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1.1. Conceito de método, pesquisa e ciência


O método é o conjunto das actividades
sistemáticas e racionais que, com maior
segurança e economia, permite alcançar o
objectivo – conhecimentos válidos e verdadeiros
–, traçando o caminho a ser seguido, detectando
erros e auxiliando as decisões do
cientista.“(MARCONI & LAKATOS, 80).
“A pesquisa é um procedimento reflexivo,
sistemático, controlado e crítico que permite
descobrir novos factos ou dados, soluções ou leis,
em qualquer área do conhecimento. Dessa forma,
a pesquisa é uma actividade voltada para a
solução de problemas por meio dos processos do
método científico. (RAMPAZZO, 2004:49).
“A ciência é todo um conjunto de atitudes e
actividades racionais, dirigidas ao sistemático
conhecimento com objecto limitado, capaz de ser
submetido à verificação” (FERRARI, 1974:8
apud MARCONI & LAKATOS, 80).
O que é o conhecimento? É uma relação que se
estabelece entre o sujeito que conhece e o
objecto conhecido. No processo de
conhecimento, o sujeito se apropria de certa
forma do objecto conhecido mas este, continua
transcendente ou seja, mantém a sua existência
fora do sujeito cognoscente.
Conhecimento popular ou vulgar (empírico):
“é o conhecimento do povo, que nasce da
experiência do dia-a-dia”. (RAMPAZZO, P. 18).
Também conhecido por senso comum, ele não se
distingue da ciência nem pela veracidade nem
pela natureza do objecto conhecido, o que
significa que ele pode ser tão verdadeiro quanto
o é a ciência. O que as vai distinguir é o método
e a forma de abordagem.
Por exemplo, “saber que determinada planta
necessita de uma quantidade "X" de água e que,
se não a receber de forma "natural", deve ser
irrigada pode ser um conhecimento verdadeiro e
comprovável, mas, nem por isso, científico. Para
que isso ocorra, é necessário ir mais além:
conhecer a natureza dos vegetais, sua
composição, seu ciclo de desenvolvimento e as
particularidades que distinguem uma espécie de
outra”. (MARCONI & LAKATOS, P. 76).
O conhecimento empírico tem as seguintes características:
1- Sensível e verificável;
2- “acrítico”;
3- Ametódico;
4- Assistemático;
5- Falível e;
6- Inexacto
É preciso não perder de vista que o conhecimento empírico até
certo ponto aspira a objectividade e a racionalidade. Em
numerosos aspectos, segundo Mário Bunge, não há uma ruptura
radical mas sim uma continuidade (sobretudo quando deixamos
de lado os mitos). Por exemplo, uma “sessão” de julgamento
numa aldeia).
O conhecimento científico é uma conquista da
época moderna que se iniciou com a revolução de
Copérnico (descoberta do sistema heliocêntrico) e
desenvolvida mais tarde por Galileu e seguida por
Bacon e Descartes.
Este conhecimento tem as seguintes características:
1- Real (ou factual) porque lida com ocorrências ou
factos, isto é, como toda a forma de existência que
se manifesta de algum modo;
2- contingente, pois suas proposições ou hipóteses
têm sua veracidade ou falsidade conhecida através
da experiência e não apenas pela razão;
3- É sistemático, já que se trata de um saber
ordenado logicamente, formando um sistema de
ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e
desconexos;
4- É verificável, a tal ponto que as afirmações
(hipóteses) que não podem ser comprovadas não
pertencem ao âmbito da ciência;
5- É falível em virtude de não ser definitivo,
absoluto ou final;
6- É aproximadamente exacto ou quase exacto.
Outro elemento importante é o uso de
instrumentos, o que torna a ciência mais
rigorosa, precisa e objectiva. Os instrumentos de
medida (balança, termómetro), os microscópios e
telescópios, permitem ao cientista ultrapassar a
percepção imediata e subjectiva da realidade e
de fazer uma verificação objectiva dos
fenómenos. A ciência permite dessa forma a
previsibilidade ao descobrir as regularidades que
regem os fenómenos (leis).
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu
ponto de partida consiste em hipóteses, que não
poderão ser submetidas à observação; é não
verificável, já que os enunciados das hipóteses
filosóficas não podem ser confirmados nem
refutados; é racional em virtude de consistir num
conjunto de enunciados logicamente
correlacionados; é sistemático, pois suas hipóteses e
enunciados visam a uma representação coerente da
realidade estudada; finalmente, este conhecimento é
infalível e exacto já que os seus resultados não são
submetidos ao teste da verificação (experimentação)
O objecto de análise da filosofia são ideias,
relações conceptuais, exigências lógicas que não
são redutíveis a realidades materiais e, por essa
razão, não são passíveis de observação sensorial
directa ou indirecta (por instrumentos), como a
que é exigida pela ciência experimental. O
método por excelência da ciência é o
experimental: ela caminha apoiada nos fatos
reais e concretos, afirmando somente aquilo que
é autorizado pela experimentação.
O conhecimento religioso, isto é, teológico, apoia-
se em doutrinas que contêm proposições sagradas
(valorativas), por terem sido reveladas pelo
sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais
verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis
(exactas); é um conhecimento sistemático do
mundo (origem, significado, finalidade e destino)
como obra de um criador divino; suas evidências
não são verificadas: está sempre implícita uma
atitude de fé perante um conhecimento revelado.
(MARCONI & LAKATOS, P. 79).

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