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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

CURSO DE MEDICINA – CAMPUS TOLEDO

MARCO ANDRÉ REIS PINHEIRO


YONÁ KARINE KRAMER

RELATÓRIO DE MICROBIOLOGIA

JULIANA BERNARDI WENZEL

TOLEDO / PR
2018
1 CULTURA DE OROFARINGE - COLORAÇÃO DE GRAM

1.1 INTRODUÇÂO

A pesquisa de microrganismos na orofaringe de pacientes se constitui como um


importante método diagnóstico e de análise para compreender as principais patologias
que afetam esta região, sua significância se dá pelo fato de enfermidades que afetam a
orofaringe, e por consequência o trato respiratório de indivíduos, constituírem uma
frequente causa de morbidade/ internações na população, o que pode ser verificado no
estudo apresentado pela Global Burden of Disease (GBD) em 2015, o qual demostra que
as infecções do trato respiratório, dentre todas as doenças, tiveram a quarta maior
incidência mundial, com mais de 290 milhões de casos, sendo responsáveis por 4,9% do
total de mortes no mundo.
Dentre os principais patógenos pesquisados destaca-se a importância de pesquisar
Streptococcus β-hemolíticos, principalmente do grupo A, uma vez que necessitam de
imediata terapia antibacteriana para evitar suas complicações agudas, bem como suas
manifestações tardias. Outras bactérias frequentes na orofaringe são, além de S. pyogenes,
S. pneumoniae, Haemophilus sp. e Moraxella catarralis.

1.2 OBJETIVO

Este relatório tem como objetivo demonstrar as atividades realizadas no laboratório


de microbiologia, o qual justifica sua importância por demonstrar aos alunos quais as
principais bactérias que colonizam a orofaringe dos indivíduos saudáveis, além de
apresentar aos discentes as principais bactérias causadores de doença que colonizam este
sitio, possibilitando ainda entender como se dá o processo de análise, identificação e
patogenia destes microrganismos.

1.3 MATERIAIS UTILIZADOS

I. Uma placa PCA;


II. Uma lâmina para o Gram;
III. Um swab estéril;
IV. Lamparina;
V. Abaixador de língua;
VI. Estufa
VII. Microscópio

1.4 MÉTODOS

a) Orientou-se o paciente a se sentar e inclinar a cabeça de modo a ter uma boa


visualização da cavidade oral, expondo ao máximo suas amígdalas com o
abaixador de língua;
b) Utilizamos, então, o swab estéril na orofaringe do indivíduo analisado, esfregando
de maneira rotatória nas amígdalas e na faringe posterior, evitando tocar na
cavidade bucal e língua, a fim de preservar a integridade da amostra;
c) Após este procedimento, o material coletado foi disposto em uma lâmina, a qual
foi corada pelo método de Gram e em seguida foi analisada em microscópio;
d) O restante da amostra foi utilizado para inocular, através da técnica de semeadura
em esgotamento em estrias, em uma placa de PCA;
e) Incubamos a placa na estufa em uma temperatura de aproximadamente 37 graus
Celsius, a qual é a temperatura ótima para desenvolvimento da maioria das
bactérias patogênicas;
f) Após 15 dias foram verificados os resultados.

1.5 RESULTADOS

Na microscopia foram observados cocos gram positivos isolados que,


provavelmente, são Streptococcus pyogenes, uma vez que está bactéria é colonizadora
da orofaringe de indivíduos saudáveis, normalmente.
Foi observado, macroscopicamente, na análise da cultura na placa, a presença de
micro colônias (não sendo possível contabilizar a quantidade de UFCs), possuindo tais
características como colônias brancas e pequenas, o que evidencia uma possível
colonização por S. pyogenes.

1.6 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

Sendo a orofaringe um importante local de contato com microrganismos, há


possibilidade de ser colonizada por várias bactérias, tanto patogênicas, como as não
patogênicas. As principais encontradas são: S. pyogenes, S. pneumoniae, Haemophilus
sp, Moraxella catarralis. Ainda podem ser achadas algumas bactérias de menores
frequências, tais como: S. aureus e Neisseria gonorrhoeae, sendo que, a última pode ser
usada para indicar crimes de abuso sexual se encontrada na cavidade oral de crianças,
pois é uma bactéria comum do trato genital de humanos, sendo raramente encontrada na
orofaringe.
O paciente analisado apresentava bactérias que podem ser patogênicas (i.e.: S.
pyogenes), no caso de uma disbiose, porém como o indivíduo estava assintomático no dia
da coleta, conclui-se que estas bactérias faziam parte da sua microbiota residente,
caracterizando assim uma colonização, e não uma infecção.
A realização de cultura de orofaringe deve ser realizada quando há suspeita de
infecção desse sítio por algum microrganismo patogênico, sendo que o resultado
determinará o tratamento adequado, o que demonstra sua importância por possibilitar o
diagnóstico correto e consequente tratamento certo para a patogenia que o paciente
possui.

2 CULTURA DE ESCARRO - COLORAÇÃO DE BAAR

2.1 INTRODUÇÃO

A cultura e coloração do escarro é um importante método diagnostico utilizado


nas áreas de saúde, uma vez que possibilita a análise dos microrganismos que colonizam
o trato respiratório inferior de indivíduos, assim como seus possíveis patógenos, dentre
eles destaca-se a pesquisa de Mycobacterium tuberculosis por coloração de Ziehl-
Neelsen. A Mycobacterium tuberculosis é uma das espécies mais importantes no
ambiente hospitalar, pois causa uma das doenças mais infectocontagiosas no Brasil e no
mundo, com um longo período de incubação e tratamento. Em geral, a fonte de infecção
é o reservatório humano.
Considera-se uma amostra de escarro de boa qualidade aquela obtida a partir da
árvore brônquica superior, sendo que o volume necessário para a amostra varia de 5 a 10
ml e o ideal é a realização da coleta de amostra do escarro do paciente ao despertar
(FALQUETO et al, 2006). Sendo que quando a análise do escarro é dada como
inconclusiva é indicado a realização do aspirado brônquico.

2.2 OBJETIVO
Verificar a presença de bacilos álcool-ácido resistentes (Mycobacterium sp.) na
amostra de escarro analisada.

2.3 MATERIAIS UTILIZADOS

I. Lâmina de microscópio;
II. Alça bacteriológica;
III. Recipiente contendo a amostra do escarro;
IV. Lamparina;
V. Coloração de BAAR (técnica de Ziehl-Neelsen)
VI. Microscópio

2.4 MÉTODOS

a) Foi orientado ao paciente como se deve coletar a amostra, sendo então coletado e
armazenado em um recipiente fechado. A amostra pode permanecer à temperatura
ambiente por até duas horas ou 24 horas sob refrigeração, contudo este
procedimento por inviabilizar alguns patógenos (i.e.: H. influenzae e S.
pneumoniae)
b) A transferência da amostra para a lâmina foi feita através de alça bacteriológica e
ocorreu em um ambiente desfavorável a contaminação da amostra, devido ao calor
emanado do fogo da lamparina;
c) Em seguida, a amostra na lamina foi seca na lamparina, após este procedimento a
amostra foi corada pelo método de Ziehl-Neelsen, que se deu da seguinte maneira:
i) As laminas foram colocadas sobre um suporte com esfregaço voltado para cima
e foi adicionado sobre a amostra o corante fucsina, após este procedimento, a
lamina foi levada para secar na lamparina, fazendo com que o corante previamente
adicionado se tornasse transparente pela emissão do vapor; ii) Após isso foi
adicionado na amostra solução álcool-ácido iii) Lavar com água destilada, repetir
a operação se necessário, iv) Cobrir as lâminas com azul de metileno a 0.3%, v)
Deixar atuar durante 2-3 minutos, vi) Lavar com água corrente e secar ao ar livre.
d) Após a placa estar corada, esta foi analisada no microscópio.

2.5 RESULTADOS
O exame de escarro é composto por duas partes: a análise macroscópica e a análise
microscópica. Na análise macroscópica segundo Lima et al (2001), é avaliado o volume,
cor, consistência, cheiro, formação de camadas, cálculos de Dittrich e cilindros
Brônquicos. As doenças mais frequentes associadas ao aumento do volume da amostra
do escarro de 24 horas são a tuberculose cavitária avançada, edema pulmonar, abscesso
pulmonar e empiema. A análise macroscópica de nossa amostra possuiu as seguintes
características: volume pequeno, a cor era transparente, com traços levemente
esbranquiçados, consistência quase líquida (lembrando aspecto de saliva), sem cheiro e
sem outras características observadas.

O exame microscópico é feito a fresco ou após a coloração do escarro e visa à


identificação de certas estruturas. Nesta não foram observadas bactérias coradas pela
técnica de Ziehl-Neelsen, o que descarta a possibilidade de o paciente estar com
tuberculose ou outra doença provocada por Bacilos Álcool-Ácido Resistentes. Todavia,
a única coisa observada na coloração foram as células da mucosa do trato respiratório do
paciente. A análise foi inconclusiva, mas esse resultado já era previsto, tendo em vista
que amostra se encontrava com aspecto de saliva, neste caso, seria recomendado solicitar
nova amostra para ser analisada.

2.6 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

O trato respiratório é um sistema que está em frequente contato direto com


microrganismos, constituindo uma das barreiras do organismo contra patógenos. Desta
forma, é o local que esta suscetível a colonização/infecção por microrganismos quando
as defesas naturais são rompidas. A cultura do escarro demonstra sua importância por
permitir a correta avaliação dos microrganismos que estão presentes neste local. Além
disso, a análise de lâminas coradas por métodos específicos como Ziehl-Neelsen, permite
a correta identificação de bactérias com elevada significância no meio hospitalar, como é
o caso da tuberculose. A partir dos resultados colhidos em aula conclui-se que o paciente
analisado não estava infectado com tuberculose, uma vez que a análise microscópica não
demonstrou células coradas pelo método de ZE.
As principais bactérias encontradas no trato respiratório são: S. pneumoniae, H.
influenza, S. aureus, podendo ainda ser encontrados bactérias da família
Enterobacteriaceae, Moraxella catarralis e Burkholderia cepacea. Destaca-se que
indivíduos com fibrose cística possui com relativa frequência colonização por
Pseudomonas sp.
A pesquisa de Mycobacterium tuberculosis se faz necessária quando há suspeita
de casos de tuberculose, uma vez que essa doença é altamente infecciosa, dessa forma,
BAAR devem ser rastreados quando existe uma suspeita diagnóstica pela equipe médica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FALQUETO, L.; SILVA, R.M.; BAZZO, M.L.; CHAGAS, M. Impacto da orientação na


coleta de escarro sobre a qualidade da amostra obtida. Arquivos Catarinenses de
Medicina, v.35, n.3, p.29-34, 2006.

FOROUZANFAR M.H., AFSHIN A., ALEXANDER L.T., ANDERSON H.R.,


BHUTTA Z.A., BIRYUKOV S., et al. Global, regional, and national comparative risk
assessment of 79 behavioural, environmental and occupational, and metabolic risks or
clusters of risks, 1990–2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease
Study 2015. Lancet, 2016.

LIMA, AO; SOARES, JB; GRECCO, JB; GALIZZI, J; CANÇADO, JR. Métodos de
Laboratório Aplicados a Clínica: técnica e interpretação. 8º edição, Rio de Janeiro,
Editora Guanabara, Koogan, 2001.

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