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______________________________________________________________________________ CAPÍTULO 3

CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS

Por
Ari Délcio Cavedon
e Edgar Shinzato

3.1 Metodologia curvas de nível, terraceamento, faixas de retenção,


rotação de culturas, abertura de canais divergentes e,
As categorias do sistema de capacidade de uso entre as demais, calagem, adubação química e verde,
preconizadas pelo Manual para Levantamento subsolagem, drenagem, manejo de pastagens,
Utilitário do Meio Físico e Classificação de Terras destinadas a aumentar a cobertura dos solos.
no Sistema de Capacidade de Uso são assim
hierarquizadas: 3.1.1.1.1 Classe I
• Grupos de capacidade de uso: A, B e C,
baseados na intensidade de uso das terras. Compreende terras sem limitações ao uso com
• Classes de capacidade de uso: I a VIII, culturas anuais ou perenes, pastagens e
baseadas no grau de limitação de uso. reflorestamento. Os solos são férteis, profundos,
• Subclasses de capacidade de uso: IIs, IIIs, Va, com boa retenção d’água, sem riscos de inundação e
identificando a natureza da limitação de uso. sem lençol freático elevado.
• Unidades de capacidade de uso: IIs4, IIIe1, Não há subclasses na classe I.
VIIe4, identificando condições específicas Os solos presentes na região, nos relevos
que afetam o uso e o manejo das terras. correspondentes, não obedecem aos requisitos para
serem enquadrados na classe I.
3.1.1 Grupos de Capacidade de Uso
3.1.1.1.2 Classe II
Grupo A – compreende as classes I, II, III e IV
de capacidade de uso, que podem ser utilizadas com Compreende terras boas, que podem ser
culturas anuais, perenes, pastagens, reflorestamentos cultivadas mediante práticas especiais de
ou proteção da vida silvestre. conservação. Admite as subclasses:
Grupo B – compreende as classes V, VI e VII, • IIe – terras situadas em relevo suave
adaptadas para pastagem e/ou reflorestamento e/ou ondulado;
proteção e manejo da vida silvestre, que podem ser • IIs – terras com ligeira limitação pela
utilizadas com culturas especiais protetoras de solos capacidade de retenção d’água, caráter
e de encostas. distrófico, baixa CTC;
Grupo C – compreende a classe VIII, imprópria • IIa – terras com algum excesso d’água e com
para cultivos, pastagens ou reflorestamento e pequena probabilidade de salinização;
indicada para preservação e conservação da • IIc – terras situadas em relevo plano ou suave
natureza, recreação, armazenamento de água e ondulado, com ligeiras limitações climáticas.
manejo sustentado da flora e fauna silvestres. Na área em estudo, somente as unidades PAd1 e
PEe1 têm as propriedades para integrar essa classe.
3.1.1.1 Classes e Subclasses de Capacidade de Uso
3.1.1.1.3 Classe III
Representam terras com o mesmo grau de
limitação e uso ou de riscos de degradação. Em Compreende terras que, se cultivadas sem os
número de oito (I a VIII), com a intensidade de uso necessários cuidados, podem sofrer degradação
decrescendo do primeiro ao oitavo algarismo rápida e requerer medidas complexas de
romano. conservação para produção de culturas anuais
A caracterização procura considerar a climaticamente adaptadas. As subclasses dividem-se
complexidade maior ou menor das práticas em:
conservacionistas, ou seja, o conjunto de medidas • IIIe – terras situadas em relevo suave
que devem ser utilizadas para controlar a erosão e ondulado e/ou ondulado, com riscos de erosão
melhorar as condições de produtividade das terras. sob cultivos intensivos ou constituídas por
Entre as primeiras estão o plantio direto, plantio em solos muito erodíveis;

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• IIIs – terras com fertilidade muito baixa, solos 3.1.1.1.6 Classe VI
álicos, podendo ser limitadas por
profundidade, drenagem ou devido à presença Constituem essa classe terras impróprias para
de pedregosidade superficial; culturas anuais, porém, aptas a culturas permanentes
• IIIa – terras praticamente planas, com riscos como pastagens, reflorestamentos ou seringueiras e
acentuados de inundações; cacau. Para seu uso, faz-se necessário levar em conta
• IIIc – terras com moderadas limitações que são solos suscetíveis à erosão e, por isso, devem
climáticas. ser observados os processos de proteção e
Foram incluídos nessa classe os solos de conservação mais indicados para cada caso.
tabuleiro das unidades LAd1, PAa1 a PAa6, PAad6 Compreende as seguintes subclasses:
a PAad10 e PAd2 a PAd4, todos situados em relevo • VIe – terras que, mesmo sob culturas
plano e suave ondulado. protetoras do solo, são moderadamente
suscetíveis à erosão, em declives acentuados e
3.1.1.1.4 Classe IV relevo forte ondulado ou ondulado;
• VIs – solos rasos ou com forte pedregosidade
Terras cujas limitações permanentes são ou, ainda, muito arenosos em locais planos;
muito severas, se utilizadas com culturas • VIa – solos com lençol freático muito
anuais. Os solos não são adequados a cultivos elevado, com pequenas chances de drenagem
intensivos e podem, também, apresentar sérios artificial;
obstáculos à motomecanização. Compreende as • VIc – terras com limitações climáticas
subclasses: severas.
• IVe – terras limitadas por risco severo de Na área mapeada, foram incluídas na classe VI as
erosão, com declividade entre 10 e 15%; unidades de mapeamento PAad1, PAad5 e PVad1.
• IVs – terras com limitações de profundidade
e/ou com pedregosidade entre 30 e 50%, com 3.1.1.1.7 Classe VII
baixa retenção d’água e problemas de
fertilidade natural; Terras que possuem severas limitações
• IVa – solos com riscos muito altos de permanentes para culturas anuais, inclusive aquelas
inundação; consideradas protetoras, pastagens e
• IVc – terras com limitações climáticas reflorestamentos. São necessários processos
ocasionadas por secas ou riscos de geadas. conservacionistas intensos para prevenir erosão,
Na área de estudo, os solos não foram incluídos mesmo para reflorestamento. As subclasses
na classe IV, especialmente porque os relevos, admitidas são:
quando há risco severo de erosão, são mais íngremes • VIIe – terras com declividade muito
do que 15%. acentuada, maior que 40%, muito suscetíveis
à erosão;
3.1.1.1.5 Classe V • VIIs – terras com pedregosidade em excesso,
mais de 50% de cobertura do terreno, com
São terras praticamente planas, não adaptadas associações rochosas ou com solos rasos e
para culturas anuais comuns em razão de baixa capacidade de retenção d’água;
impedimentos como encharcamento e risco • VIIc – terras com limitações climáticas
freqüente de inundação. O solo apresenta poucas severas, situadas em climas semi-áridos.
limitações para pastagens, silvicultura ou para a Foram incluídas na classe VII, com distintas
cultura, por exemplo, do arroz. As subclasses são: unidades de uso, as unidades de mapeamento de
• Vs – terras com drenagem interna muito solos PAad2 a PAad4, PAad11, PVa1, PVad2 a
rápida ou pequena profundidade efetiva, ou PVad4, PVd2 e PVd3, PEed1, PEed2, HP1 a HP4,
rochosidade e pedregosidade intensas; AM1 e AM2, sempre considerando as características
• Va – terras planas não sujeitas à erosão, do primeiro componente.
limitadas pelo excesso d’água e/ou risco
freqüente de inundação; 3.1.1.1.8 Classe VIII
• Vc – terras planas, com limitações climáticas
muito sérias, devido a períodos secos Nessa classe são incluídas as terras impróprias
prolongados. para cultivo, inclusive as de florestas comerciais ou
Foram classificados como Va, com subunidades, para produção econômica de qualquer forma de
os Solos Aluviais das unidades de mapeamento vegetação. São indicadas, apenas, para proteção do
ALe1, ALae3 e ALae4. meio ambiente e/ou da flora e fauna, preservação

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permanente, recreação, turismo e para represamento qualquer uma das unidades de uso. Foi excluída a
d’água. subclasse “c”, referente a clima, pois, embora na
Podem ser terras encharcadas ou extremamente área de estudo, considerando o litoral e o interior,
declivosas, mangues ou terras extremamente haja variações climáticas, principalmente relativas à
pedregosas. pluviosidade e temperatura, quanto à capacidade de
As subclasses admitidas são: uso não devem ser estabelecidas subclasses e
• VIIIe – terras com declives extremamente unidades na escala 1:100.000.
acentuados, com riscos muito altos de erosão,
inclusive eólica. São áreas com 3.2 Descrição das Unidades de Mapeamento
voçorocamento ou de dunas costeiras;
• VIIIs – terras muito pedregosas e/ou com Para simplificação, preferiu-se descrever, em
solos muito rasos, que impedem o uso com alguns casos, as unidades de mapeamento por
florestas artificiais; grupos, englobando classes com diferenças nas
• VIIIa – áreas encharcadas, pântanos ou com subclasses e unidades.
solos tiomórficos; Unidades Ie1 e Ie1,5,s3 – A primeira refere-se à
• VIIIc – terras com limitações climáticas muito unidade de mapeamento de solos PAd1, constituída
severas, situadas em regiões semi-áridas. por Podzólico Amarelo, ocupando vertentes do rio
Na área mapeada, foram incluídas na classe VIII as dos Frades. Originalmente distrófico, contém
unidades de mapeamento PVad5, SM1, SM2, Rda1 e importantes resíduos de calagem e adubação e se
parte da unidade ALda5, sempre considerando-se o situa em relevo suave ondulado, com impedimento
primeiro componente da associação. apenas pela declividade e, mesmo assim, ligeiro. A
segunda caracteriza o principal componente da unidade
3.1.1.2 Unidades de Capacidade de Uso de mapeamento PEe1, o Podzólico Vermelho-Escuro
eutrófico, em relevo suave ondulado, no vale do rio
As unidades de capacidade de uso representam Buranhém. Trata-se de solos com boas possibilidades de
grupamentos de terras com riscos, limitações e, de produtividade, desde que manejados corretamente. Têm
certa forma, manejo agrícola também semelhantes. suscetibilidade à erosão por serem abrúpticos.
No Quadro 3.1 são apresentadas as unidades Situam-se em posição privilegiada devido à oferta de
utilizadas para classificação da capacidade de uso recursos hídricos e à possibilidade de escoamento de
das terras, por subclasse. Em princípio, cada classe, produção, pois há uma via importante de acesso à
à exceção das unidades I e II, pode comportar região.

Classe Subclasse Unidade de Capacidade de Uso

e1 – relevo plano e/ou suave ondulado; nula a ligeira


suscetibilidade à erosão
e2 – relevo suave ondulado e/ou ondulado; ligeira a moderada
I suscetibilidade à erosão
e e3 – relevo ondulado e/ou forte ondulado; moderada a forte
II suscetibilidade à erosão
e4 – relevo montanhoso e/ou forte ondulado/montanhoso; forte
III suscetibilidade à erosão.
e 5 – horizonte A arenoso e/ou solos abrúpticos
IV
s1 – pouca profundidade
V s2 – textura arenosa
s s3 – pedregosidade, rochosidade, solos cascalhentos
VI s4 – baixa fertilidade natural
s6 – solos tiomórficos ácidos
VII s8 – presença de camadas impeditivas

VIII a a1 – lençol freático elevado


a2 – riscos de inundação

Quadro 3.1 – Classes e subclasses de capacidade de uso.

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Unidade IIIe1s4 – Compreende solos de endurecido, constituindo uma camada impeditiva à
tabuleiros com relevo plano e dominância de percolação d’água, à penetração de raízes e,
Latossolo Amarelo Podzólico, distrófico com textura dependendo da profundidade de sua ocorrência, aos
argilosa, LAd1 no mapa de Reconhecimento de tratos culturais.
Solos; Podzólicos Amarelos das unidades de Ocupam extensas áreas nos interflúvios tabulares
mapeamento PAa2, ao sul da BR-101, em situados entre os rios João de Tiba e Buranhém e
interflúvios tabulares de afluentes do rio Caraíva, e entre esse último e o rio dos Frades.
PAa5 na região de Barrolândia, de texturas Além dessa característica, a textura arenosa dos
média/argilosa e arenosa/média/argilosa, ambos Podzóis não os recomenda ao uso agrícola, por isso,
álicos. A fertilidade natural (s4) é baixa e a em nível de propriedade, essas áreas arenosas devem
suscetibilidade à erosão, nula a ligeira. São ser diferenciadas das demais, quando se planejarem
utilizados com fruticultura e reflorestamento com plantios e uso agrícola.
eucaliptos, pastagens e culturas de subsistência. Os solos dessa classe de capacidade de uso são
Um sistema de manejo e conservação de solos intensamente usados com plantios de eucalipto,
com tecnologia apropriada pode tornar esses solos fruticultura e agricultura de subsistência, além de
produtivos, melhorando sua fertilidade natural, pastagens plantadas. No caso de plantio de essências
agregando matéria orgânica e mantendo suas florestais, cujas raízes atingem horizontes profundos,
condições físicas. deve ser feita subsolagem, para romper a camada
Unidade IIIe1,5,s4 – Compreende, impeditiva dos Podzóis.
principalmente, Podzólicos Amarelos situados em Unidade IIIe1,5,s4/8 – Compreende as unidades
relevo plano (e1), com marcante gradiente textural de mapeamento PAd2, PAa6, PAad10 e PAd3, todas
entre os horizontes A e B, portanto, abrúpticos (5), representando solos situados em relevos plano e
álicos e distróficos, com baixa fertilidade natural suave ondulado (e1), com marcante gradiente
(s4). Ocupam pequenos platôs ao norte do Parque textural entre os horizontes A e B, portanto,
Nacional do Monte Pascoal, PAa1 no mapa de abrúpticos. Um dos componentes subdominantes na
Reconhecimento de Solos, e extensas áreas da associação de solos contém camada impeditiva. Nas
unidade de mapeamento de solos PAad6, nos duas primeiras, trata-se de Podzol e valem as
interflúvios tabulares dos rios Pedra Branca e João recomendações já feitas para a classe anterior de
de Tiba e seus afluentes, onde são usados com capacidade de uso. Nas duas últimas, trata-se de
plantio de eucaliptos e fruticultura. Na região da Podzólico Amarelo com fragipã, camada impeditiva
fazenda Batalha, são terras ocupadas por definida no capítulo Levantamento de
significativo plantio de seringueiras em produção, Reconhecimento de Solos. Para conseguir plantar
unidade de mapeamento de solos PAa3. eucalipto com sucesso, a Veracel Celulose S.A.
Correspondem, também, à unidade de chegou a desenvolver um subsolador especial, para
mapeamento de solos PAad7, que ocupa expressiva atingir profundidades superiores a 80cm e quebrar o
região de platôs de relevo plano entre o rio Caraíva e fragipã, utilizando tratores de alta potência em área
o córrego Jambeiro, onde são utilizados com ao norte de Ponto Central, unidade de mapeamento
fruticultura, reflorestamento, pastagens e agricultura PAd3.
de subsistência. No Parque Nacional do Monte O fragipã, descontínuo na paisagem, ocorre ora
Pascoal, são destinados à preservação permanente. em forma de lamelas sobrepostas e espessas, ora
À exceção da área do parque, são solos como um horizonte compacto, também espesso, que
agricultáveis, necessitam de redução de acidez pela só se fragmenta com extrema dificuldade a seco.
calagem e de aporte de nutrientes através de Trata-se, verdadeiramente, de exemplo de utilização
adubação completa. Têm como limitação principal a de solos dessa categoria, envolvendo custos
presença de um horizonte A arenoso sobre B apreciáveis no preparo do terreno para plantio.
argiloso, o que influencia diretamente a percolação Unidade Va2 – Compreende Solos Aluviais
d’água, a lixiviação de íons e da matéria orgânica, a eutróficos, da unidade de mapeamento ALe1, com
penetração de raízes e os tratos culturais. Os planos textura média, situados nas várzeas do rio Santo
de manejo devem sempre levar em conta essa Antônio e alto curso do rio João de Tiba. Na planície
característica, para o sucesso de qualquer aluvial do rio Buranhém, associam-se com Aluviais
empreendimento agrossilvipastoril. gleicos álicos, da unidade de mapeamento ALae4,
Unidade IIIe1,s4/8 – Compreende as unidades utilizados com pastagens e, em locais mais drenados,
de mapeamento PAad 9, PAa4, PAad8 e PAd4, com cacau. Por definição, foram incluídos na classe
álicos e distróficos, com baixa fertilidade natural V, com limitações devidas ao excesso d’água e risco
(s4) ocupando áreas de relevos plano e suave de inundações. Por serem solos com boa reserva de
ondulado (e1). Um dos componentes da associação, nutrientes, podem se tornar produtivos, mediante
Podzol, tem um horizonte Bsh, “ortstein” drenagem eficiente e controle das enchentes.

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Unidades Va2s2 e Va2s4 – Solos Aluviais com e à textura mais arenosa no horizonte superficial,
textura arenosa e indiscriminada. Situam-se em áreas permitindo a ação rápida dos processos erosivos.
alagadas durante a maior parte do ano. Foram Em que pesem as restrições, localiza-se um
incluídos na primeira unidade solos álicos e assentamento de agricultores em área de solos
eutróficos com textura média e arenosa da unidade distróficos e eutróficos, em relevo forte ondulado.
de mapeamento ALae3, principalmente nos cursos Sem muita preocupação com a conservação, os
médio e baixo do rio João de Tiba. À segunda agricultores vivem de plantios para sua subsistência
unidade de capacidade de uso correspondem solos e algum lucro com venda da produção,
distróficos e álicos, com baixa fertilidade natural principalmente de feijão, farinha de mandioca e
(s4) e textura indiscriminada. Situam-se nas milho, na localidade denominada Pedra Mole, à
planícies aluviais dos rios Caraíva e Corumbau e de esquerda da estrada para o monte Pascoal. É uma
seus afluentes. Como os demais situados em vales comunidade que necessita de assistência técnica,
semelhantes, os solos dessa classe têm limitações principalmente, no sentido de evitar a degradação do
por excesso d’água e riscos de inundação. solo e melhorar os processos de manejo em áreas
Unidade Va2s4/8 – A área mapeada nessa com forte declividade, solos erodíveis e elevado
unidade situa-se ao norte de Santa Cruz Cabrália, índice de precipitações pluviométricas.
associação de solos ALa2, com as mesmas Unidade VIIe3s1,3 – Unidade de solos situados
limitações dos demais Aluviais por excesso d’água. em colinas com relevo ondulado (e3), pouco
A fertilidade natural é muito baixa (s4), pois são profundos (s1) e cascalhentos (s3). Não têm
álicos. Na associação, um dos componentes é Podzol expressão para agricultura ou silvicultura.
com “ortstein”, camada impeditiva no nível do Correspondem à unidade de mapeamento de solos
lençol freático. Trata-se de área litorânea, cujo PVd1.
destino deverá ser a urbanização ou obras para fins Unidade VIIe3s4 – Foram incluídos nessa
de lazer. As características desses solos – textura unidade solos álicos e distróficos, situados em relevo
média, presença de horizonte endurecido ondulado e forte ondulado, em áreas de cabeceiras
subsuperficial, camadas gleizadas em subsuperfície, de drenagem e altos cursos de afluentes dos
lençol freático elevado – interferem diretamente nos principais rios da região dos tabuleiros. São
procedimentos de engenharia para construções. Podzólicos Amarelos Latossólicos e Não
Unidade VIe3s4 – Engloba três unidades de Latossólicos, suscetíveis à erosão por suas
mapeamento de solos: PAad1, PVad1 e PAad5, características internas e, principalmente, pela forte
todas representando solos em relevo ondulado (e3) e declividade das encostas onde se situam. São
com baixa fertilidade natural (s4). A primeira situa- válidas, aqui, as mesmas recomendações feitas para
se no domínio dos interflúvios tabulares, em solos situados em posição semelhante: por serem
cabeceiras de vales menos encaixados, com áreas de proteção de mananciais, deveriam ter sido
vertentes convexas e declives que impedem uma boa preservadas. Agora, devem ser manejadas com
mecanização. Esses solos precisam ser conservados, cuidado. A melhor recomendação é a recuperação de
por sua presença em área de proteção dos encostas e vales por meio de replantio de espécies
mananciais hídricos. nativas, se possível as de aproveitamento
Os solos das duas outras unidades situam-se, econômico.
também, em áreas de relevo ondulado e têm muito Unidade VIIe4s4 – Unidade das mais
baixa a baixa fertilidade natural. A textura com importantes do ponto de vista de extensão, presente
cascalho na classe PVad1 não constituiria, em nos principais vales dos rios Caraíva, dos Frades,
princípio, empecilho ao seu uso. Os solos são Buranhém, João de Tiba e Santo Antônio e seus
suscetíveis à erosão e ocupados com pastagem. As afluentes principais e secundários. A grande maioria
principais restrições são a baixa fertilidade natural e dos vales de rios menores, encaixados, distribuídos
a suscetibilidade natural à erosão dos Podzólicos em toda a área do mapeamento dos municípios de
Amarelos. Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, tem encostas
Unidade VIIe4 – Compreende solos das ocupadas por Podzólico Amarelo e Podzólico
unidades de mapeamento PEed1 e PEed2, em sua Vermelho-Amarelo, em relevo forte ondulado e
maioria eutróficos e, em menor proporção, montanhoso, identificados no mapa de
distróficos. Situam-se em elevações de forte Reconhecimento de Solos pelas unidades PAd11,
declividade entre a BR-101 e o Parque Nacional do PVad2, PVad4 e PVd2 e, no de Capacidade de Uso
Monte Pascoal e no alto curso do rio dos Frades. As das Terras, VIIe4s4.
principais restrições ao uso agrícola são A área mapeada é intensamente cortada por vales
condicionadas pelo relevo e pela suscetibilidade à no sentido geral oeste-leste. À exceção dos situados
erosão desses solos, essa última, característica em terras da Veracel Celulose S.A., cuja vegetação
interna, devida à estrutura em blocos do horizonte B natural foi recuperada, todos os demais estão em

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processo de erosão, que se inicia pelo pisoteio e O lençol freático situa-se no nível do horizonte
sulcamento provocado pelos animais. Caso não endurecido, fácil de ser identificado, porque dele
sejam tomadas medidas preventivas e de contenção escorre uma água escurecida pelos ácidos
eficientes, o voçorocamento será inevitável e a perda principalmente fúlvicos presentes na matéria
de solos irreversível. orgânica.
Essas áreas têm solos distróficos e álicos, por Os Podzóis mantêm uma vegetação natural
isso, com baixa fertilidade natural. Não devem ser campestre, com veloziáceas, orquídeas, gramíneas,
indicadas para agricultura e silvicultura. A proteção melastomatáceas e anonáceas; essas duas últimas e
das vertentes mais íngremes e pastagem cultivada outras podendo ter porte arbustivo, que muito se
nas mais suaves pode ser uma alternativa fácil e assemelha aos campos rupestres da Chapada
possível de ser introduzida. Diamantina e dos campos do norte de Roraima,
Unidade VIIe4s4/s – Unidade de grande sugerindo que são formações vegetais edáficas.
expressão em termos de extensão geográfica, Estão reconhecidos no mapa de Reconhecimento
delimitada no mapa de Reconhecimento de Solos de Solos pelas unidades HP1 e HP2 e não têm
com a letra-símbolo PVa1, isto é, Podzólico recomendação para uso agrossilvipastoril, mesmo
Amarelo, situado em relevo montanhoso (e4) e álico porque funcionam como reservatórios d’água que,
(s4) como dominante na associação. A notação “/s” devido à sua localização em topo de elevações, são
significa que um segundo componente tem verdadeiras nascentes.
fertilidade melhor. Trata-se de Podzólico Vermelho- As areias brancas, ou horizonte E eluvial, são
Escuro eutrófico, também em relevo montanhoso. extraídas para construção civil e para revestimento
Essas terras ocupam a parte do extremo oeste da de estradas em áreas de atoleiro. Na verdade, a
região, ao sul da BR-101, entre Eunápolis e Itabela, recomendação para esses solos é a preservação
e constituem um conjunto de colinas e montes com permanente e não a extração indiscriminada
declividades acentuadas ocupadas, praticamente em provocando cortes, poças d’água e cicatrizes
toda a sua extensão, por pastagens e alguns relictos ambientais irreversíveis.
florestais, de onde foram extraídas as madeiras mais Unidade VIIs2,8a1 – Unidade na qual
nobres. Também ocorrem, em menor proporção, predominam os Podzóis hidromórficos, de textura
perto das nascentes do rio Caraíva e de alguns de arenosa (s2), em áreas baixas, alagadiças (al), com
seus afluentes. horizonte Bsh endurecido (8), associados a Areias
Muito problemáticas em termos de manejo, essas Quartzosas Marinhas, Solos Aluviais e Solos
terras, sejam álicas ou eutróficas, não podem Orgânicos maldrenados. Situam-se no litoral, ao
continuar a ser exploradas da forma atual. Não se norte de Porto Seguro, correspondendo à unidade de
identifica nenhum manejo conservacionista, ao mapeamento de solos HP3, e, ao sul, em Caraíva,
contrário, onde a vegetação tende a se degenerar, e HP4. Essas áreas estão sendo ocupadas pela
junto às nascentes d’água, é cortada e queimada sem construção civil e não têm vocação para outros usos,
razão, contribuindo para acelerar ou iniciar a menos que fossem preservadas.
processos erosivos. A região é de fazendas de Unidade VIIe3s3,4 – Unidade representativa de
criação de gado de corte e o pisoteio de animais elevação com relevo forte ondulado (e3), solos
favorece a erosão em sulcos, que se aprofundam cascalhentos (s3) e de baixa fertilidade natural (s4),
com o passar do tempo. Um alerta urgente precisa sem indicação para uso em sua parte mais declivosa
ser dado para a conservação desses solos, sendo e no topo, onde se situa uma estação repetidora. As
válidas, aqui, todas as recomendações de manejo encostas menos íngremes, ao norte, são ocupadas
feitas anteriormente para áreas com forte com reflorestamento de eucaliptos e, as mais
declividade: plantio de essências florestais naturais íngremes, preservadas com vegetação natural.
em encostas íngremes, pastagens nas mais suaves Unidade VIIIe4s4 – Corresponde a áreas
em terço inferior de elevações e regeneração natural montanhosas (e4) no extremo sudoeste da área de
da floresta nativa. estudo, com solos álicos e distróficos (s4),
Unidade VIIs2,8 – Compreende solos arenosos, impróprios para cultivo devido ao declive acentuado
Podzóis ou espodossolos, com presença de e à presença, na associação, de solos pouco
“ortstein”, horizonte endurecido, subsuperficial, rico profundos e afloramentos de rochas. A classe VIII,
em sesquióxidos de alumínio e ferro, Bs, e/ou por definição, caracteriza terras para preservação
sesquióxidos mais matéria orgânica, Bsh. Essas permanente.
areias são conhecidas como “mussunungas” e se Unidade VIIIs1,3 – Compreende solos pouco
situam em topos de tabuleiros, ora contínuas por profundos (s1), com presença de afloramentos
quilômetros de extensão, como a oeste de Santo rochosos (s3). Indicados para preservação
André, ora associadas com Podzólicos Amarelos de permanente, mesmo porque situam-se em parque
textura argilosa e muito argilosa. nacional.

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Unidade VIIIa – São áreas de mangues situados 200.000km2 de extensão no país, com ênfase para a
no litoral, na foz dos principais rios, Santo Antônio, área litorânea, do Rio Grande do Norte ao Rio de
João de Tiba, dos Frades, Buranhém, Caraíva e Janeiro, com extensão no vale do rio Paraíba, em
Corumbau, compreendendo as unidades de São Paulo. Situam-se em posição geográfica
mapeamento de solos SM1 e SM2. Essa última privilegiada em relação às vias de acesso e
localiza-se no extremo norte do município de Porto comunicação e aos centros consumidores.
Seguro, constituindo associação com Podzóis e Utilizados praticamente e durante centenas de
Aluviais. Por definição, os manguezais são incluídos anos só com cana-de-açúcar, atualmente há
na classe VIIIa e se destinam à preservação tendência de diversificação de culturas,
permanente pelas leis ambientais. principalmente, fruticultura e, em particular, a
Unidade VIIIes2 – Também áreas para cultura do mamoeiro.
preservação, constituídas por dunas, areias marinhas A introdução de essências florestais, tendo em
e praias. Por definição, a subclasse VIIIe destina-se vista a produção de celulose, ocupou os tabuleiros
a identificar áreas de dunas costeiras. A notação de com verdadeiras florestas de eucalipto.
unidade, s2, permite identificar melhor essas áreas, Na área mapeada, com cerca de 4.000km2 de
também, através da textura. extensão, a Floresta Ombrófila devastada deu lugar
Associação VIIIa2s6 + Va2s4,8 – Corresponde às pastagens, que ocupam não só os tabuleiros, mas
aos principais solos mapeados na planície aluvial do também as encostas, por mais íngremes que sejam.
rio dos Frades. Por definição, as áreas alagadas (a2) O Parque Nacional do Monte Pascoal, a Estação
com solos tiomórficos (s6) são incluídas na classe Ecológica Pau-Brasil e a Estação Vera Cruz são,
VIII, devido à sua difícil recuperação. Esses solos atualmente, os únicos representantes da floresta
têm pH muito ácido, da ordem de 3 a 3,5, com nativa, os dois primeiros sofrendo degradação pela
mosqueados de jarosita, que se forma após retirada constante de madeira.
drenagem, pela precipitação de sulfato de ferro, de Os problemas referentes a solos já foram
cor alaranjada e amarela, caracterizando um comentados nos capítulos anteriores, na descrição
horizonte sulfúrico. A área drenada é utilizada com das unidades de mapeamento. Nos tabuleiros, os
criação de búfalos em pastagem adaptada. solos são sempre de baixa fertilidade natural,
Na mesma várzea, mais ao norte, estão presentes necessitando de aporte de cálcio pela calagem e
Solos Aluviais, incluídos na classe V de capacidade demais nutrientes através de uma adubação completa
de uso das terras, alagados (a2), álicos e distróficos e eficaz. Alguns solos são abrúpticos, com horizonte
(s4), com horizonte subsuperficial endurecido, superficial arenoso e subsuperficial argiloso ou
provavelmente um duripan pela dificuldade com que muito argiloso, precisando de incorporação de
se quebra. Trata-se de camada impeditiva, no nível matéria orgânica para melhoramento da estrutura do
do lençol freático que, no entanto, pela sua horizonte A.
profundidade, permite o desenvolvimento da Embora a pluviosidade mensal seja elevada no
pastagem natural e mesmo plantada, com cuidados litoral, há uma diminuição de 300mm de chuva entre
especiais. Porto Seguro, com médias anuais de 1.600mm, e
Os usos dos principais solos componentes da Eunápolis, com 1.300mm. Segundo Aouad (1998),
associação são compatíveis com as suas limitações. há deficiência hídrica em Porto Seguro, de 2½
AR – Afloramentos de Rocha. Sem uso ou meses, para capacidades de campo de 125 e 50mm, e
recomendação agrossilvipastoril. Foi conservada a de 7 meses em Guaratinga, para as mesmas
notação utilizada no mapa de Reconhecimento de capacidades de campo. Isso significa que, em
Solos no mapa de Capacidade de Uso das Terras. direção ao oeste, há cada vez mais necessidade
O Quadro 3.2 apresenta a distribuição das d’água para as plantas. Hoje, a irrigação de
subclasses, classes e unidades de capacidade de uso frutícolas por aspersão é um fato, verificado mesmo
das terras do projeto. nos meses normalmente bem servidos por
precipitações pluviométricas.
3.3 Conclusões e Recomendações As conclusões são muito claras. Existem
períodos secos, agravados pelas estiagens cada vez
Os mapas de Reconhecimento de Solos e de mais freqüentes devidas, em parte, à devastação da
Capacidade de Uso das Terras mostram, na região floresta nos vales e nascentes, onde os córregos e
dos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz riachos permanecem secos na maior parte do ano.
Cabrália, uma série de tabuleiros ou interflúvios Nos vales onde a vegetação foi recuperada, por
tabulares, cortados no sentido aproximado oeste- exemplo, em terras da Veracel Celulose S.A.,
leste por vales em “V” fechado e de fundo plano. observa-se grande quantidade de água corrente.
A importância dos solos de tabuleiros é Desde 1950, quando foram mapeados pela
inquestionável. Estima-se que ocupem cerca de primeira vez em Campos dos Goytacazes, no estado

60
Santa Cruz
Classe, Subclasse, Porto Seguro
Descrição Cabrália
Unidade de Uso
Km2 % Km2 %
Solos produtivos situados em relevo 3,6 0,16
II e1 suave ondulado (e1), com ligeiro risco
de erosão
Solos produtivos, de boa fertilidade 21,0 0,82
II e1, 5, s3 natural, situados em relevo suave
ondulado (e1), com ligeiras ligeiras
limitações devido a texturas
cascalhentas no horizonte A (s3) e ao
caráter abrupto (5).
Solos situados em relevo plano e 114,8 4,85 125,0 8,08
suave ondulado (e1) com baixa
fertilidade natural (s4), nula a ligeira
III e1 s4 suscetibilidade à erosão. Em parte, são
ocupados com plantio de eucaliptos e
fruticultura. Os solos são aptos a usos
múltiplos desde que sejam adotadas
medidas intensas de conservação.
Solos situados em relevo plano e 222,5 8,41 579,35 37,46
suave ondulado (el), com baixa
fertilidade natural (s4). Na unidade
III el, s4 /8 mapeada, existem solos na mesma
condição de relevo que contém
camadas impeditivas ao uso e à
percolação d’água como o horizonte
espódico Bsh (/8)
Solos situados em relevo plano (e1), 405,0 17,34 138,2 8,94
III e1,5 s4 com horizonte A arenoso e marcante
gradiente textural entre este e o B.
Abruptos (e5) e com baixa fertilidade
natural (s4), são usados com
reflorestamentos e fruticultura.
Solos com as mesmas características 361,8 15,48 24,9 1,61
III el,5 s4 /8 da classe acima. Na mesma condição
de relevo, solo subdominante na
associação mapeada, tem limitação ao
uso por conter fragipã ou horizonte
espódico (/8).
Solos Aluviais predominantemente 59,6 2,48 34,8 2,25
Va2 eutróficos, com limitações por excesso
d’água e suscetibilidade à inundações.
Podem se tornar produtivos mediante
práticas de drenagem e de controle de
cheias.
Solos Aluviais com textura arenosa. 50,2 2,07 28,2 1,82
Va2 s2 Quando eutróficos, têm boas
características de fertilidade natural.
Situam-se em vales alagáveis ou
alagados na maior parte do ano. Suas
principais limitações são o excesso
d’água e os riscos de inundação.

61
Continuação
Solos Aluviais com textura 5,4 0,23
Va2 s4 indiscriminada. Situam-se em áreas
com riscos frequentes de inundação
(a2) e com lençol freático elevado.
Têm seu uso limitado, também, pela
baixa fertilidade natural (s4)
Solos de baixadas alagadiças, com textura 7,6 0,49
Va2 s4 /8 média, não recomendados para uso
agrossilvipastoril. Componentes da
associação mapeada, têm camada
impeditiva (horizonte espódico), que
influi diretamente na manutenção de
lençol freático elevado.
Solos suscetíveis à erosão, situados 40,8 1,67 52,6 3,40
VI e3 s4 em cabeceiras de vales, em relevo
ondulado (e3), com baixa fertilidade
natural (s4). Recomendados para
reposição de vegetação com espécies
nativas, com manejo adequado para
áreas com declives acentuados.
Solos com boa fertilidade natural quando 37,3 1,52
eutróficos, com fortes limitações pelo
relevo forte ondulado e montanhoso (e4).
VII e4 São suscetíveis à erosão e, embora sejam
utilizados com agricultura de subsistência
e pastagens, só poderão ser utilizados com
êxito mediante manejo e conservação
adequados.
Elevações e/ou colinas, situadas em 1,5 0,07 4,5 0,29
VIIe3,s1,3 relevo ondulado (e3),com solos
cascalhentos(s3) e pouco profundos (s1),
não recomendados para uso agrícola.
Solos situados em cabeceiras de vales 142,2 6,03 142,8 9,23
VII e3 s4 em relevo ondulado e forte ondulado
(e3), com baixa fertilidade natural
(s4). Muito suscetíveis à erosão, são
recomendados apenas para proteção
de encostas com vegetação nativa,
mediante processos de desenvolvi-
mento florestal sustentável.
Solos situados em vales com relevos 505,6 21,65 220,75 14,27
VII e4 s4 forte ondulado e montanhoso (e4),
com baixa fertilidade natural (s4). Por
serem extremamente erodíveis são
indicados para recuperação de
encostas com vegetação nativa.
Solos situados em relevo montanhoso 202,0 8,61
VII e4 s4 /s (e4), com baixa fertilidade natural
(s4). Na associação mapeada, há solos
com alta fertilidade natural, porém,
com impedimento ao uso devido à
suscetibilidade à erosão. Situam-se em
áreas extremamente erodíveis e são
recomendados para recuperação,
preservação e, quando possível,
desenvolvimento florestal sustentável
com espécies nativas.

62
Continuação
Continuação
Solos arenosos, Podzóis 88,0 3,70 130,9 8,46
VIIs2,8
VII s2, 8 (espodossolos), localmente
denominados “mussunungas”. O
horizonte Bs ou Bhs de acumulação de
sesquióxidos e matéria orgânica, é
camada impeditiva à percolação
d’água e penetração de raízes. Não são
recomendados para para agricultura.
agricultura. Pelas
Pela
sua posição, nas partes
partes altas
altas dodo relevo,
relevo
são, praticamente, aqüíferos
aquíferos
superficiais, razão pela qual devem ser
preservados.
Solos com textura arenosa (s2) e 18,2 0,70 14,8 0,96
VII
VIIs2,8al
s2, 8 al horizonte Bhs ou Bs, situados no
litoral, em áreas alagáveis ou com
lençol freático elevado. Estão sendo
ocupados pelas construções urbanas
ou de lazer, na orla marítima ao norte
de Porto Seguro.
Solos situados em relevo forte 27,4 1,77
VII
VIIe3s3,4
e3 s3,4 ondulado (e3),
(e3), muito
muito suscetíveis
suscetíveis à
erosão, cascalhentos (s3) e com baixa
fertilidade natural (s4). Não
recomendáveis para uso
agrossilvipastoril.
Solos impróprios para cultivos e/ou 1,5 0,07
VIII
VIIIe4s4
e4 s4 reflorestamentos devido ao relevo
montanhoso (e4), baixa fertilidade
natural (s4) e presença de solos
litólicos e Afloramentos de Rocha
associados.
Solos pouco
pouco profundos
profundos (s1),
(s1),Litólicos
Litólicos 18,35 0,57
VIII
VIIIs1,3
s1, 3 associados a Afloramentos de Rocha
(s3). Não indicados para uso
agrossilvipastoril.
Manguezais. Áreas de preservação 16,8 0,64 7,6 0,49
VIII
VIIIaa permanente.
Areias marinhas, dunas e praias. Áreas 23,5 0,93 7,3 0,47
VIII
VIIIes2
e s2 de preservação permanente.
Solos Aluviais
Aluviais Tiomórficos
tiomórficos (s6), 48,7 2,01
VIIIa2s6+
VIII a2 s6+ V a2, extremamente ácidos, situados em
Va2,s4,8
s4, 8 planícies inundáveis e alto lençol
freático (a2), utilizados
uilizados com pastagem
adaptada e bubalinocultura. Estão
associados com solos, também
inundáveis, de baixa fertilidade natural
(s4) e camadas impeditivas a cerca de
llm
mdedeprofundidade
profundidade(s8).
(s8).
AR Afloramentos
Afloramentosde deRocha.
Rocha
AR

Quadro 3.2 – Distribuição das classes, subclasses e unidades de uso

63
do Rio de Janeiro, foi registrada a coesão • Avaliar o comportamento de culturas perenes,
subsuperficial dos solos de tabuleiro e, a partir de contemplando sistemas agrossilvipastoris.
então, a atenção dos pesquisadores volta-se para o • Intensificar pesquisas de plantio direto e
seu manejo. cultivo mínimo.
Em 1996, reuniram-se em Cruz das Almas, • Associar o sistema de manejo a ser adotado à
Bahia, pesquisadores brasileiros em ciência do solo, sustentabilidade e à manutenção da
para discussão dos temas: distribuição geográfica, biodiversidade, levantando-se o percentual de
gênese, evolução, degradação e uso e manejo, cuja áreas ainda com floresta nativa.
síntese se encontra editada no volume Reunião • Estabelecer metodologias de correção da
Técnica sobre os Solos Coesos dos Tabuleiros acidez em sistemas conservacionistas.
Costeiros (Embrapa, 1996). • Desenvolver estudos sobre equipamentos
Seguem algumas recomendações, consideradas simples de preparo do solo.
importantes para elaboração de trabalhos futuros, em • Estudar sistemas de manejo para avaliar as
maior detalhe, da região em questão. interações entre implementos agrícolas,
a) Distribuição Geográfica, Características, rotação e sucessão de culturas.
Classificação • Estudar métodos de subsolagem.
• Executar os levantamentos em um nível de • Selecionar espécies para cobertura e
detalhamento que permita distinguir melhor as recuperação dos solos de tabuleiros.
unidades de solo que ocorrem nos tabuleiros,
• Estabelecer uma maior interação entre a
utilizando, para tanto, levantamentos
pesquisa sobre o manejo dos tabuleiros
pedológicos pormenorizados, em escala maior
costeiros e as comunidades de produtores,
ou igual a 1:100.000, não sendo recomendado
possibilitando um maior acesso dessas
o uso de escala igual ou menor que
comunidades às opções de manejo a serem
1:1.000.000.
adotadas no sistema produtivo, com
• Desenvolver uma classificação utilitária que
estabelecimento de parcerias.
inclua indicadores de capacidade de uso das
• Avaliar a relação custo/benefício das práticas
terras, visando a facilitar o entendimento dos
de manejo geradas.
usuários sobre as suas potencialidades e
• Adaptar a prática de manejo à realidade do
limitações.
agricultor, considerando a sua descapi
talização e dificuldades de acesso ao crédito.
b) Gênese, Evolução e Degradação de Solos
Estudando os efeitos da subsolagem em um
latossolo de tabuleiro, Santos (1993) concluiu que
• Desenvolver estudos visando a delimitar a
essa técnica não provocou mudanças acentuadas nas
ocorrência dos sedimentos tércio-quaternários
classes texturais dos horizontes atingidos e
para melhor definir os solos sobre esses
recomenda que sejam usadas plantas que possuam
sedimentos.
um sistema radicular agressivo com capacidade para
• Estabelecer parâmetros edáficos e econômicos
penetrar na camada coesa.
para avaliação do grau de degradação desses Sampaio (1995), estudando o comportamento de
solos, mantendo um monitoramento plantas indicadoras dos efeitos de subsolagem
sistemático de sua degradação. mecânica e biológica, concluiu que a cultura do
• Identificar os principais processos de milho é sensível ao adensamento do solo e, a do
degradação dos solos sob diferentes sistemas feijão-caupi, indiferente. Essa leguminosa pode ser
de manejo. utilizada tanto para o consumo humano quanto para
• Estudar a distribuição do sistema radicular das melhoria do adensamento do solo, constituindo uma
culturas como indicador do grau de coesão. boa alternativa de uso para os solos em questão.
• Uniformizar as metodologias de coleta de Os solos mapeados na área dos municípios de
dados, aproveitando estudos já existentes e Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália são adensados
também desenvolvendo estudos a longo logo abaixo dos horizontes superficiais e, mesmo
prazo. sob floresta nativa, nota-se uma certa coesão
subsuperficial. É claro que a retirada da vegetação e
c) Uso e Manejo dos Solos Coesos substituição por pastagens, a ação do pisoteio, das
chuvas e do sol terminam por ressecar os solos
• Produzir mudas considerando as limitações superficialmente, formando camadas mais
desses solos. compactadas.
• Intensificar estudos com plantas adaptadas a A presença de fragipã em algumas unidades de
sistemas conservacionistas de produção. solo, ainda que de componentes de segunda ordem,

64
subdominantes, é mais um problema para o usuário, contribuem para a degradação ambiental é a do fogo
que é obrigado a investir em subsoladores e sistemático em capoeiras, como medida para
máquinas pesadas para romper a barreira impeditiva. transformá-las em pastagens.
A presença de Podzóis associados a Podzólicos Observando-se os mapas de Reconhecimento de
Amarelos, não separados em função da escala, Solos e de Capacidade de Uso das Terras, bem como
também é problemática devido a um horizonte o de Suscetibilidade à Erosão, produzidos para fins
impeditivo subsuperficial, definido no subitem 3.2 de planejamento territorial, tem-se uma idéia da
Descrição das Unidades de Mapeamento. No mapa quantidade de vales e encostas que cortam os
de Capacidade de Uso das Terras, essas unidades são tabuleiros e de sua importância para um manejo
identificadas pela notação /8. global, visando a recuperá-los da situação em que se
É, sobretudo, a falta de conhecimento de manejo encontram. À exceção daqueles conservados pela
adequado um dos principais problemas de ação da Veracel Celulose S.A., praticamente em
conservação dos solos, principalmente aqueles nenhum vale nota-se alguma obra destinada a evitar
situados em áreas com declives acentuados. os resultados nocivos da erosão. Ao contrário, pela
São necessários programas de orientação para falta da vegetação, há falta d’água e, para construção
agricultores e fazendeiros, sobre a melhor maneira de barragens de terra, abrem-se áreas de empréstimo
de evitar a degradação de suas terras, com retorno de material para aterro, no sentido do maior declive
econômico. Bastaria popularizar o que já vem sendo das encostas, em ambos os lados. O resultado é mais
feito por empresas particulares, dando ao homem do erosão e assoreamento do próprio açude.
campo as condições para que evite utilizar, como A conscientização de agricultores e fazendeiros
tem feito, as encostas mais íngremes para pastagem é imprescindível, principalmente, de criadores.
e pisoteio de animais, deixando os relictos de Esses últimos costumam ter sua atenção voltada
florestas e capoeiras intactos para poder usufruir de para o gado e a pastagem, raramente ao solo e à
sua madeira no futuro. Uma das práticas que mais erosão.

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