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COLABORAÇÃO DOCENTE EM CONTEXTO EDUCATIVO ANGOLANO: POTENCIALIDADES E

CONSTRANGIMENTOS
Marta Abelha, Eusébio André Machado, Cristina Costa Lobo

Este artigo é proveniente de uma comunicação no II encontro Luso-Brasileiro sobre Trabalho docente e
formação: políticas, práticas e investigações: pontes para a mudança, realizado na cidade de Porto/Portugal em
2013.
As práticas de colaboração docente são fundamentais para o desenvolvimento profissional. Para alguns autores,
essa prática torna o trabalho docente mais eficaz, melhorando o processo de ensino aprendizagem. Por outro lado,
estudos demonstram que a prática docente é, na maioria das vezes, solitária e individual.
O texto apresenta resultados de uma investigação no contexto angolano, afim de apresentar pontos positivos e
negativos da colaboração docente.
COLABORAÇÃO DOCENTE – UMA REALIDADE OU UMA UTOPIA?
Ao iniciar a discussão, os autores destacam que a colaboração docente se torna mais desejada do que vivenciada,
conforme Roldão(2007) Tardif e Lessard (2005).
Nesse contexto, os mesmos citam Roldão(2007) ao definir o que seria uma prática docente colaborativa. A
colaboração docente vai além de colocar professores em uma atividade coletiva.
Sendo assim, a prática colaborativa, segundo Roldão seria:
- esforço conjunto, articulado, identificar uma problemática.
- nesta articulação, mobilizar os conhecimentos, para a identificação do problema;
- identificar imprevistos, pesquisar, buscar a solução;
- reconhecer erros;
- novas ações, nos sucessos e insucessos;
Little(1990), defende a ideia de que a colaboração pode adotar diversas formas e significados.
1) Contar Histórias; 2) Ajudar e fornecer apoio; 3) Partilhar ideias; 4) Trabalho conjunto;
Não se configura em uma colaboração docente, uma sala com ambiente agradável, com professores “trocando
anedotas sobre os alunos”.
Little (1990), assegura que o trabalho conjunto tem eficácia, quando há uma análise crítica quanto ao trabalho
realizado.
Atingir com maior sucesso a aprendizagem pretendida.
PORÉM, A REALIDADE DEMONSTRA QUE O TRABALHO DO PROFESSOR É INDIVIDUAL,
SOLITÁRIO, FEITO DE PORTAS FECHADAS.
Os teóricos argumentam que a colaboração docente deve ir além de dar-se bem com os pares, ou simplesmente
partilhar experiências e materiais didáticos.
O trabalho de colaboração docente, aumenta a certeza e confiança dos docentes; diminui o sentimento de
impotência, torna o trabalho mais produtivo e satisfatório, incentiva a diversidade e a resolver problemas que
são coletivos, melhora do conhecimento profissional, desenvolvimento profissional.
Mesmo com todos os pontos positivos, verifica-se que, nem sempre essa ação colaborativa acontece com a
frequência desejada, e quando acontece, se dá com professores da mesma disciplina e mesmos anos de
escolaridade.
Segundo Thurler (1994), os fatores que limitam a colaboração docente são:
- Não há oportunidades de socialização e de trabalho colaborativo, portanto, há um isolamento;
- valorização das atividades individuais do que coletivas, por parte da gestão centralizadora;
- Ausência de estrutura para um trabalho colaborativo, ficando o mesmo, para momentos voluntários;
- Trabalho em equipe é visto como inconcebível,
- São raras as atividades de colaboração que são colocadas como prioridade;
- os horários que se desencontram.
-NOTA-SE QUE, A FALTA DE TEMPO E INCOMPATIBILIDADE DE HORÁRIO SÃO OS FATORES
MAIS CITADOS PELA FALTA DE COLABORAÇÃO DOCENTE.
- questões organizacionais e técnicas são as que contribuem para a ausência.

PESQUISA
A pesquisa foi feita por professores que frequentaram a Formação Especializada em Administração e
Gestão Escolar, na Cespu Formação Angola na cidade de Benguela (Angola).
Os questionários aplicados tiveram como objetivo, identificar as dinâmicas de trabalho privilegiadas pelos
professores, identificar a concepção de trabalho colaborativo dos professores participantes, levantas as
potencialidade e constrangimentos que os professores tem acerca da prática de colaboração docente.
Tabela 1 caracterização – situados entre 31 a 41 anos, predomínio de homens, maioria com licenciatura, lecionado
há sete anos.
Tabela 2 trabalho docente – o trabalho individual é em sua maioria ( resultado da organização escolar). Os
professores que optam por atividades colaborativas, buscam por colegas próximos. Entretanto, os professores da
mesma disciplina e ano de escolaridade são com os que optam trabalhar. Professores de diferentes áreas,
responderam nunca terem alguma colaboração com professores de outras áreas.
Tabela 3 mais-valia a colaboração docente – os professores responderam que a prática colaborativa, em primeiro
lugar, contribui para a partilha de materiais didáticos e de experiências. Desenvolve a capacidade de reflexão
sobre a ação, conduzindo os professores a refletirem sobre suas práticas. Potencializa o desenvolvimento
profissional docente, melhorando o trabalho docente e consequentemente a melhoria do processo educativo
escolar. Vai em direção com Roldão e Little.
Tabela 4 constrangimentos inerentes à colaboração docente - verificou-se a inexistência de uma liderança
fomentadora do trabalho colaborativo, predomínio de uma cultura de individualismo docente, ausência de espaços
físicos para reunir e trabalhar colaborativamente, inexistência de boas relações pessoais e profissionais.

O individualismo docente se torna uma característica proveniente da organização escolar. Sendo assim, para que
haja uma maior presença de colaboração docente, deve-se, haver uma reconfiguração da organização escolar. O
artigo mostra a consciência do docente acerca das contribuições destas práticas, porém, a liderança, a cultura do
individualismo, a ausência de espaços físicos e as relações profissionais que surgem como os “constrangimentos”
e limitações para um trabalho colaborativo e dialógico.
Mudar a natureza do trabalho docente, implica em mudar a natureza da organização escolar.
REFERÊNCIA
ABELHA, M., MACHADO, E. A., & COSTA-LOBO, C. (2014). Colaboração docente em contexto educativo angolano:
potencialidades e constrangimentos. In A. Lopes, M. Cavalcante, D. Oliveira, & A. Hypólito (Orgs.), Trabalho docente e formação:
políticas, práticas e investigação: pontes para a mudança: atas do II Encontro Luso-Brasileiro (pp.5490-5502).

CONTRIBUIÇÕES DA UNIVERSIDADE PARA A SOCIEDADE 16/10/2019


Charge – Los Grandes Fatos de La vida – Fato 86 – o otimista vê o copo meio cheio, o pessimista vê o copo
meio vazio, o realista quer saber quem vai lavar o copo.
SABER DOCENTE E PESQUISA – pesquisa-ação (transformação), Professor pesquisador, Professor
Reflexivo, Pesquisa do professor (que atua na sala de aula) (parceria com pesquisador), essas práticas se
relacionam com a “colaboração docente”. LUDKE
PESQUISA EM EDUCAÇÃO (DE ACORDO COM O OBJETIVO)
-diagnóstico – cooperativo, descritivo;
-Colaboração – maior interação, ação-ajuda;
-Integração – Inter e transdisciplinar, comunidades de aprendizagem.

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