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Construindo em Alvenaria Estrutural PDF
Construindo em Alvenaria Estrutural PDF
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I - INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 1
II - A ALVENARIA ESTRUTURAL ................................................................................................................ 3
1. APRESENTANDO A ALVENARIA............................................................................................................ 3
1.1 TIPOS DE ALVENARIA ......................................................................................................................... 3
1.2 PAREDES COMO ELEMENTOS DE ALVENARIA ............................................................................... 4
2. O PRINCÍPIO BÁSICO DA ALVENARIA ESTRUTURAL ....................................................................... 4
2.1 Forma da parede .................................................................................................................................... 5
2.2 Arranjo apropriado das paredes ............................................................................................................ 6
2.3 Uso de alvenaria armada ou protendida ................................................................................................ 7
3. VANTAGENS DA ALVENARIA ESTRUTURAL..................................................................................... 8
4. MATERIAIS CONSTITUINTES DA ALVENARIA ................................................................................... 9
4.1 UNIDADES DE ALVENARIA ................................................................................................................. 9
4.2 ARGAMASSAS DE ASSENTAMENTO ................................................................................................. 13
4.3 Graute ................................................................................................................................................... 19
5. FATORES IMPORTANTES NA DEFINIÇÃO DO PROJETO ................................................................. 22
6. FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE DA ALVENARIA ............................................................... 23
6.1 Resistência do bloco ............................................................................................................................. 23
6.2 Geometria da Unidade ......................................................................................................................... 24
6.3 Resistência da Argamassa .................................................................................................................... 24
6.4 Espessura das juntas............................................................................................................................. 25
6.5 Qualidade da mão de obra ................................................................................................................... 25
III - OS PROJETOS ......................................................................................................................................... 28
1. COORDENAÇÃO DE PROJETOS ............................................................................................................ 28
2. PROJETO ARQUITETÔNICO .................................................................................................................. 29
2.1 Definição dos condicionantes de projeto.............................................................................................. 30
2.2 Simplificação do projeto ....................................................................................................................... 30
2.3 Simetria ................................................................................................................................................. 31
2.4 Modulação ............................................................................................................................................ 32
2.5 Passagem de Dutos ............................................................................................................................... 35
2.6 Paginação ............................................................................................................................................. 37
3. PROJETO HIDRÁULICO .......................................................................................................................... 39
4. PROJETO ELÉTRICO ............................................................................................................................... 41
5. PROJETO EXECUTIVO ............................................................................................................................ 54
5.1 Planta Baixa ......................................................................................................................................... 55
5.2 Paginações............................................................................................................................................ 55
5.3 Detalhes Construtivos ........................................................................................................................... 55
IV - A EXECUÇÃO .......................................................................................................................................... 57
1. COMUNICAÇÃO PROJETO/OBRA.................................................................................................................... 57
1.1 Padronização ........................................................................................................................................ 57
1.2 Seqüência executiva e interdependência entre atividades .................................................................... 58
1.3 Acessibilidade e espaços adequados para trabalho ............................................................................. 59
2. IMPLANTAÇÃO DE CANTEIRO ............................................................................................................. 59
2.1 Planejamento de layout ........................................................................................................................ 60
2.2 Treinamento de mão de obra ................................................................................................................ 63
2.3 Equipamentos e Ferramentas ............................................................................................................... 66
2.4 Cronograma (planejar a execução) ...................................................................................................... 67
V - NORMAS TÉCNICAS RELEVANTES E BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA PARA ALVENARIA
ESTRUTURAL ................................................................................................................................................. 69
1
I - INTRODUÇÃO
Este livro foi elaborado com o objetivo de fornecer ao projetista informações sobre o
sistema construtivo, os procedimentos adequados às etapas de projetos, informações técnicas
sobre os materiais, comportamento estrutural dos mesmos e exemplos básicos, um
instrumento prático que facilite o projeto em Alvenaria Estrutural.
2
II - A ALVENARIA ESTRUTURAL
1. APRESENTANDO A ALVENARIA
Alvenaria não armada: neste tipo de alvenaria, os reforços de aço (barras, fios e
telas) ocorrem apenas por necessidades construtivas.
Paredes de vedação: são aquelas que resistem apenas ao próprio peso e têm função
de separação de ambientes internos ou de fechamento externo. Não têm nenhuma
responsabilidade estrutural.
Pode-se utilizar paredes com diferentes formas, aumentando-se a inércia das mesmas,
em caso de necessidade. As formas mais usadas são:
(b)
(a)
Um bom projeto arquitetônico deve prever uma distribuição tal das paredes de forma
que cada parede atue como elemento enrijecedor e estabilizador de outra. Não é difícil
desenvolver um projeto arquitetônico capaz de atender tanto às exigências estruturais quanto
às funcionais a que se destina o prédio. Pode-se obter grande economia e estabilidade
explorando-se adequadamente os elementos essenciais da edificação. Assim, por exemplo,
lajes e pisos podem ser usados para:
Quando, por alguma razão, mostrar-se necessário, pode-se utilizar alvenaria armada
ou protendida. Estas técnicas são geralmente simples, práticas, econômicas e mais rápidas do
que o concreto armado e protendido. Podem ser usadas para reforçar pontos localizados de
uma obra em concreto armado ou como princípio estrutural de todo o projeto. Favorecem o
desenvolvimento de formas arquitetônicas mais arrojadas (Figura 2.3).
(a) (b)
Unidades Cerâmicas
Unidades de Sílico-calcário
Unidades de Concreto
11
O tipo de unidade mais comum são os blocos. Estes podem ser produzidos em
diferentes geometrias e com resistências à compressão variáveis, de acordo com a proporção
das matérias primas que o constituem.
Os blocos devem ser fabricados e curados por processos que assegurem a obtenção
de um concreto suficientemente homogêneo e compacto e devem ser manipulados com as
devidas precauções para não terem as suas qualidades prejudicadas. As tolerâncias
permitidas nas dimensões dos blocos devem ser de 3mm, estas dimensões devem ser
verificadas com precisão de 0,5mm.
Os blocos devem ter aspecto homogêneo, compacto e arestas vivas. Não devem
apresentar trincas, fraturas ou outros defeitos que possam prejudicar o seu assentamento ou
afetar a resistência e durabilidade da construção. Os blocos destinados a receber
revestimento devem ter superfície suficientemente áspera para garantir uma boa aderência,
não sendo permitida qualquer pintura que oculte defeitos eventualmente existentes no bloco.
trabalhabilidade;
retentividade de água;
tempo de endurecimento;
liga;
durabilidade;
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resistência à compressão.
4.2.1 Trabalhabilidade
entre o tijolo e a argamassa. Além disso, o endurecimento muito rápido da argamassa pela
perda de água, impede o assentamento correto da fiada seguinte.
Uma mistura mais homogênea espalha melhor o cimento facilitando o contato com a
água, e conseqüentemente acelera o processo de endurecimento.
4.2.4 Aderência
Uma argamassa mais forte não implica necessariamente numa parede mais forte. Não
há uma relação direta entre as duas resistências. Para cada resistência de bloco existe uma
resistência ótima da argamassa. Um aumento desta resistência não aumentará a resistência da
parede.
a) Cimento
São utilizados cimentos Portland Comum (CP). Outros tipos como o pozolânico
(Poz) e o Alto-Forno (AF) também podem ser utilizados. O cimento proporciona resistência
à argamassa e melhora a aderência. Adicionalmente, colabora na melhora da trabalhabilidade
e retentividade. Por outro lado, o excesso de cimento (quando maior que 1/3 do volume
total) aumenta exageradamente a contração da argamassa prejudicando a durabilidade da
aderência.
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Os cimentos com maior superfície específica têm potencial para tornar as argamassas
mais trabalháveis e com maior retenção de água. Os cimentos de endurecimento mais lento
podem produzir argamassas mais resilientes (com maior capacidade de absorver pequenas
deformações).
b) Cal
Se entende como cal, a cal hidratada com uma percentagem de componentes ativos
(CaO e MgO) superior a 88%. Podem também ser utilizadas cales extintas em obra capazes
de produzir argamassas de melhor qualidade final.
c) Areia
d) Água
Outros tipos de argamassas têm sido desenvolvidas por empresas especializadas, são
as chamadas argamassas mistas, estas são mais adequadas para uso em alvenaria estrutural.
São constituídas de cimento, cal e areia. Apresentam, quando adequadamente dosadas, as
vantagens das argamassas de cal e de cimento.
O tipo de argamassa a ser usado depende principalmente da função que a parede vai
exercer, das condições de exposição da parede e do tipo de bloco que será utilizado. Nem
sempre uma argamassa mais resistente é a mais indicada.
19
não existe um único tipo de argamassa que seja o melhor para todos os tipos de
aplicações disponíveis;
não deve ser utilizada uma argamassa com resistência à compressão maior que a
necessária para atender as exigências estruturais do projeto. Neste caso, o bom senso
é muito importante. Seria anti-econômica e pouco prática uma mudança contínua do
tipo de argamassa para as várias partes de uma mesma obra.
4.3 Graute
O graute é usado para preencher os vazios dos blocos quando se deseja aumentar a
resistência à compressão da alvenaria sem aumentar a resistência do bloco.
Para preencher todos os vazios, e considerando ainda que o bloco normalmente tem
grande absorção de água, o graute deve apresentar elevada trabalhabilidade. O Slump Test
deve mostrar um abatimento entre 20 e 28 cm. A relação água/cimento deve estar entre 0,8 e
1,1 dependendo do módulo de finura da areia. A fixação do Slump nesta faixa dependerá da
taxa de absorção inicial das unidades e da dimensão dos furos dos blocos.
São recomendadas areias com módulo de finura entre 2,3 e 3,1 pois estas requerem
menos cimentos e o graute, além de alcançar maior resistência à compressão, apresenta
menor retração no endurecimento.
O agregado graúdo, quando utilizado, deve ter a granulometria indicada na tabela 4.4.
Tabela 4.4 - Granulometria Recomendada do Agregado Graúdo para o Graute.
12,5 0
9,5 0 - 15
4,8 70 - 90
2,4 90 - 100
1,2 95 - 100
Para os blocos disponíveis no mercado podem ser usados graute com agregado
graúdo. Alternativamente pode ser utilizado também graute sem agregado graúdo.
Materiais Constituintes
cimento areia brita 0
sem agregado graúdo 1 3a4 ---
com agregado graúdo 1 2a3 1a2
A dosagem dos materiais componentes deve ser feito de tal forma que as quantidades
especificadas possam ser controladas e mantidas com precisão de +/- 5%.
uma até meio pé-direito e outra ao se atingir a última fiada. Este procedimento diminuirá a
possibilidade de ocorrência de vazios nos alvéolos dos blocos.
O graute deve ser adensado, Podem ser utilizados vibradores de agulha de pequeno
diâmetro ou compactação manual. Muitas vezes, a própria pressão hidráulica gerada pela
coluna líquida da mistura é suficiente. Em alguns casos pode ser necessário vibrá-lo
(vibradores de agulha de pequeno diâmetro) ou compactá-lo manualmente (barras de aço do
mesmo tipo utilizado como armadura na parede). A cura não é efetuada.
O construtor que optar pela Alvenaria Estrutural deve preparar o projeto para este
sistema desde o início a fim de otimizar vantagens do mesmo. Procedimentos comuns na
construção tradicional, principalmente a desvinculação dos projetos complementares, devem
ser evitados.
Vários cuidados devem ser tomados em obra para que a alvenaria tenha o
desempenho e a resistência estabelecidos no projeto. Assim, a resistência de elementos de
alvenaria (paredes e pilares) depende de uma série de fatores que podem ser divididos em
dois grupos. O primeiro, relacionado com a resistência básica da alvenaria, inclui as
características físicas e mecânicas dos materiais empregados e a técnica construtiva utilizada
na construção. Neste grupo destacam-se:
resistência do bloco;
geometria da unidade;
resistência da argamassa;
deformação característica do bloco e da argamassa;
espessura da junta;
taxa de sucção inicial do bloco;
retentividade de água da argamassa;
qualidade da mão de obra;
condições de cura.
O bloco deve ainda ter as dimensões o mais homogêneas possível e suas superfícies
devem ser planas e sem fissuras. Com isto evita-se juntas de concentração de tensões que
podem ocasionar a ruptura da parede.
compressão da alvenaria, uma vez que o mecanismo de ruptura da parede está diretamente
ligado à interação entre junta e unidade.
A espessura das juntas deve ser controlada. Quando a mão de obra é despreparada, é
comum a construção com juntas mais grossas que o desejável, pois estas facilitam o
processo de assentamento das unidades e aumentam a produtividade.
6.5.3 Exposição a condições climáticas adversas logo após o assentamento
26
O traço da argamassa a ser empregado deve manter-se sempre igual ao longo da obra
conforme especificação do projeto. É importante que a argamassa tenha resistência,
trabalhabilidade e retenção de água adequadas.
São procedimentos bastante comuns em obra a adição de mais cal e/ou água para
melhorar a trabalhabilidade e a perda de água decorrente da evaporação. Estes
procedimentos, embora não tenham uma influência muito significativa na resistência final,
são indesejáveis.
Paredes fora de prumo, com reentrâncias ou não alinhadas com as paredes dos
pavimentos inferior ou superior, produzirão cargas excêntricas com conseqüente redução na
resistência. Um defeito de 12 a 20 mm implicará num enfraquecimento da parede entre 13 e
15%.
III - OS PROJETOS
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1. COORDENAÇÃO DE PROJETOS
2. PROJETO ARQUITETÔNICO
Devem ainda ser levados em conta os requisitos dos usuários, os custos (incluindo
aqueles de utilização e de tempo de execução), os requisitos de desempenho e os aspectos de
segurança e confiabilidade.
2.3 Simetria
2.4 Modulação
A modulação deve ocorrer tanto na vertical quanto na horizontal. Ela é obtida através
do traçado de um reticulado de referência, a partir de um módulo básico escolhido
(dimensões do bloco mais espessura de juntas, sendo que usualmente os módulos são de
15cm ou 20cm). As alturas e larguras das paredes devem ser considerados múltiplos do
módulo básico. A posição dos blocos no reticulado é tal que duas faces suas sempre
tangenciam as linhas tracejadas. Segundo a experiência de vários projetos e projetistas, a
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modulação ideal é aquela em que o módulo é igual a espessura da parede, não sendo
necessária a criação de blocos especiais para ajustes nas amarrações.
Em muitos projetos são utilizados mais de uma espessura de parede. Assim, deve-se
ter o cuidado de dispor o layout em planta de tal maneira que os comprimentos individuais
de cada painel de parede fiquem modulados entre as paredes ortogonais que as limitam.
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banheiro
copa/cozinha quarto
hall
sala quarto
bloco 34 cm bloco 39 cm
Além das peças-padrões descritas, existem inúmeros modelos para aplicações mais
específicas, tais como: bloco canaleta estrutural, meia canaleta estrutural, bloco hidráulico
estrutural, bloco especial estrutural de canto 45o, etc.
placa de fechamento
mínimo meio-bloco
mínimo 25 cm
mínimo 19 cm (meio-bloco)
parede estrutural
Variável
vazio na laje
parede de vedação
2.6 Paginação
É o detalhamento das paredes, uma a uma, onde são representadas janelas (com
vergas e contra-vergas), instalações, etc.
Nas elevações deverão ser mostradas além de aberturas, vergas, contra-vergas, etc.,
também os eletrodutos, caixas de passagem, interruptores, bem como as tubulações
hidráulicas. Essas paginações devem ser providas pelo projetista arquitetônico para a
elaboração dos projetos hidráulico e elétrico.
Tanto a primeira fiada como as elevações das paredes devem ser desenhadas em
escalas não inferiores a 1:50. Para facilitar a leitura em obra é recomendável que estes
desenhos sejam feitos em escala 1:25.
Resumindo-se o que foi visto nesta secção, têm-se o seguinte roteiro para projeto
arquitetônico:
As cargas verticais são as devidas ao peso próprio da parede, ao peso próprio das lajes
apoiadas nesta parede e às cargas de ocupação da edificação.
As cargas de vento que atuam nas fachadas devem ser absorvidas pelas lajes, que
atuam como diafragmas rígidos, e através destas transmitidas para as paredes de
contraventamento, que são normalmente as paredes estruturais perpendiculares ao plano de
fachada para o qual se está considerando a ação do vento.
paredes do térreo com espessura de 180 cm. Se fosse construído hoje, com os mesmos
materiais utilizados, a espessura da parede seria reduzida para 30 cm.
Uma vez determinadas as cargas atuantes nas paredes, dois procedimentos de cálculo
têm sido usados no Brasil para a definição dos materiais (unidades de alvenaria, argamassas,
graute e armadura) e detalhes construtivos a serem utilizados na construção destas paredes.
O segundo utiliza a norma inglesa BSI 5628 - Design Method for Structural Masonry
(Unreinforced and Reinforced Masonry). Esta norma usa o critério de dimensionamento
no estado limite último. O projeto é feito no estado plástico. Apresenta as seguintes
vantagens: a) permite o estabelecimento de coeficientes de segurança parciais
diferenciados para materiais, carregamentos e mão-de-obra; b) elimina o uso
desnecessário de armaduras passivas sem função estrutural; c) permite uma construção
mais simplificada com uso mais racionalizado dos materiais, especialmente o aço; d)
determina formas de dimensionamento para previnir o colapso em caso de danos
acidentais.
As duas normas têm sido largamente usadas, com definição de uso de uma ou de outra
sendo da competência dos escritórios de projeto. O correto entendimento das mesmas,
acompanhado de uma regular fiscalização dos procedimentos de canteiro, tem levado à
construção de centenas de edifícios sem problemas patológicos do ponto de vista estrutural.
2. Em caso de não serem feitos ensaios, as resistências à compressão podem ser tomadas
de tabelas fornecidas pelas normas e especificações.
Opção 1: A opção 1 requer que o calculista estabeleça que todos elementos verticais
e horizontais possam ser removidos, um de cada vez, sem levar ao colapso parte significativa
da estrutura. No que se refere às barras horizontais, esta opção é supérflua se são utilizadas
lajes de piso, ou de cobertura, em concreto, uma vez que o projeto estrutural deve estar de
acordo com Clause 2.2.2.2 (b) da BS 8110:1985.
3.4 Lajes
Embora qualquer tipo de laje possa ser utilizado sem prejuízo ao desempenho
estrutural, deve-se assegurar que a mesma comporte-se como um diafragma rígido. Para
garantir tal comportamento, recomenda-se a interligação das lajes adjacentes por barras de
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ferro, mesmo que no projeto estas tenham sido calculadas como simplesmente apoiadas.
Neste caso o trespasse com barras de 4 mm a cada 20 cm será suficiente.
Apresenta-se abaixo dados técnicos obtidos através de análise das normas brasileira e
britânica de cálculo estrutural em alvenaria. Apresenta-se as duas opções devido à
constatação de que há escritórios de cálculo que utilizam a norma Brasileira (método das
tensões admissíveis) e outros que dimensionam pela norma Britânica (estado limite último).
É importante ressaltar que os valores propostos de resistências abaixo apenas poderão ser
usados se o projetista guiar-se inteiramente pela norma da qual tomar os valores últimos de
resistência. Não é permitido determinar as tensões por uma norma e utilizar as tabelas de
resistência da outra.
Além disto, deve ser considerado que os valores de resistência das Tabelas são
valores médios. Recomenda-se que o calculista solicite ensaios de prisma com o tipo de
bloco e argamassa recomendada para certificar-se de que as resistências obtidas em obra são
compatíveis com aqueles utilizados no dimensionamento. Este procedimento é ainda mais
importante quando os projetos apresentarem necessidade de blocos mais resistentes ou
grauteados.
onde:
44
m Fd
fk
bt
onde:
(MPa)
6,0 10,0 15,0 20,0
(i) 3,7 4,9 6,2 7,4
(ii) 3,6 4,6 5,5 6,4
(iii) 3,3 4,5 5,2 5,8
(iv) 3,1 3,9 4,6 5,2
* os tipos de argamassa estão especificadas na tabela 4.2.
Este procedimento, embora indicado pela norma britânica BS 5628, não necessariamente
corresponde ao comportamento de paredes grauteadas, devendo, portanto, ser usado com
cuidado. Recomenda-se, também neste caso, a realização de ensaios com o material a ser
utilizado para determinar a resistência à compressão de prismas grauteados. As Tabelas
abaixo são indicativos de resistência com base nas recomendações da norma britânica.
4. PROJETO HIDRÁULICO
Deve-se tentar, sempre que possível, passar as tubulações verticais pelos shafts,
conforme descrito no item 2.5 deste capítulo.
Quando o projeto arquitetônico permitir que se utilize uma única parede comum a
todas as áreas com instalações hidráulicas, pode-se utilizar o recurso de fazer as ligações das
mesmas às prumadas dispostas externamente e rentes à parede, permitindo o seu fechamento
com outra parede de painel removível (parcial ou totalmente) usada para manutenção. Esta
solução permite trabalhar com kits pré-fabricados e fazer inspeções na instalação sem
necessidade de se remover o acabamento.
Todo o trecho horizontal da instalação deverá ser projetado para passar entre a laje
do teto e o forro.
Os trechos verticais de água fria e quente para torneiras e chuveiros deverão passar
horizontalmente entre o forro e o teto até o ponto onde deverão descer na vertical pelos furos
dos blocos. Em paredes estruturais os cortes horizontais devem ser evitados. Sempre que
houver paredes não estruturais, estas devem ser preferenciais para a passagem dos canos que
tiverem de ser embutidos. É importante salientar que, eventuais necessidades de cortes para
manutenção em caso de vazamento poderá atingir a integridade das paredes e alterar a sua
função estrutural.
50
mínimo 19 cm (meio-bloco)
parede de vedação
parede estrutural
bloco 14 cm
bloco 9 cm
inst. água
inst. água
inst.esgoto
5. PROJETO ELÉTRICO
Os eletrodutos embutidos deverão passar pelos blocos vazados. Outra forma possível
e interessante de distribuição dos eletrodutos de instalação elétrica é o aproveitamento do
espaço atrás do batente das portas, quando o mesmo for de madeira, visto que geralmente os
interruptores se situam próximo a estas. Em caso de batente com perfil metálico, pode-se
utilizar o espaço no interior do mesmo.
6. PROJETO EXECUTIVO
planta baixa;
cortes e elevações;
informações técnicas dos materiais a serem utilizados;
detalhes-padrão de amarrações e de ligações parede/pilar;
55
5.2 Paginações
Para não tornar repetitivo, recomenda-se o uso de paginação apenas para as paredes
que apresentem aberturas e ou instalações que não possam ser detalhadas e verificadas nas
plantas baixas, ou que não representem detalhes típicos.
Devem ser fornecidos os detalhes construtivos que não estejam definidos nas plantas
baixas e paginações.
Além do que foi descrito acima, o projeto executivo pode conter também o projeto de
laje acabada, a localização dos equipamentos tais como escantilhões e ainda, o lay out do
canteiro.
57
IV - A EXECUÇÃO
1. Comunicação projeto/obra
1.1 Padronização
2. IMPLANTAÇÃO DE CANTEIRO
Deve ser realizado cuidadoso estudo para que recursos possam ser melhor
aproveitados, as condições de produção sejam otimizadas, e as movimentações e transporte
em obra sejam minimizados (já que este último não agrega valor ao produto).
d) Implantação e acompanhamento
e) Recomendações
Sabe-se que o pedreiro, por exemplo, perde muito tempo com movimentos. Estes
causam fadiga e problemas de coluna, afetando a produtividade e a saúde do operário. O
mesmo ocorre com as atividades do servente. Por esta razão, as recomendações abaixo
podem ser utilizadas para facilitar o trabalho dos operários, com conseqüente aumento de
produtividade.
Com a escassez de mão de obra qualificada no mercado, constata-se, cada vez mais, a
baixa qualidade dos resultados. Tal fato gera retrabalho para reparar falhas de construção
que, muitas vezes, não chegam a ser diretamente observadas no produto final, mas que
64
iluminação e gerência visual nas paredes. O horário deve ser tal que não prejudique o
andamento dos serviços. Também é importante utilizar material didático adequado ao
público-alvo, com muitas ilustrações, visto que a maioria dos trabalhadores da construção
civil não é alfabetizada. Utilizando-se o método expositivo-participativo, pode-se transmitir
as técnicas aos operários, estimulando a participação, possibilitando o contato prévio com os
materiais e equipamentos a serem utilizados em obra.
Meia cana - dispositivo de PVC com empunhadura utilizado para espalhar argamassa
de assentamento.
Carrinho para transporte de blocos - Este carrinho, como próprio nome indica, é
utilizado para se fazer o transporte dos blocos de concreto desde seu estoque na obra
até o ambiente onde se está executando a alvenaria. A sua vantagem é que os blocos
são carregados diretamente dos pallets, para o carrinhos, e descarregado da mesma
forma.
67
Carrinho para transporte de pallets - Carrinhos com macaco hidráulico que torna
possível o transporte dos pallets por inteiro.
Carro plataforma – Carro de estrado horizontal, com pneus de borracha, utilizados para
agilizar o transporte de materiais como sacos de cimento e tijolos.
Nível laser e Nível alemão – instrumentos para conferir maior precisão na verificação
de nível.
definir as atividades;
verificar as atividades precedentes;
definir as equipes;
estudar o tempo de execução de cada atividade, verificando a produtividade de
cada equipe;
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combinar operações;
verificar a melhor forma de se eliminar as atividades desnecessárias;
definir as seqüências executivas levando-se em consideração a localização dos
equipamentos e materiais;
utilizar seqüências executivas que reduzam acúmulo no fluxo de pessoal e/ou
materiais.
69
ABNT/NBR 7186 - Blocos Vazados de Concreto Simples para Alvenaria com Função
Estrutural - Método de Ensaio.
BS 5628 (Reino Unido): Part 1 - alvenaria não armada; Part 2 - alvenaria armada e
protendida; Part 3 - materiais e mão-de-obra.
CURTIN, W. G., SHAW, G., BECK, J. K., PARKINSON, G. I., Structural masonry
detailing. Granada Publishing Ltda. Londres, 1984. 254 p.
70
HENDRY, A. W., SINHA, B.P., DAVIES, A., Design of Masonry Structures. Third Edition
of Loadbearing Brickwork Design. E & FN Spon, London, 1997.
MONSÚ, H.. Alvenaria estrutural - simples e armada. Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Abril, 1981.
MUTTI, C. N.. Treinamento de mão de obra para a construção civil: um estudo de caso.
Dissertação. Mestrado em Engenharia. Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 1995. 117 f.
OLIVEIRA, R.R. Gestão total dos processos das alvenarias. Florianópolis, 1995. 98 p.
RECOMENDED Practice for Engineered Brick Masonry - publicado pelo Brick Institute of
America (Estados Unidos), em 1969. Estabelece normas e procedimentos para o cálculo
e execução de alvenaria estrutural.
71
ROMAN, H. R., SINHA, B. P., Shear Strenght of Concrete Block Masonry, 5th
International Seminar on Structural Masonry for Developing Countries - Florianópolis,
Brasil, Agosto de 1994, p. 251-259.
SAHLIN, S.. Structural Masonry, Englewood Cliffs, N.J., Prentice Hall, 1980.
SCHNEIDER, R. R., Dickey, W.L., Reinforced Masonry Design, Englewood Cliffs, N.J.,
Prentice Hall, 1980.
72
EDITORA DA UFSC
CONSTRUINDO EM
ALVENARIA ESTRUTURAL