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HABILIDADES DE PRONTIDÃO(BÁSICAS)

Apesar da intensa discussão acerca da importância das


habilidades básicas para o aprendizado da leitura, escrita e
aritmética, faz-se necessário ressaltar que as mesmas são
imprescindíveis para esse processo.
As habilidades básicas, também conhecidas como pré-
requisitos ou prontidão geral, são um conjunto de modalidades
especializadas, que podem ser utilizadas em conjunto ou
individualmente, de acordo com a tarefa a ser desenvolvida em
aprendizagem sistemática e assistemática.
A seguir, tomaremos as definições usadas por Verônica Braun,
em sua Coleção Pra Pré, que, de forma clara e objetiva, explica cada
uma das habilidades:
IMPORTANTE: A COLEÇÃO PRA-PRÉ SERÁ ENVIADA A TODOS
OS INTEGRANTES EM FORMATO PDF.

DISCRIMINAÇÃO VISUAL: “Capacidade de comparar e discriminar


objetos, identificando semelhanças e detalhes; prepara-se para
posterior fase da discriminação de símbolos abstratos: diferenças
entre letras, palavras, etc. É mais fácil perceber o que é diferente do
que aquilo que é semelhante”.

ORIENTAÇÃO ESPACIAL: “Orientar-se no espaço é ver-se e ver as


coisas no espaço em relação a si próprio, é dirigir-se, é avaliar os
movimentos e adapta-los no espaço. É estabilizar o espaço vivido...
Está intimamente ligado ao esquema corporal, sendo responsável
pela noção de direita e esquerda, assim, como por sua capacidade de
não inverter a ordem das letras nas palavras – ou distinguir o ‘b’ de
um ‘d’, etc...”

ORDENAÇÃO TEMPORAL: “Orientar-se no tempo é situar o


presente em relação a um "antes" e um “depois”; é avaliar o
movimento do tempo, distinguir o rápido do lento, o sucessivo do
simultâneo. É situar os movimentos do tempo: uns em relação aos
outros. A seqüência da leitura e da escrita é uma seqüência da
orientação espacial e da ordenação temporal”.

COORDENAÇÃO VISO-MOTORA: “É a capacidade de seguir e


acompanhar objetos e símbolos com movimentos oculares
coordenados. A coordenação dos movimentos dos olhos e das mãos é
fundamental para a aprendizagem da escrita”.
COORDENAÇÃO MOTORA FINA: “Desenvolvida por meio de
exercícios especiais que levarão a criança a obter a precisão, a
rapidez e a força muscular dos membros superiores e especialmente
das mãos. A criança passa do movimento espontâneo para o
movimento consciente. É a capacidade de coordenar a musculatura
fina, em que é exigida a tarefa mão – olho”.

SÍNTESE: “Capacidade de unir, de juntar partes, unidades ( ex:


sílabas ), para formar um todo ( ex: palavra ), a partir de uma união
das partes, tira-se conclusões do todo”.

ANÁLISE: “Capacidade de decompor, de separar um todo em partes,


em unidades menores ( ex: palavras em sílabas )”.

ANÁLISE E SÍNTESE: “É um processo em que cada uma das partes


do todo tem ligação com as outras partes. Este processo tem grande
relevância na aprendizagem da leitura e da escrita”.

DISCRIMINAÇÃO AUDITIVA: “ É a capacidade de diferenciar um


som do outro; compreender rítmos, etc. A discriminação auditiva
exerce fundamental importância na alfabetização, pois, o ritmo
existe na fala e na escrita”.

PERCEPÇÃO: FIGURA e FUNDO: “ Capacidade de perceber objetos


no primeiro plano ( como figura ) e de diferencia-los
significativamente (...). A diferenciação de objetos significativos do
ambiente requer concentração, atenção. Esta percepção é
fundamental na aprendizagem da leitura e escrita”.

Ainda, segundo Meur e Staes, (84) podemos complementar:

NOÇÃO DO ESQUEMA CORPORAL: É fundamental para o


indivíduo a noção e o conhecimento de si mesmo, em relação ao
ambiente e todos os elementos que o compõe.

CONHECIMENTO ESQUERDA – DIREITA: É a consciência de que


temos dois lados distintos no corpo. Não significa lateralidade ( que
é a dominância lateral de uma parte do corpo sobre a outra,
determinada neurologicamente ).

ASPECTOS PSICOMOTORES: propostos por Vitor da Fonseca, (88):

Períodos do Processo Processo Motor Processo


Desenvolvimento Perceptivo Visual Psicomotor
Nascimento . olhar procura sons e
estímulos visuais
estranhos
. reação global e
desorganizada do
movimento
. reflexos (memória de
espécie)
1 mês .perseguição horizontal, . levanta a cabeça e o . segura objetos por
vertical e circular do ombro quando em curtos períodos de tempo
olhar decúbito facial
. olha para as mãos
2 meses . convergência binocular . maturação de vértebras . Primeiras relações entre
cervicais e dorsais visão e a mão
3 meses . observa os movimentos . pode realizar uma . mão orientada para os
dos dedos e das mãos rotação de corpo para objetos
um dos lados . abordagem atração dos
. acomodação visual . abre as mãos objetos
freqüentemente . contata com os objetos,
. senta -se com suporte através de preensões
. roda de decúbito dorsal mais precisas e
para o decúbito facial eficientes
6 meses . alerta em doze horas do . preferência manual . pode segurar dois
dia começa a emergir ( objetos simultaneamente
. persegue visualmente lateralidade ) . passa um objeto de uma
pontos ou objetos nos . senta -se com ajuda mão para outra
espaço, em diferentes . opões o polegar na
velocidades preensão dos objetos
. discriminação de
formas simples
12 meses ( 1 ano ) . preferência manual na . anda com suporte
preensão de objetos
. quadrupedia
18 meses . sobe escadas de “gatas” . realiza pequenas
. anda autonomamente imitações de gestos
. reação antigravítica . faz imitações
. preferência manual espontâneas
menos diferenciada . faz pequenos jogos
simples
. apanha bola
2 anos . a discriminação de . corre . imita movimentos
formas desenvolve-se verticais e horizontais
3 anos . melhor percepção . equilibra -se num pé por . controla -se em
visual de espaço pequeno período de equilíbrio com os olhos
. primeiros grafismos tempo fechados
. equilibra -se nas pontas . dissociação de
dos pés movimentos dos braços
e das pernas
4 anos . coordenação óculo- . coordena a marcha e a . coordenação simples
motora corrida . constrói formas
. preensão de objetos . salta . praxias
utilitários
5 anos . grafismos simbólicos . salta a pé juntos . lateralidade
. desenho do corpo, da . sobe escadas em . direcionalidade
cabeça corrida . noção de corpo
. cópia de figuras . manipula, recebe e atira
geométricas objetos com
intencionalidade
FATORES COGNITIVOS

Piaget elaborou uma teoria acerca da inteligência ou do


desenvolvimento cognitivo, - como se dá e como se desenvolve o
conhecimento. Para ele, a criança não é só um ser cognitivo, ela é
social e possui emoções, que pertencem a um contexto histórico.
Afirma também que tantos os dotes genéticos, quanto à ação
da criança sobre o meio ambiente são importantes para o
desenvolvimento (e, junto a estes, a interação, a maturação, a
experiência ambiental, social e equilíbrio). A chave para o
desenvolvimento é a ação sobre os objetos, acontecimentos e aos que
a cercam. O desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem (que é
provocada em geral por situações) jamais podem ser diretamente
observados, são constructos hipotéticos cuja existência é inferida, é
um processo espontâneo ligado à embriogênese.
Ele assinala que para ocorrer a aprendizagem é necessário primeiro
haver um desequilíbrio (“desequilíbrio equilibrante”) que motivará o
indivíduo a construir novos conhecimentos (a ação é a matéria
prima para a assimilação e acomodação). A assimilação e
acomodação são mecanismos opostos mais complementares, a
primeira permite que o indivíduo modifique o objeto de acordo com
suas estruturas para incorporá-lo e, a segunda consiste na
transformação destas estruturas por força da ação do objeto.

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

Sendo o desenvolvimento cognitivo um processo contínuo que


começa com o crescimento, Piaget o dividiu em 04 períodos
(estádios):

. período sensório – motor ( 0 a 2 anos )


. período pré – operacional ( 2 a 7 anos )
. período operações concretas ( 7 a 11 anos )
. período operações formais ( 11 a 15 anos )

As faixas etárias estabelecidas para cada período são idades


aproximadas, quando se observa uma generalidade de
características dos períodos, apresentadas pelas crianças. Há
crianças que “entram” ou “deixam” estes períodos mais precoce ou
mais tardiamente que outras.
Com relação às crianças com necessidades educativas especiais,
apresentam o seguinte quadro quanto ao atraso, em média, no seu
desenvolvimento: auditivo - um ano e visual – 4 anos. As crianças
portadoras de deficiência intelectual podem, ainda, (dependendo do
grau de seu comprometimento) estar bem atrasadas em seu ritmo de
crescimento. Mas, em todos os casos, todas as crianças parecem
atravessar os estádios / períodos dentro da mesma ordem.

Os períodos não são independentes nem relacionáveis entre si.


O desenvolvimento é contínuo, ou seja, cada estágio a seguir baseia-
se no desenvolvimento anterior, incorporando-o e transformando-o;
e descontínuo, quando as mudanças qualitativas ocorrem de um
estádio para outro.
As crianças não pulam estádios / períodos e, os mesmos são
irreversíveis, ou seja, uma vez que a criança tenha desenvolvido a
capacidade para um tipo determinado pensamento, normalmente
não perde aquela capacidade.

* Sensório Motor

Quando a criança nasce o desenvolvimento da mente já teve


início, o SNC e o SNP (sentidos) já estão funcionando.
O recém nascido tem na maior parte de seu comportamento
atitudes reflexas. Nesta fase, as “experiências” deste bebê, suas ações
motoras e perceptivas sobre o mundo que o rodeia, iniciam a
influência sobre seu desenvolvimento.
Os reflexos sensório-motores modificam-se através da
maturação (aqui se refere ao crescimento fisiológico e ao
desenvolvimento do SNC) e da interação com o meio ambiente e
começam aparecer comportamentos que não estavam presentes ao
nascimento do bebê.
Através do reflexo de sucção, o bebê, começa a diferenciar um
bico que lhe fornece alimentos de outros objetos que sua boca
encontra.Isto é desenvolvimento, aprendizagem, é a inteligência
sensório – motora em funcionamento no nível mais primitivo.
O bebê pequeno tem inteligência prática, ele não consegue
representar internamente os conhecimentos e pensar deste modo,
mas ele realmente ‘pensa’ com seu corpo através de suas ações. Os
problemas práticos são resolvidos e essas soluções implicam uma
forma de inteligência primitiva ou, mesmo, não mental. A
inteligência sensório – motora é precursora necessária ao
pensamento representacional posterior comumente chamado de
“pensamento”.

As ações do bebê, como, por exemplo, sugar, são assimiladas


em padrões (esquemas) novos de comportamento após certa
acomodação por ele estabelecida. Por volta dos 18 meses / 02 anos, a
criança começa a representar internamente os objetos e
acontecimentos experimentados no seu meio ambiente. Ela começa
manipular mentalmente objetos e situações através da
representação. Neste momento, começa a desenvolver a capacidade
de desempenhar mentalmente seqüências de ações realmente
evidentes.
A criança, então, começa a solucionar de maneira nova alguns
se seus antigos problemas sensório – motores (através da
representação se seqüências de ações e tentando soluções ocultas)
em sua cabeça.
Ao contrário de apoiar-se na tentativa e erro, a criança começa
a solucionar seus problemas por meio da representação interna, o
pensamento.

* Pré - Operacional

A criança pequena começa a usar símbolos para representar


objetos quando ela tem desenvolvido e estabelecida a representação
interna.
Durante a primeira metade do período ( 2 / 4 anos ) ocorre o
desenvolvimento da linguagem falada. Por volta dos 4 anos e meio
de idade a criança já adquiriu a maior parte de sua língua materna.
Para Piaget, o desenvolvimento da linguagem falada só é
possível depois que a criança faz as representações internas.
Antes dessa representação, a fala da criança pequena é
enganadora. Embora ela possa estar “falando” (usando palavras) os
sons usados não representam objetos ou acontecimentos.
A criança que diz mamãe (com aproximadamente, 01 ano de
idade) o faz, não porque está representando a sua mãe, mas sim,
porque aprendeu que emitindo aquele som consegue atenção de sua
mãe – reforço.
Durante o período pré-operacional, a criança apresenta
condições de fazer representações de objetos de acontecimentos e
“pensa” porém, é um pensamento pré – lógico ou parcialmente
lógico; seu pensamento é baseado na percepção. Seus julgamentos
são sempre baseados no “parecer”.
Outra característica é o animismo, onde tudo o que se
movimenta é vivo e o que não se movimenta não é. O movimento é
tido como explicação ‘lógica’. O egocentrismo também é uma
característica bastante marcante. A criança acredita que todos
pensam como ela, e que tudo que pensa é certo. Esta criança típica,
raramente questiona o seu pensamento e tem dificuldade em aceitar
o pensamento de outras pessoas. Ela não acredita que haja ponto de
vista diferente do seu.
O egocentrismo do pensamento, nesta idade e período,
diminui lentamente quando a criança convive com outras e seus
pensamentos entram em conflito com os do grupo.

* Operações Concretas

A criança começa a solucionar problemas concretos de


conservação onde a lógica e a percepção estão em conflito – ela
consegue solucionar a maior parte deles. A lógica não é mais
subordinada à percepção. Também, domina os problemas de
classificação e seriação. O pensamento da criança é reversível
(capacidade de fazer o pensamento regredir ou progredir no tempo,
de reverter o pensamento).
Mas, apesar de obter sucesso na resolução de problemas
concretos, tem dificuldade em situações não-concretas (problemas
verbais complexos, problemas hipotéticos e acerca dos que lidam
com o futuro).

* Operações Formais

Ocorrendo entre os 11 e 15 anos (o que pode ir muito além


desta idade) a criança torna-se capaz de aplicar o pensamento lógico
a todas as classes de problemas. Pode-se dizer que as estruturas para
o pensamento lógico tornaram-se totalmente desenvolvidas. Não há
limites para a logicidade do pensamento que o homem é capaz de
desenvolver. Há estudos onde se observa que algumas pessoas
jamais desenvolvem conceitos de pensamento formal.
E, como ocorre em outros períodos, não é só porque o
adolescente está no período formal que pensará ou comportar-se-á
sempre com lógica.
O adolescente típico deste período ainda não pensa como um
adulto. No início, o uso da lógica é egocêntrico (diferente do
egocentrismo pré-operacional) no sentido de que ao usar a lógica ele
tende a utilizá-la como único critério para o que é bom, e certo, etc.
Ele tenta sempre reduzir o mundo ao que é lógico, ainda não
consegue diferenciar o lógico do real. O adolescente não consegue
compreender a idéia de que nem sempre os acontecimentos e o
mundo são ordenados logicamente. É neste ponto que verificamos o
egocentrismo do pensamento, lógico, mas não realista. Assim,
muitos adolescentes revelam-se bastante idealistas quantos a seus
pensamentos. Esse idealismo adaptar-se-á quando o adolescente
enfrentar o mundo ‘real’. Não é um ponto negativo. É normal e
necessário que haja o idealismo ‘falso’ para o desenvolvimento do
pensamento realista (que eventualmente possa ser ou não mantido o
idealismo).

LEITURA, ESCRITA E ARITMÉTICA

O que é esperado na construção destas habilidades e, o que


pode ser considerado como sinais de alerta.

Leitura:

A leitura, segundo Pamplona de Morais ( 97), envolve a


identificação de símbolos impressos ( letras, palavras ) e a relação
destes com o som que eles representam: a letra p ( impressa ) tem
seu correspondente sonoro /p/.
Mas a leitura exige mais do que a decodificação de palavras
impressas – som. É necessário que o indivíduo ao ler ‘PATO’,
associe com o animal “pato”. Se ele não tiver internalizado esse
conhecimento ( linguagem ) não poderá compreender o significado
da palavra que decodificou.
Para Myklebust (87), o ato da leitura silenciosa e da leitura oral
é extremamente complexo.
A leitura silenciosa, no referente à recepção, envolve apenas
um tipo de informação – a visual, mesmo que ocorra a transdução
para o auditivo. O leitor:

. examina atentamente, linha por linha, a página escrita;


. controla a velocidade da recepção e direção do fluxo ( esquerda
para direita );
. ao mesmo tempo, integra o que está sendo lido para que seja
alcançado seu significado;
. tem atenção ao que está sendo lido.

A leitura oral inclui funções intra e interneuro-sensoriais e


integrativas ao mesmo tempo. O leitor precisa controlar e integrar
simultaneamente dois tipos de informações – a principal a ser
considerada é a visual ( palavra impressa ). O leitor:

. primeiro segue os mesmos passos da leitura silenciosa mas, além


disso, as palavras precisam ser pronunciadas;
. as palavras só podem ser adequadamente pronunciadas se
controladas pela audição.

“Portanto, enquanto se controla e integra a recepção visual,


aquilo que está sendo recebido através da visão precisa ser
simultaneamente transformado em seus equivalentes auditivos,
falados e controlados pela audição; o que é falado precisa adequar-se
ao visual e demonstrar inflexão, ênfase e entonação adequadas, bem
como abaixar a voz no final da sentença”. ( Myklebust, 87 ).
Tanto para a leitura, quanto para a escrita é fundamental que
os indivíduos possuam linguagem interna. Para que as palavras (
lidas, escritas) tenham significado, elas precisam representar uma
determinada unidade de experiência. A linguagem interna ( verbal e
não verbal ) pode transformar em palavras e símbolos as
experiências e vice-versa.

O que pode ser esperado na aquisição da leitura?

Segundo Pamplona Morais (97):

Fixações:

O movimento dos olhos ao longo das linhas, durante a leitura,


devem se deslocar da esquerda para a direita. Ocorrem saltos mais
ou menos longos ( dependendo da habilidade do leitor) entre um
salto e outro os olhos dão uma parada de curta duração – essas
paradas são chamadas de pontos de fixação.

Regressões:
Retrocessos dos olhos ao longo da linha e está relacionado com
dificuldades em identificar palavras ou com a não familiarização
com o texto escrito.

Para Cagliari (92), a criança ao iniciar a leitura, pode ter


dificuldades em conciliar os elementos semânticos ( ainda não
compreendem que a leitura não é a fala da escrita),
conseqüentemente, sua leitura é silabada, truncada por pausas,
excessivamente vagarosa, sem ritmo, sem expressão. (Para suprimir
precocemente estes comportamentos é necessário que a criança,
antes de ler – oralmente- o texto, estude e decifre-o e treine a leitura
dele).
Na fala, os processos de articulação dos órgãos
fonoarticulatórios (OFA) e a organização neurolingüística do
pensamento são feitas de forma “inconsciente”. Quando, a criança
está aprendendo a ler, de certo modo, estas funções são controladas
mais conscientemente.
A soletração é um “hábito” que tende a ser superado
rapidamente, ao passo que a criança transforme a leitura oral em um
processo tão automático quanto a fala.
Estes comportamentos são mais, comumente, observados.
Porém, se persistirem na leitura oral da criança devem ser
investigados com mais cautela.
O que pode ser considerado como sinais de alerta?

Segundo Pamplona Morais (97):

. Trocas ocorridas devido às dificuldades de discriminação auditiva


que envolve sons acusticamente próximos ( pares auditivamente
semelhantes – ex: F/V - P/B - CH/J - D/T - S/Z - C/G);
. Trocas entre vogais nasais e orais ( am/a – em/e ...)

. Trocas ocorridas devido a dificuldades de discriminação visual (


u/n – b/d – p/q)
. Trocas entre letras com grafias semelhantes (o/e – f/t – c/e – h/b –
a/o)
. Troca entre palavras que possuem configurações semelhantes;

preto prato
. Salta uma ou mais linhas durante a leitura;
Escrita:

Na escrita, a relação estabelecida é entre som - significado –


palavra impressa ( que é o inverso da leitura ) – Pamplona Moraes,
97.
O mesmo autor explica ( segundo Nieto, 1975) em que consiste
a cópia, o ditado e a redação:

Cópia

. discriminação visual de todos os detalhes das letras e do formato da


palavra que está servindo de modelo;
. relacionam-se os símbolos impressos ( as letras e as palavras ) aos
respectivos sons, aos movimentos articulatórios, aos movimentos
gráficos e aos significados;
. reprodução gráfica da palavra modelo.

Ditado

. as palavras ditadas oralmente devem ser discriminadas e


diferenciadas auditivamente;
. depois desta 1a etapa, as palavras são associadas aos significados e à
sua forma gráfica;
. em seguida, são escritas respeitando a orientação temporoespacial.
Redação

. as palavras são elaboradas mentalmente, associadas aos respectivos


sons, aos significados, à forma gráfica e escritos;
. na redação, a leitura tem papel fundamental ( textos, frases e
palavras são fontes inesgotáveis de palavras novas ); é por meio da
leitura que se percebe e internaliza as regras gramaticais e se
conhece novos estilos de escrita;
. pensamentos, sentimentos e vontades são expressos através da
redação.

O que pode ser esperado na construção da escrita?

Segundo Cagliari(92), ao se observar textos de crianças que


estão adquirindo a escrita é possível perceber que, as mesmas,
empenhadas em um trabalho de reflexão, tentem compreender e
empregar as regras do sistema de escrita do português. Elas têm que
compreender que, nem sempre, na escrita há uma correspondência
unívoca entre letra e som. Muitas vezes, elas apresentam uma escrita
apoiada na fala ( traços de oralidade), uma vez que, ainda, não
perceberam que a fala e a escrita são fenômenos distintos (apesar de
serem canais de expressão da linguagem).
Para o mesmo autor, há categorias que auxiliam o professor a
visualizar os casos mais comuns de “erros”, geralmente, cometidos
pelas crianças que estão em processo de apropriação do sistema
escrito.

ARITMÉTICA

Apesar de complexo, o conhecimento da matemática é


extremamente simples. Este paradoxo exemplifica claramente que o
conhecimento lógico matemático se dá através da interação ( por
meio de experiências ) entre a criança e o mundo que a cerca.
“Embora as fases filogenéticas da evolução dos números não
estejam claramente estabelecidas, acredita-se que o homem possuía
alguns conceitos numéricos muito antes de desenvolver os símbolos
para expressar as idéias abstratas de quantidade”. ( Myklebust, 87 )
Segundo Brown, 1953 ( Myklebust, 87), a matemática pode ser
considerada como uma linguagem simbólica, cuja função é expressar
relações quantitativas e espaciais objetivando facilitar o
pensamento.
Dantzig, 1939 ( opus cit ), afirma que o sentido de número não
deve ser confundido com o contar ( origem posterior ).
Para McSwain, 1958 ( opus cit ), “o processo do pensamento
evoluiu primeiramente a partir do contato direto com os objetos,
depois para a percepção mental, para o nome e para os símbolos
numéricos”.
A criança quando está desenvolvendo seus conceitos
matemáticos e realiza a operação três e três são seis, já terá
adquirido o sentido do número, pois, é necessário que haja acúmulo
de experiências para que possa se basear os símbolos numéricos.
Quando não há experiências integradas os fatos numéricos e
aritméticos não passam de palavras sem sentido.
Para Piaget, 1953 ( opus cit ) “é um erro supor que uma criança
adquire a noção de número simplesmente através do ensino e nos
alerta para o fato de que, quando os adultos tentam impor “a criança
conceitos matemáticos antes dela estar pronta para isso, sua
aprendizagem torna-se verbal”.
A criança, a partir de seu primeiro ano de vida, vai
desenvolvendo seus conceitos numéricos a partir da manipulação de
objetos, um após outro, sendo esse período um pré-requisito para a
contagem.
O brincar com quebra-cabeças, encaixes, e panelas dá uma
visão dos conceitos simbólicos de tamanho, número e forma. A
atividade de alinhar contas em fio, colar gravuras em quadros
conceituam seqüência e ordem que estão sendo internalizados;
aprendendo frases como: acabou, não, mais, muito, pouco, a criança
amplia sua idéia sobre quantidade.
A matemática é uma linguagem que possui aspectos internos
receptivos e expressivos:

1o
criança assimila e integra as experiências não verbais
2o
aprende a associar símbolos numéricos às experiências
3o
expressa as idéias de quantidade, espaço e ordem usando a
linguagem matemática

ESTRUTRAS MATEMÁTICAS E ESTRUTRAS DO PENSAMENTO


LÓGICO. IDADES MÉDIAS EM QUE ALGUNS CONCEITOS
MATEMÁTICOS ESTÃO SENDO DESENVOLVIDOS

Conceitos Período Pré Período Período das


Operacional Operatório Operações
Concreto Formais
4 a 7 anos 7-9 9-10 11 a 15 anos
anos
Espaço X
topológico
Classificação X
Seriação X
Conservação de X
número
Conservação de X
comprimento
Conservação de X
área
Adição de X X
classes
Multiplicação X X
de números
Espaço X X
euclidiano
Comutatividade X X
Associatividade X X
Distributividade X X
Espaço X X X
Tempo X X X
Movimento X X X
velocidade
Volume X X X
Medida X X X
Proporção X X X
Dedução X
indução
Lógica formal X
Probabilidade X

Experiências Necessárias ao Pensamento Matemático

Relações de:

quantidade – espaço – forma – distância – ordem – tempo

O que pode ser esperado na aquisição dos conceitos


matemáticos – linguagem simbólica Matemática?

A aquisição da linguagem simbólica da matemática é complexa


e envolve fatores como: métodos pedagógicos, prontidão das
habilidades básicas, experiências matemáticas, capacidade cognitiva,
entre outros.
Os conteúdos (numeração, frações, álgebra, geometria); as
operações (como contagem, cálculo, raciocínio aritmético); e as
aplicações ( medidas, solução de problemas, leitura de gráficos e
tabelas, dinheiro e orçamento) são habilidades básicas que vão se
apresentando aos alunos com graus variados de complexidade.
Na verdade, com técnicas e métodos pedagógicos adequados,
geralmente a matemática não deve oferecer problemas ao ser
ensinada e ao ser aprendida, pois, é exata em comparação com a
leitura e a escrita.

O que pode ser considerado como sinal de alerta?

Quando as crianças apresentam dificuldades em relação à


matemática, usualmente, estas dificuldades podem estar ligadas a:

. inadequação curricular em função de idade cronológica, capacidade


cognitiva e bagagem/linguagem ambientas ( experiências
matemáticas vividas);
. técnicas e métodos pedagógicos inadequados;
. perturbações nas habilidades básicas ( perturbações na
lateralidade, esquema corporal, no conhecimento esquerda-direita,
nas noções espaço – temporais);
. Transtornos de aprendizagem ( ex: discalculia)

Qualquer dificuldade apresentada pela criança, que não seja


superada por um acompanhamento (reforço) ou por uma explicação
mais individualizada, deve ser avaliada.

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