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Mauro Augusto Demarzo e Aline Lopes Gonçalves Porto Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP), Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Departamento de Estruturas, Campinas,
SP. e-mail: demarzo@fec.unicamp.br e alineporto@hotmail.com
Abstract: At this moment, civil construction industry is one among the major natural
resource consumers and consequently large pollution producer (residues and emission of
CO2). This paper takes aim to establish sustainability indicators to reforestation wood use in
civil construction by basing in the LCA Method (Life Cycle Analysis) that evaluates differently
aspects at each stage of the process: forest; processing; prefabrication of components;
assembly; use and maintenance. One establishes comparison among some constructive
systems that use other materials.
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Revista Madeira Arquitetura & Engenharia, n.21, ano 8, Julho-Dezembro, 2007 – ISSN 1806-6097
1. Introdução
A exploração ambiental se intensificou muito nos últimos anos, sendo cada vez mais urgente
a mudança de atitudes e de alguns conceitos em relação ao meio ambiente. Nos grandes
centros urbanos, onde os problemas ecológicos são mais intensos do que no meio rural,
constata-se uma deterioração da qualidade de vida, em parte devido às mudanças
ambientais sofridas no planeta.
A construção civil é responsável por boa parte dessa corrente degradação ambiental,
estudos mostram (SMA, 1998) que as principais atividades minerárias destinadas à esse
setor (areia, argila e brita), causando graves problemas principalmente às várzeas de rios,
mananciais, fauna e flora; entre outros.
Na grande maioria dos municípios, a maior parte desse lixo é depositado em bota-fora
clandestinos, nas margens de rios e córregos ou em terrenos baldios. Esse destino
inadequado provoca o entupimento e o assoreamento de cursos d'água, de bueiros e
galerias, consequentemente gerando as constantes enchentes e à degradação de áreas
urbanas.
Desta forma, é de grande importância estudos na área da construção civil, para avaliar
materiais que causem menor impacto ao meio ambiente, considerando que um produto deve
ser avaliado por todo seu ciclo de vida, desde sua fonte de matéria-prima, sua produção,
distribuição, utilização e despejo.
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2. Materiais e Métodos
Segundo RICHTER (1998), citado por BARBOSA et al (2000), o LCA quando aplicado em
materiais de construção, demonstra que a madeira apresenta consideráveis benefícios
ambientais (tabela 1). Estes aspectos positivos podem ser usados fortemente para a
competitividade no uso deste material e derivados na construção. O método LCA coloca o
foco no ponto de real importância, podendo ser utilizado para informar profissionais,
construtores e autoridades administrativas públicas e privadas sobre qualidades ambientais
no uso dos materiais.
Consumo
Emissão Poluição Resíduos Impacto
Material de
de CO2 do ar Sólidos ambiental
energia
Madeira X X X X X
Aço 2,40 X 1,45 X 1,42 X 1,36 X 1,16 X
Concreto 1,70 X 1,81 X 1,67 X 1,96 X 1,97 X
Como exemplo do LCA, LAWSON (1996) afirma que cerca de 75% da energia consumida na
produção de madeira serrada localiza-se na etapa de secagem. Já, na fase de tratamento, a
energia consumida chega a aproximadamente 15%. Em muitos casos, a energia pode ser
gerada nas etapas de produção pelo próprio resíduo resultante da madeira.
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É, portanto, relevante analisar o método de geração de energia adotada para cada região.
Usa-se, em geral, uma lista de intensidade de energia consumida (J/g) para produção de cada
material, em cada país, dividindo-os em “bons” e “ruins”.
3. Revisão Bibliográfica
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A Teca (Tectona grandis) (figura 4) – apesar de não ser uma espécie nativa, também é uma
madeira de florestas tropicais – é uma opção de madeira de reflorestamento dura e de alta
qualidade. Entretanto, tem com poucos estudos em relação a plantios com ciclos de corte
mais curtos.
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O segundo desbaste se dá aos 8 anos, permitindo que a madeira seja serrada para a
produção de sarrafos, lambris, painéis de sarrafos colados, etc. Os outros desbastes ocorrem
nos anos 10, 11, 14, 17, 20, 22 e 25. A partir do terceiro desbaste, a madeira pode ser
utilizada para fabricação de móveis finos.
Essa madeira tem tom marrom-dourado, que pode escurecer quando exposto ao ar livre,
passando a um marrom um pouco mais escuro. De veios homogêneos, pode ser usada tanto
para mobiliário de luxo em interiores, quanto para obras imersas ou expostas à água, devido à
sua alta resistência a esse tipo de exposição. Possui uma espécie de látex em seu interior,
que é capaz de evitar a corrosão em pregos e ferragens.
A espécie Shizolobium amazonicum (Paricá), por apresentar rápido crescimento, fuste reto e
madeira com elevada cotação no mercado interno e externo, vem sendo bastante cultivada
pelas empresas madeireiras da região norte e nordeste do país, principalmente nos Estados
do Pará e Maranhão.
É uma espécie da família das leguminosas (Fabaceae), e apresenta bom fator de forma. A
casca é cinza com tonalidade bastante clara. A espécie pode alcançar de 20 a 30 metros de
altura, e atingir até um metro de diâmetro (figura 5).
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A madeira apresenta fácil trabalhabilidade, textura média (diâmetro dos poros de 110 a 100
µ) e grã cruzada ondulada. Devido à sua baixa densidade, o Paricá não necessita ser
aquecido para ser torneado e a madeira branca e leve oferece ao final do processo de
fabricação do compensado um produto com ótimo acabamento e alta qualidade (figura 6).
Segundo informações obtidas junto Centro de Pesquisa do Paricá (CPP), a madeira Paricá
permite uma redução nos custos de produção do compensado, pois as despesas de colheita
e transporte, pela homogeneidade e boa localização dos reflorestamentos, são menores.
Assim, as empresas que produzem compensado à base de Paricá conseguem lançar seu
produto no mercado externo e interno a um custo reduzido se comparadas a outras que usam
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essências nativas, forçando todo o setor a procurar alternativas para a redução dos custos de
produção1.
Para garantir que a madeira de reflorestamento com qualidade seja utilizada na construção
civil a custos acessíveis à maioria da população, são necessários esforços e ações conjuntas
de pesquisadores, empresários e principalmente administradores públicos, no sentido de
conscientizar os usuários quanto às vantagens desse material, definindo parâmetros para
aumentar a produtividade e durabilidade dos componentes, e propor procedimentos de
controle nas várias etapas do processo de produção (RAMPAZZO e SPONCHIADO, 2000).
Indicadores de Sustentabilidade
Em cada uma das etapas envolvidas no processamento da madeira podem ser analisados
diversos indicadores que sinalizam possíveis impactos ao meio ambiente, seja em nível
global, local ou em relação aos próprios usuários.
Consumir madeira significa cultivar a floresta: madeira cresce com o auxílio de energia solar,
água e de nutrientes do solo, sem consumo de energia secundária. A floresta acumula dióxido
de carbono e produz oxigênio, melhora o clima, filtra o ar, purifica a água, previne contra
enchentes e erosão. O cultivo racional da floresta e o uso da madeira trazem resultados. Usar
madeira é armazenar, a longo prazo, CO2 (STUMPP, 1997).
Consumo de Energia
1
Fonte: Revista da Madeira, nº 106 - ano 18 - Julho de 2007.
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A energia necessária para derrubar, cortar e transportar madeira têm sido estimada, segundo
PEARSON (1989, p. 128) citado por BARBOSA et al (2000), em 580 kWh/ton.
Tomando este dado como guia, têm-se os seguintes custos energéticos para produção dos
respectivos materiais (figura 8):
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Segundo o CANADIAN WOOD COUNCIL (1997), a energia usada durante o tempo de vida
de uma construção é um dos itens mais importantes para a análise do impacto ambiental
neste setor. No Canadá, a energia usada para aquecimento, resfriamento, ventilação e
iluminação nos edifícios representam mais que 30% do consumo nacional.
Por esta razão, na escolha dos materiais de construção e na elaboração do projeto, deve ser
necessariamente considerado o consumo de energia, tanto para a fabricação quanto para a
eficiência no uso da edificação.
De acordo com PRESCO (1999), em cidades européias, o consumo de energia nos setores
residenciais (incluindo educação, recreação, saúde, serviços e outros) é relevante,
correspondendo a 40% do total, sendo o restante dividido em cerca de 30% para a indústria e
30% para o setor de transporte.
Para arquitetos e engenheiros, de acordo com o código alemão, devem ser considerados
também: planejamento urbano; design; funcionalidade; tecnologia; características físicas das
construções; economia; gastos com energia e a ecologia da paisagem.
Em relação a exigências no uso da energia, ela deve ser diferenciada em: eficiência do uso e
o uso de energias renováveis. A madeira, no código alemão, foi classificada como um dos
materiais de construção que satisfaz a todas estas exigências (VOLZ, 1998).
De acordo com LAWSON (1996), o cálculo da taxa de energia embutida nos materiais,
componentes e nas edificações em geral, pode ser quantificada pela Energia Global
Requerida (GER - Gross Energy Requirement) – energia consumida em todas as etapas da
cadeia produtiva – ou pela Energia Requerida no Processamento (PER - Process Energy
Requirement).
Neste caso, a energia é mais rapidamente calculada, produzindo bases mais firmes para
comparar os materiais, pois relata diretamente a manufatura do material ou componente,
representando 50-80% do GER (figura 9).
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LAWSON (1996) afirma ainda que a diferença da energia embutida entre uma casa de
estrutura de madeira e uma de aço é da ordem de 35 a 50% , ou cerca de 120 000 MJ.
Materiais como o cimento e o aço consomem grande energia na sua fabricação. Neste caso,
a madeira é usada em forma de combustível (carvão), com uma constante liberação de
dióxido de carbono na atmosfera (figura 10).
Figura 10 – Forno para fabricação de aço, com uma constante liberação de dióxido de
carbono na atmosfera.
Fonte: www.copala.com.br.
A emissão de CO2 é a principal responsável pelo efeito estufa e por grandes acidentes
climáticos (figura 11), principalmente devido à elevação da temperatura da terra. Em cidades
européias, as emissões de CO2 pelo setor da construção civil são relevantes, e, segundo
PRESCO (1999), atingem cerca de 30% das emissões totais.
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De acordo com vários autores, estima-se que para cada 1000 kg de CO2 pode ser fabricado,
de acordo com a espécie analisada, aproximadamente 1 m³ de madeira e a liberação de CO2
será de 500 kg. No fim de seu ciclo de vida a madeira ainda pode ser utilizada para fins
energéticos. Neste caso, é liberado CO2 na mesma quantidade que o absorvido na
fotossíntese, e exatamente na mesma proporção que na decomposição natural da árvore na
floresta. Portanto, a matéria-prima Madeira é neutra do ponto de vista de emissão de CO2.
Segundo RICHTER (1998), a madeira além de contribuir para o Efeito Estufa com seqüestro
de carbono, quando é prolongada a vida útil do material na construção, tem a possibilidade de
ser usada como combustível, substituindo o uso intensivo de combustíveis fósseis.
PINTO (1999) estimou que, em cidades brasileiras de médio e grande porte, a massa de
resíduos gerados varia entre 41% a 70% da massa total de resíduos sólidos urbanos. O
quadro elaborado por PINTO (1987), (figura 12) demonstra a dimensão exata do problema em
algumas das principais cidades brasileiras.
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A maior parte dos resíduos de construção civil é composto de material não mineral (madeira,
papel, plásticos, metais e matéria orgânica). Estes resíduos são classificados, segundo a NBR
10.004 da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, como resíduos sólidos inertes –
resíduos de Classe III. Entretanto, não existem estudos sobre a solubilidade dos resíduos
como um todo, de maneira a comprovar que não possuam índices de concentração de
poluentes superiores ao especificado na referida Norma, o que os classificaria como resíduos
não inertes – resíduos de Classe II.
LAWSON (1996) estima que na Europa somente 5% dos resíduos sólidos das construções
são reciclados e que seriam possíveis de serem reciclados 75%. Afirma que na Austrália
cerca de 40% destes materiais já estão sendo reciclados de alguma forma. Segundo SMA
(1998b), em estudos realizados na Comunidade Européia, o entulho de construção em países
desenvolvidos atinge de 500 a 1000 kg per capita, chegando a 175 milhões de t/ano.
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Algumas prefeituras (Belo Horizonte, Ribeirão Preto, São Carlos, etc.) estão implantando
locais apropriados para receber o resíduo. São as "Usinas de Reciclagem de Entulho",
constituídas basicamente por um espaço para deposição do resíduo; uma linha de separação
(onde a fração não mineral é separada); um britador, que processa o resíduo na
granulometria desejada; e um local de armazenamento, onde o entulho já processado
aguarda para ser utilizado.
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4. Conclusão
O LCA permite a analise do impacto ambiental em todos os estágios da vida dos materiais,
possibilitando ainda fazer comparações entre o desempenho de diferentes materiais.
Fica claro, que, quanto maior o grau de industrialização de um material ou componente, maior
o seu consumo energético para produzi-los.
Referências
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of reforestated wood housing. In: World Conference on Timber Engineering, WCTE'00, 2000,
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São Paulo: PCC – USP, Depto de Engenharia de Construção Civil, 161 p.p. 21-30.
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Sólidos in: Seminário Internacional Cidades Sustentáveis, Governo do Estado de São Paulo,
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(12) SMA (1998a) – Secretaria do Meio Ambiente, Aspectos Ambientais Urbanos dos
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