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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA EM REVISTA – RS

INOVAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: O CASO DA


ESCUELA PEDAGOGICA EXPERIMENTAL DA COLÔMBIA
Innovation in mathematical education: the case of the Escuela Pedagógica
Experimental of Colombia

Luciano Sant’Ana Agne

Resumo of Mathematics teaching integrated with other


areas of knowledge, with an emphasis on the
O presente trabalho investigou a inovação em development of complex thinking in students,
Educação Matemática a partir da perspectiva contributes to the formation of subjects capable
pedagógica da Escuela Pedagógica Experimental of building relationships between the
- EPE, escola colombiana que pratica inovação mathematical knowledge learned in school and
educativa há 40 anos. A pesquisa foi realizada a the reality in which they are inserted.
partir da vivência, observação e análise de aulas
de matemática e do ambiente pedagógico da Keywords: Complexity; Educational
escola. Esta pesquisa é um estudo de caso em innovation; Innovation in Mathematics
uma abordagem qualitativa. Os dados da Education; Transdisciplinarity.
pesquisa foram analisados em sua perspectiva
complexa conforme Paderes, Rodrigues e Giusti Introdução
(2005) e na perspectiva do método da Análise
Textual Discursiva, conforme Moraes e Galiazzi Inovação parece ser o tema da
(2011). A principal implicação dos resultados atualidade. Em áreas como negócios, tecnologia,
obtidos é que, a perspectiva inovadora de ensino gestão, entre outros, a inovação aparece como
de matemática integrada a outras áreas do sendo a solução para os problemas do mundo
conhecimento, com ênfase no desenvolvimento globalizado nos tempos da sociedade da
do pensamento complexo nos alunos, contribui informação e do conhecimento. De fato, cada vez
para a formação de sujeitos capazes de construir mais surgem problemas complexos que desafiam
relações entre o conhecimento matemático a sociedade e a Educação vem sofrendo grande
aprendido na escola e a realidade na qual eles pressão de mudança para atender às exigências
estão inseridos. de um mundo em constante processo de
transformação. Neste contexto, esta pesquisa
Palavras-chave: Complexidade; Inovação estudou a inovação, no que este processo se
educativa; Inovação em Educação Matemática. refere ao universo da Educação Matemática, na
Transdisciplinaridade. Escuela Pedagógica Experimental (EPE), situada
na cidade de Bogotá, na Colômbia, que vem se
Abstract destacando como um contexto inovador no
âmbito educativo. E esse foi o principal motivo
This paper addresses investigated the innovation para a escolha dessa instituição como objeto de
in Mathematics Education from the pedagogical estudo.
perspective of the Escuela Pedagógica Com isto, o objeto principal dessa
Experimental - EPE, a Colombian school that has pesquisa foi conhecer o processo de inovação em
practiced educational innovation for 40 years. Educação Matemática na EPE e entender como
The research was carried out from the esse processo vem se mantendo ao longo do
experience, observation and analysis of tempo. Deste modo, investigou-se a prática
mathematics classes and the pedagogical pedagógica inovadora da escola, para
environment of the school. This research is a case compreender o processo de inovação pedagógica
study in a qualitative approach. The research data nas suas aulas de matemática.
were analyzed in its complex perspective Em função disto, este artigo objetiva
according to Paderes, Rodrigues and Giusti apresentar o processo de inovação educativa
(2005) and in the perspective of the Discursive realizado na EPE e como o ensino e
Textual Analysis method, according to Moraes aprendizagem de matemática ocorrem neste
and Galiazzi (2011). The main implication of the contexto. Para isso responde-se a duas questões:
results obtained is that the innovative perspective (i) qual a concepção sobre a natureza do

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conhecimento matemático da EPE? e (ii) o que Durante as observações nas aulas de


significa conhecer matemática na EPE? matemática de três professores da EPE realizou-
se entrevistas de dois tipos, uma livre e outra e
Abordagem metodológica semiestruturada, com cada um dos professores de
matemática. Nessas entrevistas os professores
Este trabalho se trata de um estudo de falaram sobre as suas percepções do seu trabalho
caso em uma abordagem qualitativa, pois o na EPE. As entrevistas tiveram a intenção de
desafio foi investigar o processo de inovação perceber a compreensão dos professores de
educativa que ocorre na EPE, principalmente no matemática a respeito do tema desta pesquisa. O
âmbito do ensino de matemática. O caso, processo de análise dessas entrevistas foi
segundo Lüdke e André (2013, p. 20) “se destaca fundamentado na perspectiva do método da
por se constituir em uma unidade dentro de um Análise Textual Discursiva, conforme Moraes e
sistema mais amplo e o interesse, portanto, incide Galiazzi (2011).
naquilo que ele tem de único”. E, segundo
Silveira e Córdova (2009), a pesquisa qualitativa A Escuela Pedagógica Experimental
ocupa-se dos aspectos da realidade que não
podem ser quantificados, ocupando-se em A EPE é uma escola particular e seus
descrever, compreender e explicar fenômenos alunos são de classe média. A escola situa-se
das relações sociais. num local montanhoso, e todos podem utilizar
A busca, nessa pesquisa, foi a qualquer espaço de acordo com as suas
compreensão do processo de inovação educativa inquietações, possibilidades e cuidados. Os
com uma visão de fundo do desenvolvimento e alunos, grandes ou pequenos, exploram os
da manutenção dessa inovação no ensino de espaços livremente. Essa dinâmica conduz todos,
matemática na EPE. Para atingir esse intento, o de maneira natural, a criar condutas respeitosas
pesquisador permaneceu na EPE durante dois que não causem nenhum problema,
meses, agosto e setembro de 2017. Com isto, foi principalmente aos estudantes pequenos. Na
possível perceber que foi de fundamental EPE, todos cuidam de todos de maneira
importância compreender o contexto, os motivos harmoniosa e as regras de comportamento
e aspirações que levam os sujeitos envolvidos a emergem dessas relações naturalmente.
optar pelo desenvolvimento de atividades Na EPE, existe um horário estabelecido
escolares em uma perspectiva inovadora. para as aulas que é das 7 horas até às 15 horas, de
Também se considerou importante a segunda a quinta-feira. Na sexta-feira, o horário
compreensão dos valores, atitudes e posturas dos é especial e vai das 7 horas até às 13 horas.
professores e alunos na prática inovadora, por se Porém, apesar da existência de horário, ninguém
entender que são valiosas para a manutenção do é obrigado a entrar em sala de aula. Isso é uma
processo inovador. Todos esses aspectos decisão dos estudantes e, também, uma postura
sustentam a opção pela abordagem qualitativa de pedagógica da escola. Na EPE, não existem
pesquisa, pois, segundo Minayo (2001, p. 21), a manuais de convivência, nem regras. Tudo é
pesquisa qualitativa “trabalha com o universo de construído democraticamente nos diversos
significados, motivos, aspirações, crenças, ambientes de debate existentes.
valores e atitudes, o que corresponde a um espaço Para a EPE, o conceito de ambiente
mais profundo das relações dos processos e educativo é compreendido como um sistema
fenômenos”. “complexo e dinâmico onde existem múltiplas
Os dados obtidos durante a pesquisa interações com o espaço físico, com os
foram interpretados conforme a compreensão integrantes da comunidade escolar, com as
defendida por Paderes, Rodrigues e Giusti (2005, construções culturais, enriquecidas pelas
p. 9) em “sua multiplicidade complexa”, ou seja, vivências de cada indivíduo e pelas interações
fazem parte de um todo e, por isso, devem desses indivíduos com as situações cotidianas”
receber um tratamento hologramático. Com isto, (PEI-EPE, 2010, p. 9)1.
ao interpretar as informações trazidas da EPE, Neste sentido, o ambiente se caracteriza
considerou-se a influência que o contexto escolar como uma estrutura cultural onde são
exercia sobre esses dados. Mesmo quando na privilegiadas as interações dos indivíduos entre
interpretação dos dados emergem aspectos si, com os espaços e com as atividades escolares.
específicos de determinada situação, esses Pode-se perceber que essas interações, que
aspectos sempre são considerados no contexto da confirmam as posturas construídas ao longo dos
EPE. anos, são permeadas por emoções, sentimentos,
ideias, ações e significados que influenciam

1
O “Proyecto Educativo Institucional” (PEI-EPE) é um http://www.epe.edu.co/uploads/4/8/4/2/48423709/proyecto_
documento institucional que orienta as práticas e posturas educativo_institucional_epe.pdf
pedagógicas institucionais e está disponível em:

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decisivamente a construção do conhecimento e A coerência lógica das ATA’s propõe


contribuem para romper os limites impostos que o aprofundamento da investigação de
pelos modelos educativos que privilegiam a soluções para problemas deve ser tão complexo
separação disciplinar. quanto possível para o nível de compreensão dos
De acordo com o seu projeto educativo alunos envolvidos naquele trabalho. E a
institucional, a escola tem como objetivo coerência no formato da atividade significa que
construir uma “concepção educativa” ela deve partir de problemas que os alunos
diferenciada da praticada pelas outras escolas do tenham curiosidade em investigar, são problemas
país (tradução nossa) (PEI-EPE, 2010 p. 06). considerados pelos alunos como interessantes e
Essa concepção educativa orienta a atuação da que despertam discussão. E, como foi possível
instituição a partir de três aspectos fundamentais. perceber durante a vivência na EPE, esses
O primeiro aspecto busca formar seus alunos problemas podem ser propostos pelos alunos ou
para atuarem em uma sociedade democrática de pelos professores.
maneira crítica e consciente. O segundo orienta Essas atividades se fundamentam na
para que os alunos formados na EPE defendam tríade estudante, professor e atividade, que são
uma cultura científica fundamentada em valores considerados como um sistema aberto, ou seja,
humanos próprios da atividade científica. E o um sistema que funciona em um intercâmbio de
terceiro aspecto orienta uma formação para que emoções e informações mediadas pelo contexto
os alunos sejam capazes de valorizar a que direciona e provoca a curiosidade e o
construção coletiva de soluções, tanto nos desenvolvimento dos alunos. Neste sistema de
projetos escolares quanto no âmbito da trabalho há uma forte ênfase aos problemas
realização pessoal. cotidianos dos sujeitos envolvidos nesse
Do ponto de vista pedagógico, a EPE processo. Esse cotidiano apresenta elementos
assume a investigação em aula como a sua que sugerem o que se fazer nas aulas, sem seguir
principal estratégia pedagógica. Esse processo de um método pré-determinado, mas como uma
investigação ocorre por meio de projetos a partir tarefa desafiadora a ser realizada.
de temas de interesse dos alunos e dos De qualquer maneira, as ATA’s não são
professores que, por sua vez, não se posicionam colocadas em prática como uma proposta para
como detentores do conhecimento, mas que ensinar conteúdos previamente estabelecidos. Na
buscam constantemente formações que lhes perspectiva das ATA’s, um projeto ou um
motivem a desenvolver novas propostas em problema, são uma oportunidade para gerar
relação a sua atuação na escola. ambientes de aprendizagem onde os estudantes
A escola fundamenta suas atividades em aprendem coisas diferentes das que usualmente
uma perspectiva pedagógica que proporciona ao se pretende ensiná-los. Os professores da EPE
aluno a construção de conhecimentos na entendem que os projetos permitem uma reflexão
interação com a realidade. Essa concepção é mais voltada ao processo do que sobre alguma
posta em prática por uma metodologia de ensino, meta pré-estabelecida. Um projeto, nessa
denominada “Actividad Totalidad Abierta – perspectiva de trabalho, não é colocado em
ATA”, que desenvolve nos alunos a capacidade prática a partir de um planejamento pedagógico
de se apropriar da realidade de maneira que eles rígido, mas é resultado das interações dos
possam, ao construir conhecimento, sujeitos envolvidos com o ambiente onde se
compreender o seu caráter complexo, a partir da desenvolve o trabalho e com o apoio de teorias e
interação do objeto de estudo com suas estruturas experiências cotidianas desses sujeitos.
culturais, sociais e linguísticas. O caso específico do estudo da
As Actividad Totalidad Abierta - ATA’s matemática, na perspectiva das ATA’s, ocorre a
são estratégias pedagógicas que fundamentam partir de dois enfoques prioritários: a ação sobre
todas as práticas desenvolvidas na escola. Para os problemas e o desenvolvimento matemático
isso, as ATA’s buscam a coerência em três que decorre dessa ação. O trabalho é concebido
dimensões: a conceitual, a lógica e no formato. como um fazer matemáticas, isto é, matematizar.
Na dimensão conceitual, a atividade se inicia a Dessa maneira, os conteúdos matemáticos não
partir da abordagem de problemas em sua são definidos previamente, mas são utilizados na
totalidade, ou seja, a partir da complexidade medida em que forem necessários na atividade
apresentada pelo problema que vai se tornar em que se estiver trabalhando. Assim, o aluno
objeto de investigação pelos alunos. As constrói o significado, aprendendo e aplicando
explicações que surgem como possíveis soluções determinado conceito matemático, na medida em
para os problemas encontrados nessas atividades que surge a necessidade de seu estudo para a
devem possuir coerência com os conceitos que solução de determinado problema. O pensamento
podem explicar o fenômeno em questão. lógico é desenvolvido, na perspectiva das ATA’s
a partir de quatro aspectos fundamentais: a

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modelagem, as operações, a criatividade e o muito definidos ou muito detalhados. O que


raciocínio. existe são questões de ordem geral que podem
despertar a curiosidade dos alunos. Mas essas
A inovação na EPE questões não são fixas no dia a dia das atividades.
As propostas desencadeiam uma rede de
A perspectiva inovadora da EPE se conversações que tem como consequência o
inicia com um posicionamento acerca dos desenvolvimento de iniciativas, novas propostas,
processos de aprendizagem. Na escola, o aluno comentários, aproximações e hipóteses que
aprende a aprender durante a convivência em enriquecem o trabalho, uma vez que essa
grupo, com os colegas e seus professores. Os dinâmica agrega sentido à atividade que se
processos fundamentados na repetição e na realiza. Esses diálogos não são conduzidos por
memorização não fazem parte das abordagens alguém, ou pelo professor, mas todos exploram
pedagógicas da EPE. Para a EPE os alunos não conjuntamente as possibilidades e fazem
são passivos, mas protagonistas de sua própria contribuições ao tema em questão.
aprendizagem. Nesta proposta de aprender a Esse processo de diálogo, que está no
aprender, os educadores da escola desenvolvem cerne da inovação feita na EPE, possui uma
métodos de trabalho como aprender por prova e espécie de lógica própria. Frequentemente os
erro, aprender fazendo, aprender por professores ficam surpresos com os rumos que
descobrimento, etc. tomam as discussões e o desenvolvimento das
Para manter essa perspectiva, a escola atividades. Pode-se afirmar, com muita certeza,
adota posturas que estruturam o desenvolvimento que toda atividade ou projeto desenvolvido nas
das atividades e das relações com o aulas tem um forte caráter dinâmico e complexo.
conhecimento construído em aula. Essas posturas E é neste aspecto que reside a manutenção de um
são, por um lado, o compromisso com o processo educativo inovador. Na multiplicidade
conhecimento pertinente, a permanente e diversidade de concepções, crenças, histórias
recuperação do valor do conhecimento, a pessoais, emoções e pensamentos que participam
diversidade de saberes, o respeito pela do diálogo que conduz uma atividade ou projeto
diversidade, rejeitando seguir um currículo de pesquisa.
rigidamente estruturado e, por outro, a ênfase no Desta maneira, percebe-se que a
desenvolvimento do orgulho e da confiança, em inovação pedagógica requer a criação de
vez de avaliar mensurando as aprendizagens. contextos de aprendizagem diferentes dos
Para isso, os professores assumem uma contextos de ensino presentes nos ambientes
postura de identificar, valorizar, destacar, e tradicionais. Conforme Fino (2009), nos
reconhecer as conquistas dos estudantes, as contextos inovadores, professores e estudantes
dificuldades por eles enfrentadas no processo e o atuam como agentes dessa inovação e
desenvolvimento da sua imaginação e desenvolvem grande autonomia, sendo o
criatividade. Esta postura ajuda a desenvolver um professor um agente condutor desse processo. É
sujeito confiante em si próprio e no grupo a que a partir de contextos ricos cognitivamente que se
pertence, formando um cidadão capaz de configuram as múltiplas relações que ocorrem no
enfrentar os desafios da vida em sociedade. ambiente inovador. Estas relações se
Com estas posturas bem definidas, é fundamentam na compreensão da realidade e na
possível afirmar que o ambiente educativo da aproximação dos estudantes com o
EPE se torna naturalmente um ambiente conhecimento, num processo coletivo que lhes
inovador. Durante as observações realizadas, foi permita compreender as múltiplas realidades.
possível compreender que a comunidade escolar Segundo Gómez (2013), o ambiente inovador
é consciente das diferenças entre a EPE e outros propicia um espaço de formação integral que se
ambientes escolares colombianos. Neste sentido, fundamenta em confiança, convivência e
um professor recém-chegado ao quadro de conhecimento, que faz da escola um espaço de
colaboradores da escola percebe que está imerso formação integral e de transformação social e
num ambiente onde o seu aprendizado é cultural dos sujeitos envolvidos nesse processo.
constante. Todos na EPE consideram que os A inovação em Educação praticada na
ambientes da escola são lugares de construção da EPE é um processo que busca melhorias
aprendizagem e que todas as pessoas que constantes e é pensado e construído por todos os
convivem nesses ambientes estão em constante sujeitos envolvidos. A inovação na EPE tem um
formação. Isto inclui os visitantes, os familiares caráter fundamentalmente coletivo de construção
de alunos, a equipe administrativa da escola, do conhecimento escolar e, para isso, requer
enfim, todos interagem e aprendem num contextos que estimulem a aprendizagem. Dessa
ambiente rico em possibilidades de interação e relação resulta, fundamentalmente, a construção
construção de conhecimento. de conhecimento, não o conhecimento científico
Com isto, foi possível observar que nas produzido pelos cientistas, mas o conhecimento
atividades diárias, não existem pontos de partida

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escolar, entendido, segundo García (1998, p. 97) denominado na EPE como “desenvolvimento do
“como o conhecimento proposto e elaborado na pensamento matemático”.
escola” que surge como um conhecimento No trabalho cotidiano com matemática,
diferente do conhecimento científico, cotidiano, as relações e modelos matemáticos encontrados
entre outros, e que apresenta características pelos alunos nas suas atividades são inesperados
próprias do ambiente escolar. para eles. Sabendo disso, o professor atua como
um mediador entre o aluno e o conhecimento e
A matemática na EPE deve sempre estar disposto ao diálogo, ou seja,
com disposição para escutar o aluno, valorizar
Quando se considera a relação suas propostas, fazer perguntas e participar da
estabelecida pelo conhecimento nas escolas pesquisa.
percebe-se que, nos processos pedagógicos, se Neste processo de construção dialógica
busca construir uma interação entre o estudante, do conhecimento matemático, as formas de
o professor e o conteúdo disciplinar. Na EPE, pensamento para a elaboração e desenvolvimento
essa interação ocorre entre o estudante, o das atividades matemáticas são importantes,
professor e as atividades a serem realizadas. sendo um dos principais aspectos do trabalho.
Essas atividades são consideradas como um Também de igual importância é o trabalho
sistema aberto no sentido de um intercâmbio coletivo em um contexto de criatividade,
entre o conhecimento, as emoções e as invenção e pesquisa. Os alunos parecem conviver
possibilidades do entorno. No caso das aulas de bem com o erro matemático, pois têm confiança
matemática, essa relação entre emoções e o em si e no grupo de trabalho que constrói as
entorno não é concebida como um método ou possibilidades e soluções possíveis de maneira
uma didática, mas como um “fazer matemática” colaborativa. O aluno sabe que para todo
ou uma forma de matematizar os problemas e problema existem variadas formas de solução e
analisar as consequências do desenvolvimento que elas só aparecem se todos compartilharem
desses problemas. seus resultados.
Neste processo, a EPE não desenvolve O que se percebeu foi que a escola
as atividades em função dos conteúdos proporciona que as aprendizagens sejam distintas
matemáticos, mas utiliza esses conteúdos na entre os alunos. Cada aluno aprende coisas
medida em que eles sejam úteis para o diferentes de maneira diferente. A escola se
desenvolvimento das atividades. Não se espera preocupa em criar ambientes de investigação
que os estudantes memorizem algum conceito ricos de possibilidades e para que os alunos
matemático ou algum procedimento algébrico, aprendam matemática por diversos processos
mas que se utilizem desses conceitos e como por ensaio e erro, aprender fazendo,
procedimentos na medida em que eles sejam aprender inventando ou por descobrimento.
importantes como ferramentas para a resolução Como na EPE a perspectiva de trabalho
de algum problema. Neste contexto, essas com a matemática não está centrada em metas a
ferramentas matemáticas são utilizadas somente serem atingidas, percebeu-se que no processo de
se o estudante consegue se apropriar do seu aprendizagem o problema proposto para
significado. Por isso, o estudo teórico da investigação é menos importante do que o
matemática também é importante nas aulas da ambiente constituído para a sua abordagem.
EPE e o estudante desenvolve esses estudos Conforme relatado pelos professores
como parte de um processo mais amplo, como entrevistados, os estudantes não recebem uma
em um projeto, por exemplo, na medida em que nota pelo seu trabalho, mas ficam muito
sejam necessários. satisfeitos e orgulhosos se conseguem
Na resolução de problemas desenvolver uma nova estratégia de abordagem
matemáticos, os estudantes inventam variáveis e ou uma solução para um problema. Os estudantes
estabelecem correlações entre grandezas. Este apresentam gosto pela matemática porque ela
processo apresenta uma dinâmica muito variada, desenvolve um sentido de realização e de
porém, existe uma pré-disposição para o protagonismo. No trabalho com a matemática os
trabalho. Pode-se afirmar que existe uma postura alunos desenvolvem, além da capacidade de
ou uma atitude positiva dos alunos para a trabalhar em grupos, a capacidade de elaborar
realização das atividades. Os alunos parecem normas de conduta, desenvolvem liderança e
partir de uma convicção de que sempre é possível auto-organização.
encontrar regularidades, ou seja, os alunos Para que uma atividade matemática
apresentam uma confiança em si e no grupo de tenha significado para os alunos e para os
trabalho de que sempre é possível construir professores, ela deve se basear em pesquisa e
conhecimento matemático nas suas atividades. O resolução de problemas. Para abordar e resolver
aluno confia que vai aprender matemática nas esses problemas matemáticos, os alunos
suas atividades. Todo esse processo é

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aprendem procedimentos, ou seja, os problemas forma de metáforas e os alunos supõem uma


permitem que os alunos realizem buscas, façam possível solução para o problema proposto com
conjecturas, desenvolvam argumentos e, base nas suas crenças e concepções. Essa
posteriormente, validem seus resultados por proposta de solução surge, geralmente, como um
meio de diálogo. Ao observar as aulas dos modelo. Na sequência do trabalho são realizadas
professores de matemática, percebeu-se que os pesquisas ou experimentações para comprovar
problemas matemáticos trabalhados em aula ou aperfeiçoar o modelo metafórico proposto.
desencadeiam maneiras diferentes de pensar e de Conforme Gonzalez e Haselager (2002),
aprender os conteúdos. Um problema pode estar essa é a característica do raciocínio abdutivo que,
relacionado a uma área específica da matemática, segundo esses autores, é o raciocínio típico das
mas sempre permite uma diversidade de formas descobertas científicas. Este tipo de raciocínio
de pensar a sua solução. consiste em estudar problemas já existentes e
Os problemas matemáticos propostos inventar uma hipótese para a sua explicação. É
nas atividades podem, inclusive, não ter solução. um processo de pensamento que elabora
O aspecto mais importante é o desenvolvimento, hipóteses explicativas. No raciocínio abdutivo a
pelos alunos, de explicações e argumentos que criatividade é fundamental para a construção de
demonstram a compreensão do processo de metáforas explicativas.
trabalho. Uma característica muito importante
(...) o papel do raciocínio abdutivo no
dos problemas matemáticos trabalhados na pensamento criativo está diretamente
escola é que eles sejam desafiadores e integrados relacionado à geração, mudança e
a outras áreas do conhecimento. Esse aspecto expansão de um domínio de crenças
estimula a construção de conjecturas, hipóteses, entendidas como uma forma de hábito.
Tal expansão ocorre quando mentes
diálogo e muito trabalho em grupo. criativas se confrontam com problemas
Os professores de matemática da escola — a mente, em sua tendência de operar
afirmam que é importante que os problemas com formas de crenças bem
sejam fonte de diferentes reflexões e estabelecidas, vivencia a percepção de
anomalias e problemas insolúveis no
desencadeiem diversas formas de pensamento e domínio das crenças disponíveis.
raciocínio matemático. Ao abordar diferentes Surpresas e dúvidas iniciam o processo
problemas matemáticos, os alunos desenvolvem abdutivo de geração e seleção das
reflexões geométricas, aritméticas ou recursivas. possíveis hipóteses que poderiam
solucionar os problemas em questão.
Apesar da aprendizagem ser individual, Assim, como um tipo de heurística, a
inerente a cada aluno, a maneira de aprender abdução constitui um guia para a
matemática ocorre coletivamente. Por meio de expansão de crenças (GONZALEZ;
diálogo, argumentação, experimentação e muita HASELAGER, 2002, p. 26).
pesquisa, os alunos constroem conhecimento e Nas aulas de matemática da EPE foi
desenvolvem o seu pensamento matemático. possível observar claramente que o pensamento
Com estas características, nos parece abdutivo representa o início do processo
claro que mais importante do que a aprendizagem pedagógico. Mas o seu desenvolvimento
dos algoritmos e dos conceitos matemáticos, está apresenta outras características importantes.
o desenvolvimento do pensamento matemático. Essas características emergem e se
Isso é afirmação recorrente na fala dos fundamentam, mesmo que subjacentes ao
professores e no discurso institucional. Mas o processo de desenvolvimento do pensamento
que significa desenvolver o pensamento matemático do aluno, no princípio dialógico, no
matemático na EPE? princípio da recursão organizacional e no
Claramente, o desenvolvimento do princípio hologramático. Essas características
pensamento ou do raciocínio lógico matemático complementam o pensamento abdutivo,
nas aulas da EPE está intimamente ligado ao conferindo ao processo os princípios da
desenvolvimento das percepções dos alunos. Em complexidade e da transdisciplinaridade.
outras palavras, é com o desenvolvimento de No princípio dialógico existem forças
suas crenças e concepções que ocorre como contrárias que se complementam. Essas forças
resultado das suas interações com o contexto, são antagônicas, concorrentes, mas se
principalmente escolar. Essa relação do contexto complementam e constituem a realidade dos
com as percepções dos alunos se constitui num problemas estudados, que são complexos e
sistema complexo no qual existem relações transdisciplinares. O princípio dialógico,
lógicas que conectam os elementos de múltiplas presente nas aulas de matemática da EPE,
formas. permite assumir e manter, ao mesmo tempo,
Na prática das aulas de matemática da noções contraditórias no estudo de uma
EPE, quando surge um problema de interesse dos problemática. Com isto, percebeu-se que, no
alunos, eles estabelecem hipóteses para a solução trabalho investigativo dos alunos, o diálogo faz
da questão. Estas hipóteses são apresentadas na parte do processo e possibilita a apreensão e

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compreensão da realidade e dos diferentes modos dos alunos da EPE fortalece a capacidade criativa
de se encontrar as explicações para os problemas e a capacidade dos alunos em fazer matemática.
estudados. No desenvolvimento do pensamento
Para Lucena, Saraiva e Almeida (2016), matemático dos alunos da EPE, também está
o princípio dialógico, ou seja, o diálogo, presente o princípio hologramático. Neste
desenvolve a capacidade de reflexão e se princípio não só a parte está no todo, mas o todo
fundamenta em uma maneira de pensar não também está presente nas partes. Essa lógica,
dogmática, mas com uma interpretação da segundo Morin (2011), imobiliza o pensamento
diversidade da realidade que permite a linear, pois vai “além do reducionismo, que só vê
compreensão e a construção do conhecimento as partes, e do holismo, que só vê o todo” (p. 75).
num processo “contínuo, infinito e crítico” (p. Assim, nas atividades de matemática da EPE, os
181). alunos desenvolvem metáforas, ou hipóteses
iniciais para explicarem os problemas. Nessas
A dialógica trata da articulação de
ideias antagônicas e não antagônicas, metáforas apresentam características decorrentes
que podem ou não ser complementares da imaginação de cada um, as quais se
na busca da religação de diferentes constituem em partes que contém características
saberes. É possível, diante deste do todo, que é o problema. O todo, representado
processo, fazer uma leitura das partes e
das relações com o todo do pelo problema proposto está impregnado das
conhecimento em busca da metáforas de cada aluno, isto é, pelas concepções
compreensão significativa da e entendimentos desses alunos. Então o todo
complexidade do mundo (...) A contém as partes, que contém o todo. Esse
valorização das várias maneiras de
pensar o mundo, a multiplicidade de sistema evolui para novas concepções num
interações, a interpretação dos processo recursivo e dialógico permanente.
processos contraditórios, a
possibilidade de pensar a realidade de Respondendo aos questionamentos
maneira diversificada que, embora
antagônicas, são complementares, têm iniciais
no diálogo o seu operador teórico
fundamental. Assim, o diálogo não Pelo exposto até aqui, é possível
pode ser concluso, acabado, responder as questões iniciais dessa pesquisa: (i)
determinante e definitivo, pois ele
representa o embate das múltiplas
qual a concepção sobre a natureza do
vozes que se manifestam e, do mesmo conhecimento matemático da EPE? e (ii) o que
modo, as múltiplas consciências e significa conhecer matemática na EPE?
mundos que se articulam (LUCENA; Sobre a natureza do conhecimento
SARAIVA; ALMEIDA, 2016, p. 181).
matemático presente na proposta pedagógica da
Segundo Morin (2011, p. 74), “um EPE, pode-se afirmar que ela apresenta
processo recursivo é um processo em que os características de uma compreensão com
produtos e os efeitos são ao mesmo tempo causas influências da filosofia Aristotélica. Nesta
e produtores do que produz”. Neste sentido, os perspectiva filosófica, a matemática é um
problemas propostos nas atividades de instrumento que é utilizado para interpretar e
matemática da EPE geram, no pensamento dos descrever o mundo, seus fenômenos e objetos.
alunos, hipóteses, metáforas explicativas. Porém, Segundo Machado (2013), a matemática é fruto
essas metáforas – que determinam o pensamento da criação humana e surge da interação do
abdutivo – geram uma relação muito intensa com pesquisador com os problemas do mundo. Seu
o entorno, por meio de pesquisa, investigação, instrumental teórico e abstrato é utilizado pelos
experimentação e vivências permanentes. A cada alunos da EPE nessa perspectiva, a de explicar
momento desse processo é possível que se inicie fenômenos e construir hipóteses para a solução
outro processo de interação com o entorno, se de problemas.
convertendo num ponto de partida para outra Porém, a matemática na EPE também
interação. Desta forma, essas relações com o apresenta as características do quase-
entorno fazem que tanto o aluno quanto o próprio empiricismo de Lakatos. Para Lakatos, conforme
entorno se modifiquem num processo recursivo Molina (2001), o conhecimento matemático é
de interação. construído a partir da interação social humana.
Nas aulas de matemática da EPE foi Lakatos defendeu que o conhecimento
possível observar que esse processo recursivo matemático é falível e deve ser levado à público
tem grande importância nas atividades que para sofrer críticas e refutações. Na EPE, o que é
envolvem invenção de regularidades, utilização levado a público para discussão não é a
de algoritmos para encontrar padrões, construção matemática propriamente dita, mas o
de fractais, etc. O processo recursivo presente no conhecimento construído com a utilização do
desenvolvimento do pensamento Matemático instrumental teórico da matemática, sempre na
medida da necessidade.

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Também é possível afirmar que inovadora de ensino de matemática integrada a


conhecer matemática na EPE significa construir outras áreas do conhecimento, com ênfase no
significado para novas situações num processo desenvolvimento do pensamento complexo nos
de articulação de conhecimentos que permitam alunos, contribui para a formação de sujeitos
construir resultados para os problemas propostos. capazes de construir relações entre o
Significa que o aluno utiliza diversos tipos de conhecimento matemático aprendido na escola e
conhecimentos matemáticos, formais ou não, a realidade na qual eles estão inseridos.
(como o intuitivo, de cálculo, conceitual,
concreto, etc.), para abordar os problemas Referências
estudados. Portanto, de forma coerente com o
que propõe Ciscar (1990), conhecer matemática CISCAR, S. L.; El conocimiento y las creencias de los
significa a possibilidade de estabelecer conexões profesores de matemáticas y la innovación educativa.
Investigación en la Escuela, Sevilha,v. 1, n. 11, p. 61-
entre as ferramentas teóricas da matemática e os
69, 1990.
fenômenos e objetos nas quais elas se aplicam,
dando mais ênfase no processo de utilização ESCUELA PEDAGOGICA EXPERIMENTAL.
desses instrumentos do que no resultado final. Proyecto educativo institucional (PEI-EPE). Bogotá,
Na EPE, o conhecimento matemático 2010. 78 p.
não é estático, mas dinâmico. Os alunos
constroem o seu significado a partir de sua FINO, C. N.; Inovação e invariante cultural. In:
RODRIGUES, L.; BRAZÃO, P. (Orgs). Políticas
bagagem cognitiva, sua vivência e sua história. educativas: discursos e práticas. Funchal:
Esse processo se desenvolve a partir de uma Grafimadeira, 2009, p. 192-209.
interação social intensa com o contexto escolar e
a partir de situações-problema que são de GARCÍA, J. E.; A natureza do conhecimento escolar:
interesse dos alunos. Então, fica evidente que, transição do cotidiano para o científico ou do simples
subjacente a todo este processo, existe um para o complexo? In: RODRIGO, M. J.; ARNAY, J.
estudante que constrói conhecimento a partir da (Org). Conhecimento cotidiano, escolar e científico:
elaboração de significados e é protagonista de Representação e mudança – A construção do
conhecimento escolar. São Paulo: Ática, 1998, p. 75-
sua própria aprendizagem. 102.
Concluindo, a matemática na EPE é
uma ferramenta, um instrumento útil para a GONZALEZ, M. E. Q.; HASELAGER, F. G.;
resolução de problemas variados. O Raciocínio abdutivo, criatividade a auto-organização.
conhecimento matemático é construído de Cognitio, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 22-31, 2002.
maneira livre e prazerosa, nos mais diversos
LUCENA, A. M. S.; SARAIVA, E. S. S; ALMEIDA,
ambientes da escola. Os alunos demonstram que
L. S. C.; A dialógica como princípio transdisciplinar
gostam de trabalhar com essa ciência e fazem na pesquisa em educação. Milleniun, Viseu, v. 1, n.
isso de maneira muito tranquila. 50, p. 179-196, 2016.

Considerações finais LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A.; Pesquisa em


educação: abordagens qualitativas. 2. ed. Rio de
Após conhecer e vivenciar o processo Janeiro: Epu, 2013.
de inovação em Educação Matemática na EPE,
MACHADO, N. J.; Matemática e realidade: das
defende-se a ideia de que o ensino de matemática
concepções às ações docentes. 8. ed. São Paulo:
deve cumprir a função de desenvolvimento do Cortez, 2013.
pensamento do aluno e, com isto, contribuir para
a formação de um cidadão crítico. A partir dessa MINAYO, M. C. S.; Ciência, técnica e arte: o desafio
ideia acredita-se que, para que isso seja possível, da pesquisa social. In: MINAYO, M. C. S. (Org.).
o ensino de matemática deve ocorrer de maneira Pesquisa social: teoria, método e criatividade.
integrada a um ambiente amplo, complexo e Petrópolis: VOZES, 2001. p.09-29.
transdisciplinar de pesquisa e resolução de
MOLINA, J. A.; Lakatos como filósofo da
problemas, no qual esta ciência assume a função matemática. Epistéme, Porto Alegre, v. 1, n. 13, p.
de ferramenta útil para explicar fenômenos e 129-153, 2001.
objetos do mundo. Assim, defende-se que esta é
a principal característica da inovação permanente MORAES, R.; GALIAZZI, M. C.; Análise textual
em Educação Matemática. discursiva. 2 ed. Ijuí: Unijuí, 2011.
Por fim, conclui-se que inovação
MORIN, E.; Introdução ao pensamento complexo.
educativa é um processo que propõe a construção
Tradução Eliane Lisboa. 4. Ed. Porto Alegre: Sulina,
de conhecimentos interligados, conectados, que 2011.
coexistem na realidade dos sujeitos envolvidos
no processo educativo e que constituem o todo
que compõe essa mesma realidade. Com isto, a
adoção pelas escolas de uma perspectiva

EMR-RS - ANO 20 - 2019 - número 20 - v.2 – p. 90


EDUCAÇÃO MATEMÁTICA EM REVISTA – RS

PADERES, A. M.; RODRIGUES, R. B.; GIUSTI, S. SILVEIRA, D. T.; CÓRDOVA, F. P.; A pesquisa
R.; Teoria da complexidade: percursos e desafios para científica. In: GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T.
a pesquisa em educação. Revista de Educação. v. 8, (Orgs). Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Ufrgs,
n. 8, p. 01-13, 2005. 2009, p. 31-42.

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Luciano Sant’Ana Agne - Doutor em Educação em Ciências e Matemática pela Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul (PUCRS), Professor de Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul (IFRS).

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