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Revista Madeira Arquitetura & Engenharia, n.

21, ano 8, Julho-Dezembro, 2007 – ISSN 1806-6097

Indicadores de Sustentabilidade (LCA) e Análise do Ciclo


de Vida para Madeira de Reflorestamento
na Construção Civil

Mauro Augusto Demarzo e Aline Lopes Gonçalves Porto Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP), Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Departamento de Estruturas, Campinas,
SP. e-mail: demarzo@fec.unicamp.br e alineporto@hotmail.com

Resumo: Atualmente, a indústria da construção civil é uma das maiores consumidoras de


recursos naturais e conseqüentemente grande geradora de poluição (resíduos e emissão de
CO2). Este trabalho visou pesquisar os indicadores de sustentabilidade do uso da madeira
de reflorestamento na construção civil, baseando-se no método “LCA” (Life Cycle Analysis),
que avalia diferentemente aspectos em cada etapa do processo: floresta; processamento;
pré-fabricação de componentes; montagem; uso e manutenção. Estabeleceu-se
comparação entre sistemas construtivos utilizando outros materiais.

Palavras-chave: Indicadores de sustentabilidade, LCA, habitação em madeira, madeira de


reflorestamento.

Abstract: At this moment, civil construction industry is one among the major natural
resource consumers and consequently large pollution producer (residues and emission of
CO2). This paper takes aim to establish sustainability indicators to reforestation wood use in
civil construction by basing in the LCA Method (Life Cycle Analysis) that evaluates differently
aspects at each stage of the process: forest; processing; prefabrication of components;
assembly; use and maintenance. One establishes comparison among some constructive
systems that use other materials.

Keywords: Sustainability indicators, LCA, housing wood, reforestation wood.

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1. Introdução

A exploração ambiental se intensificou muito nos últimos anos, sendo cada vez mais urgente
a mudança de atitudes e de alguns conceitos em relação ao meio ambiente. Nos grandes
centros urbanos, onde os problemas ecológicos são mais intensos do que no meio rural,
constata-se uma deterioração da qualidade de vida, em parte devido às mudanças
ambientais sofridas no planeta.

A construção civil é responsável por boa parte dessa corrente degradação ambiental,
estudos mostram (SMA, 1998) que as principais atividades minerárias destinadas à esse
setor (areia, argila e brita), causando graves problemas principalmente às várzeas de rios,
mananciais, fauna e flora; entre outros.

Outro fator agravante à degradação do ambiente, causados pela indústria da construção


civil, são os entulhos (resíduos). A construção civil gera aproximadamente 40% de todos os
resíduos produzidos pela sociedade. Somente em São Paulo, entulho de obra enche
diariamente 2.500 caminhões, duas vezes mais que o lixo urbano, segundo estudo do
Projeto Reciclagem.

Na grande maioria dos municípios, a maior parte desse lixo é depositado em bota-fora
clandestinos, nas margens de rios e córregos ou em terrenos baldios. Esse destino
inadequado provoca o entupimento e o assoreamento de cursos d'água, de bueiros e
galerias, consequentemente gerando as constantes enchentes e à degradação de áreas
urbanas.

Os bota-foras e os locais de disposições irregulares são também locais propícios para


roedores, insetos peçonhentos (aranhas e escorpiões) e insetos transmissores de
endemias, como a dengue. Esses lixos representam enormes quantidades de material, tanto
em países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento.

Desta forma, é de grande importância estudos na área da construção civil, para avaliar
materiais que causem menor impacto ao meio ambiente, considerando que um produto deve
ser avaliado por todo seu ciclo de vida, desde sua fonte de matéria-prima, sua produção,
distribuição, utilização e despejo.

A madeira ainda desempenha um importante papel na construção civil, incorpora um


conjunto de características técnicas, econômicas e estéticas que dificilmente se encontram
em outro material. Requer menor consumo energético em seu processamento, colabora
para reduzir a emissão de gases que contribuem ao efeito estufa (CO2) – indicador
importante para classificação dos materiais em relação ao impacto ao meio ambiente. Outro
aspecto relevante é a possibilidade de reutilização ou reciclagem do material, no final do
processo de produção ou mesmo em cada uma das etapas da cadeia produtiva, resultando
na menor quantidade de resíduos sólidos produzidos.

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2. Materiais e Métodos

A metodologia básica do presente trabalho é fundamentada no método LCA “Life Cycle


Analysis” (Análise de Ciclo de Vida) – compreendendo cada uma das etapas da cadeia do
uso da madeira, permitindo verificar os aspectos ambientais e os impactos potenciais
associados a este material.

Segundo RICHTER (1998), citado por BARBOSA et al (2000), o LCA quando aplicado em
materiais de construção, demonstra que a madeira apresenta consideráveis benefícios
ambientais (tabela 1). Estes aspectos positivos podem ser usados fortemente para a
competitividade no uso deste material e derivados na construção. O método LCA coloca o
foco no ponto de real importância, podendo ser utilizado para informar profissionais,
construtores e autoridades administrativas públicas e privadas sobre qualidades ambientais
no uso dos materiais.

Tabela 1- Comparação na fabricação da madeira, aço e concreto.

Consumo
Emissão Poluição Resíduos Impacto
Material de
de CO2 do ar Sólidos ambiental
energia
Madeira X X X X X
Aço 2,40 X 1,45 X 1,42 X 1,36 X 1,16 X
Concreto 1,70 X 1,81 X 1,67 X 1,96 X 1,97 X

Como exemplo do LCA, LAWSON (1996) afirma que cerca de 75% da energia consumida na
produção de madeira serrada localiza-se na etapa de secagem. Já, na fase de tratamento, a
energia consumida chega a aproximadamente 15%. Em muitos casos, a energia pode ser
gerada nas etapas de produção pelo próprio resíduo resultante da madeira.

Na fase de construção, comparando três edifícios em Melbourne, Austrália, MCARDLE citado


por LAWSON (1996) afirma que a energia embutida foi basicamente distribuída em:
assoalhos/forro (43 - 52%); paredes internas e externas (20 - 30%) e telhados (2 - 8%). Em
um dos casos, as colunas foram responsáveis por mais de 20% da energia da construção
(figura 1).

Figura 1 - Energia embutida na fase de construção.

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É, portanto, relevante analisar o método de geração de energia adotada para cada região.
Usa-se, em geral, uma lista de intensidade de energia consumida (J/g) para produção de cada
material, em cada país, dividindo-os em “bons” e “ruins”.

3. Revisão Bibliográfica

3.1 Usos da Madeira na Construção Civil

Na construção civil, a madeira é utilizada de diversas formas, em usos temporários, como:


fôrmas para concreto, andaimes e escoramentos. De forma definitiva, é utilizada nas
estruturas de cobertura, nas esquadrias (portas e janelas), nos forros e pisos. Para se avaliar
comparativamente esses usos, é apresentado na figura 2 o consumo de madeira serrada
amazônica, pela construção civil, no Estado de São Paulo, em 2001.

Figura 2 – Consumo de madeira serrada da Amazônia pela construção civil no Estado de


São Paulo, em 2001.

Conforme o mostrado acima, pode-se observar que o uso em estruturas de cobertura


representa a metade da madeira consumida no Estado de São Paulo, onde grande parte é
destinada a construções de pequeno porte, ou seja, casas e pequenas edificações (SOBRAL
et al, 2003).

3.1.1 Madeira de reflorestamento

A utilização da madeira de reflorestamento na construção civil enfrenta obstáculos e


preconceitos maiores do que aqueles enfrentados pela madeira em geral. Os mesmos,
freqüentemente, estão relacionados à noção de que a madeira de reflorestamento não é
“nobre”.

As espécies mais utilizadas e conhecidas para reflorestamento, são o eucalipto (figura 3) e o


Pinus. Essas espécies têm rápido crescimento, e seu plantio se concentra principalmente nas
regiões sul e sudeste. Entretanto, para regiões, como as florestas tropicais, o plantio dessas
espécies não é indicado, por se tratarem de espécies que não fazem parte da flora local, e em
conseqüência disso, muitas vezes, há um desequilíbrio ambiental.

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Figura 3 – Toras de eucalipto.


Fonte: Madeireira Capivaras

Em conseqüência destes fatores, o reflorestamento praticado na Amazônia, tornou-se um


desafio, visto que são incipientes os estudos e pesquisas capazes de subsidiar a adoção de
procedimentos técnicos adaptados às condições regionais. O tempo comprovou que o
comportamento de algumas espécies nativas às condições a que foram expostas, como
plantio, solo, clima e tratamentos silviculturais, não foi satisfatório. Muitas delas sofreram
severos ataques de pragas e fitomoléstias; outras, não resistiram às podas em épocas e
formas inadequadas.

A Teca (Tectona grandis) (figura 4) – apesar de não ser uma espécie nativa, também é uma
madeira de florestas tropicais – é uma opção de madeira de reflorestamento dura e de alta
qualidade. Entretanto, tem com poucos estudos em relação a plantios com ciclos de corte
mais curtos.

Figura 4 – Plantação de Teca .


Fonte: www.mtfazendas.com.br.

O reflorestamento de Teca no Brasil começou em 1968, em Cáceres – MT. Dentre todas as


espécies testadas, a Teca mostrou-se a mais promissora para o reflorestamento da região,
passando assim a ser plantada em escala comercial em 1971. Seu IMA (Incremento Médio

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Anual) alcança os melhores índices de desenvolvimento mundiais, entre 10 e 15m³/ano. O


primeiro desbaste é feito no 5º ano. Nesta fase, a madeira apresenta aspecto roliço, podendo
ser usada como moirões, escoras, vigamentos de construções rústicas, etc.

O segundo desbaste se dá aos 8 anos, permitindo que a madeira seja serrada para a
produção de sarrafos, lambris, painéis de sarrafos colados, etc. Os outros desbastes ocorrem
nos anos 10, 11, 14, 17, 20, 22 e 25. A partir do terceiro desbaste, a madeira pode ser
utilizada para fabricação de móveis finos.

Essa madeira tem tom marrom-dourado, que pode escurecer quando exposto ao ar livre,
passando a um marrom um pouco mais escuro. De veios homogêneos, pode ser usada tanto
para mobiliário de luxo em interiores, quanto para obras imersas ou expostas à água, devido à
sua alta resistência a esse tipo de exposição. Possui uma espécie de látex em seu interior,
que é capaz de evitar a corrosão em pregos e ferragens.

Além da durabilidade e estabilidade, a madeira também apresenta alta resistência ao ataque


de cupins, brocas marinhas e outros insetos.

A madeira da Teca é procurada no mercado internacional, por suas características, como o


peso de cerca de 650 quilos por metro cúbico, situando-se entre o cedro e o mogno. Possui
boa resistência em relação ao peso, quanto à tração, flexão e outros esforços mecânicos, e é
semelhante ao mogno brasileiro.

O reflorestamento com espécies nativas da Amazônia está ainda engatinhando e é bastante


importante, pois poderá suprir de matéria-prima as indústrias madeireiras, e, assim, reduzir o
desmatamento das florestas nativas.

A espécie Shizolobium amazonicum (Paricá), por apresentar rápido crescimento, fuste reto e
madeira com elevada cotação no mercado interno e externo, vem sendo bastante cultivada
pelas empresas madeireiras da região norte e nordeste do país, principalmente nos Estados
do Pará e Maranhão.

É uma espécie da família das leguminosas (Fabaceae), e apresenta bom fator de forma. A
casca é cinza com tonalidade bastante clara. A espécie pode alcançar de 20 a 30 metros de
altura, e atingir até um metro de diâmetro (figura 5).

Figura 5 – Plantação de Paricá.


Fonte: www.rankbrasil.com.br.

A madeira tem coloração branco-amarelo-clara de superfície lisa e que permite a produção de


material com acabamento sedoso. Apresenta densidade em torno de 0,30 g/cm³, que é

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adequada para a fabricação de forros, palito, papel, laminados e compensado. Produz


celulose de boa qualidade e de fácil branqueamento. Algumas propriedades mecânicas do
Paricá estão sumarizadas na tabela 2.

Tabela 2 – Propriedades mecânicas da madeira Paricá. Fonte: Melo et al. (1989);


Obs.: verde = madeira saturada, e seca = madeira seca ao ar com 12% de umidade.

Condições Flexão estática Tração


Ruptura Elasticidade Perpendicular às
(daN/cm²) (1000 daN/cm²) fibras (daN/cm²)
Verde 543 93 34
Seca 562 82 27
Compressão (daN/cm²) Cisalhamento
Máxima
Paralela Perpendicular às
resistência
às fibras fibras
(daN/cm²)
Verde 236 44 74
Seca 347 46 111
Dureza Janka
Paralela (daN) Transversal (daN)
Verde 387 331
Seca 466 274

A madeira apresenta fácil trabalhabilidade, textura média (diâmetro dos poros de 110 a 100
µ) e grã cruzada ondulada. Devido à sua baixa densidade, o Paricá não necessita ser
aquecido para ser torneado e a madeira branca e leve oferece ao final do processo de
fabricação do compensado um produto com ótimo acabamento e alta qualidade (figura 6).

Figura 6 – Tora de Paricá.


Fonte: Revista Remade (acesso eletrônico).

Segundo informações obtidas junto Centro de Pesquisa do Paricá (CPP), a madeira Paricá
permite uma redução nos custos de produção do compensado, pois as despesas de colheita
e transporte, pela homogeneidade e boa localização dos reflorestamentos, são menores.

Assim, as empresas que produzem compensado à base de Paricá conseguem lançar seu
produto no mercado externo e interno a um custo reduzido se comparadas a outras que usam

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essências nativas, forçando todo o setor a procurar alternativas para a redução dos custos de
produção1.

Para garantir que a madeira de reflorestamento com qualidade seja utilizada na construção
civil a custos acessíveis à maioria da população, são necessários esforços e ações conjuntas
de pesquisadores, empresários e principalmente administradores públicos, no sentido de
conscientizar os usuários quanto às vantagens desse material, definindo parâmetros para
aumentar a produtividade e durabilidade dos componentes, e propor procedimentos de
controle nas várias etapas do processo de produção (RAMPAZZO e SPONCHIADO, 2000).

A madeira de reflorestamento representa inegavelmente aspectos que contribuem para o


equilíbrio do meio ambiente: permite a proteção ao uso das florestas nativas, protege os
solos, as nascentes e cursos d’água quando corretamente manejadas; contribui para o efeito
estufa com retenção de CO2 da atmosfera; contribui para renda através de impostos; além de
representar um produto competitivo na economia globalizada (BRANDÃO, 1997).

Indicadores de Sustentabilidade

Em cada uma das etapas envolvidas no processamento da madeira podem ser analisados
diversos indicadores que sinalizam possíveis impactos ao meio ambiente, seja em nível
global, local ou em relação aos próprios usuários.

Alguns indicadores de sustentabilidade no processo produtivo podem ser citados, como:


consumo de energia; produção de resíduos; emissão de substâncias nocivas ao meio
ambiente (atmosfera, água e solo); consumo de recursos renováveis; uso de combustíveis
fósseis; uso de recursos escassos; grau de reciclagem e reutilização dos materiais;
durabilidade dos materiais ou da própria edificação; aproveitamento de recursos locais, assim
como da cultura local, no sentido de contribuir para o desenvolvimento regional, entre outros.

Consumir madeira significa cultivar a floresta: madeira cresce com o auxílio de energia solar,
água e de nutrientes do solo, sem consumo de energia secundária. A floresta acumula dióxido
de carbono e produz oxigênio, melhora o clima, filtra o ar, purifica a água, previne contra
enchentes e erosão. O cultivo racional da floresta e o uso da madeira trazem resultados. Usar
madeira é armazenar, a longo prazo, CO2 (STUMPP, 1997).

Consumo de Energia

Na quantificação do consumo de energia nas construções, em geral, era considerado


somente o processo básico da produção dos materiais e dos componentes construtivos e o
uso do edifício (aquecimento, refrigeração e iluminação).

Porém, em recentes pesquisas, revela-se a importância de quantificar a energia embutida no


material desde a extração, passando pela transformação da matéria-prima, até chegar ao
componente acabado, uso e demolição, classificando, assim, os materiais de menores gastos
energéticos dentro de um processo cíclico de produção (figura 7).

1
Fonte: Revista da Madeira, nº 106 - ano 18 - Julho de 2007.

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.Figura 7 – Ciclo de vida de uma edificação.

O maior consumo de energia está empregado na extração e transporte de matéria prima, em


especial pela dispersão espacial e da distância das jazidas aos centros de produção e/ou
consumo.

A energia necessária para derrubar, cortar e transportar madeira têm sido estimada, segundo
PEARSON (1989, p. 128) citado por BARBOSA et al (2000), em 580 kWh/ton.

Tomando este dado como guia, têm-se os seguintes custos energéticos para produção dos
respectivos materiais (figura 8):

Figura 8 – Consumo de energia de materiais da construção.


Fonte: PEARSON, (1989) in BARBOSA et al (2000).

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Segundo o CANADIAN WOOD COUNCIL (1997), a energia usada durante o tempo de vida
de uma construção é um dos itens mais importantes para a análise do impacto ambiental
neste setor. No Canadá, a energia usada para aquecimento, resfriamento, ventilação e
iluminação nos edifícios representam mais que 30% do consumo nacional.

Por esta razão, na escolha dos materiais de construção e na elaboração do projeto, deve ser
necessariamente considerado o consumo de energia, tanto para a fabricação quanto para a
eficiência no uso da edificação.

De acordo com PRESCO (1999), em cidades européias, o consumo de energia nos setores
residenciais (incluindo educação, recreação, saúde, serviços e outros) é relevante,
correspondendo a 40% do total, sendo o restante dividido em cerca de 30% para a indústria e
30% para o setor de transporte.

Na Austrália, as edificações são responsáveis por cerca de 25% de todo o consumo de


energia no país, nos Estados Unidos em torno de 40% e no Reino Unido cerca de 45%. (SZO-
KOLAY, 1997). Atualmente as decisões no modo de produção devem considerar a energia
embutida e o peso que representa para o meio ambiente.

Para arquitetos e engenheiros, de acordo com o código alemão, devem ser considerados
também: planejamento urbano; design; funcionalidade; tecnologia; características físicas das
construções; economia; gastos com energia e a ecologia da paisagem.

Em relação a exigências no uso da energia, ela deve ser diferenciada em: eficiência do uso e
o uso de energias renováveis. A madeira, no código alemão, foi classificada como um dos
materiais de construção que satisfaz a todas estas exigências (VOLZ, 1998).

Segundo WINTER (1998), usando a madeira para construção economiza-se a quantidade


de energia em duas etapas: uma na formação da matéria-prima que se faz através da
absorção da energia solar (fotossíntese); e a outra, com o consumo de energia necessária
para a usinagem da madeira.
Apresenta ainda vantagem em relação ao consumo de energia para o processamento e
montagem da construção e, sobretudo, quanto ao aproveitamento de seus resíduos como
energia calorífica.

De acordo com LAWSON (1996), o cálculo da taxa de energia embutida nos materiais,
componentes e nas edificações em geral, pode ser quantificada pela Energia Global
Requerida (GER - Gross Energy Requirement) – energia consumida em todas as etapas da
cadeia produtiva – ou pela Energia Requerida no Processamento (PER - Process Energy
Requirement).

Neste caso, a energia é mais rapidamente calculada, produzindo bases mais firmes para
comparar os materiais, pois relata diretamente a manufatura do material ou componente,
representando 50-80% do GER (figura 9).

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Figura 9 – Valores obtidos pelo PER para materiais de construção.

Já SZOKOLAY (1997), citado por BARBOSA et al (2000), classifica a energia consumida em


dois níveis: a energia principal (C), que inclui o conteúdo energético dos materiais e
componentes construtivos (tabela 3) e a energia operacional (O), quantidade consumida
anualmente para aquecimento, refrigeração, ventilação, iluminação e serviços na edificação.
O autor afirma inicialmente, que a relação em edificação de C/O é cerca de 5, ou seja, a
energia principal equivaleria a 5 anos de energia operacional. Para uma habitação pobre na
Austrália, esta relação seria 2,5 anos. Recentes estudos produziram resultados de até 50
anos, pela melhoria dos materiais e da própria edificação, como isolamento térmico.

Tabela 3 - Conteúdo energético de alguns materiais de construção.

Concreto 0,2 – 0,5 kWh/kg


MATERIAIS DE BAIXA ENERGIA
Madeira
<1 0,5 - 0,9
cerrada
Tijolos
1,0 – 1,2 kWh/kg
cerâmicos
MATERIAIS DE BAIXA ENERGIA
Telhas de fibro-
1 - 10 2,1
cimento
cimento 2,2
Aço
10,5 kWh/kg
MATERIAIS DE BAIXA ENERGIA galvanizado
> 10 Alumínio 46 – 56
PVC 80

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LAWSON (1996) afirma ainda que a diferença da energia embutida entre uma casa de
estrutura de madeira e uma de aço é da ordem de 35 a 50% , ou cerca de 120 000 MJ.

Na construção de 100.000 casas na Austrália, se fossem de estrutura de aço, haveria uma


adição no consumo de energia de 12x109 MJ e seriam liberados milhões de toneladas a mais
de CO2. Esta energia adicional poderia abastecer o consumo de energia de 6500 casas por
50 anos.

Materiais como o cimento e o aço consomem grande energia na sua fabricação. Neste caso,
a madeira é usada em forma de combustível (carvão), com uma constante liberação de
dióxido de carbono na atmosfera (figura 10).

Figura 10 – Forno para fabricação de aço, com uma constante liberação de dióxido de
carbono na atmosfera.
Fonte: www.copala.com.br.

3.1.2 Emissão de CO2

A emissão de CO2 é a principal responsável pelo efeito estufa e por grandes acidentes
climáticos (figura 11), principalmente devido à elevação da temperatura da terra. Em cidades
européias, as emissões de CO2 pelo setor da construção civil são relevantes, e, segundo
PRESCO (1999), atingem cerca de 30% das emissões totais.

Figura 11 – Variação da concentração de dióxido de carbono (média mensal) na atmosfera


desde 1958 a 1991.

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Uma das maneiras de se reduzir as emissões de CO2 e ainda retirar da atmosfera o


excedente já liberado é plantando árvores. Para seu crescimento, as árvores absorvem CO2
do meio ambiente e fixam carbono para formação de matéria orgânica. A árvore é um agente
de estocagem de carbono e este estoque pode ser prolongado utilizando a madeira como
matéria-prima para construção (BARBOSA et al, 2000).

De acordo com vários autores, estima-se que para cada 1000 kg de CO2 pode ser fabricado,
de acordo com a espécie analisada, aproximadamente 1 m³ de madeira e a liberação de CO2
será de 500 kg. No fim de seu ciclo de vida a madeira ainda pode ser utilizada para fins
energéticos. Neste caso, é liberado CO2 na mesma quantidade que o absorvido na
fotossíntese, e exatamente na mesma proporção que na decomposição natural da árvore na
floresta. Portanto, a matéria-prima Madeira é neutra do ponto de vista de emissão de CO2.

A situação com maiores prejuízos ao ambiente é a floresta queimada, sem nenhum


aproveitamento da madeira e do poder calorífico, contribuindo para o aquecimento global da
terra, degradando fauna, flora, recursos hídricos e a qualidade do ar, sem falar na quebra do
eco-sistema.

Atualmente, através de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL ou CDM), a redução dos


níveis de emissão do CO2 ou a retirada desse gás por florestas representa, para os países
menos desenvolvidos, grandes perspectivas econômicas, através de certificados em
toneladas de CO2, chancelados por uma organização mundial para a “venda” de créditos pelo
seqüestro do CO2 da atmosfera.

Segundo RICHTER (1998), a madeira além de contribuir para o Efeito Estufa com seqüestro
de carbono, quando é prolongada a vida útil do material na construção, tem a possibilidade de
ser usada como combustível, substituindo o uso intensivo de combustíveis fósseis.

3.1.3 Produção de Resíduos

Segundo o relatório da “Agenda 21 on sustainable construction”, de 1999, o setor de


construção civil consome algo em torno de 20 – 50 % do total de recursos naturais
consumidos pela sociedade, e gera aproximadamente 40% de todos os resíduos produzidos
pela sociedade.

A possibilidade de reutilização e reciclagem destes resíduos influencia diretamente a


classificação dos materiais em relação ao impacto ao meio ambiente. Os valores
internacionais para o volume do entulho da construção e demolição oscilam entre 0,7 a 1,0
tonelada por habitante/ano (JOHN, 1996).

PINTO (1999) estimou que, em cidades brasileiras de médio e grande porte, a massa de
resíduos gerados varia entre 41% a 70% da massa total de resíduos sólidos urbanos. O
quadro elaborado por PINTO (1987), (figura 12) demonstra a dimensão exata do problema em
algumas das principais cidades brasileiras.

Em 5 de julho de 2002, o CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente – através de sua


Resolução 307 - Anexo I, deu um passo importante no sentido de implementar diretrizes para
a efetiva redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos da construção
civil. Tal Resolução estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão destes
resíduos, disciplinando as ações necessárias e fixando as responsabilidades de forma a
minimizar os impactos ambientais.

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Figura 12 – Geração de Resíduos nas Principais Cidades Brasileiras

Na Resolução, os resíduos são classificados de acordo com sua potencialidade de


reaproveitamento, reciclagem e periculosidade, definindo o destino adequado para cada um
deles. Estabelece como instrumentos para a gestão dos resíduos os Programas de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e os Planos de Gerenciamento de Resíduos
da Construção Civil, devendo o primeiro ser elaborado, implementado e coordenado pelos
municípios e o último elaborado e implementado pelos geradores de pequenos volumes, em
conformidade com os critérios técnicos do sistema de limpeza urbana local. Estabelece ainda
prazos para que os poderes municipais e os geradores se adeqüem ao disposto na
Resolução, (SCHENINI, 2004).

A maior parte dos resíduos de construção civil é composto de material não mineral (madeira,
papel, plásticos, metais e matéria orgânica). Estes resíduos são classificados, segundo a NBR
10.004 da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, como resíduos sólidos inertes –
resíduos de Classe III. Entretanto, não existem estudos sobre a solubilidade dos resíduos
como um todo, de maneira a comprovar que não possuam índices de concentração de
poluentes superiores ao especificado na referida Norma, o que os classificaria como resíduos
não inertes – resíduos de Classe II.

LAWSON (1996) estima que na Europa somente 5% dos resíduos sólidos das construções
são reciclados e que seriam possíveis de serem reciclados 75%. Afirma que na Austrália
cerca de 40% destes materiais já estão sendo reciclados de alguma forma. Segundo SMA
(1998b), em estudos realizados na Comunidade Européia, o entulho de construção em países
desenvolvidos atinge de 500 a 1000 kg per capita, chegando a 175 milhões de t/ano.

A maioria dos municípios brasileiros deposita os seus resíduos em margem de rios e


córregos, terrenos baldios ou em beira de estradas e avenidas. Este destino inadequado
provoca o entupimento e o assoreamento de cursos d'água, de bueiros e galerias, estando
diretamente relacionado às constantes enchentes e à degradação de áreas urbanas, além de
propiciar o desenvolvimento de vetores. Alguns destes impactos são plenamente visíveis e
provocam comprometimento à paisagem urbana e transtornos ao trânsito de veículos e
pedestres (figura 13).

Os bota-foras e os locais de disposições irregulares são também locais propícios para


roedores, insetos peçonhentos (aranhas e escorpiões) e insetos transmissores de endemias,
como a dengue.

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Revista Madeira Arquitetura & Engenharia, n.21, ano 8, Julho-Dezembro, 2007 – ISSN 1806-6097

Figura 13 - Depósito irregular de entulho de construção civil.


Fonte: www.riachoalagadico.blogger.com.br

Algumas prefeituras (Belo Horizonte, Ribeirão Preto, São Carlos, etc.) estão implantando
locais apropriados para receber o resíduo. São as "Usinas de Reciclagem de Entulho",
constituídas basicamente por um espaço para deposição do resíduo; uma linha de separação
(onde a fração não mineral é separada); um britador, que processa o resíduo na
granulometria desejada; e um local de armazenamento, onde o entulho já processado
aguarda para ser utilizado.

De acordo com SZOKOLAY (1997), os resíduos sólidos produzidos na demolição de


edificações podem ser substancialmente reduzidos através da reciclagem. Muito pode ser
feito no estágio do projeto para assegurar que pelo menos alguns materiais, componentes
possam ser reciclados e reutilizados quando a edificação alcançar o término de sua vida útil.

Segundo o CANADIAN WOOD COUNCIL (1997), a manufatura dos produtos da madeira


produz pouco resíduo em comparação a outros materiais; e os mesmos (cascas, cavaco e pó-
de-serra) podem facilmente ser reutilizados na produção de outros derivados da madeira:
compensados, placas OSB, MDF e outros (WEGENER e ZIMMER, 1998) (figura 14).

(a) (b) (c)

Figura 14 - Chapas feitas a partir de lascas de madeira:


(a) MDF, (b) OSB, (c) chapa de compensado.

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De acordo com o Desenvolvimento Sustentável e Tecnologias mais Limpas, o processo


produtivo deve considerar o destino final do objeto produzido, desenvolvendo estratégias para
facilitar a reciclagem e reutilização dos materiais com maior clareza aos benefícios
ambientais.

4. Conclusão

O LCA permite a analise do impacto ambiental em todos os estágios da vida dos materiais,
possibilitando ainda fazer comparações entre o desempenho de diferentes materiais.

Este trabalho considerou alguns indicadores de sustentabilidade de serviram de base para a


análise do ciclo de vida da madeira e de outros materiais utilizados para comparação. E,
através destes indicadores juntamente com trabalhos já publicados referentes ao assunto aqui
abordado, conclui-se que a madeira possui um potencial altamente favorável ao meio
ambiente para utilização como material de construção, por representar um recurso renovável,
não fóssil, de baixa demanda energética em seu processo de produção e com grandes
possibilidades de aproveitamento do poder calorífico dos resíduos produzidos. Não se pode
esquecer o fato de que tem um importante papel como medida estratégica na diminuição da
concentração de CO2 na atmosfera, incentivando o reflorestamento (manejo florestal
adequado à região) e uso desta matéria-prima para produção habitacional.

A madeira de reflorestamento representa ainda uma alternativa para solucionar problemas


habitacionais, gerando trabalho e renda.

Fica claro, que, quanto maior o grau de industrialização de um material ou componente, maior
o seu consumo energético para produzi-los.

A elaboração deste artigo baseou-se fundamentalmente em bibliografia internacional, pois


informações referentes ao contexto nacional são escassas, com poucas pesquisas sobre o
assunto, segundo buscas realizadas, além de poucos dados fornecidos por empresas e
indústrias dos materiais aqui citados.

Referências

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