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Construindo em alvenaria estrutural /


Humberto Ramos Roman, Cristine do
Nascimento Mutti, Hércules Nunes de Araújo

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Humberto Roman Cristine Mutti


Federal University of Santa Catarina Federal University of Santa Catarina
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Retrieved on: 02 June 2016
ÍNDICE

I - INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 1
II - A ALVENARIA ESTRUTURAL ................................................................................................................ 3
1. APRESENTANDO A ALVENARIA............................................................................................................ 3
1.1 TIPOS DE ALVENARIA ......................................................................................................................... 3
1.2 PAREDES COMO ELEMENTOS DE ALVENARIA ............................................................................... 4
2. O PRINCÍPIO BÁSICO DA ALVENARIA ESTRUTURAL ....................................................................... 4
2.1 Forma da parede .................................................................................................................................... 5
2.2 Arranjo apropriado das paredes ............................................................................................................ 6
2.3 Uso de alvenaria armada ou protendida ................................................................................................ 7
3. VANTAGENS DA ALVENARIA ESTRUTURAL..................................................................................... 8
4. MATERIAIS CONSTITUINTES DA ALVENARIA ................................................................................... 9
4.1 UNIDADES DE ALVENARIA ................................................................................................................. 9
4.2 ARGAMASSAS DE ASSENTAMENTO ................................................................................................. 13
4.3 Graute ................................................................................................................................................... 19
5. FATORES IMPORTANTES NA DEFINIÇÃO DO PROJETO ................................................................. 22
6. FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE DA ALVENARIA ............................................................... 23
6.1 Resistência do bloco ............................................................................................................................. 23
6.2 Geometria da Unidade ......................................................................................................................... 24
6.3 Resistência da Argamassa .................................................................................................................... 24
6.4 Espessura das juntas............................................................................................................................. 25
6.5 Qualidade da mão de obra ................................................................................................................... 25
III - OS PROJETOS ......................................................................................................................................... 28
1. COORDENAÇÃO DE PROJETOS ............................................................................................................ 28
2. PROJETO ARQUITETÔNICO .................................................................................................................. 29
2.1 Definição dos condicionantes de projeto.............................................................................................. 30
2.2 Simplificação do projeto ....................................................................................................................... 30
2.3 Simetria ................................................................................................................................................. 31
2.4 Modulação ............................................................................................................................................ 32
2.5 Passagem de Dutos ............................................................................................................................... 35
2.6 Paginação ............................................................................................................................................. 37
3. PROJETO HIDRÁULICO .......................................................................................................................... 39
4. PROJETO ELÉTRICO ............................................................................................................................... 41
5. PROJETO EXECUTIVO ............................................................................................................................ 54
5.1 Planta Baixa ......................................................................................................................................... 55
5.2 Paginações............................................................................................................................................ 55
5.3 Detalhes Construtivos ........................................................................................................................... 55
IV - A EXECUÇÃO .......................................................................................................................................... 57
1. COMUNICAÇÃO PROJETO/OBRA.................................................................................................................... 57
1.1 Padronização ........................................................................................................................................ 57
1.2 Seqüência executiva e interdependência entre atividades .................................................................... 58
1.3 Acessibilidade e espaços adequados para trabalho ............................................................................. 59
2. IMPLANTAÇÃO DE CANTEIRO ............................................................................................................. 59
2.1 Planejamento de layout ........................................................................................................................ 60
2.2 Treinamento de mão de obra ................................................................................................................ 63
2.3 Equipamentos e Ferramentas ............................................................................................................... 66
2.4 Cronograma (planejar a execução) ...................................................................................................... 67
V - NORMAS TÉCNICAS RELEVANTES E BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA PARA ALVENARIA
ESTRUTURAL ................................................................................................................................................. 69
1

I - INTRODUÇÃO

A Alvenaria Estrutural para prédios de vários pavimentos tornou-se uma opção de


construção largamente empregada no mundo, devido a vantagens como flexibilidade de
construção, economia, valor estético e velocidade de construção. A grande vantagem que a
Alvenaria Estrutural apresenta é a possibilidade desta incorporar facilmente os conceitos de
racionalização, produtividade e qualidade, produzindo ainda, construções com bom
desempenho tecnológico aliado a baixos custos.

A Alvenaria Estrutural nos últimos 30 anos, devido a extensos trabalhos de pesquisa,


à imaginação de projetistas e à grande melhoria da qualidade dos materiais, apresentou
maiores e mais visíveis avanços do que qualquer outra forma de estrutura usada na
construção.

Como conseqüência, pode-se afirmar com segurança que a Alvenaria Estrutural é o


mais econômico e moderno método de construção. Em países como Inglaterra, Austrália,
Alemanha e Estados Unidos, este método construtivo é o mais utilizado e de maior aceitação
pelo usuário.

No Brasil, a técnica de cálculo e execução com Alvenaria Estrutural é relativamente


recente (final dos anos 60) e até hoje pouco conhecida da maioria dos profissionais da
Engenharia Civil. No entanto, a abertura de novas fábricas de materiais assim como o
surgimento de grupos de pesquisa sobre o tema fazem com que a cada dia, mais e mais
construtores utilizem e se interessem pelo sistema.

Este livro foi elaborado com o objetivo de fornecer ao projetista informações sobre o
sistema construtivo, os procedimentos adequados às etapas de projetos, informações técnicas
sobre os materiais, comportamento estrutural dos mesmos e exemplos básicos, um
instrumento prático que facilite o projeto em Alvenaria Estrutural.
2

É embasado num dos princípios fundamentais do sistema construtivo em Alvenaria


Estrutural. Este princípio considera indispensável a interligação dos vários projetos
complementares, para que um não interfira sobre os outros com prejuízo sobre o produto
final. A ação da racionalização na fase de execução dos empreendimentos torna-se efetiva
quando coerentemente aplicada com um projeto desenvolvido segundo os mesmos
princípios. Por este motivo, condensou-se num único volume as instruções para elaborar o
projeto arquitetônico, os projetos hidráulicos e elétricos. Espera-se que o mesmo represente
um acréscimo técnico para o usuário.
3

II - A ALVENARIA ESTRUTURAL

1. APRESENTANDO A ALVENARIA

1.1 TIPOS DE ALVENARIA

Dependendo da utilização e da forma como é feita, a alvenaria pode apresentar-se das


seguintes formas:

 Alvenaria não armada: neste tipo de alvenaria, os reforços de aço (barras, fios e
telas) ocorrem apenas por necessidades construtivas.

 Alvenaria armada: a alvenaria é reforçada devido à exigências estruturais. São


utilizadas armaduras passivas de fios, barras e telas de aço.

 Alvenaria protendida: alvenaria reforçada por uma armadura ativa (pré-tensionada)


que submete a alvenaria a esforços de compressão.

 Alvenaria resistente: são as alvenarias construídas para resistirem a cargas outras


além do próprio peso.

 Alvenaria estrutural: diferencia-se da alvenaria resistente por ser dimensionada


segundo métodos de cálculo racionais e de confiabilidade determinável enquanto a
alvenaria resistente é dimensionada empiricamente.

1.2 PAREDES COMO ELEMENTOS DE ALVENARIA

As paredes são os elementos estruturais da alvenaria. São definidos como elemento


laminar vertical apoiado de modo contínuo em toda a sua base, com comprimento maior que
5 vezes a espessura. De acordo com a função estrutural que exercem, as paredes são
definidas como:
4

 Paredes de vedação: são aquelas que resistem apenas ao próprio peso e têm função
de separação de ambientes internos ou de fechamento externo. Não têm nenhuma
responsabilidade estrutural.

 Paredes estruturais: têm a função de resistir todas as cargas verticais, de peso


próprio e acidentais aplicadas sobre elas.

 Paredes de contraventamento: são as paredes estruturais projetadas para


suportarem também às cargas horizontais, originadas especialmente pela ação dos
ventos, paralelas ao seu plano.

 Paredes enrijecedoras: têm a função de enrijecerem as paredes estruturais contra a


flambagem.

 Pilares de Alvenaria: são os elementos isolados que resistem a cargas de


compressão e com largura menor que 4 vezes a espessura.

2. O PRINCÍPIO BÁSICO DA ALVENARIA ESTRUTURAL

Alvenaria Estrutural é o processo construtivo em que se utiliza as paredes da


habitação para resistir às cargas, em substituição aos pilares e vigas utilizados nos sistemas
de concreto armado, aço ou madeira.

O desenvolvimento de projetos em alvenaria estrutural exige do projetista


procedimentos diferentes dos tomados quando do cálculo de outros tipos de estruturas. Por
serem sistemas diferentes, com filosofias distintas, o projetista e o construtor não devem
conceber soluções com base em conhecimentos e procedimentos aplicáveis ao concreto
armado. Deve pensar alvenaria estrutural.

A base de projetos em alvenaria estrutural se assenta nos seguintes princípios:


5

 alvenaria pode suportar grandes tensões de compressão, mas pequenas tensões de


tração;
 todo momento fletor, que sem pré-compressão causa tração, deve ser evitado.

Logo, aumentando a compressão, diminui-se a possibilidade de aparecimento de


esforços de tração na alvenaria.

Deve-se, portanto explorar a resistência à compressão do bloco estrutural para


compensar a fraca resistência à tração.

Para tal, é importante o conhecimento por todos os projetistas (arquitetônico,


hidráulico, elétrico, estrutural) das maneiras de potencializar as vantagens da alvenaria
estrutural, obtendo maior qualidade e economia das edificações construídas usando este
processo.

As formas de se otimizar o projeto, conferindo estabilidade estrutural ao prédio, com


menor custo de materiais e mão-de-obra podem ser divididas em quatro grupos:
2.1 Forma da parede

Pode-se utilizar paredes com diferentes formas, aumentando-se a inércia das mesmas,
em caso de necessidade. As formas mais usadas são:

(a) fin walls


(b) paredes diafragma
(c) paredes duplas
(d) paredes mais grossas
(e) paredes com colunas
6

(b)

(a)

(c) (d) (e)

Figura 2.1 - Formas possíveis de paredes estruturais

2.2 Arranjo apropriado das paredes

Um bom projeto arquitetônico deve prever uma distribuição tal das paredes de forma
que cada parede atue como elemento enrijecedor e estabilizador de outra. Não é difícil
desenvolver um projeto arquitetônico capaz de atender tanto às exigências estruturais quanto
às funcionais a que se destina o prédio. Pode-se obter grande economia e estabilidade
explorando-se adequadamente os elementos essenciais da edificação. Assim, por exemplo,
lajes e pisos podem ser usados para:

 aplicar cargas verticais às paredes;


 amarrar a estrutura;
 distribuir as cargas horizontais.

As escadas, poços de elevadores e de condução de eletrodutos são importantes para a


obtenção de rigidez lateral.
7

Figura 2.2 - Arranjos de paredes que conferem maior estabilidade à estrutura

2.3 Uso de alvenaria armada ou protendida

Quando, por alguma razão, mostrar-se necessário, pode-se utilizar alvenaria armada
ou protendida. Estas técnicas são geralmente simples, práticas, econômicas e mais rápidas do
que o concreto armado e protendido. Podem ser usadas para reforçar pontos localizados de
uma obra em concreto armado ou como princípio estrutural de todo o projeto. Favorecem o
desenvolvimento de formas arquitetônicas mais arrojadas (Figura 2.3).

A Alvenaria armada é excelente solução também, quando necessidades funcionais


requeiram grandes espaços abertos no térreo, tais como área de recepção e restaurante de
hotel, estacionamentos, grandes lojas, etc. Normalmente consiste de pilares de alvenaria,
concreto ou aço, suportando uma laje de concreto. Acima desta laje, a estrutura pode ser de
paredes de alvenaria estrutural, armada ou não.
8

(a) (b)

Figura 2.3 – (a) armadura passiva; (b) armadura protendida

3. VANTAGENS DA ALVENARIA ESTRUTURAL

A alvenaria estrutural, após passar por adequada etapa de implantação, apresenta


várias vantagens em relação aos processos construtivos tradicionais.

Para a execução dos projetos, o sistema permite detalhamentos estéticos bastante


atraentes, com variadas formas, texturas e cores, oferecendo boas possibilidades
arquitetônicas e estruturais. Devido à coordenação modular apresentada, todos os projetos
são mais fáceis de detalhar. Possibilita a elaboração de um projeto executivo de fácil
compreensão pela mão de obra. Projetos realizados em alvenaria estrutural são aplicáveis a
uma grande variedade de usos funcionais.

Quanto ao custo, normalmente, é mais econômica do que prédios estruturados, o que


ocorre não só por se executar estrutura e alvenaria numa só etapa, mas também devido à
economia no uso de madeiras para formas, redução no uso de concreto e ferragem, menores
espessuras de revestimentos, maior rapidez na execução. Além disto, a simplificação nas
instalações, onde são evitados rasgos nas paredes, ocasiona menor desperdício de material
do que o verificado em obras convencionais.
9

Em relação à mão de obra, verifica-se boa receptividade ao treinamento, com


aprendizagem rápida, o que possibilita menor número de equipes ou sub-contratados para o
trabalho, e redução significativa na mão de obra de carpintaria e ferragens, além do que,
extrema facilidade de supervisão da obra.

Como inconveniente, fica a limitada possibilidade de remoção de paredes, havendo a


necessidade de definir, já no projeto quais as que podem ser removidas. Também como
desvantagem, verifica-se, em alguns casos, o aumento de custo para projetos mais arrojados
(com detalhes específicos e grandes vãos).

4. MATERIAIS CONSTITUINTES DA ALVENARIA

4.1 UNIDADES DE ALVENARIA

Produto industrializado de dimensões e peso que o fazem manuseável, de formato


paralelepipedal e adequado para compor uma alvenaria.

É bastante comum associar-se a expressão alvenaria estrutural à alvenaria executada


com blocos de concreto. Na verdade, a técnica não se restringe apenas a construções com
este tipo de material. De uma forma sintetizada, as unidades de alvenaria poderiam ser assim
classificadas: Blocos; cerâmicos, concreto e sílico calcário - Tijolos: maciços (cerâmicos,
concreto e sílico calcário), furados (cerâmico).

Os tijolos diferenciam-se dos blocos pelas dimensões. São denominados tijolos as


unidades com dimensões máximas de 250X120X55 mm. Unidades com dimensões
superiores são denominadas blocos. Normalmente os blocos possuem dimensões nominais
múltiplas de 5cm. As dimensões mais comumente empregadas são 10x20X40, 15X20X40 e
20x20X40 (espessura, altura e comprimento respectivamente em cm). Devido a
multiplicidade de funções, os blocos apresentam diferentes designs.
10

Para utilização em alvenaria estrutural as unidades devem apresentar as seguintes


qualidades: resistência à compressão, baixa absorção de água, durabilidade e estabilidade
dimensional.

As unidades de alvenaria classificam-se em: unidades cerâmicas, sílico-calcários e


unidades de concreto.

Unidades Cerâmicas

Bloco cerâmico, segundo a NBR 7171/83, é definido como sendo um componente de


alvenaria que possui furos prismáticos e/ou cilíndricos perpendiculares às faces que os
contém. Define também, que blocos portantes são unidades vazadas com furos na vertical,
perpendiculares à face de assentamento e são classificados, de acordo com sua resistência à
compressão.

A qualidade das unidades de cerâmica está intimamente relacionada à qualidade das


argilas empregadas na fabricação e também ao processo de produção. Pode-se obter unidades
de baixíssima resistência (0,1MPa) até de alta resistência (70MPa). Devido a isto, torna-se
imprescindível a realização de ensaios de caracterização das unidades

Unidades de Sílico-calcário

Os tijolos e blocos sílico-calcário são unidades de alvenaria compostas por uma


mistura homogênea e adequadamente proporcionada de cal e areia quartzosa moldadas por
prensagem e curadas por vapor de pressão.

As principais características das unidades sílico-calcários são a sua boa resistência,


durabilidade e grande uniformidade dimensional. A resistência à compressão varia
internacionalmente entre 14 e 60MPa. No Brasil, as unidades fabricadas apresentam
resistências de 6 a 20MPa.

Unidades de Concreto
11

O tipo de unidade mais comum são os blocos. Estes podem ser produzidos em
diferentes geometrias e com resistências à compressão variáveis, de acordo com a proporção
das matérias primas que o constituem.

Atualmente existem no mercado várias fábricas de blocos de concreto, as quais


utilizam tecnologia avançada para controle da qualidade do bloco, levando-se em conta,
desde exigências estruturais, até a estética do produto (para utilização à vista, por exemplo).

O concreto deve ser constituído de cimento Portland, agregados e água. Os cimentos


devem ser normalizados e os agregados podem ser areia, pedrisco, argila expandida ou
outros tipos, desde que satisfaçam às especificações próprias de cada um destes materiais. A
dimensão máxima característica do agregado deve ser menor que 1/4 da menor espessura da
parede do bloco.

Os blocos devem ser fabricados e curados por processos que assegurem a obtenção
de um concreto suficientemente homogêneo e compacto e devem ser manipulados com as
devidas precauções para não terem as suas qualidades prejudicadas. As tolerâncias
permitidas nas dimensões dos blocos devem ser de  3mm, estas dimensões devem ser
verificadas com precisão de 0,5mm.

Os blocos devem ter aspecto homogêneo, compacto e arestas vivas. Não devem
apresentar trincas, fraturas ou outros defeitos que possam prejudicar o seu assentamento ou
afetar a resistência e durabilidade da construção. Os blocos destinados a receber
revestimento devem ter superfície suficientemente áspera para garantir uma boa aderência,
não sendo permitida qualquer pintura que oculte defeitos eventualmente existentes no bloco.

Os blocos-padrão encontrados apresentam resistência à compressão de 6 a 15 MPa,


podendo apresentar, em casso especiais, resistência de até 20 MPa. São fabricados vários
tipos de blocos, com diferentes funções, os quais seguem as modulações de 15 cm ou de 20
cm, conforme a malha modular definida no projeto.

Abaixo são apresentados alguns tipos de blocos mais comuns:


12
13

Figura 2.4 – Tipos de Blocos mais comuns

Algumas indústrias cerâmicas estão ingressando no mercado da alvenaria estrutural,


fabricando alguns dos modelos de blocos apresentados acima, e pesquisando novos
formatos.

4.2 ARGAMASSAS DE ASSENTAMENTO

A argamassa é o elemento de ligação das unidades de alvenaria em uma estrutura


única, sendo normalmente constituída de cimento, areia e cal. É importante ressaltar, que
embora as argamassas de assentamento sejam compostas, na essência, pelos mesmos
elementos constituintes do concreto, estas tem funções e empregos bastante distintos. Assim,
não é correto utilizar procedimentos iguais aos de produção de concreto para produzir
argamassas de qualidade.

Enquanto para o concreto o objetivo final é obter a maior resistência à compressão


com menor custo, para as argamassas o importante é que sejam aptas a transferir as tensões
de maneira uniforme entre os blocos, compensando as irregularidades e as variações
dimensionais dos mesmos. Além disto, deve unir solidariamente as unidades de alvenaria e
ajudá-las a resistir os esforços laterais. Para tanto, as propriedades mais importantes para a
argamassa são:

 trabalhabilidade;
 retentividade de água;
 tempo de endurecimento;
 liga;
 durabilidade;
14

 resistência à compressão.

4.2.1 Trabalhabilidade

A trabalhabilidade é medida indiretamente pelo teste de fluidez (consistência), que é


definida como a porcentagem do aumento de diâmetro da base de um tronco de cone, depois
de submeter-se a impactos sucessivos em uma mesa vibratória padrão. A argamassa de boa
trabalhabilidade deve se espalhar facilmente sobre o bloco e aderir nas superfícies verticais.
A consistência deve ser tal que o bloco possa ser prontamente alinhado mas seu peso e o
peso das fiadas subsequentes não provoquem posterior escorrimento da argamassa. Testes
com pedreiros experientes, mostraram que uma argamassa de boa trabalhabilidade tem
fluidez entre 115 e 150 %. Entretanto, a medição de fluidez nem sempre é indicativa de uma
boa trabalhabilidade. Misturas ásperas e sem coesão, mesmo com fluidez nesta faixa,
produzirão argamassas inadequadas para uso em alvenaria.

Argamassa de boa trabalhabilidade deve se espalhar facilmente sobre o bloco e aderir


nas superfícies verticais. A consistência deve ser tal que o bloco possa ser prontamente
alinhado mas seu peso e o peso das fiadas subsequentes não provoquem posterior
escorrimento da argamassa.

A trabalhabilidade depende da combinação de vários fatores destacando-se a


qualidade do agregado, a quantidade de água usada, a consistência, a capacidade de retenção
de água da argamassa, o tempo decorrido da preparação, a adesão, a fluidez e a massa.

Em condições normais o tempo entre a mistura e o uso da argamassa não deve


exceder 2 horas e meia.

4.2.2 Retentividade de Água

Retentividade é a capacidade da argamassa de reter água contra a sucção do bloco. Se


o bloco for muito poroso e retirar muito rapidamente a água da argamassa, não haverá
líquido suficiente para a completa hidratação do cimento. Isto resulta em uma fraca ligação
15

entre o tijolo e a argamassa. Além disso, o endurecimento muito rápido da argamassa pela
perda de água, impede o assentamento correto da fiada seguinte.

A má retentividade de água pode ser resultante de uma má granulometria do


agregado, agregados muito grandes, mistura insuficiente ou escolha errada do tipo de
cimento.

O uso de material pozolânico ou a adição de mais água e mais tempo de mistura


podem aumentar a retentividade.

4.2.3 Tempo de Endurecimento

O endurecimento é função da hidratação, ou seja, da reação química entre o cimento


e a água. Se o endurecimento for muito rápido, causará problemas no assentamento dos
blocos e no acabamento das juntas. Se for muito lento, causará atraso na construção pela
espera que se fará necessária para a continuação do trabalho.

Temperaturas muito altas tendem a acelerar o endurecimento. Inversamente, clima


muito frio retarda o endurecimento.

Uma mistura mais homogênea espalha melhor o cimento facilitando o contato com a
água, e conseqüentemente acelera o processo de endurecimento.

4.2.4 Aderência

A resistência de aderência é a capacidade que a interface bloco-argamassa possui de


absorver tensões tangenciais (cisalhamento) e normais (tração) a ela, sem romper-se.

A aderência entre a argamassa e o bloco é uma combinação do grau de contato entre


ambos e da adesão da pasta de cimento à superfície do tijolo. A aderência, portanto, não é
uma propriedade intrínseca da argamassa, mas depende também das características das
unidades.
16

Os fatores que influenciam o grau de contato e a adesão são a trabalhabilidade da


argamassa, a retentividade, a taxa de absorção inicial do bloco, a mão-de-obra, a quantidade
de cimento na mistura, a textura da superfície do bloco, o conteúdo de umidade do bloco,
temperatura e umidade relativa.

4.2.5 Resistência à Compressão

A resistência à compressão depende do tipo e da quantidade de cimento usado na


mistura. É importante notar que uma grande resistência à compressão da argamassa não é
necessariamente sinônimo de uma melhor solução estrutural. A argamassa deve ser
resistente o suficiente para suportar os esforços a que a parede será submetida. No entanto,
não deve exceder a resistência dos blocos da parede, de maneira a que as fissuras que
venham a ocorrer devido à expansões térmicas ou outros movimentos da parede ocorram na
junta.

Uma argamassa mais forte não implica necessariamente numa parede mais forte. Não
há uma relação direta entre as duas resistências. Para cada resistência de bloco existe uma
resistência ótima da argamassa. Um aumento desta resistência não aumentará a resistência da
parede.

4.2.6 Materiais Constituintes da Argamassa

a) Cimento

São utilizados cimentos Portland Comum (CP). Outros tipos como o pozolânico
(Poz) e o Alto-Forno (AF) também podem ser utilizados. O cimento proporciona resistência
à argamassa e melhora a aderência. Adicionalmente, colabora na melhora da trabalhabilidade
e retentividade. Por outro lado, o excesso de cimento (quando maior que 1/3 do volume
total) aumenta exageradamente a contração da argamassa prejudicando a durabilidade da
aderência.
17

Os cimentos com maior superfície específica têm potencial para tornar as argamassas
mais trabalháveis e com maior retenção de água. Os cimentos de endurecimento mais lento
podem produzir argamassas mais resilientes (com maior capacidade de absorver pequenas
deformações).

b) Cal

Se entende como cal, a cal hidratada com uma percentagem de componentes ativos
(CaO e MgO) superior a 88%. Podem também ser utilizadas cales extintas em obra capazes
de produzir argamassas de melhor qualidade final.

A cal confere à argamassa plasticidade, coesão, retentividade e extensão da


aderência, sendo o componente fundamental para assegurar a durabilidade da aderência.

c) Areia

A areia, atuando como agregado inerte na mistura, reduz a proporção dos


aglomerantes permitindo aumentar seu rendimento e diminuindo os efeitos nocivos do
excesso de cimento. As areias grossas aumentam a resistência à compressão da argamassa,
enquanto que as areias finas reduzem esta resistência mas aumentam a aderência, sendo
portanto preferíveis.

As normas Britânica (BS – 1200) e Norte Americana (ASTM C-144) recomendam as


granulometrias apresentadas na tabela 4.1 para as areias destinadas às argamassas de
assentamento.
18

Tabela 4.1 - Granulometrias Recomendadas para as Areias de Argamassa

Peneira - Abertura Percentagem (em peso) que passa nas peneiras


nominal (em mm) BS - 1200 ASTM C-144
4,8 100 100
2,4 90 - 100 95 - 100
1,2 70 - 100 70 - 100
0,6 40 - 80 40 - 75
0,3 5 - 40 10 - 35
0,15 0 - 10 2 - 15

d) Água

A água além de permitir o endurecimento da argamassa pela hidratação do cimento, é


a responsável pela trabalhabilidade da argamassa A quantidade de água deve permitir um
bom assentamento mas não pode causar a segregação dos constituintes.

4.2.7 Tipos de Argamassa

Os tipos de argamassa utilizados no assentamento de unidades são misturas a base de


cal, cimento, cimentos com aditivos, cimentos de alvenaria, cal e cimento (mistas). A
argamassa à base de cal não é recomendada para alvenaria estrutural.

Outros tipos de argamassas têm sido desenvolvidas por empresas especializadas, são
as chamadas argamassas mistas, estas são mais adequadas para uso em alvenaria estrutural.
São constituídas de cimento, cal e areia. Apresentam, quando adequadamente dosadas, as
vantagens das argamassas de cal e de cimento.

O tipo de argamassa a ser usado depende principalmente da função que a parede vai
exercer, das condições de exposição da parede e do tipo de bloco que será utilizado. Nem
sempre uma argamassa mais resistente é a mais indicada.
19

A seleção de um tipo particular de argamassa para um determinado projeto deve ser


função do balanço das necessidades da alvenaria que será construída e das propriedades dos
vários tipos de misturas disponíveis. Nesta seleção dois pontos fundamentais devem ser
considerados:

 não existe um único tipo de argamassa que seja o melhor para todos os tipos de
aplicações disponíveis;

 não deve ser utilizada uma argamassa com resistência à compressão maior que a
necessária para atender as exigências estruturais do projeto. Neste caso, o bom senso
é muito importante. Seria anti-econômica e pouco prática uma mudança contínua do
tipo de argamassa para as várias partes de uma mesma obra.

A tabela abaixo mostra os traços recomendados pela norma britânica.

Tabela 4.2 - Traços de Argamassa - Norma Britânica

Designação Tipo de Argamassa (proporção por volume) Resistência à Comp. aos 28


dias (MPa)
cimento cal areia laboratório obra
(i) 1 0 a 1/4 3 16,0 11
(ii) 1 1/2 4 a 4,5 6,5 4,5
(iii) 1 1 5a6 3,6 2,5
(iv) 1 2 8a9 1,5 1,0

4.3 Graute

O graute é usado para preencher os vazios dos blocos quando se deseja aumentar a
resistência à compressão da alvenaria sem aumentar a resistência do bloco.

O graute é composto dos mesmos materiais usados para produzir concreto


convencional. As diferenças estão no tamanho do agregado graúdo (mais fino, 100%
passando na peneira 12,5 mm) e na relação água/cimento.
20

Para preencher todos os vazios, e considerando ainda que o bloco normalmente tem
grande absorção de água, o graute deve apresentar elevada trabalhabilidade. O Slump Test
deve mostrar um abatimento entre 20 e 28 cm. A relação água/cimento deve estar entre 0,8 e
1,1 dependendo do módulo de finura da areia. A fixação do Slump nesta faixa dependerá da
taxa de absorção inicial das unidades e da dimensão dos furos dos blocos.

4.3.1 Materiais Constituintes do graute

Para o graute devem ser usados exclusivamente cimentos do tipo CP e MRS. Em


certos casos pode ser adicionada cal na mistura para diminuir a rigidez da mesma (até 1/10
do volume de cimento).

São recomendadas areias com módulo de finura entre 2,3 e 3,1 pois estas requerem
menos cimentos e o graute, além de alcançar maior resistência à compressão, apresenta
menor retração no endurecimento.

Tabela 4.3 - Granulometria Recomendada para Areias: Porcentagem Retida Acumulada

Abertura da peneira (mm) Tipo 1 Tipo 2


9,5 0 0
4,8 0-5 0
2,4 0 - 20 0-5
1,2 15 - 50 0 - 30
0,6 40 - 75 25 - 60
0,3 70 - 90 65 - 90
0,15 90 - 98 85 - 98
0,075 95 - 100 95 - 100

O agregado graúdo, quando utilizado, deve ter a granulometria indicada na tabela 4.4.
Tabela 4.4 - Granulometria Recomendada do Agregado Graúdo para o Graute.

Abertura da peneira (mm) % retida acumulada


21

12,5 0
9,5 0 - 15
4,8 70 - 90
2,4 90 - 100
1,2 95 - 100

4.3.2 Dosagem, Mistura e Lançamento

Para os blocos disponíveis no mercado podem ser usados graute com agregado
graúdo. Alternativamente pode ser utilizado também graute sem agregado graúdo.

As proporções mais usuais são indicadas na tabela 4.5. Em caso da necessidade de


uso de blocos mais resistentes (acima de 10 MPa) com graute, recomenda-se o
desenvolvimento de uma dosagem para estabelecer o traço adequado.

Tabela 4.5 - Proporções Recomendadas para a Dosagem do Graute

Materiais Constituintes
cimento areia brita 0
sem agregado graúdo 1 3a4 ---
com agregado graúdo 1 2a3 1a2

A dosagem dos materiais componentes deve ser feito de tal forma que as quantidades
especificadas possam ser controladas e mantidas com precisão de +/- 5%.

A mistura dos materiais constituintes deve efetuar-se mecanicamente por um tempo


não menor que 5 minutos de forma a se obter total homogeneidade.

O transporte e lançamento do graute pode ser por bombeamento ou manualmente.


Recomenda-se, sempre que possível, grautear de fiada em fiada, ou pelo menos em 2 vezes,
22

uma até meio pé-direito e outra ao se atingir a última fiada. Este procedimento diminuirá a
possibilidade de ocorrência de vazios nos alvéolos dos blocos.

O graute deve ser adensado, Podem ser utilizados vibradores de agulha de pequeno
diâmetro ou compactação manual. Muitas vezes, a própria pressão hidráulica gerada pela
coluna líquida da mistura é suficiente. Em alguns casos pode ser necessário vibrá-lo
(vibradores de agulha de pequeno diâmetro) ou compactá-lo manualmente (barras de aço do
mesmo tipo utilizado como armadura na parede). A cura não é efetuada.

5. FATORES IMPORTANTES NA DEFINIÇÃO DO PROJETO

O construtor que optar pela Alvenaria Estrutural deve preparar o projeto para este
sistema desde o início a fim de otimizar vantagens do mesmo. Procedimentos comuns na
construção tradicional, principalmente a desvinculação dos projetos complementares, devem
ser evitados.

Assim, no anteprojeto, devem ser definidas quais serão as paredes estruturais e de


vedação e os tipos de blocos a serem usados para estas paredes. Esta escolha é importante
para a modulação do projeto. Com a modulação serão utilizados blocos e meio-blocos, sem
necessidade de ajustes na obra com quebras dos mesmos para adequação das dimensões.
Nesta etapa deve também ser definido o tipo de laje a ser usado (moldada in loco ou pré-
moldada).

Após terminado o anteprojeto, são feitos os projetos complementares (hidráulico,


elétrico, etc.). É importante que os responsáveis pelos projetos tenham em mãos o
anteprojeto com todas as informações relevantes e sejam coordenados por um único
responsável pelo projeto global. Desta forma, serão evitadas interferências de um projeto
sobre o outro, tais como passagem de eletrodutos por paredes estruturais, cortes e rasgos
desnecessários, etc.
23

Dispondo-se de todos os projetos complementares, deve-se preparar os projetos


executivos, com detalhamentos de elevações (internas e fachadas), portas, janelas, junção de
paredes, blocos especiais, etc.

Do projeto devem constar também os tipos de blocos a serem utilizados, detalhes


técnicos dos mesmos tais como resistência à compressão, tipo de argamassa e graute (se
necessário), etc.

6. FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE DA ALVENARIA

Vários cuidados devem ser tomados em obra para que a alvenaria tenha o
desempenho e a resistência estabelecidos no projeto. Assim, a resistência de elementos de
alvenaria (paredes e pilares) depende de uma série de fatores que podem ser divididos em
dois grupos. O primeiro, relacionado com a resistência básica da alvenaria, inclui as
características físicas e mecânicas dos materiais empregados e a técnica construtiva utilizada
na construção. Neste grupo destacam-se:

 resistência do bloco;
 geometria da unidade;
 resistência da argamassa;
 deformação característica do bloco e da argamassa;
 espessura da junta;
 taxa de sucção inicial do bloco;
 retentividade de água da argamassa;
 qualidade da mão de obra;
 condições de cura.

O segundo grupo de fatores decorrem da concepção do elemento de alvenaria, como


por exemplo, taxa de esbeltez, excentricidade do carregamento, etc.
6.1 Resistência do bloco
24

A resistência à compressão do bloco é o mais importante fator na resistência à


compressão da alvenaria.

A resistência à compressão do bloco é função da matéria-prima empregada, do


processo de fabricação, da forma e do tamanho.

O aumento na resistência à compressão das unidades implica no aumento da


resistência da alvenaria. Entretanto esta relação não é linear. A resistência da parede é
sempre menor que a resistência da unidade. Considerando como “fator de eficiência” à razão
resistência da alvenaria/resistência da unidade, observa-se que:

 o fator eficiência diminui com o aumento da resistência das unidades;


 o fator eficiência é maior para blocos do que para tijolos.

O fator de eficiência das alvenarias de blocos de concreto varia de 45 % a 90 %. Já


para as de blocos cerâmicos obtém-se fator de eficiência entre 25 % e 50 %. Para tijolos
cerâmicos maciços a eficiência fica em torno de 20 %.

6.2 Geometria da Unidade

Quanto maior a altura do bloco em relação à espessura da junta, maior a resistência


da parede.

O bloco deve ainda ter as dimensões o mais homogêneas possível e suas superfícies
devem ser planas e sem fissuras. Com isto evita-se juntas de concentração de tensões que
podem ocasionar a ruptura da parede.

6.3 Resistência da Argamassa

A influência da resistência à compressão da argamassa aumenta com o aumento da


qualidade do bloco e conseqüente aumento das tensões admissíveis. As propriedades
mecânicas do material de assentamento são muito importantes para a resistência à
25

compressão da alvenaria, uma vez que o mecanismo de ruptura da parede está diretamente
ligado à interação entre junta e unidade.

6.4 Espessura das juntas

Pode-se melhorar a resistência de uma alvenaria diminuindo-se as espessuras das


juntas e a relação espessura da junta/altura da unidade.

Diversas pesquisas indicam que a espessura ótima para as juntas de alvenaria é de 1


cm. Valores menores, que teoricamente levariam a alvenarias mais resistentes, não são
recomendáveis pois a junta não conseguiria absorver as imperfeições que ocorrem nas
unidades.

6.5 Qualidade da mão de obra

A mão de obra tem grande influência na qualidade da alvenaria. A falta de


treinamento e motivação pode trazer prejuízos ao desenvolvimento dos serviços. Os
problemas mais comuns nas construções de alvenaria, relacionados com a mão-de-obra são:

6.5.1 Preenchimento das juntas

As juntas horizontais devem ser completamente preenchidas. Juntas incompletas


podem reduzir a resistência da alvenaria em até 33%.

O não preenchimento das juntas verticais tem pouco efeito na resistência à


compressão, mas afeta a resistência à flexão e ao cisalhamento da parede.

6.5.2 Espessura da junta

A espessura das juntas deve ser controlada. Quando a mão de obra é despreparada, é
comum a construção com juntas mais grossas que o desejável, pois estas facilitam o
processo de assentamento das unidades e aumentam a produtividade.
6.5.3 Exposição a condições climáticas adversas logo após o assentamento
26

Perda excessiva de umidade por evaporação em clima quente pode impedir a


hidratação completa do cimento, ocasionando redução na resistência da argamassa.

6.5.4 Proporcionamento da argamassa

O traço da argamassa a ser empregado deve manter-se sempre igual ao longo da obra
conforme especificação do projeto. É importante que a argamassa tenha resistência,
trabalhabilidade e retenção de água adequadas.

São procedimentos bastante comuns em obra a adição de mais cal e/ou água para
melhorar a trabalhabilidade e a perda de água decorrente da evaporação. Estes
procedimentos, embora não tenham uma influência muito significativa na resistência final,
são indesejáveis.

6.5.5 Perturbação das unidades após o assentamento

A perturbação das unidades após o assentamento pode alterar as condições de


aderência entre as unidades e a argamassa. Pode também produzir fissuras na argamassa,
alterando assim a resistência final da alvenaria. Este fato é comum e ocorre quando o
pedreiro tenta corrigir eventuais erros de prumo, através de batidas nas unidades, tentando
recolocá-las na posição correta.

6.5.6 Ritmo da construção

Quando se constrói em um ritmo exagerado, pode-se estar assentando um número


excessivo de fiadas sobre uma argamassa que ainda não tenha adquirido uma resistência
adequada à compressão gerando deformações. Esta não é necessariamente uniforme, e
prejudica o prumo e o alinhamento da parede.

6.5.7 Desvio do prumo ou alinhamento da parede


27

Paredes fora de prumo, com reentrâncias ou não alinhadas com as paredes dos
pavimentos inferior ou superior, produzirão cargas excêntricas com conseqüente redução na
resistência. Um defeito de 12 a 20 mm implicará num enfraquecimento da parede entre 13 e
15%.

III - OS PROJETOS
28

1. COORDENAÇÃO DE PROJETOS

A coordenação dos projetos eleva a qualidade do projeto global e, conseqüentemente,


melhora a qualidade da construção. Muitas medidas de racionalização e praticamente todas
as medidas de controle da qualidade dependem de uma clara especificação na sua fase de
concepção. Não é possível controlar uma atividade ou produto, se suas características não se
encontram perfeitamente definidas. Da mesma forma, a execução somente poderá ser
planejada de forma eficiente se o projeto apresentar todas as informações necessárias para o
planejamento.

O processo construtivo em Alvenaria Estrutural deve ser concebido, sempre que


possível, a partir da coordenação dos projetos. Os principais objetivos da coordenação são:

 promover a integração entre os participantes do projeto, garantindo a


comunicação e a troca de informações entre os integrantes e as diversas etapas
do empreendimento;
 controlar as etapas de desenvolvimento do projeto, de forma que este seja
executado conforme as especificações e requisitos previamente definidos (custos,
prazos, especificações técnicas);
 coordenar o processo de forma a solucionar as interferências entre as partes do
projeto elaboradas pelos distintos projetistas;
 garantir a coerência entre o produto projetado e o modo de produção, com
especial atenção para a tecnologia do processo construtivo utilizado.

Para atingir os objetivos acima os principais aspectos a serem observados na


coordenação dos projetos são:

 definição clara dos objetivos e parâmetros a serem repassados aos diversos


profissionais como requisitos do projeto;
 definição clara de todas as partes que constituem os projetos, bem como o seu
conteúdo;
 definição e padronização da forma de apresentação das informações
(padronização da representação gráfica);
29

 criação de uma sistemática de avaliação e retroalimentação dos problemas


enfrentados durante a execução dos projetos, de forma a aumentar continuamente
a tecnologia da empresa através da experiência;
 integração intensa entre projeto e obra, inclusive durante a execução do
empreendimento, de forma a dar suporte a possíveis alterações a serem
realizadas;
 definir antecipadamente a quem caberá o detalhamento executivo de cada projeto
complementar.

A implantação de um sistema de coordenação de projetos aumenta a confiabilidade


do processo e diminui as incertezas em todas as atividades, principalmente na execução. Por
esta razão, recomenda-se que o projetista busque a integração dos diversos projetos.

2. PROJETO ARQUITETÔNICO

Como mencionado anteriormente, o projetista de alvenaria estrutural deve pensar


alvenaria estrutural, devido às particularidades de seus procedimentos.

O projeto arquitetônico é restringido pelos condicionantes ligados a todos os demais


projetos. Por outro lado, ele é o projeto que estabelece o partido geral do edifício, e assim
condiciona o desenvolvimento de todos os demais. Por este motivo, o sucesso do
empreendimento dependerá da cuidadosa elaboração do projeto arquitetônico que
influenciará todos os outros projetos. Caso o partido arquitetônico não seja adequado, será
muito difícil compensá-lo através de medidas tomadas nos projetos complementares ou em
intervenções na obra.

Algumas restrições estruturais são impostas ao projeto arquitetônico, e devem ser


levadas em conta na criação do mesmo. Entre as restrições devem ser destacadas:

 o número de pavimentos possíveis de serem alcançados com os materiais


disponíveis no mercado;
 o arranjo espacial das paredes e a necessidade de amarração entre os elementos;
30

 as limitações quanto à existência de transição para estruturas em pilotis no térreo


ou subsolos;
 a impossibilidade de remoção de paredes.

FUNDAMENTOS DO PROJETO ARQUITETÔNICO


Verificar condicionantes do projeto.
Objetivar máxima simetria.
Utilizar modulação.
Compatibilizar os projetos arquitetônicos com o estrutural e os de instalações.
Prever as paredes que podem funcionar como vedação, utilizando-as para passagem de
tubulações.
Apresentar os detalhes construtivos de forma clara e objetiva.
Usar escalas diferentes para planta e detalhes.
Quadro 2.1 - Fundamentos do projeto arquitetônico

2.1 Definição dos condicionantes de projeto

Os principais fatores condicionantes do projeto são: arranjo arquitetônico,


coordenação dimensional, otimização do funcionamento estrutural da alvenaria,
racionalização do projeto e da produção.

Devem ainda ser levados em conta os requisitos dos usuários, os custos (incluindo
aqueles de utilização e de tempo de execução), os requisitos de desempenho e os aspectos de
segurança e confiabilidade.

O problema da impossibilidade de remoção de paredes, que limita a flexibilidade


funcional dos ambientes, pode também ser satisfatoriamente resolvido, se algumas poucas e
determinadas paredes forem previamente classificadas como possíveis de serem eliminadas.

2.2 Simplificação do projeto


31

A simplificação do projeto é uma das principais formas de melhorar a


construtibilidade. Para se obter um projeto simplificado, é recomendável seguir os passos
abaixo:

 utilizar o menor número de componentes possível;


 concentrar trabalhos com um único tipo de material ou função;
 utilizar materiais facilmente encontrados no mercado, com tamanho e
configuração padrões;
 utilizar materiais e componentes simples, fáceis de serem conectados,
empregando o mínimo de serviço especializado possível;
 concentrar atenção nas juntas entre componentes e entre elementos construtivos;
 reunir em um só elemento vários componentes ou funções;
 priorizar prumo, nível e esquadro (evitar projetar ângulos, inclinações e
superfícies curvas);
 usar grandes componentes, para que cubram grandes áreas, volumes, metragens
lineares, não esquecendo, entretanto, de limitar seu tamanho para não dificultar o
manuseio.

2.3 Simetria

O projetista deve procurar um equilíbrio, na distribuição das paredes resistentes por


toda a área da planta, Caso contrário, os carregamentos podem concentrar-se em uma
determinada região do edifício levando a necessidade de utilização de materiais com
resistências diferentes para as paredes do mesmo pavimento ou do grauteamento de
determinadas paredes, o que não é recomendável em relação ao custo e à construtibilidade.

O projetista deve buscar distribuir igualmente as paredes estruturais em ambas as


direções para garantir a estabilidade do edifício em relação às cargas horizontais. Também
devido às cargas horizontais, é importante a criação de plantas o mais simétricas possíveis
para diminuir o surgimento de tensões devido à torção.
32

2.4 Modulação

Coordenação modular é a técnica que permite relacionar as medidas de projeto com


as medidas modulares por meio de um reticulado especial modular de referência.

A modulação é a base do sistema de coordenação dimensional utilizado nos edifícios


em alvenaria estrutural. O arquiteto, desde a elaboração dos primeiros traços, deverá
trabalhar sobre uma malha modular, cujas medidas são baseadas no tipo de componente
utilizado na alvenaria.

A coordenação modular pode representar acréscimos de produtividade de cerca de


10%. Consegue-se evitar cortes e outros trabalhos de ajuste no canteiro que representariam
perda de tempo, material e mão de obra. Além disso, os projetos arquitetônicos estruturais e
de instalações devem ser compatibilizados, bem como deve se ter um adequado controle da
execução com controle das juntas.

A facilidade com que se implanta a coordenação modular nos edifícios em alvenaria


estrutural é um dos principais motivos que tornam o processo favorável à implantação de
medidas de racionalização. Estas facilidades, são obtidas devido a própria forma de
execução, que simplifica a padronização dos serviços, a coordenação das atividades, o
treinamento e qualificação da mão de obra entre outras.

A coordenação modular só pode ser alcançada se os blocos forem padronizados e se


os projetos arquitetônicos, estruturais e de instalações forem compatibilizados. Além disto
durante a execução na obra devem ser tomadas medidas para garantir juntas com tolerâncias
adequadas a modulação adotada.

A modulação deve ocorrer tanto na vertical quanto na horizontal. Ela é obtida através
do traçado de um reticulado de referência, a partir de um módulo básico escolhido
(dimensões do bloco mais espessura de juntas, sendo que usualmente os módulos são de
15cm ou 20cm). As alturas e larguras das paredes devem ser considerados múltiplos do
módulo básico. A posição dos blocos no reticulado é tal que duas faces suas sempre
tangenciam as linhas tracejadas. Segundo a experiência de vários projetos e projetistas, a
33

modulação ideal é aquela em que o módulo é igual a espessura da parede, não sendo
necessária a criação de blocos especiais para ajustes nas amarrações.

A coordenação modular deve ser compatibilizada com os vãos de portas e janelas,


tendo em vista as dimensões externas de marcos e forras e a necessidade de juntas entre estes
e a alvenaria. Conforme o tipo de janela (madeira, ferro ou alumínio), a fixação deve ser
estudada e estabelecidas as folgas necessárias, para consideração na coordenação modular.

Na prática, entretanto, diversos parâmetros construtivos nos obrigam a acomodar


algumas dimensões. As lajes, por exemplo, têm sua espessura determinada pelo seu
dimensionamento econômico que raramente coincide com o módulo. Nessas condições a
preocupação de modulação vertical se restringirá à medida de piso a teto, tomando-se o
cuidado de utilizar uma espessura constante de laje em todo o pavimento a fim de se obter
um único nível de respaldo na última fiada e um único nível de saída para a primeira fiada
do andar superior.

Em muitos projetos são utilizados mais de uma espessura de parede. Assim, deve-se
ter o cuidado de dispor o layout em planta de tal maneira que os comprimentos individuais
de cada painel de parede fiquem modulados entre as paredes ortogonais que as limitam.
34

banheiro

copa/cozinha quarto

hall

sala quarto

bloco 34 cm bloco 39 cm

Figura 2.5 - Exemplo de Modulação

Além das peças-padrões descritas, existem inúmeros modelos para aplicações mais
específicas, tais como: bloco canaleta estrutural, meia canaleta estrutural, bloco hidráulico
estrutural, bloco especial estrutural de canto 45o, etc.

(a) (b) (c)


Figura 2.6 – Blocos especiais: (a) hidráulico; (b) Canaleta; (c) Meia-Canaleta
35

2.5 Passagem de Dutos

Na execução das instalações do edifício deve-se evitar o rasgo de paredes estruturais


para o embutimento das instalações. Rasgos de paredes significam retrabalho, desperdício,
maior consumo de material e mão de obra e principalmente insegurança sob o ponto de vista
estrutural pela redução da secção resistente.

Para evitar este problema pode-se utilizar as seguintes alternativas:

 a utilização de paredes não estruturais para o embutimento das tubulações;


 aberturas de passagens tipo shafts para a passagem das tubulações;
 a passagem por blocos especiais (blocos hidráulicos);
 o emprego das tubulações aparentes.

A melhor alternativa tanto sob o ponto de vista construtivo quanto da segurança


estrutural é o uso de shafts. Deve-se prestar atenção quanto à localização e dimensão dos
mesmos.

O projetista arquitetônico deve procurar agrupar ao máximo as instalações, ou seja,


projetar banheiros e cozinhas o mais próximos possível. Com isto economizará espaço na
arquitetura e reduzirá a quantidade de shafts.

Os shaft podem ter os mais variados tamanhos. Isto depende do número de


instalações que o projetista conseguir agrupar. Como regra, sugere-se os tamanhos mínimos
mostrados nos exemplos abaixo.
36

variável conforme box

vazio na laje para


passagem de dutos

placa de fechamento
mínimo meio-bloco

Figura 2.7 - Detalhe de shaft de alvenaria com blocos (19x19x39 cm)

vazio na laje para passagem de dutos


placa de fechamento

bloco de vedação (14x19x39 cm)

mínimo 25 cm

mínimo 19 cm (meio-bloco)

Figura 2.8 - Detalhe de shaft de alvenaria com blocos (19x19x39cm)

parede estrutural

Variável

vazio na laje

parede de vedação

Figura 2.9 - Exemplos de shafts


37

2.6 Paginação

É o detalhamento das paredes, uma a uma, onde são representadas janelas (com
vergas e contra-vergas), instalações, etc.

Nas elevações deverão ser mostradas além de aberturas, vergas, contra-vergas, etc.,
também os eletrodutos, caixas de passagem, interruptores, bem como as tubulações
hidráulicas. Essas paginações devem ser providas pelo projetista arquitetônico para a
elaboração dos projetos hidráulico e elétrico.

Tanto a primeira fiada como as elevações das paredes devem ser desenhadas em
escalas não inferiores a 1:50. Para facilitar a leitura em obra é recomendável que estes
desenhos sejam feitos em escala 1:25.

Detalhes de fixação de tubulações aparentes poderão ser apresentados em cortes com


escala apropriada.

QDL verga interruptores tomadas

Figura 2.10 - Exemplo de Paginação


38

Resumindo-se o que foi visto nesta secção, têm-se o seguinte roteiro para projeto
arquitetônico:

(a) Conhecer condicionantes do projeto;


(b) Fazer reticulado;
(c) Fazer partido sobre a malha, procurando o máximo de simetria possível entre as paredes
estruturais;
(d) Compatibilizar vãos e portas com dimensões externas dos marcos e com o tipo de
abertura a ser usada (madeira, ferro ou alumínio);
(e) Dispor os shafts e considerar espaços para passagens de tubulações, estudando as paredes
que podem ser utilizadas somente como vedação;
(f) Desenhar a primeira e segunda fiadas;
(g) Fazer as paginações, principalmente das paredes mais críticas, com mais aberturas ou
passagens de tubulações;
(h) Apresentar detalhes de amarração;
(i) Detalhar vergas, contravergas, portas e janelas;
(j) Detalhar pontos grauteados;
(k) Apresentar os apoios das lajes;
(l) Participar da troca de informações com os demais projetistas (estrututural, hidráulico e
elétrico).
39

3. DADOS TÉCNICOS PARA O PROJETO ESTRUTURAL

3.1 Os Métodos de Cálculo

O sistema em Alvenaria Estrutural utiliza as paredes, não apenas como elementos de


vedação, mas também como elemento resistente às cargas verticais de lajes, ocupação e peso
próprio e às cargas laterais resultantes da ação do vento sobre a edificação e de desvios de
prumo da mesma.

Desta forma, as paredes estruturais devem apresentar as seguintes funções:

1. Resistir às cargas verticais


2. Resistir às cargas de vento
3. Resistir a impactos
4. Isolar acusticamente e termicamente os ambientes
5. Prover estanqueidade à passagem de água da chuva e do ar.

As paredes devem ainda ser duráveis além de esteticamente agradáveis.

Na concepção do projeto em alvenaria estrutural, as paredes definidas como estruturais


são usadas para transferir as cargas para o solo. A carga é distribuída na parede que atua
como um painel laminar.

As cargas a serem distribuídas são de dois tipos: verticais e horizontais.

As cargas verticais são as devidas ao peso próprio da parede, ao peso próprio das lajes
apoiadas nesta parede e às cargas de ocupação da edificação.

As cargas de vento que atuam nas fachadas devem ser absorvidas pelas lajes, que
atuam como diafragmas rígidos, e através destas transmitidas para as paredes de
contraventamento, que são normalmente as paredes estruturais perpendiculares ao plano de
fachada para o qual se está considerando a ação do vento.

Procedimentos de projeto considerando esta forma de comportamento da parede, estão


com uso consagrado há quase meio século e permitiram a evolução da alvenaria estrutural
através da redução drástica das espessuras de paredes comparativamente à forma de projeto
utilizada até o final do Século XIX. Como exemplo, pode-se mencionar o Monadnock
Building, construído em 1891 em Chicago, Estados Unidos. Com dezoito andares, tem as
40

paredes do térreo com espessura de 180 cm. Se fosse construído hoje, com os mesmos
materiais utilizados, a espessura da parede seria reduzida para 30 cm.

Uma vez determinadas as cargas atuantes nas paredes, dois procedimentos de cálculo
têm sido usados no Brasil para a definição dos materiais (unidades de alvenaria, argamassas,
graute e armadura) e detalhes construtivos a serem utilizados na construção destas paredes.

 O primeiro é baseado na Norma Brasileira NBR - 1228/89 -Cálculo de alvenaria


estrutural de blocos vazados de concreto. Esta norma foi concebida usando-se o critério
de tensões admissíveis, ou seja, determina-se as resistências dos materiais e divide-se
estas por um coeficiente de segurança global. O projeto é feito com o material no estado
elástico.

 O segundo utiliza a norma inglesa BSI 5628 - Design Method for Structural Masonry
(Unreinforced and Reinforced Masonry). Esta norma usa o critério de dimensionamento
no estado limite último. O projeto é feito no estado plástico. Apresenta as seguintes
vantagens: a) permite o estabelecimento de coeficientes de segurança parciais
diferenciados para materiais, carregamentos e mão-de-obra; b) elimina o uso
desnecessário de armaduras passivas sem função estrutural; c) permite uma construção
mais simplificada com uso mais racionalizado dos materiais, especialmente o aço; d)
determina formas de dimensionamento para previnir o colapso em caso de danos
acidentais.

As duas normas têm sido largamente usadas, com definição de uso de uma ou de outra
sendo da competência dos escritórios de projeto. O correto entendimento das mesmas,
acompanhado de uma regular fiscalização dos procedimentos de canteiro, tem levado à
construção de centenas de edifícios sem problemas patológicos do ponto de vista estrutural.

3.2 Resistência e Estabilidade Estrutural

As alvenarias podem ser não-armadas ou armadas. Dependendo da classificação


haverá diferenças no tipo de argamassa a ser utilizado e na técnica de execução. A alvenaria
armada é usada apenas quando as cargas de compressão, de flexão ou de cisalhamento são
maiores do que aquelas passíveis de serem resistidas pela alvenaria não-armada.

A resistência à compressão da alvenaria depende da resistência das unidades, das


argamassas e do graute utilizado. Dois métodos podem ser usados para definir a resistência
da alvenaria.
41

1. Rompimento de prismas de alvenaria representativos da parede, isto é, moldados com o


tipo de unidade, argamassa e graute (se for o caso) que deverão ser utilizados. O valor
da resistência da parede pode ser tomado como 75 % da média dos testes com os
prismas.

2. Em caso de não serem feitos ensaios, as resistências à compressão podem ser tomadas
de tabelas fornecidas pelas normas e especificações.

3.3 Projeto para Danos Acidentais

A BS 5628 recomenda, nas cláusulas 37 e 20.2, procedimentos para limitar a


extensão de acidentes bem como para a preservação da integridade estrutural.

Três opções são apresentadas pela Norma na Tabela 12.

Opção 1: A opção 1 requer que o calculista estabeleça que todos elementos verticais
e horizontais possam ser removidos, um de cada vez, sem levar ao colapso parte significativa
da estrutura. No que se refere às barras horizontais, esta opção é supérflua se são utilizadas
lajes de piso, ou de cobertura, em concreto, uma vez que o projeto estrutural deve estar de
acordo com Clause 2.2.2.2 (b) da BS 8110:1985.

Opção 3: Para amarração horizontal as exigências da opção 3 são muito similares à


da BS 8110: 1985. Além disso, amarração vertical deve ser prevista. Esta opção requer que a
espessura mínima da parede de 150 mm, o que torna o custo elevado.

3.4 Lajes

A teoria de projeto em Alvenaria Estrutural prevê que os esforços horizontais,


especialmente devidos ao vento, e que são importantes no dimensionamento, serão
absorvidos pelas lajes e por elas transferidos as paredes de contraventamento. Por esta razão,
deve-se tomar especiais cuidados na execução das lajes.

Embora qualquer tipo de laje possa ser utilizado sem prejuízo ao desempenho
estrutural, deve-se assegurar que a mesma comporte-se como um diafragma rígido. Para
garantir tal comportamento, recomenda-se a interligação das lajes adjacentes por barras de
42

ferro, mesmo que no projeto estas tenham sido calculadas como simplesmente apoiadas.
Neste caso o trespasse com barras de 4 mm a cada 20 cm será suficiente.

3.5 Dados Técnicos Para Dimensionamento À Compressão

Apresenta-se abaixo dados técnicos obtidos através de análise das normas brasileira e
britânica de cálculo estrutural em alvenaria. Apresenta-se as duas opções devido à
constatação de que há escritórios de cálculo que utilizam a norma Brasileira (método das
tensões admissíveis) e outros que dimensionam pela norma Britânica (estado limite último).
É importante ressaltar que os valores propostos de resistências abaixo apenas poderão ser
usados se o projetista guiar-se inteiramente pela norma da qual tomar os valores últimos de
resistência. Não é permitido determinar as tensões por uma norma e utilizar as tabelas de
resistência da outra.

Além disto, deve ser considerado que os valores de resistência das Tabelas são
valores médios. Recomenda-se que o calculista solicite ensaios de prisma com o tipo de
bloco e argamassa recomendada para certificar-se de que as resistências obtidas em obra são
compatíveis com aqueles utilizados no dimensionamento. Este procedimento é ainda mais
importante quando os projetos apresentarem necessidade de blocos mais resistentes ou
grauteados.

As tabelas referem-se a blocos de concreto. Faltam dados para produzir semelhantes


tabelas com blocos e tijolos cerâmicos fabricados no Brasil.

3.5.1 Peso Próprio das Paredes

O peso próprio das paredes de blocos de concreto a serem utilizados no


dimensionamento são indicados abaixo. Sobre estas cargas devem incidir as majorações de
acordo com os coeficientes de segurança determinados pela norma que estiver sendo
utilizada.
43

Tabela 3.1 - Peso próprio por tipo de parede

Espessura Revestimento (mm) Graute Peso próprio


do bloco (cm) Interno Externo (kg/m2)
14 6 6 sem 200
estrutural 6 20 sem 230
6 6 com 360
6 20 com 390
sem sem sem 170
sem sem com 330
19 6 6 sem 215
estrutural 6 20 sem 245
6 6 com 465
6 20 com 495
sem sem sem 190
sem sem com 440
14 6 6 sem 160
vedação 6 20 sem 190
sem sem sem 135
19 6 6 sem 205
vedação 6 20 sem 235
sem sem sem 175
9 6 6 sem 130
vedação 6 20 sem 160
sem sem sem 105

3.5.2 Dimensionamento Pela Norma Brasileira

O projeto estrutural em Alvenaria Estrutural é normalizado pela NBR ABNT/NB-


1228/89, Cálculo de Alvenaria Estrutural de blocos vazados de concreto.

As cargas admissíveis para compressão axial em paredes de alvenaria não armada


são calculadas pela expressão:
  h 3 
Padm  0,20 f p  1     A
  40t  

onde:
44

Padm = Carga admissível da parede


fp = resistência média dos prismas
h = altura efetiva
t = espessura efetiva
A = área

As tabelas abaixo indicam as tensões admissíveis para paredes construídas com


argamassa assentada nas faces laterais e nos septos dos blocos. Em caso de prédios com
assentamento previsto apenas nas faces laterais dos blocos os valores das Tabelas deves ser
minorados em 25%. Por esta razão, é importante que seja indicado claramente no projeto
executivo o tipo de assentamento para o qual foi projetada a parede.

Tabela 7.2 - Carga admissível para blocos de 14 cm (kN/m)

hefetiv Argamassa* Resistência do bloco (MPa)


a
(m) (tipo) 6,0 10,0 15,0 20,0
2,60 (i) 108,4 133,6 161,3 186,5
(ii) 105,8 126,0 143,6 161,3
2,70 (i) 106,9 131,8 159,1 184,0
(ii) 104,4 124,3 141,7 159,1
2,80 (i) 105,4 129,9 156,8 181,3
(ii) 102,9 122,5 139,7 156,8
* os tipos de argamassa estão especificadas na tabela 7.10

Tabela 7.3 - Carga admissível para blocos de 19 cm (kN/m)

hefetiva Argamassa* Resistência do bloco (MPa)


(m) (tipo) 6,0 10,0 15,0 20,0
2,60 (i) 135,0 178,7 226,2 269,9
(ii) 131,3 167,8 200,6 233,5
2,70 (i) 134,3 177,9 225,0 268,6
(ii) 130,7 167,0 199,6 232,3
2,80 (i) 133,6 176,9 223,8 267,1
(ii) 130,0 166,1 198,5 231,0
* os tipos de argamassa estão especificadas na tabela 7.10

7.3.3 Dimensionamento Pela Norma Britânica


45

Os parâmetros de dimensionamento abaixo foram obtidos a partir das especificações


da Norma Britânica BS 5628 (Reino Unido): Parte 1 - alvenaria não armada, adaptadas para
as dimensões dos blocos geralmente fabricados no Brasil. A fórmula utilizada para a
determinação das tensões características foi:

 m  Fd
fk 
 bt

onde:

fk = tensão característica de projeto


m = coeficiente de segurança parcial para materiais
Fd = Carga de projeto
 = fator de redução para a esbeltez e excentricidade de carregamento
b = comprimento da parede
t = espessura efetiva da parede

As tabelas abaixo indicam as tensões admissíveis para paredes construídas com


argamassa assentada nas faces laterais e nos septos dos blocos. Em caso de prédios com
assentamento previsto apenas nas faces laterais dos blocos os valores das Tabelas deves ser
minorados em 25%. Por esta razão, é importante que seja indicado claramente no projeto
executivo o tipo de assentamento para o qual foi projetada a parede.

Tabela 7.4 - Resistência característica da alvenaria para bloco de 14 cm (MPa)

Tipo de argamassa Resistência à compressão da unidade


(MPa)
6,0 10,0 15,0 20,0
(i) 4,3 5,3 6,4 7,4
(ii) 4,2 5,0 5,7 6,4
(iii) 4,1 4,9 5,4 5,8
(iv) 3,6 4,3 4,7 5,2
* os tipos de argamassa estão especificadas na tabela 4.2.

Tabela 7.5 - Resistência característica da alvenaria para bloco de 19 cm (MPa)

Tipo de argamassa* Resistência à compressão da unidade


46

(MPa)
6,0 10,0 15,0 20,0
(i) 3,7 4,9 6,2 7,4
(ii) 3,6 4,6 5,5 6,4
(iii) 3,3 4,5 5,2 5,8
(iv) 3,1 3,9 4,6 5,2
* os tipos de argamassa estão especificadas na tabela 4.2.

Em caso de uso de grauteamento, a resistência à compressão característica da alvenaria


pode ser obtida como se o bloco fosse sólido, desde que:

1. A resistência do bloco seja determinada pela área líquida;


2. A resistência à compressão do graute a 28 dias seja pelo menos igual à resistência da área
líquida do bloco.

Este procedimento, embora indicado pela norma britânica BS 5628, não necessariamente
corresponde ao comportamento de paredes grauteadas, devendo, portanto, ser usado com
cuidado. Recomenda-se, também neste caso, a realização de ensaios com o material a ser
utilizado para determinar a resistência à compressão de prismas grauteados. As Tabelas
abaixo são indicativos de resistência com base nas recomendações da norma britânica.

Tabela 7.6 - Resistência característica da alvenaria (fck) (MPa) - Bloco de 14cm


Grauteado

Tipos de Argamassa* Resistência à Compressão do Bloco (MPa)


6,0 10,0 15,0 20,0
(i) 7,8 11,1 15,1 17,1
(ii) 7,1 9,6 12,6 14,1
(iii) 6,8 8,7 11,4 12,7
(iv) 5,9 7,8 9,9 10,9
* os tipos de argamassa estão especificadas na tabela 4.2.

Tabela 7.7 - Resistência característica da alvenaria (fck) (MPa) - Bloco de 19cm


Grauteado

Tipos de Argamassa* Resistência à Compressão do Bloco (MPa)


47

6,0 10,0 15,0 ou maior


(i) 7,6 11,2 14,6
(ii) 6,7 9,5 12,1
(iii) 6,3 7,5 10,9
(iv) 5,6 6,7 9,4
* os tipos de argamassa estão especificadas na tabela 4.2.

7.4 Determinação da Resistência ao Cisalhamento

No projeto estrutural devem ser também verificadas as tensões de cisalhamento


atuantes nas paredes de contraventamento.

A norma brasileira especifica que as tensões admissíveis de cisalhamento são de 0,25


MPa (para blocos vazados ou maciços com a resistência da argamassa entre 12 e 17 MPa) e
de 0,15 MPa (para blocos vazados ou maciços para argamassa com resistência entre 5 e 12
MPa).

O dimensionamento pela norma britânica permite o uso da pré-compressão da parede


como um fator de aumento da resistência ao cisalhamento. Assim, a referida norma
estabelece que a resistência ao cisalhamento paralela ao plano da parede deve ser tomada
como (0,35 + 0,6 gA)/2,5 até um máximo de 1,75 MPa quando se utiliza argamassa do tipo
(I) e (ii) (ver argamassas). Para argamassas do tipo (iii) e (iv) a resistência ao cisalhamento
deve ser calculada como (0,15 + 0,6 gA)/2,5 até um máximo de 1,40 MPa. Nesta equação gA
é o carregamento vertical de cálculo por unidade de área.

7.5 Juntas de Dilatação e de Controle

As juntas de dilatação e controle devem ser previstas para evitar o aparecimento de


fissuras e trincas. Fazendo-se juntas de dilatação a cada 20 m de estrutura em planta evita-se
o aparecimento de fissuras devido a variação de temperatura. Da mesma forma, devem ser
feitas juntas de controle vertical para permitir que o prédio movimente-se pela retração e
pela expansão devidas à temperatura.

As juntas de controle devem ser previstas nas seguintes situações:


48

1. em mudanças bruscas de direções da parede (com formas de L, T e U);


2. nos pontos em que há variação na espessura da parede;
3. nos pontos em que há variação brusca da altura da parede.

Na execução das juntas de controle devem ser observados os seguintes procedimentos:

1. fazer a junta continua em toda a altura da parede;


2. preencher a junta com material deformável para que os movimentos ocorram livremente.

7.6 Recomendações Complementares

O projeto executivo deve conter também recomendações sobre procedimentos a


serem seguidos na obra para que a alvenaria tenha o desempenho e a resistência
estabelecidos pelo projetista.

As principais informações e recomendações que devem ser claramente especificadas são:

1. resistência e tipos de blocos a serem utilizados;


2. traço da argamassa e resistência à compressão que deve apresentar;
3. ressaltar a necessidade de construção com espessura da junta constante e de 1 cm,
manutenção de prumo e nível, condições de assentamento e de preservação da alvenaria
recém assentada em condições climáticas adversas (excesso de calor, frio ou chuva).
49

4. PROJETO HIDRÁULICO

Para definir o projeto hidráulico o projetista deverá interagir com o projetista


arquitetônico. Nesta interação deverá ser definido a quem caberá o detalhamento do projeto
executivo.

Deve-se tentar, sempre que possível, passar as tubulações verticais pelos shafts,
conforme descrito no item 2.5 deste capítulo.

Quando o projeto arquitetônico permitir que se utilize uma única parede comum a
todas as áreas com instalações hidráulicas, pode-se utilizar o recurso de fazer as ligações das
mesmas às prumadas dispostas externamente e rentes à parede, permitindo o seu fechamento
com outra parede de painel removível (parcial ou totalmente) usada para manutenção. Esta
solução permite trabalhar com kits pré-fabricados e fazer inspeções na instalação sem
necessidade de se remover o acabamento.

Todo o trecho horizontal da instalação deverá ser projetado para passar entre a laje
do teto e o forro.

Os trechos verticais de água fria e quente para torneiras e chuveiros deverão passar
horizontalmente entre o forro e o teto até o ponto onde deverão descer na vertical pelos furos
dos blocos. Em paredes estruturais os cortes horizontais devem ser evitados. Sempre que
houver paredes não estruturais, estas devem ser preferenciais para a passagem dos canos que
tiverem de ser embutidos. É importante salientar que, eventuais necessidades de cortes para
manutenção em caso de vazamento poderá atingir a integridade das paredes e alterar a sua
função estrutural.
50

vazio central para


passagem de dutos

variável conforme box


placa de fechamento

Figura 4.1 - banheiro rebatido (com tubulações agrupadas em um shaft central)

placa fechamento Variável conforme box

mínimo 19 cm (meio-bloco)

parede de vedação

parede estrutural

Figura 4.2 - banheiro rebatido (com tubulações agrupadas em um shaft lateral)

bloco 14 cm

bloco 9 cm

inst. água

corte aa bloco 14 cm bloco 9 cm

Figura 4.3 - Exemplo de passagem de tubulação (utilizando-se blocos de 9 cm de espessura)


51

desce pelos furos até o ponto

inst. água

tubulação entre forro e teto

inst.esgoto

Figura 4.4 - Exemplo de passagem de tubulação


52

5. PROJETO ELÉTRICO

Para definir o projeto elétrico o projetista deverá interagir com o projetista


arquitetônico. Nesta interação deverá ser definido a quem caberá o detalhamento do projeto
executivo.

Os eletrodutos embutidos deverão passar pelos blocos vazados. Outra forma possível
e interessante de distribuição dos eletrodutos de instalação elétrica é o aproveitamento do
espaço atrás do batente das portas, quando o mesmo for de madeira, visto que geralmente os
interruptores se situam próximo a estas. Em caso de batente com perfil metálico, pode-se
utilizar o espaço no interior do mesmo.

É importante observar que, no processo construtivo em Alvenaria Estrutural, as


caixas de tomadas e interruptores podem ser previamente instaladas em blocos cortados que
por sua vez serão assentados durante a execução da alvenaria. Com alternativa, pode-se
colocar o bloco cortado com espaço para a caixa que é posteriormente chumbada ao mesmo.
Outra alternativa é a instalação das tomadas a partir do duto que desce pelos furos dos
blocos.

A posição e dimensão dos quadros de distribuição de energia nos diversos


pavimentos deverão ser previamente definidas e especificadas no projeto executivo. Da
mesma forma, este deve ser o procedimento com as caixas de interruptores e de tomadas.

As caixas para quadros de distribuição e caixa de passagem devem ser projetadas em


dimensões que evitem cortes nas alvenarias para sua perfeita acomodação. O projetista
estrutural deverá ser informado das dimensões e posições dos quadros de distribuição para
que detalhe o reforço necessário para que a abertura não prejudique a integridade estrutural
da parede. Para os casos usuais pode-se adotar as soluções de reforço indicadas na biblioteca
de detalhes.
53

Tabela 5.1 - Dimensões recomendadas para quadros de distrtibuição - modulação de 20 cm

N de blocos Dimensões de Quadros de Distribuição


horizontal X vertical para modulação de 20 cm - (m) X (m)
1X2 0,40 X 0,40
1½X3 0,60 X 0,60
2X4 0,80 X 0,80
2½X5 1,00 X 1,00
4X6 1,20 X 1,20

Tabela 5.2 - Dimensões recomendadas para quadros de distrtibuição - modulação de 15 cm

N de blocos Dimensões de Quadros de Distribuição


horizontal X vertical para modulação de 15 cm - (m) X (m)
1½X2 0,45 X 0,40
2X3 0,60 X 0,60
2X4 0,60 X 0,80
3X5 0,90 X 1,00
4X6 1,20 X 1,20
54

6. PROJETO EXECUTIVO

O projeto executivo é fundamental para que se consiga atingir o máximo das


vantagens que o processo construtivo em Alvenaria Estrutural teoricamente permite. É
através dele que se faz a integração entre as soluções do escritório e a aplicação da mesma.
Por isso, este tipo de detalhamento representa um grande acréscimo no nível de
construtibilidade do projeto.

Deve ser verificado se as intenções dos projetistas poderão ser claramente


interpretadas na obra. A falta de detalhes e a ambigüidade na interpretação das informações
do projeto podem criar vários problemas, tais como atraso nos prazos, retrabalhos para
correção de erros e diminuição da produtividade.

O projeto executivo é composto de desenhos, detalhes e informações necessárias a


realização dos serviços de execução das alvenarias. Além disto, este projeto deve conter os
tipos e quantidades de blocos e elementos pré-moldados a ser empregados. A utilização
apenas dos projetos arquitetônicos e estruturais pode causar problemas de entendimento na
obra. Estes não apresentam uma série de informações necessárias a execução das alvenarias,
acarretando a tomada de várias decisões no canteiro, sem planejamento prévio. Em muitos
casos, esta situação pode criar problemas para a qualidade e produtividade dos serviços.

Na elaboração dos projetos executivos pode-se antecipar e prevenir uma série de


problemas, que podem ser resolvidos numa fase em que alterações são pouco significativas
no aumento dos custos. Além do mais, a utilização destes projetos leva a um aumento
significativo no nível de racionalização da produção.

Para a apresentação de um projeto executivo, deve-se elaborar:

 planta baixa;
 cortes e elevações;
 informações técnicas dos materiais a serem utilizados;
 detalhes-padrão de amarrações e de ligações parede/pilar;
55

 detalhes de vergas e contra-vergas;


 detalhes de passagens de tubulações e localização de pontos elétricos e
hidráulicos;
 detalhes especiais (pontos a serem grauteados, amarrações com ferros, etc.).

Na elaboração dos projetos executivos devem ser seguidas algumas recomendações


com relação aos elementos a seguir:

5.1 Planta Baixa

A planta baixa no projeto executivo deve indicar as paredes sem revestimento.


Devem ser apresentadas plantas da primeira e segunda fiadas (modulação), tipos de blocos a
serem usados para cada parede, representação dos pontos que receberão graute.

Se a marcação da obra for feita a partir do eixo da obra, as medidas de distância do


eixo à face interna de cada parede devem constar da planta de modulação da primeira fiada.

5.2 Paginações

As paginações ou elevações devem indicar a posição dos blocos especiais


(instalações elétricas e hidráulicas), locais de descida das prumadas de luz e água, amarração
entre as paredes, detalhamentos sobre a ferragem necessária. Igualmente devem ser
mostradas as posições dos quadros de distribuição das instalações elétricas e sua solução
estrutural. Também devem ser representadas as aberturas (portas e janelas), localizando as
vergas, contra-vergas e/ou blocos canaleta.

Para não tornar repetitivo, recomenda-se o uso de paginação apenas para as paredes
que apresentem aberturas e ou instalações que não possam ser detalhadas e verificadas nas
plantas baixas, ou que não representem detalhes típicos.

5.3 Detalhes Construtivos


56

Devem ser fornecidos os detalhes construtivos que não estejam definidos nas plantas
baixas e paginações.

Os detalhes que aparecem com maior freqüência podem ser fornecidos em um


caderno de detalhes padrão para evitar a repetição dos mesmos nas várias plantas.

Além do que foi descrito acima, o projeto executivo pode conter também o projeto de
laje acabada, a localização dos equipamentos tais como escantilhões e ainda, o lay out do
canteiro.
57

IV - A EXECUÇÃO

1. Comunicação projeto/obra

É fundamental que as intenções de projeto sejam claramente interpretadas na obra.


Uma interpretação errada, bem como a falta de detalhes podem ocasionar atraso nos prazos,
retrabalho (correção dos erros), diminuição da produtividade. Para que haja melhor
comunicação projeto-obra podem ser tomadas as seguintes medidas:

 fornecer todas as informações necessárias a obra;


 dispor projetos e detalhes construtivos em locais de fácil acesso e utilização;
 utilizar desenhos em tamanho A4, pois estes podem ser manuseados pelos
operários no local e facilitam a consulta;
 comunicar imediatamente aos projetistas as alterações realizadas durante a
execução da obra. Caso a alteração aconteça no escritório, o projetista deve
informar as mudanças realizadas nos projetos e carimbar os mesmos depois de
alterados;
 todos os envolvidos no processo (projetistas, construtor) devem revisar
detalhadamente as especificações e detalhes pelos quais são responsáveis, antes
de iniciar cada serviço;
 padronizar os detalhes e serviços repetitivos.

1.1 Padronização

Padronizar significa, além de traçar diretrizes para procedimentos, reduzir o número


de materiais e componentes a ser utilizados. Melhorar a construtibilidade através da
padronização gera aumento da produtividade e melhoria na eficiência do uso de recursos.

A padronização apresenta também outras vantagens, tais como possibilidade de


emprego de efeito aprendizagem, simplificação na compra, e nos cuidados de
58

armazenamento e uso dos materiais. Vários elementos de projeto permitem padronização,


entre os quais pode-se destacar:

 tipos de plantas ou de partes (tamanhos de quartos, tamanhos de salas, etc.);


 detalhes de execução;
 detalhes em elevação, ou paginações (coordenação de alturas de portas e janelas);
 dimensões padronizadas utilizando coordenação modular.

1.2 Seqüência executiva e interdependência entre atividades

A seqüência executiva e a interferência entre atividades são também considerados


fatores determinantes da construtibilidade por esta razão devem ser analisadas e melhoradas,
e para tal podem ser tomadas algumas providências, tais como:

 eliminar atividades desnecessárias, unir operações ou elementos, alterar a


seqüência e simplificar trabalhos necessários;
 reduzir as precedências (possibilidade de realizar trabalhos simultâneos);
 permitir várias ordens de execução;
 dividir o projeto em pacotes construtivos (desde que os pacotes de trabalho sejam
facilmente identificáveis);
 fazer uso do efeito aprendizagem;
 planejar seqüências executivas que minimizem trânsito no local de trabalho e nos
fluxos de movimentação do canteiro;
 utilizar modelos para prever fluxo seqüencial de equipamentos e instalações
durante a execução;
 estabelecer seqüências que levem em conta os diversos equipamentos usados na
obra (elevadores, andaimes, guinchos) e sua utilização nos serviços;
 priorizar a realização dos serviços de pavimentação de térreos, reduzindo a
sujeira e melhorando a circulação e uso de equipamentos;
 construir, tão cedo quanto possível, escadas e plataformas de acesso definitivas,
reduzindo a necessidade de andaimes e acessos temporários;
 postergar serviços de acabamento de corredores e passagens, reduzindo
possibilidade de avarias e necessidade de retrabalho.
59

1.3 Acessibilidade e espaços adequados para trabalho

É fator muito importante para a construtibilidade a consideração e previsão de


espaços adequados para acesso e trabalho. Se este item não receber a devida atenção, pode
haver atraso no andamento da obra, redução da produtividade e aumento da necessidade de
retrabalho. Algumas medidas que possibilitam espaço adequado e boas condições de acesso,
são indicadas abaixo:

 definir e orientar os espaços mínimos dos elementos do projeto;


 definir e demarcar rotas de acesso;
 definir espaços para equipamentos e estoques de materiais;
 transmitir aos projetistas da obra informações sobre os equipamentos de
transporte e de execução dos serviços (dimensões e espaço requerido para uso;
 garantir boa acessibilidade, em boa postura, para realização dos serviços;
 prever dutos e locais de passagem de tubulações;
 antever provável congestionamento devido a seqüência executiva;
 verificar a necessidade de espaço para acesso de máquinas e equipamentos;
 prever espaços adequados para trabalho e fluxo em torno do edifício e dos
elementos construtivos;
 definir locais de armazenagem apropriados à seqüência executiva, minimizando
o manuseio;

2. IMPLANTAÇÃO DE CANTEIRO

Para se obter um nível mais elevado de racionalização e produtividade na execução


dos serviços, deve-se instalar, no canteiro de obras, uma infra-estrutura eficiente para a
execução das tarefas de produção do edifício.

A organização do canteiro de obras deve ser feita através de um projeto


cuidadosamente elaborado, envolvendo a execução do empreendimento como um todo,
60

prevendo as necessidades e os condicionantes das diversas fases da obra. Devem ser


previstas, por exemplo, facilidades para as diversas linhas de preparação de materiais e
equipamentos. Também devem ser propiciadas condições favoráveis e humanas para o
trabalhador desempenhar sua atividade.

2.1 Planejamento de layout

Elaborar o layout significa estudar o posicionamento dos recursos produtivos (mão


de obra, materiais e equipamentos) no espaço disponível para o canteiro. Na construção de
edifícios o layout é submetido a restrições de dimensões do terreno e do projeto do produto,
diferente da indústria em geral, onde o layout determina as dimensões dos espaços para
atender às exigências da produção, sendo bem menos restrito.

Deve ser realizado cuidadoso estudo para que recursos possam ser melhor
aproveitados, as condições de produção sejam otimizadas, e as movimentações e transporte
em obra sejam minimizados (já que este último não agrega valor ao produto).

Algumas das importantes vantagens do planejamento correto do layout são as


seguintes:

 minimização do transporte, da movimentação e do manuseio dos materiais;


 utilização adequada dos espaços e dos recursos;
 armazenagem adequada dos produtos, o que permite a manutenção da sua
qualidade a maior facilidade de manutenção, e de controle de furtos;
 obtenção de fluxo de trabalho mais eficiente, eliminando a fadiga desnecessária
dos operários e isolando os trabalhos com ruídos ou poluidores;
 promoção de melhor comunicação e supervisão dos serviços;
 melhoria da aparência do canteiro, com conseqüente melhoria da imagem da
empresa.

Para se iniciar o estudo do arranjo físico, as considerações abaixo devem ser


observadas:
61

 cuidar das necessidades de trabalho e conforto dos trabalhadores quando se for


verificar os padrões de espaço;
 pensar, inicialmente, no trabalho seguindo um fluxo contínuo para frente e, tanto
quanto possível, em linha reta;
 colocar próximos uns dos outros os serviços e operários com funções similares e
relacionadas, para reduzir o tempo de transporte;
 usar vãos de circulação suficientemente amplos;
 a iluminação deve atingir a área do trabalho dos operários por cima e
ligeiramente atrás;
 serviços que lidem com movimentações externas, como recebimento de materiais
e contato com o público devem ser dispostos de forma a não atrapalhar os
demais;
 localizar equipamentos geradores de poeira e barulhentos em pontos que não
atrapalhem outros serviços;
 o arranjo físico deve apresentar flexibilidade, ou seja, permitir mudanças
conforme os serviços executados na obra.

Tendo em mente as considerações acima, procede-se ao arranjo físico, através de


alguns procedimento básicos, que são definidos a seguir:

a) Reunião de elementos básicos

 plantas baixas (terreno, locação, plantas baixas dos diversos pavimentos);


 inventário de equipamentos, ferramentas, mobiliário;
 previsão de estoques e de suas dimensões;
 levantamento do fluxo de trabalho e atividades;
 cronograma da obra;
 preparação de equipamentos, postos de trabalhos, estoques, etc.

b) Elaboração e apresentação de prováveis soluções

As soluções elaboradas devem conter:


62

 desenhos das posições de equipamentos e locais de estoques;


 corredores, locais de movimentação e fluxo de processo;
 representação de modelos;
 cronogramas atualizados ao longo da obra.

c) Discussão das soluções

As opções e propostas de arranjo físico e do cronograma para a realização da obra


devem ser estudadas, e debatidas, para com isto conseguir aprovação, envolver os
trabalhadores, obter feedback para ajustes e novos estudos.

d) Implantação e acompanhamento

Após discutida e escolhida a solução mais viável, deve-se iniciar a etapa de


implantação e acompanhamento, analisando o volume de trabalho, rapidez de execução,
interferências entre equipes e conforto dos operários.

O próximo passo é o planejamento de canteiros. O projeto do canteiro de obras tem


como objetivo principal oferecer as condições de trabalho adequadas, de forma a criar
condições para executar a obra eficientemente e entregar um produto com qualidade
assegurada. Cada obra exige a instalação completa dos requisitos necessários à produção.
Escritórios, vestiários, sanitários, depósitos, refeitórios, elevadores e máquinas em geral, são
fundamentais para a organização e execução do empreendimento.

A necessidade de projeto decorre do fato de que cada novo empreendimento têm


características próprias e condicionantes particulares. Entretanto, dentro do possível, deve-se
tentar padronizar o canteiro, já que alguns elementos semelhantes se repetem.

e) Recomendações

As recomendações para os serviços das alvenarias devem levar em conta análises


ergonômicas e de suas atividades.
63

Sabe-se que o pedreiro, por exemplo, perde muito tempo com movimentos. Estes
causam fadiga e problemas de coluna, afetando a produtividade e a saúde do operário. O
mesmo ocorre com as atividades do servente. Por esta razão, as recomendações abaixo
podem ser utilizadas para facilitar o trabalho dos operários, com conseqüente aumento de
produtividade.

 utilizar andaimes ajustáveis a alturas e distâncias adequadas aos operários;


 dispor os materiais (tijolos e argamassas) ao longo da parede e paralelamente a
ela. Usar a dimensão transversal da parede acarreta maiores movimentos e
conseqüentemente menor produtividade;
 para facilitar o trabalho nos andaimes, utilizar carrinhos especialmente fabricados
para transporte de blocos e argamassa, com alturas adequadas à execução das
tarefas;
 utilizar carrinhos especiais, desenvolvidos para o transporte de maior quantidade
de blocos, reduzindo o emprego de mão de obra nesta operação;
 quando se dispuser de transporte mecânico adequado na obra (horizontal e
vertical), utilizar pallets, com blocos amarrados com fitas metálicas;
 para melhor qualidade da execução do serviço, recomenda-se a utilização de
gabaritos para requadros de vãos de portas e janelas;
 utilizar equipamentos especiais para indicação de níveis de fiadas e alinhamentos
que facilitam a execução da alvenaria (escantilhão).

2.2 Treinamento de mão de obra

No setor da construção civil, a maior parte da mão de obra do canteiro ainda é


formada através da improvisação, do treinamento acelerado, assistemático . O treinamento
de pessoal é pouco incentivado, configurando uma desqualificação geral e elevado índice de
rotatividade.

Com a escassez de mão de obra qualificada no mercado, constata-se, cada vez mais, a
baixa qualidade dos resultados. Tal fato gera retrabalho para reparar falhas de construção
que, muitas vezes, não chegam a ser diretamente observadas no produto final, mas que
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causam grande desperdício de material de construção e pouca eficiência no emprego da mão


de obra.

Para se introduzir o sistema de alvenaria estrutural, que apresenta como característica


alto grau de racionalização, é importante desenvolver programas de treinamento da mão de
obra, iniciando com a conscientização dos trabalhadores, desde o nível de planejamento
estratégico da empresa até os trabalhadores da obra.

Quando da implantação da alvenaria estrutural, o treinamento torna-se uma


necessidade, já que, nem o sistema, nem os projetos, são convencionais. Deve-se treinar a
mão de obra principalmente para a observação da qualidade na elevação da alvenaria, uma
vez que para paredes estruturais, é importante a manutenção do prumo, nivelamento e
alinhamento, sendo também importante respeitar a modulação, garantindo a amarração das
paredes.

Normalmente, para que seja realizado um programa de treinamento dentro de uma


empresa, necessita-se do apoio e envolvimento de todos, desde a gerência até os operários a
serem treinados.

Para a obtenção de maior produtividade e melhor qualidade dos serviços é


interessante a introdução de equipamentos apropriados. Entre os equipamentos podem ser
citados as masseiras metálicas e carrinhos especiais para transporte de blocos e argamassa, o
escantilhão, a régua metálica de 2 metros e as várias alternativas para um preciso
espalhamento da argamassa como, por exemplo, a bisnaga, a meia-cana e a palheta. É
importante que os profissionais sejam orientados sobre a melhor maneira de utilizar estes
equipamentos.

Deve haver também, no treinamento, preocupação sob o ponto de vista ergonômico,


orientando correta postura e manuseio dos equipamentos, e, principalmente dos blocos,
devido ao elevado peso destes.

Para se fazer o treinamento, dispõe-se de várias técnicas. Pode-se reunir os


trabalhadores em uma sala de aula especialmente preparada, com assentos para todos, boa
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iluminação e gerência visual nas paredes. O horário deve ser tal que não prejudique o
andamento dos serviços. Também é importante utilizar material didático adequado ao
público-alvo, com muitas ilustrações, visto que a maioria dos trabalhadores da construção
civil não é alfabetizada. Utilizando-se o método expositivo-participativo, pode-se transmitir
as técnicas aos operários, estimulando a participação, possibilitando o contato prévio com os
materiais e equipamentos a serem utilizados em obra.

Outra técnica que pode ser utilizada isolada ou em complemento à anterior, é a


intervenção em obra, chamada treinamento corpo a corpo. Em qualquer caso, ela dá
resultados muito bons. Este tipo de treinamento acontece com a presença constante de um
instrutor, o qual demonstra as técnicas de execução, com o acompanhamento dos operários.
Em seguida, estes executam os serviços e são corrigidos pelo instrutor. Geralmente nestes
casos, é escolhido um operário para ser treinado como monitor. Sua função será
supervisionar o trabalho dos colegas depois de terminado treinamento, orientando sempre a
execução correta do serviço.

Também são realizados treinamentos específicos para o mestre de obra ou


encarregado, o qual deverá orientar o trabalho dos operários no canteiro. Neste, o mestre
recebe orientações sobre a técnica em si, e de como demonstrá-la para seus subordinados.

Uma etapa importante após a realização de um programa de treinamento é a


avaliação dos resultados obtidos, em termos de sua eficiência. Estes resultados devem ser
considerados sob dois aspectos:

 apurar até que ponto o treinamento produziu as modificações desejadas no


comportamento dos empregados;
 verificar se os resultados do treinamento contribuíram para a consecução das
metas da empresa.

O treinamento de mão de obra envolve investimento e constitui-se um desafio, pois


se estará transformando uma mão de obra mal preparada em uma equipe de profissionais
competentes. Assim, ao atuar para que os operários dominem as técnicas de execução,
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conseqüentemente ter-se-á um produto final de melhor qualidade, e a execução dos serviços


provavelmente será mais rápida.

2.3 Equipamentos e Ferramentas

Alguns equipamentos/ferramentas foram criados ou adaptados no intuito de


aprimorar e agilizar as várias atividades envolvidas no processo construtivo. Entre estes
pode-se citar o escantilhão, a régua com bolha (nível e prumo), a bisnaga para aplicação da
argamassa, o carrinho para transporte de blocos, o carrinho para transporte de pallets, a
meia-cana, a palheta, etc. As funções destes equipamentos são descritas abaixo.

 Escantilhão - equipamento que permite, simultaneamente, a consecução de prumo,


alinhamento e nivelamento das sucessivas fiadas que irão compor uma alvenaria.

 Régua com bolha - instrumento utilizável para verificação de alinhamento,


nivelamento e prumo de componentes, individualmente ou relativamente.

 Bisnaga - Ferramenta utilizada para aplicação de argamassas no assentamento de


blocos ou enchimento de vãos.

 Meia cana - dispositivo de PVC com empunhadura utilizado para espalhar argamassa
de assentamento.

 Palheta - Régua larga de madeira com empunhadura utilizada para espalhar


argamassa de assentamento.

 Carrinho para transporte de blocos - Este carrinho, como próprio nome indica, é
utilizado para se fazer o transporte dos blocos de concreto desde seu estoque na obra
até o ambiente onde se está executando a alvenaria. A sua vantagem é que os blocos
são carregados diretamente dos pallets, para o carrinhos, e descarregado da mesma
forma.
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 Carrinho para transporte de pallets - Carrinhos com macaco hidráulico que torna
possível o transporte dos pallets por inteiro.

 Carro plataforma – Carro de estrado horizontal, com pneus de borracha, utilizados para
agilizar o transporte de materiais como sacos de cimento e tijolos.

 Carrinhos dosadores – Carrinhos co volumes definidos, diferenciados por cores, para


dosagem dos materiais componentes dos traços.

 Argamasseiras, suportes / carrinhos – Argamasseiras feitas de material leve que não


absorva água da argamassa; suportes e carrinhos de perfeito encaixe, para facilitar o
transporte destas argamasseiras.

 Cavaletes, andaimes, plataformas metálicas – Andaimes desmontáveis, de material


durável, leves e de fácil montagem.

 Nível laser e Nível alemão – instrumentos para conferir maior precisão na verificação
de nível.

2.4 Cronograma (planejar a execução)

É muito importante planejar a obra para que sejam mantidas as características


racionalizadas próprias do sistema de alvenaria estrutural. A consideração da seqüência
executiva e da interferência entre atividades é um fator importante na previsão dos serviços.

Pode-se otimizar a elaboração do cronograma através de passos fundamentais, como:

 definir as atividades;
 verificar as atividades precedentes;
 definir as equipes;
 estudar o tempo de execução de cada atividade, verificando a produtividade de
cada equipe;
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 combinar operações;
 verificar a melhor forma de se eliminar as atividades desnecessárias;
 definir as seqüências executivas levando-se em consideração a localização dos
equipamentos e materiais;
 utilizar seqüências executivas que reduzam acúmulo no fluxo de pessoal e/ou
materiais.
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V-NORMAS TÉCNICAS RELEVANTES E BIBLIOGRAFIA


RECOMENDADA PARA ALVENARIA ESTRUTURAL

ABCI - Associação Brasileira de Construção Industrializada. Manual Técnico de Alvenaria,


Projeto Editores Associados Ltda. Editor Vicente Wissenbach.1990. 275 p.

ABNT/NBR-8798/85 - Execução e controle de obras em alvenaria estrutural de blocos


vazados de concreto.

ABNT/NBR 6136 - Blocos Vazados de Concreto Simples para Alvenaria Estrutural -


Especificação.

ABNT/NBR 7186 - Blocos Vazados de Concreto Simples para Alvenaria com Função
Estrutural - Método de Ensaio.

ABNT/NBR 8215 - Prismas de Blocos Vazados de Concreto Simples para Alvenaria


Estrutural - Preparo e ensaio a compressão - método de ensaio.

ABNT/NBR 8949 - Paredes de Alvenaria Estrutural - Ensaio à Compressão Simples -


Método de Ensaio.

ABNT/NBR/NB-1228/89 - Cálculo de alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto.

ARAÚJO, H. N.. Intervenção em obra para implantação do processo construtivo em


alvenaria estrutural: um estudo de caso. Dissertação. Mestrado em Engenharia.
Universidade Federal de Santa Catarina. 1995. 117 f.

BS 5628 (Reino Unido): Part 1 - alvenaria não armada; Part 2 - alvenaria armada e
protendida; Part 3 - materiais e mão-de-obra.

CURTIN, W. G., SHAW, G., BECK, J. K., PARKINSON, G. I., Structural masonry
detailing. Granada Publishing Ltda. Londres, 1984. 254 p.
70

DIN 1053 (Alemanha) - Estabelece recomendações para a construção em alvenaria


estrutural.

FRANCO, L.S.. Aplicação de diretrizes de racionalização construtiva para a evolução


tecnológica dos processos construtivos em alvenaria estrutural não armada.Tese.
Doutorado em Engenharia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992. 319 f.

FRANCO, L. S. Parâmetros utilizados nos projetos de alvenaria estrutural. Texto Técnico.


Escola Politécnica da USP. TT/PCC/03. São Paulo, 1993. 17 p.

HENDRY, A. W., Structural Brickwork, London, MacMillan.

HENDRY, A. W., SINHA, B.P., DAVIES, A., Design of Masonry Structures. Third Edition
of Loadbearing Brickwork Design. E & FN Spon, London, 1997.

MONSÚ, H.. Alvenaria estrutural - simples e armada. Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Abril, 1981.

MUTTI, C. N.. Treinamento de mão de obra para a construção civil: um estudo de caso.
Dissertação. Mestrado em Engenharia. Universidade Federal de Santa Catarina.
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PROCESSO Construtivo Poli-Encol. Desenvolvimento de um novo processo construtivo em


alvenaria estrutural não armada de blocos de concreto. Manual: execução. Convênio
EPUSP/CPqDCC - Projeto EP/EN - 5. São Paulo, 1991. 191 p.

RECOMENDED Practice for Engineered Brick Masonry - publicado pelo Brick Institute of
America (Estados Unidos), em 1969. Estabelece normas e procedimentos para o cálculo
e execução de alvenaria estrutural.
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ROMAN, H. R., Alvenaria Estrutural: Vantagens, Teoria e Perspectivas - 10o Encontro


Nacional da Construção (ENCO) - Gramado, RS, Novembro 1990.
ROMAN, H.R., Argamassas de Assentamento para Alvenarias - III Simpósio de
Desempenho de Materiais e Componentes de Construção Civil - Florianópolis, Outubro
de 1991.

ROMAN, H. R., Desenvolvimento Experimental e Teórico da Alvenaria Estrutural,


monografia para concurso professor adjunto da UFSC, Janeiro de 1992, 56 p.

ROMAN, H. R., SINHA, B. P., Shear Strenght of Concrete Block Masonry, 5th
International Seminar on Structural Masonry for Developing Countries - Florianópolis,
Brasil, Agosto de 1994, p. 251-259.

SAHLIN, S.. Structural Masonry, Englewood Cliffs, N.J., Prentice Hall, 1980.

SCHNEIDER, R. R., Dickey, W.L., Reinforced Masonry Design, Englewood Cliffs, N.J.,
Prentice Hall, 1980.
72

EDITORA DA UFSC

CONSTRUINDO EM

ALVENARIA ESTRUTURAL

Humberto Ramos Roman, PhD.


Cristine do Nascimento Mutti, MSc.
Hércules Nunes de Araújo, MSc.

Núcleo de Pesquisa em Construção


Universidade Federal de Santa Catarina
Campus Universitário - Trindade
88049-9000 - Florianópolis/SC
(048) 331-9702 / 331-9272

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