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Pastoral Litúrgica

da Matriz de NSra. de Guadalupe


FORMAÇÃO para Agentes de Pastoral
APRESENTAÇÃO

• Formação litúrgica para agentes de


pastoral;
• Fruto do apelo do pároco e sensibilidade da
Pastoral Litúrgica;
• Parte de um trabalho de maior
abrangência;
AS TAREFAS QUE
COMPETEM AO
COMENTARISTA,
COMENTADOR
OU ANIMADOR
LITÚRGICO.
MISSÃO
Despertar a consciência dos coordenadores
das pastorais e movimentos da matriz sobre
a importância e necessidade de todo o seu
grupo, ou parte dele, se informarem
continuamente e se aprofundarem
periodicamente sobre a organização e a
realização das celebrações e atos litúrgicos
sob suas responsabilidades, a fim de que
sejam organizados e realizados com o
devido Decoro Litúrgico.
OBJETIVO

• INFORMAR de maneira clara e objetiva ao


maior número possível de agentes de pastoral
da matriz sobre as tarefas que competem ao
Comentarista, com base nos textos oficiais
sobre Liturgia;
O ENCONTRO

• Caráter Formativo;
• Conhecimento dos Documentos e textos da
Igreja que fundamentam a Formação da
prática Litúrgica;
• Demonstração prática de diferentes
atitudes e procedimentos corretos das
funções litúrgicas do comentarista;
O COMENTARISTA, O COMENTADOR
OU O ANIMADOR LITÚRGICO.
REFLETINDO…
A cena é clássica,
principalmente nas
missas de domingo:
Alguém pega um
microfone, diz boa noite
e começa a ler um texto
de algum folheto ou
livrinho, na maioria das
vezes sem entender
nada do que está
lendo...
REFLETINDO…
... antes das leituras, acontece cena
parecida. Algumas vezes, responde
sozinho o Salmo e as preces.
Na apresentação das oferendas, diz:
vamos apresentar no altar nossas ofertas
e nossa vida.
Na Comunhão, “sai com essa”: chegou o
momento mais alto da celebração (como
se a missa fosse uma subida), quem tiver
preparado entre na fila, quem não tiver
faça a “comunhão espiritual”.
REFLETINDO…

Após a comunhão, fala: Vamos ficar em


silêncio e meditar sobre o que acabamos
de receber. E por aí vai...
Este personagem litúrgico presente em
todas as comunidades, às vezes é MUITO
CONTROVERSO, devido principalmente
aos exageros ou à falta de sentido
litúrgico e até mesmo à falta de sentido de
comunicação. Deste modo, o que era para
ajudar, acaba atrapalhando.
REFLETINDO…

É o tal ou a tal COMENTARISTA DA


CELEBRAÇÃO. Qual seria o papel desta
personagem litúrgica? Não seria o caso
até de se chamar ANIMADOR DA
CELEBRAÇÃO? Afinal, qual é mesmo a
função do(a) comentarista ou animador
litúrgico?
Vamos aos textos da Igreja?
COMENTARISTA,
COMENTADOR OU
ANIMADOR
LITÚRGICO?
O que dizem os
textos da Igreja e
os principais
autores de livros
litúrgicos?
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

“Também os ajudantes, os leitores, os


COMENTARISTAS e os membros do coral
desempenham um verdadeiro ministério
litúrgico.” (CIC n.º 1143)

OBS.: Não cita o termo “animador”, nem


“comentador”.
INSTRUÇÃO GERAL DO MISSAL
ROMANO – 3ª Edição
IGMR n.º 105 - Também exercem uma
função litúrgica:
b) O COMENTADOR / COMENTARISTA,
incumbido de fazer aos fiéis, se for
oportuno, breves explicações e
exortações, a fim de os introduzir na
celebração e os dispor a compreendê-la
melhor...
OBS.: Algumas traduções citam a palavra
“comentarista” e outras “comentador”. A IGMR
não cita a palavra “animador”.
DOCUMENTO 43 DA CNBB
(Animação da Vida Litúrgica no
Brasil)

N.º 8 - Multiplicaram-se os cursos de


Liturgia, onde se insistiu na necessidade
da participação ativa dos fiéis e do
exercício das diversas funções, como o
COMENTARISTA, os leitores, o
ANIMADOR e os grupos de canto. Aos
poucos foram sendo introduzidos,
também, novos instrumentos musicais.
AUTORES

Alguns autores de livros litúrgicos, como


por exemplo o Frei Alberto Beckhäuser
(autor de mais de 20 livros de liturgia),
usam os termos ANIMADOR LITÚRGICO e
COMENTARISTA.
POR QUE ELE FOI CRIADO? QUAL O
MOTIVO DE SUA EXISTÊNCIA?
CONHECENDO…

O comentarista surgiu na época em que a


liturgia era ainda celebrada em latim.
Fazia as leituras na linguagem do povo,
comentava explicando e introduzindo os
vários ritos e momentos da celebração.
Sobre isso, vejamos o que diz o prefácio
da Instrução Geral do Missa Romano:
O Concílio de Trento (1545 a 1563), ao
proibir o uso da língua vernácula na Missa,
ordenou aos pastores de almas que o
substituíssem pela catequese no momento
oportuno: “Para que as ovelhas de Cristo
não sintam fome, ordena o Santo Sínodo
aos pastores e a todos os que têm cura de
almas que frequentemente, durante a
celebração da Missa, por si mesmos ou por
outrem, expliquem alguns dos textos que
se lêem na missa e ensinem entre outras
coisas algo sobre o mistério do Santíssimo
Sacrifício”.
CONHECENDO…

Esta função, do comentarista, se tornou


oficial pela Instrução de Música Sacra e
Sagrada Liturgia (1958) e foi assumida no
documento conciliar Sacrossantum
Concilium 29 (1963). A introdução do
Missal Romano, no n.º 105b diz o que
deve fazer o comentarista:
– (...) se for oportuno, breves explicações
e exortações, a fim de os introduzir na
celebração e os dispor a compreendê-la
melhor.
E QUANDO É OU
NÃO É
OPORTUNO?

O QUE FAZER E
O QUE NÃO
FAZER?
ALGUNS DOS PRINCIPAIS “não é oportuno”
OU EXAGEROS DO COMENTARISTA

• Ocupar a Mesa da Palavra, para fazer o


comentário. Deve ocupar uma estante
simples no lado esquerdo do presbitério;
• Não preparar o que vai dizer;
• Passar por cima de todo mundo
inclusive do presidente, falando junto ao
microfone;
ALGUNS DOS PRINCIPAIS “não é oportuno”
OU EXAGEROS DO COMENTARISTA

• Chamar a atenção mais para si do que


para o mistério celebrado;
• Dizer citações bíblicas ou então ficar
dizendo: primeira leitura, segunda leitura,
evangelho;
ALGUNS DOS PRINCIPAIS “não é oportuno”
OU EXAGEROS DO COMENTARISTA

• Saudar a assembléia com aclamações


devocionais do tipo “Louvado seja Nosso
Senhor Jesus Cristo”;
• Fazer longos comentários que mais
parecem discursos ou sermões;
• Falar baixo ou alto demais;
ALGUNS DOS PRINCIPAIS “não é oportuno”
OU EXAGEROS DO COMENTARISTA

• Ler biografias de quem quer que seja;


• Ler só os comentários dos folhetos ou
livrinhos de liturgia, sem ser
espontâneo;
• Comentar tudo como se fosse um
locutor de rádio;
• Responder a missa ou rezar o pai-nosso,
o credo ou outras orações com o
microfone;
ALGUNS DOS PRINCIPAIS “não é oportuno”
OU EXAGEROS DO COMENTARISTA

• Na hora da comunhão, dizer: “aqueles


que estiverem preparados podem se
aproximar para receberem a comunhão, e
aqueles que não estiverem, podem fazer a
sua “comunhão espiritual” e acompanhar
o canto de comunhão;
ALGUNS DOS PRINCIPAIS “não é oportuno”
OU EXAGEROS DO COMENTARISTA

• Intrometer-se e fazer o que não é da sua


função;
• Dizer: “vamos ficar todos de pé para
receber o presidente da celebração, Pe.
Fulano de tal”. É melhor ser simples e
sucinto e dizer: “De pé, cantemos”;
• Falar e olhar “carrancudo” ou de “cara
feia”.
DESTA FORMA, COMO DEVE SER UM
“BOM” COMENTARISTA?

• Preparar bem o que vai dizer: estar


atento à liturgia do dia, ao que irá
acontecer ao longo da celebração, à vida
da comunidade; e submeter o que foi
preparado à aprovação do pároco e/ou
presidente da celebração;
DESTA FORMA, COMO DEVE SER UM
“BOM” COMENTARISTA?
• Produzir comentários simples, objetivos e
acolhedores, preparados com
antecedência. Mas deve evitar apenas ler,
mas sim conversar, dialogar, falar olhando
para a assembléia. É claro que pode ter um
texto preparado, mas não deve “enfiar o
nariz no papel” e somente ler! É preciso
que prepare bem os textos e depois fale
com as próprias palavras, se possível,
consultando as suas anotações apenas
quando achar necessário. Ele não deve ser
apenas “um(a) leitor(a) de folhetos”.
DESTA FORMA, COMO DEVE SER UM
“BOM” COMENTARISTA?

• Chegar bem antes do início da


celebração para evitar contratempos e se
preparar espiritualmente;
• Ocupar uma estante do lado esquerdo
do altar, deixar o ambão do lado direito
para os leitores;
• Usar as vestes litúrgicas
adequadamente;
DESTA FORMA, COMO DEVE SER UM
“BOM” COMENTARISTA?

• Deve acolher e dar as boas-vindas aos


irmãos para a celebração. Após as boas-
vindas ele irá iniciar o seu comentário,
dando o motivo da celebração;
• Fazer a monição inicial de forma
comunicativa e simpática, lembrando que
ele é o primeiro contato oficial que a
assembléia terá com a celebração;
DESTA FORMA, COMO DEVE SER UM
“BOM” COMENTARISTA?

• Após terminar o comentário inicial, deve


apenas convocar a assembléia para ficar
de pé (“De pé, cantemos”);

• Estar sempre na estante na hora dos


comentários para evitar quebrar o ritmo
celebrativo;

• Saber ler é fundamental, assim como ter


conhecimento panorâmico de tudo o que
vai acontecer na celebração;
DESTA FORMA, COMO DEVE SER UM
“BOM” COMENTARISTA?

• Nas celebrações que são rotineiras, o


comentarista não precisa ficar se
intrometendo a toda hora, nem mesmo
nas celebrações mais solenes. Nestas,
recomenda-se apenas que se explique
os ritos que não são costumeiros para a
comunidade, se assim for solicitado pelo
pároco e/ou celebrante;
DESTA FORMA, COMO DEVE SER UM
“BOM” COMENTARISTA?

• Lembramos que hoje o comentarista não


é mais um explicador. Ele serve para
motivar, provocar a participação da
assembléia no mistério celebrado;

• Ser discreto, objetivo, suscinto, sereno e


acolhedor;
QUEM PODE SER O COMENTARISTA?
• N.º 107 IGMR - As funções litúrgicas, que
não são próprias do sacerdote ou do
diácono, podem ser confiadas também pelo
pároco ou reitor da igreja a leigos idôneos
com bênção litúrgica ou designação
temporária.
N.º 192 DOC 43 CNBB - Os homens e
mulheres que assumem funções ou só
participam na Liturgia sejam imbuídos do
espírito litúrgico, tenham consciência dos
mistérios que celebram e sejam capacitados
para executar as suas funções; e que os
irmãos e irmãs religiosos tenham no
programa de seu processo formativo a
preocupação de transformarem a Liturgia em
fonte da própria espiritualidade e de se
tornarem animadores da celebração litúrgica,
inclusive, participando de cursos
promovidos pela CRB e dioceses.
ENTÃO, EM QUAL
MOMENTO DA
CELEBRAÇÃO O
COMENTARISTA
DEVE INTERVIR?
• Não há regra geral. Cada comunidade, cada
paróquia, cada celebração é diferente;
• N.º 237 DOC 43 CNBB - Nossas celebrações
costumam ser precedidas por breves
palavras iniciais do animador. Mais do que
uma exortação ou de uma introdução
temática, é preferível situar a celebração
deste Domingo particular no contexto do
Tempo litúrgico e das circunstâncias
concretas da vida da comunidade; evocar
algumas grandes intenções subjacentes à
oração, suscitar atitudes de oração e
convidar ao início da celebração com o canto
da entrada;
•Fazer um breve comentário antes da
Liturgia da Palavra, se for oportuno;

• Fazer as preces da comunidade, se


houver, se esta não for uma função
designada a nenhuma outra pessoa;

• Iniciar o “Cordeiro de Deus”, se não for


cantado.
MAS POR QUE TÃO POUCAS
INTERVENÇÕES?
• IGMR n.º 105b - Também exerce uma
função litúrgica o comentarista, incumbido
de fazer aos fiéis, se for oportuno, BREVES
explicações e exortações, a fim de os
introduzir na celebração e os dispor a
compreendê-la melhor. As exortações do
comentarista devem ser cuidadosamente
preparadas e MUITO SÓBRIAS;

• IGMR n.º 130 - Se há segunda leitura antes


do Evangelho, o leitor proclama-a do
ambão. Todos escutam em silêncio e no fim
respondem com a aclamação;
• IGMR n.º 131 - Depois todos se levantam e
canta-se o Aleluia ou outro cântico,
conforme o tempo litúrgico;

• IGMR n.º 139 - Terminada a oração


universal, todos se sentam, e começa o
cântico do ofertório, se há procissão dos
dons;
• IGMR n.º 158 - Depois, voltado para o altar,
o sacerdote diz em silêncio: “O Corpo de
Cristo me guarde para a vida eterna” e
comunga com reverência o Corpo de
Cristo. A seguir, toma o cálice, dizendo em
silêncio: “O Sangue de Cristo me guarde
para a vida eterna”; e comunga com
reverência o Sangue de Cristo;

• IGMR n.º 159 - Enquanto o sacerdote


recebe o Sacramento, começa-se o canto
da Comunhão.
Vemos assim que a função litúrgica do
animador hoje estaria reduzida talvez a ler as
intenções particulares antes da Missa e,
quem sabe, dizer os avisos e convites após a
Missa. Algumas grandes celebrações,
principalmente campais, podem carecer de
algumas intervenções de um animador. Foi
muito importante, sem dúvida, nos tempos
imediatamente posteriores à reforma
litúrgica da década de 60, em que o povo
certamente estranharia uma nova forma de
celebrar se não tivesse a ajuda de alguns
comentários.
Hoje, porém, os tempos são outros.
A celebração tem um PROCESSO
COMUNICATIVO DINÂMICO com canções,
ritos processionais, momentos para falar,
instantes de silêncio, hora de sentar para
ouvir, de estar de pé para aclamar,
momentos para ajoelhar, ocasiões para
olhar… Fazer bem cada momento
comunicativo, com a característica que lhe
é própria e sem se estender em
explicações, é o MELHOR MODO de
valorizar cada um dos ritos celebrativos
que compõem a missa.
Fora isso, estaremos sempre correndo o
risco de ter MUITA FALAÇÃO E POUCA
CELEBRAÇÃO; MUITA CATEQUIZAÇÃO OU
MORALIZAÇÃO E POUCA MISTAGOGIA
para introduzir os celebrantes no mistério e
no compromisso com o projeto do Reino de
Deus.
Para concluir, repetimos que o comentarista
tem sim uma função importante.
Ele acolhe os fiés para a celebração e ajuda
a revelar a presença de Deus na liturgia, por
isso deveria ser evitado o amadorismo e o
improviso.
É muito importante que ele seja formado e
bem preparado para exercer seu papel. Caso
contrário será um elemento estranho e
destoante na celebração. Como todos, ele
deve ter consciência de fazer bem feito tudo
aquilo que lhe compete, mas somente isso.
IGMR n.º 91 - Todos, portanto, quer
ministros ordenados, quer fiéis
leigos, exercendo suas funções e
ministérios, façam tudo e só aquilo
que lhes compete.
BIBLIOGRAFIA:
 Instrução Geral sobre o Missal Romano. Apresentação de Frei
Alberto Beckhauser. Editora Vozes.
 Catecismo da Igreja Católica.
 Documento n.º 43 da CNBB – Animação da Vida Litúrgica no Brasil.
 Novas Mudanças na Missa. Frei Alberto Beckhauser. Editora Vozes.
 A Missa. Memória de Jesus no Coração da Vida. Ione Buyst. Editora
Paulinas.
 Equipe de Liturgia. Ione Buyst. Editora Paulinas.
 Para enteder e celebrar a liturgia. Prof. Felipe Aquino. Editora
Cleófas.
 Texto: “Comentarista: Figura controversa”, elaborado pela Diocese de
Viana – MA (http://www.diocesedeviana.org.br).

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