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UNIDADE VI: A MEMÓRIA

Graças a memória temos experiências e estamos apetrechados com aquisições


anteriormente feitas, não estamos em branco face as situações com que nos deparamos.
É pela memória que a pessoa adquire o sentimento da sua própria identidade.
A memória não é a simples conservação de algo que correu no passado. A memoria é
antes de mais o reconhecimento das experiencias passadas.
O que seria de nós se a cada um fosse amputado toda a experiencia passada, do já
vivido?
Sem memória cada momento seria sempre uma nova experiencia, cada pessoa seria
sempre um estranho, cada tarefa (vestir, andar de carro, cozinhar, escrever) seria sempre
um novo desafio.
É por isso que a memória é uma função essencial para continuidade da vida individual
ou colectiva.
A aprendizagem pressupõe a memória, não quer isto dizer que aprender é apenas
memorizar. Aprender é produzir algo novo, construir algo nunca visto ou feito antes e a
memória é um instrumento muito importante deste processo.

6.1 – CONCEITO
A memória é a capacidade das mais importantes e complexas do homem e, a outros
níveis, comum a todos os animais, mais uma vez que até os animais de estrutura mais
simples parecem possuir a capacidade de memorizar.
A memória é o arquivo da mente, é o depósito da aprendizagem acumulada.
Para Cícero, a memória é um tesouro, o guardião de todas as coisas.
Para os psicólogos, a memória é um processo psíquico que regista, conserva e reproduz
(por reconhecimento ou recordação) fenómenos percebidos anteriormente. É a retenção
e recordação de experiencias.
A memória é um factor essencial para o desempenho de todas as capacidades dos
organismos vivos. É também essencial como suporte de todos os processos de
aprendizagem.
A memória entra em acção logo que o estímulo é registado pelos sentidos.
Exemplo: pensa no número de telefone procurado e retido apenas o tempo suficiente
para ser discado: neste caso o intervalo de tempo entre aquisição e retenção é apenas de

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segundos. Também para se compreender a fala tem de manter-se em memória o inico de
cada uma das frases para que se possa aceder ao seu significado quando chegam ao fim.
Utilizamos a memória para aceder quer ao passado remoto quer ao passado recente.
Muitos psicólogos admitem que processos e tipos de memória diferentes estão
envolvidos neste trabalho.
Estes processos são: fixação (codificação), retenção ou conservação (armazenamento) e
reprodução (recuperação); e os três tipos de memória são: os registos sensoriais, a
memória a curto prazo (ou de operação) e a memória de longo prazo.

6.2 - FACTORES INFLUENTES NA MEMÓRIA

a) Atenção: quanto mais atenção prestarmos as coisas facilmente nos lembraremos


delas. Atenção da percepção facilita a memorização.
b) Concentração: quanto maior for a concentração melhor será o processo de
memorização. A desconcentração dificulta a memorização e facilita o
esquecimento.
c) Tempo: o tempo repartido facilita a memorização, longos tempos de
memorização dificultam a recordação.
d) Sugestões e interesse: os factos que nos interessam, momentos mais
significativos da vida profissional e sentimental, as emoções e afectividade são
de mais fácil memorização e recordação.
e) Ambiente: ambientes calmos e agradáveis, proporcionam uma melhor
memorização e facilitam a recordação. Ambientes agressivos e desconfortáveis,
de stress e tensão dificultam a concentração e a memorização torna-se difícil.
f) O factor idade.

6.3 – PROCESSOS DA MEMÓRIA


Vamos supor que és apresentado a uma senhora, de manhã, e que o nome dela é Marta.
Naquela tarde tu a vês e dizes tu és a Marta, conhecemo-nos hoje de manhã”.
Sem dúvidas lembraste-te do nome dela. Isto foi possível porque, primeiro, quando
foram apresentados, tu de alguma forma colocaste o nome Marta na memória: esse é o
processo de fixação ou codificação.
Tu transformaste um estímulo físico (ondas sonoras) em um tipo de código ou
representação que a memória aceita.

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Segundo, tu retiveste ou armazenaste o nome durante o intervalo entre os dois
encontros: esse é o processo de retenção/conservação ou armazenamento.
Terceiro, tu resgataste o nome do armazenamento no momento do seu segundo
encontro: esse é o processo de reprodução ou recuperação (que envolve o
reconhecimento e recordação).
A memória pode falhar em qualquer um desses estágios. Se tu não conseguisses lembrar
o nome Marta no segundo encontro, isso poderia ser reflexo de um fracasso na fixação,
na retenção ou na reprodução.
Os três processos da memória não operam da mesma forma em todas as situações.
A memória parece deferir entre situações que exigem que armazenemos material por
uma questão de segundos daquelas que nos exigem armazenar material por intervalos
mais longos de minutos a anos.
Os estudos revelam que armazenar o material por segundos está em funcionamento a
memória a curto prazo (ou memória de operação) e ao armazenarmos por longos
intervalos de tempo está em acção a memória a longo prazo.
Podemos concluir que o primeiro estágio, fixação, consiste em colocar um facto na
memória; isso ocorre quando estudamos.
O segundo estágio é a retenção ou conservação, no qual o facto é retido na memória.
O terceiro estágio, a reprodução ou recuperação, ocorre quando o facto é resgatado do
armazenamento, por exemplo, ao fazer uma prova.

6.4 - TIPOS DE MEMÓRIA


O primeiro laço entre o passado e o presente de um organismo é feito através dos seus
registos sensoriais. Esses registos existem para todos os sentidos mas, as principais
memórias são visuais, auditivas e tácticas.
Importante saber que existem memórias diferentes para diferentes tipos de informação
mas vamos estudar apenas a memória sensorial, memória a curto prazo e a memória a
longo prazo.

6.4.1 – MEMÓRIA SENSORIAL


Esta é a memória dos sentidos (visão, audição, olfacto, tacto, paladar) inclusive a
memória sensório-motora comum ao homem e ao animal que a escola reflexológica
estuda pelo método dos reflexos condicionados.

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A memória sensorial é útil para estender a duração de estímulos apresentados
brevemente, apesar de desempenhar um papel muito menor no pensamento e recordação
consciente do que os tipos de memória a curto e longo prazo.
A memória sensorial armazena por um tempo 125 msg e tem uma grande capacidade de
registar todos os dados que os órgãos sensoriais registam.
Não presta nenhuma atenção para inserir os dados no sistema e ao codificar o material
fá-lo em paralelo com a experiencia sensorial. Os dados geralmente são recuperados
antes que se apaguem e automaticamente transferidos para a memória a curto prazo.
O material codificado pode ser esquecido se ocorrer deterioração do sistema ou
mascaramento (camuflagem) ou sobreposição de outras informações.
Esta memoria regida pelas leis do hábito é localizável no cérebro (córtex cerebral).

6.3.2 - MEMÓRIA A CURTO PRAZO OU MEMÓRIA DE OPERAÇÃO


Esta consiste em armazenar a informação por apenas alguns segundos após
desaparecimento do estímulo.
Um exemplo é quando queremos encomendar o gás. Procuramos na lista telefónica o
número da agência, retemos esse número, repetindo-o mentalmente, o tempo necessário
para disca-lo. Se passada uma hora um amigo te pedir, provavelmente não o
recordarás…
Lembrar que apesar de reter conhecimentos por pouco tempo envolve os três processos:
fixação, retenção e reprodução.

a) Fixação (codificação) – Para fixar a informação na memória a curto prazo,


precisamos de dar atenção a esta informação, uma vez que seleccionamos o que
queremos dar atenção, aliás, a nossa memória de curto prazo só contém apenas o
que foi seleccionado.

Exemplo: Compraste algumas coisas numa loja e alguém depois perguntou-lhe qual era
a cor dos olhos da vendedora, é possível que não consigas responder, não por causa de
uma falha de memória, mas porque tu nem sequer prestaste atenção nos olhos da
vendedora.
Quando a informação é fixada na memória, ela é registrada em algum código ou
representação.

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Podemos fixar a informação em:
- Representação visual (uma imagem);
- Representação fonológica (sons);
- Representação semântica (baseada no significado da informação).
Podemos usar qualquer uma das representações para fixar a informação na memória,
embora, a mais favorecida seja a representação fonológica quando estamos a tentar
manter a informação activa através de ensaio, ou seja, repetindo um item diversas vezes.
Ensaiar é uma estratégia particularmente popular quando a informação consiste em itens
verbais como dígitos, letras ou palavras.
Exemplo: ao tentar lembrar um número de telefone, é mais provável que fixemos o
número pelo som dos nomes dos dígitos e recitemos esses sons mentalmente até
discarmos o número.

b) Retenção (armazenamento) – um dos factos mais notáveis na memória a curto


prazo é que a sua capacidade é muito limitada. Em média, o limite é de sete
itens, com acréscimo ou subtracção de mais ou menos dois itens… algumas
pessoas armazenam cinco itens, outras até nove.

Herman Ebbinghaus, que iniciou o estudo experimental da memória em1885, relatou


resultados que indicavam que o seu próprio limite, de memorização, era até de set itens.
70 Anos depois George Miller, (1956) repetiu a experiencia de memorizar e ficou
impressionado ao concluir com o mesmo resultado de Ebbinghaus, daí passou a referir
a essa descoberta/conclusiva como “mágico número sete” e este limite se aplica tanto as
culturas ocidentais quanto não ocidentais.

c) Reprodução (recuperação) – estudos revelam que quanto mais itens


(informação) existem na memoria a curto prazo, mais lenta se torna a
recuperação.

Temos mais facilidade de recuperar em pouco tempo informação recentes e quanto mais
tempo passar maior a possibilidade de não recuperarmos.
A estrutura cerebral envolvida na memória a curto prazo é o córtex frontal juntamente
com os neurónios dos lobos pré-frontais e outras diferentes regiões do cérebro que
entram em funcionamento para tarefas específicas a serem rapidamente executadas.

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6.3.2.1 – O ESQUECIMENTO NA MEMÓRIA A CURTO PRAZO
Como já frisamos anteriormente, podemos ser capazes de reter sete itens brevemente,
mas na maioria dos casos eles logo serão esquecidos.
O esquecimento ocorre ou porque os itens “decaem” com o passar do tempo, ou porque
são substituídos por novos itens.
A informação na memória a curto prazo pode simplesmente desaparecer no decorrer do
tempo, a principal causa do esquecimento na memória a curto prazo é a substituição de
itens antigos por novos.

6.3.3 – MEMÓRIA DE LONGO PRAZO


A memória de longo prazo está envolvida quando a informação precisa ser retida por
intervalos tão curtos quantos minutos (por exemplo, algo dito numa conversa) ou
durante uma vida inteira (tais como as memorias de infância de um adulto).
É graças a este tipo de memória que somos capazes de ler, de reconhecer trajectos, de
identificar pessoas conhecidas, de recordar episódios da nossa infância, etc. A sua
duração é ilimitada.
Na memória de longo prazo também distinguem-se três processos: fixação
(codificação), retenção ou conservação (armazenamento) e reprodução (que envolve o
reconhecimento e a recordação).

a) Fixação (codificação) – A representação dominante da memória de longo prazo


é baseada no significado da informação e não na representação visual (imagem)
nem fonológica (som).

A fixação da informação ocorre mesmo quando os itens são palavras isoladas mas é
mais notável quando eles são frases. Vários minutos diferentes de ouvir uma frase, a
maior parte do que conseguimos recordar é o significado da frase.
Exemplo: quando as pessoas descrevem situações sociais políticas complexas, elas
podem lembrar-se mal de muito dos detalhes específicas mas podem descrever com
precisão a situação básica.
Embora o significado possa ser o modo dominante de representar material verbal na
memória de longo prazo, as vezes codificamos também outros aspectos. Podemos, por

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exemplo, memorizar poemas e recita-los palavras por palavras. Nestes casos
codificamos não apenas o significado do poema mas as palavras exactas em si.
O código fonológico e outros também podem ser usados na memória de longo prazo
apesar do preferencial ser verbal ( o significado).

b) Retenção (armazenamento) – O facto de que parte do esquecimento se deve a


falhas de recuperação não significa que todo esquecimento se deve a isso. A
retenção nesta memória é duradoura excepto se ocorrer algum incidente
perturbador. É praticamente certo que se perca alguma informação no
armazenamento ou quando recebemos terapias elétricas aplicadas ao cérebro
(pode ocorrer perda de memoria para eventos que correram meses antes da
terapia), acidentes que podem danificar parte do córtex cerebral ou do
hipocampo ligados a memoria, etc.
c) Reprodução (recuperação) – muitos casos de esquecimento da memória de
longo prazo resultam da perda de acesso à informação e não da perda da
informação propriamente dita. Ou seja, uma memória fraca muitas vezes reflecte
uma falha de reprodução ao invés de uma falha de conservação.

Tentar recuperar um item na memória de longo prazo é como tentar encontrar um livro
em uma grande biblioteca. O facto de não conseguir encontrar o livro não significa
necessariamente que ele não está lá; podemos estar procurando no lugar errado ou do
livro que pode simplesmente estar guardado no lugar errado.
Evidência de falhas de reprodução (recuperação)
Todos nós tivemos a experiencia de não conseguir lembrarmo-nos de algum facto ou
experiencia e depois vê-lo surgir na mente.
Exemplo: quantas vezes fez uma prova e não conseguiu lembrar-se de um nome
específico lembrando-o depois da prova.
Outro exemplo é o fenómeno da “ponta da língua”, em que não conseguimos nos
lembrar de uma determinada palavra ou nome. Podemos nos sentir bastante atormentado
até que uma busca na memória finalmente recupera a palavra correcta.
Outro exemplo mais notável de falha de recuperação ocorre quando uma pessoa que
está em psicoterapia recupera uma lembrança que antes tinha sido esquecida. Estes
estudos sugerem que algumas memórias aparentemente esquecidas não estão perdidas:
simplesmente é difícil chegar até elas.

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6.4 – FACTORES QUE EXPLICAM O ESQUECIMENTO
Desde sempre os seres humanos procuraram explicar o esquecimento, isto é, a
incapacidade de reter, recordar ou reconhecer uma informação.
As lesões ou doenças cerebrais podem provocar perda de informação que vai desde o
esquecimento à amnésia.
Várias teorias sugerem explicações para processo de perda de material memorizado. As
diferentes propostas de explicação apresentam diferentes factores para explicar o
esquecimento.
Hoje constata-se que o esquecimento não é produto de apenas um factor mas de
interacção de vários factores.

1- Desaparecimento e alteração do traço amnésico (registrado no cérebro devido


a passagem do tempo); o esquecimento teria origem na perda de retenção
provocada pela não utilização dos materiais armazenados. O traço enfraqueceria
devido a falta de repetição do exercício.
2- Interferências de aprendizagem (se associarmos diferentes itens a mesma lista
quando tentarmos usar esta lista para recuperar um dos itens, os outros podem
tornar-se activos e interferir na nossa recuperação). Podemos experimentar dois
tipos de interferências: inibição rectroactiva e inibição proactiva.

- Interferência rectroactiva – corresponde ao efeito negativo que a informação nova


tem sobre a anterior: a tarefa B inibe a recordação da tarefa A.

Exemplo: Se um seu amigo chamado António se muda e finalmente apontas o novo


número de telefone, terás dificuldades para lembrar o número antigo. Porquê? Porque tu
estás a usar a lista “ número de telefone do António” para recuperar o número antigo
mas essa lista activa o novo número, o qual interfere na recuperação do antigo.
Exemplo2: depois de uma pessoa usar o cartão várias vezes com o novo código, tem
dificuldades em recordar o código anterior.
- Interferência proactiva – corresponde à influência negativa que a aprendizagem
anterior tem sobre a recordação de uma nova aprendizagem.
A tarefa A inibe a recordação da tarefa B.
Exemplo: suponha que a sua vaga no estacionamento que usas a um ano tenha mudado.
A princípio podes achar difícil recuperar da memória a nova localização da vaga.
Porquê? Porque tu estás a tentar associar a sua nova localização à pista “ minha vaga de

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estacionamento”, mas essa pista recupera a vaga antiga, que interfere no aprendizado da
nova.
Quanto mais informações são associadas a uma pista, mais subcarregadas se torna e
menos eficiente é no auxílio a recuperação.
Muitos autores consideram que o esquecimento seria provocado mais por influência das
interferências do que pelo enfraquecimento do traço mnésico.

3 – Motivação inconsciente
Freud apresenta uma explicação para o esquecimento: as razões baseadas na noção de
recalcamento. O sujeito esqueceria acontecimentos traumatizantes que teriam ocorrido.
As recordações dolorosas eram inibidas, mantendo-se recalcadas no inconsciente. O
esquecimento teria, portanto, um caracter selectivo: acontecimentos, representações,.
Geradoras de angústias e ansiedade, não aceites pelo sujeito seriam reprimidos
mantendo-se na zona inconsciente do psiquismo.
Será no contexto do tratamento psicanalítico que o analisa procurará levar o individuo a
tornar consciente o material esquecido.
Freud vai analisar também os pequenos esquecimentos que atravessam a nossa vida
quotidiana: lapsos, esquecimentos de palavras, de nomes, datas, objectos que estariam
relacionados com motivos inconscientes. São os actos falhados aos quais Freud atribui
significado.

6.5 PATOLOGIAS DA MÉMORIA (PERTUBAÇÕES)


Por razões diferentes a memória pode apresentar as seguintes patologias:
Amnésia Anterógrada – refere-se ao esquecimento dos factos transcorridos depois da
causa determinante do distúrbio e o transtorno mais frequente desse tipo de alteração da
memória é o de fixação. Costuma ser devido à uma concomintante perturbação da
atenção.
Como a maioria dos casos se deve a alteração orgânica, é como se houvesse uma
diminuição da receptividade do sistema nervoso aos estímulos. A Amnesia Anterógrada
pode ser observada com lesões cerebrais agudas ou crónicas, sejam devidas a causas
traumáticas, circulatórias ou toxicas. Os doentes com Amnesia Anterógrada não podem
relembrar os factos recentes, porém, conservando a capacidade para recordar
acontecimentos passados mais remotamente.

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Nos estados demenciais os graves defeitos da fixação se acompanham frequentemente
de fabulações, ou seja, tentativas do paciente preencher as lacunas mnemicas com
afirmações completamente aleatórias.
Amnesia retrograda – é quando ocorre perda da memória para factos ocorridos antes
do evento que o causou. Aqui também o dano cerebral, de qualquer natureza, tem
destaque principal entre as causas. Esse tipo de amnesia se estende por dias ou semanas
anteriores à lesão. Em alguns raros casos, a Amnesia Retrógrada pode compreender
todos os acontecimentos anteriores da vida do enfermo.
A amnesia retrógrada é bastante observada nos quadros neuro-psicológicos senis, após
um ictus circulatório cerebral e nos traumatismos cranianos, principalmente quando há
perda de consciência. Apesar da sintomatologia exuberante, a Amnesia Retrógrada pode
ser reversível, ocorrendo a regressão a partir dos factos mais antigos para os mais
recentes.
Além de neurológica a Amnesia Retrógrada pose ser psicogénica, em consequência de
traumas emocionais intensos. Nesses casos a Amnesia pode referir-se apenas a
determinado período de tempo, limitada a lembranças relacionadas com acontecimentos
angustiantes, Nesses casos na reali8dade, não há um verdadeiro apagamento mnemico e
a dificuldade da evocação resulta de um acontecimento de defesa (negação).
Amnesia retroanterógrada – refere-se ao esquecimento dos factos ocorridos e depois
da causa determinante. Trata-se de uma alteração simultânea da fixação e da
reprodução. Encontra-se nos casos graves de demência orgânica e de traumatismos
cranianos-encefálicos.
Dismnesia -. Impossibilidade de fixar os factos ou qualquer material é frequente nos
deficientes mentais.
Paramnésia – (ilusão da memória) – é considerada como uma falsa recordação ou um
falso reconhecimento. Um individuo considera os acontecimentos novos como já
vividos.
Hipermnesia – Ocorre hipermnesia quando lembranças casuais são reproduzidas com
mais vivacidade e exatidão que normalmente, ou quando se recordam particularidades
que comummente não surgem na consciência. A hipermnesia pode ser observada em
alguns estados orgânicos, como é o caso das afeções febris e toxi-infecciosas. Nesses
casos podem aparecer lembranças da juventude ou da infância ou de factos que pessoa
nem sequer tinha mais consciência de sua existência. Também pode haver hipermnesia
por estimulação hipnótica, onde recordações de particularidades muito complicadas são

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revividas com exactidão. Na Hipermnesia não existe um verdadeiro aumento de
memória. O que se observa é, na realidad4e, uma maior facilidade na evocação dos
elementos mnésicos, normalmente limitados a períodos específicos ou a eventualidades
específicas ou, ainda, a experiencia revestidas de forte carga afectiva.
A Hipomnesia e a Amnesia podem ser consideradas como graus de hipofunção da
memória, ou seja, são diminuições do número de lembranças evocáveis. A Amnesia,
por sua vez, seria a desaparição completa das representações mnésicas correspondentes
a um determinado tempo da vida do individuo”.
Segundo Jaspers, “amnesias são perturbações da memória que se estendem a um
período de tempo delimitado, do qual nada ou quase nada pode ser reproduzido
(amnesia parcial), ou ainda acontecimentos menos nitidamente delimitados no tempo.

Epilepsia – Os epilépticos também estão sujeitos há alguns transtornos da memória que


merecem atenção especial. A memória dos epilépticos pode ser insegura, principalmente
em relação à reprodução e na localização das lembranças. Na medida em que a
enfermidade progride no tempo, a fixação vai-se tornando cada vez mais difícil. Com
muita frequência, alguns enfermos apresentam esquecimentos de nomes, de datas, de
acontecimentos da vida quotidiana (fixação), enquanto conservam de modo perfeito os
acontecimentos adquiridos anteriormente.
Doença de ALZHEIMER – forma rara de senilidade prematura, derivada de
deterioração cerebral.
Doença de PICK - demência progressiva caracterizada por atrofia circunscrita do
córtex cerebral. Existe um embotamento de emoções, acção e discurso estereotipados e
perda do juízo moral e da memória.

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