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DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR

Envolve o desenvolvimento das capacidades de

 usar o próprio corpo para movimentar-se e fazer coisas e adaptar-se ao meio

Inclui o desenvolvimento de habilidades como: coordenação dinâmica global ou motora global,


coordenação dinâmica manual ou motora fina ou óculo-manual, equilíbrio, controle do próprio
corpo, esquema corporal, imagem corporal, orientação espaço-temporal, lateralidade e
discriminação visual e auditiva

a) Coordenação dinâmica global ou motora global

Representa a possibilidade de controlar movimentos amplos do corpo através da


contração de grupos musculares grandes e distintos, de forma independente

Atividades que envolvem a Coordenação dinâmica global: engatinhar, caminhar, correr, saltar,
escalar e pendurar-se, lançar um objeto,

b) Coordenação dinâmica manual ou motora fina

Capacidade de controlar pequenos músculos para exercícios refinados como recorte,


perfuração, escrita

Envolve:

 coordenação visomotora ou óculomanual: capacidade de coordenar os movimentos em


relação ao alvo. Ex.: lançar um objeto, amarrar os sapatos

 coordenação músculo-facial: movimentos finos da face que permitem a fala, a mastigação e


a deglutição

Guilmain, considerou que a criança desenvolve um domínio manual que chamou de Gesto
hábil e depende dos seguintes requisitos

 possibilidade de repetir um gesto com precisão

 independência entre mãos e dedos

 independência direita-esquerda

 adaptação ao esforço muscular

 adaptação sensório-motora

c) Equilíbrio

Noção de distribuição do peso corporal em relação a um espaço, um tempo e a um eixo de


gravidade.

O equilíbrio pode ser


 Dinâmico: envolve a capacidade de movimentar o corpo sem cair ou perder o equilíbrio

 Estático: possibilidade de manter o equilíbrio quando parado: de pé, sentado ou em


posições de difícil manutenção, como ficar em um pé só

d) Controle do próprio corpo

Envolve a propriocepção de todo o corpo através

 Da tonificação progressiva das partes do corpo no sentido cefalocaudal e proximodistal

 Do desenvolvimento do freio inibitório que culmina aos 3 anos

O controle consciente do próprio corpo pressupõe: equilíbrio postural econômico,


lateralidade bem definida, independência dos segmentos com relação ao tronco e de uns em
relação aos outros, domínio das pulsões e inibições e do controle da respiração e resulta na
organização e interiorização das partes do corpo

A organização e a interiorização das partes do corpo constituem o ponto de partida de


todas as possibilidades de ação da criança

e) Esquema corporal

Termo utilizado pelo neurologista Henri Head, em 1911 e que significa: Organização correta
das sensações relativas ao próprio corpo em relação aos dados do mundo exterior que
funciona como um mediador organizado entre o corpo e o mundo. Implica em:

 conhecimento intuitivo e sintético do corpo

 síntese de um conjunto de informações que provem de sensações e percepções: da


superfície do corpo, do interior do corpo, da tensão muscular, da postura corporal
(espaço) e da percepção visual (espelho)

f) Imagem do corpo

Termo utilizado, inicialmente, por Schilder e que significa: Impressão que se tem de si
mesmo que resulta de uma síntese das experiências emocionais vividas na relação com o
outro, através de sensações erógenas, eletivas, arcaicas ou atuais  

A pediatra e psicanalista Françoise Dolto distinguiu Imagem do corpo de Esquema corporal


em “La imagem inconsciente del cuerpo”

g) Organização espacial

Refere-se à localização e ao conhecimento do objeto e constitui-se num polo essencial da


identidade do indivíduo em relação ao mundo

Depende do desenvolvimento da; consciência do eu, consciência corporal e consciência do


mundo dos objetos e pessoas
Compreende: orientação espacial e o estruturação e organização espacial

1. Orientação espacial = Eu referencial

Experiência somatognósica e visual  estruturação do espaço com referência ao eu, numa


percepção egocêntrica e pessoal  organização por meio do esquema corporal e da
experiência pessoal

1. Estruturação espacial

 Descoberta pessoal da situação das coisas entre si ou tomada de consciência das


relações

 Possibilidade de organizar-se perante o mundo e organizar as coisas situando-as em


seus lugares, movendo-as, compreendendo suas relações

Dela depende:

Noção de direção - acima, abaixo, à frente, atrás, ao lado, à esquerda, à direita

Noção de distância - longe, perto, curto, comprido  

h) Lateralidade

 Capacidade motora de percepção integrada dos dois lados do corpo: o direito e o


esquerdo e projeção dessas noções no meio externo

 Prevalência motora que se manifesta nos segmentos direito ou esquerdo e em


relação a uma aceleração da maturação dos centros sensitivos motores de um dos
hemisfério cerebrais (Le Boulch)  

Constitui-se num elemento fundamental de relação e orientação no mundo externo  

Pressupõe dois níveis que se referem a

1º Preferência lateral em nível das mãos, pés, olhos e ouvidos, que se manifesta aos 7
meses e que só

está definida por volta de 6 ou 7 anos

As lateralizações possíveis são: homogênea, cruzada, contrariada ou ambidestra

2º Projeção dos conceitos - direita e esquerda – no espaço


ESCALA DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR

Ao nascer, o indivíduo apresenta reações automático-reflexas (reflexo de Moro, por exemplo).


Algumas são mais reflexas (sucção), as quais são chamadas organizações instintivas. Com o
desenvolvimento surgem habilidades psicomotoras , globais e diferenciadas, como as
especificadas a seguir:

1º mês:

 Começa a olhar e deixa de chorar quando alguém se aproxima - reação de atenção


inata.

 Comunica suas necessidades através do choro.

2º mês:

 Segue os estímulos com os olhos;

 Emite sons vocais;

 Brinca com as mãos;

 Sorri para figuras combinadas que formam um rosto

3º mês:

 Sacode o chocalho involuntariamente;

 Sorri em resposta a outro sorriso;

 Sai do estágio reflexo entrando no mundo humano pela comunicação do sorriso.

4º mês:

 Aproxima-se dos objetos apalpando-os;

 Ri alto, esconde-se;

 Rola;

 Começa a orientar-se no espaço.

5º mês:

 Pega objetos ao seu alcance;

 Senta-se com apoio;

 Leva os pés à boca;

 Pega e manipula objetos, mudando a visão do mundo.

6º mês:

 Utiliza seu corpo e objetos no espaço;

 Balbucia;

 Come alimentos sólidos e com colher.

7º a 8º mês:
 Procura objetos caídos, joga-os;

 Simboliza presença e ausência escondendo-se e aparecendo (cadê, achou);

 Simboliza a aceitação e a rejeição, sorrindo ou chorando conforme a pessoa que vê;

 Faz preensão ativa com o polegar;

 Apresenta crise de angustia distônica, ou seja, chora quando a mãe não está perto;

 Estabelece relação percebida e reconhecida do objeto;

 Reconhece-se alegremente no espelho;

 Transfere objetos de uma mão para outra;

 Repete os atos que lhe interessam, ou seja, bate palmas, dá pontapés em brinquedos
suspensos no berço para vê-los balançar;

 Começa a demonstrar compreensão das palavras e emite sons, parecendo gostar de


ouvir a própria voz;

 Engatinha

 Vocaliza sílabas.

9º mês:

 Mantém-se de pé com apoio;

 Descobre e pega objetos escondidos à sua frente;

 Fala as primeiras palavras de duas sílabas servindo para nomear tudo, manifestando-se
assim a memória;

 Faz o movimento de “pinça fina”.

10º mês:

 Coloca-se em pé sozinho;

 Bebe com o copo;

 Repete os sons ouvidos;

 Interrompe a ação ao ouvir ordens;

 Aprende a falar as primeiras palavras, juntando sílabas;

 Instituem-se as noções de defesa e proibição.

11ª a 12º meses:

 Desenvolve a marcha com domínio do espaço físico e simbólico;

 Diz três ou quatro palavras, aumentando assim a perspectiva de pensamento;

 Entende frases curtas.

15º a 18º meses:


 Anda sozinho;

 Apresenta linguagem de ação com organizações;

 Apresenta maturação neurológica para controle esfincteriano;

 Faz rabiscos.

2 anos:

 Tem noção de totalidade corporal (mas não relaciona as partes);

 Reconhece a diferença sexual;

 Usa colher e lápis;

 Salta com os dois pés juntos;

 Acredita que o que pensa e imagina é sempre mais verdadeiro e realizável - O real se
confunde com a fantasia.

 Tem controle total dos esfíncteres;

 Apresenta um vocabulário expressivo.

3 anos:

 Utiliza o pronome “eu” – tomada de consciência de si;

 Reconhece e explica ações;

 É capaz de classificar, identificar e comparar;

 Tem vocabulário correspondente a 200 palavras;

 Demonstra cooperação;

 Usa talheres e quer vestir-se e calçar-se sozinho;

 Salta em um pé só, dois ou três passos;

 Anda de velocípede;

 Sobe e desce escada alternando os passos;

 Aperfeiçoa coordenação motora fina;

 Pergunta o porquê de tudo;

 Começa a se meter na conversa dos adultos;

 Usa a tesoura.

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