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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

H ACÓRDÃO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA
REGISTRADO(A) SOB N°

*03270840*

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


AGRAVO DE INSTRUMENTO N°. 990.10.381837-7, da Comarca de
SÃO PAULO, em que é AGRAVANTE COOPERATIVA
HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DE SÃO PAULO -
BANCOOP e são AGRAVADOS DOUGLAS MALERBA e
CRISTINA LUSIA CAJUELLA MALERBA.

ACORDAM, em Nona Câmara de Direito Privado do


Tribunal de Justiça, por votação unânime, em não conhecer do recurso,
em conformidade com o voto do relator.

Participaram do julgamento os desembargadores


GRAVA BRAZIL, que o presidiu, e VIVIANI NICOLAU.

São Paulo, 28 de setembro de 2010.

CARLOS G
RELATOR

Agravo de Instrumento - 990.10.381837-7 - SÃO PAULO - VOTO 19306 P 1


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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO

Ação de resolução de contrato intentada por cooperadores em face de


cooperativa habitacional - Cumprimento de sentença - Dificuldade dos
exeqüentes em localizar bens da executada aptos a satisfazer o débito
exeqüendo - Decisão que defere o pedido de desconsideração da
personalidade jurídica da cooperativa e, ato contínuo, determina a
penhora eletrônica de ativos financeiros dos diretores da entidade -
Inconformismo da cooperativa, que interpõe agravo em nome próprio
para requerer a reversão da medida - Entidade que carece de
legitimidade para defender em juízo direitos de seus diretores -
Incidência do art. 499 do CPC • Requisitos de admissibilidade do
recurso não preenchidos - Agravo não conhecido.

1. Trata-se de agravo de instrumento com pedido de efeito


suspensivo interposto contra a decisão de fls. 517/519 que, no curso da execução de
sentença requerida por DOUGLAS MALERBA e CRISTINA LUSIA CAJUELLA
MALERBA em face da COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS
DE SÃO PAULO - BANCOOP, (I) deferiu o pedido de desconsideração da
personalidade jurídica da cooperativa para integrar ao pólo passivo da relação
jurídico-processual os diretores JOÃO VACCARI NETO, ANA MARIA ÉRNICA
e VAGNER DE CASTRO e (II) deferiu o bloqueio on-line de ativos financeiros da
parte executada, no total de R$ 73.84,00.

A BANCOOP sustenta que Douglas Malerba e sua mulher


intentaram ação em face da cooperativa para requerer a resolução do "termo de
adesão e compromisso de participação" celebrado entre as partes (fls. 32/44); o
pedido foi julgado improcedente em primeira instância (fls. 209/212); pelo acórdão de
fls. 263/271, o tribunal deu provimento à apelação dos autores para declarar
rescindido o contrato e condenar a cooperativa a restituir integralmente os valores
pagos pelos compradores (AP n°. 513.475.4/7-00); inconformada, a BANCOOP
interpôs recurso especial e, em seguida, agravo de instrumento contra a decisão que
lhe negou seguimento (fls. 274/290, 315/316 e 322); entrementes, os autores
requereram a execução do julgado (347/348 e 350/351); intimada para pagar a dívida

Agravo de Instrumento - 990.10.381837-7 - SÃQRXÜLO - VOTO 19306 P 2


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ou garantir a execução, a cooperativa indicou um bem imóvel avaliado em R$


8.000.000.00 (fls. 354/355); os exeqüentes rejeitaram o bem indicado e requereram a
penhora eletrônica de dinheiro em depósito (fls. 366/368); o juízo deferiu a penhora
até o limite de R$ 67.546,97 (fl. 346), mas a medida foi infrutífera (fls. 377/381);
sucederam-se outras tentativas de penhora, igualmente mal-sucedidas; diante disso, os
requerentes requereram a desconsideração da personalidade jurídica da cooperativa,
mas tiveram sua pretensão rejeitada em três oportunidades; na quarta tentativa,
contudo, o juiz entendeu que estaria caracterizada a má-administração da BANCOOP
em detrimento dos cooperados, o que possibilitaria a responsabilização de seus
diretores; o pedido de desconsideração da personalidade jurídica foi deferido para
integrar ao pólo passivo João Vaccari Neto, Ana Maria Ernica e Vagner de Castro,
cujos ativos financeiros acabaram penhorados (fls. 517/519); esta decisão deve ser
reformada; o instituto da desconsideração da personalidade jurídica não é aplicável às
cooperativas, que não estão submetidas à Lei n°. 8.078/90; ainda que o art. 28 do
CDC fosse aplicável às cooperativas, no caso concreto não ficou provada a ocorrência
de desvio de finalidade, confusão patrimonial, insolvência, ou inatividade decorrente
de má-administração; a desconsideração da personalidade jurídica da BANCOOP foi
prematura e abusiva, porquanto não houve diligência por parte dos exeqüentes para
localização de bens penhoráveis pertencentes à própria cooperativa; não foi observada
a ordem de bens para penhora prevista no art. 655 do CPCo juiz alterou seu
posicionamento anterior sem qualquer justificativa ou alteração das circunstâncias de
fato que pudesse legitimar a súbita aplicação da medida; a inexistência de ativos
financeiros depositados em nome da cooperativa não caracteriza, por si só, desvio de
finalidade; a BANCOOP é uma sociedade civil de responsabilidade limitada, sujeita
ao art. 1.095 do CC/2002; os diretores da BANCOOP possuem apenas uma quota-
parte do capital social, não devendo responder "pela integralidade da cooperativa" (fl.
24); para desconsiderar a personalidade jurídica da BANCOOP, seria necessário
integrar todos os 12.000 cooperados no pólo passivo da execução (fls. 04/26).

Dispensou-se o processamento do recurso (fl. 542).

Agravo de Instrumento - 990.10.381837-7 - SAO PAULO - VOTO 19306 P 3


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É o relatório.

2. O agravo não preenche os requisitos de admissibilidade.

A BANCOOP não é parte legítima para defender em juízo


direitos de seus diretores, que têm meios processuais adequados para se defender (art.
499 do CPC).

3. Ante o exposto, não se conhece do agravo.

RCIA
RELATOR

Agravo de Instrumento - 990.10.381837-7 - SÃO PAULO - VOTO 19306 P 4

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