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Currículo e Organização do Conhecimento;

São experiências escolares, atividades através das quais o aluno aprende, o currículo
escolar abrange as atividades desenvolvidas dentro da escola. É o conjunto de matérias a
serem ministradas em determinado curso ou grau de ensino, ele é um elemento
importante para o planejamento do professor, seve para organizar os conteúdos e as
atividades escolares, sendo compreendido como um caminho, um curso de conteúdos a
ser seguidos.
O currículo é algo importantíssimo para o trabalho do pedagogo, pois ele possibilita a
construção do saber, não somente o científico, mas também o social. Sem ele ficaria
difícil o planejamento de aula do professor, a organização dos conteúdos e as atividades
escolares.
O que seria a educação sem o currículo escolar?
Seria algo sem subjetividade, sem atividades educativas, sem um guia, não teria uma
base um suporte para orientar a prática pedagógica, uma ajuda para o professor. Nesse
caso o currículo vem para definir e proporcionar as ações adequadas e úteis para os
professores que estão participando do dia a dia da escola
Segundo César Coll: O currículo é um projeto, não se trata de algo pronto e acabado,
mas algo a ser construído permanentemente no dia a dia da escola, com a participação
ativa de todos os interessados na atividade educacional.
O currículo real é aquele que acontece dentro da sala de aula entre educadores e alunos,
ele diz respeito ás atividades planejadas e desenvolvidas no projeto político-pedagógico
da escola e os planos de aula realizados pelos professores.
O currículo oculto é aquele que não nos interessa, que tentamos ocultar, que não se
encontram documentados em papel como por exemplo, o racismo, religião etc. mas ele
está presente em nosso cotidiano da prática escolar, é tudo o que os alunos aprendem em
meio a convivência escolar, orientações, valores, comportamentos e atitudes.
O currículo prescrito é aquele estabelecido em todo o território, seja nacional ou estatal,
que todos os professores devem seguir e executar, ele atribui á escola o papel de
transmitir uma cultura com base na lógica da reprodução, um currículo igual para todos
os alunos.
Qual o papel do currículo escolar no ambiente educacional?
As possibilidades existentes para a definição de um currículo escolar são muitas. É
preciso que haja um olhar atencioso na hora de selecioná-las a fim de formar os
cidadãos do futuro
Todos parecem saber a que nos referimos quando falamos em currículo escolar,
entretanto a expressão também gera dúvidas e algumas dificuldades para defini -la
com clareza.
Para alguns, apenas o “conteúdo de cada matéria” ou “o conjunto de saberes
construído pela humanidade e que deve ser transmitido às novas gerações”, outros
se referem à “proposta pedagógica da escola” e “aquilo que cai nas provas”.
A verdade é que não se trata apenas de uma definição teórica, ou uma questão
burocrática. O currículo escolar é a pedra angular do trabalho pedagógico
realizado todos os dias nas escolas.
Quanto à origem da palavra, currículo vem do latim “currere”, que significa rota,
caminho. Representa, então, a proposta de organização de uma trajetória de
escolarização, envolvendo conteúdos estudados, atividades realizadas,
competências desenvolvidas, com vistas ao desenvolvimento pleno do estudante.
Para a gestão de conhecimento no ambiente educacional, o currículo escolar é o
referencial. E na construção desse caminho é importante que exista uma indicação
tanto de conteúdos quanto de formas de trabalho – “o que” e “como” trabalhar
no dia a dia das salas de aula.
Na organização e gestão do currículo, a partir da sua escolha metodológica, a
instituição pode adotar abordagem disciplinar ou interdisciplinar:
 No modelo clássico disciplinar, os conteúdos em disciplinas justapostas são
abordados e representam as parcelas da experiência e do conhecimento
humano;
 No modelo interdisciplinar, os conteúdos são desenvolvidos de forma
integrada com as diferentes áreas do conhecimento em real trabalho de
cooperação entre as disciplinas;

 No modelo interdisciplinar existem várias possibilidades de organização,


mas, em todas elas é preciso um esforço consciente por parte da equipe
escolar para tratar o conhecimento de forma integrada, e o currículo pode já
prever essa dimensão integradora ou os elementos que podem fazer ela
acontecer na prática.

E o que levar em conta, afinal?


1. A flexibilidade é importante para responder a mudanças e atualizações em
todas as áreas do conhecimento, incorporar novidades e considerar as
necessidades futuras dos estudantes que estão em formação. Sendo assim, o
currículo deve ser um documento vivo, dinâmico, e não algo estático,
sempre igual ou acabado;
2. A vida no século 21: o mundo desenvolve-se de forma cada vez mais
complexa e demanda novas estratégias de ensino e propostas que sempre
dialoguem com a realidade dos estudantes.
Há muitas possibilidades para se definir um currículo e não é tarefa simples
selecionar o que irá compor cada proposta. São essas escolhas que ajudarão o
ambiente educacional a formar cidadãos que viverão no mundo globalizado, mas
que também trazem em sua bagagem de vida os valores regionais.
Ou seja, mesmo que existam referências nacionais para se desenvolver habilidades
e trabalhar conteúdos e competências tidas como essenciais para estudant es de
qualquer parte do país ou do mundo, é o currículo escolar que garante como se
pode, ao mesmo tempo, levar para a sala de aula a cultura local, o estudo de
problemas da realidade e a aplicação do conhecimento, por parte dos estudantes,
aos desafios que encontram em seu cotidiano.
Por fim, tendo em vista que o currículo escolar acontece de fato na instituição
educacional, além de terem a prerrogativa para fazer escolhas a partir das referências
nacionais ou de cada sistema de ensino, é importante que essas
instituições dialoguem com os profissionais e equipes reconhecendo que eles têm
crenças, valores, vivências e posicionamentos próprios construídos ao longo de suas
histórias de vida e de suas trajetórias profissionais.

Didática de Ensino;
No universo da educação, especialmente no ambiente escolar a palavra didática está
presente de forma imperativa, afinal são componentes fundamentais do cotidiano escolar
os materiais didáticos, livros didáticos, projetos didáticos e a própria didática como um
instrumento qualificador do trabalho do professor em sala de aula. Afinal, a partir do
significado atribuído à didática no campo educacional, é comum ouvir que o professor x
ou y é um bom professor porque tem didática.

Para as teorias da educação, porém, a didática é mais do que um termo utilizado para
representar a dicotomia entre o bom e o mal professor ou para designar os materiais
utilizados no ambiente escolar. Termo de origem grega (didaktiké), a didática foi
instituída no século XVI como ciência reguladora do ensino. Mais
tarde Comenius atribuiu seu caráter pedagógico ao defini-la como a arte de ensinar.

Nos dias atuais, a definição de didática ganhou contornos mais amplos e deve ser
compreendida enquanto um campo de estudo que discute as questões que envolvem os
processos de ensino. Nessa perspectiva a didática pode ser definida como um ramo da
ciência pedagógica voltada para a formação do aluno em função de finalidades educativas
e que tem como objeto de estudo os processos de ensino e aprendizagem e as relações
que se estabelecem entre o ato de ensinar (professor) e o ato de aprender (aluno). Nesta
perspectiva a didática passa a abordar o ensino ou a arte de ensinar como um trabalho de
mediação de ações pré-definidas destinadas à aprendizagem, criando condições e
estratégias que assegurem a construção do conhecimento.

Nesse contexto, a Didática enquanto campo de estudo visa propor princípios, formas e
diretrizes que são comuns ao ensino de todas as áreas de conhecimento. Não se restringe
a uma prática de ensino, mas se propõe a compreender a relação que se estabelece entre
três elementos: professor, aluno e a matéria a ser ensinada. Ao investigar as relações entre
o ensino e a aprendizagem mediadas por um ato didático, procura compreender também
as relações que o aluno estabelece com os objetos do conhecimento. Para isso privilegia
a análise das condições de ensino e suas relações com os objetivos, conteúdos, métodos
e procedimentos de ensino.

Entretanto, postular que o campo de estudo da Didática é responsável por produzir


conhecimentos sobre modos de transmissão de conteúdos curriculares através de métodos
e conhecimentos não deve reduzir a Didática a visão de estudo meramente tecnicista. Ao
contrário, a produção de conhecimentos sobre as técnicas de ensino oriundos desse campo
de estudo tem por objetivo tornar a pratica docente reflexiva, para que a ação do professor
não seja uma mera reprodução de estratégias presentes em livros didáticos ou manuais de
ensino. Não basta ao professor reproduzir pressupostos teóricos ou programas
disciplinares pré-estabelecidos, as informações acumuladas na prática ao longo do
processo ensino-aprendizagem devem despertar a capacidade crítica capaz de
proporcionar questionamentos e reflexões sobre essas informações a fim de garantir uma
transformação na prática. Como um processo em constante transformação, a formação do
educador exige esta interligação entre a teoria e a prática como forma de desenvolvimento
da capacidade crítica profissional.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática – Velhos e Novos temas. Disponível
em: https://www3.fmb.unesp.br/emv/pluginfile.php/24531/mod_resource/content/1/Lib
%C3%A2neo%20-%20Livro%20Didatica.pdf

SFORNI, Maria Sueli de Faria. Interação entre Didática e Teoria Histórico-Cultural.


Educação e Realidade, Porto Alegre, 2015. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/edreal/2015nahead/2175-6236-edreal-45965.pdf

BARBOSA, Flávia Aparecida S. e FREITAS, Fernando Jorge Correia. A Didática e sua


Contribuição no Processo de Formação do Professor. Disponível
em: http://fapb.edu.br/media/files/35/35_1939.pdf

Planejamento;
O que é o planejamento pedagógico?
O planejamento pedagógico, como o próprio nome já indica, é uma maneira de organizar
as atividades e os conteúdos que serão trabalhados na escola durante o ano letivo. Esse
documento esboçará as intenções da escola, explicitando os objetivos que cada professor
ou turma espera atingir ao final das aulas.
Antecipar as situações e atividades durante o ano contribui para a melhoria dos
processos de ensino e aprendizagem e, ainda, evita que a equipe da escola seja pega de
surpresa por alguns problemas.
Em poucas palavras, o planejamento pedagógico significa conhecer as necessidades e a
realidade da instituição, estabelecer objetivos e metas, destinar recursos materiais e
financeiros e gerir pessoas e tempo. Dessa forma, é possível antecipar obstáculos e
antever ações, a fim de colaborar com o desenvolvimento educacional dos alunos.
Além de questões que podem parecer burocráticas a princípio — como definição de
turmas, distribuição dos conteúdos pela grade de horários e elaboração do calendário
escolar —, o planejamento é fundamental para a compreensão de como a instituição pode
cumprir sua missão diante dos seus projetos e obstáculos particulares.
No planejamento pedagógico, é essencial analisar dois aspectos da realidade escolar:
realidade interna: reflete o número de docentes, a infraestrutura, as dificuldades
enfrentadas pela gestão, os objetivos pedagógicos a serem atingidos, entre outros pontos
relevantes;
realidade externa: o relacionamento da escola com a família dos estudantes e com a
comunidade na qual está inserida, o cumprimento com as exigências do Governo e do
mercado, etc.
Essas são duas realidades que merecem grande atenção. Caso a realidade interna não seja
analisada de maneira eficiente, é bem provável que a escola não caminhe para um objetivo
maior.
Por isso, é preciso definir todos os aspectos apontados a partir de ambas as realidades.
Essa ação ajudará gestores e professores a compreenderem a situação de modo mais
apurado possível.
Algumas ferramentas importantes para esse fim são: pesquisas, coletas de depoimentos
da comunidade escolar e análise de satisfação. Ou seja, tudo que vai mostrar os acertos e
os equívocos da instituição no ano anterior, para que, assim, ela possa planejar um
caminho mais certeiro no ano letivo seguinte.
Como seria um bom planejamento pedagógico?
Antes de começar os dias letivos, os docentes se reúnem para confrontar as intenções da
instituição escolar com a sua realidade. A partir disso, elaboram um plano de ação que
realmente combine duas condições: o que se deseja fazer e o que pode ser feito. Assim, é
possível que a escola se aproxime da sua missão sem deixar de analisar o contexto no
qual está inserida.
De maneira mais ampla, a construção desse documento precisa contemplar:
regras de uso dos espaços da escola (bibliotecas, pátio, quadras, etc);
calendário geral da escola;
projetos interdisciplinares;
reuniões de pais e professores;
avaliações;
formação continuada.
Um bom planejamento deve descrever claramente quais são os propósitos da escola para
a formação integral do aluno. Dessa forma, os professores poderão sistematizar suas aulas
em consonância com os objetivos a serem atingidos por aquela unidade escolar.
Qual a importância do planejamento pedagógico?
Após entender um pouco sobre o que é o planejamento pedagógico, é interessante
reconhecer a importância de construir um planejamento organizado, que tenha uma
intencionalidade pedagógica condizente com o projeto político pedagógico (PPP). Tal
planejamento trará clareza para educadores e pais sobre a intenção pedagógica da
instituição escolar.
Além disso, o planejamento auxilia na organização de disciplinas, datas comemorativas,
formação continuada, reuniões, entre outras rotinas, já que ele vai detalhar passo a passo
todas as atividades e ações que devem ser tomadas. Vejamos a seguir por que ele é tão
importante!
Auxilia os professores
Além de auxiliar os educadores na condução de aulas mais eficientes e dinâmicas, o
planejamento pedagógico proporciona a troca de experiências e de ideias entre os
professores e coordenadores pedagógicos. Ainda, busca a construção da unidade escolar,
na qual todos os professores estejam trabalhando em prol dos mesmos objetivos.
Problemas e obstáculos sobre o planejamento anterior são reportados no encontro de toda
a equipe escolar, chamando atenção para possíveis mudanças no próximo ano. Ademais,
esse planejamento permite que soluções encontradas por cada um nos desafios sejam
trocadas e discutidas.
Dessa maneira, os envolvidos poderão contribuir para que o ano letivo seja repleto de
resultados satisfatórios, fazendo com que todos possam aprender uns com os outros. A
intenção é que a escola construa propostas mais eficientes para cumprir sua missão
pedagógica.
Transforma conceitos em realidade
O planejamento pedagógico não se trata apenas de um documento ou requisito
inteiramente burocrático. Ele representa uma diretriz que oferece a oportunidade de levar
a escola a repensar o seu papel, bem como a sua intencionalidade pedagógica.
Por meio dessa organização, cada educador consegue direcionar o seu trabalho para o
objetivo que toda escola tem em comum. É uma ferramenta que auxilia os professores a
concretizar seu trabalho na prática docente, ou seja, no cotidiano escolar.
Faz uma revisão e avaliação do que foi feito antes
Outro ponto relevante do planejamento é que ele pede da equipe pedagógica uma revisão
das ações e dos resultados do passado: refletir com criticidade o trabalho pedagógico é
uma das funções do planejamento. Um bom exemplo é analisar o modelo de avaliação
aplicado no ano anterior e verificar o que deu certo e, se necessário, corrigir falhas.
Consequentemente, a cada novo planejamento, a equipe tem a possibilidade de analisar e
refletir criticamente o trabalho pedagógico que a escola está desenvolvendo. Logo, novas
estratégias poderão ser pensadas para que a escola continue avançando de maneira
constante, atentando às novas demandas que possam aparecer dentro ou fora da
instituição.
Concilia interesses da comunidade
O planejamento acaba por englobar todas as partes da instituição de ensino, tanto internas
quanto externas (docentes, discentes, funcionários, governo, família e toda a
comunidade).
É indispensável que a comunidade participe efetivamente das decisões do planejamento:
para que seja, de fato, um instrumento de melhoria na educação dos alunos, ele precisa
ser pensado coletivamente, com compromisso e responsabilidade, a partir de um processo
de mobilização que envolve elaboração, acompanhamento, avaliação e reelaboração.
Uma das mais importantes tarefas da equipe gestora é encontrar pontos de partida para
atingir um nível esperado de mobilização, pois muitas lideranças vão emergir durante o
processo, provocando novas adesões.
Sendo assim, além de abrir espaço para que os membros da equipe de coordenação
pedagógica e docentes troquem experiências, o planejamento possibilita que o conselho
familiar e a comunidade tenham oportunidade de contribuir para a instituição. Essa atitude
de conciliar interesses de todos os participantes torna a escola mais consciente das
demandas externas e mais democrática.
Como mencionamos no início do post, o planejamento pedagógico tem como finalidade
traçar metas para serem cumpridas durante o ano letivo, a fim de que a instituição escolar
se oriente da melhor forma possível.
Então, para que ele seja produtivo e eficaz, é fundamental que apresente objetividade,
ordem sequencial, flexibilidade e coerência, cabendo ao educador, em conjunto com os
demais membros da escola, adaptar o planejamento pedagógico quando necessário, com
o intuito de assegurar uma das funções primordiais do documento: a de guiar as práticas
dos professores em sala de aula.

Organização do tempo e do espaço escolar;


TEMPO
O calendário escolar é de extrema importância, pois ele é um elemento constitutivo da
organização do currículo escolar. É ele que mostra a quantidade de horas que os
professores de cada matéria terão para usar em sala de aula, as avaliações, cursos, os
feriados, as férias, períodos em que o ano se divide, os dias letivos, as atividades
extracurriculares (como campeonatos interclasse, festa junina, entre outros) e as
atividades pedagógicas (como trabalho coletivo na escola, conselho de classe e paradas
pedagógicas).

O professor também necessita de tempo para conhecer melhor seus alunos, exercer sua
formação continuada dentro do ambiente escolar, participar de cursos e palestras de
formação continuada, preparar suas aulas, diários, avaliações, atividades didáticas e
acompanhar e avaliar o projeto político-pedagógico em ação.
O estudante também precisa de tempo para, entre outras coisas, se organizar e criar seus
espaços para além da sala de aula.

Além disso, essa organização do tempo escolar de cada escola deve levar em consideração
a realidade, a região e a estrutura de cada instituição e dos alunos. Por exemplo, em
regiões onde a maioria da população, o que engloba os alunos, trabalha na área rural, o
calendário escolar deve levar em conta as épocas de safra e entressafra.

Essa organização do tempo escolar é normalmente feita no momento da elaboração do


projeto-político-pedagógico (PPP) de cada escola.

As pessoas mais indicadas para a organização desse tempo escolar são os próprios
professores, por conhecerem as necessidades e a realidade da sala de aula. No entanto,
verifica-se que, na maioria dos casos, são especialistas e membros de outras áreas, os
responsáveis por esta parte.

Assim, o resultado é que o tempo escolar fica muito compartimentado e hierarquizado.


Isto significa que a grade curricular, que fixa o tempo de cada disciplina, concede mais
tempo – que normalmente é apenas de uma hora ou menos – para disciplinas que são
consideradas de mais importância em detrimento de outras, que acabam ficando
prejudicadas por terem menos tempo para serem desenvolvidas.

Comentando sobre esse assunto e sobre o resultado imediato no desenvolvimento escolar


dos alunos, Enguita (1989) diz:

A sucessão de períodos muito breves – sempre de menos de uma hora –


dedicados a matérias muito diferentes entre si, sem necessidade de sequência
lógica entre elas, sem atender à melhor ou à pior adequação de seu conteúdo a
períodos mais longos ou mais curtos e sem prestar nenhuma atenção à cadência
do interesse e do trabalho dos estudantes; em suma, a organização habitual do
horário escolar ensina ao estudante que o importante não é a qualidade precisa
de seu trabalho, a que o dedica, mas sua duração. A escola é o primeiro cenário
em que a criança e o jovem presenciam, aceitam e sofrem a redução de seu
trabalho a trabalho abstrato. (ENGUITA, 1989, p.180)

Desse modo, vários autores, como Veiga (p. 30) concordam que é necessário reformular
a forma em que o tempo escolar é organizado, para alterar a qualidade do trabalho
pedagógico.

A organização da rotina das atividades da criança na escola é um aspecto de suma


importância. Essa deve ser pensada a partir do planejamento feito pela equipe pedagógica
e professores, traduzida no plano de trabalho ou de aula. A rotina possibilita à criança
segurança e domínio do espaço e do tempo que passa na escola.

A organização da rotina deve ser adequada ao tempo de permanência da criança na escola,


ou seja, se período integral, caracterizado pelo Ministério da Educação, com no mínimo
de sete horas diárias, ou meio período, totalizando quatro horas diárias.
A partir dessa definição, organizam-se as atividades propostas para a criança. Importante
destacar que essa organização não pode ser rígida, pode ter alterações e adaptações no dia
a dia, dependendo de situações inusitadas.

A criança não pode de maneira nenhuma ficar sozinha, em nenhum dos momentos
especificados acima. Ou seja, deve estar sempre com um adulto que dirige as atividades,
no diálogo com a criança, na perspectiva do cuidar, educar e brincar.
A organização da rotina orienta as crianças no tempo e no espaço e também, o trabalho
do professor, quando por meio da mediação das atividades propostas avaliava aplicação
do que foi planejado e traduzido em seu plano de ensino.
O professor deve, a partir das observações realizadas, promover a verbalização das
situações, problematizar, incentivar respostas, experiências, trabalhar com o nome da
criança, criar referências sobre a história de vida de cada um, criar indicativos sobre as
características da escola, do bairro.
Promover momentos para cantar, ouvir músicas, ler histórias, parlendas, poemas, assistir
filmes, dramatizar. Organizar situações matemáticas, por exemplo, enumerar os materiais
como brinquedos. Para as crianças maiores, propor atividades com situações de agrupar,
tirar, subtrair, repartir, registrar quantidades.

Todas essas atividades devem ser realizadas a partir de brincadeiras, jogos, que permitam
a socialização, a integração entre as crianças e com o meio, sua autonomia. Seus objetivos
devem contemplar o proposto na organização pedagógica, ou seja, as situações de
aprendizagem devem ser intencionais.
Os diferentes momentos organizados que caracterizam a rotina na escola infantil são de
suma importância para avaliação do desenvolvimento da criança e da proposta
pedagógica e curricular, pois é na execução das atividades que se cria a possibilidade de
estabelecer a relação entre teoria e prática e ainda, da atuação dos diferentes profissionais.
Cabe observar e registrar, por exemplo, nos momentos:
- Da entrada e saída: a desenvoltura da criança, sua segurança em ir e vir, o diálogo que
estabelecem com quem as deixa e recebe na escola, a maneira como interagem com o
espaço e as pessoas que a cercam;
- das atividades: O desenvolvimento da linguagem, da motricidade, da afetividade, das
relações que estabelece com o objeto de aprendizagem e com os colegas e professor, como
expressa e entende as orientações do professor para os momentos de falar, de ouvir, de
organizar os espaços, o cuidado com os materiais, identificar as dificuldades da criança e
em quais atividades tem maior domínio;
- das refeições: A autonomia em se alimentar, em se servir, a postura à mesa, a utilização
dos utensílios, a mastigação;
- da higiene: O reconhecimento de seu corpo, do asseio, a manipulação dos instrumentos
de higiene, o prazer com a higiene, a agilidade ao despir-se e vestir-se;
- o descanso: acompanhar o sono: O comportamento durante o período de repouso, se a
criança aceita quando um colega quer dormir e não quer brincar, se atendem as
orientações do professor ou monitor quanto à organização do espaço, dentre outros
aspectos.

ESPAÇO
Ao refletirmos sobre a educação brasileira e os processos pedagógicos de ensino-
aprendizagem que nela estão inseridos, precisamos considerar toda a diversidade de
nossa sociedade e que esta se constrói ao longo da história em espaços e tempos próprios
de nossa cultura de forma ampla, complexa e não estática.
Nossa cultura esta intrinsecamente ligada a nossa história, que por sua vez, se desenvolve
num espaço heterogêneo e multifacetado do território brasileiro, sendo assim,
heterogêneo, diversificado e multifacetado também é o espaço escolar das escolas
brasileiras.
O espaço escolar é o ambiente consagrado em nossa cultura destinado ao
desenvolvimento dos processos educacionais de ensino e aprendizagem, embora
saibamos que a educação tenha um sentido mais amplo que contempla também ambientes
não escolares.
Focaremos nossa reflexão na importância da organização dos espaços físicos e de
aprendizagem existentes na escola e da dimensão espacial humana das relações e
interações dos sujeitos que a habitam.
Segundo Paulo Freire: “Há uma pedagogia indiscutível na materialidade do
espaço”. (FREIRE, 1999:49).
Refletindo ainda sobre a importância do espaço e sua função social podemos também
citar a frase do geógrafo baiano Milton Santos em que diz: “A História não se escreve
fora do espaço, e não há sociedade a-espacial. O espaço, ele mesmo é social.” (SANTOS,
1979. p.9).
O planejamento e a reflexão sobre o espaço educativo é fundamental no processo de
ensino-aprendizagem dos educandos, pois é nele onde são promovidas as interações entre
os sujeitos e os objetos de conhecimento. Por tanto o espaço escolar deve ser organizado
de forma a favorecer o desenvolvimento do coletivo propiciando aprendizagem através
da socialização e troca de experiências e saberes diverso.
Ao se planejar e organizar o espaço escolar, é imprescindível considerar o aspecto da
diversidade e heterogeneidade presente na escola que deve procurar atender as diferenças
dos educandos promovendo a liberdade de expressão e de movimento, autonomia,
cooperação e interação, itens indispensáveis a formação do sujeito aprendente.
A forma como os espaços estão organizados comunicam as ideias e as concepções que
permeiam o pensamento de quem os idealizou projetou ou organizou, e podem libertar a
alma, o pensamento para o desenvolvimento ou embotá-lo. (SILVIA PERRONE, 2011)
Refletindo sobre o espaço escolar devemos pensar e agir em prol de uma escola que seja
rica em possibilidades de interações humanas e que se permita a troca de saberes e o livre
expressar das ideias, concepções e visões de mundo contidas nos sujeitos que a habitam.
Para tanto, é necessário um esforço coletivo de todos os agentes participativos da escola
na tentativa de compreender a complexa multidimensionalidade e diversidade do espaço
escolar que é sobretudo humano abrigando suas inúmeras capacidades como o pensar,
criar, sentir e agir modificando e transformando o seu entorno. É nessa perspectiva que
devemos idealizar e trabalhar não para uma escola estática e burocrática e sim para um
escola humana e transformadora ou seja uma “escola viva”

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