um pouco do meu sangue, para poder fazer o ritual de
iniciaçã o e o pacto com os prın ́ cipes. Eu consenti. Ela pegou um
punhal e fez um pequeno corte na minha testa, dizendo:
- Que o sangue daqui jorrado nã o seja para a morte, mas
para o poder e bem da Tradiçã o. Que as bê nçã os do senhor do
sangue possam ser tuas, enquanto viveres na magia.
Como nã o doeu nada e també m nã o escorreu sangue,
pensei que era apenas um ato simbó lico.
Com suas mã os rasgou a tú nica que eu estava usando, na
altura do peito, fazendo um corte e dizendo:
- Que este sangue, vindo do coraçã o, possa combater com
amor e ó dio os interesses má gicos da Tradiçã o e defender com
sua pró pria vida seus irmã os.
Novamente nã o saiu sangue e tampouco senti dor. Ela
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A MAGIA
pegou minha mã o esquerda, e no meu dedo mé dio fez um corte
dizendo:
- Que o senhor da maleficia possa usar esta mã o, nã o para
derramamento de sangue, mas para magia.
Pegou, entã o, um cá lice metá lico e colocou minha mã o
esquerda dentro. Senti uma dor muito forte e vi que começou a
escorrer sangue do dedo cortado por ela. Começou a escorrer
sangue da minha testa e, quando escorreu em meu nariz, o
espalhei no rosto com minha mã o direita, pensando ser á gua que
estava caindo de alguma das imensas á rvores ao nosso redor,
naquela clareira. Meu peito começou a arder e sangrar també m.
A sacerdotisa, com o cá lice nas mã os, contendo meu sangue, foi
até a ultima fogueira e sentou-se. Fiquei em pé sangrando muito,
sem saber o que fazer.
Passado vá rios minutos, Luiz veio até mim com um sorriso
no rosto e disse:
- Está na hora de você conhecer papai. – Me conduzindo até
a frente da fogueira maior, que estava bem no centro da clareira,
e começou a pronunciar as palavras principais do ritual de
iniciaçã o.
Imediatamente começou a soprar um forte vento e o cé u
cobriu-se de nuvens. A alegria de Luiz era extrema, fazendo-o
andar de um lado ao outro, gargalhando, saltando
freneticamente. Ele levantou suas mã os aos cé us e invocou a
presença de Sataná s ali, naquele lugar. Sua expressã o começou a
mudar e já nã o era mais a mesma. Sangue começou a escorrer do
seu nariz e seu rosto ficou desfigurado, com os olhos saltando
para fora das ó rbitas.
De repente, algué m apareceu atrá s da fogueira principal.
As chamas agitadas pelo vento iluminavam, deficientemente, a
face daquele que veio do vale, possivelmente levitando, ou
aparecido em meio à poeira que se levantou com o vento que
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soprava. Ele, que estava com a cabeça curvada para baixo,
levantou-a e, fixando seus olhos negros em mim sorriu e,
andando por dentro do fogo, veio até mim e abraçou-me
fraternalmente.
Pela primeira vez eu estava vendo Sataná s, materializado,
na minha frente. Ele estava vestido com um fino terno branco,
muito bonito. Apesar de estar sorrindo, seus olhos nã o tinham a
parte branca do globo ocular e isso atribuıá a ele uma expressã o
maligna. Segurando em meus ombros, calorosamente me disse:
- Hoje é um dia muito especial para nó s! Eu passarei a te
amar e proteger como um filho e estarei contigo todos os dias da
sua vida.
Aquilo me deu conforto e acalmou meu coraçã o. O medo
passou e me senti confiante. Ele continuou dizendo:
- Existem coisas que sã o necessá rias, para que ningué m
possa nos separar. Você está tomando uma decisã o muito
corajosa e difıćil, por isso muitas pessoas se levantarã o contra
você , por nã o entenderem a sua decisã o, mas é necessá rio que
você lute! Resista à s ideias divergentes, combata à queles que sã o
contrá rios, porque em toda guerra existe um exé rcito inimigo.
Em algumas batalhas venceremos; em outras, teremos que
recuar, para alcançar uma vitó ria maior no futuro. Mas nã o
esqueça o poder que eu te dou hoje! Use-o, gaste-o a vontade!
Espalhe meus ensinamentos pelo mundo! Converta pessoas ao
nosso propó sito e ensine a magia que está em seu coraçã o desde
quando era uma criança pequena. Ensine as pessoas a deixarem
a fraqueza e se tornarem fortes como você , e sobrevivam! Mas
para isso, é necessá rio que você faça o pacto comigo. Apenas este
pacto impedirá que as pessoas nos separem. Quero poder
celebrar contigo bebendo do cá lice da aliança, onde faço do seu
sangue o meu sangue.
O sacerdote entã o pegou o cá lice onde estava o meu
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A MAGIA
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a ser gelatinosa, voltando a se tornar prana, a essê ncia que os
mıśticos creem que o universo foi criado. Ele veio novamente até
mim e disse:
- Eu vou liberar sobre você o demô nio mensageiro, para
que ele seja seu guia espiritual. – E soprou nas minhas narinas.
Caı́ desacordado e fiquei ali por um bom tempo. Quando
acordei, meu corpo estava suado e exausto. Sentia muitas dores.
Já era de manhã e todos estavam ali, menos Sataná s. Haviam se
embriagado com o vinho apó s o meu desmaio e cada um dormia
em um canto do acampamento. A exaustã o era tã o grande que
nã o conseguia raciocinar direito. Meu corpo pesava uma
tonelada e quando tentei me levantar, vomitei sangue coagulado.
Olhei para minha mã o esquerda e estava coberta de sangue e
terra. Meu rosto e corpo estavam cheios de sangue e minha
pressã o sanguın ́ ea estava realmente baixa. Consegui rastejar até
Luiz e pedir ajuda. Ele acordou os demais e disse que precisaria
levar-me para casa, o quanto antes.
Em casa minha mã e perguntou o que havia acontecido
comigo, entã o mentiram, dizendo que eu havia caıd ́ o e me
cortado em uma moita de espinhos, que poderiam ser
venenosos. Fui levado ao hospital e internado, mas os mé dicos
nã o sabiam o que eu tinha e nã o conseguiram descobrir. Os
exames de sangue nã o apontavam envenenamento. Eu nã o tinha
fraturas, tampouco hematomas. Apenas trê s pequenos cortes,
na testa, peito e dedo mé dio da mã o esquerda. Os medicamentos
nã o faziam efeito. Meu corpo nã o reagiu ao tratamento. Eu nã o
tinha forças para respirar. Estava tã o debilitado que nã o queria
lutar para isso. Um sono muito profundo tomou conta de mim e
eu só queria dormir. Lentamente, comecei a morrer, aos treze
anos de idade. Até que uma voz veio em minha mente e disse:
- Nã o desista! Lute! Lute com todas as suas forças. Nã o é
para você morrer agora! Você precisa lutar!
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A MAGIA
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notei que vá rias pessoas estavam olhando para mim e rindo,
apontando suas mã os em minha direçã o e gargalhando. Notei
que já nã o estava mais em meu quarto e procurei saber onde
estava, olhando em todas as direçõ es. Ao olhar para o lado vi que
estava na clareira do ritual de iniciaçã o e pude ver as cenas que
vivenciei há alguns dias atrá s, só que desta vez eu era o
expectador. Vi quando Sataná s veio flutuando do fundo daquele
vale, de um abismo escuro, até a grande fogueira colocada no
meio da clareira. Pude ver quando ele atravessou o fogo e me
abraçou. Senti nesse momento a presença de algué m ao meu
lado e voltei-me para ver, e deparei-me com o rosto sorridente
de Sataná s, com sua feiçã o meiga e gentil, contrastando com
olhos negros e escuros, refletindo maldade e ó dio.
- Como você está , filho? – Perguntou-me ele.
- Bem, eu acho. E o senhor? – Respondi, sem jeito, meio
acanhado.
- Vim aqui te ver, quero que saiba que me importo com
você . – Respondeu.
- Foi o senhor quem falou comigo lá no hospital? –
Perguntei com muito interesse.
- Sim querido, era eu ao seu lado o tempo todo. – Ele
mentiu.
Sataná s sempre foi mestre na mentira. Ele é o pai da
mentira. Mente sem remorso, sem demonstrar emoçã o. Ilude,
engana com naturalidade. Tira proveito de mé ritos dos outros,
dizendo ser seus. Eu estava fragilizado, confuso. Nã o tinha
condiçõ es de discernir se a voz que eu ouvira era dele ou nã o,
entã o acreditei. Senti-me confiante com suas palavras e decidi
prosseguir no projeto de me tornar um sacerdote da Tradiçã o.
Minha vida mudou radicalmente apó s aquele dia. O mundo
espiritual se abriu para mim de tal maneira que tudo o que
acontecia ao meu redor, me afetava e eu nã o entendia. Havia dias
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A MAGIA
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esperar até o completo por do sol, para começar a invoca-lo.
Em uma sexta-feira, já cansado de tantas semanas a fio
tentando me comunicar, ele apareceu. Eu já havia feito a oraçã o
inicial e recitado de cor as palavras ritualıśticas de invocaçã o.
Estava apenas focando minha mente na vela branca, até que as
duas colunas desaparecessem do meu campo de visã o, abrindo
assim o portal. De repente, como de costume, ele apareceu para
mim. Usava um manto verde escuro, de veludo velho. Tinha seu
rosto coberto por um capuz e seu queixo e boca apenas
apareciam. Ele andou de um lado ao outro e parou em frente a
vela. Tive que controlar minha emoçã o porque meus batimentos
cardıácos começaram a acelerar e isso poderia afugentá -lo.
Mentalmente eu disse “vamos, diga-me seu nome”. Ele olhou
para mim e sorriu. Sua mã o direita passou por cima da chama da
vela e o fogo a acompanhou. Lentamente ele começou a crescer e
seu tamanho ficou um pouco maior do que as colunas feitas com
seis pedras. O fogo que estava na mã o dele passou a criar forma.
Ele jogava-o para os lados e para cima e lentamente foram se
formando letras, até que seu nome foi revelado: STINVTS.
Passei a me comunicar com ele apenas por gestos e, com o
passar do tempo e esforço, comecei a ouvi-lo. Stinvts tinha uma
voz jovem, doce e aveludada como seu manto. Durante os rituais
no fundo do meu quintal, ele me contava muitas coisas sobre o
inferno, sobre minha famıĺia e sobre minha vida. Foi ele quem
me disse que existe trinta bilhõ es de demô nios para cada pessoa
na Terra e que, quando uma pessoa nasce, o inferno já libera o
mensageiro para ele. Esse demô nio mensageiro vigia a pessoa
desde o primeiro dia do seu nascimento, acompanhando cada
passo, cada palavra, cada evoluçã o no aprendizado. Quando a
pessoa aprende a escrever, o mensageiro aprende junto com ela,
e conquista a mesma caligrafia, a mesma assinatura. E por esta
razã o que, quando algué m morre, alguns “mé diuns” dizem
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A MAGIA
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o meu campo eletromagné tico e a gerar cargas magné ticas nos
objetos, movendo-os assim, sobrenaturalmente. Stinvts me
ajudava a fazer a leitura da mente das pessoas e, com esses
prodıǵios, passei a impressionar as pessoas pró ximas a mim.
A leitura de pensamentos feita por um bruxo ocorre com o
auxıĺio de poderes demonıácos, que criam um canal entre a
mente da pessoa sem Cristo e a mente do bruxo. Este canal é
chamado de “rapport”, e é conseguido porque os demô nios que
estã o oprimindo cada pessoa se comunicam entre si e geram
essa ligaçã o. A partir do momento em que o rapport é feito, o
bruxo pode ouvir, sentir e até comandar os pensamentos alheios.
E importante frisar que uma pessoa crente, habitada pelo
Espıŕito Santo, impede totalmente qualquer prá tica de rapport e
o elo com um bruxo é impossıv́el. Assim jamais um servo de
Jesus terá sua mente dominada por demô nios ou servos de
Sataná s, nem seus pensamentos lidos. Essa é uma prá tica
reservada apenas à queles que estã o oprimidos ou possessos por
demô nios.
Conforme meu poder má gico ia aumentando, passei a
mudar meu cará ter e me tornei arrogante e grosseiro. Comecei a
tramar planos de vingança contra aqueles que me humilhavam
ou batiam, por ser uma criança pobre e franzina. Havia um
garoto que estudava na mesma sala de aula que eu, que vivia me
incomodando. Entre vá rias coisas que fazia, a que mais me
irritava era o habito de jogar coisas em mim. Naquela é poca as
salas de aula possuıám quadros negros com giz. Ele pegava no
lixo os pedaços de giz que os professores descartavam e ficava
jogando em mim, do fundo da sala, nas minhas costas e cabeça.
Isso me deixava terrivelmente irritado mas, por ele ter o dobro
do meu tamanho e peso, nã o podia fazer nada contra. Resolvi
contar ao Luiz sobre isso. Disse à ele que o garoto me ameaçava,
empurrava e intimidava. Ele pediu que eu pegasse um giz que o
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A MAGIA
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acreditar que uma criança pode fazer um mal desses!
Eu até poderia fazer aquilo, mas naquela ocasiã o, o mal foi
gerado pelo Luiz, em minha defesa.
Na manhã seguinte encontrei o garoto no colé gio e o
ameacei. Disse a ele que, caso contasse novamente a algué m, eu
mesmo o mataria. Disse també m que se ele nã o pedisse perdã o
para mim ali mesmo, de joelhos, os dias dele estariam contados e
o pró ximo mal seria a morte. Ele caiu prostrado em minha frente
e me pediu perdã o. Disse que nã o aguentava mais aquela
situaçã o e que queria ser curado. Aquilo gerou no mundo
espiritual um bô nus para mim. Um ponto importante para um
aspirante a bruxo é conquistar a necessidade das pessoas,
fazendo-as recorrer a ele para buscar seus pré stimos má gicos.
O ser humano é tricotomista, formado por espıŕito, alma e
corpo. No mundo espiritual, quando uma pessoa cede ao desejo
de ser beneficiado por algum ato mıśtico, seja uma cura, como foi
o caso do menino da minha escola, ou seja, atravé s de uma
consulta a um mé dium, permite, dando direito legal a demô nios,
tomar um lugar especıf́ico entre o espıŕito e a alma da pessoa, o
que chamamos de possessã o maligna. No final deste livro há um
compê ndio sobre libertaçã o e lá ofereço informaçõ es mais
precisas sobre isso.
O acontecimento trouxe muito respeito por mim entre os
meninos no colé gio. Ningué m dizia nada, mas tinham medo de
mim, medo de algo ruim acontecer. Passei a me mostrar,
realizando pequenos prodı́gios entre eles, fazendo uso dos
poderes má gicos que os demô nios a cada dia davam a mim. A
telecinese era muito usada, movendo objetos das carteiras dos
colegas, em plena aula. També m desenvolvi uma forma de
escrever palavras no quadro negro, sem tocá -lo. Algo que passei
a fazer com frequê ncia, para atrair a atençã o das pessoas era
praticar adivinhaçõ es. As pessoas sentavam a certa distâ ncia de
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A MAGIA
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exemplo, eu tirava uma blusa de lã e a quantidade de faıścas que
se levantava era tamanha que iluminava um quarto escuro. Com
isso e o passar do tempo, passei a usar esse poder com mais
habilidade e fui crescendo dentro da Tradiçã o, impressionando
a todos e passando rapidamente os está gios que precisava
passar.
Entrei para o terceiro está gio, onde um dos quatro
prıń cipes do inferno domina, chamado Leviatã , o demô nio da
á gua e da intuiçã o. Eu passava horas em contato com a á gua,
andando em leitos de pequenos riachos, fazendo as rezas
repetitivas de adoraçã o ao demô nio. Por ser o demô nio da
intuiçã o, os rituais da lua passaram a entrar na minha rotina e
comecei a praticar a meditaçã o. Aprendi a concentrar minha
mente e liberar meu espıŕito de tal maneira que poderia ficar
imó vel por horas, sem perceber o que estava acontecendo ao
meu redor, em uma espé cie de transe.
Uma semana antes de iniciar o terceiro está gio precisei
passar por sete rituais de purificaçã o, com invocaçã o aos
demô nios lunares, guiados pela deusa (demô nio) Diana.
Consistia em colocar em uma bacia uma quantidade de á gua, sal
grosso, cinza de cedro, cristais das cores dos pontos cardeais,
para invocar os quatro guardiõ es. Entã o em um horá rio
especıf́ico abria a janela do meu quarto e deixava a imagem da
lua refletir na bacia. Com uma faca cortava a imagem refletida
algumas vezes, recitando as palavras ritualıśticas. Depois disso o
banho de purificaçã o era feito com aquela á gua salgada e suja
com as cinzas.
Luiz havia me avisado que o rito de passagem seria na
quarta feira, a meia noite e meia, em uma cachoeira de uma mata
fechada que a Tradiçã o usava para seus rituais, em uma
propriedade de posse de um dos sacerdotes. Chegado o dia,
fomos até lá , para minha passagem para o terceiro grau, onde eu
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A MAGIA
veria pela primeira vez Leviatã , o demô nio das á guas. Luiz
limpou com o facã o um pequeno pedaço da margem do riacho,
onde estava a cachoeira. Ficamos embaixo, onde as á guas caıám.
Cris e uma outra moça, també m da Tradiçã o, ficaram em cima,
com as mã os levantadas fazendo as rezas sagradas, que eram
necessá rias para a invocaçã o de um dos quatro prın ́ cipes. Luiz, o
dono da terra, que era sacerdote, e eu ficamos na margem, no
local que havia sido limpo. Começamos a fazer a reza sagrada e
percebi que o lugar começou a ficar denso e ú mido, como havia
ficado no ritual de iniciaçã o. Luiz havia levado um violã o e
começou entã o a entoar câ nticos espirituais, como mantras,
onde repetia sons desconexos e afô nicos. O sacerdote passou a
dirigir as palavras de abertura do portal necessá rio para a vinda
de Leviatã . Por ser um dos prıń cipes, Leviatã só poderia estar ali
por alguns minutos. Lembro-me de ouvir as pedras da cachoeira
estalarem-se, como se algué m as estivesse quebrando. Cris e a
outra garota tremiam, rodopiavam, pulavam enquanto Luiz
entoava os mantras, ao ponto de eu ter medo delas caıŕem de lá .
O sacerdote me deu o comando para descer até a á gua, porque o
prın
́ cipe havia chegado. Desci temeroso. A á gua estava morna,
por mais que fosse uma mata, a noite, aos pé s de uma cachoeira,
e isso me acalmou. Aos poucos eu já estava me acostumando
com todas aquelas cerimô nias e as apariçõ es demonıácas que
presenciava. Em um grito, o sacerdote começou a invocar
Leviatã , repetindo as palavras em latim, da invocaçã o. Uma
garoa começou a descer e foi ficando mais forte, ao ponto de se
transformar em chuva. Debaixo dos meus pé s eu podia sentir a
terra tremer e o ruıd ́ o de pedras quebrando aumentou. Luiz
tocava mais rá pido e cantava o mantra mais alto. Cris e a outra
moça giravam freneticamente e o sacerdote gritava
repetidamente o nome de Leviatã . Em um estrondo, do meio da
cachoeira eu senti uma pressã o vindo em minha direçã o que me
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atirou para trá s e caı́ no riacho, sendo submergido pelas á guas,
que gelaram imediatamente, quase congelando. Quando
consegui me colocar em pé vi, parado em meio à s rochas uma
figura medonha, humanoide, com escamas duras e escuras e
barbatanas em seu pescoço e mã os. Media uns trê s metros de
altura e exalava um cheiro desagradá vel, parecido com algo
estragado. Era ele, um dos prın ́ cipes do inferno: Leviatã .
Assustado, fiquei está tico olhando para ele e ele para mim.
Os seus olhos eram terrı́ v eis e sua cabeça ficava se
movimentando lentamente para os lados, constantemente. Ele
nã o disse uma palavra o tempo todo. Olhei para o lado e vi Luiz e
o sacerdote prostrados, com seus rostos no chã o. Nã o me lembro
de ter visto as meninas. Ouvi um sussurro e vi Luiz me dizendo
“invoque seu mensageiro”. Naquela é poca eu ainda precisava
dizer um conjunto de palavras ritualıśticas para invocar Stinvts,
e o fiz. Quando ele chegou, imediatamente passou a se
c o m u n i c a r c o m L ev i a t ã e m u m a l ı́ n g u a e s t ra n h a e
incompreensıv́el. Depois de um tempo Stinvts se prostrou em
frente a ele, o reverenciou e sumiu. Entendi que Leviatã devia ter
passado instruçõ es sobre como agir comigo naquele está gio. O
sacerdote chamou-me à margem e deu-me um papel para
assinar o pacto com Leviatã . Era necessá rio porque ele seria
quem comandaria o inferno depois que Sataná s deixasse o
trono, e isso se daria durante meu perıo ́ do na terra. Furei meu
dedo indicador esquerdo e assinei com meu nome má gico, com a
mã o esquerda, a mã o da maleficia. Queimaram aquele papel e
estava selado. Havia se passado um ano e um dia, exatamente,
depois da minha iniciaçã o.
Depois do ritual e da apariçã o de Leviatã , sentamos na
sede da fazenda para fazer um lanche. Enquanto preparavam a
mesa, sempre muito farta, conversei um pouco com Luiz sobre o
ritual:
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A MAGIA
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pessoas parecidas com ele. Se você ler no livro de Jó , no capıt́ulo
41:9 diz que apenas vê -lo já é assustador. Hoje as pessoas estã o
cada vez mais mudando suas aparê ncias, alterando o formato do
rosto, lıń gua, implantando chifres e tatuando escamas no rosto.
Tingem os pró prios olhos, se tornando assustadores! Em Jó
41:19-21 diz que sua boca faz fagulhas de fogo estalarem, que
fumaça sai das suas narinas e que seu sopro acende o carvã o e de
sua boca saem chamas. Este relato nada mais é do que uma
pessoa que fuma cigarros, charutos ou cachimbos. Sem saber,
esses pobres viciados estã o sendo usados por demô nios para
reverenciar Leviatã , o prın ́ cipe do inferno, e o adorarem com
seus corpos.
Em um centro de baixa magia, quando uma pessoa precisa
de cura fıśica, para alguma enfermidade, é feito um "passe”, que é
uma invocaçã o maligna feita atravé s da fumaça do charuto ou do
cigarro. Mas a Palavra de Deus, no livro de Tiago 5:14 diz que se
há algué m doente, é necessá rio orar e ungir com o ó leo, em
Nome do Senhor. O ó leo é um dos sım ́ bolos da presença do
Espıŕito Santo. A fumaça do cigarro, por sua vez, é um dos
sım ́ bolos da presença do demô nio Leviatã . E por isso que a
maioria dos fumantes sã o mal educados! Fumam em qualquer
lugar, sem ao menos perguntar à s pessoas ao redor se lhes
incomoda o fato de estar fumando ali. Eles nã o fazem isso
motivados por uma educaçã o deficiente, mas por uma
motivaçã o espiritual! A fumaça, para o inferno, tem a mesma
funçã o que o ó leo tem para a igreja: demarcaçã o territorial.
Quando um servo de Jesus unge um local com o ó leo, ele está
declarando que aquele lugar pertence ao Senhor Deus, porque o
ó leo simboliza o Espıŕito Santo. Semelhantemente, quando uma
pessoa fuma em um local, ele está demarcando aquele lugar para
o demô nio, porque a fumaça simboliza Leviatã .
Por esta razã o nã o devemos permitir que pessoas fumem
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A MAGIA
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Maçonaria, Rosacrussianismo e outras doutrinas e irmandades.
No quinto grau meu fortalecimento humano se tornou visıv́el e
minha personalidade passou a ser moldada pelos demô nios.
Neste está gio aprendi a alquimia, a transmutaçã o, onde
conseguia mudar a cor dos meus olhos, cabelo, forma fıśica.
També m já conseguia mudar a cor de outros objetos. Na chegada
ao sexto grau, o está gio do fogo, comandado por Sataná s, fechou-
se o primeiro ciclo, que se iniciou na minha iniciaçã o. Neste
está gio desenvolve-se o poder para atingir pessoas com
doenças, males sú bitos e até a morte. Muitos neste nıv́el se
tornam pessoas desprezıv́eis e arrogantes, porque realmente
alcançam um poder muito grande. Este foi meu caso,
infelizmente. Tornei-me uma pessoa insuportá vel, maligno e
vingativo. Brigava constantemente com minha mã e, ao ponto de
agredi-la fisicamente algumas vezes. Passei a estudar a noite e
me tornei um sujeito malquisto pela maioria dos colegas. Eu nã o
tomava muitos banhos, por causa de vá rios rituais que fazia ao
longo do dia, assegurando minha proteçã o e mais poder.
Todos os dias eu precisava passar por uma sé rie de ritos
especıf́icos, para manter meu corpo fechado. Por exemplo, eu
dormia sempre com uma camiseta que estava consagrada,
sempre virada ao avesso. A usava por baixo das roupas durante o
dia. Ela nunca era lavada, para nã o perder a consagraçã o, entã o
exalava um forte odor pú trido. També m eu precisava colocar
cristais que eram consagrados em pontos especıf́icos da minha
casa, cercando o lugar. Aos pé s das colunas do portã o de entrada
da minha casa havia oferendas aos demô nios protetores
enterradas. Todas as vezes que eu passava por ali precisava fazer
uma referê ncia, bater trê s vezes o pé esquerdo no chã o e dizer o
nome deles. Eram tantas coisas que minha vida se tornou
exclusiva para uso do inferno e virei um fantoche nas mã os de
Sataná s. Stinvts me acompanhava em tudo e lembrava sempre
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A MAGIA
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piscou o olho. Eu entendi que era Stinvts que havia entrado nela.
Ele disse atravé s dela:
- Eu trouxe meu filho aqui, para ver Jorge! Porque ele nã o
pode ver Jorge? – Gritava a mulher possuıd ́ a pelo meu demô nio
mensageiro.
Segurei-me para nã o rir e passei a me comunicar
mentalmente com Stinvts:
- O que é que você está fazendo? – Perguntei.
- Fique tranquilo, é só para agitar um pouco isso aqui. –
Respondeu ele em minha mente.
Os “filhos de santo” foram correndo buscar ele, Jorge de
Ogum, o pai de santo. Quando ele chegou, olhou para mim e
soube que eu era um dos filhos de Sataná s, pertencente a
Tradiçã o. Olhou para a secretá ria, que ainda estava possuıd́ a por
Stinvts e deu um comando:
- Mensageiro! Já pode sair da minha secretá ria. Pare de
causar confusã o aqui!
- Sim senhor. – Disse Stinvts, em uma rara demonstraçã o
de respeito por algué m, e saiu.
- Venha filho, entre aqui. Vou te ensinar a dominar este
demô nio, para que nã o faça mais isso. – Disse para mim,
colocando seu enorme braço sobre meu ombro, conduzindo-me
para uma ampla sala, na parte dos fundos.
- Entã o você é o novo filho? – Perguntou-me olhando no
fundo dos meus olhos, de forma tã o penetrante que parecia estar
lendo minha mente.
- Sim! Pelo menos é assim que papai me chama. Recebi a
instruçã o de meu mestre Luiz para procurar o senhor. Meu
mensageiro trouxe-me aqui. – Respondi.
- Você sabia que, normalmente, demô nios mensageiros
nã o incorporam em pessoas? O seu é muito habilidoso, rapaz.
Isso demonstra que você tem muito poder e eu sei de onde veio
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A MAGIA
todo esse poder. Conheci seu avô , trabalhei com ele. – Disse o
homem de um metro e noventa e seis de altura, com mais de
cento e quinze quilos de peso.
- O Vô Carlo?? Como assim? – Perguntei entusiasmado,
porque sabia pouca coisa sobre meu avô .
- Isso. Ele tinha uma chá cara no Rio de Areia. Iamos lá fazer
as consagraçõ es. Ele, o Baiano e eu. Seu avô era um grande
sacerdote, o maior de toda essa regiã o. Tinha um poder
incompreensıv́el, por isso admirá vamos tanto ele. O ú nico
problema dele foi que a magia consumiu a sua prana (força
vital), que o fez adoecer. – Falou o sacerdote.
Alguns bruxos fazem tanto uso da magia que nã o cuidam
da sua pró pria saú de. Quanto mais se utilizam as forças mıśticas,
mais o corpo fıśico é consumido. Eu mesmo, por usar muito a
magia, tinha as mã os cobertas por verrugas, devido à
quantidade de poder que passava por elas. Associando o poder
espiritual a energia eletrostá tica do corpo, as correntes elé tricas
que passavam por mim saıám pelas mã os, direcionadas até onde
eu concentrava minha visã o. Isso afetava terrivelmente a pele
das mã os, ocasionando as verrugas. Incrivelmente, depois da
minha conversã o, em questã o de meses, todas elas secaram e
caıŕam. Nunca mais as tive.
Jorge era um pai de santo conhecido da regiã o. Naquele dia
contou-me muitas coisas sobre minha famıĺia, principalmente
sobre meu avô e suas aventuras. Foi muito importante para a
compreensã o da minha histó ria familiar e porque eu tinha um
poder visivelmente maior que as outras pessoas. Muitos
demoravam trê s, quatro anos para passar do terceiro para o
quarto está gio, e eu desenvolvi a magia tã o naturalmente que
avancei em questã o de meses apenas. Os demô nios que
produziam o poder do meu avô foram todos transferidos para
mim no dia do meu nascimento.
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- Eles tomaram você nos braços, assim que nasceu, e com o
sangue da placenta da Dal (minha mã e) consagraram você . O seu
cordã o umbilical foi tirado e guardado, porque nele conté m a sua
herança gené tica. Ele foi usado para o ritual de transferê ncia,
onde os poderes (demô nios) do seu avô puderam ser passados
para sua vida. E por isso que você tem tanta facilidade na magia e
todo esse poder que nem sabe controlar ainda. – Explicou-me
Jorge. – Você foi escolhido para nascer. Nasceu mediante um
planejamento, para ser o pró ximo sacerdote superior da
Tradiçã o. Eu vou morrer e os outros també m, mas você vai durar
muito ainda. – Concluiu.
- Luiz me disse que eu aprenderia a unificar os quatro
elementos. Você pode me ensinar? – Perguntei.
- Você já sabe. Basta buscar isso dentro de si. Os quatro
elementos estã o contidos na sua essê ncia, desde o seu
nascimento. Se você levantar uma folha, o universo inteiro
estará debaixo dela. Se você partir uma maçã ao meio, a magia
estará dentro dela. Tudo está contido na sua existê ncia e naquilo
que você tocar. Quando sentir o calor do sol, ou o frio da chuva;
quando sentir a á rida terra ou o sopro do vento, você saberá que
os quatro elementos estã o unidos e esse será o momento certo
de você subir na escala da existê ncia má gica. – Completou
filosoficamente ele.
Aquele dia foi cheio para mim. Tantas informaçõ es e
aprendizados! Muitas coisas que eu, sequer sonhava saber,
soube. Ao voltar para casa, caminhando, um vento forte tomou
conta da rua onde eu estava. A poeira soprada pelo vento veio
sobre mim e senti o gosto seco da terra na minha boca. O vento
soprou sobre meus cabelos que, na é poca eram grandes e
volumosos. As nuvens se abriram e um raio de sol muito forte
bateu sobre meu rosto, impiedoso. Fiquei parado ali, sozinho,
em uma rua deserta pensando no que estava acontecendo
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A MAGIA
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nunca entraram no conjunto de objetos existentes para iluminar
ambientes, até porque sã o deficientes nisso, iluminando muito
pouco cada uma delas, sendo necessá ria uma grande
quantidade delas para iluminar um ú nico local. Elas foram
criadas para aberturas de portais má gicos. Sã o o sım ́ bolo da
unidade entre os cinco poderes mıśticos, que é a junçã o dos
quatro elementos naturais (fogo, á gua, terra e ar) com o
elemento espiritual (é ther/prana). Ao acender uma vela,
imediatamente um portal espiritual é aberto, MESMO SEM AS
PALAVRAS DE INVOCAÇAO A DETERMINADOS DEMONIOS. As
velas brancas sã o usadas para invocar os demô nios
mensageiros, como o Stinvts, por exemplo. També m sã o usadas
para abrir portais para espıŕitos (demô nios) familiares. Note
que sã o acesas velas brancas em funerais ou em cemité rios.
Velas coloridas sã o acesas de acordo com cada demô nio
associado à elas.
Nos seminá rios e ministraçõ es que faço ao longo dos anos,
nas mais variadas igrejas e cidades, nos muitos paıśes por onde
tenho passado, a pergunta é sempre a mesma: “mas se acabar a
luz, posso acender uma vela?”. NAO! Sob hipó tese alguma acenda
uma vela! No escuro, sobre bolos de aniversá rio (assistam meu
vıd
́ eo “Desvendando o Satanismo 2”, onde explico sobre o ritual
satâ nico que há escondido nas velas de aniversá rio), velas
coloridas, velas aromá ticas etc., nenhum tipo deve ser aceso. Sã o
armadilhas espirituais que devem ser evitadas!
O poder que o sé timo grau trouxe era demais para que eu
conseguisse controlá -lo nos primeiros meses. Quando eu sentia
ó dio, meu corpo queimava. Se a raiva fosse externada por um
grito, as portas e janelas da minha casa se abriam e batiam.
Coisas voavam dentro de casa e quando eu saıá à rua, algumas
pessoas passavam mal perto de mim, chegando a tontear e, até , a
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A MAGIA
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poderia ter mais de vinte e oito mil satanistas em treinamento
AO MESMO TEMPO, em uma regiã o de aproximadamente
quinhentos mil habitantes. Claro que nã o significa que todos
esses chegarã o a ocupar os trê s ú ltimos nıv́eis, pois é muito
difıćil, mas é um grande contingente de pessoas servindo ao
diabo, bem pró ximas a nó s.
Os treinamentos aconteciam o tempo todo, nos mais
variados locais. Passamos a treinar um grupo de iniciados para
se infiltrar nas igrejas evangé licas. Eram nossos inimigos em
potencial e estavam crescendo muito no Brasil, tirando pessoas
do ocultismo. A estraté gia, a partir da dé cada de noventa era
colocar pessoas disfarçadas dentro das igrejas e atrair a
confiança dos lıd ́ eres e das pessoas influentes da congregaçã o.
Depois de um tempo, descobrir fraquezas e gerar boatos,
acusaçõ es e calú nias sobre os lıd
́ eres, a fim de desmoralizá -los e
destruir suas igrejas. Os filhos dos pastores eram atacados
constantemente para nã o seguirem os exemplos dos pais.
Fazıámos de tudo para que nã o chegassem a ser crentes, quando
alcançassem a idade adulta. Havia no Paraná grandes igrejas que
já tinham pastores auxiliares, ministros de louvor e lıd ́ eres de
jovens que eram satanistas infiltrados da Tradiçã o. Cheguei a
participar de uma reuniã o de assembleia menor no centro de
eventos de uma grande convençã o evangé lica, onde um dos
pastores era um mestre da Tradiçã o. Falo sobre as estraté gias de
infiltraçã o de satanistas no meu livro “Infiltraçã o”, lançado por
esta mesma editora, na sé rie de romances policiais cristã os.
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A MAGIA
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era a substâ ncia de que ela tanto precisava. Uma coisa estranha
começou a chamar a minha atençã o. Todas as vezes que eu
conversava com a bruxa, notava que os olhos dela mudavam de
cor. Stinvts disse-me que nã o confiava nela.
A janela do quarto que eu morava no hotel tinha a vista
para um muro de tijolos. Todos os dias um gato preto ficava ali,
sentado sobre o muro, olhando para dentro do meu quarto. Eu
tentava me comunicar com ele, sensorialmente mas nã o
conseguia. Ele passou a ser um companheiro nas interminá veis
tardes de leituras dos tratados má gicos da Tradiçã o, das chaves
de Salomã o e do Heptameron. Certa tarde o gato fez algo
inesperado, e saltou do muro para dentro do meu quarto, pela
janela aberta. Assustei-me por um momento até que ele se
tornou um homem adulto, de manto escuro, na minha frente. Era
um dos guardiõ es das torres cardeais, demô nios especıf́icos de
proteçã o de um mestre. Ele se prostrou na minha presença e
reverenciou Stinvts, que també m estava ali, ao meu lado, como
sempre.
- O que houve, guardiã o? – Perguntou Stinvts.
- Vim avisá -lo de que algué m muito pró ximo quer atacar e
destruir o meu senhor. – Respondeu ele.
- Quem? – Perguntei. – Onde está ?
- E aquela bruxa! Eu sabia que nã o podia confiar nela. –
Replicou Stinvts.
- Sim. E ela. – Respondeu o guardiã o. – Ela está aqui com o
propó sito de destruı-́lo. O que devo fazer? – Perguntou ele.
- Deixe comigo. Sei bem o que fazer com eles. – Encerrei o
assunto.
Pedi ao Stinvts que chamasse os demô nios de retaliaçã o e
segurassem os dois no quarto do hotel. Eu queria que o homem
que estava se passando pelo filho dela fosse punido por isso,
entã o ordenei aos demô nios que o deixassem com a
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A MAGIA
mentalidade que ele estava fingindo ter, ou seja, que sua mente
retrocedesse à idade de cinco anos. Imediatamente o homem
teve uma convulsã o fortıśsima e ficou debilitado mentalmente.
A feiticeira quando viu o que fiz a ele, invocou a seus
demô nios para partirem contra mim, mas tamanha foi sua
surpresa quando percebeu que nã o eram nem a metade dos que
estavam me cercando e fazendo minha proteçã o. Ao sentir a
ameaça sobre sua vida, fugiu do hotel correndo, se
desvencilhando do cerco que eu havia feito. Stinvts disse saber
onde ela estava indo e pediu permissã o para fazer algo a ela.
Como minha raiva era enorme, consenti. Os olhos do demô nio
mensageiro flamejaram e ele desapareceu.
Esta mulher era uma sacerdotisa de oitavo grau, de uma
assembleia menor, pró ximo a mim e sentia-se ameaçada pela
minha proximidade ao seu territó rio. Ela era també m uma
grande empresá ria da cidade e foi, infelizmente, encontrada
morta, assassinada pelo amante, um jovem usuá rio de drogas e
cheio de demô nios parasitas.
Os demô nios parasitas sã o uma classe que nã o é usado na
batalha espiritual pelo inferno. Sã o demô nios de baixa grandeza
e pouca intensidade que permanecem em uma pessoa, apenas se
alimentando dela. E o caso dos viciados em drogas. Os parasitas
espirituais sugam toda a vitalidade da pessoa, tirando-lhes a
força e a vontade de viver. Quando conseguem matar a pessoa,
ganham um status na regiã o em que atuam e podem possuir
pessoas de nıv́eis sociais maiores. Assim vã o galgando posiçõ es
e crescendo na escala evolutiva. O demô nio de um milioná rio
nã o é da mesma classe que o demô nio de um mendigo. Ambos
estã o em escalas diferentes. Quando um demô nio é expulso pelo
poder do Nome de Jesus, ele volta aos lugares á ridos e, se nã o
tiver como voltar à pessoa de onde saiu, tem que iniciar
novamente como um demô nio parasita, sugando a vitalidade de
viciados e doentes.
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CAPITULO QUATRO
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Os rituais de morte sã o necessá rios em todas as religiõ es
mıśticas, uma vez que o derramamento de sangue manté m
aberta a ligaçã o entre o ser humano e uma (ou mais) entidades
espirituais. Na Umbanda, por exemplo, sã o feitos sacrifıćios com
animais bı́ p edes; na Quimbanda, com quadrú pedes. No
satanismo com seres humanos. A morte sacrificial é levada
muito a sé rio e extremamente necessá ria para manter os
demô nios de alta grandeza, como os prın ́ cipes e sub-prıń cipes
ligados as Organizaçõ es, Irmandades e Tradiçõ es, como no caso
da que eu pertenci.
No colé gio, com dezessete anos de idade, eu falava
abertamente de Sataná s. Tinha orgulho de ser um satanista e
ensinava a todos sobre as coisas do reino das trevas. Essa era a
minha religiã o e eu queria que todos soubessem, tomando
apenas o cuidado para nã o revelar os segredos da Tradiçã o, que
eram muito bem guardados. Eu usava livremente meus poderes
satâ nicos para a autopromoçã o e para impressionar as pessoas.
Um dia, quando estava resfriado, espirrei perto de uma colega e
ela educadamente disse “saú de”. Imediatamente olhei
profundamente para ela e disse:
- Obrigado! Agora sua saú de está em mim e meu resfriado
em você .
De fato, no dia seguinte eu estava sã o, e ela resfriada. Isso
causava furor entre os estudantes que, de certa forma, temiam a
mim. As pessoas começaram a me procurar para aprenderem
sobre o que eu conhecia. Como Luiz gerava uma atraçã o sobre
minha vida, agora eu fazia isso nas pessoas. Passei a ter muitos
amigos, iniciados e discıp ́ ulos e me tornei rapidamente muito
popular.
Eu usava o colar má gico da Tradiçã o, dado aos mestres de
alta magia, sempre por baixo da roupa. Ele era feito de madeira,
com uma pedra incrustrada no verso, preso em um cordã o
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
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perguntando: “Quem é que está lá , pendurado, morto?”
Respondıámos: “Jesus!”. “Entã o esta é a prova de que papai (uma
das formas que chamam Sataná s) venceu”. Crescemos sabendo
que Jesus havia sido morto e que o diabo havia vencido. Nunca
ouvimos sobre a ressurreiçã o.
Ela sorria ao ouvir as minhas histó rias a cerca do
satanismo e dizia:
- Carlo, você pode até acreditar nessas histó rias de
monstros e demô nios. Mas eu creio em Jesus. Nã o vou deixar de
crer Nele, só por ouvir suas histó rias.
- Mas como você crê em um derrotado? – Eu perguntava. –
Já te disse que ele morreu. Foi morto porque perdeu a batalha.
Meu deus é poderoso! Ele venceu Jesus. – Eu acreditava nas
mentiras que me ensinaram e defendia minha fé .
Inajara nã o sabia como contestar, entã o apenas ria e nã o
falava nada. Vá rias eram as vezes que eu fazia sinais para ela ver.
Pegava alguns fios do longo cabelo dela e amassava em minha
mã o esquerda. Quando abria, havia se tornado cobre, como os
fios usados nos cabos elé tricos. Ela nã o acreditava e dizia que
aquilo era truque. Eu tinha algumas habilidades em transformar
coisas, adquiridas no está gio da transmutaçã o e alquimia, entã o
pedia para ela pegar duas pedrinhas do chã o e segurá -las
fortemente em sua mã o. Eu focava meu poder na mã o e as duas
pedras se tornavam uma só , poré m maior. Nã o adiantava, nada
disso impressionava aquela menina. Certa vez aprendi com um
sacerdote da tradiçã o, renomado escritor, a manipular o fogo.
Ele tinha o há bito de comer o fogo que colocava na palma de sua
mã o. Passei a conseguir produzir fogo má gico, na palma da mã o
també m. Essas coisas, para minha amiga, eram apenas truques e
nada a convencia. Tentei, entã o, uma abordagem um pouco mais
mıśtica.
- Se eu conseguir entrar invisıv́el dentro da sua casa, hoje à
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
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fıśicas e algumas espirituais. Nã o podia ver o trâ nsito espiritual
de demô nios, senã o minha consciê ncia ficaria confusa, devido o
grande nú mero de demô nios que transitam ao redor do nosso
planeta. Por esta razã o os prı́ n cipes nã o permitiam que
vıśsemos tudo do mundo espiritual, mas apenas aquilo que nos
traria crescimento.
Quando cheguei ao telhado, Stinvts já estava me esperando
e partimos, voando, pela regiã o central da cidade. Eu nã o sabia
exatamente onde era a casa da menina, mas o demô nio
conseguiu descobrir e me revelou a rua e o nú mero da casa. Ele
mostrava algumas informaçõ es inversas, como o nú mero que
era 375, por exemplo, me mostrava 753. No mundo espiritual as
imagens e informaçõ es sã o espelhadas, na maior parte das
vezes.
Voamos muito baixo, a altura dos carros, indo pelo meio da
rua, para encontrar o endereço. Saindo da avenida principal da
cidade, viramos a direita na rua da casa dela, e seguimos para
uma baixada onde dava inıćio o bairro onde morava, até que algo
nos surpreendeu: no meio da rua havia uma criatura com mais
de trê s metros de altura. Quando pensei em me mover, percebi
que está vamos travados. Perguntei para Stinvts o que era aquilo
e ele, com uma expressã o assustada disse:
- E um anjo do Deus de Israel.
Eu sabia pouco sobre o Deus dos hebreus, aquele povo que
passou a se chamar Israel, entã o pouco me importava.
Disse ao demô nio:
- Nã o me importo quem ele seja! Tire-o logo daı!́ - Gritando.
Stinvts, que parecia estar congelado de medo, olhou para
mim girando a cabeça rapidamente e disse:
- Com esse aı́ eu nã o posso. Se quer, vá você sozinho! - E
desapareceu.
Fiquei ali, no meio da rua, abandonado pelo meu demô nio
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
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Vivo de Israel. - Disse o anjo, referindo-se a famıĺia da garota, que
eram crentes em Jesus Cristo, servos de Deus em uma igreja
Batista da regiã o. - Você ainda pode voltar para Ele. Basta aceitar
o sacrifıćio que Jesus fez por você . Pense nisso! Sataná s o está
enganando. Jesus Cristo morreu por você , Carlo. Quem dera
fosse por mim! - Disse o anjo, tocando em mim.
Meu corpo espiritual foi expulso daquele lugar, com o
toque do anjo, e voltei em uma fraçã o de segundo ao meu corpo
fıśico, que deu um pulo involuntá rio na cama em que estava
deitado. Imediatamente uma dor terrıv́el tomou conta do meu
corpo. Meus braços e pernas doıám tanto quanto se estivessem
quebrados. Minha cabeça parecia que iria explodir. Passei o
resto daquela madrugada sentindo muita dor, sem conseguir
dormir, pensando no que havia acontecido. Chamava Stinvts
mas ele nã o aparecia. Pela primeira vez senti medo e abandono.
Algo muito estranho estava acontecendo e eu nã o sabia ainda o
que era.
Passei o restante da semana muito mal e nã o fui à s aulas.
Na outra semana faltei a segunda e a terça-feira e entã o, na
quarta-feira resolvi ir ao colé gio, pensando que Inajara havia
esquecido da promessa nã o cumprida, em entrar no quarto dela
a noite, em espıŕito, na semana passada. Ao pisar no corredor
principal do colé gio, olhei para a minha sala de aula e ela estava
na porta, sorridente, olhando para mim. Está vamos a uma
distâ ncia em que eu nã o conseguia ouvir o que ela dizia, mas fiz
leitura labial: "Você nã o conseguiu!", disse ela toda sorridente.
Fui tomado por um ó dio tã o grande que fiquei possesso
por algum demô nio que eu julgava controlar. Nã o pude perceber
como cheguei até ela, apenas quando estava com minha mã o em
sua garganta, levantando-a do chã o, gritando ensandecido:
- Você quase me matou! Tinha um anjo lá , você sabia? Eu
quase morri lá !
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
Meu ataque de fú ria foi tã o grande que meus dedos a
estavam enforcando. As pessoas ao redor me seguraram e
socorreram-na. Fui levado até a sala da direçã o e, supondo eles
que eu havia tido um surto, me mandaram ir para casa, mas nã o
pude. Fiquei sentado no meio-fio, em frente ao colé gio, o tempo
todo, até o final da ú ltima aula. Eu nã o conseguia entender o que
estava acontecendo. Achava-me o ser mais poderoso do planeta
mas, de repente, uma menina fraca, sem muita convicçã o na
vida, tinha uma proteçã o tã o poderosa que havia amedrontado
meu mensageiro e o feito correr aquele dia. Que poder era
aquele? O que aquele anjo queria dizer com "Jesus Cristo morreu
por você "? Por que algué m morreria por mim, sem ao menos me
conhecer? As dú vidas estavam povoando minha mente de tal
forma que eu nã o conseguia ordenar os pensamentos de forma a
compreender toda aquela situaçã o.
As horas foram passando e eu permaneci inerte ali,
sentado na calçada, com os cotovelos sobre os meus joelhos e as
mã os tapando meu rosto. Em dado momento, as aulas acabaram
e ouvi as pessoas saindo do colé gio e passando atrá s de mim,
mas era como se eu estivesse invisıv́el. Até que senti a presença
de algo sentando ao meu lado. Abri os olhos e vi ao meu lado um
par de pé s femininos. Olhei para o lado e vi que Inajara estava ali,
sentada. Ela era a garota que eu acabara de tentar estrangular
dentro da escola. Seu pescoço ainda tinha as marcas arroxeadas
que deixei com meus dedos. Olhei para ela e perguntei:
- Vai ficar aı́ sentada? Nã o vai falar nada nã o?
- Sim, vou sim. - Disse ela. - Eu te falei que o meu Deus era
mais poderoso do que o teu! - Levantou-se e saiu.
Aquela frase acabou comigo! Meu espıŕito gritava! O anjo
dizendo que Sataná s estava me enganando, agora a menina
dizendo que o Deus dela era mais poderoso do que o meu. E, na
verdade, havia sido mesmo, porque nã o pudemos nem reagir! A
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situaçã o agora acabara de ficar inversa: antes eu queria ensinar
algo à ela. Agora era eu quem precisava aprender algo com
aquela menina.
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
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na computaçã o, informatizando o sistema para eles. Os donos,
pai e filho, eram muito bons comigo. O filho, Doutor Ricardo, era
evangé lico de uma igreja comunidade. Falava comigo sobre o
Amor de Deus na hora do café e sempre que podia, contava
alguns testemunhos. Ali, aos poucos, comecei a perceber que
Deus estava me cercando de crentes por todos os lados.
No hotel em que eu morava, veio se hospedar um artesã o,
desses que vendem seus trabalhos nas ruas, mas crente. Homem
de Deus, que lia a Bıb ́ lia todos os dias e que orava muito. Fiz
amizade com ele e aprendi a fazer algumas coisas, como
pulseiras e colares. Como eu tinha o meu dia livre, passava
bastante tempo com ele. Certo dia fomos comer um pastel e ele
perguntou se poderia orar. Perguntei o porquê da oraçã o. Ele
respondeu:
- Pode ter muita coisa neste pastel! Desde bacté rias, até
veneno! - Ele era bem teatral no que falava. - Se eu orar, mesmo
que contenha algo ruim, o Senhor vai neutralizar e nada me fará
mal. - Concluiu.
Eu pensei que seria realmente uma boa ideia aprender
aquela oraçã o, porque ultimamente minha vida estava
começando a ficar de cabeça para baixo e uma proteçã o a mais
seria ó timo. Edison era o nome dele e foi essencial na minha
conversã o porque, com simplicidade, me ensinou a orar.
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
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igrejinha e o porteiro me convidou para entrar. Tive curiosidade
em ver como era lá dentro, mas, ao passar do portã o, fiquei
paralisado. O colar me empurrava para trá s, repelindo-me dali.
Como eu estava decidido a ir na igreja, queria evitar que aquilo
me atrapalhasse. També m tomei o cuidado em nã o contar ao
Stinvts sobre onde eu ia e o que pretendia fazer. Stinvts estava
estranho comigo depois do encontro com o anjo e da minha
amizade com o Peter, Edison, Dile e com o Doutor Ricardo, o
advogado.
Ao chegar na igreja, sentamos no ú ltimo banco. Eu me
sentia estranho, nã o sabia como me portar. Minhas roupas eram
estranhas, mas ningué m me tratou com indiferença. Todos
vinham, sorridentes, e me abraçavam. Era realmente um
ambiente muito tranquilo. Vi os instrumentos musicais e fiquei
feliz. Teria mú sica! Chamei minha amiga e lhe disse que havia
lido o primeiro capıt́ulo da Bıb ́ lia na livraria do Dile e que
conhecia aquele trecho. Ela, prontamente foi até o ministro de
louvor e cochichou algo no ouvido dele e no momento de louvor
eles cantaram "Nosso Deus é Soberano", que fala desse trecho
lido.
Eu estava me sentindo muito bem, quando senti algo ruim
emanando do fundo da igreja. Olhei para trá s e vi que um dos
guardiõ es havia trazido um demô nio de retaliaçã o. Ele estava
parado no corredor, dentro da igreja, de braços cruzados
olhando para mim. Perguntei a Inajara se demô nios poderiam
entrar na igreja dela e ela me perguntou se eu estava vendo
algum ali. Respondi afirmativamente quando Stinvts sentou-se
do meu lado.
- O que é que você está fazendo aqui? Ficou maluco? Se
papai descobre, vai te matar! - Bradou o demô nio mensageiro. -
Já fica andando com esse povo esquisito e agora vai querer virar
um deles? - Concluiu.
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
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troca.
Certo dia perguntei a ele:
- Dile, se Deus é tã o bom e maravilhoso, por que nascem
crianças com doenças e problemas de deformidades? Nã o
somos imagem e semelhança Dele?
- Você é parecido mais com o seu pai ou com a sua mã e? -
Ele retrucou.
- Com os dois, mas o semblante é da minha mã e, porque
sou branco. Meu pai é mais moreno. Mas, afinal, o que isso tem a
ver com a minha pergunta? - Indaguei.
- Adã o era a imagem e semelhança de Deus. Eva passou a
ser sua imagem. Os filhos deles passaram a ser imagem deles.
Somos imagem e semelhança da nossa cadeia gené tica. Se ao
longo dos anos, seus antepassados tiveram problemas nessa
cadeia gené tica, há uma probabilidade de algué m na sua
descendê ncia nascer com alguma doença ou deformidade. Isso
nã o tem nada a ver com Deus. Somos parecidos com o Senhor
por sermos feitos de trê s partes: espıŕito, alma e corpo. Deus é
Criador, gerador de vida (alma), mas també m veio como homem
atravé s de Jesus Cristo (corpo) e, ao ressuscitar, enviou sobre
nó s o Espıŕito Santo (espıŕito). Nisso somos parecidos com
Deus. - Concluiu.
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
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que era isso que eles referiam? Estavam chegando as pá ginas em
branco? Para Sataná s esse dia nunca chegaria!
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
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ser ladrã o, mentiroso e homicida. Aqui na Bıb ́ lia, - disse ele
enquanto a abria em Ezequiel, no capıt́ulo 28 – diz que ele,
Sataná s, era um querubim da guarda, ungido, e que morava no
Monte de Deus. Ele perverteu os seus caminhos e pecou contra
Deus. Está aqui! Leia! – Completou, jogando a Bıb ́ lia aberta no
meu colo.
- Nossa! – Exclamei. – Entã o fomos enganados todo esse
tempo? Mas como saberei que a Bıb ́ lia nã o é apenas um livro
escrito por algué m que odeia papai, digo, Sataná s?
- Ore ao Espıŕito Santo, pedindo à Ele que lhe dê provas da
veracidade da Palavra de Deus. – Ensinou ele. – Foi o Espıŕito
Santo quem inspirou mais de quarenta homens, todos distantes
uns dos outros, diferentes em suas raças, culturas e posiçõ es
sociais, alé m de estarem separados por sé culos de distâ ncia. E
todos escreveram um livro perfeito, que aponta para Jesus, o
autor da nossa Salvaçã o.
- Como oro Dile? – Perguntei aflito. – Nuca fiz isso para
Deus. Sempre para o... diabo. – Falei cabisbaixo.
- Agora, mais do que nunca, você precisa orar, porque
Sataná s vai vir com tudo para te matar. Mas fique calmo, porque
quando ele aparecer, você o repreende em Nome de Jesus,
entendeu? – Perguntou.
- Entendi. Nome de Jesus. E isso funciona?
- Claro! Esse é o nome mais poderoso que existe. Nome
sobre todo nome. – Exaltou ao Senhor. – Qualquer demô nio tem
que obedecer a esse Nome. Fique tranquilo que vai dar certo.
Isso será a sua proteçã o. – Concluiu.
Passei a ter uma boa amizade com Edison. Ele era simples,
vendia seus artesanatos no calçadã o do centro da cidade, e eu
passava boa parte do meu tempo sentado ao lado dele. Ningué m
da Tradiçã o desconfiava que aquele "hippie" era um crente
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
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a á gua quente caıá sobre mim, eu refletia sobre o que havia
acontecido. Stinvts apareceu no banheiro e me repreendeu:
- Nunca mais faça isso! – Esbravejou meu mensageiro.
- Fazer o quê ? – Questionei.
- Permitir que algué m do caminho coloque as mã os sobre
você e invoque aquele nome! – Gritou mais ainda.
- Nã o entendo. – Perguntei. – Se somos mais poderosos do
que qualquer povo da Terra, se nã o há outro deus maior que
papai, por que devo temer essas pessoas?
Stinvts se enfureceu de tal forma, que seu aspecto mudou.
Os demô nios aparecem em uma forma humana aos humanos,
para que nã o sejam rejeitados. Mas quando se enfurecem,
distorcem a aparê ncia humana e acabam revelando sem querer
suas verdadeiras faces.
- Você é insolente! – Gritou. – Faço tudo para te resguardar!
Eles tê m um plano para te destruir, para te enganar. Já estã o te
iludindo! Você foi escolhido por papai para ser um dos seis
sacerdotes desta naçã o e você despreza isso! – Bradava com toda
força, fazendo seus olhos flamejarem.
Os Seis Sacerdotes sã o um grupo escolhido por Sataná s
para comandar uma naçã o. Cada paıś possui um grupo desses
dentro da Tradiçã o. Sã o eles quem definem açõ es espirituais e
determinam a ordenaçã o de novos sacerdotes em cada regiã o.
Vi o demô nio mensageiro desaparecer em meio ao vapor
da á gua do chuveiro, deixando um forte cheiro no ambiente. O
acesso de fú ria dele era para mim conclusivo: eles nã o queriam
que eu me aproximasse dos evangé licos. A dú vida que ficava era
se Stinvts estava falando realmente a verdade e eu estava sendo
enganado por uma seita que iria me matar, ou se os crentes eram
verdadeiros e puros e eu estava errado na Tradiçã o, servindo a
Sataná s. Eu precisava tirar isso a limpo e seguir meu coraçã o. As
pá ginas em branco, encontradas no meu livro da vida, lá no ritual
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
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aprendido a vida toda. Jesus tinha ressuscitado? Entã o a Sua
morte foi apenas um plano de Deus, para que depois Ele pudesse
vencer ao inferno todo? Sataná s estava derrotado? Por isso
Stinvts nã o conseguiu fazer nada contra aquele anjo, porque um
demô nio já está derrotado.
Todos aqueles pensamentos vinham à minha mente a uma
velocidade incrıv́el e eu nã o conseguia parar de pensar em todos
os anos da minha vida em que fui enganado. Sem perceber,
lá grimas começaram a brotar nos meus olhos e rolar pela minha
face.
No final da mensagem, o pastor fez um apelo, perguntando
se havia algué m que estava sentindo-se mal e gostaria que lhe
fosse feito uma oraçã o. Nã o me lembro como eu levantei e fui
para a frente, apenas que quando abri os olhos estava lá , cercado
por obreiros com suas mã os impostas sobre mim. Entrei em
pâ nico, pois sabia que iria passar mal novamente, entã o
bloqueei a oraçã o de todos eles. Fechei meu cıŕculo má gico e nã o
permiti que nada entrasse atravé s dele.
Entã o, os demô nios usaram uma estraté gia simples para
me dissuadir de tudo o que havia ouvido. Enquanto os irmã os
oravam sobre mim, pude ouvir o que alguns diziam: “Senhor,
liberta este jovem das drogas”, “Senhor, tira todo vıćio dele”,
“Senhor, que ele pare de beber e de fumar”. Aquilo me deixou
extremamente irritado, pois eu jamais havia fumado, bebido ou
me drogado. Como as pessoas podiam me julgar assim? Como
podiam estar orando sem ao menos saber o que eu precisava
naquela oraçã o?
Abri meus olhos e vi, entre as pessoas, Stinvts sentado em
um dos bancos da igreja. Ele sorria debochadamente e aplaudia.
Imediatamente fechei o rapport com ele e perguntei: “Você está
rindo do quê ?”. Ele respondeu telepaticamente: “Da sua
insistê ncia. Eu nã o te falei que eles querem acabar com você ?
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
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sentei-me na outra cama, pró xima a janela.
- O que o senhor quer, papai? – Perguntei timidamente.
- Estou preocupado contigo. – Disse-me calmamente. –
Você tem tido umas atitudes que me desagrada, mas sei que é
uma fase. Logo tudo isso passará e você ficará bem. – Concluiu,
levantando-se da cama pró ximo à porta de entrada em que
estava sentado, desde que entrei no quarto.
- Nã o papai. Nã o é uma fase. – Enchi-me de coragem e falei.
– Algo está acontecendo comigo. Tenho aprendido muitas coisas
sobre o Deus dos crentes, que é o mesmo Deus de Israel. També m
descobri sobre a ressurreiçã o de Jesus Cristo.
- Já nã o te falei que eles tentariam te enganar? – Mentiu. – E
por isso que estou aqui. Eu me importo com você e vim ajudá -lo.
- Esses dias peguei Stinvts e fui até a casa de uma menina. –
Comecei a lhe contar o que houve. – No meio do caminho havia
um anjo! Stinvts nã o pode fazer nada contra ele! Ele
simplesmente disse que nã o podia e me abandonou lá , sozinho.
- Eu sei, eu vi tudo. – Mentiu novamente. – Por isso ele
passou alguns dias sendo punido. Nã o notou sua ausê ncia?
- Mas e o Willian? – Perguntei sobre o rapaz que havia ido
iniciar e que, fatalmente fora assassinado. – O senhor nã o sabia
que ele iria morrer? Eu pensei que soubesse tudo.
- Eu sabia, meu filho. – Mentiu mais uma vez. – Mas
precisava te ensinar uma grande liçã o sobre a morte e a
valorizaçã o da nossa Tradiçã o.
- Eu nã o acredito nisso! – Gritei. – Nã o é verdade! Eu li na
Bıb́ lia que você é o pai da mentira. Você nunca foi meu pai, nem
de ningué m! Eu li sobre sua queda, e també m que arrastou
vá rios anjos contigo.
- Nã o acredite em tudo o que você lê . – Tentou me dissuadir.
– Eu sou real. Você nã o pode me ver aqui? E o Deus dos crentes?
Você pode vê -lo? Claro que nã o! Porque Ele nã o é real! –
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
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atirado para fora, com tanta força, que fui atirado para trá s, na
direçã o oposta. Ele caiu ao lado de Sataná s e os dois se
entreolharam.
- Nossa! Deus funciona mesmo. – Murmurei atordoado,
nã o acreditando no que tinha acontecido.
Sataná s, voltando imediatamente à sua forma humana, riu
e, voltando para mim, disse:
- Tudo bem. Eu entendo. Se você quer sair, saia. Eu deixo.
Mas fique neutro, nã o se envolva com ningué m dos do caminho.
Viva sua vida, se divirta! – Propô s.
- Nã o. Nã o vou voltar atrá s! – Disse com toda confiança. –
Descobri quem é Jesus Cristo e que você nã o o matou. Era tudo
mentira sua. Por isso eu estou te abandonando hoje, seu
perdedor!
- Você nã o tem amor pró prio? – Gritou novamente,
irritado. – Seu humano mortal idiota! Eu venci Jesus! Eu venci!
Você já está morto! Eu vou acabar com você . Eu venci o seu Deus
uma vez e o venço de novo. Você nã o pode comigo! Se nã o tem
amor pró prio, entã o vou pegar quem você ama! – Bradou e
desapareceu.
Naquele mesmo instante, sem que eu soubesse, minha
mã e estava sendo tomada por demô nios terrıv́eis, lá na minha
cidade natal, onde ela morava. Os demô nios a possuıŕam e lhe
colocaram um câ ncer maligno. Minha avó , sacerdotisa da
Tradiçã o, foi instruı́da a me persuadir a abandonar minha
decisã o. Ela me ligou:
- Querido, sua mã e está mal. Ela incorporou um guia aqui
em casa, que estava revoltado. Quebrou tudo! Nã o tinha como
segurá -lo. O guia que estava na Dal desenhou no chã o de casa
letras e tratados que nunca antes vimos. Ele disse que estava
fazendo aquilo porque você o havia decepcionado. – Explicou
ela.
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
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hotel.
Enquanto andava pelas ruas, percebi que Sataná s estava
realmente decidido a me matar. Chegando ao quarto do velho
hotel em que eu morava, no centro da cidade, deitei na cama e
fiquei pensando no que fazer. De repente a mesma voz que falou
comigo, quando eu tinha treze anos, apó s a iniciaçã o, falou
novamente, dizendo: “Ore”. Ajoelhei-me ao lado da cama, mas
nã o sabia o que dizer. Comecei a chorar e repetir: “Deus, nã o
quero morrer”. Passado alguns minutos, algo inexplicá vel
aconteceu comigo. Uma sensaçã o tã o forte começou a tomar
conta de mim e uma voz firme e segura disse:
- Você nã o vai morrer agora, mas precisa lutar.
Aquilo deu refrigé rio ao meu espıŕito aflito. Senti uma paz
que talvez nunca antes havia sentido. Levantei-me, lavei o rosto e
saı́ do quarto. Fui até o Bar do Joel, no outro lado da rua, tomar
um café . Lá eu era amigo do dono e tinha liberdade para entrar
atrá s dos balcõ es para servir meu pró prio café . Minha intensã o
era ficar ali um pouco e relaxar, afinal havia passado por muitas
emoçõ es nos ú ltimos dias. Em um momento, deixei meu copo
sobre o balcã o e fui até a pia lavar as mã os. Quando voltei para
pegar meu copo, ele escorregou sozinho pelo balcã o, quase um
metro. Olhei para aquilo confuso, pois eu nã o havia ordenado
que aquele copo andasse, entã o senti um calafrio e um bafo
quente ao meu ouvido, dizendo: “Aqui eu consigo te matar”. Era
Sataná s, que estava me esperando ali, naquele lugar.
- Lá dentro, eu nã o pude encostar em você , porque
Emanuel nã o deixou. – Disse Sataná s com desprezo. – Mas aqui é
um lugar imundo. Aqui eu mando. Coloco vıćios, prostituiçã o.
Ele nã o vai querer vir aqui sujar Seus Santos Pé s neste antro de
pecados! – Murmurava o demô nio, em meus ouvidos, ofegante.
- Engano seu, diabo! – Eu ouvi Aquela Voz novamente! –
Desço até o inferno para salvar aqueles que me pertencem! –
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DEUS COMEÇA A ME CERCAR
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qualquer jeito, para que eu ficasse sozinho na rua e,
provavelmente, matar-me. Eu consenti e disse ao Dile:
- Eu vou lá , Dile. Depois a gente se fala. – E saı.́
Dile nã o disse uma só palavra. Apenas cruzou os braços e
ficou me olhando sair até a porta. Tenho certeza que ficou em
espıŕito de oraçã o naquele momento. Antes de sair, poré m, olhei
para trá s e o vi assim. Ele nã o disse nada, apenas abaixou a
cabeça. Naquele momento pude entender! Nã o adiantava ele
falar nada, porque era uma atitude minha. Lembrei-me da
Inajara me dizendo que o Deus dela era mais poderoso que o
meu, e disse ao meu mestre:
- Nã o posso ir, Antonio. Preciso ficar aqui e resolver meu
assunto com Deus.
Ele entendeu e foi embora. No mesmo momento Nelsã o
entrou pela porta! Fomos à sala dos fundos, onde ficava o
escritó rio do Dile. Lá , naquele escritó rio, centenas de vidas já
haviam sido entregues ao Senhor Jesus. Nelsã o pediu para orar
por mim e disse:
- Querido Deus, bondoso Pai, Tu sabes que este dia estava
escrito muito antes da fundaçã o do mundo. Tu tens guardado a
vida do Carlã o até aqui e nã o deixou que nada acontecesse a ele.
Agora peço-Te, receba-o na Salvaçã o em Cristo Jesus e perdoa-
lhe todos os pecados. Escreva o nome dele no livro da vida e o
aceite na vida eterna, em Nome de Jesus Cristo, o Senhor. Amé m!
– Orou.
Depois desta oraçã o simples, poré m poderosa, ele me fez
repetir uma oraçã o renunciando todos os pactos, maldiçõ es,
encantamentos, rituais que eu havia feito. Todas as alianças
malignas foram quebradas e portas espirituais foram fechadas.
Todo o poder do diabo foi anulado e desfeito em minha vida e
convidei o Espıŕito Santo para morar dentro de mim, de onde
nunca mais saiu.
Hoje posso dizer també m:
O MEU DEUS É O
MAIS PODEROSO!
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CAPITULO CINCO
Naquela noite...
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Nome de Jesus. Ensinou-me a ler o Salmo 4:8 antes de deitar e
orar por um sono tranquilo, mas a luta era tã o grande que,
naquele primeiro dia parecia que nã o surtiu efeito.
Em um momento, já nã o suportando ficar acordado,
levantei da cama no meio da madrugada e fui até a portaria do
hotel, pegar uma garrafa de á gua. Meu amigo porteiro estava
dormindo em uma poltrona e preferi nã o acordá -lo, pois eram
trê s e meia da manhã . Fui até a porta do hotel, mas a rua estava
deserta. Apenas o guarda noturno que cuidava dos carros e das
lojas estava na esquina, conversando com um vendedor de
cachorros-quentes. Voltei para a recepçã o e sentei-me em uma
das vá rias poltronas. Uma tristeza muito grande se apossou de
mim e uma sensaçã o de solidã o tomou conta do meu coraçã o. Eu
havia abandonado tudo, toda minha vida, toda minha famıĺia,
tudo o que sabia. Estava sozinho, sem ningué m, em um mundo
completamente diferente daquele que havia vivido até ali.
Literalmente precisava aprender a andar novamente. A ausê ncia
do Stinvts estava me matando. Eu realmente sentia a sua falta e,
confesso, desejei que ele estivesse ali comigo naquela
madrugada, mas ele nã o veio.
Olhei para o balcã o do hotel e vi uma pequena Bıb ́ lia cinza,
daquelas com apenas o Novo Testamento, Salmos e Prové rbios,
dos Gideõ es Internacionais (bendito seja esse ministé rio).
Tomei-a nas mã os e pedi:
- Senhor, fale comigo nessa madrugada. Eu estou me
sentindo tã o sozinho. Nã o sei o que fazer... Só sei que tomei a
decisã o correta. – E abri aleatoriamente a pequena Bıb ́ lia.
O texto aberto foi Atos 9:15-16 onde diz: “Mas o Senhor lhe
disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para
levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os
filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer
pelo meu nome”.
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NAQUELA NOITE...
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- Você nã o a ama. – Ouvi algué m falar.
Levantei, assustado.
- Quem disse isso? – Perguntei, olhando para todos os
lados.
Nã o houve resposta e o silê ncio da madrugada imperou
soberano novamente. Olhei para meu amigo que ainda dormia
na poltrona da recepçã o do hotel. Nã o podia ser ele. Nã o tinha
mais ningué m ali, alé m de mim. Sentei-me novamente e decidi
falar com a Janete no dia seguinte, para acabar o namoro. Agora
eu era uma nova criatura. Via coisas que nã o via antes. Podia
discernir e entender o que era errado. Precisava reparar,
consertar muitas á reas da minha vida e precisava começar o
quanto antes. Eu sabia que tinha recebido perdã o dos meus
pecados naquela tarde, mas precisava corrigir a iniquidade que
havia dentro de mim. O perdã o veio pela Graça Salvadora de
Jesus. Mas a mudança partiria de mim. Eu precisava mudar e
sabia que nã o seria nada fá cil. Precisava dominar meus ım ́ petos,
meu temperamento, mudar há bitos e costumes.
Lembrei-me Daquela Voz que ouvi no hospital, quando era
criança e havia decidido morrer. Sataná s mentiu dizendo ser ele
quem falava comigo naquela ocasiã o mas quando ele mesmo
quis me matar dentro do Bar do Joel eu ouvi novamente Aquela
Voz dizendo ser Jesus! Eu acabara de ler tudo aquilo na Bıb ́ lia e
sentia a Sua Presença, ali naquele banco de hotel, no meio da
madrugada. Eu nã o sabia se estava preparado para lutar.
Enfrentar a Tradiçã o sozinho nã o seria fá cil. Provavelmente eles
conseguiriam me matar em alguns dias e seria da forma mais
terrıv́el. Eu mesmo já tinha presenciado o que eles faziam com os
desertores. As retaliaçõ es a quem traıá a Ordem eram as piores
possıv́eis. O medo tomou conta de mim e me senti angustiado
novamente. Talvez eu quisesse lutar, mas tinha medo naquele
momento de aceitar o chamado. Fiquei debruçado sobre meus
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NAQUELA NOITE...
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da Dona Iolanda e conversando sobre tudo, desde futebol até
assuntos da Bıb ́ lia. Quando cheguei, tinham alguns irmã os e
també m o Nelson, que havia orado comigo no dia anterior. Senti-
me protegido ao vê -lo ali. Todos me chamaram de irmã o e me
abraçaram e, embora eu ficasse um pouco desconfortá vel com
aquela demonstraçã o de carinho, no fundo eu gostava.
Nelson me chamou em um canto e conversou sobre
maldiçõ es que poderiam estar na minha vida. Explicou-me a
necessidade de irmos a meu apartamento fazer um “pente fino”
e tirar todos os objetos ligados à magia, para que nã o gerassem
pontos de apoio na minha vida espiritual, atrapalhando assim a
minha conversã o. Concordei prontamente e montamos uma
equipe com alguns irmã os, liderados pelo Nelson e Dile, para
fazer isso.
Os rapazes que foram junto acreditavam que encontrariam
lá alguns CDs de bandas seculares, revistas pornográ ficas ou
outras coisas tıṕ icas de um jovem distante de Deus. Quando
entraram e viram os tratados de magia negra, muitos deles
compilados com sangue, livros e mais livros de rituais satâ nicos,
tratados de alta magia, objetos da Tradiçã o que eram
necessá rios como o colar e o anel da Tradiçã o, que conferiam
poder e proteçã o a mim, elementos ritualıśticos e o Athame, o
punhal que tanto havia lutado para ter, que simbolizava minha
formatura no sé timo grau, como mestre da Tradiçã o.
Tudo estava ali no chã o, bem no centro do meu quarto.
Todos estavam impressionados com o volume de coisas
encontradas e que deveriam ser destruıd ́ as. Eu olhava para o
Athame com profunda tristeza, por ter lutado tanto para
conseguir e agora estava desistindo de tudo. Quando percebi
que algumas lá grimas estavam se formando em meus olhos,
limpei e mudei minha postura. Eu estava decidido! Estava saindo
da Tradiçã o e mudando minha vida. Estava cansado de ser
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NAQUELA NOITE...
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Numa tarde, alguns dias apó s minha conversã o, pedi uma
Bı́blia do Dile, pois queria pela primeira vez lê -la. Ele me
presenteou com uma Bıb ́ lia preta, com zıṕ er. Comecei a ler o
evangelho de Mateus e achei impressionante. Li todo ele de uma
vez e passei para Marcos, Lucas e Joã o. Nã o conseguia parar.
Como uma pessoa seca, em um deserto, a Palavra de Deus era
á gua refrigerando-me. Quando percebi já era de noite. Estava tã o
bom ler a Bıb ́ lia que eu nã o queria parar, mas minha barriga doıá
de fome. Fui comer alguma coisa e voltei rá pido ao quarto para
ler de novo o evangelho de Joã o. Jesus revelou sua graça e me fez
ver, somando as narrativas dos quatro evangelhos, a Sua morte,
ressurreiçã o e ascensã o. Parti para Atos dos Apó stolos e fiquei
maravilhado com a açã o do poder de Deus no inıćio da igreja. Era
isso que Sataná s me escondia todos esses anos! Pensei: “Quero
ser como eles, Deus. Quero ter o Teu Poder em minha vida”.
Seguia lendo o livro de Atos e me colocando no lugar dos
discıṕ ulos, que operavam sinais e prodıǵios, no Nome de Jesus.
Finalizei o dia exausto, adormecido sobre o livro de 2 Corın ́ tios.
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NAQUELA NOITE...
invadiu o quarto com uma luz muito forte e intensa, que mudava
de cor. Da luz ouvi uma voz que dizia “Meu filho, nã o temas
porque eu estou contigo. Fique na minha presença e nã o te
desvies dela, nem para a direita, nem para a esquerda, e estarei
contigo todos os dias da tua vida e farei de ti um vencedor”. Eu
nã o conseguia falar, porque estava maravilhado com aquela
visã o espiritual e com a voz de Deus falando comigo. Aquela voz
continuou: “Quero que pregues a Minha Palavra, que instrua as
pessoas no caminho em que devem andar e desmascares as
trevas, que tantos anos te aprisionaram. Confirmarei esta
palavra a você , ainda outras vezes, para que saibas que sou o
Senhor, teu Deus”.
Apó s esta visã o nã o aguentei e caı,́ desacordado. Fiquei
assim o restante do dia até que ouvi algué m batendo na porta do
quarto. Era a camareira do hotel, querendo limpar, afinal já
estava ali trancado há uns dias. Saı́ muito fraco, com tontura, pois
jamais havia feito um jejum na vida e meu organismo nã o estava
acostumado. Procurei um restaurante e pedi uma vitamina de
frutas com leite. Enquanto esperava, um homem se aproximou
de mim e me cumprimentou. Eu retribui o cumprimento e fiquei
ali, alheio a ele. Poré m ele permaneceu ao meu lado e perguntou:
- Entã o, meu irmã o. Quer dizer que está buscando o
caminho das sombras?
- Quem é você ? – Perguntei assustado.
- Ningué m. – Respondeu. – Apenas um irmã o.
- Quem você pensa que é ? Quer morrer, seu safado? – Falei
rispidamente, pensando que ainda tinha algum poder espiritual.
Ele apenas riu e disse:
- Te vejo no inferno, traidor. – E saiu.
Eu ainda tinha dificuldade em definir uma personalidade.
Por mais que tinha passado trê s dias em jejum, ainda minhas
reaçõ es eram extremamente carnais. Isso levou muito tempo
- 124 -
para ser transformado.
Fiquei ali até que minha vitamina chegasse e logo depois
fui até a livraria do Dile, que tinha se tornado meu quartel
general. Lá aprendia tudo para meu crescimento espiritual, me
nutria da comunhã o com os irmã os e era cercado pelo amor
deles. Claro que ainda tinha conflitos internos, que me
impediam de entender muitas coisas sobre o Reino de Deus.
Tudo isso porque ainda nã o tinha uma consciê ncia espiritual
formada. Com os estudos que estava fazendo fui aos poucos me
fortalecendo e iniciando meu preparo para as batalhas que
viriam no futuro.
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NAQUELA NOITE...
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nã o sairia mais do hospital com vida, pois o câ ncer já estava
generalizado. Todos estavam preparados para sua morte,
inclusive ela que já havia feito o seu pró prio seguro funerá rio,
para bancar suas pró prias despesas com o funeral. Dividimo-nos
em grupos para permanecer com ela no hospital o tempo todo.
Meu horá rio era das 10:00h à s 14:00h. Comecei entã o a batalha.
Aquela era a minha chance de fazer algo pela minha mã e,
por isso, buscava ao Senhor todos os dias em oraçã o. Lia a
Pa l av ra d e D e u s c o n s t a n t e m e n t e , p e d i n d o a D e u s
fortalecimento espiritual e revestimento de Poder. Todas as
vezes que eu ia ler a Bıb ́ lia ou ministrar a Palavra de Deus para
ela, Sataná s enviava seus servos no hospital, vestidos de
enfermeiros para me atrapalhar. Muitas vezes pude ver
demô nios no quarto, nos vigiando. Cada dia que passava eu
sentia que o tempo era mais curto, até a noite do dia primeiro de
março, quando Deus falou novamente comigo.
Eu estava no meu quarto orando, já fazia umas trê s horas
que eu estava ali, adorando ao Senhor, quando Deus me disse:
- Amanhã , a estas horas, você estará pranteando a morte da
sua mã e.
Fiquei chocado. Sabia que minha mã e estava para morrer,
mas eu nã o estava preparado para isso. Acordei cedo e fui à casa
do meu tio, irmã o mais novo da minha mã e, e escrevi no
calendá rio que estava pendurado na parede da casa: “02 de
março de 1997, o dia em que a minha mã e morreu”. Minha tia ao
ler aquilo brigou comigo dizendo:
- Credo, Carlo! Nã o venha com essas tuas coisas de
adivinhar o futuro!
Ela se esquecera de que agora eu nã o era mais o mesmo.
Nã o tinha mais um dom de adivinhaçã o, mas sim a revelaçã o que
o Espıŕito de Deus dá aos seus filhos.
Chegando minha hora de cuidar da minha mã e no hospital,
- 127 -
NAQUELA NOITE...
- 128 -
manhã quente de março.
Voltei para a casa da minha avó feliz, alegre. Aproveitei o
resto do dia para descansar, pois sabia que a noite inteira ficaria
acordado. Pedi a minha avó que chamasse meu irmã o mais novo,
que morava com o outro tio, irmã o mais velho da minha mã e. A
noite, tocando alguns acordes no violã o, comecei a compor
alguma coisa pensando nela, quando minha vó chegou com a
notıćia:
- Ligaram do hospital e sua mã e entrou em colapso.
Ela estava morrendo. Corremos todos para lá e ao chegar
ao hospital fui o primeiro a entrar no quarto. Ela estava com mais
de quarenta e dois graus de febre. Seus olhos já estavam
amarelos, saltados para fora das ó rbitas. Abracei-a e comecei a
chorar. Tentaram me tirar de cima dela em vã o, porque eu nã o
sairia dali. Encostei meu ouvido esquerdo sobre seu peito e
ainda pude ouvir o seu coraçã o batendo lentamente. Com o
ouvido direito ouvia o monitor do equipamento hospitalar.
- Pode ir, mã e. – Disse baixinho. – A senhora está segura.
Deus está aqui para recebê -la.
Lentamente, o seu coraçã o foi parando e se ouviu um som
lâ nguido e contın
́ uo no equipamento que a estava monitorando.
O mé dico veio, analisou suas pupilas, auscultou seu coraçã o e
atestou sua morte, desligando os equipamentos. Ela estava
clinicamente morta, mas espiritualmente havia encontrado a
vida eterna em Jesus Cristo.
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CAPITULO SEIS
O Caminho
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Identificaram-se como policiais federais, mostrando uma
documentaçã o falsa. Entã o sem querer um amigo meu disse que
eu estava em outra cidade, na casa de retiros da igreja. Eles
saıŕam rapidamente em direçã o ao local onde eu estava.
Dile, sabendo disso, ligou imediatamente para a casa de
retiro e me avisou, pedindo que eu saıśse e me escondesse em
algum lugar. Decidi nã o fugir. Se fugisse, eles me perseguiriam
sempre. Eu nã o poderia viver me escondendo como um
derrotado. Resolvi ficar e enfrentar. Mal eu sabia que em
algumas horas passaria pela primeira das grandes provaçõ es
que tive, ao aceitar a Jesus como Salvador da minha vida. Quando
eles chegaram, eu estava no altar do salã o de cultos, na casa de
retiros. Perguntaram sobre o “Carlã o”, forma como me
chamavam quando era jovem. Eu me apresentei e perguntei o
que eles queriam. O lıd ́ er deles disse que precisava conversar
comigo em particular, e eu aceitei. Descemos até um gramado,
pró ximo ao campo de futebol, onde estava escuro e paramos
pró ximo a algumas araucá rias quando, de repente, senti um
empurrã o nas costas e ouvi:
- Vire-se para mim. – Disse o assassino, apontando uma
arma.
Eu fiquei de frente com ele, em espıŕito de oraçã o, pedindo
a Graça de Deus sobre a minha vida e sobre as pessoas que
estavam naquele lugar. Notei que o homem nã o falava nada,
apenas apontava a arma em direçã o a minha cabeça, entã o o
Senhor dotou-me de coragem e ousadia e perguntei:
- Você nã o veio aqui para me matar? Entã o faça logo o
serviço. – Desafiei.
- Você duvida, seu merdinha! – Gritou ele.
- Duvido sim! Deus nã o me trouxe aqui para morrer. –
Respondi com coragem.
Ele deu um passo em minha direçã o e colocou o revó lver
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O CAMINHO
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O CAMINHO
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esteve nas mã os de papai um dia, nunca mais sai dos seus dedos.
– Disse isso enquanto levantava-se junto com seu demô nio.
- Gaú cho. – Gritei enquanto ele já estava saindo pela porta.
Ele olhou e completei. – Eu saı,́ graças a Jesus Cristo.
Ele levantou os ombros, em sinal de desprezo, e foi
embora.
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“oi”. Fiquei envergonhado e sem jeito de falar com ela, mas
torcendo para vê -la no final do culto. Quando a programaçã o
terminou ela veio me procurar para conversar. Conversamos
muito, sobre tudo. Meus amigos que vieram comigo foram
embora e eu fiquei ali, com ela. Nã o queria ir para nenhum lugar,
que nã o fosse dentro do seu coraçã o. Algo estava acontecendo
comigo que nunca antes havia acontecido: o amor.
Eu tentava parar de olhar para ela, mas nã o conseguia.
Ficou tarde e marcamos para nos ver no dia seguinte, e no outro
e nas semanas seguintes. Começamos a orar um pelo outro e isso
só confirmou o amor que sentı́amos. Falamos com nossos
pastores e com os pais dela e, depois de mais um perıo ́ do de
oraçã o, começamos a namorar. Foi aı́ que demos o primeiro
beijo. Passados dois anos de namoro e noivado, casei-me com a
mulher da minha vida, Francine, no dia 24 de março de 2001.
Hoje, mais de uma dé cada depois, somos uma famıĺia linda
e unida, que se ama e juntos pastoreamos uma igreja, no estado
do Paraná . Desse amor nasceu nosso filho Matheus, que é o selo
da promessa do Senhor sobre nosso casamento.
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Depoimento
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Quem é o autor?
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