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Índice
1. Introdução _________________________________________________ 3
4. Inovações ________________________________________________ 12
7. Conclusão ________________________________________________ 21
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
1. Introdução
No âmbito da cadeira de propriedade horizontal e outros direitos em especial,
inserida no mestrado de Solicitadoria no ramo empresarial, foi proposto pelo professor
doutor da cadeira a realização deste trabalho. O presente irá debruçar-se rampas de acesso
e plataformas elevatórias, mais concretamente sobre a questão: “O condómino terá direito
de a retirar depois de já não ser necessária para este? Regimes específico antes, durante
e após a colocação da rampa e plataforma elevatórias.”.
A acessibilidade para cidadãos com mobilidade reduzida sempre foi alvo de disputas,
sendo em prédios ou serviços públicos. No entanto, mesmo com a implantação da Lei
32/2012 de 14 de agosto, muitos problemas vão surgindo com a construção, a retirada ou
até mesmo com as despesas das rampas de acesso e as plataformas elevatórias. Para além
disso sabemos que nos tempos de hoje, a administração das partes comuns dos edifícios
em Propriedade Horizontal é, também, razão de inúmeros conflitos entre condóminos.
Por esta razão, o nosso legislador teve o cuidado de prever que administração de tais
partes é competência, como veremos, da assembleia de condóminos e de um
administrador.
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
1
Art. 9º, alínea d).
2
Art. 71º, nº2.
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
Através da Lei 32/2012 de 14 de agosto e com uma sensação de vazio no que toca
à obrigatoriedade de os prédios aperfeiçoarem as condições dos utilizadores com
mobilidade reduzida em circular nas partes comuns dos edifícios, o art. nº5 da referida
lei, aprova ao Decreto-Lei nº47344 de 25 de novembro de 1966 a alteração da redação
dos arts 1424º a 1426º do Código Civil.
Posto isto, o atual regime criado pela lei referida, tem como principais alterações
os seguintes inícios:
a) Pode, qualquer condómino, que tenha no seu membros do seu agregado familiar
uma pessoa com mobilidade reduzida, com prévia comunicação nesse sentido ao
administrador no caso de ser observado as normas e técnicas de acessibilidade
previstas em legislação específica, concluir as seguintes inovações: colocar
rampas de acesso; colocar plataformas elevatórias, quando não exista ascensor
com porta e cabina de dimensões que permitam a sua utilização por uma pessoa
em cadeira de rodas.4
3
ação 2.2.c) da Resolução do conselho de ministros nº9/2007 de 17 de janeiro.
4
Cf. nº3 do art. 125º.
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
tiverem procedido à sua coloca colocação5, apesar de, qualquer condómino poder,
a qualquer momento, tirar proveito da colocação de plataformas elevatórias,
mediante o pagamento da parte que lhe compete nas despesas de execução e
manutenção da obra6.
d) No caso de as inovações não possam ser levantadas, por alguma das razões
anteriormente referidas, o condómino terá o direito de arrecadar o respetivo valor,
segundo as regras do enriquecimento sem causa (art. 473º do Código Civil)9.
5
Nº5 do art. 1424º.
6
Nº5 do art. 1426º.
7
Nº4 do art. 1425º.
8
Nº6 do art.1425º.
9
Nº5 do art. 1425º.
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“A superfície segue o solo. Quem fosse dono do solo era também de tudo aquilo que se erguesse
ou existisse sobre ele, pois considera-se a superfície uma parte do solo, intimamente a ele ligado, não se
viabilizando a transferência de um elemento sem o outro.”, ARNALDO RIZZARDO
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
3.1.1. Requisitos
Segundo o art. 1415º do Código Civil, as frações autónomas só podem ser objeto
de propriedade horizontal se forem unidades independentes, forem distintas e isoladas
entre si, e com saída própria para uma parte comum a todo o edifício ou para a via pública.
Para além destes requisitos, a fração autónoma também deve respeitar as exigências
presentes no RGEU. O incumprimento destes requisitos terá como consequência a
nulidade do título constitutivo da propriedade horizontal e a sujeição do prédio ao regime
da compropriedade, pela atribuição a cada consorte da quota que lhe tiver sido fixada no
título constitutivo ou, na falta de tal fixação, da quota correspondente ao valor relativo da
sua fração, conforme o art. 1416º nº1 do Código Civil.
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
O uso destas partes encontra-se afeto a um só condómino pela razão de que a sua
utilidade fundamental, como elemento essencial de toda a construção, se estende a uma
pluralidade de condóminos.
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Cf. Passinhas, Sandra, «A Assembleia de Condóminos e o Administrador na Propriedade
Horizontal», 2º Edição, Almedina 2002, pág.29
12
Designa a não separação do direito à fração do direito às partes comuns.
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
contrário13, significando isto que nenhum dos condóminos através da alteração do título
não possam declarar ou convencionar que qualquer uma das partes referidas no art. em
questão fiquem a pertencer unicamente a uma das frações autónomas. Logo, não se pode
convencionar que o solo em que o edifício está enraizado ou outra parte necessariamente
comum fique a ser propriedade exclusiva de um dos condóminos. Porém, poderão existir
determinadas utilidades, suscetíveis de serem proporcionadas por alguma das partes
estruturalmente comuns, por exemplo, as paredes exteriores, que não possam ser
aproveitadas por um determinado condómino ou, então, pelo condomínio, consoante os
casos, enquanto suportes, por exemplo, para instalação de rampas de acesso ou
plataformas elevatórias.
Enquanto as partes comuns enunciadas no nº1 do art. 1421º do Código Civil têm
um carácter taxativo, o presente no nº2 do referido art. apenas têm caráter presuntivo.
13
Ac. STJ, de 06.05.1986; Ac. RL, de 28.01.1999
14
Fernandes, Luís Carvalho considera os pátios e jardins anexos ao edifício (logradouro) comuns
só se outra qualificação não resultar do título constitutivo, Lições de Direitos Reais (4ª edição), Quid Iuris,
Sociedade Editora, Lisboa, 2003, pág. 342. No sentido que pode ser parte própria, cf. Rui Vieira Miller,
MILLER, RUI VIEIRA, A Propriedade Horizontal no Código Civil, Almedina, Coimbra, 1998, Pág. 76.
Acórdão da Relação do porto de 23.5.89 CJ III, pág. 203 e ss e de 16.4.91, in CJ II, pág. 268.
Pires de Lima e Antunes Varela consideram o logradouro parte necessariamente comum, Código
Civil Anotado, Vol. III (2ª edição, revista e atualizada – reimpressão), Coimbra Editora, Coimbra, 1987,
Vol. III, anot. Ao art. 1421º, pág., 420, 5.
Perante diversas opiniões, temos que considerar com Pires de Lima, Antunes Varela e Sandra
Passinhas pois o art. 204º nº2 do Código Civil entende por prédio urbano “qualquer edifício incorporado
no solo, com os terrenos que lhe sirvam de logradouro”, sendo que o logradouro pode não ser um pátio ou
jardim, mas poderá ser, por exemplo, um terreno cimentado.
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
As partes presuntivamente comuns são aquelas que a sua utilidade, embora possa
ser mais ou menos ampla, ou decorrer, até, de imposições de normas gerais ou especiais
do direito de urbanização ou de edificação (caso dos ascensores, conforme a disposição
do art. 50º nº1 do Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU): “Nas edificações
para habitação coletiva, quando a altura do último piso destinado a habitação exceder
11,5m, é obrigatória a instalação de ascensores.”), é meramente instrumental em relação
ao uso comum do prédio, visto que a sua ausência não prejudica de forma irremediável a
aptidão do edifício cujo fim é a habitação coletiva.
A afetação ao uso privativo de um dos condóminos pode dar-se por uma das
seguintes formas: por negócio jurídico ou pela própria natureza. Quando tal afetação se
dá pelo documento através do qual foi instituída ou alterada a propriedade horizontal; por
outro lado, na falta do documento anteriormente referenciado, atende-se à natureza ou
função em concreto da coisa, visto que a presunção de compropriedade deve ser
considerada “afastada em relação às coisas que, exorbitando das necessidades comuns,
não possam servir senão, pela destinação objetiva, um dos condóminos”16.
Afastamos, então, o facto de se tratar de uma parte da fração autónoma pois esta
não respeitaria um dos requisitos fundamentais para ser considerado objeto da
15
O legislador demonstra um lado mais geral. Assim, as coisas que potenciem uma pluralidade de
usuários são comuns, quer isto dizer, tudo o que não é propriedade ou não esteja afeto ao uso exclusivo de
qualquer dos condóminos, é propriedade ou de uso comum de todos.
A função desta norma é qualificar como comuns todas as partes que não estejam previstas no título
constitutivo como próprias. Logo, o que não estiver estipulado no titulo constitutivo, exclusivamente a
algum condómino, não pertence ao construtor, ao vendedor do prédio ou a qualquer outra pessoa terceira,
mas pertence à parte comum do prédio, objeto de compropriedade entre os vários condóminos.
16
Cf. Pires de Lima e Antunes Varela, Código Civil Anotado, Volume III, 2ª edição, pág. 419).
17
Cf. Art.1421º, nº1 e nº2 do Código Civil.
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
18
Cf. Art. 1426º, nº5 do Código civil.
19
O Direito potestativo é a capacidade que se tem de modificar, criar e extinguir o direito da
esfera jurídica de terceiros.
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Art.1425º, nº5 do Código Civil.
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
4. Inovações
O termo “inovação” invoca a ideia de modificação, de uma novidade num domínio
específico, de uma modernização ou renovação, ou seja. “é algo de dinâmico em
contraposição a estático, de tal modo que a coisa deixou de ser o que era e passou a ser
diferente, supostamente melhor.”21
Contudo, visto que tal inovação está dependente de aprovação de 2/3, não lhe é
aplicável o disposto do nº5 do art. 1432º, cuja aplicação circunscreve que as deliberações
carecem de ser aprovadas por unanimidade dos votos, nem tao pouco das regras expostas
21
Cf. NETO, ABÍLIO, Manual da Propriedade Horizontal (4ª edição - reformulada), Ediforum,
Edições jurídicas, Lisboa, 2015, pág. 365
22
Acórdãos STJ, de 28.09.95; de 04.10.95; de 04.03.04; de 01.06.10; Acórdão RL, de 15.12.11.
23
Art. 1425º, nº1 do Código Civil
24
Art. 1425º, nº7 do Código Civil
25
Acórdão RC, de 05.07.2005
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
no nº3 e 4 do art. 1432º, sendo estas apenas aplicáveis às deliberações que possam ser
tomadas por maioria simples dos votos representativos do capital investido.
Relativamente à segunda regra, o art. 1425º, nº7 do Código Civil alude que não
são permitidas inovações capazes de prejudicar a utilização, por parte de algum dos
condóminos, tanto das coisas próprias como das comuns, ou seja, mesmo que a inovação
proporcione a vários ou à generalidade dos condóminos maiores vantagens, o
correspondente direito exercido pela maioria qualificada dos condóminos e do capital
cede perante a oposição de qualquer condómino prejudicado, o que se reconduz a que a
oposição de algum ou alguns condóminos inviabiliza a concretização da pretendida
inovação, desde que o opositor não dê a sua anuência26.
Para além dos aspetos analisados até ao momento, é importante, também, estudar
os procedimentos a adotar e as consequências inerentes caso as inovações sejam
introduzidas sem aprovação previa da assembleia de condóminos, ou com aprovação por
maioria de 2/3 do valor total do prédio ou lesando os direitos de algum dos condóminos
às coisas próprias ou comuns.
26
Cf. NETO, ABÍLIO, Manual da Propriedade Horizontal (4ª edição - reformulada), Ediforum,
Edições jurídicas, Lisboa, 2015, pág. 367
27
ALMEIDA, LUÍS PEDRO MOITINHO, A Propriedade Horizontal, 2.ª ed. Livraria Almedina,
Coimbra, 1997, pág. 74
13
Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
a sua atuação tiver ocasionado aos outros condóminos, por facto ilícito, com juros desde
a citação.
O art. 1425 nº2 do Código Civil dispõe que a colocação de ascensores depende da
aprovação por maioria dos condóminos que representem a maioria do valor total do
prédio, caso haja pelo menos 8 frações autónomas. Então, desde que o edifício disponha,
no minino 8 frações autónomas, os respetivos condóminos podem deliberar, por maioria
simples do número de condóminos, desde que essa maioria represente na maioria do valor
total do prédio, a introdução de tal inovação, sem carecerem, para tanto de alcançar o
disposto no art. 1425º, nº1, como regra geral, e também sem que algum dos condóminos
se possa opor alegando o fundamento previsto no art. 1425º, nº7.
4.2. Encargos
Posto isto, o nº1 do art. 1424º do Código Civil dispõe que, em princípio, “as
despesas necessárias à conservação e fruição das partes comuns do edifício” e, também,
as despesas com inovações, são pagas pelos condóminos em proporção do valor das suas
frações, ou seja, são repartidas em função da percentagem ou permilagem atribuída a cada
fração pelo título constitutivo da propriedade horizontal.
14
Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
art. 1425º, só participam nos seus encargos os condóminos que tiverem procedido à
referida colocação.
28
Este DL deu origem à atual redação ao nº2 do art. 1426º do Código Civil
29
Cf. NETO, ABÍLIO, Manual da Propriedade Horizontal (4ª edição - reformulada), Ediforum,
Edições jurídicas, Lisboa, 2015, pág. 378
30
Art. 1426º nº2 do Código Civil
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
mobilidade reduzida, mediante o pagamento da parte que lhe compete nas despesas de
execução e manutenção da obra, tornando-se comproprietário dessa inovação a partir da
adesão.
Cada condómino administra a sua fração e os serviços relativos a esta. Ora, no que
respeita à administração das partes comuns, os condóminos terão ao seu dispor dois
órgãos administrativos: a assembleia de condóminos, com caráter deliberativo, e o
administrador com caráter executivo. Contudo este último mencionado, não parece ter
grande importância para o legislador, uma vez que não lhe foram criados requisitos
mininos para a pessoa que assumir este cargo. O grande problema que se colca aqui é que,
como é sabido, grande parte dos conflitos criados em condomínios acontecem por falta
de conhecimento das normas jurídicas, posto isto se o legislador de alguma maneira
obrigasse o preenchimento de certos requisitos provavelmente minimizaria grande parte
dos conflitos.
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
para entender ou tomar qualquer decisão referente à fração autónoma31. Referindo o Prof.
Henrique Mesquita, este refere que a assembleia apenas tem poderes de administração,
que dependem do acordo de todos os condóminos. Todavia, no que respeita à gestão, a
assembleia deve obedecer “às normas legais imperativas e às supletivas que não tenham
sido derrogadas pelo título constitutivo ou pelo acordo unânime dos condóminos”32. Na
existência de qualquer ato do condómino individual que, se reflita unicamente na esfera
jurídica do outro condómino, como por exemplo dar uma festa nas horas de repouso do
seu vizinho provocando ruído extremo, não são da competência da administração, terá de
ser resolvido entre os próprios pois entre na esfera das relações entre condomínios e dos
direitos de personalidade e vizinhança.
A sessão ordinária tem lugar para a discussão e aprovação das contas respeitantes
ao último ano33 e também, para aprovação do orçamento das despesas a efetuar durante o
ano34. Relativamente as reuniões extraordinárias estas terão lugar para resolver qualquer
conflito que seja da competência da assembleia dos condóminos, sempre que o
administrador convocar, também pode ser convocada pelos condóminos que representem,
pelo menos, vinte e cinco por cento do capital investido ou, como refere o art. 1438º, por
qualquer condómino que não aceite qualquer ato do administrador.
Citando Abílio Neto: “Quem preside a assembleia pode recusar uma determinada
representação, poderá e deverá o recusado requerer que a assembleia se pronuncie sobre
31
Ac. STJ, de 20/11/1980, Bol. 301, 418.
32
Cf. Jorge Alberto Aragão Seia, Propriedade Horizontal, pág. 153.
33
Art. 1436º, al j).
34
Art. 1436º al b).
17
Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
o mérito da recusa (art. 1438.º C.C.), por forma, a ficar-lhe em aberto o caminho para a
obtenção da anulabilidade dessa deliberação; se se conformar com a recusa, não poderá
mais tarde, impugnar as deliberações tomadas na assembleia com fundamento no facto
de não lhe ter sido permitida a participação na reunião. Ainda a propósito da
representação, não deixaremos de salientar ser essa a forma de fazer intervir na
assembleia geral de condóminos o promitente-comprador da fração que ainda não
outorgou a correspondente escritura, isto é, se o promitente-vendedor quiser que seja o
promitente-comprador a estar presente e a votar nas assembleias dos condóminos mesmo
antes da elaboração da escritura de compra e venda, bastar-lhe-á designar o promitente-
comprador como seu representante. O mesmo se passa com o condómino-senhorio em
relação ao inquilino, quer com o locador financeiro em relação ao locatário.”35
Contudo, o art. 1425º, nº3 do Código Civil, refere-nos que no caso de algum
membro do agregado familiar for considerada pessoa com mobilidade reduzida pode,
qualquer condómino, colocar rampas de acesso e colocar rampas de acesso e plataformas
elevatórias, respeitando todas as características e, mediante prévia comunicação ao
administrador do condomínio.
35
Abílio Neto – Manuel da propriedade horizontal.
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
No caso destas inovações não possam ser levantadas, o condómino terá o direito
de ser reavido do respetivo valor, calculado segundo as regras do enriquecimento sem
causa. Integrando uma das fontes das obrigações, o enriquecimento sem causa,
enriquecimento injusto ou de locupletamento à custa alheia são uma das fontes de
obrigações que a lei civil consagra, refere assim o art. 473º do Código Civil que “ Aquele
que, sem causa justificativa, enriquecer à custa de outrem é obrigado a restituir aquilo
com que injustamente se locupletou.”. Aquele à custa de quem se deu o enriquecimento
sem causa será o credor da obrigação e, o devedor será aquele que iniquamente enriqueceu
à custa dele.
Imaginemos que a Pessoa A, adquiriu uma casa num condomínio que já tinha uma
rampa de acesso construída. Nesta situação não enriqueceu à custa daquele que fez obra,
mas sim beneficiou desta, pois comprou uma casa que já continha uma inovação, ou seja,
já estava integrada nas partes comuns adquirindo assim, ao mesmo tempo que comprou a
fração, a compropriedade da parte comum. Na nossa opinião, se esta Pessoa A precisasse
da rampa para um membro do agregado familiar ou para ele próprio, este não teria de
reaver o outro condómino que realizou a obra.
Outra situação, será o caso em que essa mesma pessoa já se encontra a viver no
edifício quando outro condómino realizar a obra (Pessoa B). A nosso ver aqui a situação
já é diferente pois o condómino que realizou a obra é possuidor de um direito potestativo,
em que pode modificar a parte comum mesmo que afete a esfera jurídica de terceiro, aqui
se este quiser levantar a obra e a Pessoa A necessitar da rampa para algum dos seus
membros do agregado familiar este terá de compensar a Pessoa B, de acordo com os
cálculos do enriquecimento sem causa. Mencionado ainda o direito potestativo, no que
respeita aos ascensores, aquele que realizou a obra pode apenas adquirir uma chave para
seu exclusivo uso, visto que só ele pagará as despesas. A Pessoa A se tiver, por exemplo,
um membro do agregado familiar, ou ele próprio, necessitar desse mesmo ascensor,
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
apenas pode exigir a chave quando contribuir nas despesas. Portanto, na nossa opinião,
tanto as rampas como os ascensores, no caso da Pessoa A, necessitar da rampa ou do
ascensor deverá reaver ao outro com base no cálculo do enriquecimento sem causa as
despesas a serem tratadas.
A nosso ver, todas as situações têm uma maneira diferente de serem tratadas,
achamos que será uma desnecessidade superveniente a remoção da rampa ou das
plataformas depois de já não serem necessárias para aquele que realizou a obra pois terá
uma despesa a duplicar: a construção da rampa/plataforma elevatória e a reconstrução do
local para o colocar como ele estava. Contudo, o condómino que construiu a inovação
tem o direito de a remover, mas um outro condómino que poderá a precisar da inovação
pode exigir a sua não remoção e, assim, haveria enriquecimento sem causa.
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
7. Conclusão
Até 2012, os condóminos com dificuldades de mobilidade ou com um dos
membros do agregado familiar com essas características, tinham de, obrigatoriamente,
obter a aprovação maioria de 2/3 do valor total do prédio. É neste ano que a nossa lei deu
um importante passo para a inclusão destas pessoas.
Nos dias que correm, para que estas obras sejam realizadas e para que seja
garantida a acessibilidade e independência dos interessados, será apenas necessário que
seja comunicado ao administrador a sua intenção, com 15 dias de antecedência, e que
sejam respeitadas as normas técnicas de acessibilidade do prédio. Fica a cargo do
condómino que as queria colocar, as despesas com as rampas e plataformas elevatórias,
sendo que após a colocação destas, qualquer condómino pode usufruir desses
equipamentos desde que faça o pagamento da parte que lhe compete nas despesas de
execução e manutenção futura.
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
8. Referências Bibliográficas
Livros:
LIMA, PIRES e VARELA, ANTUNES, Código Civil Anotado, Vol. III (2ª
edição, revista e atualizada – reimpressão), Coimbra Editora, Coimbra, 1987
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
Jurisprudência:
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Da propriedade horizontal a outros direitos reias em especial
Websites:
http://www.dgsi.pt
https://dre.pt/
http://www.pgdlisboa.pt/home.php
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