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I * Os portuguesesno JaPâo
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biombos, as figuras vigorosasdos portuguesescom as suascalçaspretase
largascontrastamcom os japonesesdelicadosnos seustrajes tradicionais.
Depois do primeiro espanto em relaçâo aos estrangeirosexdticos, os
japoneses em breve aprofundaram as observaçôesque deles fizeram.
Admiraram os portuguesespor terem empreendido uma viagem tâo
perigosa por mar, pela sua perseverança, coragem e pelos seus
conhecimentostécnicos de nâutica e de construçâonaval. Mas repararam
que os <bârbarosdo sul> (ffi*. nanbait),como lhes chamaram,nâo tinham
maneiras finas. Na crdnica Teppô-ki, escrita em 1606 por um monge
budista,onde o encontroentre portuguesese japonesesé descrito,pode-se
encontrara seguintedeclaraçâodo tradutor chinês, que se encontravana
primeira viagem dos portugueses:
2t4
papel que a matéria>(carta de 29 de Setembroapud Janeira,
1 9 7 0 :3 9 )
215
da conversâode inûmerosdaimyôsao cristianismoe, sobretudo,atravésda
introduçâode armasde fogo.
A obra japonesadatadade 1606 que anteriormentecitei intitula-se
f,X.6ùiC, Teppô-ki, o que significa <A Crdnica da Espingarda>.Nada
impressionouos japonesestanto como a superioridadedas armasde fogo.
Aqueles que podiam fazer uso desta superioridade, ganhavam uma
vantagem decisiva perante o seu opositor. Os japoneses aprenderam
rapidamentea fabricar as armaseuropeias.Depois da unificaçâodo reino,
os cidadâosforam proibidos de transportararmas.O armamentoconduziu
paradoxalmenteà pacificaçâo, para séculos, do pais que anteriormente
tinha sido desvastadopela guerracivil.
Mas o objectivo dos portuguesesnâo era tanto a influência polftica e
muito menos a conquista militar. Mais do que noutras viagens de
descobrimentos,quem aqui agiu activamenteforam os missioniirios.Os
empreendimentosdos portuguesesno Japâo foram sobretudode natureza
religiosae o pai da missâojaponesafoi ninguém menosque Sâo Francisco
Xavier. Ele foi sucedidopor personalidadesjesuftas que consideravama
missâo também como uma forma de transmissâo cultural e que se
esforçaramseriamentepor penetrartâo profundamentequanto possfvelna
culturajaponesa.Nestecontexto gostariade referir dois nomes:Lufs Frôis
e Joào Rodrigues.
O padrejesufta Luis Frdis, nascidoem 1532, viveu desde 1563 até
à sua morte, em 1597, no Japâo.Ele mantinha relacôesamigâveiscom o
grande senhorda guerra Nobunagae estavapresentequando este morreu.
Da sua pena provém uma monumental Histdria do Japâo (Histôria do
Japam, 1549 - 1593 em cinco volumes), bem como o fascinanteTratado
em que se contam muito susinta e abreuiadamentealguas contraclisôes&
dffirenças de custumesantre a gente de Europa e estaprouincia de Japûo
do ano de 1585, onde os costumes de japoneses e europeus sâo
sistematicamente comparados.Aqui nâo se trata, como, por exemplo,mais
tarde nas lzttres persanesde Montesquieu,de um exercfcio literârio, mas
antesde um inventârio sério das diferençasentre duas culturas superiores
extremamentedivergentes,onde os detalhessâo cuidadosamente registados
com uma profundacompreensâodo outro.
Também pertencente à Ordem dos Jesuftas, o Padre Joâo
Rodrigues, nascidoem 1561, tinha quinze anos quando foi para o Japào.
Af permaneceu36 anos da sua vida, de 1516 a 1612, atéter sido obrigado
pelas perseguiçôesaos cristâos a ir viver para Macau, onde morreu em
216
1634. Ele dominava o japonês tanto falado como escrito e serviu muito
tempo como intérpreteoficial dos senhoresda guerraToyotomi Hideyoshi
e TokugawaIeyasu,o que lhe deu direito ao t(tulo de tçuuu, intérprete(um
conceitoque é lido como tsùji rÉS na pronrinciamoderna,mas que hoje
estâdesactualizado;a palavrapara intérpreteé hoje tsûyakuiin iÉdn^). É
a Joâo Rodriguesque devemosa primeira gramâticado japonês.A sua obra
intitulada Arte da Ltngoa do Japam foi editadaem três grandesvolumes
entre 1604 e 1608 na imprensajesuita de Nagasaki(que, como sabemos,
foi uma cidade fundadapelos portugueses).Esta é a primeira descriçâode
uma lingua asiâtica numa lingua europeia. Esta gramâtica é muito
importante para a linguistica histdrica pois testemunhaa transmissâoda
lingua clâssicajaponesaem caractereslatinos como escritafonética.Ainda
hoje tem muito prestigio no Japâoe foi reimpressaem T6quio na versâo
portuguesae traduzidapara o japonês.Esta obra monumentalfoi seguida
pela Arte breve da lingoa Japoa, editada em Macau em 1620, uma obra
mais pequenae prâtica para aprendero japonês.Joâo Rodriguestambém
colaborou numa obra colectiva, Vocabulario da lingoa de lapam, cont a
declaraçdo em portugues,o primeiro dicionârio de japonês, editado nos
anos 1603 e 1604 em Nagasaki.Com mais de 30 000 palavras,este é até
hoje o dicionârio mais amplo e uma das fontes mais importantespara o
conhecimento do léxicodojaponêsclâssico.
Finalmente deve-se mencionar a descriçâo histdrica, em sentido
lato, da presençaportuguesacristâ no Japâo,a Historia da lgreja do Japâo,
dois volumes monumentaiseditadosem Macau em 1620 e 1633. Nesta
obra nâo se fala, no entanto,sd dos portugueses,mas principalmentedos
japonesese da sua cultura. Deve destacar-sesobretudoo excerto sobre a
cerim6nia do châ. A Historia da Igreja do Japdo, que ficou incompleta,
terminacom um tratadodetalhadosobrea Arte do chô.Esla cerimdnia,em
japonês simplesmentedesignadacomo ÆDlh cha-no-yu,portanto (âgua
quentepara o châ>,desenvolveu-se no Japâoduranteo séculoportuguês.A
figura dominanteda arte do châ, Sen no Rikyt, viveu de 1520 a 1591, foi
portanto contemporâneo dos primeiros portugueses e deve ter tido
contactoscom eles. Foi ele que marcou o ideal estéticoda simplicidadee
da naturalidadesem ornamentosque em japonês é designadopor itL)'
wabi, o ideal que mais influencioua filosofia de vida e a artejaponesas.As
descriçôes de Joâo Rodrigues sobre a arte do châ sâo um exemplo
especialmenteimpressionanteda mentalidade e da estética de vida
japonesas. Cito:
2t7
<He pois estemodo de banqueteconvidarensehuns aos outros a
beberem châ sômente, servindo o banquete, e manjares de
preparaçâopara o châ, o qual banquete nâo hé de excesso, e
demazia, mas sobriedade, e modestia, comendo cada hum, e
bebendosobriamentequanto quer sem haver persuadira ninguem,
nem os hospedesenquantocomem pratiçâo entre sy, mas em voz
baixa s6 fallâo o necessario,havendose em tudo com grande
modestiae socego.Donde este modo de agazalhadoe cortezia, he
em outra forma de trato, e conversaçâodefferenteda commum, e
ordinaria policia, antesem certo modo contrario por ser hum modo
sem fausto, e magniflcencia retirado, e solitario a imitaçâo dos
solitarios do hermo, que afastadosdo trato mundano, e politico,
metidos em choças de feno se dâo a contemplaçâodas couzas
naturaes.Donde este convite de châ, e conversaçâo,nâo he para
longaspraticasentre sy, mas para com grandequietaçâoe modestia,
comtemplarem dentro do animo as couzas que ali vem sem as
louvarem ao dono, e entenderempor sy os mysterios que em sy
enserrâo;e conforme a isto tudo o de que nestacerimonia se uza hé
rustico,e grosseirosem artificio algum, mas sd naturalmentecomo a
naturezao criou, congruentea hermo, solidâo,e rusticaria,pelo que
assim a caza,e caminho por onde a ella se vay, como as couzasde
seviço de que alli se uza sâo todas desta sorte. Donde para este
convite nâo se seryem de sallas, e camaras espaçozasricamente
ornadas como fazem no modo politico, e ordinario, nem de ricas
baixellas de louça fina, nem de outros vazos primos e ricos; mas
temperaeste effeito dentro da mesma cercajunto as cazasem que
morâo hûa cazinhapor sy cobertade palha,e canissosmuy pequena
feita de madeira tosca assim como veyo do matto, mas unicamente
encaixadahùa com parte de madeyravelha a imitaçâo de hùa salla,
ou hermida velha do hermo jâ gastada do tempo feita tosca, e
rusticamente com couzas do mesmo hermo assim naturalmente
como estâo, sem artificio nem galantaria alguma, antes com o
desdemnatural,e velhice. Os vazos,e louça de que nesteservico se
uza, nâo sâo de ouro nem prata, nem de outras materiaspreciozas.
rica, e polidamente feita, mas de barro, e ferro tal sem lustro, e
ornato algum, nem couza que naturalmenteconvide o apetite a
dezejalapor seu lustre,e beleza.... Tem pois por profissâoesta arte
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do châ a cortezia, bom ensino, modestia,e moderaçâonas açoens
exteriores,socego,e quietaçâodo corpo, e alma, com humildade
exterior, sem altiveza, e arrogancia,fugindo do fausto, pompa, e
aparato de fora, e magnificenciado trato forense, antes singeleza
sem dobres como he convenienteao solitario do hermo, vestido
honesto,e dessente,com certa ordem, limpeza, e chanezaem todas
as couzasde seu servico, e da convenientea sua profissâo,porque
todos poem os olhos nos que professâoestaarte,tendo fama no povo
de homensde bons costumes,estimados,e reverenciadospor taes.
Donde para exercitarem estas couzas tocantes ao hermo, e
apartamento,e contemplaçâoo que hâ na caza e serviço della para
os mover a saudades,e apartamentodo trafego forense em algum
modo, e a moderaçâodas acçoensexterioresse convida a beberchâ
na dita caza, servindoo convite, e as demaiscerimoniasque alli se
uzâo tosca,e grosseiramente de exercicio dessascouzas,e aparelho
para bebero châ, que hé a recreaçâodo hermo em lugar da do vinho
de que uzâo nos convites solemnesde trato politico> (apud Janeira
l9'70:254-256).
219
O cristianismo cat6lico introduzido pelos portuguesesfoi, no seu
tempo auge,um facto muito importante.Avalia-seque os cristâoseram, no
mfnimo, 300 000 numa populaçâode talvez 15 milhôes de pessoas.Mais
importanteainda do que o nûmeroé o facto de membrosda alta nobrezae
princfpes se terem convertido ao cristianismo e de em deterrninadas
regiôes, nomeadamenteno sudoeste,na Ilha Kyûshu, este se ter tornado
dominante. O que é impressionante face ao pequeno nûmero de
missionâriosportugueses(ao todo nâo mais de cem homens no decorrer
das três geraçôes). Por outro lado, havia entre o cristianismo e a
mentalidadejaponesa um fosso intransponivel. Foram-nos transmitidas
discussôesteoldgico-filosôficas onde a ideia de um Deus em pessoa(em
japonês designado pelo termo 1 V 7 deusu transformado em nome
pr6prio) é radicalmente posta em causa. Os fildsofos japoneses
interrogavam-see interrogavam os missionârios portugueses:como é
possfvel que um Deus misericordioso concebido como pessoa permita
tantasatrocidadese injustiçasnesteMundo? A concepçâoasiâticade uma
lei universalimpessoal(o <Caminho>ou o <Céu>,em chinêsË dào ou X
tiùn) nâo é compativel com o Deus que pune e perdoa do Novo e Velho
Testamento.Sobretudoa ideia de que os seusantepassados poderiamassar
eternamenteno Inferno por nâo terem conhecido o cristanianismoera
insuportâvel para os japoneses. Pouco impressionado por este facto,
escreveSâo FranciscoXavier:
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advertência.A intolerância e estranhezada religiâo aliadas à crescente
influência polftica dos conselheirosportuguesesno sul do pafs levaramos
shogune a abandonara polftica de cooperaçâoanterior e a passar ao
confronto total. O entusiasmo inicial de Hideyoshi tornou-se primeiro
desconfiançae finalmente hostilidadeaberta.Em 1587 surgiu a primerra
proibiçâo e expulsâo da Ordem dos Jesuitas,que nâo foi, no entanto,
executadana prâtica.Em 1597 deu-seentâoum golpe violento: numerosos
cristâossofreramuma morte de mârtir em Nagasaki,cento e vinte igrejas
foram destruidas,onzejesuitasexpulsos.À morte de Hideyoshi no ano de
1598 seguiu-seum breve periodode acalmia.Decisivofoi depoiso edital
de proibiçâo de Ieyasu em 1614. O budismo foi elevado, para fazer
oposiçâoà influênciacrescentedo cristianismo,a igreja de estado:todos os
japonesestinham de pertencera uma seitabudista,devendoos àonzesvelar
pela filiaçâo a uma crença. Este decreto esteve em vigor até 1868. Foi
assimque uma religiâo de tolerânciase tornou,sob a influêncianegativado
cristianismo,num instrumentode controleestatale de repressâo.
O destino dos cristâos japoneses foi duro. Milhares deles foram
torturadose executados.Foram introduzidosos chamadosW4ïfrà fumi-e,
<imagenspara pisar>, imagensde Jesusou Maria que deviam ser pisados
pelos suspeitoscomo prova de renegaçâodo cristianismo.Os holandeses
entretantopresentesno Japâointervieram,aquandodo riltimo levantamento
de cristâosem Kyûshu, contra os portuguesescom 438 tiros de canhôes.
Ap6s a conquista do forte de Hara em 1637 foram executados37 fiXl
cristâos.Todos os portuguesesainda presentesno pais foram expulsospara
Macau ou Manila. A pequenacol6nia comercialdos holandeses na ilha
artificial de Deshimaem Hiroda passoua ser, até meadosdo séculoXIX, o
rjnico contactodo Japâocom o estrangeiro.O <séculoportuguês>teve um
final trâgico. Nas palavras do grande conhecedore amante do Japâo,
Wenceslaode Moraes:
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chegadoao fim. Ciôncias e técnicasde origem europeiatornaram-senos
dois séculos seguintes ffi# rangaka, ciências holandesas (Hi ran,
.Lotos>, é o elementofonético que designa<Holanda>),até o pais se abrir
completamentena era Meiji à influência do Ocidente com todas as suas
consequências.A influência portuguesa foi curta, mas profunda. O
primeiro encontro entre o ocaso cristâo e o Reino do Sol Nascentefoi
decisivopara toda a posterioridade.
II - O portuguêsna l(nguajaponesa
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componentesgermânica e românico-latinano inglês. Aqui prevalece o
principio que Miller designapor <total availability>(1963: 244): assim
como se pode dizer que cada palavra latina é potencialmenteuma palavra
inglesa,tambémse pode afirmar que cadapalavrachinesaé potencialmente
uma palavrajaponesa.Sâo numerososos empréstimoschinesesdesdeque
hâ transmissàohistdrica da lingua; e ainda hoje os novos termos nos
camposda ciência e da técnicasâo preferencialmenteformadosa partir de
elementos chineses, que representa para os neologismos um fundo
inesgotâvelsemelhanteao gregoe ao latim para as linguaseuropeias.Nesta
medida, a receptividadeem relaçâo a influências estrangeirasé desde
sempreconstitutivado japonês. Notavelmente,as palavrassino-japonesas
nâo sâo consideradascomo (estrangeirismos>,estandotâo profundamente
adaptadasque se sentemcomo um elementopr6prio.
A adopçâode inûmeros<estrangeirismos> em sentidoestrito (r+ )k;5
gairaigo) desdeo primeiro encontrocom os europeusnâo é, assim,nadade
novo, mas estâ determinadapela receptividadedo japonês que contrasta
profundamentecom o hermetismodo chinês ou também,por exemplo,do
coreano.Os estrangeirismosdas diferenteslinguas europeiasaparecemno
japonês com diferentespesos:os empréstimosmais importantessâo os do
português, holandês, alemâo e francês, enquanto os empréstimos do
espanhol, russo e italiano pouca importância têm. Na época
contemporânea,o inglês, mais do que qualqueroutra lingua, conquistoua
lingua japonesa.Depois da SegundaGuerra Mundial foi introduzidauma
grande quantidade de anglicismos que depois se desenvolveusegundo
regrasprdprias.Um recentedicionârio de estrangeirismosactualmenteem
uso tem mais de 3000 registos,dos quais mais de 90Vo derivamdo inglês
(Kamiya 1994). A percentagemdos anglicismos tem vindo a aumentar
consideravelmentenas riltimas décadas.É muito instrutivo comparar os
resultadosde duas investigaçôesrealizadaspor Ueno (1980) e o Kokuritsu
Kokugo Kenkyùjo (<lnstitutoNacionalda Lingua>)(1964, ver Shibatani
1990: 148s). Nos anos vinte do século XX a relaçâo entre as diferentes
capasetimoldgicasera ainda mais ou menosequilibrada;nos anossessenta,
a superioridadedo inglêsjâ era incomensurâvel:
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Capa etimoldgica anos20 anos60 percentagem
Inglês 84 2395 5 1 , 9* 8 0 , 8
Holandês 45 40 2 7 , 8- 1,3
Português z3 2l -
14,2 0,7
Francês 6 t66 3,7- 5,6
Alemâo z 99 1 , 2- 3.3
Outros z z+J 1 , 2- 8,2
.,, A
portuguesesé comprovadopelo facto de muitos deles seremgrafadoscom
caracteresideogrâficoschineses,cemo se fossem palavras genuinament€
japonesas ou sino-japonesas. Isto seria impensâvel no caso dos
empréstimos mais recentes do francês ou do inglês. Estes têm de ser
escritoscom katakana.
Ainda se pode acrescentaraqui uma riltima observaçâoacerca dos
empréstimosdas linguas europeias.O japonês s6 tem silabas abertasou
silabas que terminam em nasal ou na primeira parte de uma consoante
longa.O sistemasilâbicogeralé entâo:
#(c)v#cv...
#(C)V+N#CV...
#(C)V+Ci#CiV...
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desaparecidasda linguagem actual, podem surgir nas descriçôesdaquela
época.
226
significa <senhor> (Tanaka-san <Senhor Tanaka>). Por conseguinte,a
nossa palavra foi reinterpretadacomo nome de um diabo, o osenhor
Tenta>, tendo o significado da frase citada sido alterado para <nâo nos
entreguesao SenhorTenta>; este diabo ou espfrito maligno entrou depois
no panteâopopulardo Japâo.
Japonest+IÈ nngo.
anJo anjo
virgem biruzen
purificaçdo furihikasan
infinito + inhinito
castidade + kasutedade
mârtir maruchiri
purgatôrio purugatoriyo
rosério rozariyo
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psalmo + sarumo
jejum + zejun
furasukoT r T= port.frasco
O significadoactual é <alambiquede vidro para experiêncras
quimicas" (kagaku no jikken ni furasuko o tsukaima.su'.
<<usam-se
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alambiques de vidro para experiências qu(micas>). Dantes o termo
designavatodo o tipo de garrafas.
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lf iT>E shabon-dama,que é estruturadode forma semelhanteao
termo acima referido bii-dama. Deve-se ainda ter em atençâo que esta
palavra é registadaem todo o lado como empréstimo do português.Eu
acho,contudo,que a terminaçâoapontaantespara uma origem espanhola.
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vez, de um arabismoque se tornou num (pseudo-)compostosino-japonês
atravésdo português.
an6 anisu
coentros + koendoro
manjerona + nulyorana
marmelo marumero
zamboa + zabon
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karumera )r 7 / v, fHù#5 port. caramelo
A palavra portuguesa designa hoje a substância(<caramelo>).O
termo duplo inglês lcyarameru, pelo contrârio, é empregue para designar o
bombom de caramelo. O significado do composto chinês é <açûcar de
cristal queimado>; a grafia é, portanto, puramente semântica, sem
ressonânciasfonéticas.
zJz
a discutir-se sobre o étimo português. Uma explicaçâo comum é que
tenpur(lera uma comida de jejum, porqueduranteestenâo se podia comer
carne.Neste caso seria derivado do latim tempora.Eu acho, contudo, que
no Japâo nâo era de qualquer forma comum comer-secarne, pelo que o
prescindir dela nada tinha de especial.O termo deve antes relacionar-se
com o verbo temperar. Esta tese é corroborada pelo facto de a forma
tempra existir no indo-portuguêscom o significadode tempero.
Bibliografia
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Paulo:Ibrasa,1989.
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