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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA
NÚCLEO DE ESTUDOS EM NEUROPEDIATRIA E MOTRICIDADE

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
INTERVENÇÃO EM NEUROPEDIATRIA

DESENVOLVIMENTO MOTOR NORMAL E PATOLÓGICO

Apostila elaborada pelas docentes Dra.


Eloisa Tudella; Virlaine Bardella Lopes e
Raquel de Paula Carvalho, baseada em
Louis Bly, Juercio Samarão Brandão e Inge
FLEHMIG.

JULHO 2002
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O PRIMEIRO MÊS

Características:

 O bebê está mais alerta, com melhor orientação visual. Ele está
começando a responder e adaptar-se ao vasto ambiente. Isso faz com que o
movimento da cabeça tenha mais propósito tanto em prono como em supino.
 O tono e a hipertonia de ombro, quadris e joelhos estão diminuindo,
permitindo a rotação externa. Além disso, eles retornam menos quando
passivamente estendidos (tração). A dorsiflexão de tornozelo também está menor.
 Observa-se movimentos randômicos de extremidades, que são
característicos do 1° mês em supino. Em prono, a habilidade do bebê ainda é
limitada para elevar e rodar a cabeça.
 Quando tracionado para sentar, as reações são similares ao neonato.
 Sentado, o bebê cai, mas a pelve continua perpendicular, com
descarga de peso na borda das tuberosidades isquiáticas. O bebê tenta rapidamente
elevar a cabeça, mas ele ainda não tem controle suficiente para sustentá-la.
 A reação positiva de apoio e a marcha automática podem ainda estar
presentes, mas com menor força e permanência.
 O bebê gosta das mesmas atividades que o neonato, como as
mamadas, o afago, o contraste branco e preto.
 As mãos permanecem fechadas com oponência do polegar.

Posturas:

Supino
A hipertonia dos ombros, quadris e joelhos estão diminuindo, permitindo a
rotação externa, mas ainda apresentam a flexão de cotovelo e retração de ombros.
Pés não tocam a superfície.
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Cabeça
 A cabeça cai para o lado, sugerindo um aumento da mobilidade na
região cervical e também há falta de controle simétrico dos músculos do pescoço.
Desta forma, ela permanece com menor freqüência na linha média.
 Com o aumento da extensão de cabeça e pescoço, o queixo fica mais
elevado e a cabeça rodada.
 A reação de endireitamento cervical ainda pode ser eliciada.
 O RTCA pode aparecer durante os primeiros 3 meses mas ele é mais
forte durante o 2° mês. Este reflexo, neste momento, ainda não é obrigatório.

Visão
 No 1°mês, como no neonato, os olhos são mais acurados que os
MMSS para a localização de objetos. Assim, os olhos começam a guiar a direção
para as mãos. Segundo Gibson e Schmuckler (1989), trata-se de um processo
segundo o qual os olhos detectam o "affordance" do objeto. "Affordance" é descrito
como um passo perceptual no qual a visão determina as características do objeto, e
se ele é útil para algum propósito da visão.
 O bebê tem melhor visão lateral que medial, como nos neonatos, e
acompanha os objetos da lateral para a linha média. Esse acompanhamento ainda
não é fluente, mas também não é espasmódico com no neonato.

MMSS
 A gravidade faz aumentar a rotação externa dos MMSS, alongando a
porção anterior do tórax e também dos músculos do braço. A abdução ativa dos
ombros está iniciando.
 Observa-se um aumento da mobilidade dos ombros, maior extensão de
cotovelo, porém os dedos continuam levemente fletidos; eles são capazes de
abduzir e extender os dedos, o que é notado particularmente durante a forte
extensão do cotovelo. Von Hofsten (1990) sugere que os movimentos dos braços e
mãos são sinérgicos, pois todas as articulações são estendidas e fletidas juntas. Isso
ocorre até o 2° mês de vida do bebê.
 O reflexo de preensão palmar está mantido e, desta forma, os
movimentos ainda não são voluntários e sim vistos em padrão reflexo.
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MMII
 O tono flexor de quadril parece diminuir e este torna-se mais estendido.
Ocorre um aumento na abdução e rotação externa do quadril, mas a rotação interna
e adução ativa ainda não são vistos.
 A extensão ativa do joelho ocorre com mais freqüência, entretanto, ela
é limitada pela tensão dos tecidos moles.
 Há leve diminuição das atividades randômicas de MMII. Os chutes
recíprocos são intercalados com chutes alternados e ambos ocorrem
preferencialmente no ar, e não na superfície. A rotação e abdução de quadril e
dorsiflexão de tornozelo mudam muito pouco durante os chutes.
 Thelen (1985) sugere que os chutes não são movimentos randômicos e
que os movimentos das articulações não ocorrem independentemente, mas como
resultado da sinergia dos músculos (estruturas coordenadas). Em outras palavras,
esses movimentos não são voluntários, mas reflexos.

Prono
A flexão permanece presente, mas menos pronunciada que no neonato.
Há um aumento na rotação externa dos MMSS, a abdução e extensão de quadril e
joelho fazem com que os MMII movam-se além do tronco. A coluna está menos
rodada e mais estendida.

Cabeça
 A cabeça do bebê continua rodada para o lado. Durante o repouso, há
uma diminuição da flexão do quadril e um abaixamento da pelve. Com isso, diminui
a descarga de peso em face, ombros e MMSS.
 A elevação e rotação da cabeça continuam acompanhadas de
hiperextensão, sugerindo o uso continuado dos músculos extensores de cabeça e
pescoço.
 Os movimentos da cabeça promovem a excitação do sistema
vestibular, através da reação labiríntica de retificação. Tal estimulação resulta da
contração dos músculos do pescoço, na tentativa de trazer a cabeça para promover
uma orientação em relação à gravidade.
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 A elevação e a retificação da cabeça também são estimuladas pela


reação óptica de retificação. O feedback visual é usado para ajustar e orientar a
cabeça e os olhos com o horizonte.
 A elevação da cabeça pode ser mantida por aproximadamente 15
segundos, a 45.

MMSS
 Os MMSS estão mais abduzidos e rodados externamente que no
neonato, e os ombros menos prostrados. As mãos movem-se mais distalmente do
corpo e a pelve abaixada reduz levemente a descarga de peso anterior. A abdução
umeral ativa auxilia na abdução e rotação superior da escápula, causando
lateralização da fossa glenóide ao invés da posteriorização e inferiorização. A
rotação superior da escápula e aumento da rotação externa do úmero permitirão o
desenvolvimento da flexão umeral.
 Há aumento da extensão do cotovelo; punho estende e os dedos
mantêm-se levemente fletidos.
 Durante a atividade em prono, há um aumento da flexão de quadril e
elevação da pelve, o peso desloca-se para os MMSS, o que inibe a sua
movimentação.
 A pelve elevada e o peso transferido para frente fazem com que os
MMSS assumam uma postura primitiva, com as escápulas aduzidas, rodadas para
baixo, elevadas e inclinadas para frente; o que causa a extensão e rotação interna
do úmero. Em bebês jovens isso é normal, mas se torna anormal quando permanece
até os 5 e 6 meses.
 O gradual desenvolvimento da extensão de quadril em prono
contribuirá para posterior desenvolvimento da cintura escapular e MMSS,
fornecendo um ponto de estabilidade sinergista.
 O ponto de estabilidade sinergista para a elevação da cabeça em
prono parece se desenvolver caudalmente, de ombros para o quadril, com a
abdução do úmero e aumento da flexão e adução horizontal, contribuindo para o
aumento da amplitude e controle da coluna e extensão de quadril.
 Os movimentos randômicos, chutes e o arrastar ainda estão presentes,
mas menos vigorosos.
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 A diminuição da flexão de quadril sugere o alongamento dos músculos


flexores (iliopsoas e reto femoral), permitindo que a pelve repouse sobre a
superfície. Porém, leve abdução e rotação externa do quadril ainda estão presentes.
 O aumento da extensão e joelho sugere alongamento de iliopsoas, reto
femoral e dos flexores de joelho (isquiotibiais) e também, aumento da atividade dos
extensores de joelho (quadríceps femoral).

Sentado
 Quando tracionado para sentar, o bebê parece estar mais atento que o
RN, mas ainda falta a ação dos músculos flexores. No entanto, já se percebe um
feedback do sistema vestibular e óptica de retificação, pela tentativa do bebê em
elevar a cabeça.
 Há total queda da cabeça e extensão não resistente de MMSS. Os
abdominais e MMII não participam ativamente. A pelve está perpendicular e a
descarga de peso ocorre na tuberosidade isquiática.
 Quando sentado, os MMSS não ficam caídos ao longo do corpo. Com
a elevação da cabeça há retração de toda cintura escapular, aumento da flexão de
cotovelo, pronação de antebraço, extensão de punho e leve flexão de dedos. Os
MMII estão fletidos, abduzidos e rodados externamente. Os joelhos estão mais
fletidos que no neonato. A porção lateral da perna ainda não serve como apoio. Os
pés continuam dorsifletidos e evertidos.
 O bebê não se mantém nesta posição; a cabeça e tronco caem para
frente até que a cabeça repouse na superfície entre os MMII. No entanto, a posição
da pelve não é afetada por esta flexão exagerada de tronco.

Em Pé
 Tal postura não difere significativamente do neonato. No entanto, a
reação positiva de apoio pode ainda estar presente, mas a marcha automática está
diminuída.
 A postura em pé é caracterizada pelo aumento do tono extensor que
parece reforçar a tentativa de elevar a cabeça. O aumento da atividade dos
músculos extensores da cabeça e pescoço favorece que a elevação da cabeça e
sua sustentação.
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 Os MMSS estão semelhantes ao neonato. O aumento da atividade e


esforço na postura em pé leva a extensão de cotovelo, punho e extensão parcial dos
dedos.
 O quadril ainda está fletido e bem atrás dos ombros na posição vertical.
A rotação externa e abdução do quadril mudaram um pouco. Os joelhos estão
estendidos e com genu varo; e os pés, dorsifletidos e evertidos.
 A marcha automática ainda pode ocorrer com alternância recíproca de
MMII. Porém, bebê ainda perde o controle postural, o equilíbrio e o propósito desta
atividade. Durante a fase de flexão do quadril, há dorsiflexão e inversão dos pés.
 Os MMII movem-se com sincronia pela tríplice flexão de quadril,
joelhos e tornozelos, além da inversão dos pés. Depois, essas 3 articulações
estendem-se juntas antes de iniciar o contato.
 A marcha automática diminui entre a 4ª e 6ª semana de vida do bebê a
termo. Thelen, Fisher e Ridley-Johnson (1984) atribuem isso ao aumento do
tamanho e peso do corpo e à diminuição concomitante da força dos músculos que
levantam as pernas. Forssberg, Hirschfeld e Skotes (1992) sugerem que esta
atividade é devido ao aumento da inibição supraespinhal.
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O SEGUNDO MÊS

Características:

 O bebê no 2° mês está mais alerta e ciente das pessoas/ambiente do


que no 1° mês. O tono flexor fisiológico está diminuindo pela ação da gravidade e
pelo aumento da atividade extensora assimétrica, mas a atividade flexora
antigravitacional ainda não emergiu. Ele parece ter um tono muscular menor e ser
mais desorganizado que no 1° mês, além de estar experimentando um período de
semi-hipotonia.
 A coluna está levemente mais estendida, o é visto principalmente na
cervical e torácica superior. O aumento da mobilidade vertebral, do controle motor e
da atenção torna os movimentos da cabeça mais fáceis e organizados.
 A extensão da coluna e quadril, tanto em prono como em supino, está
maior pelo aumento da abdução de ombros e extensão de quadril. Os MMSS e MMII
movem-se cada vez mais distantes do corpo. Com o desenvolvimento da extensão
mais distalmente, os cotovelos e joelhos tornam-se mais estendidos e tem menor
tono flexor primitivo, e assim, menos recolhimento quando passivamente estendidos.
A dorsiflexão de tornozelo tem mudado muito pouco.
 Aumentam os estímulos para a rotação da cabeça dos sistemas
labiríntico e óptico de retificação. Adelson e Fraiberg (1974) relatam que bebês
cegos elevam suas cabeças em prono mais tarde que os bebês normais. Isso pode
sugerir que a reação de retificação óptica é o mais importante dos 2 sistemas para a
elevação cervical. (o que é questionável). Com a melhora da visão, os movimentos
da cabeça em supino são freqüentemente direcionados pela atenção visual.
 O controle dos músculos do pescoço em supino não está ainda
desenvolvido; entretanto, o bebê encontra grande estabilidade visual quando a
cabeça é rodada e repousa na lateral. Tal postura estimula o RTCA, pois
desencadeia estímulos proprioceptivos aos receptores do pescoço. Ocasionalmente,
o bebê pode apresentar a coordenação óculo-manual, pegando objetos a partir do
reflexo de preensão.
 Há diminuição dos movimentos randômicos e chutes dos MMII.
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 Quando tracionado para sentar, o bebê tenta auxiliar com a cabeça,


mas ainda falta controle dos músculos flexores de cabeça e pescoço. Os MMSS
respondem com alguma flexão de cotovelo, que pode ser devido ao reflexo de
preensão.
 Quando sentado com apoio, o bebê continua fletido, mas ele parece
fazer uso dos extensores para elevar a cabeça. O controle dos extensores da
cabeça e do pescoço ainda está precário, e é observado mais a oscilação de cabeça
que a elevação sustentada.
 Na posição vertical (em pé), o bebê apresenta astasia-abasia e
incoordenação motora para ficar em pé e andar. A reação positiva de apoio e a
marcha automática não são vistas no bebê a termo.
 O bebê tenta interagir e explorar o mundo, com os jogos em supino. Os
móbiles com contraste visual e feedback auditivo despertam o interesse do bebê,
assim como faces humanas com expressões chamativas, como sorriso.

Posturas:

Supino
As atividades funcionais ainda estão um pouco limitadas, consistindo em
girar a cabeça e executar movimentos semi-controlados de extremidades. A atenção
e a busca visual são as 2 atividades mais funcionais do bebê.

Cabeça
 A cabeça está raramente na linha média, que pode ser devido ao
aumento da mobilidade da coluna cervical. O queixo fica encostado sobre o acrômio
ou o ombro. Essa rotação é acompanhada pelo aumento da extensão e elevação do
queixo.
 A rotação da cabeça pode causar um sutil deslocamento lateral do
peso do corpo para o lado facial, podendo eliciar a reação de endireitamento
cervical. A cabeça é seguida pela rotação do corpo, como um bloco devido à falta de
mobilidade entre as vértebras e dos discos interfisários.
 A rotação da cabeça pode estimular os receptores do pescoço e eliciar
o RTCA, causando o aumento do tono extensor no lado facial e do tono flexor no
lado occipital. O RTCA pode aumentar o tono extensor de pescoço e tronco.
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 O RTCA não é obrigatório no bebê normal e a rotação de cabeça pode


freqüentemente não causar influência nas extremidades; porém ele é mais evidente
no 2° mês.
 A atividade extensora de pescoço está menos equilibrada pela
atividade ou tono flexor de pescoço. A atividade muscular assimétrica está mais
eminente que a atividade muscular simétrica.
 O controle dos músculos dos olhos e da visão está relacionado com a
posição e o controle da cabeça. Ele é capaz de acompanhar horizontalmente um
objeto de 180° a 90° e nesta fase, inicia-se a visão binocular.
 Em supino, o bebê pode acompanhar um arco balançando que passe
pela linha média pelo movimento simultâneo de cabeça e olhos. A atenção na linha
média não pode ser mantida porque o bebê não tem controle dos músculos do
pescoço e cabeça para estabilizar a cabeça na linha média.
 O bebê entende muito sobre o mundo através da visão, da acuidade
visual, detecção do affordance e do interesse em tentar explorar o ambiente. A
acuidade da visão é uma etapa significante com relação ao desenvolvimento das
habilidades que possibilitarão o bebê de interagir com o ambiente.
 Se o bebê não tem um bom controle de cabeça, o controle motor ocular
será afetado. Consequentemente, a visão será prejudicada e isso pode influenciar
em como o bebê resolve os problemas de controle motor para a exploração do
mundo. O controle da cabeça tem um efeito significante no desenvolvimento motor
normal e anormal.

MMSS
 Os MMSS estão mais parados, mas movem-se em grandes e variadas
amplitudes. Há um aumento da mobilidade, especialmente na abdução e rotação
externa. Exceto no RTCA, os MMSS apresentam pequena diferença com relação ao
1° mês.
 O alongamento é freqüentemente executado como uma resposta
assimétrica unilateral. Von Hofsten (1990) relata que a ação sinergista braço-mão,
vista no neonato, não é tão utilizada pelo bebê no 2° mês.
 A mobilidade do cotovelo aumenta porque os flexores de cotovelo
(bíceps braquial, braquiorradial e braquial) são alongados pelo aumento da atividade
nos extensores de cotovelo (tríceps braquial). No entanto, a flexão do cotovelo ainda
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é dominante. A extensão de punho continua a eliciar um efeito de tenodese, o que


causa a flexão dos dedos.
 No RTCA, o movimento de cotovelo (extensão do lado facial e flexão,
do occipital) é acompanhado pela adução da escápula e abdução horizontal do
úmero. A adução escapular auxilia na extensão vertebral. O bebê usa o RTCA para
localizar visualmente um brinquedo e até aguarrá-lo, através do reflexo de preensão
palmar (flexão dos dedos, adução do polegar e flexão sinergista de todo o braço).
Esse processo traz a mão para o campo visual e possibilita o início da coordenação
óculo-manual.
 O uso do RTCA para bater num brinquedo é um etapa para a resolução
do problema de como interagir com o mundo fisicamente. O bebê normal usa esse
plano junto com outros, mas o bebê com problemas de movimentação pode usar
somente este.
 A criança pega um brinquedo com os dedos do lado ulnar da mão,
fazendo a pronação do antebraço. Quando ele faz a flexão do punho, a tenodese
promove a extensão dos dedos e o bebê solta o brinquedo.

MMII
 Os MMII variam completamente quanto a sua posição e padrão de
chutes. A variabilidade é um componente importante do desenvolvimento do
movimento. O bebê não apresenta grande mobilidade como nos MMSS, mas os
MMII ganharam em extensão e rotação externa de quadril e extensão de joelho.
Nota-se, em fase precoce, que o desenvolvimento dos movimentos de MMII parece
seguir a mesma seqüência dos MMSS (que é, rotação externa seguida de abdução).
 O bebê freqüentemente assume a posição de flexão bilateral de MMII,
quadril e diminuição da firme flexão de joelho. Os MMII têm menos recolhimento
quando passivamente estendidos. Quando as pernas são estendidas, a abdução e
rotação externa do quadril estão reduzidas; entretanto, os tornozelos mantêm-se em
dorsiflexão.
 Os chutes podem ser bilaterais e simétricos. Durante a extensão, os
tornozelos mantêm a dorsiflexão e parecem ser muito pouco afetados pela maior
atividade extensora proximal.
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 O input sensorial experimentado pelos pés vindo juntos é importante no


desenvolvimento da percepção e da imagem corporal, além de diminuir a
sensibilidade tátil dos pés.

Prono
A postura prono continua restrita no 2° mês. Apesar do aumento na
mobilidade extensora, o controle extensor antigravitacional não é suficiente para
permitir que a cabeça levante, balance e gire.

Cabeça
 O bebê pode rodar a cabeça para o lado. O aumento da mobilidade
cervical permite que a orelha repouse na superfície de contato. Pela extensão da
coluna cervical e torácica, ele pode momentaneamente elevar a cabeça a 45°. A
elevação continua a ser completada pela ação unilateral dos músculos extensores.
O controle bilateral é visto intermitentemente quando o bebê tenta sustentar a
elevação (a contração unilateral resulta numa leve rotação da cabeça, enquanto a
contração bilateral mantêm a cabeça na linha média).
 O desejo do bebê em levantar a cabeça e mantê-la ilustra o aumento
do efeito do sistema labiríntico e óptico de retificação.
 O levantar inicial da cabeça está mais fácil porque aumentou a força
dos músculos extensores; diminuíram os estímulos de retificação óptico e labiríntico
e a flexão de quadril, o que transfere a distribuição do peso menos no ombro e mais
para a região superior do tórax.
 A cabeça elevando, rodando e girando provoca estimulação dos
sistemas visual, proprioceptivo, cinestésico e vestibular, que continuará estimulando
o desenvolvimento antigravitacional.

MMSS
 O bebê está começando a usar as mãos para se elevar em prono. Ele
não tem ainda um controle suficiente de cintura escapular para assumir e manter a
descarga de peso nos antebraços. Os ombros e cotovelos ainda assumem uma
posição primitiva, com o cotovelo atrás do ombro, o úmero abduzido, estendido e
rodado internamente. A posição do braço continua associada com adução
escapular, elevação da rotação para baixo e deslocamento anterior.
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 A adução bilateral da escápula e extensão vertebral ainda parecem


promover uma estabilidade sinergista para a elevação da cabeça e do ombro.
Conseqüentemente, o peso é deslocado inferiormente, e o tórax superior é
pressionado na superfície, tornando-se o ponto de apoio.
 Com a abdução do úmero e a extensão do cotovelo, as mãos movem-
se bilateralmente e à frente dos ombros. No entanto, a abdução e a rotação externa
do ombro ainda estão limitadas e os cotovelos continuam atrás dos ombros. As
mãos estão levemente fletidas.
 Durante a elevação da cabeça, a rotação interna do úmero com
extensão acompanhada da pronação do antebraço causa a descarga do peso no
lado medial da mão. Essa postura do braço causa um aumento mecânico na
extensão do punho.
 A elevação da cabeça continua a iniciar a flexão do quadril e a
elevação pélvica, causando o deslocamento anterior do peso, que torna a elevação
da cabeça e a descarga de peso nos MMII mais difícil.
 O aumento da mobilidade extensora vertebral diminui o efeito desse
deslocamento do peso e parece trabalhar com a abdução umeral para impedir os
ombros de serem pressionados contra o solo.
 Até aproximadamente 5 meses, a rotação da cabeça causa o
deslocamento do peso para o mesmo lado que a cabeça roda. O deslocamento do
peso e feedback proprioceptivo são importantes precursores para o futuro
deslocamento do peso no antebraço. O deslocamento do peso provoca a
estimulação tátil e proprioceptiva assimétricas que são necessárias para o
desenvolvimento futuro das reações da cabeça sobre o corpo e do corpo sobre o
corpo.
 O bebê pode trazer a cabeça e o queixo para a mão, mais que a mão
para o queixo. Esse é um método para ele se acalmar. Por outro lado o uso
funcional da mão é mínimo em prono.

MMII
 Os flexores do quadril estão suficientemente alongados para permitir o
abaixamento da pelve e o repouso da parte anterior da coxa na superfície. A
abdução do quadril e rotação externa mudaram muito pouco, mas a extensão do
joelho aumentou. Quando o bebê está relaxado, pode ocorrer a flexão plantar do pé.
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A posição abaixada da pelve diminui o deslocamento do peso anteriormente e a


cabeça e ombros parecem mais confortáveis em prono.
 A flexão do quadril aumenta à medida que a cabeça é levantada. Essa
resposta parece ser resultado do RTCS, mas este não está presente até os 6 meses
de idade. Então, esta resposta no 2° mês deve ser atribuído a fatores biomecânicos.
 A elevação da cabeça e a extensão da coluna torácica levam ao da
musculatura anterior de tronco (reto abdominal e iliopsoas). Como esses músculos
não estão tolamente alongados nessa idade, eles respondem ao estiramento com o
encurtamento que conseqüentemente causa a flexão do quadril.
 É imprescindível que a flexão do quadril diminua e a extensão ativa
aumente, para que os extensores do quadril possam promover uma estabilidade
sinergista para a extensão de cabeça e tronco e o alongamento dos abdominais. A
mínima flexão do quadril em prono inibirá uma boa extensão de cabeça e tronco.

Sentado
 No tracionado para sentar, o aumento da estimulação das reações de
endireitamento labiríntica e óptica é manifestado pela tentativa passageira de trazer
a cabeça. No entanto, o insuficiente controle muscular dos flexores cabeça/pescoço
resulta na queda da cabeça. Alguns bebês tentam forçar a estabilidade de pescoço
pela fixação visual no examinador.
 Os MMSS começam a mostrar alguma resposta quando puxados
passivamente, através de alguma flexão ativa de cotovelo.
 Os abdominais e MMII ainda não participam do movimento.
 Quando sentado, a coluna está encurvada, mas há uma pequena
elevação da cabeça. A proximidade entre o occipital e os ombros parece indicar que
muito da mobilidade para elevação da cabeça está ocorrendo entre o occipital e a 1ª
vértebra cervical. Se isso é verdade, os músculos extensores capital longo e curto
são os responsáveis primários por esta ação.
 A diminuição da hiperextensão da coluna leva ao alongamento do
pescoço. O equilíbrio entre os flexores e extensores cervicais estabilizam a coluna
cervical enquanto os flexores capitais promovem o “chin-tuck”. Para esses músculos
do pescoço trabalharem eficientemente, o tronco precisa ser extendido para a
posição neutra.
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 Se as mãos do bebê são seguradas enquanto ele está sentado, o bebê


aduz a escápula e flete os cotovelos. Como em prono, esse padrão da cintura
escapular parece ajudar a promover a estabilidade para a elevação da cabeça e a
estabilidade postural.
 Quando o tronco é segurado frouxamente a cabeça, e eventualmente o
tronco, caem para frente, mas não como no 1 mês. No 2 mês, a cabeça e o tronco
vem repousar na superfície entre as pernas, mas levemente elevados. As mãos
podem repousar na superfície, mas elas não promovem nenhum suporte.
 A rotação externa dos MMII aumenta, mas ainda não é suficiente para
que a porção lateral dos MMII possa repousar na superfície. As pernas ainda não
promovem assistência para a estabilidade postural na postura sentado.

Em Pé
 O bebê tem menos controle que no 1 mês. A reação positiva de apoio
e a marcha automática são raramente vistas. A ausência de passos no bebê é
chamado abasia e a dificuldade de descarregar o peso sobre os MMII, é a astasia.
Portanto, a fase astasia-abasia é caracterizada pela inabilidade de suportar o peso
na postura em pé e pela orientação precária dos pés quando em contato com o solo.
 O bebê precisa ser segurado no tórax e inferiormente a axilas. Quando
bem suportado, ele eleva a cabeça com hiperextensão. Bem como em idades
precoces, o bebê de 2 meses demonstra maior controle para elevar a cabeça em pé
do que sentado. A elevação dos ombros que ocorre quando o bebê é apoiado
abaixo das axilas pode promover alguma estabilidade para a elevação da cabeça.
 O desenvolvimento da atividade extensora descrita em outras posições
é também vista em pé, especialmente nos MMSS. A flexão bilateral dos cotovelos
tem mudado com extensão bilateral dos ombros. O aumento da extensão é visto
também nos punho e nas articulações metacarpofalangianas. As articulações
interfalangianas ainda estão levemente fletidas.
 Como ainda há a flexão do quadril, toda cintura pélvica permanece
alinhada posteriormente com relação a cintura escapular, na posição vertical.
 A flexão dos dedos pode ser uma resposta para a estimulação
proprioceptiva e tátil para aumentar a estabilidade dos MMII (para fixação).
Entretanto, isso é visto com mais freqüência em bebês mais velhos que estão
descarregando peso nas pernas.
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Indicações de Possíveis Distúrbios no Desenvolvimento Motor


 O 2 mês é caracterizado pela assimetria, hipotonia, astasia e abasia.
 Os bebês com problemas significantes ao nascimento e história pós-
natal podem apresentar problemas freqüentemente associados à marcada hipotonia
ou hipertonia.
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O TERCEIRO MÊS

Características:

 O bebê está mais alerta e consciente do ambiente. Ele está se


tornando mais competente na ação visual (acompanha o objeto a 180) e interação
com os cuidadores.
 Motoramente, o bebê a simetria e orientação na linha média estão
iniciando. Ele demonstra um marcado aumento na atividade simétrica bilateral e no
controle flexor antigravitacional. No entanto, a assimetria não é incomum.
 Os MMSS e MMII são caracterizados pela abdução bilateral e rotação
externa. A extensão do ombro teve um aumento e o bebê leva as mãos para mais
distante do corpo. Com o aumento da flexão do joelho, os MMII assumem uma
posição de “pernas de rã”.
 O bebê pode trazer as mãos para o corpo. O reflexo preensão palmar
está inibido, e aos 3 meses ele é capaz de brincar com as mãos, levá-las à linha
média e segurar um brinquedo com as duas mãos.
 Em prono, melhorou o controle de cabeça e ombro, aumentou a
extensão espinhal e a pelve abaixada possibilita o apoio no antebraço com elevação
sustentada da cabeça. O bebê pode rodar a cabeça para cada lado enquanto ela
está elevada, o que causa um sutil deslocamento do peso e um feedback sensorial
para os músculos do tronco superior e cintura escapular. No entanto, a postura
prono ainda não é uma posição funcional para o bebê devido à falta de equilíbrio.
 Quando tracionado para sentar, o feedback do sistema de
endireitamento labiríntico (vestibular) e óptico está mais integrado com o controle
muscular. A cabeça cai menos no início do movimento, e o seu endireitamento
ocorre na metade do movimento. O aumento da flexão dos MMSS auxilia no puxar.
 O bebê precisa ser apoiado quando sentado; o controle de cabeça
aumenta a possibilidade de sustentar a cabeça elevada. A atividade muscular
cervical e torácica está mais evidente, mas a coluna continua fletida. A pelve
mantém-se perpendicular, possibilitando que a descarga de peso seja mantida na
tuberosidade isquiática. Se não apoiado, o bebê cai para frente. O tronco e quadril
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não oferecem resistência para esta flexão para frente, mas a cabeça responde pelo
endireitamento com extensão.
 A fase de astasia-abasia já não está mais presente e o bebê consegue
aceitar o peso do corpo nos pés.
 O aumento da habilidade motora permite ao bebê interagir com o
ambiente mais eficientemente que aos 2 meses. O bebê pode segurar um chocalho,
que é colocado em sua mão, e trazê-lo à boca, mas freqüentemente ele não presta
atenção no brinquedo.
 O bebê continua a bater com força nos brinquedos, especialmente
aqueles que promovem um feedback, como uma bola com sino. Os bebês gostam
de brinquedos os quais eles podem tocar, chacoalhar e balançar, e caricaturas de
face e voz.
 O controle de cabeça do bebê aumentou, permitindo o aumento do
controle visual. Ele pode olhar atentamente para um objeto na linha média e
acompanhá-lo por 180 com a extensão da cabeça. Ele também pode olhar
atentamente para as mãos na linha média, o que é um importante passo para o
desenvolvimento da consciência corporal.

Indicações de Possíveis Distúrbios no Desenvolvimento Motor


 Aos 3 meses, o bebê está tornando-se mais organizado em seus
movimentos. Entretanto, é neste mês que sutis desvios no progresso normal do
desenvolvimento motor podem ser manifestados. Pequenas variações podem estar
completamente dentro da extensão do desenvolvimento motor normal, ou eles
podem estar começando a dar “leves sinais” do desenvolvimento motor anormal.
Para discernir entre o normal e o patológico é necessário muita experiência.
 Um distúrbio pode ser indicado pela manutenção de forte assimetria ou
pela inabilidade para assumir e manter a cabeça na linha média. O fracasso para
utilizar o movimento de extremidades simetricamente ou para trazer cada mão, ou
ambas simultaneamente, para o corpo em supino pode indicar um atraso no
desenvolvimento do controle muscular bilateral simetricamente.
 O controle motor ocular está associado ao controle da cabeça. Se aos
3 meses o bebê está apresentando dificuldades com a convergência visual, com o
olhar fixo para baixo, e com o acompanhamento visual, o controle da cabeça pode
19

não se desenvolver normalmente (especificamente os flexores de cabeça e o


controle na linha média).
 Em prono, a inabilidade ou a fraca habilidade para abduzir e trazer os
braços para frente com a descarga de peso no antebraço pode indicar fraqueza ou
atraso no desenvolvimento da musculatura da cintura escapular. A fraca habilidade
de descarga de peso no antebraço faz o bebê não gostar da postura e,
consequentemente, ele não estará hábil a desenvolver o controle extensor
antigravitacional que emerge em prono.
 A dificuldade em trazer ativamente a cabeça na linha média interferirá
no desenvolvimento simétrico do pescoço, tronco, MMSS e MMII; na convergência
visual; na simetria de estímulos proprioceptivos e de feedback; e até em problema
músculo-esquelético.

Posturas:

Supino
 É caracterizado pela simetria e orientação da cabeça na linha média.
Os MMSS assumem freqüentemente a posição de flexão bilateral, abdução e
rotação externa.
 As costelas estão mais horizontalizadas porque houve ativação da
musculatura abdominal. Quando, a partir da tríplice flexão, os joelhos se aproximam
do tórax há um aumento na contração abdominal que promove o abaixamento das
costelas.
 As escápulas estão mais abduzidas e rodadas, o que as afasta da
coluna e possibilita a união das duas mãos.

Cabeça
 Os movimentos da cabeça são mais variados que aos 2 meses e a
orientação simétrica e na linha média estão se tornando mais dominantes. Em
supino, o bebê pode rodar a cabeça de um lado para outro com extensão. A cabeça
pode ser mantida brevemente na linha média, através da contração bilateral dos
músculos capitais (cabeça) e flexores cervicais (pescoço). O bebê está começando
a fletir a cabeça e a realizar o “chin-tuck”.
20

 Toda mobilidade da coluna cervical não está ainda presente.


Entretanto, a rotação da cabeça pode eliciar a reação de endireitamento cervical,
causando o rolar do bebê para o lado, quando os braços estão juntos ao corpo. A
abdução marcada de extremidades, característica do 3 mês, promove uma
estabilidade e assim, diminui a ocorrência de rolamento.
 Como aumenta o controle dos músculos flexores bilaterais do pescoço,
a cabeça é mantida na linha média e é rodada para o lado com menor freqüência.
Conseqüentemente, os receptores do pescoço para o RTCA são menos estimulados
e a postura assimétrica ocorre com menor freqüência.
 Com a cabeça estabilizada na linha média, inicia-se a convergência
visual. Este controle aumenta a duração do tempo no qual o bebê pode fixar o olhar
num brinquedo na linha média. A atenção visual e o interesse em brincar têm um
importante papel na movimentação da cabeça. Com o aumento do controle da
cabeça e dos olhos, o bebê apresenta a coordenação Viso-Cefálica na horizontal e
na vertical, porém o trajeto para baixo ainda é inconsistente. À medida que vai
melhorando o controle dos flexores cervicais, o bebê acompanha melhor o objeto na
vertical para baixo.
 O bebê acompanha melhor quando a cabeça está levemente
estendida. Portanto, os músculos extensores capitais e cervicais parecem ter mais
controle que os flexores.

Indicações de Possíveis Distúrbios no Desenvolvimento Motor


 Forte assimetria obrigatória ou inabilidade para trazer ou manter a
cabeça na linha média pode ser uma indicação de que o controle muscular simétrico
bilateral não está desenvolvido. Isso pode ser devido ao tono muscular menor ou
não usual atividade extensora unilateral. Pode ser indicação de problema músculo-
esquelético ou torcicolo.
 É muito importante que o bebê de 3 a 4 meses desenvolva a habilidade
para trazer ativamente e manter a cabeça na linha média. A deficiência pode
interferir em outras áreas de desenvolvimento como simetria de pescoço, tronco e
movimento de extremidades e controle; convergência óptica e visual, feedback
vestibular simétrico, deslocamento de peso simétrico e feedback proprioceptivo.
21

MMSS
 Há um aumento da rotação externa e abdução da cintura escapular e
na extensão de cotovelo. O punho e os dedos estão mais estendidos e abertos.
 A orientação da cabeça na linha média possibilita o posicionamento
simétrico de MMSS bilateralmente. Entretanto, a postura assimétrica não é
incomum. Segundo Von Hofsten (1990), o bebê começa, pela primeira vez, a abrir
as mãos quando estende os braços, mas somente quando ele fixa visualmente um
objeto. Isto parece sugerir que há uma união percepção-ação dos olhos com as
mãos, e também que o bebê não é dominado por movimentos sincrônicos
sinérgicos. Os movimentos dissociados estão começando a emergir.
 O bebê pode ativamente aduzir e rodar internamente os ombros para
trazer as mãos ao corpo. Fagard (1990) sugere que este é o início da coordenação
de junção de mãos.
 O reflexo de preensão palmar não é muito elicitado pela tração, apenas
se colocarmos um brinquedo na região ulnar da mão. Aos 3 meses, o bebê
apresenta orientação de palma radial.
 O bebê começa a usar mais as mãos para explorar sua boca, corpo e
roupas. Esta é uma importante etapa no desenvolvimento da consciência corporal. A
mão-no-corpo e mão-na-roupa, que ocorre acidentalmente, promove uma importante
experiência tátil que ajuda a diminuir o reflexo tônico de preensão e podem
promover a base para o futuro uso das mãos.

Indicações de Possíveis Distúrbios no Desenvolvimento Motor


 A inabilidade para trazer e manter a cabeça na linha média não
permitirá que o bebê utilize os movimentos das extremidades simetricamente, e
também que ele não traga as mãos para o corpo. Com isso, diminuirá a exploração
do corpo e o desenvolvimento da consciência corporal e o uso bilateral das mãos.

MMII
 Muitos dos chutes em supino ocorrem no ar, mas alguns, contra a
superfície de contato. Este último promove a elevação do quadril, a extensão
espinhal e o deslocamento do peso lateral. Porém, o quadril ainda não é estendido
porque a flexão ainda é forte. Freqüentemente, o bebê eleva ambos os MMII
22

simultaneamente e traz os pés juntos a partir da flexão de quadril e joelho e rotação


externa de quadril.
 Os MMII descansam com flexão simétrica, abdução e rotação externa
de quadril, flexão de joelhos e dorsiflexão e eversão de tornozelos. Esta posição de
“pernas de rã”, característica do 3 mês, possibilita aos pés virem juntos. Esta
experiência tátil contribui para a consciência corporal e diminuição da sensibilidade
tátil nos pés.
 A extensão ativa do joelho (quadríceps femoral) é acompanhada pela
extensão, adução e diminuição da rotação externa do quadril. O tornozelo também é
afetado pela extensão ativa do joelho, pois o músculo gastrocnêmio, que cruza
posteriormente a articulação do joelho, é alongado, contribuindo para a flexão
plantar do tornozelo.

Prono
 Com o aumento do controle muscular do pescoço e a estabilidade
adicional ocasionada pelo apoio no antebraço e a extensão lombar, a cabeça é
sustentada quando elevada e por isso, a visão é mais funcional em prono. O uso das
mãos é difícil na posição apoiada porque todo o peso é descarregado nos
antebraços. Como o interesse visual aumentou, a visão direciona os movimentos da
cabeça, que promovem e causam numerosas e sutis experiências de deslocamento
de peso, através do feedback tátil e proprioceptivo.

Cabeça
 O aumento do controle da cabeça é resultado de:
1. Aumento do controle muscular;
2. Aumento do efeito da reação de endireitamento labiríntico e óptico;
3. Aumento da amplitude da extensão vertebral, em níveis torácicos e
lombares;
4. Mudança na posição dos MMSS e aumento do controle muscular;
5. Aumento da ação sinergista promovida pelos extensores torácicos e
lombares para estabilizar o tronco;
6. Diminuição da flexão do quadril, pelo alongamento dos flexores, e
abaixamento da pelve.
23

 O bebê pode elevar a cabeça de 45 para 90 na linha média e mantê-
la sem oscilações. A manutenção na linha média é possível pela a contração
bilateral dos músculos paravertebrais. A extensão de cabeça e pescoço causa um
alongamento simétrico músculos flexores de cabeça e pescoço.
 A cabeça pode ser mais elevada porque a coluna torácica e lombar
estão mais estendidas, sugerindo um aumento na atividade da musculatura
paravertebral inferior. Os músculos extensores lombares podem promover uma ação
sinergista para estabilizar o tórax durante a elevação da cabeça.
 Uma vez que a cabeça é elevada em prono, os movimentos de flexão
da cabeça deslocam o peso anteriormente para baixo. Como o controle de tórax
anterior e os músculos da cintura escapular ainda não estão totalmente
desenvolvidos, o bebê freqüentemente “desaba" quando a cabeça é fletida.
 A rotação da cabeça de um lado para outro causa o deslocamento
lateral do peso. Como a face vira para um lado, o tronco desloca-se sutilmente para
o mesmo lado. Se o peso deslocado for suficiente, o bebê pode vir a rolar.
 Com o aumento do controle de cabeça, atenção visual em prono
aumenta. O bebê acompanha um objeto horizontalmente por 180.

MMSS
 O apoio no antebraço é possível, sugerindo um o controle do úmero e
músculos da escapula para aumentar a extensão da coluna e quadril. A elevação da
cabeça causa a flexão do quadril; entretanto, quando o peso é deslocado
posteriormente, ele é estabilizado com a extensão ativa da coluna lombar.
 Os cotovelos estão alinhados ou na frente dos ombros devido ao
aumento da flexão, adução horizontal e rotação externa do ombro. Isso traz os
braços para frente e na direção do corpo, o que auxilia na elevação do tórax da
superfície, permitindo o apoio no antebraço.
 A abdução do úmero parece puxar a escápula em abdução e leve
abertura (asa). Essa abertura sugere que a estabilidade escapular promovida pelo
serrátil anterior ainda não emergiu. A flexão do cotovelo e a pronação do antebraço
ocorrem durante o apoio no antebraço. Os punhos estão levemente estendidos e os
dedos alternam entre uma leve flexão e abertura. O bebê fará os movimentos de
arranhar com os dedos.
24

 A extensão e a elevação do tronco são influenciados pela posição dos


MMSS e MMII. Quanto maior a abdução das extremidades, menos o tronco é
elevado. O controle da cintura escapular melhora (especialmente nos músculos da
bainha rotatória, peitoral maior e serrátil anterior); os braços tornam-se mais fletidos
e aduzidos e o tórax eleva-se mais (isso no 4 mês).
 O apoio no antebraço causa o deslocamento posterior do peso. Com
isso, o ponto de descarga do peso (apoio para a elevação) move-se caudalmente
(aproximadamente na altura do mamilo). Além disso, promove um feedback
sensorial nos MMSS e cintura escapular, que é aumentado pelo sutil deslocamento
do peso que ocorre durante a movimentação da cabeça.
 O apoio no antebraço é a primeira maior etapa da dinâmica de
descarga de peso. Os músculos em volta de cada articulação da cintura escapular
estão envolvidos simultaneamente na estabilidade e mobilidade.

Indicações de Possíveis Distúrbios no Desenvolvimento Motor


 A inabilidade para abduzir os braços em prono para descarga de peso
nos antebraços indicará distúrbio. A inabilidade para abduzir o úmero indica que os
músculos da escápula e possivelmente também os do úmero não se desenvolveram
apropriadamente.
 O desenvolvimento precário da cintura escapular resulta num
posicionamento inadequado de braços, cabeça e pescoço em prono. Isso pode levar
a:
1. Precária estabilidade da cintura escapular;
2. Precária dissociação dos movimentos de escápula e úmero e precário
alongamento dos músculos entre os dois;
3. Precária descarga de peso em prono;
4. Desenvolvimento precário ou anormal de flexores e extensores de
pescoço e tronco;
5. Desenvolvimento precário do controle de MMSS.

MMII
 Os MMII estão freqüentemente simétricos em prono. Há aumento na
extensão e rotação externa de quadril e joelhos. Permanece ainda uma leve flexão
de quadril, impedindo a pelve de repousar totalmente na superfície, e também
25

causando o deslocamento anterior do peso. A flexão de quadril deve diminuir para


permitir o deslocamento caudal do ponto de descarga de peso para a pelve e
quadril, o que possibilitará um acréscimo na elevação de cabeça e tronco. Os
tornozelos estão se tornando mais móveis e agora, flutuam entre a dorsiflexão e a
flexão plantar.
 Alguns movimentos dos MMII ocorrem bilateralmente, mas
ocasionalmente podem ocorrer chutes unilaterais. Os MMII podem responder com
reações dissociadas quando ocorre um maior deslocamento lateral do tronco.
 Próximo ao fim do 3 mês, começam os chutes randômicos contra a
gravidade, que promovem um feedback proprioceptivo e cinestésico. Isso contribuirá
para o desenvolvimento dos movimentos controlados de tronco inferior, pelve,
quadril e MMII.

Sentado
 No tracionado para sentar, ainda não há total controle da musculatura
flexora antigravitacional ou estabilidade sinergista dos músculos abdominais. A
cabeça cai, principalmente no início do teste, e os ombros elevam. Porém, na
vertical, a cabeça é mantida á levantada devido ao “chin-tuck”, a partir da contração
dos esternocleidomastóideos, e não os flexores capitais.
 Para os flexores capitais e do pescoço manterem a cabeça posicionada
durante o tracionado para sentar, o tórax precisa ser estabilizado pela contração
sinergista dos abdominais oblíquos. Sem isso, o tórax e os ombros são elevados na
tentativa de estabilizar a cabeça. Essa elevação dos ombros resulta na
hiperextensão do pescoço.
 O desejo do bebê em endireitar a cabeça está indicando a continuação
da maturação das reações de endireitamento labiríntico e óptico. O bebê usa o
endireitamento cervical ou óptico para fixar os olhos no examinador para forçar a
estabilidade da cabeça.
 Os MMSS resistem a extensão passiva. Mas ele são ativados de forma
inconstante durante o tracionado com a flexão do cotovelo. Quando essa flexão
ocorre, ela é freqüentemente observada na primeira metade do movimento. Quando
a cabeça torna-se estável e flete para frente, diminui a flexão ativa do cotovelo.
 A reação dos abdominais e MMII estão associadas com as outras
descritas.
26

 No tracionado, as reações assimétricas nas extremidades não são


incomuns. No entanto, a cabeça anteriorizada e os músculos do pescoço e
esternocleidomastóideos são fortes o suficiente para trazer a cabeça na linha média.
Conseqüentemente, a cabeça pode rodar e iniciar uma resposta assimétrica nas
extremidades.
 Na postura sentada, a cabeça é menos hiperextendida e isso
provavelmente está relacionado com o melhor alinhamento da cabeça, ombros e
pelve, bem como ao aumento da atividade dos flexores da cabeça e pescoço.
 Como o controle de cabeça e tronco aumentou, os movimentos da
cabeça não provocam distúrbios no equilíbrio do bebê. Ele usa da adução bilateral
da escapula para reforçar a estabilidade do tronco. A adução escapular puxa os
braços e as mãos para além do corpo ou brinquedo. Essa resposta é necessária
para estabilizar a postura, e antecede a utilização da estabilidade para o uso das
mãos.
 O bebê pode alcançar visualmente um objeto, mas não pode pegá-lo
com as mãos. Ele cairá para frente se não for apoiado. Há uma resistência mínima
em quadril, coluna lombar e torácica inferior para essa queda; entretanto a cabeça e
o tronco superior começam a responder e a resistir.
 Os MMII estão mais rodados externamente e abduzidos tornando os
joelhos mais fletidos. Tal postura, associada à queda do tronco para frente, leve ao
alongamento dos músculos adutores do quadril (grácil, semitendinoso e
semimembranoso). Eventualmente, a rotação externa completa com abdução
promove o repouso da porção lateral das pernas na superfície, aumentando a
estabilidade para sentar. Esse posicionamento de MMII previne o deslocamento
lateral de peso e a queda para os lados.

Em Pé
 Aos 3 meses, a fase de astasia-abasia freqüentemente já desapareceu.
Quando apoiado, o bebê descarrega o peso nos MMII. Essa descarga de peso é
freqüentemente relatada com um grau de abdução. Quando os pés estão juntos, o
bebê sustenta menos o peso do que quando os MMII estão abduzidos.
 As escápulas estão aduzidas, com os braços levemente aduzidos e
fletidos para frente, numa tentativa de aumentar a estabilidade de tronco. Quando o
esforço é aumentado para manter a extensão de tronco durante a postura em pé, há
27

um aumento na extensão de cotovelo. A extensão de punho está presente, mas


menos exagerada que no 2° mês. A extensão da articulação metacarpofalangeana é
acompanhada da extensão interfalangeana (biomecanicamente, a extensão de
punho aumenta a flexão dos dedos. Entretanto, a diminuição da extensão do punho
permite uma maior eficiência da extensão metacarpofalangeanas e
interfalangeanas).
 A flexão de quadril continua a manter a cintura pélvica atrás da cintura
escapular. A extensão de joelho, não a de quadril, parece promover o tono extensor
necessário para suportar o peso. Quando as pernas são abduzidas durante a
descarga de peso, ocorre pronação, dorsiflexão e abdução dos pés. Uma maior
pronação é observada em bebês com tono menor.
 A flexão dos dedos pode ser resultado do reflexo de preensão plantar,
e ocorre como resposta à estimulação tátil e proprioceptiva, que parece reforçar a
estabilidade proximal através da estabilidade muscular sinergista distal para
proximal.
28

O QUARTO MÊS

Características:

 O bebê pode facilmente alternar entre extensão e a flexão tanto em


prono como em supino.
 A simetria da cabeça e do tronco, a orientação na linha média e os
movimentos simétricos de extremidades são dominantes durante o 4° mês. A
orientação na linha média, juntamente com a simetria de cabeça e do tronco,
possibilita o desenvolvimento da coordenação entre os dois lados do corpo.
 Controle ocular está tornando-se mais refinado como resultado do
aumento do controle de cabeça e vice-versa. Os olhos estão mais ativos durante o
alcance de objetos, no entanto nos MMSS ainda faltam coordenação e controle para
o alcance. A fixação visual aumenta a estabilidade da cabeça e lhe assegura a
própria orientação no espaço. Isto fica evidente durante o tracionado para sentar.
 Os MMSS demonstram aumento no controle motor grosso; no entanto,
o controle motor fino da mão ainda é limitado. Durante o brincar e a exploração, o
bebê está envolvido com junção de mãos, mão-boca e mão nas diferentes partes do
corpo. Com 4 meses, ele continua a usar a preensão ulnar para apanhar e soltar
brinquedos mas ainda não está hábil para manipulá-los. O uso da boca para
explorar as mãos e os brinquedos é uma característica distinta desta idade.
 Os MMII freqüentemente espelham os MMSS, como se esses
movimentos simultâneos reforçassem um ao outro. Estas ações também reforçam a
forte simetria e orientação visual.
 A alternância dos movimentos simétricos de MMII e a ativação
alternada de flexores e extensores de tronco facilitam a anteversão e retroversão
pélvica. Essa mobilidade da pelve promove a base para o desenvolvimento normal
dos movimentos de MMII.
 Em supino, o bebê mantém a cabeça na linha média, encolhe o queixo
e traz as mãos juntas. Ele é capaz de estender os cotovelos e levar as mãos para os
joelhos quando quadril e joelhos são fletidos.
29

 Da posição supina com as mãos no joelho, o bebê pode rolar para o


lado. Essa nova postura é de grande importância, pois oferece um feedback
proprioceptivo, tátil, vestibular e visual necessários para estimular retificação lateral
ou flexão lateral antigravitacional. A qualidade desta resposta depende do grau de
equilíbrio entre o pescoço e os flexores e extensores de tronco.
 Em prono, ele pode elevar a cabeça em 90° na linha média. Agora, ele
é capaz de suportar o peso nos antebraços e ocasionalmente, com os braços
estendidos porque a extensão torácica e lombar (extensão e ação muscular) tem
aumentado, e o controle da cintura escapular é suficiente para manter a posição
elevada.
 O aumento da atividade extensora é freqüentemente vista posição
"pivô-prono", com marcada adução escapular. No entanto, o bebê pode sair deste
padrão extensor e assumir a posição de descarga de peso no antebraço. A descarga
de peso no antebraço é realizada com os braços alinhados com o tronco. O rodar a
cabeça ainda causa o deslocamento do peso para o braço do lado facial, o que
limita o alcance e pode resultar no rolar do bebê (eventualmente cair).
 Quando tracionado para sentar, as reações de endireitamento são
fortes, porém, ainda falta o completo controle flexor da cabeça. O bebê pode elevar
e estabilizar a cabeça na linha média pela elevação dos ombros e, ele está
começando a ajudar com os MMSS através da flexão de cotovelos. A flexão de
MMSS é freqüentemente associada com a atividade flexora de abdominais e MMII.
 Quando sentado, o bebê usa forte atividade extensora para manter a
postura semi-ereta. A mobilidade nesta postura ocorre no quadril. A postura típica de
MMSS é adução escapular e abdução de braços. No 4° mês, os MMII estão
começando a serem usados para prevenir o deslocamento do peso para o lado.
 Quando em pé, o bebê descarrega o peso nas pernas estendidas. O
controle aumentou suficientemente para que ele possa ser segurado pelas mãos ao
invés do tronco. Os MMSS ainda estão unidos ao sistema postural e não podem ser
usados funcionalmente para o alcance e a preensão.

Indicações de possíveis distúrbios no desenvolvimento motor


 Deve-se observar:
1. Simetria nas extremidades;
30

2. Orientação da cabeça e das extremidades na linha média;


3. Alternância entre os movimentos de flexão e extensão de tronco e
membros.
 A ausência da simetria é freqüentemente compensada pelo uso
excessivo do RTCA, o que prejudica a coordenação entre os 2 lados do corpo. Falta
de simetria em supino sugere que controle dos músculos flexores bilaterais não está
desenvolvido. A falta de equilíbrio entre flexores e extensores significa que o bebê
não é capaz de alternar suavemente entre flexão e extensão, além de influenciar no
desenvolvimento da flexão lateral.
 O desenvolvimento da musculatura flexora inadequado é manifestado
em supino pela inabilidade para manter a cabeça na linha média com o queixo
encolhido, fraca convergência visual e fraca fixação visual para baixo, controle de
cabeça inadequado no tracionado para sentar, habilidade limitada para trazer as
mãos juntas na linha média, exploração do corpo limitada, inabilidade para fletir
quadril simetricamente com abdução, falta da posição mão no joelho e limitada
retroversão da pelve. Em prono, é manifestada pela inabilidade para descarregar o
peso nos antebraços com braços fechados no corpo.
 Inadequada atividade simétrica extensora é manifestada como
inabilidade para elevar e manter a cabeça na linha média, inabilidade para assumir a
posição “pivô-prono”, com extensão e adução bilateral de escapula, inabilidade para
alternar entre “pivô-prono” e descarga de peso no antebraço e inabilidade para
endireitar (estender) a cabeça e o tronco quando sentado.
 A falta de movimentos bilaterais simétricos de MMSS provoca um
pobre desenvolvimento dos músculos da cintura escapular e MMSS, pobre
coordenação e estabilidade sinergista dos abdominais e habilidade precária para
explorar, alcançar e manipular objetos.

Posturas:

Supino
 O repertório se resume em simetria e orientação na linha média.
 Os membros saem da marcada abdução que caracterizou o 3° mês,
para o aumento da flexão ativa com adução. O bebê pode trazer as mãos na linha
31

média e para as várias partes do corpo, o que contribui para desenvolvimento da


consciência corporal.
 O controle da cabeça promove uma base estável para os movimentos
oculares coordenados e para a perseguição visual. Os MMSS demonstram um
aumento da coordenação para exploração corporal e para manejar brinquedos de
leve peso. Os MMII demonstram aumento na coordenação dos chutes e na
manutenção da postura antigravitacional.

Cabeça
 Com o aumento do controle muscular, orientação na linha média
sugere um aumento na maturação dos sistemas de endireitamento labiríntico e
óptico. Entretanto, o bebê ainda não pode fletir e elevar a cabeça
independentemente da superfície de contato. Em adição aos flexores capital e
cervical, elevar a cabeça requer ação sinergista dos músculos abdominais para
estabilizar o tórax.
 O “chin-tuck”, que promove o alongamento da musculatura posterior
do pescoço em supino, é um passo no desenvolvimento da estabilidade postural da
espinha cervical. O queixo encaixado possibilita o fortalecimento do músculo cervical
longo, que mantêm firme a musculatura de língua e ATM (supra e infra-hióides).
Sem esta estabilidade da coluna cervical, existe um risco do bebê desenvolver
problemas na fala, respiração e deglutição. De acordo com Kapanji (1974), o
músculo cervical longo vai alongar a coluna cervical e estabilizar a cabeça sobre o
tronco. A musculatura anterior do pescoço (flexores capitais, supra e infra-hióides) é
importante para fletir a cabeça e a coluna cervical. Para que a musculatura da
língua trabalhe de forma adequada é necessário que esses músculos estejam
contraídos, ou seja, esses músculos precisam de uma base sinérgica para que os
flexores e extensores trabalhem bem.
 O bebê pode localizar visualmente um objeto sem girar a cabeça. A
emergência da habilidade para fletir a cabeça é acompanhada da capacidade de
fixar o olhar para baixo, que possibilita o bebê em explorar seu corpo.
 Rotação ativa de cabeça ocorre principalmente em resposta aos
estímulos visual e olfatório. A reação de endireitamento cervical pode ainda ser
eliciada. Quando a cabeça roda, o corpo acompanha (ou rola) como uma unidade,
32

assim a reação de endireitamento cervical torna-se o principal meio para que o bebê
role de supino para decúbito lateral.
 A rotação para o lado ocorre freqüentemente quando a cabeça está
fletida. Rotação com extensão também pode ocorrer, mas este é um padrão mais
primitivo, que aumenta a extensão espinhal.
 Quando o bebê rola com flexão, a posição neutra de coluna e de
tronco é estimulada. O uso da flexão ou extensão pode influenciar a fixação visual e
a estimulação e o feedback vestibular.
 Quando a rotação de cabeça com flexão inicia o rolar para o lado,
ocorre a flexão lateral da cabeça (flexão lateral, que é um movimento puro no plano
frontal, é a combinação da ação unilateral de flexores e extensores trabalhando
juntos). Quando a rotação da cabeça é iniciada com extensão, não ocorre a flexão
da cabeça.
 O bebê está começando a dissociar os movimentos dos olhos com a
cabeça durante a localização visual. Isso indica um aumento no controle da
musculatura ocular com estabilidade sinergista postural dos músculos de cabeça e
pescoço. Os bebês que não desenvolveram um controle normal da cabeça têm
dificuldade no desenvolvimento dissociado dos olhos, e assim continua a mover sua
cabeça e seus olhos juntos.
 Embora o RTCA possa ser eliciado, ele é raramente observado no 4°
mês devido o aumento do controle simétrico bilateral dos músculos flexores capital e
cervical e o desenvolvimento da habilidade do bebê em usar as mãos na linha média
e olhar para baixo.
 O balanço da flexão e extensão antigravitacional (movimentos no
plano sagital) serão incorporados no desenvolvimento da flexão lateral
antigravitacional (movimentos no plano frontal).

Indicações de possíveis distúrbios no desenvolvimento motor


 Se a flexão capital e cervical antigravitacional não se desenvolverem
normalmente, os problemas motores podem incluir:
1. Falta da orientação de cabeça e tronco na linha média;
2. Falta da simetria de cabeça e tronco;
3. Fraca localização visual;
33

4. Continua a estimulação para extensão e assimétrica de tronco;


5. Disfunção motora oral;
6. Inabilidade para flexão lateral ativa.

Tronco
 O tronco em supino é mais simétrico, movendo primariamente como
um bloco em leve flexão ou extensão (movimentos no plano sagital). Os extensores
abdominais e lombares demonstram atividade recíproca quando o bebê alterna entre
flexão e extensão. O bebê está começando a usar os flexores de tronco ativamente
em supino. O controle lateral (plano frontal) e rotacional (plano transverso) dos
movimentos de tronco não são vistos nessa idade.
 A anteversão e a retroversão ativas da pelve são uma indicação óbvia
de atividade do tronco no plano sagital. A retroversão é decorrente da contração dos
flexores de quadril e abdominais, particularmente o reto abdominal, que eleva o
púbis. A anteversão é devido a contração ativa dos extensores lombares e iliopsoas,
e alongamento biomecânico dos iliopsoas durante a extensão do quadril.

Indicações de possíveis distúrbios no desenvolvimento motor


 Se o bebê pratica um movimento (como anteversão da pelve) sem
equilibrar com o oposto (retroversão da pelve), o controle do tronco inferior pode ser
inadequado para estabilizar a pelve dinamicamente e controlar os movimentos
femorais. Consequentemente, a pelve e fêmur podem mover-se como uma unidade,
sem dissociação.
 Problemas no tronco podem ser manifestados como uso excessivo
dos flexores, tono muito baixo, ou muito alto que empurram a extensão. Se o bebê
mantém ou usa muito a postura fletida, os músculos abdominais e flexores de quadril
podem não se tornar alongados, dificultando o desenvolvimento das habilidades em
prono.
 Bebês hipotônicos podem manter a posição "pernas de rã", que causa
a anteversão da pelve. Sem o controle abdominal, o controle sinergista para
elevação de cabeça, braços e pernas estará ausente.
 Nos bebês hipertônicos, se a extensão nunca é equilibrada pela
flexão, os músculos extensores tornam-se firmes enquanto os músculos flexores são
34

alongados e enfraquecidos. Extensão excessiva interfere no desenvolvimento de


áreas de controle da cabeça, controle motor oral, controle visual e localização,
coordenação óculo-manual, movimentos do braço e da mão, e movimentação e
controle de MMII.

MMSS
 O bebê demonstra um controle ativo de ombros em supino. Durante o
repouso, a posição dos MMSS varia de adução e rotação interna de ombros para
abdução e rotação externa. Como o controle dos músculos em torno da cintura
escapular aumentou, os músculos escapulares podem promover estabilidade
dinâmica para um aumento da variedade dos movimentos de úmero e cotovelos. A
posição de cotovelos varia entre flexão e extensão.
 O bebê usa esse aumento no controle motor e visual para tocar mais
partes do corpo.
 Esses movimentos de ombro e cotovelo possibilitam que as mãos do
bebê se empenhem em muitas novas experiências táteis e exploratórias. O bebê
desenvolve o controle dos movimentos dos braços e das mãos baseados nas
informações táteis e visual relacionados com as propriedades dos objetos - contato,
direção e distância.
 Coordenação olho-mão na linha média aumentou. O bebê está
interessado nas atividades de mão e olho; ele repete várias vezes, e assim aumenta
o controle motor para o alcançar e apreender.
 Von Hofsten (1990) relata que o bebê pode fazer uso da visão para
ajustar o final de seu alcance. Com o aumento da coordenação olho-mão, o bebê
tem mais sucesso no alcance de brinquedos que estão próximos ou sobre o tórax.
 O bebê em supino geralmente alcança o objeto com pronação de
antebraço e extensão de punho. A agarrar ocorre com uma preensão primitiva ulnar
e um padrão de compressão. O agarrar pode ser aumentado pelo efeito da tenodese
da extensão do punho que facilita a flexão dos dedos.
 Quando um brinquedo é colocado no tórax do bebê, seu corpo todo
torna-se ativo e excitado. O alcance inicial parece incluir uma regressão para a
posição mais primitiva de abdução bilateral e rotação externa de ombros. Isto é
35

acompanhado pela adução ativa bilateral, leve rotação interna e flexão dos ombros,
pronação de antebraço e extensão de punho e dedos.
 O alcance do bebê em supino parece tornar-se mais coordenado
quando o brinquedo ou a mão que o leva toca o abdome do bebê. Essa pressão,
embora leve, pode promover um feedback que dá um ponto ou referência para o
padrão de alcance, além de alguma estabilidade de tronco para que o peitoral maior
torne-se mais eficiente. O mesmo ocorre quando o bebê segura, por exemplo, a mão
da mãe com a sua mão esquerda e o objeto com a sua mão direita.
 O bebê de 4 meses ainda não pode controlar a pronação e supinação
do antebraço. Um objeto pode ser agarrado e trazido para a outra mão. Entretanto,
ele não pode transferi-lo para a outra mão ou manipulá-lo porque ele não tem o
controle de como soltá-lo. Esse relaxamento (soltar) freqüentemente está
acompanhado pela flexão do punho, causando a extensão dos dedos.
 O bebê pode bater um objeto através da flexo-extensão de cotovelo.
Esses movimentos são geralmente resultado da participação total do corpo. Usando
a pronação de antebraço e flexão de cotovelo, o bebê pode trazer um brinquedo
para a boca e explorá-lo. Como não pode manipular os objetos com a mão, a
exploração com a boca é importante para o desenvolvimento precoce da consciência
perceptual de fora, tamanho e textura. Também é um importante processo para
diminuir a sensibilidade da língua e boca.

Indicações de possíveis distúrbios no desenvolvimento motor


 A falta da simetria em MMSS pode indicar um fraco desenvolvimento
dos músculos da cintura escapular, fraca coordenação para seu uso, e/ou fraca
estabilidade sinergista dos abdominais. O desenvolvimento da consciência e do
esquema corporal estará prejudicado devido à habilidade limitada do bebê em
explorar seu próprio corpo.
 A persistência do RTCA inibe o uso bilateral das mãos que vai afetar a
manipulação e exploração tátil de objetos e a transferência destes de uma mão para
outra.
36

MMII
 As pernas movem-se simetricamente e freqüentemente em sincronia
com MMSS. No entanto, os movimentos dissociados de MMII podem ocorrer, mas
os movimentos simétricos dominam o repertório.
 Os movimentos de MMII são totalmente sinergistas, com pequenos
movimentos isolados de articulações independentes. Quando o quadril flete, os
joelhos e tornozelos também fletem.
 Houve um aumento da extensão do quadril, permitindo que a coxa
toque o solo. Entretanto a flexão do quadril ainda é um grande componente. A
posição de “pernas de rã” ainda está presente mais está sendo modificada pelo
aumento da atividade dos adutores de quadril.
 Houve um aumento na extensão de joelho que se desenvolveu devido
a prática dos chutes. Como o bebê estende o joelho com o quadríceps, os
isquiotibiais, o gastrocnêmio e tecidos moles ao redor do joelho são alongados. A
inicial flexão plantar do tornozelo pode ser devido ao alongamento proximal do
gastrocnêmio quando o joelho é estendido.
 A inversão/ eversão com dorsiflexão de tornozelo pode ocorrer em
supino. A eversão parece ser o componente mais forte nesta idade. O brincar pé
com pé diminui a sensibilidade tátil dos pés na preparação para o ortostatismo e
aumenta a consciência corporal.
 Quando os MMII estão fortemente estendidos, ocorre a anteversão da
pelve e concomitante extensão espinhal. Quando os MMII fletem há um
aplainamento da coluna lombar e retroversão pélvica. Isto é freqüentemente
acompanhado da contração simultânea dos abdominais.
 Como todos os músculos femorais fixam a pelve, a pelve deve ser
estabilizada dinamicamente para o fêmur se mova eficientemente. No entanto, a
atividade sinergista dos músculos ao redor da pelve promove sua estabilização
dinâmica, tanto que os músculos pélvico-femurais podem mover o fêmur e os MMII
com dissociação.
 Como o bebê pressiona os pés na superfície, o arqueamento das
costas, é resultado da extensão espinhal, anteversão pélvica, semi-extensão ativa
do quadril e deslocamento de peso lateral de todo o corpo. Isso promove uma
experiência proprioceptiva de descarga de peso nos MMII.
37

 Um pé pode descansar no joelho contralateral, causando o


deslocamento do peso lateralmente. Se isso for sutil, os abdominais oblíquos podem
estar aptos a trazer o corpo para a linha média. Se não, o bebê pode rolar para o
lado. Essa ação resulta num feedback proprioceptivo e tátil assimétricos, que podem
ser usados em futuras atividades de descarga de peso.

Indicações de possíveis distúrbios no desenvolvimento motor


 A manutenção prolongada da posição “pernas de rã”, observada aos 3
meses, demonstra um fraco desenvolvimento dos flexores e adutores de quadril.
Sem a flexão e adução ativas do quadril, a pelve não poderá ser retrovertida e os
extensores lombares não poderão ser alongados em supino.
 Se a pelve mantém a anteversão durante a flexão de quadril, os
extensores lombares não serão alongados e os abdominais não serão ativados.
 Se o quadril não pode ser fletido com adução, o bebê não estará apto
para trazer as mãos no joelho ou cruzar a linha média. Isso pode trazer problemas
na integração dos dois lados do corpo.

Rolando para decúbito lateral


 Aos 4 meses a criança rola de supino para decúbito lateral,
normalmente a partir da postura fletida, com os quadril e joelhos fletidos e as mãos
juntas ou nos joelhos. O rolar é freqüentemente iniciado pela rotação da cabeça que,
devido a resposta da reação de endireitamento cervical, causa o rolar em bloco.
 O bebê começa com a flexão simétrica em supino e a mantém
enquanto rola para o lado.
 O decúbito lateral é uma importante posição para o bebê. Ela contribui
para dar formato a caixa torácica pela estabilização das costelas. Além de ativar os
músculos abdominais oblíquos, esta postura fornece um feedback da sustentação
de peso contra a gravidade.
 Decúbito lateral promove uma nova experiência visual, vestibular, tátil
e proprioceptiva assimétrica. Esta estimulação ajuda a promover um feedback
sensorial que facilitará o desenvolvimento da flexão lateral antigravitacional.
 Alguns bebês rolam para decúbito lateral usando excessiva extensão
de cabeça e pescoço. Este é o mais primitivo método de rolar porque a extensão, e
38

não a flexão, é o componente primariamente controlado. Consequentemente, o


feedback proprioceptivo (extensão da coluna cervical), visual (fixação visual para
cima) e vestibular (extensão da cabeça) enfatizam o tono extensor.

Indicações de possíveis distúrbios no desenvolvimento motor


 Rolar com a cabeça em extensão indica um problema no
desenvolvimento dos músculos flexores. Feedback visual, labiríntico, e
proprioceptivo de pescoço serão anormais e consequentemente o desenvolvimento
motor torna-se anormal.

Prono
 A simetria e o aumento na extensão são dominantes em prono.
Extensão de cabeça e pescoço (endireitamento cabeça), extensão espinhal, e
extensão de quadril tiveram um marcado aumento. Esses componentes extensores,
em combinação com o aumento do controle da cintura escapular, possibilitam a
elevação do tórax, arqueamento das costas para baixo, suporte no antebraço, e
ocasionalmente descarga de peso com o braço estendido em prono. Ele pode
mover-se da descarga de peso no antebraço para o padrão prono-extensor, mas
ainda não pode usar as mãos funcionalmente.
 A posição “pivô-prono” coincide com o inicio da reação de Landau, que
amadurece no 5° mês.

Cabeça
 O bebê pode manter a cabeça indefinidamente em 90° na linha média.
O desenvolvimento da extensão da cabeça, pescoço e coluna tem sido fortemente
influenciado pela maturação do sistema vestibular e reação labiríntica de retificação,
que facilitam a extensão.
 O aumento da extensão e alongamento nos extensores possibilita o
deslocamento de peso para as costelas inferiores e abdome. O suporte de peso nos
MMSS e extensores das costelas ajudam a manter o deslocamento posterior do
peso e elevação anterior.
39

 A habilidade para manter a posição apoiada durante a flexão da


cabeça parece ser relacionada, em última parte, para o aumento da estabilidade da
cintura escapular e MMSS.
 Flexão de cabeça com extensão de pescoço contribui com o
desenvolvimento de um pescoço visível. Os extensores de cabeça e pescoço,
trapézio superior e eretor da espinha contraem-se bilateralmente e simetricamente
para elevar e manter a cabeça na linha média.
 A rotação assimétrica da cabeça (como ocorre no torcicolo) conduzirá
para rotação assimétrica da coluna, deslocamento assimétrico do peso, e
desenvolvimento muscular assimétrico. Isso ilustra o efeito anatômico direto do
controle de cabeça (mobilidade e atividade antigravitacional) no subsequente
desenvolvimento normal do controle de tronco e extremidade.
 Controle dos músculos oculares está intrinsicamente relacionado com
o controle de cabeça. Os movimentos dos olhos e a visão conduzem a cabeça
primeiro na extensão e rotação e depois na flexão.
 A visão é o meio primário de alcançar e segurar os objetos em prono.
Ele ainda não pode alcançar e agarrar com os MMSS.
 A reação de Landau começa no 3° e 4° meses e coincide com o uso
da posição pivô-prono. Quando o bebê é segurado em suspensão horizontal em
prono, a reação de retificação óptica e labiríntica causam a elevação (extensão) da
cabeça e subsequente extensão das costas. Nesta fase precoce da reação, a
adução bilateral da escapula pode forçar a extensão da coluna torácica.

Tronco
 A cabeça, através da coluna cervical, sistemas vestibular e
proprioceptivo, tem um maior efeito na ativação da musculatura de tronco,
mobilidade e subsequente desenvolvimento. A reação de Landau ilustra muito bem
isso.
 A ativação simétrica bilateral é estimulada pela orientação da cabeça
na linha média, somada aos movimentos simétricos bilaterais das extremidades.
Movimentos assimétricos de tronco podem também ocorrer como resultado da
rotação da cabeça em prono, como o sutil deslocamento lateral e ou flexão lateral de
tronco.
40

 Na posição pivô-prono, o bebê pode se equilibrar num plano anterior-


posterior (sagital), usando o abdome como apoio.
 Extensão da cabeça na linha média ativa simetricamente a ação do
eretor da espinha. Adução bilateral da escapula é um componente que
freqüentemente coincide com a extensão espinhal no desenvolvimento de novas
posições ativas no espaço: prono, sentado, em pé e na marcha. No entanto a
extensão da coluna é muito forte quando a cabeça é estendida; alguns músculos
extensores ainda podem estar ativos quando a cabeça é fletida.
 Como os músculos eretores da espinha tornam-se mais ativos, a
cifose torácica será reduzida e a lordose lombar aumentada. A angulação das
costelas é importante para respiração, fonação e mobilidade de tronco e caixa
torácica. Mudanças na angulação das costelas parecem ocorrer com o início dos
movimentos laterais e rotacionais da coluna torácica. A posição horizontal das
costelas parece limitar a mobilidade do tórax. Em adição a ação do eretor da
espinha, a mobilidade torácica e das costelas dependem do desenvolvimento do
diafragma, abdominais oblíquos internos e externos, e músculos intercostais.
 A extensão da coluna lombar facilita a anteversão da pelve. O grau de
anteversão e extensão lombar é fortemente influenciado pela posição dos MMII.
 A extensão do tronco em prono alonga os músculos abdominais e
flexores de quadril.
 A ativação dos flexores de tronco em prono é muito sutil e é
inicialmente limitada para contração ativa dos músculos do tronco superior (peitoral
maior). Essa ativação inicial contribui:
1. Desenvolvimento dos abdominais em prono através da ativação
sinergista;
2. Assumir a posição quadrúpede;
3. O desenvolvimento das reações de equilíbrio em prono e quadrúpede.
 Se a ativação dos extensores não é equilibrada pelos flexores, o bebê
assume uma posição anormal marcada pela hiperextensão.
 Quando a cabeça é fletida em prono, o peso é deslocado
anteriormente e para baixo na superfície. Esse deslocamento do peso causa uma
diminuição na atividade dos extensores da coluna; o peitoral maior tem que
aumentar sua contração para manter o úmero em adução horizontal e o apoio no
41

antebraço. Quando o peitoral maior contrai fortemente, há simultaneamente


facilitação sinergista do músculo oblíquo abdominal.
 A falta do desenvolvimento normal dos abdominais tem sérias
conseqüências (falta de estabilidade da caixa torácica e cintura pélvica e falta do
equilíbrio dos extensores de tronco), que conduz para o desenvolvimento de muitas
compensações e de um desenvolvimento motor anormal.
 A rotação ativa do tronco ainda não é possível. Mobilidade rotacional
espinhal é necessária para o desenvolvimento da reação de endireitamento lateral
de tronco e reações de equilíbrio.

MMSS
 O bebê pode assumir a descarga de peso nos antebraços com flexão
e adução horizontal dos ombros. Como os braços estão mais aduzidos, eles ajudam
a elevar o tórax do chão e deslocar o pelo posteriormente.
 Observações clínicas sugerem que os músculos envolvidos na
estabilidade e mobilidade são:
1. Músculos da bainha rotatória (para estabilizar e rodar externamente a
cabeça do úmero);
2. Deltóide médio (para abduzir o úmero);
3. Deltóide anterior e porção clavicular do peitoral maior (para aduzir e
fletir o úmero);
4. Serrátil anterior (para estabilizar, abduzir e rodar para cima a
escápula);
5. Extensores espinhais (para estender a espinha e elevar o tronco).
 Se a extensão do cotovelo ocorre, o tríceps braquial é recrutado. A
ação isolada e o alongamento deste músculo não é suficiente. Ele devem trabalhar
em coordenação e sinergia com os outros.

Descarga de peso no antebraço


 Depende do controle e ativação dos músculos do ombro.
 O bebê ainda não tem o controle ou a coordenação para manter o
peso em um dos braços e alcançar com o outro, nem tem o controle para elevar um
deles.
42

 Os antebraços estão pronados, os punhos levemente estendidos e os


dedos levemente fletidos. A posição continua a promover feedback proprioceptivo e
cinestésico para os MMSS, ombros e cintura escapular.
 O controle distal dos MMSS em prono é menos desenvolvido que o
controle proximal. O estresse de ver um brinquedo, mas ser impossível agarrá-lo
resulta num aumento da atividade flexora dos dedos.

Indicações de possíveis distúrbios no desenvolvimento motor


 Falta ou fraca habilidade de manter a postura indica um fraco
desenvolvimento da musculatura flexora da cintura escapular. Isso pode indicar
pobre interação dos extensores da cabeça e tronco com os flexores de ombro.
 A falta da descarga de peso no antebraço tem por conseqüência:
1. Desenvolvimento inadequado dos músculos da cintura escapular;
2. Diminuição do feedback proprioceptivo de ombros e MMSS;
3. Fraco desenvolvimento da estabilidade escapular no tronco (serrátil
anterior). Falta de alongamento dos músculos entre a escapula e úmero que
conseqüentemente;
4. Limitará o desenvolvimento de movimentos dissociados de escápula e
úmero.
 Sem o controle dinâmico da cintura escápulo-umeral, o bebê terá
dificuldade de conquistar as habilidades e apresentará movimentos compensatórios
para os padrões de alcance.
 Algumas das conseqüências incluem:
1. Inabilidade para suportar o peso nos braços estendidos, com efeito a
longo prazo de pobre habilidades de alternar em posturas transitórias, como de
prono para sentado;
2. Falta de reação de proteção de MMSS;
3. Inabilidade de deslocar o peso nos MMSS, com subseqüente falta de
estimulação para produzir o endireitamento de cabeça e tronco em prono;
4. Inabilidade para desenvolver o deslocamento do peso com os ombros;
5. Falta de alongamento dos músculos que estão sustentando o peso.
43

Pivô-Prono
 É uma fase inicial da reação de Landau. É caracterizada pala adução
simétrica bilateral da escapula durante a extensão da cabeça e coluna. Esta posição
é freqüentemente assumida quando o bebê tenta alcançar um objeto no seu campo
visual.
 A habilidade de alternar entre 2 padrões opostos de movimento
demonstra um processo de maturação.
 Bebês que não possuem controle da cintura escapular irão colapsar
quando assumem a postura de pivô.

Descarga de peso com braço estendido


 Está freqüentemente acompanhada sem a extensão completa de
cotovelo. Se presente, a extensão completa de cotovelo indica falta de controle do
tríceps ou pode ser devido ao baixo tono muscular. Os braços são abduzidos para
promover uma base larga e estável, e pode compensar a falta de um bom controle
muscular.
Deslocamento do peso:
 Ocorre como resultado da rotação da cabeça.
 Quando o peso é deslocado para o lado facial, o braço do lado facial
aduz e do lado occipital abduz. Como o lado facial suporta mais peso, o peitoral
maior, serrátil anterior, e músculos da bainha rotatória devem trabalhar com mais
alongamento e coordenação para manter esta posição assimétrica.
 A rotação da cabeça afeta a posição dos ombros e antebraços.
Quando a cabeça roda, o peso é deslocado para o lado facial e o ombro aduz e roda
externamente. Com isso, o antebraço supina e o peso é descarregado na sua
porção ulnar. O ombro que está livre do peso aduz e roda internamente, ocorre a
pronação do antebraço e a descarga se dá no radial do antebraço.
 Quando um objeto é colocado próximo ao bebê, ele rasteja com os
dedos e leva os braços até o brinquedo a fim de obtê-lo. No entanto, o brinquedo
pode ser agarrado, mas o bebê não pode levantá-lo e levá-lo a boca. Então, ele leva
a boca até o brinquedo.
44

MMII
 O quadril, joelhos e tornozelos estão simetricamente estendidos, mas
não completamente. O aumento da extensão do quadril, a inferiorização da pelve na
superfície, a maior adução e menor rotação externa do quadril fazem com que os
MMII se alinhem com o tronco.
 Como ainda falta a completa mobilidade para o iliopsoas, seu
alongamento durante a extensão do quadril causa a anteversão pélvica, o que
provoca um aumento na extensão lombar.
 Os adutores de quadril (adutor magno, adutor longo, adutor curto,
pectínio e grácil), que foram alongados proximalmente pela marcada abdução e
rotação externa, agora estão começando a aduzir os MMII no plano frontal.
 A extensão do joelho aumentou, sugerindo uma maior atividade do
quadríceps e da mobilidade dos isquiotibiais; além do alongamento do gastrocnêmio,
que contribui para a flexão plantar do tornozelo.
 A flexão de quadril alonga os isquiotibiais em sua origem, causando o
movimento em sua inserção (flexão do joelho). A flexão de quadril reduz o
alongamento do gastrocnêmio e permite o retorno à dorsiflexão do tornozelo. A
extensão de joelho alonga os isquiotibiais e causa o movimento em sua origem
(extensão do quadril). O alongamento do gastrocnêmio no joelho causa a flexão
plantar no tornozelo.
 O desejo de mover-se, sem o controle para fazê-lo, freqüentemente
resulta nos movimentos randômicos dos MMII.

Indicações de possíveis distúrbios no desenvolvimento motor


 Se os MMII mantém a posição “pernas de rã”, podem ocorrer:
1. Extensão lombar e anteversão pélvica exageradas na extensão em
prono, com concomitante inibição abdominal;
2. A extensão normal do quadril e alongamento dos flexores de quadril
não poderão ser desenvolvidas, o que vai interferir nas posturas eretas;
3. O deslocamento de peso lateral, com alongamento no lado com a
descarga de peso e flexão lateral do sem o peso serão bloqueados;
4. As reações de endireitamento em prono não se desenvolverão;
45

5. Os movimentos assimétricos de MMII não ocorrerão, o que interferirá


nas habilidades de locomoção como o engatinhar e andar;
6. A flexão antigravitacional de joelho não será iniciada, levando a um
pobre controle dos isquiotibiais.
 Os bebês com aumento na atividade extensora podem apresentar uma
marcada adução e extensão do quadril. Esse padrão anormal é assumido com
excessiva extensão de cabeça e tronco, e trará conseqüências no desenvolvimento
pélvico-lombar e pélvico-femural.

Rolar
 O bebê pode rolar de prono para decúbito lateral e, ocasionalmente,
rolar completamente para supino (o que é mais comum no 5 mês).
 A experiência inicial do rolar ocorre freqüentemente de forma acidental,
quando o bebê apoia-se nos antebraços e desloca o peso sobre um deles.
 As pernas abduzidas e rodadas externamente impedem o bebê de
rolar. Se os MMII estiverem aduzidos e em rotação neutra, o bebê vai rolar para
decúbito lateral ou supino, quando o ombro entrar em colapso.

Decúbito Lateral
 A flexão lateral antigravitacional é muito complexa, e integra
movimentos simultâneos de flexão e extensão. A flexão lateral pura ocorre quando
os flexores e extensores de cabeça e tronco são equilibrados e neutralizam os
componentes rotacionais de cada grupo muscular. Se acaso os flexores ou
extensores forem mais fortes, ocorrerá a rotação da cabeça para o lado do grupo
mais forte.
 Para o pescoço fletir lateralmente, os extensores precisam estar
equilibrados com os flexores e os abdominais oblíquos devem estabilizar
sinergicamente o tórax.
 A elevação lateral da cabeça é mínima, pois os abdominais oblíquos
ainda não tem seu controle totalmente desenvolvido. A posição em decúbito lateral é
nova para o bebê e os músculos devem descobrir como trabalhar juntos.

Indicações de possíveis distúrbios no desenvolvimento motor


46

 Se o bebê não consegue se manter na postura, ele está demonstrando


um fraco equilíbrio entre os músculos flexores e extensores antigravitacionais e um
desenvolvimento precário das reações de endireitamento óptico e labiríntico. Desta
forma, o bebê não receberá estímulos táteis e proprioceptivos e a caixa torácica não
será achatada pela ação da gravidade. Além disso, a coordenação óculo-manual
poderá ser prejudicada.

Tracionado para sentar


 A reação de endireitamento óptico está forte no 4 mês, e desta forma,
o bebê tenta através da fixação visual no examinador, reforçar a habilidade de
endireitar a cabeça.
 O bebê exibe um aumento no controle antigravitacional dos músculos
flexores e da reação de endireitamento, através do aumento da atividade flexora
antecipatória. O bebê agarra a mão do examinador com a flexão de dedos e ele
também flete os cotovelos, MMII e cabeça. Esse controle flexor é perdido logo no
início do movimento, sugerindo que o alongamento flexor antigravitacional não está
totalmente desenvolvido. Entretanto, não é observada a queda da cabeça e a
simetria é mantida.
 Os ajustamentos posturais ou a sincronia com entre os movimentos
são resultado do “feed-forward”. Isso ilustra a habilidade do bebê em antecipar os
ajustamentos do “feedback” para o “feed-forward”.
 O bebê antecipa a transição para a postura sentada através do “chin-
tuck”, pela ação dos flexores capitais e cervicais. Após o início do tracionado para
sentar, o “chin-tuck” é perdido, porém, a cabeça é estabilizada e mantida na linha
média.
 Os músculos esternocleidomastóideos são os responsáveis pela
elevação e manutenção da cabeça na linha média. Quando esses músculos se
contraem em o “chin-tuck”, ocorre um sutil hiperextensão de cabeça e pescoço,
acompanhada da elevação dos ombros. A elevação da cabeça sem a sua flexão
(sem o “chin-tuck”) é caracterizada pela abertura da boca e projeção do queixo.
 No decorrer do mês, a contração bilateral dos esternocleidomastóideos
causará a flexão cervical durante a elevação da cabeça. Isso ocorre quando os
flexores da cabeça e os abdominais têm coordenação suficiente para contrair
47

sinergicamente com o esternocleidomastóideo e suficiente alongamento para


estabilizar a postura fletida.
 Ao final do tracionado para sentar, o bebê estabiliza a postura e passa
para a posição ereta. Ele interrompe momentaneamente o movimento quando os
ombros estão na frente da pelve. Isso permite que o bebê corrija sua cabeça e corpo
e mantenha a postura da cabeça e do tronco.

Indicações de possíveis distúrbios no desenvolvimento motor


 Bebês com problemas visuais podem inicialmente apresentar
dificuldades na organização do movimento. No entanto, uma vez que o movimento
seja compreendido e iniciado, o bebê poder mostrar a habilidade para usar o
feedback vestibular e proprioceptivo para organizar o movimento.
 A falta de antecipação para iniciar o movimento sugere problemas no
ajustamento postural por “feed-forward” em outras posições.
 O bebê que não endireita sua cabeça durante o tracionado para sentar
pode não estar apto para vencer a gravidade devido ao baixo tono muscular ou ao
forte tono extensor de cabeça/pescoço que resiste à flexão ativa.
 Se as mudanças sensoriais não estão sendo percebidas durante a
movimentação da cabeça, o bebê não terá um feedback indicando essa alteração de
posição.

Sentado
 A estabilidade na postura sentada é precária e a posição é pouco
funcional.

Cabeça
 A cabeça está estável na linha média e os extensores capitais ainda
não estão tão ativos como os flexores. O bebê não realiza o “chin-tuck” e o pescoço
não está totalmente alongado. Ele não consegue fletir a cabeça, mesmo quando
apoiado, devido a posição de ombros e tronco para frente. Quando os ombros estão
à frente do quadril, a cabeça automaticamente corrige por ela mesma a extensão.
 A rotação da cabeça inicia o deslocamento do peso para o lado facial
e, se o bebê não estiver apoiado, ele cairá. Ele consegue fletir a cabeça
48

lateralmente, pois os flexores e extensores de cabeça e pescoço ainda não estão


equilibrados nesta postura.
 O controle ocular depende do controle da cabeça, que é limitado para a
extensão e rotação.

Tronco
 O bebê mantém a postura sentada semi-ereta a partir da atividade
extensora do eretor da espinha no pescoço e tronco, enquanto o quadril inclina-se
para frente.

MMSS
 Quando a adução da escapula é usada como parte do sistema
postural, a função dos MMSS fica limitada. O úmero estende-se para prevenir a
flexão para frente, os cotovelos fletem-se e as mãos mantêm-se levemente abertas,
indicando a falta de esforço.
 Quando estabilizado e apoiado na postura sentada, o bebê pode fletir
os braços e trazer as mãos juntas à boca. Se ele é presenteado com um brinquedo,
ele pode fixá-lo visualmente, mas não é capaz de coordenar os movimentos dos
braços para alcançá-lo. Se o brinquedo for colocado na mão, ele geralmente cai; se
acaso for mantido, ele tenta levá-lo à boca. O que freqüentemente ocorre é o bebê
levar a boca ao brinquedo, já que ele não consegue fazer o contrário.

MMII
 Observa-se um aumento da mobilidade dos MMII devido à rotação
externa, abdução e flexão do quadril durante a postura sentada. O marcado
alongamento dos adutores do quadril continua a facilitar a flexão de joelho. A
dorsiflexão do tornozelo ainda está presente e é pouco variável.

Indicações de possíveis distúrbios no desenvolvimento motor


 O controle precário da postura sentado pode ser uma conseqüência do
baixo tono muscular e da fraca habilidade para vencer a gravidade. E também, o
controle flexor antigravitacional pode não ter se desenvolvido devido ao forte tono
extensor.
49

Em Pé
 Quando apoiado ou segurado pelas mãos, o bebê descarrega o peso
nos MMII quando estes estão estendidos. Ele parece se ajustar melhor na postura
totalmente ereta do que sentado. Isso se deve ao total padrão extensor da postura
em pé, oposto à combinação entre os flexores e extensores na postura sentada.

Cabeça
 O controle da cabeça é melhor em pé do que sentado, possivelmente
porque o tronco está mais estável graças ao aumento da extensão promovido por
esta postura.

Tronco
 O tronco está simetricamente estendido, com uma leve lordose lombar.
Observa-se um aumento na extensão do quadril que, embora fletido, está mais
alinhado com os ombros. Esse aumento da extensão de quadril deve-se a maior
atividade dos músculos extensores (glúteo máximo) e ao acréscimo limitado da
mobilidade do iliopsoas.

MMSS
 Os MMSS estão unidos ao sistema postural na posição ereta. Quando
o bebê é apoiado pelo tronco, a escapula aduz, o úmero abduz e desta forma, a
extensão do tronco é reforçada.
 Quando o bebê é apoiado pelas mãos, uma leve adução escapular é
mantida enquanto o úmero começa a fletir. O bebê reage com uma preensão
voluntária, que parece aumentar a atividade flexora de todo MS.

MMII
 A extensão dos MMII resulta primariamente da contração do
quadríceps. A mobilidade na extensão do quadril aumentou e a contração ativa dos
extensores de quadril (glúteo máximo) está iniciando.
50

 O aumento na extensão do quadril contribui para a lordose lombar


porque o iliopsoas está estendido. O quadril está mais aduzido, mas a rotação
externa ainda está presente.
 A extensão dos joelhos é ativa e parece ser uma resposta total pois
quando os joelhos não estão totalmente estendidos, o bebê tem um colapso para a
flexão. Isso indica uma resposta do quadríceps de tudo-ou-nada (total flexão ou total
extensão) ou uma característica biomecânica do joelho na extensão.
 Os tornozelos mantêm-se dorsifletidos e os pés pronados (dorsifletidos,
abduzidos e evertidos). Os dedos fletidos, que podem ser resultado da estimulação
tátil e proprioceptiva, parecem reforçar a estabilidade muscular dos MMII,
acompanhada pela atividade sinergista dos MMSS. Essa estabilidade distal pode
ajudar a compensar a falta de estabilidade proximal no tronco e quadril.
51

O QUINTO MÊS

Características:

 O bebê usa a simetria, orientação na linha média e rotação para os


dois lados. Ele tem estabilidade proximal para deslocar o peso nos MMSS e realizar
o alcance em prono.
 O controle extensor antigravitacional continua a aumentar no tronco e
quadril (prono), como o flexor. O aumento do equilíbrio no plano sagital possibilita o
desenvolvimento da flexão lateral antigravitacional (plano frontal) de cabeça,
pescoço e tronco. Esta ativação muscular permite uma mobilidade adicional à coluna
e promove a base para a reação de endireitamento do corpo, reação de equilíbrio e
movimentos na diagonal (plano transverso).
 A mobilidade da coluna cervical e torácica aumentou; os movimentos
da cabeça estão mais dissociados dos movimentos do tronco.
 A manipulação e transferência de um brinquedo de uma mão para
outra ocasionalmente ocorre. O bebê pode explorar o brinquedo com os olhos e
traze-lo à boca.
 Os MMSS podem assumir posições dissociadas e assimétricas em
supino e prono. Essas posições causam e/ou são causadas pelos movimentos
laterais e rotacionais na pelve, e elas estimulam a atividade muscular do abdominal
oblíquo. No 5° mês, o bebê traz ativamente os pés para a boca e alcança com
ambas as mãos.
 Ele pode ativamente rolar de supino para decúbito lateral. A ação é
iniciada com total flexão simétrica, similar ao 4° mês; mas quando o bebê alcança o
decúbito lateral, a simetria muda para assimetria. A perna de baixo estende
enquanto a de cima mantém-se fletida, e o bebê momentaneamente endireita
lateralmente a cabeça (flexão lateral contra a gravidade).
 Em prono, o bebê pode usar o aumento do controle proximal para
descarregar o peso no antebraço e funcionalmente alcançar um brinquedo. Essa
descarga de peso mais madura é iniciada na cintura escapular e ocorre
principalmente para o alcance.
52

 Quando tracionado para sentar, ele pode ativamente fletir e elevar a


cabeça enquanto os MMII promovem uma larga e estável base de suporte para a
pelve e a coluna. O bebê pode estar apto para sentar sem ajuda,
momentaneamente, pela inclinação para frente de quadril e adução da escápula.
Isso possibilita que os extensores endireitem o corpo e estabilizem o tronco. Adução
escapular e apoio com braço estendido são ambos métodos nos quais os braços
são usados como parte do sistema postural.
 Quando apoiado na postura sentado, o bebê pode tirar as mãos do
sistema postural e usá-las mais funcionalmente para alcançar um brinquedo e levá-
lo a boca.
 Ele geralmente descarrega o todo o peso sobre os MMII quando
colocado em pé. O controle de cabeça e tronco tem aumentado, e os MMII estão
mais alinhados com o corpo. Os MMSS estão livres do sistema postural com o
aumento do controle do tronco. As mãos estão começando a tornar-se mais
funcionais com a criança em pé.
 O bebê tem mais sucesso na tentativa de interagir com o ambiente. O
aumento do controle da mão possibilita à criança segurar um pequeno brinquedo ou
balançar e bater. O controle do braço ainda é pouco desenvolvido; no entanto o
bebê pode promover um espetáculo de causa-efeito com o brinquedo, mas não pode
movê-lo.

Posturas:

Supino
 Marcado aumento do controle antigravitacional de cabeça, pescoço,
ombros, abdominais e flexores de quadril, e flexores de cotovelo e joelhos. A
simetria ainda é possível, mas é alternado com atividades voluntárias assimétricas.
 O bebê pode trazer os pés para a boca e as mãos para os pés, usando
o controle de MMSS e MMII, o que auxilia no desenvolvimento da consciência
corporal e estimulação tátil.
53

Cabeça
 Quando o bebê flete a cabeça em supino, ele faz uso dos flexores
cervicais e capitais e, desta forma, alonga os extensores cervicais e capitais.
 Em função do melhor controle da cabeça, o desenvolvimento ocular
também melhorou. O bebê apresenta dissociação entre os movimentos dos olhos e
da cabeça. A coordenação óculo-manual tem aumentado e a visão é agora utilizada
para guiar a fase final de alcance e preensão.

Tronco
 Durante a flexão, os abdominais dão estabilidade para a pelve e
ativamente a desloca posteriormente. O alongamento dos abdominais tem
aumentado desde o quarto mês, causando o deslocamento dos glúteos para frente
durante o brincar mão-no-pé. Como o reto abdominal tornou-se mais forte, ele
promove a aproximação do púbis para o esterno. O alongamento dos extensores
espinhais possibilita a diminuição da postura cifótica da coluna torácica.
 Os abdominais oblíquos são ativados em supino quando o bebê traz as
mãos e os pés juntos sobre o tórax, e também quando balança as pernas de um
lado para outro.

MMSS
Alcance
 Von Hofsten relata que a criança faz uso da visão para ajustar a
orientação das mãos durante a aproximação. No entanto, isso é mais comum no
sexto mês.
 A visão pode originalmente operar no modo feedback, promovendo um
alvo para a mão, pela condução dos ajustamentos da mesma uma vez que ela está
no campo visual. A visão também está começando a operar no modo feed-forward
(por exemplo, promovendo os ajustamentos da mão antes do alcance ter começado
ou enquanto está ocorrendo).
 O bebê alcança os joelhos, pernas e pés, mesmo eles estando
abduzidos ou aduzidos durante a flexão da coluna. Ele ainda usa a pronação de
antebraço, extensão de punho e extensão de dedos durante o alcance, mas os
antebraços estão começando a rodar quando o bebê está localizando o pé ou perna.
54

 Corbetta e Mounoud (1990) relatam que as crianças usam a


informação tátil e visual sobre o objeto para desenvolver o controle dos braços e das
mãos. Esses ajustamentos reforçam um processo de desenvolvimento distal-para-
proximal.
 No quinto mês, o bebê utiliza o aumento no controle da cintura
escapular, MMSS e coordenação óculo-manual para localizar e agarrar objetos.
Durante cada uma dessas atividades, o bebê pode tentar reforçar a estabilidade total
do corpo pelo cruzar dos tornozelos e pernas ou pela pressão dos pés juntos.
 O tríceps parece trabalhar em sinergia com outros músculos da cintura
escapular. A rotação neutra do antebraço, observada quando os cotovelos são
estendidos pode ser atribuído pela rotação da cintura escapular mais que à
supinação ativa.
 O alcance unilateral pode ocorrer quando um objeto é apresentado
pela lateral. Caso o alcance unilateral cruze o corpo do bebê, ele pode rolar para o
lado.
 Quando o bebê está em supino e alcança com um braço, ele pode
fazer a protrusão de cintura escapular com abdução escapular. Para isso, ele utiliza
a rotação da coluna graças ao aumento da mobilidade entre as vértebras,
necessária para que o bebê mude do rolar em bloco para o rolar dissociado.

Preensão
 No quinto mês, a preensão é controlada tátil e visualmente. Os
ajustamentos táteis são realizados após o contato. Portanto, o ajustamento visual
pode ser considerado operante num modo feed-forward, enquanto o ajustamento
tátil opera num modo feedback.
 De acordo com Corbetta e Mounoud (1990), o bebê explora tatilmente
um objeto antes de apreendê-lo. Ele também usa a visão para orientar a mão antes
ou durante a fase de localização e alcance do objeto.
 Em meses anteriores, o bebê usava uma compressão primitiva
(preensão ulnar) para segurar momentaneamente objetos que eram colocados em
sua mão. Agora, ele desenvolveu uma habilidade para combinar uma aproximação
direcionada visualmente com a preensão palmar voluntária, ou seja, a coordenação
das funções proximais (controle de ombros) com as distais (movimentos dos dedos).
55

Na preensão palmar, os dedos seguravam o objeto firmemente no centro da palma


da mão. Neste apreender, a mão é usada como um todo e depende dos movimentos
de punho, braço ou ombros.
 Os punhos podem fletir inicialmente para auxiliar na extensão dos
dedos. Posteriormente, ocorre a extensão do punho, possibilitando uma grosseira
flexão dos dedos no objeto. O polegar abduz durante o pré-alcance, mas não
participa funcionalmente da preensão.

Manipulação
 É difícil para o bebê manipular objetos com a mão quando em supino.
A inspeção visual freqüentemente substitui a manipulação. O bebê pode fletir os
ombros para trazer o brinquedo para o campo visual, mas falta a estabilidade
dinâmica para a cintura escapular e MMSS a fim de manter a posição e usar os
movimentos de dedos para mover o brinquedo.
 A manipulação de objetos pequenos é conseguida em supino quando
realizada com a boca e a língua. Uma vez que o objeto tenha sido agarrado e
explorado visualmente, o bebê pode trazê-lo à boca e explorar sua textura, tamanho,
forma, além de outras características.

MMII
 Os MMII podem mover-se com flexão ou extensão simétricas. Eles
podem ser usados para fixar posturas, e assim reforçar a estabilidade durante a
tentativa da manipulação pelos MMSS.
 A flexão ativa de quadril aumentou consideravelmente e alcança
aproximadamente 180°. Essa marcada flexão de quadril com extensão de joelhos
possibilita ao bebê trazer os pés para alcançá-los com as mãos no campo visual e
depois, levá-los à boca. Tal atitude promover a consciência corporal, a estimulação
tátil dos pés e a diminuição da sensibilidade dos pés.
 O brincar das mãos com os pés, estando as pernas fletidas, possibilita
o desenvolvimento da ação dos músculos diagonais no tronco (abdominal oblíquo) e
causa deslocamento de peso assimétrico na pelve.
 O alongamento dos abdominais e iliopsoas é observado através da
sutil diminuição no grau de anteversão da pelve durante a extensão do quadril.
56

 O bebê está começando a apresentar movimentos ativos dissociados


de MMII e dissociação destes com os MMSS. Esses movimentos dissociados são
particularmente dependentes de um apropriado controle sinergista de tronco e de
uma estabilidade muscular dinâmica. Cada uma dessas ações demonstra que o
bebê está iniciando a habilidade para inibir um movimento seletivamente na
preferência de outro. Isto significa que o bebê não é mais dominado pela simetria em
espelho das atividades de extremidades.
 A contração do quadríceps está forte e o bebê pressiona ativamente os
MMII no chão. A dorsiflexão de tornozelos ainda é dominante, porém pode-se
observar a flexão plantar ativa em supino.

Indicações de Possíveis Distúrbios no desenvolvimento motor


 A hiperatividade dos músculos extensores da coluna e a fraca
atividade dos abdominais deixam precários o controle do tronco e da pelve, e a
estabilidade da cintura pélvica. A atividade abdominal é necessária para o bebê
ativar a posição fletida, para a estabilidade do tronco e para o alongamento de
todos os músculos extensores da cabeça até o quadril.
 Se os extensores da coluna não são contrabalanceados pela atividade
flexora, eles desenvolverão um alongamento e uma contração anormais. Isto inibirá
mais adiante a atividade flexora antigravitacional e prevenirá a ativação recíproca e
coordenada dos grupos musculares flexores e extensores. A falta de controle e
coordenação de tronco trará problemas para o desenvolvimento da combinação e
integração dos movimentos de tronco como a flexão lateral, reações de retificação e
reações de equilíbrio.
 O controle precário da pelve trará movimentos compensatórios na
mesma em todos os planos: sagital (ântero-posterior), frontal (lateral) e transverso
(rotação). A pelve continuará a mover-se com o fêmur, e a dissociação pélvica não
desenvolverá. Consequentemente, o bebê terá problemas durante a deambulação,
que pode se estender desde uma coordenação precária até a incapacidade de
andar.
 A precária estabilidade da cintura pélvica (devido a fraca atividade da
musculatura abdominal) traz problemas com a respiração, fala, uso dos MMSS,
mobilidade de tronco e controle de cabeça. Quando os abdominais oblíquos não
57

estão ativos as costelas permanecem numa posição alargada e o diafragma não tem
estabilidade para a sua contração.

Rolando: supino para decúbito lateral


 O endireitamento cervical ainda contribui para que o bebê role para
decúbito lateral. Em decúbito lateral, a simetria abriu caminho para a assimetria; o
bebê estende ativamente as perna de baixo enquanto a de cima permanece fletida,
indicando que ele não está mais dominado pelo “total” padrão de movimento.
 A flexão lateral é freqüentemente iniciada numa direção céfalo-caudal,
porém, ela também pode ser iniciada no sentido caudo-cefálico, pela dissociação
dos MMII com a extensão do MI de baixo. A dissociação de MMII causa flexão lateral
e rotação da pelve e, subsequente flexão lateral da coluna lombar.
 Os MMSS estão dissociados e a cabeça repousa na superfície. Nesta
posição, o bebê pode facilmente brincar.
 No quinto mês houve um aumento da mobilidade de tronco/coluna,
pelve e MMII pela dissociação de movimentos. Esta nova posição promove um
feedback de todos os sistemas – vestibular, visual, proprioceptivo e tátil – que
influenciará no subsequente desenvolvimento motor.
 O bebê pode rolar de supino para dec. lateral empurrando com um MI e
hiperextendendo tronco superior e cabeça. O feedback sensorial deste método é
muito diferente daquele esperado. Aqui, a extensão é continuamente reforçada, e a
flexão lateral e dissociação de MMII não são praticadas. Embora este método seja
normal, ele não deve ser encorajado.

Cabeça
 A cabeça rola para o lado freqüentemente a partir de uma leve posição
fletida. Uma vez em dec. lateral, a ação simultânea unilateral dos extensores e
flexores cervicais eleva a cabeça lateralmente devido à estimulação vestibular e
óptica e o desenvolvimento da reação de retificação da cabeça no corpo.

Tronco
 Inicialmente o tronco responde como uma unidade total; a rotação da
coluna acompanha a cabeça. Em decúbito lateral, a flexão lateral da cabeça tem um
58

efeito ondulatório na flexão lateral do tronco. A mobilidade e o controle muscular são


muito limitados e, portanto, a flexão lateral é breve.
 Os músculos abdominais oblíquos devem contrair para estabilizar o
tórax para que a cabeça retifique-se lateralmente. A flexão lateral lombar é facilitada
pela dissociação dos MMII, e os oblíquos abdominais são necessários para
estabilizar a pelve e permitir a dissociação dos MMII.

MMSS
 O MS de cima pode alcançar para frente e interagir com o ambiente,
mas isso requer contração do serrátil anterior para abduzir a escapula e também dos
músculos da bainha rotatória, deltóide e peitoral maior para controle do úmero.
Abdução escapular e prostração da cintura escapular facilitam a rotação espinhal e
deslocamento de peso lateral.
 O bebê pode fazer a junção de mãos, bem como trazer as mãos para
os joelhos e os pés. Houve melhora na habilidade para alcançar e interagir com os
brinquedos. Como feedback, o espetáculo causa-efeito sobre os brinquedos
encoraja o bebê a praticar o rolar e o alcance. A motivação e a prática são
componentes importantes para o desenvolvimento motor mais adiante.
 Se a cintura escapular mantém-se retraída em supino e o serrátil
anterior não é ativado (como freqüentemente ocorre no uso prolongado do RTCA), o
bebê encontrará dificuldade ou impossibilidade para rolar em dec. lateral e falhará o
feedback sensorial, cinestésico e motivacional promovido por esta posição.

MMII
 O rolar é iniciado pela flexão de quadril e joelho, que são mantidos em
dec. lateral. Uma vez nesta postura, os joelhos estendem-se pela contração do
quadríceps, promovendo o alongamento dos isquiotibiais.
 O MI de cima é mantido em abdução e flexão. A pelve deve ser
estabilizada pela atividade sinergista dos oblíquos abdominais para o MI de cima
aduzir.
 Os movimentos da pelve (inclinação, rotação e flexão lateral) que
acompanham a mudança dos movimentos dos MMII requerem a mobilidade da
coluna lombar e da articulação do quadril.
59

Indicações de Possíveis Distúrbios


 Se o bebê não desenvolve um equilíbrio entre os flexores e extensores,
a flexão lateral não ocorre e as transições no movimento tornaram-se difíceis.
 Bebês que iniciam o rolar de dec. lateral para supino usando
componentes extensores não tem nenhuma necessidade em realizar a flexão lateral.
O uso constante do método em extensão impedirá o desenvolvimento motor normal
porque a extensão será constantemente reforçada e a flexão, inibida. Este método
também estimula a fixação visual para cima, contribuindo para o aparecimento de
problemas visuais (controle precário da fixação visual para baixo e precária
convergência visual)

Prono
 A postura prono é uma posição funcional para o bebê. A extensão é
forte, mas ela é equilibrada por componentes flexores.
 A reação de endireitamento cabeça sobre o corpo é especialmente
usada em prono quando o bebê desloca seu peso lateralmente. A estimulação tátil
assimétrica que ocorre durante o deslocamento lateral do peso causa o ajuste da
cabeça pela lateralização, fletindo em direção do lado suportado.
 No quinto mês, as reações de equilíbrio estão começando a ocorrer em
prono.

Descarga de Peso com braço estendido


 A atividade extensora continua a aumentar em prono, acentuada pela
maturação das reações labiríntica e óptica de retificação e Landau. Esta atividade
em prono está associada ao aumento do controle da cintura escapular e MMSS, que
possibilitam o empurrar e manter dos braços estendidos, com as mãos abertas
suportando o peso.

Cabeça
 O bebê pode estender, rodar e fletir lateralmente a cabeça em prono. A
maior parte do tempo ele usa a estabilidade da cintura escapular como a base para
esses movimentos de cabeça.
60

 Os movimentos de cabeça e tronco estão começando a tornarem-se


dissociados.
 O bebê freqüentemente combina extensão cervical com flexão capital.
Isso resulta num alongamento do pescoço e no “chin-tuck”. O aumento do controle
na flexão da cabeça e extensão do pescoço acentua a fixação visual para baixo e a
visualização de objetos próximos do tórax ou das mãos durante a descarga de peso
no antebraço.
 O aumento do repertório dos movimentos da cabeça possibilita o bebê
a aumentar o campo e a consciência visual do ambiente.

Tronco
 O abdome inferior, pelve e quadril são agora o ponto de apoio para a
elevação do tronco e para descarga de peso com os braços estendidos. A extensão
na área lombar pode ser exagerada devido o aumento da ativação dos músculos
extensores lombares. A anteversão da pelve está reduzida pelo aumento da adução
dos MMII, do alongamento dos flexores do quadril e pela sutil contração abdominal.
 O bebê ainda usa a postura “pivô-prono”, que é um componente da
reação de Landau. No quinto mês, tal postura é descrita como “swimming” porque
embala o movimento e a alternância entre adução e abdução escapular durante a
extensão. O aumento no alongamento e controle de tronco permite que os MMSS
fiquem livres do sistema postural.
 De acordo com Kapanji (1970), a flexão bilateral para frente dos MMSS
causa um aumento na lordose lombar, ativa a musculatura espinhal e alonga o
grande dorsal que mecanicamente estende a coluna. A lordose é mais marcante
durante a flexão do ombro por volta de 150°. Como o grande dorsal insere-se em T7
e nas vértebras torácicas inferiores e lombares, as colunas torácica e lombar
estendem-se quando o grande dorsal é alongado.

MMSS
 O controle da cintura escapular e ombro possibilitam ao bebê empurrar
o corpo com os braços estendidos. O músculo eretor da espinha estende a coluna e
eleva o tórax enquanto o peitoral maior (porção clavicular) aduz o úmero em sinergia
com os músculos escápulo-umeral (serrátil anterior, trapézio superior e inferior,
61

deltóide anterior e músculos da bainha). O peitoral trabalha em sincronia com os


abdominais.
 O tríceps contrai para estender o cotovelo enquanto os punhos são
biomecanicamente estendidos.
 Quando o bebê roda e flete lateralmente a cabeça durante a descarga
de peso com os braços estendidos, o deslocamento de peso ocorre para o mesmo
lado que a face foi virada. Com isso, o braço do lado facial é sutilmente rodado
externamente e o peso é deslocado para o lado ulnar da mão, alongando a
musculatura tenar, e contribuindo para o desenvolvimento da preensão na qual os
dedos ulnares não mais parados e os radiais mais ativos.
 O alcance de brinquedos pela frente e visto estar precedido de
marcada retração da cintura escapular (reação de Landau).
 Com os braços fletidos o bebê pode brincar com um objeto entre as
mãos. Ele também é capaz de deslocar o peso para um braço para elevar e alcançar
com o outro.

Indicações de Possíveis Distúrbios


 Os bebês que não se empurram para cima com os braços estendidos
não recebem um reforço da ativação do tríceps e para o alongamento dos
extensores de punho e dedos.
 O uso constante da retração da cintura escapular em prono sem o
equilíbrio com as ações para frente sugere falta do desenvolvimento do controle
muscular de tronco e cintura escapular.
 Se os músculos entre a escápula e o úmero não são alongados e a
dissociação escápulo-umeral não se desenvolve, a escapula e o úmero continuam a
mover-se como uma unidade e não com o ritmo escápulo-umeral normal. Desta
forma, o bebê freqüentemente aprende movimentos compensatórios de braço e
tronco para substituir o precário controle dos MMSS.
 A falta de atividade ou enfraquecimento do trapézio contribuirá para a
flexão precária do ombro e para a cifose torácica.
 Os bebês que não fletem seus ombros acima de 90° não farão o
alongamento do grande dorsal, que contribui para a extensão do tronco. O resultado
pode ser um aumento da cifose torácica.
62

MMII
 A forte extensão do tronco e alcance para frente com ambos os braços
depende de uma forte extensão do quadril para ancorar a pelve e desta forma, o
tronco.
 Os MMII são menos ativos que os MMSS. A sutil extensão ativa
continua no quadril, joelhos e tornozelos, o que é facilitado pelo empurrar com
braços estendidos, pela maturação da reação de Landau e pelo embalar em prono.
 Existem 5 músculos primários extensores do quadril que apesar de
todos produzirem a extensão, eles tem diferentes efeitos de rotação. O glúteo
máximo e bíceps femoral estendem o quadril com rotação externa. O semitendinoso,
semimembranoso e adutor magno estendem o quadril com rotação interna, que
raramente vista no quinto mês. Isto pode ser devido a um tecido conjuntivo firme que
impede tal movimento.
 A extensão de quadril nesta idade é devido, em menor parte, ao glúteo
máximo. Durante a extensão ativa do joelho pelo quadríceps, os isquiotibiais são
alongados. Como estes participam de 2 articulações, durante a extensão do joelho
ocorre o movimento no quadril.
 O bebê está começando a fletir os joelhos contra a gravidade quando o
quadril é estendido em prono. Esse movimento de dissociação no plano sagital
ocorre quando a coxa é estabilizada em extensão e rotação neutra e os isquiotibiais
tem alongamento suficiente para elevar a perna.
 Os tornozelos estão começando a alternar mais entre a dorsiflexão e
flexão plantar. Esta alternância parece ser fortemente afetada pela ação no quadril.

Descarga de peso no antebraço


 É freqüentemente a posição preferida pelo bebê no quinto mês. Desta
posição o bebê pode deslocar o peso da cintura escapular e alcançar brinquedos
com o braço do lado facial.
 Ele parece suportar mais o peso através do úmero que dos antebraços.
Como resultado, o movimento das mãos está livre. Em adição, o bebê pode fletir os
cotovelos, rodar internamente os ombros e trazer as mãos juntas. E também,
deslocar o peso e assumir uma postura mais assimétrica. Isso permite ao bebê
63

alcançar e brincar com objetos, além de facilitar os movimentos dissociados de


MMSS e MMII. Desta forma, um lado fica unido ao sistema postural entre o outro fica
livre.
 No quinto mês eles ajustam a postura para longe do lado facial, antes
da cabeça rodar e elevar. Isto sugere que o bebê está começando a antecipar as
conseqüências da rotação da cabeça e assim, ele promove os ajustamentos
posturais antes de iniciar o deslocamento do peso. Isso ilustra o início do
ajustamento postural por feed-forward.
 O elevar do braço livre para alcance parece ser efetuado pelo trapézio
inferior e serrátil anterior. Como o controle dos ombros está desenvolvido, o bebê
alcança mais e causa maior deslocamento lateral do peso. Isto leva a um aumento
da elevação da cabeça, que requer a retificação lateral da mesma. Se a estabilidade
do ombro for insuficiente ou se a retificação lateral da cabeça não ocorrer, o peso se
deslocará muito longe e o bebê entrará em colapso ou rolará.
 Está iniciando o uso isolado da extensão de punho com extensão ativa
de dedos durante a descarga de peso no antebraço.
 O bebê alcança um brinquedo e pode agarrá-lo com preensão palmar.
Como o brinquedo é segurado com uma mão, o bebê pode manuseá-lo com a outra.
 A manipulação é muito limitada. O bebê pode manusear grandes
objetos ou pressionar os pequenos entre as mãos quando estabilizado na postura.
Até os 3 meses, grandes objetos foram manipulados usando movimentos bilaterais
de ombros; agora o bebê tem o controle distal aumentado. Elliott e Connolly (1984)
descrevem este tipo de manipulação como ”movimentos extrínsecos da mão”, onde
a mão é usada como um todo pela movimentação de punho, braço ou ombro. A
manipulação dos dedos é descrita como “movimentos intrínsecos da mão”.

Cabeça e tronco
 Como o bebê pratica o alcance unimanual, a assimetria de cabeça e
tronco emerge.
 A reação de retificação da cabeça sobre o tronco ocorre como
resultado da estimulação tátil assimétrica para o corpo.
 No entanto, durante o alcance unilateral em prono, o deslocamento
lateral do peso e a estimulação tátil assimétrica podem produzir a reação de
64

endireitamento lateral com a cabeça levemente fletida lateralmente e rodada longe


da superfície.
 Os movimentos de cabeça e tronco podem inicialmente ocorrer como
uma resposta para o feedback sensorial, eliciado pelo deslocamento de peso
causado pelo endireitamento da cabeça e do tronco. Em pouco tempo, os
movimentos ocorrerão como uma parte do controle por feed-forward. Neste caso, o
endireitamento da cabeça e do tronco ocorrerão inicialmente para o deslocamento
do peso como antecipação da mudança de postura.
 Os movimentos da coluna dependem dos movimentos da cabeça;
portanto, se a cabeça estende, a coluna também estenderá.
 A flexão lateral do tronco ocorre em sincronia com a flexão lateral da
cabeça e pescoço, pois o bebê tem alongamento suficiente dos músculos do tronco
e mobilidade articular. O alongamento do grande dorsal bilateralmente pela flexão
para frente de ambos os braços e unilateralmente pela flexão para frente de um
único braço prepara o tronco e a coluna para apoiar a resposta lateral e rotacional

Indicações de Possíveis Distúrbios


 A falta do apoio no antebraço com deslocamento lateral do peso pode
sugerir que o bebê não está fazendo os ajustes posturais por feed-forward.
 Se o apoio no antebraço não se desenvolve, o bebê terá dificuldades
alcançar e brincar em prono e rolar de prono para supino. A precária habilidade para
deslocar o peso em prono pode afetar o desenvolvimento da reação de
endireitamento da cabeça sobre o tronco, consequentemente a dissociação de MMII
não ocorrerá.
 Bebês que constantemente deslocam o peso para o lado facial e
raramente a partir do lado facial recebem feedback sensorial e cinesiológico
anormais.
 Se o bebê não faz os ajustamentos antecipatórios normais para a idade
na cabeça e no tronco, os movimentos compensatórios para prevenir o
deslocamento do peso se desenvolverão.
65

MMII
 A posição de flexão, abdução e rotação externa de quadril, e
dorsiflexão de tornozelo com eversão promove uma estabilidade posicional que
previne ou controla o deslocamento lateral do peso.

Indicações de Possíveis Distúrbios


 Se os músculos abdominais e do quadril não se desenvolverem
normalmente, os MMII são mantidos em total abdução para promover a estabilidade.
As pernas totalmente abduzidas e rodadas externamente inibem o deslocamento de
peso do tronco inferior e a dissociação de MMII. Se muito usado, ele interferirá no
deslocamento do peso corporal total e dos MMSS, e no desenvolvimento do controle
de retificação lateral.

Deslocamento do peso nos MMII


 O deslocamento de peso nos MMII e a posição dissociada podem
ocorrer como parte da reação de endireitamento da cabeça sobre o corpo, ou
independentemente. Esses movimentos indicam o desenvolvimento do controle
muscular e da mobilidade articular na coluna lombar, pelve e MMII. A posição
dissociada dos MMII é precursora para o rastejar, engatinhar, escalar e caminhar.
 O aumento da mobilidade pélvica é um pré-requisito para os
movimentos dissociados de MMII.
 O bebê está desenvolvendo os movimentos laterais e rotacionais da
pelve em adição à inclinação anterior e posterior. A flexão lateral da pelve (excursão
pélvica) ocorre em conjunto com a da coluna lombar, como resultado da contração
do quadrado lombar e com assistência dos oblíquos internos e externos do mesmo
lado.
 O bebê pode assumir a posição dissociada de MMII sem a estimulação
da reação de endireitamento corporal. Isto requer ativação isolada da flexão de
quadril de um lado, com extensão ativa do quadril do outro.

Indicações de Possíveis Distúrbios no desenvolvimento motor


 A falta da dissociação dos MMII pode refletir num prolongado uso
simétrico bilateral dos extensores da coluna, sem a interação recíproca dos
66

abdominais. E pode resultar também na falta do desenvolvimento da flexão lateral


antigravitacional, incluindo a falta de excursão pélvica que normalmente a
acompanha.
 O bebê não será hábil para alongar o lado onde o peso é suportado e
manterá um padrão de deslocamento de peso para o lado facial, o que causa a
flexão lateral no lado onde o peso é suportado.

Rolar
 O bebê pode rolar (eventualmente cair) de prono para supino. A
extensão da coluna e cabeça, adução escapular e a habilidade de descarregar o
peso nos antebraços contribuem para o rolar.
 O rolar de prono para supino usa a extensão como componente
primário; no entanto, ela ocorre antes do rolar de supino para prono, que usa a
flexão como componente primitivo.
 Se o peso é deslocado muito longe ou muito perto, ou se a posição do
braço não consegue controlar a descarga de peso, o bebê não pode sustentar o
deslocamento do peso e cai em supino. Ele pode tentar recuperar o equilíbrio com o
endireitamento lateral da cabeça, mas o componente extensor é tão forte, que o
bebê continua a rolar para supino.

Reações de Equilíbrio
 O bebê ainda não tem as reações de equilíbrio em prono. No entanto, a
tentativa do bebê em contrabalancear o rolar de prono para supino são precursores
do endireitamento corporal e das reações de equilíbrio em prono. Quando os
flexores estão em equilíbrio com os extensores, ocorre um aumento a flexão lateral
da cabeça e tronco, permitindo que o bebê endireite o corpo antes de um
deslocamento de peso significativo.

Tracionado para sentar


 Quando tracionado, o bebê usa o controle flexor antigravitacional, que
já vem sendo desenvolvido em supino.
67

Cabeça
 O endireitamento da cabeça em supino está mais forte devido a
maturação das reações de endireitamento óptico e labiríntico, porém, elas ainda
estão incompletas. O bebê continua a usar a fixação visual para reforçar a
estabilidade da cabeça e ainda não pode elevar independentemente a cabeça em
supino. O bebê pode fletir a cabeça e elevá-la quando agarra ativamente os dedos
do examinador.
 A flexão e elevação da cabeça são conseguidas com simetria; assim a
contração simétrica bilateral dos flexores capitais, flexores anteriores do pescoço,
esternocleidomastóideos e abdominais promovem uma estabilidade sinergista para a
caixa torácica. Os flexores capitais contraem-se primeiro para fletir a cabeça e
manter o “chin-tuck”, enquanto os esternocleidomastóideos contraem para fletir a
coluna cervical e elevar a cabeça.
 Leve elevação dos ombros e da cintura pélvica ilustra a falta do total
controle abdominal para estabilização.

Tronco
 Os abdominais (reto abdominal, oblíquos internos e externos)
contraem-se fortemente durante o tracionado para sentar. Com a estabilização da
caixa torácica numa posição inferiorizada, os abdominais podem estabilizar e fazer a
retroversão da pelve, facilitando a flexão do quadril. Os abdominais contraem em
sinergia com o peitoral maior.

MMSS
 O bebê pode ativamente agarrar o dedo do examinador e fletir os
cotovelos na tentativa de tracionar-se.
 A adução bilateral da escapula freqüentemente não ocorre durante as
fases iniciais do tracionado. Os músculos do cotovelo, e não os músculos
escapulares, é que fazem esse trabalho. A adução escapular bilateral, no entanto,
pode ocorrer no final do movimento.
68

MMII
 Os MMII fletem-se bilateralmente quando os abdominais contraem-se
fortemente.

Sentado
 O bebê demonstra aumento no equilíbrio entre os flexores e
extensores. Sentar ereto no quinto mês é possível somente quando as mãos do
bebê ajudam ou o tronco é apoiado. O bebê pode manter a extensão do tronco com
o “chin-tuck”, os braços fletidos para frente e as escápulas abduzidas.

Cabeça
 O bebê tem bom controle de cabeça. Ele pode fleti-la enquanto
mantém a extensão cervical e pode rodá-la sem afetar o equilíbrio.

Tronco
 Os músculos extensores de tronco ainda são um grupo muito forte. Isto
é demonstrado pelo contínuo uso da postura inclinado para frente, que elimina a
necessidade da ação dos abdominais e o uso dos músculos extensores.
 O tronco está ereto, a pelve está perpendicular e o bebê pode manter o
peso sobre as tuberosidades isquiáticas, porém a coluna ainda não está totalmente
estendida. A coluna lombar é cifótica devido a falta da atividade da musculatura
extensora.
 O bebê tem mínima mobilidade rotacional e lateral da coluna quando
sentado.

MMSS
 Quando o bebê é segurado pelas mãos, a ativação da musculatura
flexora é reforçada e balanceada pela ativação da musculatura extensora. Quando o
aperto da mão é liberado, o bebê irá aduzir a escápula para estabilizar e cairá para
frente.
69

MMII
 As pernas mantêm-se com flexão, leve abdução e rotação externa de
quadril, com flexão de joelhos e dorsiflexão de tornozelos. A posição do fêmur em
relação à pelve causa alongamento dos isquiotibiais na sua origem e assim,
aumenta a flexão do quadril.

Sentado com suporte nos MMSS


 O bebê pode brevemente sentar sem apoio pelo suporte dos MMSS
estendidos para frente. Os MMII estão ainda juntos ao sistema postural. O bebê
continua a inclinar-se para frente devido o uso dos extensores cervicais e torácicos
para endireitar o corpo. A mobilidade da flexão do quadril e falta da resistência dos
extensores de quadril também contribuem na a inclinação para frente.

Cabeça
 O bebê mantém a cabeça ereta e firme durante a postura. Ele pode
ativamente estender, rodar e fletir a cabeça sem tornar-se instável.

Tronco
 Os músculos do tronco são muito ativos durante a postura sentado
apoiado nos MMSS, promovendo uma adução escapular desnecessária para
reforçá-la. Os músculos eretores da coluna cervical e torácica contraem-se
bilateralmente e simetricamente para endireitar a cabeça e o tronco e prevenir o
colapso para frente. Os abdominais não estão ativos durante esta fase do sentar.
Isto é compensado pela inclinação do tronco para frente.
 Os músculos extensores capital, cervical e da coluna torácica são
ativos no sentar. A coluna lombar ainda continua fletida

Indicações de Possíveis Distúrbios no desenvolvimento motor


 Os bebês incapazes de assumir tal posição no quinto mês podem
indicar um tono extensor anormal no quadril.
70

MMSS
 O bebê tem controle suficiente de cintura escapular e cotovelo para
reforçar o sistema postural e promover a estabilidade para os MMSS quando
sentado inclinado para frente. De acordo com Barnes et al. (1978), o apoio nos
MMSS é eventualmente uma reação de suporte positivo que tem mostrado
progressão no desenvolvimento em prono. Assim, sentado com apoio nos braços
estendidos ocorre ao mesmo tempo que a descarga de peso com braços estendidos
em prono.
 O apoio nos MMSS sentado requer componentes de movimento
similares à postura prona. Há ativação bilateral dos mesmos 4 músculos: serrátil
anterior, músculos da bainha rotatória, peitoral maior e tríceps braquial. Apesar de
similares, os requerimentos posturais são muito diferentes.

MMII
 Os MMII promovem uma estabilidade para a independência no sentar
devido ao aumento na abdução e rotação externa de quadril, que promove uma
base de suporte alargada e estabiliza a pelve de marcado deslocamento
significativo.
 Como os extensores de quadril tornaram-se mais ativos, eles contraem
para trazer a pelve na posição perpendicular e estabilizá-la.
 Touwen (1976) notou que o controle do quadril está diretamente
relacionado ao equilíbrio na postura sentado.

Sentado com apoio


 Os MMSS estão mais funcionais e interagem com o ambiente. Quando
o tronco é apoiado, o bebê pode alcançar para frente com ambos os MMSS pela
flexão e adução ativas dos ombros, enquanto estende os cotovelos, punhos e
dedos.
 Uma preensão palmar primitiva é ainda usada. Uma vez que o
brinquedo é agarrado, o bebê ainda não pode manipulá-lo ou transferi-lo, mas ele
pode também fletir o cotovelo, rodar o antebraço e trazer o brinquedo na boca para
explorá-lo.
 No quinto mês, cada braço pode funcionar independentemente.
71

Em Pé
 O bebê pode manter a postura ereta quando apoiado pelas mãos ou
pelo tronco. Ele usa este aumento do controle proximal para mover a cabeça e
MMSS propositadamente. Ele está começando a alternar entre a extensão do joelho
e o colapso. E também, começando a usar os movimentos no plano sagital para
mover o corpo sobre os MMII, o que promove um novo feedback proprioceptivo e
cinestésico.

Cabeça
 O controle de cabeça já está totalmente desenvolvido. O bebê pode
estender, fletir e rodar a cabeça, usando todos os músculos que se tornaram ativos.
 Os movimentos da cabeça afetam todo o corpo. A extensão da cabeça
aumenta a extensão da coluna. A flexão alonga os extensores capitais e possibilita o
alongamento do pescoço. A rotação da cabeça tem aumentado e afeta o tronco e
MMII, causando rotação de vértebras adjacentes.

Tronco
 A extensão ativa esta aumentada ao longo de todo o tronco. Os
músculos extensores da lombar e quadril tornaram-se ativos, promovendo um
aumento na lordose lombar. Não há atividade abdominal em pé.

MMSS
 Quando apoiado no tronco, a adução da escapula não é muito
necessária para reforçar a estabilidade postural; no entanto, os braço podem mover-
se frouxamente nos lados ou em leve abdução sem elevação dos ombros.
 Quando as mãos do bebê são seguradas, flexão de cotovelo, mais que
adução da escápula, é usado para manter a posição.
 A elevação escapular freqüentemente não ocorre, sugerindo contração
ativa do trapézio inferior para depressão da escápula.
72

MMII
 O bebê descarrega todo peso do corpo nas pernas estendidas. As
pernas estão agora alinhadas com o corpo no plano frontal. O quadril está abduzido
e levemente rodado externamente, os joelhos estão estendidos e os pés estão
apoiados e levemente pronados e evertidos.
 No plano sagital, é obvio que o quadril ainda não está alinhado com os
ombros. A extensão do quadril ainda não é completa. A falta do alongamento do
iliopsoas e os músculos extensores lombares ativos são responsáveis pelo aumento
da lordose lombar.
 A contração do quadríceps é aparentemente forte; o bebê está
começando a fletir os joelhos pelo relaxamento da atividade extensora e colapso na
flexora.
 Da posição fletida, o bebê pode re-extender os joelhos pela contração
do quadríceps. Ele está experimentando uma nova habilidade de alternar entre a
contração e o relaxamento de músculos específicos, sem causar um distúrbio nos
músculos do resto do corpo. Esses movimentos promovem uma estimulação
vestibular, proprioceptiva e cinestésica. A alternância na atividade de contração-
relaxamento do quadríceps pode ser a precursora do saltitar, que é observado
meses mais tarde.
73

O SEXTO MÊS

Durante o 6° mês, o bebê segue um desenvolvimento voluntário,


assimétrico, dissociado, com movimentos recíprocos e coordenados, e integrado
com os componentes do movimento já desenvolvidos.
O bebê está mais ativo em prono e em supino e utiliza menos a
estabilidade da posição. O controle extensor antigravitacional continua a aumentar e
está mais nítido nos quadris e MMII. O aumento do controle flexor antigravitacional
possibilita ao bebê fletir a cabeça e eleva-la em supino sem que primeiro ela tenha
que segurar nos dedos do examinador.
Com o aumento do controle de tronco, o controle da cabeça está
totalmente desenvolvido, permitindo que o bebê estenda facilmente a cabeça em
prono, flete em supino e flete lateralmente em decúbito lateral. Esses movimentos,
ou reações de endireitamento continuam a ser promovidas pelos sistemas óptico e
labiríntico.
As reações de endireitamento simétricas (planos ântero-posterior e
sagital) e assimétricas (planos lateral e frontal) estão tornando-se mais fortes com o
aumento do controle muscular.
Prono é uma postura funcional, uma posição móvel para o 6° mês,
quando o bebê pode empurrar o corpo e deslocar o peso com os braços estendidos,
além de alcançar um brinquedo que esteja na sua frente ou ao seu lado. Com a
estabilidade dinâmica dos músculos da escápula com o tronco e do úmero com a
escápula, os movimentos dos antebraços e mãos estão mais refinados e
específicos. Os movimentos das mãos estão se desenvolvendo com os
experimentos e práticas que os bebês vem fazendo.
O aumento do controle muscular proximal e sinergista permite que
movimentos mais específicos e dissociados das extremidades se desenvolvam. Os
MMII estão começando a tornarem-se mais ativos e móveis. O aumento do controle
muscular proximal sinergista (tronco e pelve) e melhor controle do quadril
possibilitam que o bebê comece a assumir a postura quadrúpede a partir de prono.
O controle flexor antigravitacional está mais maduro e permite ao bebê
fletir e elevar a cabeça independentemente, alcançar com os braços, fletir e elevar
os quadris e trazer os pés para a boca, e brincar com os pés no espaço sobre o
tórax. A flexão ativa continua a alongar os músculos extensores, permitindo igual
74

mobilidade para atividades em flexão e extensão. O aumento do equilíbrio entre


flexores e extensores permite uma flexão lateral ativa e prolongada de cabeça e
tronco em decúbito lateral.
O aumento do controle de flexão lateral permite ao 6º mês de idade
transferir peso no tronco e pelve e assumir uma posição dissociada dos membros
inferiores. Isto permite ao bebê rolar através do decúbito lateral e manter essa
posição. O decúbito lateral é uma postura mais funcional para o uso dos membros
superiores. O bebê está também começando a usar a lateral e os movimentos
dissociados para levantar-se em gatas a partir de prono. Estes movimentos
dissociados de membros inferiores mobilizam a coluna lombar e torácica. A
mobilidade em toda coluna, pelve e articulação de joelho é necessária para a
execução de movimentos recíprocos de extremidades durante a locomoção. A
contra-rotação em supino é também necessária para os movimentos recíprocos das
extremidades.
O bebê do 6º mês de idade pode puxar-se para sentado quando é
segurado pela mão do examinador. O bebê tem suficiente controle de flexores
antigravitacionais e sinergistas para flexionar e levantar a cabeça, MMSS e MMII
independentemente. No processo de passar para sentado, o bebê integra
componentes extensores enquanto mantém os componentes flexores. O bebê
gradualmente estende os joelhos enquanto os quadris mantêm-se fletidos; então
subitamente ele estende os quadris, que ajudam a elevar o corpo para o sentado.
O 6º mês de idade pode agora sentar independentemente sem apoio
externo e sem apoiar-se com os braços estendidos à frente. O bebê pode assumir
uma postura mais próxima do ereto devido a ajuda dos músculos extensores para
estabilizar a pelve perpendicular ao solo e assim, promove uma base estável para a
extensão de tronco. O bebê do 6º mês continua a inclinar-se levemente para a frente
dos quadris, ainda utilizando os extensores de tronco simetricamente bilaterais, para
a estabilidade, e portanto movendo-se principalmente no plano sagital. A falta de
equilíbrio entre flexores e extensores de tronco na postura sentado fazem com que a
flexão lateral ativa de tronco seja muito difícil. Por isso, se o peso é transferido
lateralmente durante a postura sentada, o bebê cai para o lado.
O 6º mês de idade continua a usar os MMII para estabilizar a postura
sentada. Esta estabilidade de pelve e tronco permite ao bebê liberar os MMSS do
75

sistema postural e então começar a alcançar, apreender e segurar os brinquedos


enquanto sentado.
Quando colocado em pé e apoiado pelo tronco ou pelas mãos, o 6º mês
descarrega todo o peso nos MMII. Apesar da postura em pé ser essencialmente
estática, o bebê está começando a realizar a flexão e extensão dos joelhos,
movimentando-se no plano sagital. Ele está também começando a alcançar os
brinquedos quando o tronco é sustentado.

Indicações de Possível Distúrbio no Desenvolvimento Motor

Quando estamos avaliando os distúrbios no desenvolvimento motor, é


importante considerar a habilidade normal do bebê tão bem quanto as áreas
problemas.
Pelo sexto mês, o bebê deveria estar integrando o controle muscular e os
padrões de movimento e produzindo uma grande variedade de movimentos. Uma
falha indicaria um problema no desenvolvimento motor.
A integração funcional do músculo começaria com flexão lateral
antigravitacional da cabeça e do tronco. A flexão lateral ocorre pela ação integrada e
coordenada dos flexores e extensores unilaterais. A inabilidade para flexionar
lateralmente e ativamente em prono e decúbito lateral indicaria que o controle dos
músculos flexores e extensores não tem se desenvolvido igualmente. Problemas no
desenvolvimento motor em prono e/ou supino devem ter sido observados em meses
anteriores.
No sexto mês, a inabilidade do bebê para flexionar lateralmente e
ativamente o tronco enquanto em prono e decúbito lateral indicam que o controle
muscular de flexor e/ou de extensor não está normal. Isto tem muitas implicações e
pode causar sérios problemas de movimentos, porque o subsequente
desenvolvimento requer integração destes grupos musculares que não estão
normais.
As conseqüências da inabilidade para flexão lateral em prono e decúbito
lateral incluem (1) inabilidade para endireitamento lateral do corpo, (2) inabilidade
para transferir peso nos membros superiores e/ou membros inferiores, (3)
inabilidade para ativamente assumir a dissociação de posições e movimentos de
76

extremidades, (4) inadequado desenvolvimento de mobilidade de tronco e coluna, e


(5) inabilidade para desenvolver e/ou eleger as reações de equilíbrio.
O 6º mês de idade pode manifestar outros sinais de problemas no
desenvolvimento motor. A inabilidade para rolar de supino para prono, ou rolar
usando a hiperextensão e rotação de pescoço, indica pobre desenvolvimento de
músculos flexores antigravitacionais.
A inabilidade para sentar independentemente também indica problemas
no desenvolvimento motor, por pouca ou muita ativação dos músculos extensores do
quadril. Pouca extensão ativa de quadril leva o bebê a inclinar-se muito para frente,
com nenhuma estabilidade de pelve e tronco. O bebê com exagerada ou pouca
atividade muscular extensora de quadril terá dificuldades para sentar porque os
extensores de quadril puxarão a pelve para retroversão. Isto causará a queda do
bebê para trás.

Supino

Em supino, o 6º mês de idade tem controle dos flexores antigravitacionais


que permitem flexionar e elevar a cabeça independentemente. O bebê pode puxar-
se para sentado com os MMSS enquanto flete, eleva e mantém os MMII estendidos.
O bebê pode alcançar com as mãos os pés elevados e brincar na posição média de
flexão. As extremidades podem ser fletidas nas articulações distais enquanto as
articulações proximais estão fletidas.
Estas posições de flexão permitem ao bebê trazer os MMSS e MMII
juntos, enriquecendo a exploração do corpo, estimulação tátil, consciência visual do
corpo, e alongando os músculos antagonistas. Note: esta flexão antigravitacional
está acompanhada com uma mínima flexão de coluna.
No mais, o bebê do 6º mês pode assumir uma variedade de posições em
supino, então expressar a emergência do controle muscular e uso voluntário dos
músculos. O bebê pode rolar de supino para prono e iniciar as reações de equilíbrio
em supino.
A simetria e flexão são fortes no sexto mês, mas eles não dominam o
repertório de movimentos dos bebês. O bebê continua a brincar com posições
dissociadas e assimétricas tão bem quanto rotação e flexão lateral. Brincar com os
membros inferiores dissociados é freqüentemente usado para iniciar o rolar.
77

Cabeça
Quando o bebê está em flexão, os músculos flexores capitais e cervicais
contraem-se enquanto os extensores capitais e cervicais são alongados. O
alongamento desses músculos e de todos os extensores espinhais torna-se
exagerado tanto que o glúteo é elevado no brincar de mão-no-pé e mão-para-boca.
No 6º mês, o bebê pode ativa e independentemente fazer o chin-tuck e
elevar a cabeça contra a gravidade, sem primeiro agarrar com as mãos para reforçar
a flexão de cabeça, como no 5º mês. A elevação da cabeça demonstra um controle
antigravitacional dos músculos flexores capitais e cervicais, e estabilidade sinergista
de tórax pelos músculos abdominais. Quando a contração abdominal é suficiente, a
elevação dos ombros não ocorre com o levantar da cabeça.
O aumento do controle dos músculos capitais e cervicais e o aumento da
mobilidade espinhal levam a um aumento do controle da cabeça e a movimentos
dissociados entre cabeça e tronco. Consequentemente, a reação de endireitamento
cervical não é mais eliciada, mas as reações óptica e labiríntica de retificação, da
cabeça sobre o corpo e do corpo sobre o corpo continuarão a ser ativadas.

Tronco
Durante a flexão, há mínima flexão espinhal, embora os abdominais
estejam ativos (reto abdominal, oblíquos externos e internos). O reto abdominal
eleva a púbis e a traz em direção ao esterno, e simultaneamente, causa o
alongamento dos extensores lombares. Os oblíquos abdominais também se
contraem e contribuem para a elevação púbica em adição à promoção da
estabilidade torácica e pélvica, que permite a adução de MMSS e flexão de MMII.
Quando os MMII inclinam para o lado, os oblíquos trazem a coluna
para a linha média e ajudam para que ela seja mantida. A ativação e
desenvolvimento dos oblíquos abdominais são importantes para a rotação isolada
da pélvis, estabilidade dinâmica e movimentos recíprocos de MMSS e MMII, o
desenvolvimento das reações de equilíbrio, definição da caixa torácica e respiração.

MMSS
No 6º mês os MMSS parecem mais fortes e com maior controle voluntário
da musculatura que no 5º mês. Isso pode ser devido ao aumento do controle da
78

musculatura abdominal, que promove a estabilidade sinergista para o tórax durante


os movimentos do úmero.
Os músculos da cintura escapular podem mover-se e estabilizar o
úmero embora com uma grande flexão em supino. O aumento da estabilidade
dinâmica do úmero pode promover a base para o aumento dos movimentos isolados
de cotovelo. Com o úmero estabilizado pelos músculos do ombro, o tríceps braquial
pode estender os cotovelos mais eficazmente durante a flexão dos ombros. Com o
aumento do controle da adução dos ombros com extensão dos cotovelos, o bebê
pode alcançar na/além da linha média.
O alcance é ainda acompanhado de pronação do antebraço e extensão
de punho e dedos. A mobilidade para supinação do antebraço está aumentando,
porém ela ainda é limitada.
Nota: A estabilidade dinâmica da escapula permitirá o desenvolvimento
dos movimentos isolados do úmero, enquanto a estabilidade dinâmica do úmero
define os movimentos isolados de cotovelo e antebraço. (Durante o alcance, o
serrátil anterior é importante para a estabilidade escapular enquanto os músculos da
bainha rotatória, deltóide e peitoral maior são importantes para estabilidade do
úmero).

MMII
A flexão dos MMII em supino ocorre com os quadris mais aduzidos e
menos rodados externamente que no 5º mês. O bebê está apto a trazer os quadris
em flexão de 90 com equilíbrio na contração de flexores e extensores de quadril.
A extensão ativa de joelho pode alongar os isquiotibiais, e
consequentemente causar a extensão do quadril, e alongar o gastrocnêmio,
causando a flexão plantar do tornozelo.
Quando o bebê brinca na posição das mãos segurando os pés, ele
proporciona a integração da ação muscular dos dois lados do corpo e os
movimentos na linha média. Isso permite o desenvolvimento da ação dos músculos
diagonais do tronco e causa um deslocamento de peso assimétrico na pelve.
O bebê pode dissociar os movimentos dos MMII quando coloca um pé no
joelho oposto, promovendo uma estimulação tátil.
79

Indicações de Possível Distúrbio no Desenvolvimento Motor


A falta da prática de atividades em flexão pode ser devido a uma
hipertonia dos extensores de cabeça, coluna e quadril, ou controle/alongamento
insuficiente de abdominais e flexores de quadril. Um pobre controle de cintura
escapular, incluindo hipertonia de adutores da escápula e desenvolvimento precários
dos flexores do úmero (porção clavicular do peitoral maior) leva a incapacidade do
bebê em alcançar os pés com as mãos.
A inabilidade em manter os pés na boca e do brincar entre pés e mãos na
linha média podem indicar um desequilíbrio entre flexores e extensores de quadril.
Isso inibirá do desenvolvimento normal da co-contração dos músculos ao redor da
articulação do quadril e trará problemas para seu controle e estabilidade.
A falta do brincar com as duas mãos num pé indica uma pobre integração
entre a ação dos músculos dos dois lados do corpo.
A ausência da exploração dos pés com as mãos e os olhos pode resultar
num desenvolvimento precário da consciência e do esquema corporal. A falta da
dessensibilização tátil promovido pelo brincar das mãos com os pés pode trazer
problemas na descarga de peso durante os estágios precoces da deambulação.

Alcance em supino
O controle dos músculos da escápula está muito bom no 6º mês e
promove a estabilidade para o úmero. O bebê pode ativamente fletir e aduzir os
ombros com leve rotação externa, além de controlar e parar o movimento para
qualquer lugar, permitindo o alcance mais preciso. O bebê pode alcançar um objeto
com uma ou ambas as mãos. A preensão palmar ou uma preensão palmar radial é
usada; além disso, a manipulação é limitada.
Para alcançar em supino, o bebê estende o cotovelo com rotação neutra.
A supinação do antebraço com o cotovelo estendido é observado quando há um
aumento da rotação externa do ombro.
Os punhos encontram-se estendidos, os dedos levemente estendidos e
abduzidos e o polegar está começando a estender e abduzir. O bebê pode usar
marcada extensão e abdução de dedos quando alcança objetos não familiares;
então ele usa a informação tátil e visual para agarrar o objeto. Se o objeto for
familiar, a informação visual pode ser usada para acomodar a mão. No 6º mês os
ajustes preparatórios da mão ocorrem na fase de alcance.
80

Os MMII podem ou não fletir durante o alcance. Se o bebê tem um tono


baixo, ele usa a flexão dos MMII para reforçar a contração dos abdominais, o que
consequentemente reforça a contração do peitoral. O contato entre os pés também
reforça a estabilidade.

Preensão
No 6º mês, o fechamento da mão no objeto é controlado tátil e
visualmente. O bebê pode tocar e sentir o objeto antes de apreendê-lo ou pode
confiar somente na informação visual para começar a agarrar o objeto. Ele pode
usar a preensão palmar ou radial, dependendo da forma do objeto. No 6º mês ainda
faltam graduação e controle da musculatura de punho e dedos; entretanto, o bebê
pode soltar um objeto uma vez que a mão tenha agarrado.

Manipulação
No 6º mês falta na mão a habilidade para a manipulação. O bebê pode
agarrar um objeto com uma mão e explorá-lo com a outra. No entanto, muitos
objetos ainda são manipulados (explorados) primariamente pela boca e língua; e ele
pode usar a face e a boca como ponto de estabilidade para transferir o objeto de
uma mão para a outra.

Indicações de Possível Distúrbio no Desenvolvimento Motor


A incapacidade em alcançar e apreender em supino pode ocorrer devido
a um atraso no desenvolvimento de músculos específicos de ombro e braço e/ou de
músculos posturais sinergistas.
No 6º mês o bebê quer interagir com o ambiente. Se ele não está apto
para controlar seu braço no espaço, ele pode compensar com a adução do braço
para o lado a fim de estabilizá-lo. Entretanto, a estabilidade estática de ombro e
úmero requer movimentos compensatórios de cotovelo, antebraço, punho e mão. A
extensão de cotovelo, supinação de antebraço, extensão de punho e movimentos de
dedos e polegar podem se desenvolver precariamente devido aos movimentos
compensatórios que podem vir a serem adotados pelas mãos para interagir com o
ambiente e com os brinquedos.
81

Equilíbrio em supino
O bebê no 6º mês está começando a desenvolver e utilizar as reações de
equilíbrio em supino. A expressão das reações de equilíbrio requer controle
antigravitacional dos músculos flexores.
Tradicionalmente, as reações de equilíbrio – especialmente reações de
inclinação – têm sido consideradas um feedback que é eliciado quando ocorre um
distúrbio no centro de gravidade e o sistema vestibular é estimulado. Eles são
freqüentemente testados numa prancha de equilíbrio.
As reações de equilíbrio também incluem o controle motor por
feedforward. Quando o feedforward é usado, o bebê pode ajustar a postura para o
deslocamento do peso, o qual sugere que o bebê pode antecipar esse deslocamento
e o distúrbio que será causado.
O feedback é demonstrado quando o bebê ajusta sua postura uma vez
que o peso já foi deslocado. Por exemplo, em supino quando os MMII são fletidos
inicialmente para um lado, o bebê pode cair para o lado e então ele se reajusta para
assumir a flexão em supino. O feedback ajuda o bebê a entender as conseqüências
do deslocamento do peso, o qual eventualmente falta no feedforward.

Rolar
No 6º mês, o bebê pode rolar de supino para prono.

Iniciando o rolar
O rolar de supino para prono é iniciado pela flexão, rotação e
deslocamento lateral do peso. Esses componentes ocorrem mais freqüentemente na
cabeça e em MMII.
A cabeça roda e sutilmente flete. O MS de cima atravessa o corpo, a partir
da flexão e adução de ombro com abdução escapular. O MS de baixo mantêm-se ao
lado do corpo, freqüentemente com flexão de cotovelo.
Os MMII movem-se com flexão de quadris bilaterais e simétricos e
extensão de joelho. Esse movimento também é observado no 5º mês.
Os movimentos de flexão da cabeça, MMSS e MMII ajudam a facilitar a
flexão de tronco e contração abdominal. A ativação dos oblíquos abdominais é de
importância primária para a fase de transição.
82

Transição no rolar
O bebê usa o decúbito lateral para fazer uma transição da flexão simétrica
para a extensão, o qual é necessária para completar o movimento para prono. Essa
transição é feita através da ativa flexão lateral, que combina os músculos flexores e
extensores.
A flexão lateral da cabeça contra a gravidade é resultado:
1. Reação óptica de retificação (feedback visual é usado para
orientar os olhos com o horizonte);
2. Reação labiríntica de retificação (com a estimulação do sistema
labiríntico, a cabeça trazida para uma posição de apoio contra a gravidade,
resultando na retificação lateral da cabeça);
3. Reação da cabeça sobre o corpo (estimulação tátil assimétrica
para o corpo causa o endireitamento da cabeça por ela mesma, assim também
estimula uma resposta de retificação lateral da cabeça).
A flexão lateral da cabeça requer ação sinergista dos oblíquos abdominais
para estabilizar o tórax. Os abdutores de quadril também são necessários para
estabilizar a pelve e promover um apoio para a elevação do tronco.
Em decúbito lateral, ambos os braços estão aduzidos. Como a cabeça e
tronco fletem lateralmente, com a descarga de peso o úmero abduz e pode assistir
com o tronco levantando. Como o tronco é deslocado de lado, o peso é tirado do MS
de baixo, liberando-o para a abdução para frente e deslocamento para cima do
corpo para assumir uma posição de descarga de peso no antebraço.
Em decúbito lateral, os MMII mudam de uma posição simétrica para uma
assimétrica dissociada. O MI de baixo estende enquanto o de cima abduz.

Completando o rolar
O final do rolar é acompanhado de extensão, que ocorre a partir da
posição fletida lateralmente.
A posição da cabeça muda da flexão lateral para a rotação e extensão
enquanto o tronco muda da flexão lateral para extensão simétrica. O alongamento
do tronco na flexão lateral anterior é possibilitado pela flexão para frente do MS do
mesmo lado (o qual alonga o grande dorsal) e ativação dos extensores da coluna.
Ambos os MMSS fletem para frente e aduzem os ombros para uma
posição de descarga de peso. O MS de baixo move-se da adução de lado para a
83

flexão e adução para frente. O MS de cima move da adução em direção ao corpo


para flexão para frente com adução, assim assistindo a extensão de tronco.
O MI de baixo continua a estender e abduzir. O MI de cima vem de uma
transição da flexão de quadril e joelho para abdução e extensão de quadril e
extensão de joelho.

Indicações de Possível Distúrbio no Desenvolvimento Motor


O bebê que estende a cabeça e o tronco para rolar pode fazê-lo devido a
falta de flexão antigravitacional e controle lateral da flexão. Rolar com extensão
interfere no desenvolvimento da flexão e flexão lateral, além de promover um
feedback anormal para os sistemas vestibular, visual e proprioceptivo.
A falta de dissociação dos MMSS sugere um problema no
desenvolvimento motor.
A manutenção da flexão simétrica de MMII impede o completar do rolar
para prono. O uso da extensão simétrica de MMII durante o início do rolar elimina a
necessidade da flexão lateral em decúbito lateral, além de impedir que ele se
mantenha nesta posição.
Se o bebê vem usando o RTCA funcionalmente devido a um
desenvolvimento inadequado de outros padrões de movimento, a rotação da cabeça
pode estimular uma resposta assimétrica do braço. A extremidade do lado facial
assume uma posição de retração com extensão e abdução umeral e extensão de
cotovelo. O outro braço assume uma posição de retração com adução escapular,
extensão e abdução umeral e flexão de cotovelo. Esta postura de ombro-braço
restringe o rolar do bebê quando a cabeça roda. Essa resposta, se sutil ou
marcante, indica a falta de desenvolvimento do controle muscular bilateral simétrico
antigravitacional em pescoço, tronco e ombros. O bebê não pode rolar com a cintura
escapular retraída.

Prono
Em prono, o bebê está mais funcional e móvel que no 5º mês. Ele já tem
forte controle extensor antigravitacional. A reação de Landau está madura; a
extensão da cabeça reforça a extensão de coluna e quadris.
84

O controle da cintura escapular continua a aumentar, e os MMSS são


capazes de assumir várias posições de descarga de peso e vários movimentos
enquanto descarregam o peso.
As extensões da coluna e dos quadris estão se tornando equilibradas pela
ativação dos abdominais em prono. Isso permite a redução da lordose lombar
durante a descarga de peso com braços estendidos.
O equilíbrio entre flexores e extensores é demonstrado pela retificação
lateral de cabeça e tronco. No 6º mês, o bebê perde muito tempo em prono com o
deslocamento do peso lateralmente e retificação de cabeça e tronco lateralmente.
Isto é uma preparação para rastejar, engatinhar e escalar.

Indicações de Possível Distúrbio no Desenvolvimento Motor


A intolerância e o controle precário em prono podem ser evidenciados em
meses anteriores. A intolerância pode ser devido a um pobre elevação da cabeça, a
um aumento do tonus da musculatura escápulo-torácica, escápulo-umeral e flexores
de quadril, ou falta de atividade dos extensores do quadril para estabilização.
O alongamento dos flexores de quadril e ativação dos extensores são
componentes críticos necessários para a descarga de peso nos antebraços e com
os braços estendidos. Se os quadris mantêm-se fletidos, o peso do bebê é
deslocado para frente e impede a elevação do tronco. Se os extensores do quadril
(especialmente o glúteo máximo) não se contraem suficientemente para estabilizar a
pelve, a elevação da cabeça e tronco superior não ocorre.
Se há um aumento do tonus nos músculos da escápula e/ou nos
músculos entre a escápula e o úmero, o bebê não estará apto a fletir os braços para
frente com 90º em relação ao antebraço ou descarregar o peso com os braços
estendidos. A pobre flexão de ombro em prono leva a um aumento da tensão dos
músculos entre a escápula e o úmero e a uma pobre dissociação escápulo-umeral.
Com isso, os padrões de alcance serão afetados, e o bebê desenvolverá
movimentos compensatórios.
A falta de flexão dos ombros leva a problemas na extensão do tronco.
Bebês que não praticam a flexão ativa de ombros em prono freqüentemente têm
dificuldades para conseguir a extensão entre as colunas torácica e lombar. O bebê
usa uma excessiva extensão lombar para compensar uma pobre extensão torácica.
85

Sem a descarga e deslocamento de peso, os músculos intrínsecos da


mão não são alongados, e aqueles músculos, especialmente do polegar, podem se
tornar tensos. A inabilidade para descarregar e deslocar o peso sobre as mãos
contribuem para um desenvolvimento precário do arco palmar e dos movimentos
dissociados das mãos, como o repouso no lado ulnar para a função dos dedos
digitais.

Descarga de peso com os braços estendidos

Cabeça
No 6º mês, o controle da cabeça está totalmente desenvolvido. Quando
com os braços estendidos ou sobre os antebraços, o bebê pode estender o pescoço
e fletir a cabeça ou fazer o chin-tuck, promovendo o alongamento do pescoço. A
depressão da cintura escapular e alongamento do pescoço sugerem atividade do
trapézio inferior.

Tronco
A extensão de coluna e quadril aumentou, permitindo que o bebê
empurre-se mais alto com os braços. Os extensores do quadril agora estabilizam
ativamente a pelve e promovem apoio e estabilidade para a elevação para frente.
A anteversão pélvica está reduzida pelo aumento da adução e extensão
do quadril e pela ativação sinergista dos abdominais. Os abdominais promovem a
estabilidade anterior para a pelve e contraem em sinergia com o glúteo máximo
durante a descarga de peso com braços estendidos.

MMSS
Os mesmos músculos estão mais fortes e trabalham com mais eficácia
que no 5º mês.
O tríceps braquial contrai para estender o cotovelo. Os punhos estendem
biomecanicamente, e a extensão dos dedos aumentou.
Com a rotação da cabeça, o peso do lado facial é deslocado para o lado
ulnar, liberando os dedos radiais. No outro braço, o peso é deslocado para o lado
radial, alongando a musculatura tenar.
86

MMII
Ocorre a extensão ativa de quadris, joelhos e tornozelos quando o bebê
empurra-se com os braços estendidos. A extensão ativa de quadril (glúteo máximo)
e a contração dos abdominais trabalham juntas para neutralizar e estabilizar a pelve.
A dissociação de MMII é bem mais comum que a simetria no 6º mês.
A dorsiflexão de tornozelo e a flexão plantar ainda ocorrem em sincronia
com a flexão de quadril e joelho.

Extensão em pivô prono

No 6º mês, a postura pivô está totalmente manifestada com a maturação


da reação de Landau madura. A extensão da cabeça continua a contribuir com a
extensão da coluna através do sistema labiríntico e agora, também contribui para a
extensão do quadril. De acordo com a EMG estudada por Cupps et al. (1976), a
extensão de quadril não é um componente consistente da reação de Landau.
No 6º mês, o bebê alterna entre a postura pivô e a descarga de peso com
braços estendidos, usando um aumento no controle da cintura escapular e MMSS.
A extensão em pivô pode ser a mais automática posição da estabilidade
postural em prono. O bebê no 6º mês, como no 5º, para usar esta postura para
reforçar a posição primária para os movimentos dos quais usam um marcado
esforço. Essa posição pode também alongar os músculos anteriores do ombro em
preparação para uma contração eficiente.

Pivoteio em prono

O bebê usa esta nova habilidade para deslocar o peso com os braços
estendidos e permite que o bebê alcance e mova-se sem rolar.
Até agora, o alcance em prono tem sido acompanhado levemente pela
flexão do ombro para frente, com um brinquedo na linha média. Esta é a primeira
experiência de alcance em prono com abdução/adução de ombros. O movimento do
corpo sobre o braço é outra nova experiência de descarga de peso sobre MMSS.
O interesse visual freqüentemente influencia o bebê a rodar e fletir
lateralmente a cabeça, estimulando a flexão lateral da coluna. A extensão da coluna,
87

elevação de MMSS e estabilidade de ombros são mantidas durante cada fase do


pivoteio.

MMSS
Os MMSS utilizam muitas combinações de novos movimentos durante o
pivoteio.
A flexão lateral de cabeça e tronco causa o deslocamento do peso para o
MS do lado facial, resultando num aumento da adução de ombro. O MS do lado
facial aduz e puxa o corpo sobre o braço. O outro MS abduz e empurra o tronco para
longe do braço. Os cotovelos mantêm-se semi-fletidos. Os punhos estendem.
Se o punho está alinhado com o antebraço, o peso será deslocado para o
lado ulnar da mão, liberando os dedos radiais, e o ombro rodará externamente. Se o
punho está desviado para o lado ulnar, o deslocamento lateral do peso pode ser
bloqueado. O desvio ulnar do punho é usado para quando o bebê tem dificuldade
em controlar o deslocamento do peso, geralmente os de baixo tono e também
naqueles com desenvolvimento anormal.
O MS do lado occipital assume a posição de abdução, extensão e rotação
interna do úmero. O cotovelo está estendido e o antebraço pronado, deslocando o
peso para o lado radial de punho e mão estendidos, alongando a musculatura tenar.
O MS do lado occipital pode empurrar o bebê no pivoteio.
Como o tronco move-se através do MS do lado occipital, os músculos
anteriores do ombro tornam-se levemente alongados. Da posição alongada, o bebê
aduz e alcança com o MS do lado occipital atravessando o corpo, tornando este o
MS com a descarga de peso. Como o peso é deslocado para o MS do lado occipital,
o MS do lado facial está livre para alcançar com abdução e rotação interna do úmero
e extensão de cotovelo, punho e dedos.

MMII
Quando o bebê inicia o movimento com a flexão lateral de cabeça e
tronco, o MI do lado facial responde com flexão, abdução e rotação externa de
quadril, e flexão de joelho e tornozelo. No outro MI, o quadril estende, aduz e com
rotação neutra em resposta ao alongamento de todo o lado. A flexão de joelho e
dorsiflexão de tornozelo podem ser mantidas.
88

Descarga de Peso no Antebraço

As mãos estão mais funcionais nesta posição.


A estabilidade do úmero é mantida pela ativação da musculatura da
cintura escapular e pelo efeito biomecânico da descarga de peso.
Conseqüentemente, os cotovelos e antebraços têm aumentado a liberdade para
movimentos independentes. Através do deslocamento, o úmero está
mecanicamente estabilizado e o bebê pode fletir e estender o cotovelo para alcançar
um brinquedo e traze-lo a boca, além de fazer a supinação ativa do antebraço.

Deslocamento de peso e alcance em prono

MMSS
O bebê do 6º mês está começando a usar uma variedade de
componentes distais do movimento quando realiza o alcance em prono.

O alcance
O bebê no 6º mês pode alcançar objetos que estejam próximos ou mais
distantes de seu corpo. Cada um desses movimentos utiliza sutilmente componentes
distais e proximais do movimento que são influenciados pela posição, tamanho e
forma do objeto. O bebê pode usar a informação visual para ajustar a mão durante o
alcance. A experiência primária com o brinquedo também contribui para o pré-
ajustamento. O ajustamento da mão, que é realizado sincronicamente com o
alcance, é resultado da informação por feedforward.
O bebê pode alcançar com flexão ou extensão do cotovelo, e a pronação
é freqüentemente utilizada. A posição do punho varia de acordo com a posição do
brinquedo e a aproximação do braço. Os dedos estão razoavelmente consistentes
se o cotovelo é fletido ou estendido. A mão do bebê é preparada para agarrar o
brinquedo, independente de seu tamanho ou forma. Após a experiência e a prática
com brinquedos de diferentes tamanhos e formatos, o bebê estará apto a pré-moldar
os dedos para cada padrão de preensão específico e combinar estes com os
componentes do alcance. A extensão de punho e dedos é mais pronunciada quando
o bebê aproxima-se de um brinquedo quando o braço repousa sobre a superfície. A
89

posição do polegar varia, mas geralmente é abduzida, impedindo que ele interfira na
preensão dos dedos.

Preensão
Embora o padrão de preensão seja influenciado pelo formato do objeto, o
bebê com 6 meses geralmente faz uso da preensão radial-palmar. A preensão é
acompanhada pela flexão ativa dos dedos e leve extensão de punho. A extensão de
punho promove um efeito de tenodese que intensifica a flexão dos dedos. O bebê do
6º mês pode manter uma força suficiente nos flexores dos dedos para soltar um
brinquedo quando o punho é fletido.

Manipulação
Uma vez que o brinquedo tenha sido apreendido com os dedos radiais, o
bebê pode ativamente supinar o antebraço para inspecioná-lo visualmente e trazê-lo
a boca, ou com os dedos da outra mão. O trabalho entre punho e dedos ocorre em
sincronia com o antebraço (essa manipulação na qual a mão se move como um todo
é chamado de movimentos extrínsecos da mão).

Cabeça e tronco
A cabeça e o tronco respondem com ao deslocamento de peso sobre o
ombro com a reação de endireitamento lateral do corpo, que inclui o alongamento do
lado onde o peso é descarregado. Esta resposta é estimulada pelo input tátil
assimétrico o qual facilita a reação de retificação da cabeça sobre o corpo e pelas
reações ópticas e labirínticas de retificação.
A cabeça move com leve flexão lateral e rotação seguindo o alcance do
braço, o qual permite que o bebê assista o alcance da mão. A rotação da cabeça
facilita a rotação da coluna cervical e afeta a coluna torácica, tronco e pelve.
Quanto maior o deslocamento do peso, maior e o alongamento, ao
mesmo tempo que o lado sem o peso flete lateralmente. O alongamento ocorre nos
músculos entre a escapula e o úmero, as costelas, as costelas e a pelve, e a pelve e
o fêmur. O aumento de tono em alguma dessas áreas afetará a qualidade da flexão
lateral e dissociação com o lado oposto. Este é um importante item usado em
tratamento.
90

O deslocamento de peso e flexão lateral de tronco inferior e pelve são


pré-requisitos para o desenvolvimento dos componentes do movimento dissociado e
independente de MMII. Esses movimentos são precursores dos movimentos
funcionais em prono (como o rastejar e engatinhar) e na postura ereta (como
caminhar e saltar).

MMII
A dissociação de MMII é muito comum no 6º mês. O aumento da
mobilidade e do controle muscular na coluna lombar, pelve, quadris e joelhos
permitem que o bebê responda ao deslocamento lateral do peso com movimentos
dissociados de MMII. O MI com descarga de peso estende, aduz e roda de interna
para a posição neutra. O MI oposto flete, abduz e roda externamente. Essas reações
dissociadas ocorrem como parte da reação de retificação lateral do corpo.
Quando o tronco flete lateralmente ou retifica lateralmente, a coluna
lombar flete lateralmente e roda levemente. Biomecanicamente, isto faz a pelve fletir
lateralmente e rodar atrasada para o lado sem o peso. O resultado é a flexão do
quadril, abdução e rotação externa da perna sem o peso e extensão, adução e
rotação interna do quadril da perna com o peso.
Com o deslocamento de peso no quadril, ele se torna mais estendido,
aduzido e rodado internamente; a extensão de joelho e flexão plantar aumentam. A
adução femoral alonga os abdutores, auxiliando na estabilização da pelve naquele
lado; há também um aumento na rotação interna do quadril.
Em prono, a rotação externa do fêmur direito causa o deslocamento de
peso para a esquerda e a rotação externa do fêmur da esquerda causa o
deslocamento de peso para o lado esquerdo. Em supino e sentado, o oposto é
verdadeiro; a rotação externa do fêmur direito causa o deslocamento de peso para a
direita e a rotação interna do fêmur causa o deslocamento de peso para a direita.
Estes princípios podem ser usados em tratamento.
No 6º mês o bebê pode brincar com os movimentos isolados de
flexão/extensão de joelho. Isso requer um controle antigravitacional de isquiotibiais e
mobilidade dos quadríceps, especialmente o reto femoral. O quadril deve ser
estabilizado em rotação neutra.
A dorsiflexão e a flexão plantar ainda são afetadas pelos movimentos
de quadril e joelho.
91

Indicações de Possível Distúrbio no Desenvolvimento Motor


A dificuldade em assumir ou manter os MMII dissociados pode ser
causado pela pobre mobilidade de coluna, pelve, quadril e/ou joelho, ou pelo
inadequado controle muscular. A inabilidade para deslocar o peso ativamente e
dissociar os MMII levam a sérios problemas no desenvolvimento do controle pélvico
e de tronco e no desenvolvimento habilidades recíprocas como rastejar, engatinhar e
andar.
O comum impedimento para o deslocamento de peso em tronco inferior é
devido à manutenção prolongada da rotação externa de quadril e dorsiflexão de
tornozelo com eversão. Marcada abdução de quadril pode ou não estar
acompanhada de rotação externa. Quando essa posição de MMII em prono é
mantida, o bebê é bloqueado pela postura para o deslocamento lateral do peso.
Conseqüentemente, o bebê é desencorajado de tentar o movimento e compensa
com movimentos simétricos. Outra compensação é o excessivo movimento da caixa
torácica sobre a pelve com flexão lateral para o lado onde o peso é descarregado.
Outro efeito a longo prazo desta posição é a falta de alongamento dos
abdutores de quadril.
A rotação interna bilateral de fêmur também é sinal de indicação de
problema e geralmente, ela está acompanhada de extensão e adução de quadril.
Bebês que continuamente assumem uma postura assimétrica de MMII
podem causar uma descarga e um deslocamento de peso assimétricos, o qual
eventualmente levam ao desenvolvimento assimétrico de movimentos
subsequentes.

Arrastar (puxar adiante)

No 6º mês, o bebê tem um grande desejo de mover-se para frente, mas


ainda não consegue empurrar-se. O esforço para mover-se para frente geralmente
resulta no empurrar para trás com os braços estendidos fortemente, que reforça a
extensão total do corpo. O movimento do corpo para frente sobre os MMSS para
engatinhar requer a combinação de movimentos que ainda não estão desenvolvidos
no 6º mês.
92

Empurrando para trás


Quando o bebê empurra-se para trás, a flexão de ombro e extensão de
cotovelo estão aumentadas. O serrátil anterior e trapézio inferior são usados para
abduzir e rodar para cima a escápula. Marcada flexão de ombro alonga o peitoral
maior e menor e o grande dorsal, em como todos os músculos entre a escápula e o
úmero. Este alongamento pode facilitar mais movimentos dissociados entre a
escápula e o úmero.
Forte ação dos MMSS facilita os oblíquos abdominais para contrair
sinergicamente para estabilizar o tórax, e contrabalancear com a forte atividade dos
extensores da coluna, reduzindo a anteversão pélvica e a elevação do abdome da
superfície.
Os MMII estabilizam o tronco durante o empurrar. A rotação externa dos
quadris durante a extensão sugere contração do glúteo máximo a tensão do tecido
conjuntivo ao redor da articulação.
Empurrar-se para trás é primariamente uma atividade extensora, mas ela
usa alguns componentes flexores como flexão do ombro com abdução, elevação do
abdome e aplainamento da coluna lombar.

Empurrar para cima

Pode ser precursor para o bebê assumir a postura quadrúpede. O


empurrar freqüentemente ocorre quando o bebê se move da postura pivô e coloca
as mãos próximas aos ombros. A forte extensão de cotovelo causa o elevar o bebê.
O úmero está fortemente aduzido pela contração da porção clavicular do peitoral
maior, o qual ativa sinergicamente os abdominais.
Os punhos são biomecanicamente hiperextendidos e o úmero torna-se
perpendicular aos ombros. A marcada força dos flexores dos dedos pode causar um
aumento na flexão dos dedos.
Como o bebê empurra-se, os MMII contraem-se sugerindo uma co-
contração dos músculos ao redor dos quadris e joelhos. O glúteo máximo parece
contrair com os flexores de quadril e extensores de joelho. Essa contração dos MMII
interfere na capacidade do bebê de mover-se nessa posição.
93

Postura quadrúpede

São itens críticos para que a criança assuma a postura quadrúpede:


controle dos músculos do tronco, pelve e quadril, além da cintura escapular e
MMSS. A descarga de peso nos MMSS auxilia a elevação do tronco. Um MS
executa a ação de alcance para frente, auxiliando no empurrar do tronco para frente
e no alongamento do grande dorsal. Esta ação pode facilitar a hiperextensão da
coluna lombar, que deve ser contrabalanceada simultaneamente pela contração dos
abdominais e adutores de quadril, para o bebê erguer-se para quadrúpede.
A atividade dos músculos diagonais do tronco parece ocorrer durante a
elevação. O MS esquerdo trabalha com o MI direito e vice-versa. O desenvolvimento
da musculatura diagonal de tronco é precursor da mais sutil reação postural de
tronco e de movimentos da extremidade recíprocos e contralaterais.
Ambos os MMII trabalham para elevar a pelve para quadrúpede. Os
músculos dos MMII têm contração coordenada com os músculos dos MMSS e do
tronco. O MI que estava fletido move-se para frente em adução, extensão e rotação
interna para neutra. A graduação deste movimento tem sido promovida pela ação
excêntrica dos adutores de quadril.
O MI inicialmente com descarga de peso também passa por uma
transição dos músculos utilizados. Este MI auxilia no empurrar da pelve lateralmente
e para cima abduzindo, rodando externamente e estendendo contra o solo. Os
glúteos máximo e médio parecem auxiliar nesta elevação.
Embora seja capaz de assumir a postura quadrúpede, o bebê não pode
mover-se nela. Os flexores de quadril são freqüentemente usados para estabilizar a
articulação do quadril e garantir a estabilidade pélvico-femural. Isto geralmente
resulta numa lordose e anteversão pélvica. Através da experiência do bebê com
várias combinações de músculos sinergistas ele desenvolverá um controle muscular
mais dinâmico na postura.

Rolando de prono para supino

Rolar de prono para supino continua parecendo um ato primitivo de


queda. Muitos bebês raramente praticam isto porque a postura prono é mais
funcional.
94

Rolar de prono continua ser primariamente uma atividade extensora. Ele


ocorre com o deslocamento do peso lateralmente e para trás, sendo que o bebê é
incapaz de estabilizar o peso sobre o ombro ou contrabalancear esse deslocamento
de peso com o tronco e os músculos dos MMII. Quando o bebê tem suficiente
controle dos músculos flexores de tronco anterior e MMII para contrabalancear o
deslocamento de peso para trás, uma reação de equilíbrio ocorre e o bebê pode
retornar a posição original.

Cabeça e tronco
A extensão da cabeça é facilmente e automaticamente equilibrada pela
flexão neutra e lateral, e o controle da cabeça não é perdido durante o rolar.
Embora os extensores de tronco estão começando a ficarem mais
equilibrados com os flexores (abdominais), esta interação de equilíbrio não ocorre
automaticamente como na cabeça e pescoço, principalmente se a extensão de
tronco for reforçada pela extensão de quadril. Se os flexores de tronco e MMII
equilibrarem com os extensores, o bebê retorna a posição inicial.

MMSS
A flexão e adução do úmero trabalham fortemente para manter os braços
para frente e para contrabalancear os componentes extensores da adução escapular
e retração da cintura escapular durante o rolar. Esta oposição é mantida desde o
início do rolar até o final da queda.

MMII
A ação nos MMII freqüentemente determina se o bebê irá rolar para
supino ou se ele retornará e permanecerá em prono. A extensão dos MMII reforça o
padrão extensor total e geralmente resulta na queda do bebê para trás. A flexão do
MI sem peso geralmente ocorre quando há mais atividade abdominal e, desta forma,
o bebê não cai para trás.

Reações de Equilíbrio em Prono


As reações de equilíbrio são usadas com um papel de feedback para
retornar o equilíbrio quando o centro de gravidade é perturbado. Quando o peso é
deslocado lateralmente e para trás em prono, o bebê pode responder com a
95

atividade dos músculos flexores, restaurando o equilíbrio e trazendo o corpo para


frente em sua posição original.
Menos óbvio são as reações de equilíbrio no modo feedforward.
Nesses casos, o bebê usa experiências anteriores com deslocamento de peso para
pré-ajustar a postura numa antecipação, como durante o alcance.

Decúbito Lateral

No 6º mês, o bebê já venceu a extensão antigravitacional em prono e a


flexão antigravitacional em supino e agora ele está pronto para combiná-los com a
flexão lateral antigravitacional em decúbito lateral. O bebê vem praticando uma série
de atividades precursoras como a flexão lateral durante a fase de transição do rolar
e a flexão lateral (endireitamento) em resposta ao deslocamento lateral do peso em
prono. Este controle permite ao bebê rolar voluntariamente para o lado e manter a
postura fletida lateralmente.
O decúbito lateral inclui o alongamento do lado com descarga de peso,
dos músculos entre a escápula e o úmero, entre as costelas, entre o tórax e a pelve
e entre a pelve e o fêmur; e a flexão lateral do lado sem o peso.
A reação de endireitamento em decúbito lateral é acentuada pelo
feedback dos sistemas vestibular, óptico e somatosensorial e, uma vez praticada, ela
se torna automática nesta e em outras posições.
Para a flexão lateral ativa em decúbito lateral, os músculos e
articulações devem estar aptos para responder apropriadamente, o que deve ter
sido desenvolvido em atividade motoras prévias.

Cabeça e tronco
O controle da cabeça está totalmente desenvolvido; no entanto, a cabeça
pode ajustar suavemente para outros movimentos do corpo.
O controle do tronco não está totalmente desenvolvido pois os músculos
extensores ainda estão mais fortes e são mais facilmente recrutados que os flexores,
especialmente os abdominais.
96

MMSS
A habilidade para deslocar o peso sobre um MS é um pré-requisito para o
decúbito lateral. Nesta postura, o MS sem descarga de peso está livre para mover-
se, alcançar, agarrar e brincar. Conseqüentemente esta postura torna-se parte do
padrão de alcance-preensão.

Pelve e MMII
Em decúbito lateral, o MI sem descarga de peso pode facilmente fletir,
abduzir e rodar externamente em conjunto com a flexão lateral da pelve.
A abdução e extensão ativas do quadril ocorrem a partir da contração dos
glúteos. A pelve deve ser estabilizada pela posição e pelos oblíquos abdominais
para que os glúteos máximo, médio e mínimo trabalhem eficazmente. Gradualmente,
a estabilidade pela posição vai sendo substituída pelo controle muscular sinergista.
Em decúbito lateral, o bebê pode chutar e brincar o os movimentos de
tronco inferior enquanto o tronco superior está estável.
Durante os chutes, o pré-posicionamento do MI de baixo em flexão de
quadril promove uma estabilidade mecânica e contrabalanceia a rotação para baixo
da pelve e tronco. Os flexores de quadril podem ser usados para auxiliar na
estabilização da pelve e no controle da extensão, mas quando o bebê chuta, esse
grupo muscular não mostra resultado. O MI de baixo mantêm-se estendido e o bebê
pode tornar-se instável e cair quando ele chuta com o MI de cima.
O pré-posicionamento demonstra um ajustamento postural por
feedforward, sendo que este se torna mais sutil com o aumento do controle de
tronco.

Indicações de Possível Distúrbio no Desenvolvimento Motor

A fonte para os distúrbios em assumir e manter-se em decúbito lateral


podem ser devido a problemas no controle muscular, na mobilidade entre músculos
e articulações, e na integração do feedback sensorial. Possíveis áreas de problemas
podem incluir uma fraca descarga de peso em MMSS, inabilidade para deslocar o
peso nos MMSS, precária estabilidade tronco/pelve, inabilidade para deslocar o
peso em MMII, inabilidade para dissociar os MMII e falta de consciência de que o
deslocamento de peso está ocorrendo.
97

Um problema em uma ou mais dessas áreas causará problemas


compensatórios em outras áreas. Se o bebê não pode deslocar o peso de prono
para decúbito lateral, as mãos não estarão aptas para serem usadas habilmente.
Isso pode trazer problemas no desenvolvimento motor fino e no brincar.
Se o bebê não pode deslocar o peso na pelve e dissociar os MMII,
padrões compensatórios de locomoção podem se desenvolver.

Tracionado para Sentar

No 6º mês, o bebê tem controle muscular suficiente para puxar-se para


sentado quando alguém segura suas mãos. Como o bebê puxa-se para sentar, a
integração entre os componentes flexores e extensores torna-se evidente.

Início
O bebê participa ativamente iniciando a flexão e alcançando os dedos do
examinador. Ele alcança com ambos os braços, usando a flexão e adução de
ombros e extensão de cotovelos. A flexão ativa dos dedos facilita a contração do
bíceps braquial e assim promove o início do puxar dos MMSS. Os MMI assumem a
posição em flexão.
O bebê faz o chin-tuck e eleva a cabeça da superfície. Os flexores
capitais estão fortes o suficiente para manter o chin-tuck. A contração dos
abdominais com os flexores capitais e os músculos dos ombros estabilizam o tórax e
a pelve, promovendo uma base estável na qual a cabeça e os braços podem fletir.

Transição
O alongamento dos músculos somado ao feedback dos sistemas
vestibular e visual permite que o bebê eleve independentemente de supino enquanto
segura nos dedos do examinador. Na metade da ação, o bebê muda da total flexão
para sobrepor a extensão em MMII. É importante notar que, apesar da contração
dos abdominais ser forte, o tronco não flete, mas mantêm-se estendido.
Os MMII estão mais ativos durante a fase de transição, pois movem-se da
total flexão para extensão de quadril, joelhos e tornozelos. Apesar dos quadris
manter-se fletidos, eles começam a estender em conjunto com a extensão dos
joelhos.
98

A extensão ativa dos joelhos, pela contração do quadríceps, alonga os


isquiotibiais e pode contribuir biomecanicamente para a extensão do quadril.

Final
A conclusão do passar para sentado é executada com o puxar pelos
braços do tronco para frente e da extensão dos MMII. A extensão dos MMII inclina a
pelve e o tronco para frente porque mantêm a contração do iliopsoas.
Os MMII do bebê assumem uma posição de flexão, abdução e rotação
externa bilateral de quadril, com flexão de joelhos e dorsiflexão de tornozelos. A
postura dos MMII garante alguma estabilidade sentado.

Sentado

O bebê no 6º mês tem controle suficiente de tronco e quadril para sentar


ereto sem apoio. Ele usa uma postura de MMII em anel para estabilidade. Os
MMSS estão livres do sistema postural e podem ser usados para o alcance,
manipulação ou para reação de proteção.

Cabeça e Tronco
Quando sentado, o bebê tem controle dos movimentos de cabeça e
tronco no plano sagital (flexão e extensão). Nos planos transverso e frontal, o bebê
tem controle da cabeça, mas não tem de tronco.
Quando o bebê roda a cabeça, o peso é deslocado para o mesmo lado no
qual ele rodou, e freqüentemente, isso causa sua queda.
Se o peso é deslocado lateralmente no plano frontal, o bebê pode
responder com a retificação da cabeça com flexão lateral. O bebê não tem controle
de tronco-quadril para equilibrar o deslocamento de peso e freqüentemente ele cai
na direção do deslocamento.

MMSS
O bebê está mais eficiente quando alcança um brinquedo em frente do
corpo devido controle dos movimentos de tronco no plano sagital. O bebê pode
agarrar um brinquedo, fletir o cotovelo e trazer o brinquedo à boca. Quando ele tenta
99

alcançar um brinquedo ao lado, ele geralmente cai devido à inabilidade para


controlar os movimentos laterais do tronco, no plano frontal.
O bebê pode apoiar os MMSS para frente, mas ainda não pode apoia-los
para o lado.

MMII
Os MMII desempenham um importante papel sentado. O controle dos
músculos do quadril e o posicionamento dos MMII afetam a estabilidade da pelve, e
assim do tronco. No 6º mês, a mobilidade da articulação do quadril tem aumentado,
permitindo que a coxa repouse sobre a superfície de contato. Sentar em anel, com
os quadris simetricamente fletidos, abduzidos e rodados externamente e os joelhos
fletidos, promove uma estabilidade marcante para a pelve sendo necessária mínima
ação muscular.
O deslocamento de peso no plano transverso é iniciado pela rotação de
cabeça e tronco, que não está desenvolvida no 6º mês; por isso, ele cairá quando
rodar a cabeça.
Se o bebê desloca lateralmente o peso no tronco, mas não desloca o
peso na pelve, o MI é pré-posicionado com marcada abdução e rotação externa de
quadril, que é freqüentemente suficiente para prevenir o bebê de cair para o lado. A
rotação externa ativa do fêmur é também usada para estabilizar a pelve. Se os
músculos rotadores laterais de quadril não se contraem suficientemente para manter
o fêmur sem peso em rotação externa, o fêmur rodará internamente quando o peso
for deslocado para o lado; então o bebê cairá.
A rotação femural (ativa ou passiva) é muito influenciável no
deslocamento e na descarga de peso. Sentado, a rotação externa do fêmur causa o
deslocamento do peso para o mesmo lado, enquanto a rotação interna, para o lado
oposto. Rotação externa bilateral estabiliza a pelve e bloqueia o deslocamento do
peso.
Sentado, os movimentos da cabeça iniciam o deslocamento de peso no
tronco. Como o bebê desenvolveu maior controle de tronco e quadril, os movimentos
da cabeça terão o mínimo efeito no deslocamento do peso e tal deslocamento será
iniciado na pelve e quadris.
100

Extensão de Proteção para Frente

O bebê no 6º mês demonstra consistente reação de proteção para frente


quando o peso é deslocado para frente.

Indicações de Possível Distúrbio no Desenvolvimento Motor


A inabilidade para manter a postura sentada independente pode ser
devido a um número de problemas que tem sido sutilmente demonstrado em meses
anteriores: pobre controle de cabeça e tronco, pobre descarga de peso em MMSS,
mobilidade limitada na articulação do quadril e pobre desenvolvimento da
musculatura do quadril.
O desenvolvimento dos músculos extensores de quadril é necessário para
estabilizar a pelve posteriormente. Se eles não se desenvolverem, o bebê inclinará
para frente, buscando apoio nos MMSS para a estabilidade. Se o bebê tiver
dificuldade em manter o apoio nos MMSS, ele não estará apto para sentar
independentemente.
Se o bebê tem atividade extensora excessiva, os extensores do quadril
causam a retroversão pélvica inferior à posição perpendicular. O peso é então
deslocado para trás e como não há apropriada atividade abdominal para
contrabalancear os extensores, o bebê cairá para trás e não poderá sentar
independentemente.

Em Pé

Em pé é ainda uma postura estática aos 6 meses. O bebê está limitado


pelos movimentos no plano sagital de flexão e extensão dos joelhos. Ele pode
suportar-se em pé quando apoiado pelo tronco ou pelas mãos, com total descarga
de peso nos MMII.

Cabeça e Tronco
Quando apoiado, o bebê tem suficiente controle ativo do tronco para
promover uma base estável para a rotação, extensão e flexão da cabeça.
O controle de tronco tem aumentado, mas o bebê continua a confiar
primariamente na ativação bilateral simétrica dos músculos extensores para manter
101

a postura ereta. Como quando sentado, o bebê inclina o tronco para frente, usando
os extensores da coluna para estabilidade. O tronco inclina para frente porque a
mobilidade e o alongamento dos músculos para estender os quadris estão
incompletos.

MMSS
O aumento do controle coluna-tronco permite maior liberdade para a
escápula. A adução bilateral da escápula é agora raramente necessária para
reforçar a extensão torácica no apoio pelo tronco em pé.
Quando está segurando as mãos de um adulto, o úmero do bebê fica
freqüentemente alinhado com os ombros. O úmero pode ser levemente abduzido,
mas está mais aduzido que nos meses anteriores. Ele está começando a fletir os
ombros ativamente; entretanto a extensão dos ombros e a adução da escápula
ainda estão muito fortes.
Quando o tronco é apoiado, dando mais estabilidade ao tórax, o bebê
pode ativamente fletir os braços. Os ombros (e tórax) podem ser elevados com a
flexão umeral. A falta de fixação no tórax pelos abdominais sugere que o bebê não
tem um apropriado controle dos músculos da cintura escapular para o alcance nesta
posição e o não controle postural sinergista necessário para estabilizar o resto do
corpo.
Em pé, o bebê usa as mãos para segurar e para dar estabilidade. No
entanto, quando o tronco é apoiado, o bebê pode agarrar um brinquedo e trazê-lo a
boca.

MMII
No 6º mês, o bebê suporta todo o peso com os MMII estendidos. No
entanto, os extensores de quadril ainda não estão suficientemente ativos para
estender totalmente os quadris. Os quadris estão mais aduzidos que nos meses
anteriores, a tíbia está rodada externamente, os joelhos estão estendidos, e os pés
pronados.
Embora o quadríceps ainda seja a maior fonte de extensão dos MMII, os
extensores do quadril (glúteo máximo) estão começando a tornarem-se mais ativos.
A contração dos extensores de quadril auxilia na manutenção da postura quando
menos apoio é dado.
102

O bebê tem mais controle sobre a flexão e extensão dos joelhos e estes
não desabam como no 5º mês. Ele também está começando a gerar uma contração
excêntrica de quadríceps. Como os extensores de quadril tornaram-se mais ativos
em pé, eles trabalharão em sinergia com os abdominais e quadríceps para estender
o quadril.
Os pés mantêm-se no solo durante o balancear (que é a flexão e
extensão de joelhos). A postura dos pés continua a ser de pronação (dorsiflexão,
abdução e eversão). O aumento do esforço do movimento freqüentemente resulta
na fixação com os dedos em flexão.
103

O SÉTIMO MÊS

No 7º mês, o bebê tem mais incentivo, desejo e capacidade para mover-


se no ambiente para segurar brinquedos e pessoas, para explorar o ambiente e para
experimentar os movimentos do próprio corpo. Nessa idade, as diferenças entre as
atividades motoras são menos óbvias e resultam da competência motivacional e
motora.
A prática na posição horizontal permitiu o desenvolvimento dos
movimentos antigravitacionais nos três planos (sagital, frontal e transverso). Agora, o
bebê começará a repetir os componentes similares numa postura vertical como
sentado, em pé e em quadrúpede. Devido a diferença na orientação da gravidade,
os componentes que foram aprendidos na horizontal terão que ser relembrados com
diferença na atividade postural sinergista.
No 7º mês o bebê geralmente já aprendeu a rolar de supino para prono,
permanecendo raramente na postura supino por muito tempo. Brincar em supino é
limitado para a exploração de brinquedos pequenos e leves, mãos nos pés e mãos
para exploração do corpo.
Em prono, o bebê pode descarregar o peso com os braços estendidos,
deslocar o peso nos MMSS, alcance com o antebraço e braço estendidos, reação de
retificação lateral com deslocamento pélvico e dissociação de MMII. O uso desses
componentes depende do controle de tronco e extremidade e da motivação.
Freqüentemente esses componentes são apresentados pelo bebê nas atividades de
pivoteio.
O aumento do controle de tronco e pélvico-femural permite que o bebê
assuma a postura quadrúpede, embalando nesta postura, e eventualmente
engatinhando. No entanto, alguns bebês, especialmente aqueles com baixo ou largo
tono, arrastam-se no chão pelo rastejar sobre a barriga até que assumam a postura
quadrúpede.
Com o aumento do controle motor, o bebê pode começar a explorar
ativamente as características espaciais e sensoriais do ambiente. Ele pode
começara a aprender sobre altura, distância e espaço.
Bebês com bom controle de ombros e forte reação de endireitamento
perdem muito tempo brincando em decúbito lateral. Quando o controle dos ombros
104

não é tão desenvolvido, o bebê irá brincar em posturas mais simétricas em prono,
como a descarga de peso nos antebraços, ou brincará mais sentado. Somente
alguns bebês mantêm-se em supino para brincar.
No 7º mês, o bebê gosta de novas descobertas e de brinquedos que
mudam, bem como de pequenos objetos e itens domésticos. Deixar os brinquedos
cair também se tornou uma atividade favorita.
Durante o 7º mês, o bebê está aprende a passar de sentado para
quadrúpede. Esta transição requer e gera marcada mobilidade no quadril de como o
fêmur se move sobre a pelve, além da estabilidade dinâmica entre tronco e pelve.
No sentar independente, o bebê mantém a coluna e a pelve retas. Devido
ao aumento do controle de tronco e quadril, o sentar sem apoio está tornando-se
uma postura mais funcional na qual o bebê pode segurar e manipular brinquedos.
Porém, ele ainda não tem total equilíbrio sentado, Quando o equilíbrio é perturbado
para frente, o bebê pode usar da reação de proteção para frente. Se for para outras
direções, o bebê geralmente responde com adução bilateral da escápula, o que traz
o corpo para frente. Ele continua a manter os MMII em flexão, abdução e rotação
externa, a qual promove estabilidade para a pelve. Entretanto, os joelhos estão se
tornando mais estendidos, modificando a posição precoce em anel.
Alguns bebês tracionam-se para em pé no 7º mês, passando de
quadrúpede para ajoelhado, enquanto apoia-se numa mobília. Uma vez que os
MMSS estejam estáveis, o bebê pode manter os MMI I simétrico ou passar para
semi-ajoelhado, empurrar os braços para baixo, estender a perna e erguer-se em pé.
Uma vez em pé, o bebê descarregar o peso nos MMSS e MMII. Usando
os MMSS como parte do sistema postural, o bebê pode ativamente fazer a flexo-
extensão de joelhos enquanto mantém os pés no solo. Devido ao aumento do
controle e da mobilidade dos extensores de quadril, os quadris estão
freqüentemente alinhados com os ombros.

Indicações de Possíveis Distúrbios do Desenvolvimento Motor

Como já dito, as diferenças nas atividades motoras entre os bebês são


menos óbvias e parecem ter poucas conseqüências. Contudo, quando o bebê tem o
manejo para mover-se, as sutis diferenças vistas “subitamente” tem muito
significado. Todos os bebês aprendem a mover-se e eles aprendem a compensar
105

deficiências caso não consigam mover-se de forma adequada. Eles aprendem


estratégias para se estabilizar quando não há uma estabilidade muscular normal
necessária para os músculos posturais. Eles também aprendem a compensar se
falta mobilidade para mover-se de/para certas posições.
Compensações não são pouco freqüentes e podem refletir a falta de
desenvolvimento de todo controle numa mesma área. Alguns bebês compensam
com a permanência de movimentos primitivos até que o controle motor permita um
maior avanço nas respostas motoras.
Compensações prolongadas e incorretas têm conseqüências, sendo a
menor delas uma coordenação motora reduzida e prejudicada. Muitas
compensações podem ser corrigidas com uma terapia precoce para aumentar o
controle motor e/ou a mobilidade onde está faltando.

Supino

O controle flexor antigravitacional em supino está totalmente desenvolvido


e é demonstrado pela habilidade do bebê em elevar a cabeça independentemente e
mante-la brevemente. Durante a elevação da cabeça, o pescoço é alongado, ele faz
o “chin-tuck” e os ombros são deprimidos. A flexão da cabeça requer adicional ação
sinergista dos oblíquos abdominais para inferiorizar e estabilizar a caixa torácica,
promovendo um ponto de estabilidade na qual a cabeça pode fletir e elevar. A
depressão do ombro pode ser devido à ação do trapézio inferior.
O bebê tem suficiente controle flexor antigravitacional de tórax para elevar
e brincar com os pés. A posição de mão nos pés, o bebê pode deixar as pernas cair
para o lado e retorna-las sem rolar para o lado. Esses movimentos de tronco inferior
requerem ação dos oblíquos abdominais. O controle de tronco permite que o bebê
use as reações de equilíbrio em supino. Note que durante as atividades dos
músculos antigravitacionais do tronco, a coluna não flete.
O bebê pode rolar para decúbito lateral ou totalmente para prono. Em
cada caso, a postura de decúbito lateral é caracterizada pela forte flexão lateral de
pescoço e tronco. Marcada flexão lateral é uma indicação de equilíbrio entre os
músculos flexores e extensores.
O decúbito lateral promove um input tátil assimétrico prolongado para o
tronco, o qual pode aumentar o estímulo para a reação de endireitamento da cabeça
106

sobre o tronco. Esta posição também promove estímulos para os sistemas visual e
vestibular para aumentar a reação de endireitamento lateral e controle lateral da
cabeça. Com o aumento da reação lateral, há um aumento no alongamento do outro
lado.

Indicações de Possíveis Distúrbios do Desenvolvimento Motor

Se no 7º mês o bebê prefere a postura supino que prono, isso pode ser
devido a alguma dificuldade em prono. Ele pode não estar apto a empurrar-se com
os braços estendidos ou a deslocar o peso nos braços. Sem isso, ele terá
dificuldades para alcançar, apreender e manipular os brinquedos.
Por outro lado, bebês hipotônicos têm dificuldade em fletir contra a
gravidade e por isso, a postura supina não será funcional para ele. Ele pode não ter
o controle ou alongamento para fletir seus MMSS, cabeça ou MMII e assim,
compromete o brincar visão-mão-pé.
Bebês com marcado tono extensor também apresentam dificuldades em
supino.

Prono

Prono e quadrúpede são as postura preferidas no 7º mês, pois nelas o


bebê é mais independente e funcional.
Em prono, o bebê tem suficiente controle de tronco e dissociação
escápulo-umeral para alcançar em todas as direções. Tendo agarrado o brinquedo,
o bebê freqüentemente rola em decúbito lateral para brincar e traze-lo a boca. O
bebê usa a preensão radial-palmar e uma preensão de tesoura inferior, com o
polegar aduzido e os dedos fletidos.

Pivoteio em Prono
Durante o pivoteio, ambos os braços movem-se ativamente no plano
frontal, alternando entre a abdução e a adução. A dissociação escápulo-umeral é
necessária para os movimento de empurrar e alcançar.
Durante esse processo, várias experiências de deslocamento de peso são
facilitadas pelas mãos. Os braços do lado facial gira sutilmente, mecanicamente ele
107

roda externamente, causando o deslocamento de peso para o lado ulnar da mão.


Isto libera os dedos radiais para a preensão de um brinquedo. O braço do lado
occipital roda internamente e o peso é então deslocado para o lado radial da mão,
alongando a musculatura tenar. Essas experiências de deslocamento de peso
promovem uma variada e aumentada estimulação sensorial para os braços, mãos e
polegares, e podem contribuir para o desenvolvimento de vários arcos palmares.
O pivoteio é também o meio pelo qual o bebê pode segurar um objeto e
explorar o ambiente. Bebês que atingem a postura quadrúpede precocemente
freqüentemente não realizam o pivoteio em prono.

Deslocamento de Peso em Prono


No 6º mês, as posturas simétricas foram mais comuns porque promoviam
maior estabilidade. Posturas que envolvem o deslocamento lateral do peso são
importantes porque elas ajudam a modificar precocemente padrões motores mais
primitivos. Posturas de deslocamento lateral promovem uma variedade de feedback
sensorial para os sistemas vestibular, visual e somatosensorial, o qual podem
aumentar a atividade das reações de endireitamento do corpo e aumentar o
alongamento do lado com a descarga do peso. Muito do controle para as posições
de deslocamento lateral é promovido pela atividade dinâmica de cintura escapular e
tronco.
O bebê com bom controle de cintura escapular freqüentemente brinca na
postura assimétrica com o peso deslocado. O braço de cima está livre para o
alcance, preensão e manipulação de brinquedos. Quando o controle de tronco é
suficiente para prevenir a queda, o bebê também brinca com os movimentos dos
MMII, abduzindo a perna de cima, oscilando entre a flexão e a extensão. No 7º mês,
ele ainda não tem total controle de quadril para estendê-lo totalmente. No 6º mês,
esses movimentos de quadril causavam a queda do bebê para trás.
Flexão e extensão com a perna abduzida requerem atividade sinergista
dos oblíquos abdominais para estabilizar o tronco e a pelve. Caso isso não ocorra, a
abdução do quadril não será ativada, indicando um desenvolvimento motor anormal.
108

Indicações de Possíveis Distúrbios do Desenvolvimento Motor


A falta de desempenho do bebê para realizar os movimentos citados
acima indica problemas no desenvolvimento motor. O bebê que não pode
descarregar e deslocar o peso nos MMSS não está apto a alcança ou brincar em
prono e decúbito lateral. O bebê que não consegue deslocar o peso e dissociar os
MMII terá dificuldades para assumir a postura quadrúpede, engatinhar, escalar e
andar.

Quadrúpede

Durante o 7º mês, o bebê está aprendendo como passar de prono para


quadrúpede. Isso acontece pela transição de prono para decúbito lateral, a qual
inclui o endireitamento lateral e flexão lateral do lado sem o peso e alongamento do
lado com o peso. Essa posição permite a dissociação entre os MMSS e MMII. Da
postura dissociada, o bebê passa o peso sobre a perna que está fletida e empurra-
se para quadrúpede.
O bebê deve estender e empurrar-se com o braço para cima enquanto
abduz o quadril estendido e aduz o fletido. Os abdutores, flexores e extensores de
quadril devem agir na perna fletida para prevenir que o deslocamento de peso
ultrapasse a perna.
Uma vez em quadrúpede, o bebê pode balançar para a frente, para trás e
para os lados. Inicialmente, o bebê faz grandes movimentos nesse balançar, e então
ele cai. Depois ele muda para pequenos movimentos que não causam a queda.
Balançar requer estabilidade suficiente de coluna para permitir a liberdade e
mobilidade escapular. Além disso, esse balançar promove estímulos vestibular,
proprioceptivo e cinestésico e fortalece os músculos do ombro e quadril.
Muitos do momento (quantidade de movimento) e do controle para esse
balançar vem inicialmente dos MMSS. Os MMII assumem uma posição estável de
flexão, abdução e rotação externa. A estabilidade pélvico-femural parece se mantida
por forte contração dos flexores de quadril. Nesta fase de fixação inicial, os joelhos
estão fletidos e os tornozelos, dorsifletidos, sugerindo contração sinergista dos
flexores de quadril, joelho e tornozelo. Marcada ação dos flexores de quadril deixa a
pelve em anteversão e inibe os extensores de quadril.
109

Como o controle dos músculos do tronco em quadrúpede se desenvolveu


(especialmente os abdominais), o bebê experimentará diferentes músculos
sinergistas para estabilizar a articulação pélvico-femural. Como os abdominais e
extensores de quadril tornam-se mais ativos, o bebê estará apto a balançar para
frente. O bebê também experimentará o deslocamento de peso lateral e diagonal
(contralateral), e começará a engatinhar de maneira reciproca.
O deslocamento do peso nas mãos também contribui para o
desenvolvimento dos arcos palmares. Segundo Kapandji (1970) as mãos têm 3
arcos com 3 diferentes direções. O arco longitudinal que corre do punho para a
ponta dos dedos, o transverso que corresponde à concavidade do punho e o oblíquo
que é formado pela oposição do polegar com os outros dedos.
Quando o bebê assume a postura quadrúpede, o bebê balança
primeiramente para frente e para trás devido à fixação com os flexores de quadril, o
que facilita a formação do arco longitudinal. Quando o controle do tronco-quadril se
desenvolve, o bebê desloca o peso lateralmente e diagonalmente, contribuindo para
a formação dos arcos transverso e oblíquo.

Indicações de Possíveis Distúrbios do Desenvolvimento Motor

Bebês que não assumem a postura quadrúpede no 7º mês podem


apresentar uma lenta atividade motora grossa. Se outras áreas não estiverem
atrasadas, há geralmente pouca razão para preocupar-se por o bebê não assumir tal
postura.
Tal inabilidade pode ser devido ao tamanho do bebê. Bebê pesado não
consegue permanecer em quadrúpede por muito tempo e aqueles com baixo tonus
freqüentemente também tem dificuldades para assumir a postura.
Outros problemas que podem contribuir para a falta de habilidade do bebê
em assumir a postura quadrúpede são: pobre descarga e deslocamento de peso em
MMSS, fraca dissociação em MMII, fraca habilidade em deslocar o peso e falta de
interesse.
Quando o bebê assume a postura quadrúpede, é vista a anteversão
pélvica que é modificada pelo aumento do controle dos abdominais e extensores de
quadril.
110

Se o bebê continua a se fixar com os flexores de quadril, a anteversão


pélvica não será modificada, e o bebê não está usando os abdominais e extensores
de quadril. Isso leva a uma pobre habilidade de balançar para frente, lateralmente e
diagonalmente.
A manutenção da anteversão pélvica em quadrúpede também interfere
com o controle escapular e da cabeça, resultando na abertura da escápula e
hiperextensão de pescoço.

Postura de Urso

Essa posição requer controle estável de cintura escapular e mobilidade de


MMII. Além disso, ela promove o alongamento dos isquiotibiais e gastrocnêmio. Esta
é uma boa posição para trabalhar com crianças com problemas no movimento,
especialmente as hipertônicas.

Rastejar

Os componentes necessários para o rastejar são o deslocamento de peso


sobre os MMSS; reações de endireitamento do tronco, a qual pode alternar entre os
lados direito e esquerdo; deslocamento de peso pélvico e dissociação de MMII.
Rastejar parece ser um movimento desenvolvido progressivamente em
associação com as reações de endireitamento do corpo. O rastejar tem os
componentes de fundo do endireitamento do corpo: deslocamento lateral de peso,
alongamento de tronco e extensão de quadril na descarga de peso para os lados, e
flexão lateral de tronco e flexão de quadril do lado sem o peso. Com o alcance para
frente do braço sem o peso, o lado fletido é alongado e torna-se o lado da descarga
de peso. Consequentemente, o lado anteriormente alongado flete lateralmente como
resultado da falta de peso, e as extremidades assumem sua posição dissociada.
Rastejar é um meio primitivo de locomoção. Alguns bebês podem
começar a rastejar, mas evoluem para o engatinhar quando o controle de tronco
inferior e quadril é suficiente.
Nota: segundo Brazelton (1969) rastejar difere do engatinhar pelo fato do
abdome do bebê estar em contato com o solo. O engatinhar ocorre quando o bebê
eleva-se sobre seus cotovelos e joelhos.
111

Engatinhar

Para engatinhar, o bebê tem que estar apto para elevar o tronco do solo
enquanto descarrega e desloca o peso com os braços estendidos e os quadris
fletidos.
Embora esses componentes possam parecer com aqueles usados no
rastejar, a estabilidade postural sinergista necessária para engatinhar é diferente
daquela para rastejar. A descarga e o deslocamento de peso em MMSS e MMII
ocorrem em sincronia; entretanto o controle diagonal sinergista de tronco é
necessário.
Movimentos recíprocos de extremidades ou movimentos simultâneos
contralateral de MMSS e MMII utilizam o controle sinergista diagonal dos músculos
do tronco e contra-rotação da coluna. Na ordem do desempenho desses
movimentos controlados, o bebê tem que primeiro estar apto para deslocar o peso
independentemente sobre os MMSS e MMII. Esses movimentos de extremidades
preparam a coluna para movimentos mais controlados.
Quando o peso é deslocado lateralmente de uma extremidade para a
outra, há rotação concomitante de coluna a longe da extremidade com descarga de
peso. Esta rotação é observada quando o deslocamento de peso ipsilateral ocorre
nos MMSS e MMII (como em decúbito lateral). Esta rotação não é observada
quando o deslocamento lateral contralateral, como engatinhar recíproco, ocorre nos
MMSS e MMII. Esta rotação não é óbvia quando a contra-rotação ocorre.
Na contra-rotação a coluna superior roda na direção da extremidade
superior sem o peso (ex: a direita). A coluna inferior roda na direção da extremidade
inferior sem o peso (a esquerda). Nenhuma direção de rotação é observada como
eles equilibrassem cada um a outro. De acordo com Kapandji (1974), a rotação
máxima ocorre nos discos imediatamente acima e abaixo de T7, T8. A contra-
rotação é uma importante característica biomecânica porque permitem movimentos
recíprocos de extremidade no rastejar, engatinhar e andar. Isto pode sugerir que a
mobilidade da coluna torácica é importante para os movimentos recíprocos de
extremidades.
Quando o bebê assume e se move em quadrúpede, eles freqüentemente
alcançam e carregam o brinquedo em suas mãos. Ele agarra o brinquedo com uma
preensão radial-palmar com adução do polegar. Quando ele engatinha com o
112

brinquedo nos dedos radiais, o peso é deslocado para o lado ulnar da mão, o qual
incentiva a supinação do antebraço e/ou rotação externa de ombro. O transporte do
brinquedo é um importante passo para o desenvolvimento do controle manual do
bebê.

Indicações de Possíveis Distúrbios do Desenvolvimento Motor

O problema mais óbvio pode ser demonstrado pelo pular como coelho.
Este modo de locomoção usa movimentos simétricos bilaterais de MMSS e MMII. É
usado pelos bebês com dificuldades para deslocamento lateral do peso, dissociação
de MMII e controle diagonal de tronco.

Passagem de Quadrúpede para Sentado

Essa manobra requer boa força de MMSS, bom controle de tronco, e bom
controle e mobilidade de quadril. Muitos bebês passam de quadrúpede para prono,
do que para sentado.
Essa passagem é iniciada com o deslocamento lateral de peso na qual o
MI sem o peso responde com flexão, abdução, rotação externa e flexão de joelho e
então o pé é colocado sobre o solo. A cabeça e o tronco respondem com flexão
lateral. Enquanto o peso é descarregado, o bebê ativamente roda o quadril com a
descarga de peso.
A rotação externa deste quadril empurra a pelve e o tronco para trás,
sentando. O bebê mantém o MI sem o peso em rotação externa com o pé no chão e
assim controla deslocamento de peso na pelve. A rotação externa ativa da perna
sem o peso traz o bebê para a postura sentado pelo deslocamento de peso da pelve
e tronco.
A passagem de sentado para quadrúpede é o reverso de quadrúpede
para sentado.

Tracionado para Sentar

O bebê independentemente flete a cabeça e ativamente empurra com os


braços, e pode ocorrer leve adução escapular e elevação dos ombros para reforçar o
controle do tronco. Os abdominais contraem-se, os quadris fletem, os joelhos
113

começam a estender e os tornozelos a fazer a flexão plantar. Quando os joelhos


estendem, os isquiotibiais são alongados e isto pode facilitar a extensão do quadril,
o qual no girar traz o bebê para sentado.

Sentado

No 7º mês o bebê tem o controle de tronco e quadril para sentar


independentemente e usar as mãos para alcançar ou manipular brinquedos. Embora
o controle pelve-quadril tem aumentado, o bebê ainda usa a estabilidade da posição
dos MMII, especialmente quando está concentrado em tarefas motoras finas.
Quando sentado independentemente, ele pode alcançar com uma ou
ambas as mãos. A estabilidade postural para o alcance ainda inclui abdução, flexão
e rotação externa de MMII. Esse estabelecimento da postura é outro exemplo de que
o bebê está aumentando o uso da informação por feedforward para controlar e
refinar os movimentos.
Quando o tronco está estável, o bebê inicia o alcance da cintura
escapular. Essa estabilidade do tronco promove a base da qual os músculos da
escapula podem contrair. A estabilidade escapular dinâmica conseqüentemente
promove a estabilidade para os movimentos do úmero. A estabilidade dinâmica do
úmero permite variações nos movimentos do cotovelo-antebraço. Portanto, o bebê
possa usar os ajustamentos do antebraço (flexo-extensão de cotovelo e rotação de
antebraço) para orientar a mão para diferentes brinquedos.
O bebê apreende um brinquedo com a preensão palmar-radial, com
abdução/adução de polegar. Tendo agarrado o brinquedo, o bebê pode trazê-lo e
balançá-lo, inspecionar visualmente pela rotação do antebraço e transferí-lo de uma
mão para a outra. Isso demonstra um aumento na dissociação entre as duas
extremidades.
Com o aumento do controle pelve-quadril, o bebê começa a experimentar
novas posições do MMII. A postura dominante de MMII de flexão, abdução e rotação
externa de quadril, flexão de joelho e dorsiflexão e eversão de tornozelo é
modificada pelo aumento da adução de quadril, extensão de joelho e flexão plantar
de tornozelo. A base mais estreita é um indicativo do aumento do controle postural
dinâmico de quadril, pelve e tronco.
114

O aumento da extensão coluna-tronco permite ao bebê sentar-se com


alguma evidência da curvatura lombar. Os movimentos da cabeça têm efeito sobre o
tronco. Por exemplo: a rotação de cabeça causa a rotação do tronco. Inicialmente a
cintura escapular e o tronco superior rodam sobre uma pelve simétrica e estável,
mas como o bebê desenvolveu mais o controle de tronco e quadril, o tronco,
incluindo a pelve, rodam sobre o fêmur. A rotação do tronco e pelve sobre o fêmur é
um importante passo para promover a mobilidade pélvica femoral e ajudar a
desenvolver o controle dinâmico do quadril.
Rotação de cabeça e tronco sentado causa deslocamento de peso para o
mesmo lado no qual a face roda. Os MMII são usados para prevenir e/ou controlar o
deslocamento de peso. Inicialmente, a posição dos MMII com grande abdução e
rotação externa previne movimentos do centro de gravidade durante a rotação da
cabeça. Posteriormente, o deslocamento de peso é controlado pela rotação externa
ativa e abdução do MI do lado occipital. Portanto, a rotação externa e abdução do
quadril são importantes mecanismos precoces de controle da estabilidade postural
sentado.
Quando o bebê depende da estabilidade posicional e do alinhamento
simétrico dos MMII, o tronco e os movimentos de alcance são limitados para o plano
sagital. Quando o controle pélvico-femural se desenvolver, o bebê estará apto a
alcançar enquanto roda (movimento no plano sagital).

Indicações de Possíveis Distúrbios do Desenvolvimento Motor

Bebês que não têm bom controle pélvico continuam a usar uma postura
estável e simétrica de MMII/pelve. O uso exclusivo desta postura conduz para o
desenvolvimento da hipermobilidade de tórax sobre a pelve e preveni o
desenvolvimento da mobilidade pelve-quadril. A manutenção dessa postura também
contribui para a tensão dos isquiotibiais.

Passagem de Sentado de para Quadrúpede

O bebê realiza esta transição pelo movimento de tronco e pelve para


frente sobre a tíbia. A perna é ativamente fletida sobre o tronco quando o corpo
inclina-se para frente. Como o deslocamento de peso para a frente sobre as mãos, a
perna sem a descarga de peso permanece em abdução e rotação externa. Uma vez
115

que os MMSS e tronco estão estáveis, a perna sem a descarga de peso move-se
para frente em abdução e rotação neutra, a qual é trazida alinhada com o tronco. A
perna com a descarga de peso move-se ativamente para frente com rotação interna
e extensão do quadril.
O tronco mantém-se simétrico durante esta transição e move-se como
uma unidade no plano sagital sobre o quadril. Marcada mobilidade da articulação do
quadril, especialmente no plano transverso, é necessária. O quadril com descarga
de peso permanece com marcada rotação externa durante a transição e então
passa d rotação interna para a neutra para completar o movimento. A perna oposta
é mantida ativamente em flexão, abdução e rotação externa de quadril com flexão
de joelho. Esta posição da perna sem o peso pode estabilizar a pelve e tronco
durante a transição.
O alcance e a descarga de peso controlados de MMSS, a estabilidade de
tronco e a mobilidade de quadril são necessários para esta transição para
quadrúpede. A simetria de tronco com mobilidade de quadril é uma característica
distinta dos movimentos no 7º mês. O uso da rotação de tronco para esta transição
acontecerá mais tarde. Se o controle de ombros, tronco e quadris não forem
suficientes para permitir o movimento para quadrúpede, o bebê passará para prono.

Levantar-se para em Pé

No 7º mês, muitos bebês estão começando a passar para a postura


ortostática, tracionando-se em móveis e pessoas. Da postura quadrúpede, o bebê
engatinha até um móvel e estabiliza o tronco inferior e o centro de gravidade pela
anteversão e fixação da pelve com os flexores de quadril. Desta posição estável, o
bebê pode levantar as mãos no móvel e assumir a postura ajoelhada. O bebê então
empurra-se para baixo com as mãos, estende as pernas e eleva o corpo. Alguns
bebês elevam-se pela extensão simétrica dos MMII; outros pelo deslocamento de
peso assumem a postura semi-ajoelhada. Uma vez em pé, o bebê mantém o peso
sobre os MMSS enquanto ajusta as pernas abaixo da pelve.
116

Indicações de Possíveis Distúrbios do Desenvolvimento Motor

Descarga de peso nos MMSS é um componente crítico no erguer-se do


bebê para em pé e na manutenção da postura. Bebês com dificuldades com a
descarga e deslocamento de peso nos MMSS não podem adotar a postura em pé
em nem mantê-la.

Manter-se em Pé Independentemente

Quando os MMII do bebê estão numa posição estável, os braços estão


livres do papel postural e tornam-se mais funcionais. O bebê começa atentar
estabilizar-se com uma mão e com a outra ele alcança, traz e empurra objetos. O
bom manejo bilateral das mãos ainda não é possível devido à necessidade de
manter uma mão para a estabilidade.
Quando o bebê alcança algum brinquedo ou olha para alguma coisa
enquanto em pé, o corpo acompanha os movimentos da cabeça. No ficar em pé
precoce, a rotação da cabeça facilita a rotação do tronco superior, mas não do
tronco inferior. O tronco inferior, pelve e MMII mantêm-se simétricos e estáveis,
assumindo a estabilidade para o centro de gravidade.
A rotação do tronco superior sobre a pelve é também vista sentado, mas
logo muda que a rotação inclui a pelve rodando sobre o fêmur. Se a mudança na
rotação de tronco e pelve sobre o fêmur não ocorre, o bebê desenvolverá uma
mobilidade anormal de tronco sobre a pelve, e o desenvolvimento normal pélvico-
femural não ocorrerá.

Deslocamento de Peso nos MMII: Marcha Lateral

Uma vez que o bebê pode usar os MMII para estabilizar-se em pé, ele
começa a experimentar o deslocamento de peso com pelve-MMII. Esta experiência
freqüentemente inclui marcha lateral ao redor dos móveis. A marcha lateral é um
movimento no plano frontal e requer controle da abdução/adução de quadril. Em
adição, a estabilidade dos MMSS e deslocamento de peso são necessários para
este novo movimento.
A marcha lateral em volta dos móveis é iniciada pelo deslocamento de
peso na pelve. A adução ativa traz o centro de gravidade sobre a perna com
117

descarga de peso. Os abdutores de quadril devem contrair excentricamente e


sinergisticamente com os adutores de quadril para controlar o deslocamento de peso
entre os dois. Uma vez que o peso esteja nessa perna, a outra está livre para a
abdução. A abdução de quadril é freqüentemente acompanhada pela eversão de
tornozelo/pé.
Com a abdução da perna sem a descarga de peso, a perna com o peso
deve também abduzir para mover o centro de gravidade. Quando a perna com o
peso abduz, o peso é deslocado para o lado medial do pé e aumenta a pronação.
Uma vez que a perna sem o peso seja posicionada e comece a receber o peso, ela
aduz e move o centro de gravidade, o qual permite que a perna com a descarga de
peso aduza e fique sem o peso.
Nessa marcha precoce, os pés não podem participar na atividade de
deslocamento de peso, mas podem manter-se pronados, com o peso deslocado
medialmente. O bebê que está inseguro durante a marcha lateral pode fletir os
dedos e aumentar o tono em MMII e assim, aumentar a estabilidade. (o
deslocamento de peso no pé seguirá um padrão similar ao da mão durante a
descarga de peso com os braços estendidos).
Embora o bebê possa tracionar-se para em pé, ele ainda não pode
abaixar para o solo. Este movimento é acompanhado pela queda e pelo sentar.
Durante essa transição para o chão, o bebê desloca o peso posteriormente, com
uma postura que lembra o sentar. A pelve estará atrás dos ombros e dos pé, e os
tornozelos serão mantidos em 90º.

Indicações de Possíveis Distúrbios do Desenvolvimento Motor

Bebês com dificuldades em deslocar o peso em prono terão a mesma


dificuldade em pé. Se eles tentarem alcançar com os braços e as pernas não se
ajustarem, eles cairão. A marcha lateral promove a prática dos MMII no controle do
plano frontal. Bebês que não realizam a marcha lateral terão dificuldade em
caminhar para frente.
118

Apoiado em Pé

Quando o bebê é apoiado em pé, ele coloca todo peso sobre os MMII. Ele
pode ser ajudado pelas mãos ou em volta do tórax. O bebê tem suficiente controle
de tronco e quadril para administrar esse suporte reduzido.

Marcha

No 7º mês, muitos bebês tentam caminhar quando apoiados em pé.


Andar para frente nesta idade é freqüentemente descrita como um andar de pajem.
Os MMII alternam entre a flexão e extensão enquanto eles são mantidos em
abdução e rotação externa. O comprimento mínimo do passo é alcançado com esta
postura, e as pernas promovem um avanço muito pequeno do corpo para frente. O
bebê progride primariamente para a frente pela inclinação de tronco superior para
frente e dependendo da pessoa que está segurando para que ele se mova. Marcada
adução escapular e uma lordose é freqüentemente observada nessa tentativa
precoce de marcha.
119

O OITAVO MÊS

O bebê no 8º mês está muito ativo e ocupado com a exploração do


ambiente. Ele pode passar por várias posições e não permanecer em nenhuma
delas por muito tempo. Embora ele tenha um forte desejo em mover-se e explorar
independentemente, há também um aumento no interesse por objetos pequenos. O
bebê usa o aumento da destreza dos dedos e do polegar para pegar pequenos
objetos, manipulá-los, explorá-los visualmente e tatilmente e levá-los a boca.

Supino

Muitos dos bebês no 8º mês não gostam da postura supino. Quando


colocados para trocar a fralda ou vesti-los, eles rapidamente tentam rolar para uma
posição mais funcional.

Prono

Prono é uma posição muito versátil para os bebês do 8º mês, mas eles
freqüentemente não se satisfazem em permanecer nessa postura para brincar.
Quando colocados em prono, eles geralmente movem-se rapidamente para posturas
quadrúpede para engatinhar ou sentado.

Sentado

Embora no 8º mês o bebê use a estabilidade da postura para permanecer


sentado, ele já não é dependente dela. Os músculos pélvico-femural e de tronco são
suficientes para estabilizar a postura. Consequentemente, o bebê experimenta e usa
uma variedade de posições dos MMII quando sentado.
A postura sentada em anel é mais estável e freqüentemente é usada
quando o bebê está entretido com uma tarefa motora fina. Quando o esforço está
envolvido, a extensão ou flexão ativa dos metatarsos freqüentemente ocorre,
indicando que os MMII estão ativamente envolvidos no controle postural. O uso
prolongado da postura sentado em anel, sem variação da posição dos MMII, pode
120

indicar que há um problema no desenvolvimento no controle dos músculos pélvico-


femural.
Como pelve tornou-se mais efetiva no controle da postura sentado, o
bebê pode estreitar a base de suporte. Os MMII evoluem para uma postura
estendida na qual os quadris estão mais aduzidos e menos rodados externamente e
os joelhos, estendidos. A tentativa inicial nesta postura envolve ampla abdução dos
quadris com semi-extensão de joelhos. Quando esta postura é nova, ou quando uma
atividade de motora fina é intensa, o bebê pode tentar compensar a falta da
estabilidade posicional nos quadris pela flexão dos metatarsos.
Outra modificação é a combinação da postura em anel e estendida. Um
MI está com o quadril fletido, rodado externamente e abduzida, com flexão de joelho
e dorsiflexão de tornozelo. O outro MI está mais aduzida e menos rodada
externamente no quadril, com o joelho estendido e o tornozelo em flexão plantar. A
assimetria nos MMII causa um deslocamento de peso direcionado para o MI que
está fletido, abduzido e rodado externamente. Esse deslocamento de peso torna-se
óbvio quando o bebê tenta mover-se.
Sentado com os MMII estendidos e a pelve na vertical requer mobilidade
dos isquiotibiais. Quando o quadríceps estende os joelhos, os isquiotibiais são
alongados. Como o bebê pratica esta postura, ele ganha mobilidade pelve-fêmur-
joelho.
Se há uma tensão nos isquiotibiais e o bebê estende totalmente os
joelhos, a pelve fará a retroversão e o tronco fletirá para frente. Esta postura não
aparece no desenvolvimento normal.
Como o bebê não precisa mais dos MMII para estabilizar a postura, os
MMII podem ser usados para orientar o corpo em direção a brinquedos e pessoas. O
bebê pode realinhar o corpo para alcançar um brinquedo pela abdução e rotação
externa ativas de um quadril e flexão de joelho. Se o brinquedo está longe do
alcance, o bebê então inclinar o tronco simetricamente sobre o MI fletido para
alcançá-lo. A reorientação do corpo permite ao bebê mover o tronco no plano
sagital, o qual é o método mais estável para o alcance que a movimentação do
tronco em outros planos.
Durante o 8º mês, o bebê freqüentemente pratica a rotação de tronco
(plano transverso), sentado. A rotação da cabeça causa uma rotação total da coluna
121

e da pelve sobre o fêmur. A rotação da pelve para o lado facial é controlada pela
rotação externa ativa do quadril do lado occipital.

Indicações de possíveis distúrbios do desenvolvimento

A incapacidade para sentar pode estar relacionada ao uso excessivo da


extensão de cabeça, tronco e quadril. Forte tensão nos extensores de quadril (glúteo
máximo e isquiotibial) também dificulta o bebê em sentar.
Também, pode ser devido a um baixo tonus, precária extensão de tronco
e pobre estabilidade pélvico-femural, sendo que nesses casos o bebê pode inclinar-
se para frente e apoiar-se nos MMSS. O apoio nos MMSS interfere no
desenvolvimento do uso dessas extremidades.
Problema mais sutil pode estar presente se o bebê mantém a postura
sentada em anel, sugerindo controle insuficiente de tronco-pelve-quadril para tirar os
MMII do sistema postural. Manter-se em postura simétrica de MMII limita a
movimentação do tronco no plano sagital. Se a rotação é usada, o tronco superior
roda sobre a pelve estável e uma mobilidade anormal entre caixa torácica e pelve se
desenvolverá. O controle dos músculos diagonais do tronco não se desenvolveu e o
bebê terá dificuldades com os movimentos recíprocos de extremidades.

Sentado de lado

Como o controle de tronco e pelve-fêmur continua a desenvolver-se


durante o 8º mês, o bebê começa a permitir que o MI do lado occipital rode
internamente durante a rotação de tronco. Inicialmente o controle da abdução é
mantido. Eventualmente, o MI do bebê irá aduzir e rodar internamente, e o bebê
sentará de lado.
Sentado de lado é uma postura de transição para muitos bebês, e eles
não gastam muito tempo nessa posição. Muitos bebês transitam de/para sentado de
lado pela alternância ativa entre a rotação externa e interna de quadril.
O sentado de lado precoce promove uma base larga de suporte. Um MI
está em posição de anel e o outro, em “W”. Como o controle do bebê aumentou, ele
poderá sentar-se de lado com uma base mais estreita.
122

Uso dos MMSS

O aumento no controle de tronco e pelve-fêmur sentado permite que o


bebê alcance numa variedade de direções, com diversos padrões de alcance. O
bebê usa uma preensão radial-digital, com oponência entre o polegar e a ponta dos
dedos. O bebê também usa uma preensão em tesoura com pequenos objetos,
aduzindo o polegar para o lado do dedo indicador fletido. O bebê pode manipular,
transferir e soltar o brinquedo.
O bebê parece gostar dos movimentos de prono/supinação de antebraço
e pratica isso com ou sem brinquedo nas mãos. A ação dinâmica dos músculos da
escápula promove uma estabilidade femoral, a qual conseqüentemente promove a
estabilidade para os movimentos de antebraço numa variedade de posições no
espaço.
No 8º mês, o bebê pode segurar dois objetos simultaneamente (atividades
paralelas) e trazê-los juntos. Segundo Fagard (1990), bater com força dois
brinquedos juntos indica que o bebê está aumentando sua habilidade para associar
objetos.
De acordo com Corbetta e Mounoud (1990), o bebê continua a usar a
informação visual e tátil relacionada com as propriedades intrínsecas do objeto para
refinar o controle da mão (abertura, orientação, percepção). As propriedades
intrínsecas do objeto incluem tamanho, forma e textura.

Passagem de sentado para quadrúpede

O bebê pode mover-se facilmente de sentado para quadrúpede, iniciando


esta transição fletindo a perna e pé sob o corpo. A outra perna mantêm-se fletida,
abduzida e rodada externamente, promovendo estabilidade para a pelve. Um avez
que a perna é passada sob o corpo, o bebê move a pelve e o tronco para frente
como uma unidade sobre a perna de baixo (tíbia). O tronco mantém-se
simetricamente estendido, e o movimento ocorre no plano sagital. Marcada
mobilidade da articulação do quadril é necessária para esta transição. Uma vez que
o centro de gravidade é elevado e direcionado, o bebê pode descarregar o peso nos
MMSS e ajustar os MMII para engatinhar.
Uma vez que o bebê é deslocado para frente para quadrúpede, o MI com
descarga de peso tem que rodar internamente para alinhar o MI com o tronco. O MI
123

sem o peso deve manter-se fletido, abduzido e rodado externamente com o pé


tocando o solo. Alguns bebês engatinham nessa postura.
Na completa transição para quadrúpede, muitos bebês ajustam o MI
abduzido pela adução do mesmo para trazê-lo alinhado com a pelve e tronco. O
engatinhar recíproco procede desta postura.
De quadrúpede, o bebê pode retornar para sentado pela reversão do
processo descrito. De quadrúpede, um deslocamento de peso lateral resulta na
abdução, flexão e rotação externa de um MI tanto que os pés repousam no solo. O
MI com descarga de peso ativamente ele roda externamente e o pé é passado sob o
tronco. A ação dos músculos do quadril puxa a pelve e o tronco para baixo (sentar).
Sem o controle ativo do quadril, os bebês não podem vir a sentar-se com esse
padrão.

Indicações de possíveis distúrbios do desenvolvimento

Bebês que usam a postura sentada em anel terão dificuldade de


transicionar para outra posição. Falta para eles o controle de tronco que é
necessário para liberar os MMII do sistema postural e permitir seu realinhamento.
Também falta controle para os músculos pélvico-femural.

Engatinhar

O engatinhar aos 8 meses é um meio muito eficiente para o bebê mover-


se de um lugar para outro. Eles usam os movimentos recíprocos de extremidades no
engatinhar, o qual requer um controle diagonal e contrarotacional de tronco.
Quando os movimentos recíprocos de extremidades são usados para
engatinhar, a oposição entre MMSS e MMII move simultaneamente e ocorre a
contrarotação no tronco. Quando o MS esquerdo é elevado, o peso é deslocado
lateralmente para o MS direito e ocorre uma sutil rotação de tronco superior para a
esquerda. Quando o MS direito é elevado, o peso é deslocado lateralmente para o
MS esquerdo e ocorre uma sutil rotação de tronco superior para a direita. Entretanto,
o tronco superior roda para a esquerda e o tronco inferior para a direita (oposição e
contrarotação). Nenhuma rotação é observada porque elas são absorvidas na região
média do tronco, T7 –T8.
124

Quando MS esquerdo e o MI direito são elevados, o peso é redistribuído


para o MS direito e do MI esquerdo. Entretanto, há uma diagonal imaginária de
controle entre o MS direito e o MI esquerdo. Esta diagonal de controle envolve os
músculos de tronco, ombros e quadris. A sincronia na ação desses músculos parece
manter o corpo junto. Este controle diagonal é significante no engatinhar recíproco.
Na falta dele, o bebê mantêm um engatinhar homolateral ou ipsilateral, que utiliza a
reação de endireitamento lateral mais primitiva, no qual todo o peso é deslocado
lateralmente.
Engatinhar e seus componentes de deslocamento de peso promovem
uma variedade de inputs para as mãos, o qual pode contribuir para o
desenvolvimento dos arcos palmares. Um deslocamento de peso lateral na mão
libera os dedos radias para a preensão. Mais que isso, o bebê freqüentemente
carrega pequenos brinquedos na mão enquanto engatinha. Ele também está
começando a empurrar o brinquedo com uma mão durante o engatinhar.

Levantar-se para em pé

O desejo do bebê em alcançar a postura ereta é muito forte no 8º mês, e


ele agora tem habilidade motora para realizar isso. Ele freqüentemente puxa-se para
em pé num móvel ou nas pessoas, e ele gosta de escalar móveis e escadas. Um
bom controle e força de MMSS são fatores críticos. Embora os MMSS ainda façam a
maior parte do trabalho nesta transição, os MMII promovem mais assistência do que
no 7º mês.
Nesse processo de puxar-se de quadrúpede para em pé, o bebê estende
os MMSS e os apoia num lugar seguro sobre uma mobília. Isto promove uma
estabilidade para a elevação do tronco. Nas tentativas precoces de puxar-se para
em pé, o bebê estabiliza a pelve e os quadris (e assim o centro de gravidade) com
os flexores de quadril e sinergicamente os flexores de joelho e tornozelo. Isto é
notado por uma forte anteversão pélvica e marcada dorsiflexão de tornozelo.
Uma vez que os MMSS estão estáveis, o bebê empurra-se para baixo
com os MMSS para erguer-se em pé. Na tentativa inicial, o bebê pode usar a
extensão simétrica de MMII para auxiliar o processo, mas num curto período de
tempo o bebê muda para as posturas assimétricas de MMII. Como os MMSS
125

promovem a estabilidade postural enquanto o bebê levanta-se, os MMII ajustam-se


sob o corpo durante a elevação.

Ajoelhado

O ajoelhado e o semi-ajoelhado ocorrem como uma etapa natural na


transição para a posição ortostática. Durante as experiências precoces no ajoelhado
e semi-ajoelhado, o bebê confia nos MMSS para a estabilidade. Os extensores de
quadril ainda não estão ativos. A estabilidade pélvico-femural é mantida pelos
flexores de quadril e pela grande abdução de MMII. A ativação dos flexores de
quadril engatilha a ação sinergista nos flexores de joelho e dorsiflexores de
tornozelo. Entretanto, acentuada dorsiflexão de tornozelo freqüentemente sugere
fixação na articulação pélvico-femural com os flexores de quadril.
Quando os MMSS promovem a estabilidade postural, o bebê pode
experimentar com o soltar da fixação dos flexores de quadril e praticar a atividade
extensora. A extensão de quadril no ajoelhado é mais difícil que a extensão em pé
devido à flexão do joelho.
Há várias razões do por quê ser difícil para o bebê estender os quadris no
ajoelhado. Primeiro, com a nova postura, o bebê apoia-se nos flexores de quadril
para estabilizar a pelve e quadris na posição vertical. O bebê no 8º mês precisa de
tempo e prática para descobrir como usar os extensores de quadril e abdominais
para esta estabilidade.
Segundo, é difícil para o bebê estender os quadris quando os joelhos
estão fletidos devido ao alongamento do quadríceps (reto femural). Quando o reto
femural está tenso e é alongado pela flexão de joelho, isso causa a flexão de quadril.
Entretanto, parte deste processo de conquista da postura ajoelhado envolve
alongamento ativo do reto femural (o alongamento inicial do reto femural ocorre no
5º mês quando o bebê brinca com a flexão/extensão ativa de joelhos na postura
prono)
A extensão de quadril é alcançada através da contração do glúteo
máximo, o qual trabalha em sinergia com os músculos da coluna e o abdominal
lateral. Como o glúteo máximo tornou-se mais ativo e promove a estabilidade
pélvico-femural, a fixação do flexor de quadril está diminuída e os flexores de quadril,
incluindo o reto femural, são ativamente alongados.
126

Semi-ajoelhado

Para o bebê alcançar a postura semi-ajoelhada, ele tem que estar apto a
dissociar os MMII numa posição de descarga de peso. A mobilidade e habilidade
para dissociar os MMII começa no 5º mês em prono, que é uma posição sem
descarga de peso. Como em prono, a dissociação dos MMII para o semi-ajoelhado é
iniciado pelo deslocamento lateral do peso no tronco e pelve. O lado com descarga
de peso longa e o quadril estende. O tronco do lado sem a descarga de peso
responde com a reação de endireitamento lateral (a qual inclui uma súbita flexão
lateral da pelve) e com a flexão, abdução e rotação externa de quadril.
No 8º mês, o alongamento do lado com descarga de peso é incompleto
na articulação do quadril porque o bebê precisa se estabilizar com a base ampla. O
quadril com descarga de peso mantém-se levemente abduzido e rodado
externamente. Entretanto, todo deslocamento de peso não é alcançado. Para
compensar, o bebê pode fletir lateralmente o tronco no lado com a descarga de peso
para o MI sem o peso que se move para frente.
Todo o tempo, o bebê continua a praticar essa transição; eles alcançam
todo alongamento da lateral. Tal alongamento requer aumento do controle dos
extensores de quadril (especialmente o glúteo máximo), dos adutores e dos
rotadores de quadril. Em adição, o controle excêntrico dos abdutores de quadril é
necessário para prevenir o excessivo deslocamento de peso.
Após os MMII estarem posicionados em semi-ajoelhado, no bebê usa os
MMSS para estabilizar e controlar para manter-se em pé. O bebê continua a usar
esta habilidade para ajustar os MMII sob o tronco. Quando a estabilidade dos MMII é
conquistada, o bebê pode liberar os MMSS do sistema postural e usá-los para o
alcance e a preensão.

Indicações de possíveis distúrbios do desenvolvimento

O ajoelhado e semi-ajoelhado são tarefas difíceis porque elas requerem


controle postural de tronco e quadril e apoio de MMSS. Bebês com dificuldades em
alguma dessas áreas será difícil a transição para o ajoelhado e semi-ajoelhado.
Bebês com controle suficiente de MMSS, mas com um controle precário
pélvico-femural podem assumir a postura ajoelhada pelo tracionar-se com os MMSS
127

enquanto fixam o tronco inferior com os flexores de quadril. Embora isso faça parte
da seqüência normal de desenvolvimento, ele torna-se anormal quando o bebê não
consegue quebrar essa fixação.
Bebês que usam um forte padrão de fixação para a estabilidade no
ajoelhado não estão aptos para deslocar o peso e liberar um MI para mover-se para
frente. A simetria será mantida e os bebês podem puxar-se para em pé empurrando
os MMSS para baixo e estendendo simetricamente os MMII. Como já mencionado,
este padrão é freqüentemente usado no desenvolvimento motor normal. Ele torna-se
anormal quando o bebê não varia este padrão, ficando estereotipado.

Escalar

O impulso do bebê do 8º mês para a postura ereta não é limitada para


puxar-se para em pé. Felizmente, em muitos casos, o impulso do bebê para escalar
e explora é comparado com a habilidade motora para executar essas tarefas.
Móveis, degraus e pessoas são os obstáculos usuais na tentativa do bebê em
escalar. A escolha é freqüentemente relacionada com os brinquedos e objetos que o
bebê está tentando segurar. Entretanto, o escalar também pode estar relacionado
com a vontade do bebê em explorar o ambiente e perceber o affordance.
O escalar demonstra a habilidade do bebê em resolver problemas de
como manejar seu corpo em superfícies não familiares, não freqüentes e não firmes.
O bebê usa a estabilidade dos MMII e a informação do feedback para regular essa
progressão. O escalar envolve o deslocamento de peso alternado de um lado para
outro, em ambas as extremidades superiores e inferiores. O processo total duplica a
seqüência do ajoelhado, semi-ajoelhado e em pé.
Os componentes usados no 8° mês para escalar são uma continuação
dos componentes iniciados no 5ºe 6º mês para alcançar o deslocamento lateral do
peso, o endireitamento lateral e a dissociação de MMII. Esses componentes incluem
o deslocamento de peso em MMSS e pelve, alongamento do lado com o peso
(incluindo a adução e a extensão de quadril), endireitamento lateral de tronco e
pelve do lado sem o peso e a flexão, abdução e rotação externa do lado sem o peso.
128

Em Pé

O bebê agora tem as habilidades para deslocar o peso nos MMII nos três
planos. Eles podem fletir e extender os quadris e joelhos, e rodar, abduzir e aduzir
os quadris. Eles usam cada uma dessas habilidades para segurar e brincar com
brinquedos e mover-se para explorar o ambiente.
Enquanto está em pé, o bebê abduz os MMII para estabilizar a postura. A
estabilidade dos MMII permite que o bebê libere os MMSS para alcançar, apreender
e manipular, bem como para escalar. Entretanto, os MMSS do bebê são ainda
freqüentemente necessários para reforçar a estabilidade postural.
Conseqüentemente, a fixação com a elevação da cintura escapular pode ser
observada. Isto torna-se óbvio quando o bebê está escalando.
O movimento no plano sagital é usado na manutenção da postura em pé
e abaixar para pegar um brinquedo no chão. Quando o bebê abaixa, ele desloca o
peso posteriormente tanto que os quadris estão bem atrás dos ombros e pés. O
tronco mantém-se ereto.
O abaixar é iniciado pela contração excêntrica e controlada do
quadríceps, mas no final com o bebê colapsando e caindo no chão. A amplitude de
flexão de joelho que ocorre antes do bebê colapsar pode ser uma indicação do
controle excêntrico do quadríceps. Como os quadris e o centro de gravidade são
deslocados tão posteriormente, há um movimento mínimo da tíbia em direção ao pé
(dorsiflexão). Os metatarsos podem fletir, o que indica um aumento na atividade
sinergista para aumentar a estabilidade.
As tentativas iniciais do bebê na rotação (movimento no plano transverso)
em pé são compatíveis com sua tentativa inicial de rodar em prono e sentado. O
deslocamento de peso é iniciado pela rotação da cabeça. Ele está freqüentemente
curioso ou interessado num brinquedo que faz o bebê rodar a cabeça, com
conseqüente rotação de tronco e pelve sobre o fêmur. A cintura escapular
permanece alinhada com a pelve. O peso é deslocado para o mesmo lado no qual a
face gira. Conseqüentemente, e MI do lado facial assume uma posição de rotação
externa, flexão e sutil adução de quadril, com o peso na borda lateral do pé
dorsifletido (o pé inverte). O MI do lado oposto começa a sutilmente rodar
externamente, estender e abduzir com o peso no lado medial do pé em flexão
129

plantar (o pé everte). Essas posturas de MMII parecem e podem ser precursoras


para as fases média e final do balanço na marcha.
No 7º mês, o tronco roda sobre a pelve simétrica e estável. As cinturas
escapular e pélvica não se mantêm alinhadas e a pelve não roda sobre o fêmur. O
deslocamento de peso sobre os MMII não ocorre.
Para a pelve rodar sobre o fêmur, os músculos do quadril (rotadores
laterais e glúteo máximo) tem que estabilizar a pelve e o fêmur dinamicamente na
posição vertical bem como rodar a pelve sobre o fêmur. A rotação (movimento no
plano transverso) na articulação do quadril é um componente crítico que facilita toda
dissociação de MMII. As extremidades podem mover-se simetricamente nos outros
dois planos (flexão e extensão no plano sagital e abdução e adução no plano
frontal). Os componentes do plano transverso permitem a integração dos
movimentos dos planos sagital e frontal.
O deslocamento de peso dos MMII no plano frontal em pé é similar ao
deslocamento de peso nos MMSS em prono. Em pé, esse deslocamento é iniciado
pelo tronco e cintura pélvica, causando um alongamento do lado com o peso e a
adução, extensão e rotação neutra do quadril do mesmo lado. O peso é deslocado
para a borda lateral do pé, causando sua inversão. O outro MI está livre para fletir,
abduzir e rodar externamente.
Como em prono, esse deslocamento de peso lateral parece ser usado no
modo feedforward para deixar livre as extremidades do lado facial. Em prono, o
deslocamento de peso ocorreu principalmente para o movimento de alcance do MS.
O mesmo é verdade em pé: o deslocamento de peso ocorre principalmente para o
movimento de alcance da perna.
O controle do quadril do lado com a descarga de peso tem que ser
suficiente para iniciar o deslocamento do peso e estabilizar a pelve para o outro
membro ficar livre para se mover. Os músculos pélvico-femurais tem que estabilizar
dinamicamente a pelve e o fêmur na posição vertical, rodar a pelve sobre o fêmur e
manter o quadril do MI com o peso em extensão e rotação externa. Se o quadril é
mantido em extensão e rotação externa pela musculatura, o MI flete e roda
internamente e o peso é transferido para o lado medial do pé. Essas ações dos MMII
parecem ou podem ser precursoras das fases de apoio e balanço da marcha.
130

Marcha lateral

O bebê no 8º mês está começando a combinar novos movimentos de


pelve-MMII para andar ao redor dos móveis. Durante esses novos movimentos, o
bebê parece reforçar a estabilidade postural pela elevação dos ombros. Esta postura
de fixação torna-se mais obvia quando o bebê tenta alcançar enquanto está em pé
ou em marcha lateral. A cintura escapular mantém-se elevada ate o bebê ter
desenvolvido maior controle de tronco-pelve-MMII na postura em pé e na marcha.
Na marcha lateral ao redor dos móveis, o bebê começa de uma posição
simétrica. O interesse num brinquedo faz o bebê rodar a cabeça, tronco e pelve
(movimento no plano transverso). Conseqüentemente, o peso é deslocado para o MI
do lado facial o qual é levemente fletido, aduzido e rodado externamente. Leve
extensão, abdução e rotação externa ocorrem o MI contralateral. As cinturas
escapular e pélvica permanecem alinhadas. Entretanto, a rotação ocorra abaixo da
pelve, na articulação do quadril.
O peso é então transferido lateralmente para o MI do lado facial e o bebê
aduz o MI do lado occipital, ambos os movimentos no plano frontal.
Conseqüentemente, o peso é deslocado para o MI do lado occipital pelos adutores
de quadril, com controle sinergista dos extensores e abdutores. Isso libera o MI do
lado facial o qual conseqüentemente move-se no plano sagital com marcada flexão
de quadril e joelho. Esta é a fase de balanço da marcha.
A posição do corpo de rotação e tendência a inclinação permite que o
bebê avance ao redor do sofá pela extensão do joelho e colocação do pé do solo. A
rotação na articulação do quadril promove a dissociação dos MMII. Desta posição, o
padrão de marcha lateral é repetido.

Marcha

Bebês com 8 meses podem ficar em pé independentemente quando


segurado por algum dos metacarpos. Entretanto, esse apoio faz com que o tronco
superior fique fixo com marcada adução escapular. O 8° mês permite que os MMII
abduzidos e rodados externamente, assegurando uma base de suporte ampla e
estável. Os quadris estão mais alinhados com os ombros que nos meses anteriores,
131

mas isto é acompanhado por marcada extensão de tronco e lordose lombar com que
aumento da extensão do quadril.
Os MMSS e cintura escapular promovem uma estabilidade postural para a
marcha, como demonstrados pela dependência continuada dos bebês no apoio dos
MMSS por um adulto. Os MMSS e cintura escapular podem mais uma vez serem
descritos com unidos ao sistema postural. Pelo limitado grau de liberdade do tronco
superior através da adução da escápula, o bebê parece Ter um controle aumentado
nos MMII.
No 8º mês, o bebê ainda não roda a pelve sobre o fêmur quando
caminha para frente. Os movimentos de MMII ocorrem primariamente nos planos
sagital e frontal. O padrão “steppage” de flexão, abdução e rotação externa de
quadril é ainda usado durante o balanço. O balanço da perna é hiperfletido, com o
quadril, joelho e tornozelo fletindo em sincronia, a qual é seguido de extensão
sincrônica. O MI de apoio mantêm-se abduzido e rodado externamente.
132

O NONO MÊS

No 9º mês, as diferenças nos níveis de habilidade entre os bebês está


aumentando. Alguns bebês estão mais ativos que outros, concentrando-se mais em
atividades motoras finas que grossas.
Nesta idade, muitos bebês estão combinando suas habilidades motoras
grossas e finas. È uma idade de exploração sensório-espacial ativa. Muitos bebês
detectam muitos affordances no ambiente e tem as habilidades motoras para
explorar esses affordances. O bebê está fascinado pelos novos descobrimentos,
brinquedos que mudam, utensílios domésticos e pequenos objetos.
O bebê é muito versátil no sentar e pode assumir muitas posturas
sentadas enquanto ocupa as mãos com atividades motoras finas, além de
transicionar nesta posição para alcançar um brinquedo.
O engatinhar é o meio primário de locomoção. Bebês usam esta
habilidade para agarrar brinquedos que ele vêem cruzar no chão. As habilidades do
engatinhar estão estendidas para as habilidades do escalar. Através do escalar, o
bebê experimenta as propriedades da mobília, descobrindo que algumas são
passíveis de serem escaladas e outras não. Aqui, também, o bebê está aprendendo
o que o ambiente pode oferecer.
Muito do esforço do bebê está em levantar-se para em pé e realizar a
marcha lateral ao redor dos móveis. O bebê está também começando a
experimentar mais com abaixar da postura em pé.

Sentado

Sentado é uma postura funcional para o bebê no 9º mês. O controle de


tronco está desenvolvido embora os MMII possam assumir variadas posições. O
bebê pode sentar em anel, com os MMII estendidos, de lado, em “W”. Sentado é
freqüentemente um estado de transição para os bebês que continuam a explorar o
ambiente ativamente.
O aumento do controle de tronco e pelve libera os MMSS do sistema
postural e permite que o bebê use uma variedade de movimentos de ombro e
133

antebraço. O bebê pode alcançar objetos, variando o padrão de alcance, e pode


fletir os ombros e alcançar acima da cabeça.
O aumento da dissociação entre os MMSS e o tronco permite que o bebê
comece a empurrar objetos e segurá-los durante a transição. Uma preensão de
pinça inferior está emergindo, com adução do polegar para a borda lateral do dedo
indicador. O soltar voluntário está começando e o bebê pratica isso jogando objetos.
Uma transferência verdadeira de uma mão para outra já é possível. O bebê está
começando a fazer os ajustamentos de acordo com o peso do objeto e também a
segurar dois cubos.
Sentar com os MMII estendidos é agora alcançado com o aumento da
extensão de joelho. Como o quadríceps estende o joelho, os isquiotibiais e
gastrocnêmio são alongados. O alongamento dos músculos posteriores do joelho
pode causar a extensão de quadril ou a retroversão pélvica se os isquiotibiais
estiverem tensos; ou a flexão plantar se o gastrocnêmio estiver tenso. Nos bebês do
9º mês, isto não é um problema. Os isquiotibiais e gastrocnêmios tem sido
progressivamente alongados através do processo de desenvolvimento.
Durante o sentar com os MMII estendidos, os quadris estão abduzidos e
rodados externamente enquanto os joelhos são estendidos. A pelve está
perpendicular ou levemente em anteversão. O bebê pode mover a pelve e tronco
estendido para frente da articulação do quadril para alcançar um brinquedo.
Movimentos para frente da pelve alongam os isquiotibiais que conseqüentemente é
seguido pela flexão de joelho.
No 9º mês ele também está começando a brincar com a anteversão e
retroversão ativas enquanto sentado. A anteversão estende o tronco e alonga os
extensores de quadril (isquiotibiais). A retroversão é uma nova atividade que usa a
flexão de tronco e que freqüentemente é vista quando o bebê olha para baixo. O
bebê não está limitado nessas posições, mas ele alterna entre a anteversão e
retroversão.
A posição sentada com os MMII estendidos, o bebê pode rodar o tronco e
a pelve sobre a articulação do quadril do lado facial. A rotação externa do MI do lado
oposto é freqüentemente usada para controlar o deslocamento de peso da pelve.
O movimento do MI do lado facial é também usado para reorientar o corpo
para o alcance. Quando o MI do lado facial flete, abduz e roda externamente da
134

posição com os MMII estendidos, o tronco é simultaneamente deslocado para o lado


do objeto. A mobilidade pélvico-femural é necessária para esta manobra.
O sentado de lado está começando a emergir como outra alternativa. O
sentado de lado freqüentemente ocorre durante o processo de rotação de tronco
para obter um brinquedo ou na transição para quadrúpede. Como mencionado
anteriormente, a rotação tronco-pelve é freqüentemente controlada pela rotação
externa ativa do MI do lado occipital. No 9º mês, no entanto, devido ao aumento do
controle tronco-pelve, o bebê começa a experimentar a redução desse controle
externo. Entretanto, se o bebê sente-se estável durante a rotação tronco-pelve, ele
permite que o MI do lado occipital mova-se da rotação externa. A rotação interna
deste membro resulta na rotação para frente da pelve e o aumento do deslocamento
de pelo do lado facial.
Experiências iniciais com o sentado de lado utilizam um base alargada de
suporte e assim estabiliza a pelve no plano frontal. O MI do lado facial assume a
posição em anel (flexão, abdução, rotação externa), enquanto o membro do lado
occipital assume a posição em “W” (flexão, abdução, rotação interna). O bebê pode
facilmente mover-se dos sentado de lado pela rotação externa do MI do lado
occipital.
Sentar em ”W” é outra nova postura que o bebê pode usar. Ela é
freqüentemente assumida a partir da postura quadrúpede. É usada mais
freqüentemente pelos bebês com baixo tonus, por promover uma base larga e
estável de suporte para o tronco e assim, para os MMSS.
Embora a posição em “W” seja normal, ela não é boa para os MMII pois
ela exagera na rotação interna do quadril e pode assim causar a torção femural, cuja
manobra causa “joelhos batidos”. Sentar em “W” também coloca estresse nos
ligamentos mediais do joelho e pode trazer instabilidade para o joelho.
Quando o bebê roda enquanto sentado em “W”, os MMSS e a caixa
torácica rodam sobre a pelve. A rotação de tronco não inclui a rotação da pelve
sobre o fêmur. Esta é uma posição estável para a pelve; assim o bebê não pode
mover-se. Se esse padrão é usado por um período de tempo, ou se é utilizado
exclusivamente, ele conduz a uma diminuição do controle de tronco e quadris.
Portanto, esta postura deve ser desencorajada.
O bebê pode facilmente passar do sentado em “W” para o ajoelhado,
através do uso do quadríceps. Para isso ele tem que usar inclinação e controle
135

excêntrico do quadríceps. Os flexores de quadril, mais que os extensores, trabalham


com o quadríceps durante essa transição. Isto é notado pela anteversão pélvica e
flexão do quadril.
O bebê pode facilmente passar de sentado para quadrúpede continuando
a usar o salto para frente do tronco simetricamente sobre o MI fletido. Esta manobra
usa os MMSS controlados alcançando para apoiar o corpo para frente. Os músculos
do quadril, especialmente os extensores e abdutores, são usados para estabilizar o
fêmur enquanto o corpo é inclinado. O fêmur com descarga de peso permanece
abduzido e pode assim usar os músculos abdutores de quadril numa contração
concêntrica em conjunto com os extensores de quadril. O MI sem o peso mantêm-se
ativamente fletido, abduzido e rodado externamente. Isto pode estabilizar a pelve em
posição simétrica.
O bebê pode também passar para quadrúpede pela rotação de tronco e
pelve sobre o fêmur. Esta transição requer marcada mobilidade pélvico-femural. O
bebê deve ter controle dissociado dos MMII para ajustá-los sob a pelve uma vez que
o peso é colocado nos MMSS.

Indicações de Possíveis Distúrbios do Desenvolvimento Motor

Bebês que não sentam independentemente estão demonstrando um


desenvolvimento motor atípico. Posturas sentadas estereotipadas, sem variação,
são também indícios de problemas no desenvolvimento, bem como a inabilidade de
mover-se de/para postura sentada.
Bebês que não sentam independentemente ou somente usam o sentar
em anel ou “W” estão demonstrando um desenvolvimento precário dos músculos
pélvico-femurais. Eles estão usando a estabilidade mecânica ou posicional dos MMII
ao invés da atividade muscular dinâmica para estabilizar a pelve e assim, o tronco.
Sentar em anel ou “W” contribuem para o aumento da tensão nos
músculos do quadril e joelho. Sentar em anel contribui hipertonia dos flexores,
abdutores e rotadores laterais de quadril e isquiotibiais. O sentar em “W” reforça a
torção femural e alongamento dos ligamentos mediais do joelho.
A hipertonia de isquiotibiais pode ser um problema significativo para os
bebês além de um sintoma de problemas futuros. A hipertonia desses músculos
inibe a postura sentada com os MMII estendidos. Quando o joelho está reto, a pelve
136

é retrovertida causando a queda o bebê para trás. O bebê pode compensar está
retroversão pélvica pela flexão de tronco, causando a cifose, a qual promove uma
tensão aumentada no reto abdominal.
Hipertonia de isquiotibiais pode também contribuir para uma precária
postura em pé e marcha. Quando os isquiotibiais estão tensos é difícil fletir o quadril
e estender o joelho simultaneamente.
Sentar de lado pode também tornar-se um problema para crianças com
desenvolvimento motor atípico. Sentar de lado é a combinação entre o sentar em
anel e “W”. Ambos contribuem para maior tensão muscular e para o uso anormal da
estabilidade posicional, o qual bloqueia o desenvolvimento dos músculos pélvico-
femurais e do joelho.

Quadrúpede

No 9º mês, o bebê está se tornando mais competente no engatinhar.


Movimentos recíprocos de extremidades e contrarotação de tronco continuam a
serem utilizados. O passo e o controle durante o engatinhar estão mais refinados. O
bebê pode mover-se com passos variados e rapidamente mudar de direção.
Engatinhar é o meio primário de locomoção, e o bebê usa esta habilidade para
explorar o ambiente e para obter e transportar brinquedos.
Da postura quadrúpede, o bebê pode facilmente voltar para sentado pela
reversão do processo usado para assumir o quadrúpede. O peso tem que ser
deslocado lateralmente. Por exemplo, com o peso no joelho esquerdo, o bebê tem
que ativamente rodar externamente o quadril esquerdo para trazer o pé sob o
tronco. A forte rotação externa do quadril com descarga de peso ajuda a trazer o
bebê para trás para sentado. O bebê então estende o tronco e estabiliza os quadris
e pelve. O MI sem o peso mantêm a posição de flexão, abdução e rotação externa.
Isto ajuda a estabilizar a pelve. O controle de tronco está mais estável; entretanto, o
bebê pode manter brinquedos nas mãos durante esse processo.

Indicações de Possíveis Distúrbios do Desenvolvimento Motor

O bebê que não assume a postura quadrúpede, que não se move nela,
ou que engatinha com um padrão de “pulo de coelho” está indicando um distúrbio no
desenvolvimento motor. Bebê que engatinham como “pulo de coelho” continuam a
137

fixar seus flexores de quadril, o qual restringem a extensão do quadril. Essa fixação
também restringe a dissociação dos MMII e o deslocamento de peso lateral,
necessário para o padrão recíproco do engatinhar.

Ajoelhado

O bebê pode brincar na postura ajoelhada usando o quadríceps para


estender os joelhos e elevar o tronco. Os extensores de quadril podem auxiliar, mas
os flexores parecem estar mais fortes. Enquanto ajoelhado, o bebê mantém a
postura de flexão de quadril, abdução e rotação externa. Forte contração dos
flexores de quadril é acompanhada pela sinergia dorsiflexão do tornozelo e
anteversão pélvica. Quando o bebê não está fixo com os flexores de quadril, o
tornozelo relaxa em flexão plantar.
No 9º mês, o bebê pode assumir o semi-ajoelhado. Para isso, o tem que
estar apto a controlar o tronco e os quadris enquanto desloca o peso lateralmente.
Com o deslocamento de peso, há um alongamento simultâneo do lado com a
descarga de peso e endireitamento lateral e a flexão lateral do lado sem o peso. Isso
permite que o MI sem o peso venha para frente, como parte de uma reação de
equilíbrio. Devido a descarga de peso assimétrica, o semi-ajoelhado é de
manutenção mais difícil que o ajoelhado. No entanto, ele representa um controle de
quadril mais desenvolvido.

Escalar

O escalar é outra habilidade que o bebê usa para explorar o ambiente. O


aumento do controle pelve-quadril permite ao bebê parar e assumir em várias fases
de transição, como o ajoelhado e semi-ajoelhado.
Escalar degraus claramente isola os movimentos usados no escalar.
Durante o escalar degraus, cada seqüência de deslocamento de peso é repetida
uma sobre a outra. A seqüência é iniciada com o deslocamento lateral e
alongamento do lado sem a descarga de peso, e endireitamento lateral com flexão,
abdução e rotação externa de quadril do lado sem o peso. Isto permite que o bebê
eleve o MI para dar o passo. Isso é seguido pelo deslocamento lateral do peso para
o lado encurtado, com conseqüente alongamento deste lado. O MI vem para frente
138

numa posição semi-ajoelhado. Isso é seguido pelo deslocamento de peso para o MI


fletido, o qual facilita a extensão do joelho e alongamento deste lado. O bebê pode
assumir a postura em pé ou continuar a fletir o MI para o próximo passo.
Embora o bebê tenha as habilidades motoras para escalar degraus e
móveis, ele ainda não tem habilidade para abaixar. O bebê ainda não tem critérios
para saber que esta é uma posição perigosa. O esforço para descer freqüentemente
inclui a tentativa para sentar-se pelo deslocamento de peso para a pelve
posteriormente, a qual o curso é arriscado e o pode causar a queda do bebê.
Escalar uma pequena cadeira é um problema de percepção no 9º mês. O
bebê tenta usar seu conhecido plano de escalar, mas terminar em pé, antes de
sentar na cadeira. O esquema de escalar inclui o deslocamento lateral do peso e o
endireitamento lateral, ajoelhado, semi-ajoelhado e em pé.
Sentar numa cadeira torna-se um evento problema-solução. O bebê tem
que experimentar com suas habilidades motoras para desenhar como ele pode
sentar, antes ficar em pé, na cadeira. Tentativas anteriores para sentar
freqüentemente não tiveram sucesso. Para sentar na cadeira, o bebê tem que
modificar sua seqüência prevista de ajoelhado. Uma vez que o primeiro MI é fletido
sobre cadeira, o bebê tem que roda a pelve e o tronco sobre o MI. A rotação externa
do quadril fletido é necessária.

Indicações de Possíveis Distúrbios do Desenvolvimento Motor

O escalar é uma atividade importante no 9º mês, pois promove ao bebê a


oportunidade de explorar o ambiente e praticar novas combinações de habilidades
motoras. Também há o reforço da habilidade do bebê em resolver problemas. Bebês
que não escalam estão privados dessas experiências.
A inabilidade para escalar sugere um atraso no desenvolvimento. Bebês
que não descarregam e deslocam seu peso sobre os MMSS ou que não realizam a
transição de/para sentado e quadrúpede demonstram um atraso motor.
Bebês que parecem Ter os componentes motores para o escalar, mas
rejeitam esta atividade podem estar fazendo reações sensório-perceptual. Esta é
uma idade de exploração sensório-espacial ativa de movimento. Este é um tempo
quando o bebê aprende sobre altura, distância e espaço. De alguns bebês, esta
139

consciência produz medo. Alguns bebês podem precisar de ajuda para modificar o
medo e sua base.
Outra possível razão para o bebê não escalar é que ele pode não
perceber ou detectar que essas superfícies estão proporcionando para o escalar.
Affordances para as ações são aprendidas através da exploração visual e tátil. No
entanto, bebês com mobilidade limitada têm experiências exploratórias restritas, as
quais limitam sua percepção do que é possível.

Em Pé

A postura ereta e a marcha são dispositivos primários do bebê. Muito


esforço é necessário para levantar-se em pé e realizar a marcha lateral. O bebê está
também começando a experimentar mais com abaixar. Esta é ainda realizada com o
deslocamento de peso posterior para sentado.
O 9º mês descarrega todo peso nos MMII. Entretanto, a mão apoiada na
mobília ainda ajuda a estabilizar o equilíbrio. O bebê pode antecipar a necessidade
postural e assumir uma base larga de suporte com os MMII quando atrai as mãos
com um novo ou complicado brinquedo. Se o brinquedo cai, o bebê pode ir buscá-lo
no solo. O bebê no 9ºmês ainda usa um marcado deslocamento de peso posterior
nos quadris para abaixar para o chão. O bebê estabiliza o tronco, quadris e joelhos
durante o deslocamento de peso posterior. Isto freqüentemente facilita uma resposta
de equilíbrio de dorsiflexão do tornozelo.
Abaixar e sentar-se no chão não é sempre planejado. Isto também ocorre
quando o bebê perde o equilíbrio em pé. Essa perda de equilíbrio freqüentemente
ocorre quando o bebê está muito envolvido com um brinquedo. A manipulação de
brinquedos pode tornar-se mais significante que o controle do equilíbrio.
O bebê no 9º mês continua a praticar a rotação em pé. Durante a rotação,
o tronco e a pelve rodam sobre o MI do lado facial, causando a rotação externa do
MI e a inversão do pé. A inversão causa o deslocamento de peso para a borda
lateral do pé. Concomitante com a rotação da pelve, o MI do lado occipital sutilmente
estende e roda internamente. A mobilidade da rotação interna do quadril pode ainda
estar limitada: entretanto, para compensar o movimento, o quadril do lado occipital e
o joelho fletem como a pelve roda sobre o MI do lado facial. Os componentes da
140

rotação tornam-se mais evidentes durante o 9º mês e podem contribuir para a total
mobilidade da articulação do quadril.

Marcha Lateral

O padrão de marcha lateral está se tornando mais refinado, mas o apoio


dos MMSS é ainda crítico. O bebê agora exibe maior controle dos MMII no plano
frontal enquanto caminha ao redor dos móveis. A abdução do quadril está
acompanhada com menos flexão de quadril e mais extensão de joelho. A
observação do padrão sugere que o tensor da fáscia lata está ativo nesse
movimento. A anteversão pélvica ainda ocorre durante a abdução do quadril,
sugerindo estabilidade sinergista dos flexores de quadril.
Da posição de abdução com flexão de quadril, o bebê traz o pé no solo.
Uma vez que o pé esteja no solo, o bebê desloca o peso lateralmente sobre o MI
usando os músculos adutores de quadril. Esses músculos têm que contrair
sinergisticamente para controlar o deslocamento lateral do peso. Uma vez que o
peso é deslocado, o outro MI está sem o peso e livre para aduzir, assim continuando
o processo da marcha lateral.
O aumento do controle pelos adutores e abdutores de quadril permite um
deslocamento de peso lateral mais homogêneo quando o bebê alterna entre a
abdução e adução. Esse controle também permite o alinhamento fechado do MI com
o tronco durante a descarga de peso do membro-comum. A mudança no padrão
abdução/adução sugere um aumento no controle e na mobilidade entre a pelve e o
fêmur. Isso pode também sugerir um controle excêntrico aumentado dos abdutores
de quadril. O controle excêntrico é necessário para controlar o deslocamento lateral
do peso em pé.
Em adição ao controle de quadril no plano frontal, o bebê está
desenvolvendo o controle de quadril no plano transverso. Isto é demonstrado
somando com o componente da rotação durante a marcha lateral. Usando o
aumento do controle de quadril, o bebê pode deslocar o peso lateralmente e então
rodar em direção ao MI sem o peso. Essa postura parece a fase de apoio (MI
esquerdo) e a fase de balanço (MI direito) na marcha.
Esta rotação é similar a que é observada na descarga de peso no
antebraço onde o deslocamento lateral do peso precede o alcance a assim libera a
141

mão do lado facial para o alcance. Isto é também um exemplo de um pré-planejado


(feedforward) ajuste postural realizado principalmente para o movimento.
Durante este processo, a pelve roda para frente sobre o MI com descarga
de peso. Os músculos rotadores laterais do quadril, incluindo o glúteo máximo, têm
que contrair simultaneamente para manter o MI com descarga de peso rodado
externamente e estendido. A rotação externa do MI permite o joelho estendido e o
peso na borda lateral do pé, pronação do pé.
Este padrão de rotação interna do quadril, flexão de joelho e pronação do
pé é visto precocemente no processo de desenvolvimento. Entretanto, se este
padrão é continuado, ele sugere um controle insuficiente dos músculos extensores e
rotadores lateral do quadril.
No próximo passo da marcha lateral, o bebê transfere o peso sobre o MI
da frente e roda mais em direção ao objetivo. Agora os rotadores laterais de quadril
têm que estabilizar o quadril para frente em rotação externa. A mobilidade rotacional
aumentado na articulação do quadril permite que o MI do lado occipital sem o peso
estende e roda internamente.
O aumento da extensão do quadril, através da ação do glúteo máximo,
facilita a extensão de quadril e a flexão plantar do tornozelo. Em observação, a
posição do MI do lado occipital parece a parte terminal da fase de apoio da marcha
mais madura e pode assim ser um precursor disso.
O padrão da rotação em pé e na marcha lateral muda rapidamente no 9º
mês. A rotação muda o padrão da marcha lateral lado-para-lado para um padrão de
marcha para frente. Os componentes tornam-se mais refinados. A rotação, ou
movimento no plano transverso permite a integração de outros dois planos de
movimento. Entretanto, como a rotação da pelve sobre o fêmur torna-se mais
controlado, há maior dissociação entre os MMII. Como os MMII tornam-se mais
dissociados, os componentes do plano sagital (flexão/extensão) e frontal (abdução e
adução) tornam-se menos evidente. O padrão de marcha para frente utiliza a
dissociação dos MMII o qual é um indicativo de controle triplanar (sagital, frontal e
transverso) da articulação de quadril.
Esses padrões estão emergindo durante o 9º mês e podem não serem
sempre usados. O padrão de marcha lateral com a abdução dos MMII e apoio dos
MMSS é mais comum nesta idade.
142

Indicações de Possíveis Distúrbios do Desenvolvimento Motor

A inabilidade para ficar em pé pode ser devido ao tono extensor muito


forte ou muito fraco. Esse são sinais óbvios de desenvolvimento motor anormal.
Problemas mais sutis podem ser demonstrado na maneira como o bebê
assume e se mantém em pé. No 9ºmês, o bebê sabe iniciar e controlar o
deslocamento de peso nos MMII enquanto em pé. Quando a rotação e o
deslocamento de peso para o lado facial, o bebê pode corrigir os distúrbios de
equilíbrio usando o feedback.
Bebês com problemas motores sutis podem não estarem aptos para usar
a informação do feedback para fazer os ajustes posturais após o peso ser
deslocado. Conseqüentemente, o bebê cairá como resultado dos movimentos da
cabeça em pé.
Outro problema é a inabilidade para usar a informação por feedforward
para antecipar os distúrbios de postura. Isto é observado como a inabilidade do bebê
em deslocar o peso lateralmente principalmente para rodar para o MI do lado facial
sem o peso. Isto resulta numa inabilidade para cruzar ao redor dos móveis porque o
peso está sempre no MI do lado facial.

Apoio durante a Marcha

Quando o bebê é apoiado na marcha, ele continua a fixar o tronco


superior e limitar os graus de liberdade com forte adução escapular. A adução da
escapula facilita a extensão da coluna e a anteversão pélvica. Os quadris estão
sobre os ombros devido a extensão lombar e anteversão pélvica, e não pela
extensão do quadril Como resultado da anteversão pélvica, o quadril mantêm-se
fletido. A abdução com rotação externa do quadril continua a promover uma base
larga de suporte.
O bebê limita os graus de liberdade, ou fixa, os quadris nos planos frontal
e transverso. Em outras palavras, o bebê mantém a abdução e rotação externa do
quadril durante a fase de apoio e balanço da marcha. Os MMII movem-se
primariamente no plano sagital como o bebê usa a flexão e extensão de quadril.
143

Durante o balanço, o bebê move o quadril, joelho e tornozelo em sincronia


com a flexão, abdução e rotação externa. Isto é seguido pela sincronia entre
extensão, abdução e rotação externa. A amplitude da extensão de quadril é ainda
limitada. Entretanto, o bebê compense com a anteversão pélvica. Durante a fase de
apoio, o bebê utiliza a abdução e rotação externa do quadril para manter a base de
suporte alargada para a estabilidade.
A rotação externa limita a amplitude da extensão do quadril. Entretanto, o
desenvolvimento dos extensores de quadril parece estar relacionada com o aumento
da rotação interna do quadril. Através dessas mudanças estarem ocorrendo, o bebê
anda ao redor dos móveis, eles ainda não estão presentes na marcha para frente.
Nesta habilidade mais avançada, o bebê ainda limita o grau de liberdade ao redor
dos quadris. Como o bebê continua a praticar a marcha com apoio, o aumento do
controle dos músculos do quadril se desenvolverá. Conseqüentemente, a
necessidade de fixar com rotação externa diminuirá e a dissociação dos MMII
aumentará em coincidência com o aumento da rotação pélvico-femural e extensão
do quadril.
144

O DÉCIMO MÊS

Os bebês com 10 meses são muito ativos, explorando o ambiente e


praticando suas habilidades motoras. Durante este período eles perdem muito tempo
desenvolvendo e brincando com os conceitos de percepção, especialmente dentro e
fora. O bebê nessa idade freqüentemente gosta de todos os brinquedos e deseja
inspecioná-los com os olhos e as mãos. Durante esse tempo, o bebê esta muito
interessado em brincar com recipientes, colocar objetos e tirá-los. No 10º mês o
bebê está começando a fazer mímicas gestuais.

Sentado

O sentar estático é raro no 10º mês. Quando o bebê está quieto sentado,
ele está freqüentemente comendo ou explorando brinquedos. Eles perdem muito
tempo movendo-se de e para sentado, buscando os brinquedos e levando-os para
outros lugares.
Mas no 10º mês, o bebê pode sentar com os MMII estendidos e alinhados
com o corpo. Essa postura é possível devido ao alongamento adequado dos
isquiotibiais e ao controle dos músculos pélvico-femurais. A rotação de tronco é uma
posição também possível. A pelve roda sobre o fêmur do lado facial.
Larga abdução dos MMII é também possível durante o sentar com os
MMII estendidos. Esta postura promove uma estabilidade postural adicional, mas
requer marcada mobilidade dos adutores de quadril. Embora esta postura promova
uma ampla área para brincar, ela não permite a mobilidade de transição.
A maior parte do tempo, o bebê senta com os MMII numa posição de
alfaiate, que promove a estabilidade, mas também permite a transição. Esta postura
reduz o alongamento dos isquiotibiais e permite o livre movimento da pelve e tronco
estendido para frente sobre os MMII. Este movimento para frente é usado para
alcançar os brinquedos e para a transição para quadrúpede. Essa transição requer
marcada mobilidade pélvico-femural.
Sentado de lado é também freqüentemente usado. O bebê assume esta
posição independentemente rodando internamente um quadril. O sentar de lado
promove uma larga base de suporte durante o brincar dos MMSS. Esta também é
145

uma posição na qual o bebê pode facilmente transitar de quadrúpede para posição
de alfaiate ou para os MMII estendidos.
O sentar em “W” é ainda usado por alguns bebês. Ela promove uma base
estável e larga de suporte na qual é usada particularmente durante as atividades de
manipulação motora fina. Muitos bebês não precisam usar o sentar em “W” para o
controle motor fino, mas a utilizam como uma opção. O sentar em “W” não é uma
boa posição para os quadris e joelhos porque há exagerada rotação interna de
quadril e alongamento dos ligamentos mediais do joelho. Este pode levar a um
aumento na torção femural medial, uma posição de joelho-batido em pé e/ou
estabilidade de joelho.
O bebê no 10º mês pode facilmente sair da postura em “W”. O bebê pode
elevar o tronco e deslocá-lo lateralmente sobre o MI. O MI, harmonicamente, move-
se da rotação interna para a externa. O bebê pode também passar para a postura
ajoelhada do sentado em “W” pela contração do quadríceps.
Cada um desses manuseios ocorre com um tronco estável e marcada
mobilidade e controle pélvico-femural. Essas mudanças na postura ocorrem
automaticamente quando o bebê alcança e brinca com um brinquedo e interage com
o ambiente.

MMSS
O aumento do controle da rotação de tronco permite o alcançar além da
linha média (Vogle e Albert, 1985). Devido ao aumento do controle de tronco, a
adução escapular não é mais tão necessária para reforçar a estabilidade do tronco
durante o alcance. Conseqüentemente, ele assume menos a postura com flexão de
cotovelo. O aumento do controle distal é visto como uma leve extensão do punho
durante a fase de alcance.
Entre o 9º e 12º mês, o bebê usa a atividade dos dedos para manipular e
explorar objetos. De acordo com Ruff (apoud Corbetta e Mounoud, 1990), o bebê
tem vários comportamentos exploratórios, dependendo das propriedades do objeto.
O bebê explora visualmente os objetos com diferentes formas pela rotação do
antebraço para trazer o objeto no campo visual. Objetos com diferentes texturas são
manuseados sob o controle visual. Objetos com diferentes pesos são balançados e
então visualmente inspecionados.
146

No 10º mês o bebê pratica uma variedade de padrões de preensão junto


com o soltar. O bebê pode usar uma preensão em pinça, na qual as partes distais de
polegar e indicador se encontram (Erhardt, 1984; Vogtle e Abert, 1985), para
apreender uma uva passa ou um pedaço de cereal.
O bebê pode também usar uma preensão “three-jaw chuck”, na qual o
polegar, indicador e o 3º dedo são ativados e o 2 dedos ulnares estão parados
(Erhardt, 1984; Vogtle e Albert, 1985: Nash, 1991). Esta preensão é usada para a
auto-alimentação bem como para apreender pequenos brinquedos
O aumento da dissociação dos dedos permite isolar o dedo indicador
(Nash, 1990,1991). Durante este padrão, o 3º dedo e o 2º dedo ulnar estão quietos.
O desvio radial do punho é cada vez mais usado para colocar o dedo indicador
durante o apontar. Este dedo isolado é usado para apontar para um objeto e para
empurrar para dentro de um pequeno buraco (Erhardt, 1984: Nash, 1990, 1991). O
apontar é freqüentemente usado para objetos com rótulo.
O controle dos dedos está mais refinado para a preensão que para o
soltar. Os bebês estão mais competentes para pegar um objeto de uma bacia, mas
eles estão começando a praticar o soltar pela colocação de objetos na bacia. O bebê
pode soltar um cubo dentro de uma larga bacia e está começando a soltar dentro de
pequenas bacias (Erhardt, 1984: Vogtle e Albert, 1985).
No 10º mês ele também está praticando o soltar através da supinação de
antebraço (Nash, 1991). Com o antebraço supinado, os dedos abrem e o brinquedo
cai. O bebê precisa de uma superfície, geralmente a mão de alguém, dentro da qual
ele solta o brinquedo.
O bebê do 10º mês pode usar o comportamento de coordenação das 2
mãos para a manipulação e exploração (Corbetta e Mounoud, 1990). A
demonstração dessa coordenação ocorre quando o bebê retira um cubo de uma
bacia com uma mão enquanto a outra, estabiliza a bacia. O bebê também pode
bater 2 objetos juntos e transferi-los de uma mão para outra.
Ele pode engatinhar com objetos em ambas as mãos. Isto pode contribuir
para o desenvolvimento dos arcos palmares (Nash, 1991). Usualmente o brinquedo
é segurado pelo lado radial da mão, a qual desloca o peso para o lado ulnar e facilita
a rotação externa no ombro.
147

Engatinhar e Escalar

O engatinhar e escalar são as principais atividades do bebê no 10º mês.


Esses movimentos demonstram e desenvolvem a coordenação dos bebês entre o
tronco e as extremidades. Eles também demonstram e desenvolvem a emergência
das habilidades perceptuais. O bebê agora tem controle motor suficiente e
consciência corporal para mover o corpo sobre, ao redor ou dentro de obstáculos
que podem obstruir um brinquedo.
Engatinhar é ainda um mecanismo primário de locomoção. Movimentos
recíprocos de extremidades e contrarotação de tronco permite que o bebê mova-se
homogeneamente e rapidamente pelo chão.
Se o bebê encontra obstáculos enquanto engatinha, ele pode continuar
sua progressão para frente pelo escalar através ou sobre o obstáculo. Através
desses experimentos, eles podem encontrar obstáculos de diferentes pesos,
tamanhos e estabilidade e assim será desafiado para desenvolver um repertório de
solução de problemas. Este ajustamento é desenvolvido somente através da
experiência e solução ativa de problemas. Bebês experimentarão a instabilidade e
podem possivelmente cair quando eles escalam objetos instáveis. Esta informação
será arquivada no repertório de solução de problemas e alertará quando ele tentar
escalar um objeto similar.
Objetos de diferentes alturas e larguras desafiam o bebê em diferentes
caminhos. O planejamento motor e as habilidades para solução de problemas são
aprendidos e o bebê pratica o alcance para cima e para baixo com as mãos e pés
para encontrar um ponto estável. As habilidades de planejamento motor são também
aprendidas durante o escalar com as experiências do bebê com extremidades e
tronco. O bebê tem que fazer os ajustes finos na postura para manter-se estável
durante esses manuseios.
Engatinhar requer estabilidade de tronco inferior para os movimentos de
tronco superior, e estabilidade de tronco superior para os movimentos de tronco
inferior. Quando um MS e um MI movem-se simultaneamente, a estabilidade
dinâmica de tronco torna-se um componente essencial.
Engatinhar é ainda uma atividade que o bebê gosta. Movimentos
alternados recíprocos de extremidades são usados para mover-se numa escada. O
bebê do 10 mês parece ter mais consciência perceptual com respeito ao descer
148

uma escada. O bebê agora olha para trás, então ele abaixa-se sobre o MI com
descarga de peso e passa para sentado como alfaiate. Da postura sentado, o bebê
pode trazer o MS para frente para descarregar o peso e estabilizar o tronco para
estar apto para mover o MI. Quando o bebê sente-se estável, o MI é abaixado para
um passo para baixo. Esta é uma nova atividade para o bebê, que ainda precisa de
assistência. Entretanto, a tentativa do bebê para controlar o processo de abaixar
demonstra um aumento na consciência perceptual.
Ajoelhado sem suporte externo é uma ocorrência comum para o 10 mês.
A contração do quadríceps é necessária para elevar o corpo. Os extensores de
quadril são necessários para estabilizar o tronco. Se os flexores de quadril, em
adição aos extensores, são ainda utilizados para estabilizar o tronco, há uma leve
anteversão e dorsiflexão sinergista do tornozelo.
O bebê do 10 mês pode facilmente passar e brincar na postura semi-
ajoelhado. Assumir essa postura demonstra um aumento do controle do bebê na
dissociação de MMII. Desta posição, o bebê pode voltar para sentado pelo abaixar
do corpo sobre o MI com descarga de peso. Os músculos do MI, especialmente o
quadríceps, estão ativos durante o abaixar. O quadril sem o peso mantém-se em
rotação externa, o qual promove uma estabilidade para a pelve. Esta é a mesma
manobra usada para sentar numa escada.

Passando para em Pé

Os MMII estão muito ativos nessa passagem. Os MMSS parecem ser


usados mais para o equilíbrio que para o controle. De semi-ajoelhado, o bebê
desloca o peso sobre o MI fletido e passa para um fase de membro-comum. Isso
demonstra um bom controle concêntrico no quadríceps.
Movimentos para frente do tronco devem estar coordenados com a
extensão do joelho. Se o MI para frente é também levemente abduzido, os adutores
de quadril tem que trabalhar para trazer o tronco e o centro de gravidade sobre o pé
com descarga de peso. Quando os rotadores externos do quadril (como o glúteo
máximo) estão ativos durante esse processo, o peso se deslocará para a borda
lateral do pé. Se os rotadores externos do quadril não estão ativos, o peso se
deslocará para a borda medial do pé, que ficará pronado.
149

Em Pé

Uma vez em pé, o bebê usa os músculos dos MMII e uma assistência
mínima de uma mão para controlar a postura. Os braços e as mãos estão livres para
explorar e manipular. Isto eventualmente permite que o bebê levante sem apoio de
MMSS. O bebê espontaneamente abandona o apoio da mão quando é oferecido um
brinquedo que requer as duas mãos. Para o uso bilateral das mãos com sucesso, o
bebê tem que pré-ajustar a postura para a estabilidade.
O aumento dos movimentos de tornozelo é notado em pé, especialmente
na flexão plantar ativa. O músculo gastrocnêmio é usado para a flexão plantar e
inversão do calcâneo. A inversão do calcâneo bloqueia a articulação subtalar e
consequentemente a mediotársica do pé, assim bloqueando todo o pé. Desta
posição bloqueada do pé, o peso do bebê é transferido sobre a cabeça do
metatarso, permitindo que o bebê levante-se sobre os pés. Isto permite o
alongamento dos músculos flexores dos dedos. Anterior ao 10 mês, os flexores dos
dedos foram raramente alongados. Eles foram mais freqüentemente encurtados
quando o bebê fletia ou curvava os dedos durante as atividades de equilíbrio.
Quando o bebê usa a flexão plantar assimétrica do tornozelo a postura do
pé, com peso sobre a cabeça dos metatarsos, parece o padrão de MMII usados na
fase terminal, fase de balanço da marcha madura.
O aumento do controle dos músculos dos MMII, especialmente o controle
excêntrico graduado de quadríceps, permite o bebê abaixar-se da postura em pé. O
bebê pode ficar de cócoras com os MMII simétricos enquanto se estabiliza com os
MMSS. O peso é deslocado posteriormente enquanto o tronco mantém-se
estendido. Leves movimentos para frente da tíbia sobre o pé podem ocorrer quando
o bebê fica de cócoras com o apoio dos MMSS.
O abaixar assimétrico ocorre quando o bebê tenta alcançar um brinquedo.
Ele freqüentemente usa uma mão para apoiar enquanto a outra alcança. O peso é
transferido para um MI, e a ação excêntrica do quadríceps é usada para o abaixar.
Alcançar um brinquedo no chão enquanto está em pé é um desafio motor
e perceptual para o bebê. O bebê tem que experimentar com uma nova amplitude
de alcance a qual apresenta novos desafios para o sistema postural. Para estabilizar
a postura durante este novo padrão de alcance, o bebê tem que fazer um constante
ajuste de tronco e MMII durante os processo de alcance e abaixar. O feedback é
150

usado para esses ajustes. Após praticar essas atividades, o bebê estará apto a
antecipar os componentes posturais e conseqüentemente estabilizar-se
anteriormente ao alcance (feedforward). Entretanto, o feedback ainda será usado
para regular o movimento.

Marcha Lateral

A habilidade do bebê para controlar sua postura e os MMII em pé permite


que ele continue a variar os padrões de marcha lateral. Eles podem fazer isso com
abdução de MMI, que não foi realizado nos meses anteriores, ou eles podem girar e
encarar a direção na qual eles estão indo. Isso faz com que o bebê caminhe para
frente segurando apenas com 1 mão, ao invés de caminhar para o lado segurando
com as 2 mãos.
A direção facial na qual eles estão indo, o bebê tem que rodar a pelve
sobre o fêmur para dissociar os MMII. A rotação dinâmica na articulação pélvico-
femural facilita os movimentos triplanar dos quadris durante a marcha. Durante a
marcha para frente, essa rotação permite a flexão de um MI enquanto o outro o
estende (plano sagital), e ele permite que os MMII venham alinhados com o tronco
(plano frontal).
No 10 mês, cruzando ao redor dos móveis inclui um desafio perceptual
aumentado. O bebê está começando a mover-se em espaços abertos e ao redor dos
cantos. O planejamento das habilidades motoras está começando a ser
desenvolvido e praticado em pé bem como em outras atividades.
A curiosidade do bebê do 10º mês leva-o a tentar cruzar ao redor de
partes de móveis de diferentes alturas e firmeza. Cada variação faz o bebê resolver
ativamente o problema para regular o corpo e manter-se estável e ainda mover-se.
Quanto mais variações são praticadas, mais hábil o bebê se tornará ao encontrar
novos desafios motores.

Marcha com apoio

Caminhar para frente ao redor dos móveis enquanto se apoia com uma
mão é um precursor natural para a marcha anterior com uma mão ajudando. O bebê
freqüentemente encontra estabilidade durante a marcha anterior precoce pelo uso
151

da adução escapular, extensão de tronco e anteversão pélvica. Este padrão pode


limitar os graus de liberdade, ou fixar, o tronco e a pelve, tanto que o bebê pode
experimentar com vários movimentos de quadril. Com a mobilidade da rotação
pélvico-femural e o controle aumentado, o bebê pode ativar mais a dissociação de
MMII durante a marcha.
No 10º mês o bebê também usa marcada extensão de tronco quando
caminha para frente segurado pelas duas mãos. Até que a rotação pélvico-femural
seja desenvolvida, o bebê pode brincar com a extensão de tronco para aumentar a
extensão de MMII e o comprimento do passo.
A fase de balanço do passo é ainda caracterizado com marcada flexão de
quadril com flexão de joelho, seguida pela extensão do joelho e extensão que
impulsiona o corpo para frente. O tornozelo está freqüentemente dorsifletido durante
o balanço, sugerindo que há ainda um sincronismo na ação de quadril, joelho e
tornozelo.
O movimento para frente do corpo é também acompanhado pela
extensão do MI de apoio. O tronco, quadril, joelho e tornozelo estendem durante a
fase terminal do apoio. O peso do corpo é deslocado para e rola sobre as cabeças
dos metatarsos. O bebê confia na pessoa que o apoia enquanto experimenta o
desenvolvimento do controle do MI.
Em pé e marcha apoiado com uma mão é um novo desafio para o bebê.
Para levantar com apenas uma mão, o bebê tem que estar apto para controlar o
deslocamento de peso no tronco e pelve com os músculos do quadril e MI. O
equilíbrio tem que ser iniciado da base de suporte, nos pés. Até agora, o bebê tem
confiado na suporte para o equilíbrio.
É mais fácil para o bebê deslocar o peso lateralmente para frente e para o
lado no qual a mão é segurada. A flexão do MS sobre a cabeça ajuda a alongar todo
o lado e assim facilita o deslocamento lateral do peso para o lado. Uma vez que o
peso é deslocado, o MI sem o peso pode mover-se para frente.
Quando o deslocamento de peso segue do lado que é segurado pela
mão, o bebê tem que deslocar o peso nos MMII e tronco. A tentativa inicial
freqüentemente resulta num deslocamento de peso nos MMII, mas não na pelve e
tronco. Esta postura assemelha-se com aquela vista quando o glúteo médio é fraco.
Isto causa a queda da pelve e inclinação do tronco em direção ao lado sem o peso.
O bebê é ainda muito dependente do suporte externo. Com a experiência e a
152

diminuição da confiança da mão de apoio, o bebê deslocará o peso na pelve e


tronco bem como nos MMII.

Indicações de Possíveis Distúrbios do Desenvolvimento Motor

No 10º mês, o bebê está combinando muitos componentes do


movimento que se desenvolveram em meses anteriores. Se há um distúrbio no
desenvolvimento motor durante esse mês, ele será uma continuação de um
problema visto em meses anteriores.
153

O DÉCIMO PRIMEIRO MÊS

Bebês com 11 meses continuam a praticar e aperfeiçoar as habilidades


iniciadas no 10º mês. As habilidades motoras grossas permitem que eles se movam
eficientemente no chão pelo engatinhar. Eles podem por si mesmo ficar em pé,
caminhar ao redor dos móveis, ou escalá-los. Eles ficam em pé num móvel e
manipulam brinquedos com ambas as mãos. Eles freqüentemente inclinam-se num
móvel para fazer isso, mas eles estão começando a usar ambas as mãos enquanto
ficam em pé livremente próximo ao móvel.
Ficar em pé independente ocorre quando o bebê está no móvel e quando
é puxado para em pé por uma pessoa. Isso ocorre automaticamente quando o bebê
está entretido numa tarefa (por exemplo, a manipulação de um brinquedo ou a
obtenção de um grão de cereal). Este controle aumentado de MMII permite que o
bebê caminhe sem apoio das mãos.
O bebê continua a gostar de brincar com vasilhas, derrubar coisas e
pega-las de volta. No 11º mês ele tem mais controle para soltar, e a preensão está
mudando de uma preensão com 3 dedos para uma nítida preensão em pinça. O
bebê continua a usar uma forte aproximação do dedo indicador para cutucar um
pequeno buraco e rótulos de objetos. O bebê gosta de carregar objetos durante o
engatinhar e a marcha.
Ele usa ambas as mãos em jogos como bater-um-bolo, trazer objetos
juntos e auxiliar na tarefa de vestir-se. O bebê gosta de brinquedos com buracos
pequenos, carros que podem ser empurrados, brinquedo com cordão, caixas cheias
e todos os tamanhos de copinhos.

Sentado

No 11º mês pode ser observado um sentar quieto quando o bebê está
empenhado em vestir-se, comer ou numa tarefa motora fina. O bebê gosta de imitar
atividades que ocorrem no mundo e gosta de tentar auxiliar no vestir-se e despir-se.
Durante essas atividades, o bebê está livre para assumir diferentes posturas, usando
o sentado com os MMII estendidos, de lado, em anel ou “W”.
154

O bebês podem usar grande abdução de MMII para criar uma área larga
em sua frente. Mas eles podem passar o MI sob os quadris e facilmente mover-se de
sentado para quadrúpede.
O aumento do controle de tronco promove uma base estável da qual o
bebê pode mover os MMSS eficientemente enquanto brinca. Grandes amplitudes de
abdução e flexão de ombro ocorrem livremente. O bebê também tem mais liberdade
nos cotovelos e antebraços devido a estabilidade dinâmica de cintura escapular e
aumento da destreza das mãos. No entanto, a criança pode facilmente manipular um
brinquedo com as mãos enquanto o inspeciona visualmente. O bebê pode também
orientar o antebraço e mão para alinhar brinquedos e roupas para adequada
colocação.
Se as tarefas motoras finas são difíceis, o bebê pode retornar para fixação
aumentada pela adução dos MMSS e adução dos dedos. A adução umeral promove
aumentada estabilidade de MMSS pela limitação dos graus de liberdade da cintura
escapular. Com a estabilidade umeral aumentada, o bebê pode experimentar vários
movimentos de cotovelo e antebraço. O bebê pode agora segurar um copinho com
uma mão enquanto tenta colocar outro copinho dentro dele. Esta é uma nova tarefa
para o bebê que demonstra um aumento no controle da cooperação e coordenação
bimanual. Isso é tão difícil quanto as tarefas anteriores porque as mãos estão
desempenhando tarefas dissociadas ao invés de tarefas associadas. Uma mão
promove estabilidade enquanto a outra se move.
Enquanto sentado, o bebê continua a mover o tronco estendido e a pelve
para frente como uma unidade sobre o fêmur. Isto ocorre primariamente quando ele
está alcançando para frente e quando passa para quadrúpede. No 11º mês o bebê
demonstra uso aumentado da flexão de tronco no alcance e quando tenta
inspecionar um objeto visualmente.
A rotação de tronco ocorre preferencialmente numa maior amplitude que
em meses anteriores, e isso não interfere na estabilidade sentado. A rotação de
tronco permite que o bebê alcance objetos na lateral e atrás. Posturas em espelho
de MMSS são vistos nesses padrões de rotação precoce. Isso pode garantir a
simetria em tronco. Quando o bebê pratica esse movimento, ocorre menos
movimentos em espelho.
Durante o 11º mês, o bebê pratica mais as posturas sentadas na qual
utiliza flexão lateral de coluna. O aumento na amplitude e mobilidade na flexão
155

lateral de coluna pode sugerir que o bebê está liberando os graus de liberdade no
tronco.
Há várias formas do sentar na lateral. Quando inicia esta posição, o bebê
criou uma base muito larga de apoio com os MMII. Alguns bebês com tono baixo
continuam a usar a base alargada, especialmente quando eles estão envolvidos com
tarefas motoras finas ou visuais. Sentado de lado, que utiliza uma base larga de
suporte, de fato mantém o tronco e a coluna simétricos. O bebê assume essa
posição pelo ajustamento ou rotação dos MMII sobre a pelve simétrica. A simetria da
pelve estabiliza o tronco e libera os MMSS para mover-se em várias posições.
Quando o bebê reduz a base de suporte durante o sentado de lado, a
flexão lateral da coluna aumenta. Isto é acompanhado pela flexão lateral da pelve. A
base de suporte é limitada quando o MI do bebê está alinhado com o tronco.

Quadrúpede

Depois de um breve período de atividade, muitos bebês movem-se de


sentado para quadrúpede. De quadrúpede o bebê pode engatinhar para outros
brinquedos ou pessoas. Isso freqüentemente envolve o carregar objetos. Engatinhar
é ainda o mecanismo principal de locomoção do bebê.
Brincar com copinhos não está limitado apenas para os pequenos
recipientes. Quando presenteado com um grande recipiente, o bebê explora seus
affordances. O brincar aumenta o planejamento das habilidades motoras do bebê,
habilidades perceptuais e consciência do esquema corporal. O bebê está
aprendendo como manipular o corpo para interagir com o ambiente.

Ajoelhado

De quadrúpede, o bebê pode facilmente passar para ajoelhado. O


ajoelhado é realizado sem o apoio de MMSS, preferencialmente pela contração
sinergista de extensores de quadril e quadríceps. Os extensores de quadril
estendem os quadris e estabilizam o tronco com o fêmur. O quadríceps estende os
joelhos e eleva os quadris e tronco. Quando o quadríceps e os extensores de quadril
trabalham eficientemente em sinergia, os tornozelos relaxam em flexão plantar. O
ajoelhado é freqüentemente usado como parte do padrão de alcance.
156

Escalar

O escalar é ainda uma das atividades favoritas do bebê no 11º mês.


Muitos móveis tornam-se um desafio. Os bebês usam as mesmas habilidades para
escalar os móveis nos meses anteriores. Isso inclui o deslocamento lateral do peso,
alongamento do lado com a descarga de peso, flexão lateral do lado sem o peso e
dissociação de MMII. A força de MMSS é também um componente crítico do escalar.
Uma vez nos móveis, o bebê tem o planejamento motor e habilidade
motora para manipular o corpo da posição de escalar para sentado, encarando a
direção da elevação. Essa manipulação é similar a uma utilizada no chão para
passar de quadrúpede para sentado.
De quadrúpede, o bebê roda a pelve sobre o MI com a descarga de peso
enquanto roda externamente e dobrando o MI sobre o tronco. O MI sem o peso tem
que abduzir ativamente e rodar externamente para orientar a pelve e o tronco. Um
MS é usado para a estabilidade postural, enquanto outro MS assiste com a rotação
de tronco.
Felizmente, o bebê está começando a desenvolver as habilidades
perceptuais e motoras que podem ser usadas para descer do móvel. Entretanto,
essas habilidades freqüentemente têm que ser taught para o bebê, porque mover-se
para trás não é uma habilidade que o bebê pratica intuitivamente.
Para descer do móvel, o bebê roda para quadrúpede e move o corpo para
trás. Enquanto move-se para trás, o bebê tem que estar atento de onde o corpo está
em relação ao móvel. Esta consciência é especialmente importante para o
conhecimento de quando estender os MMII e como segurar-se com as mãos. O
bebê tem também que estar atento de quando reduzir a estabilidade do tronco
superior. Essas habilidades e percepções são aprendidas através da prática.
Se as superfícies variam de altura e firmeza, o bebê desenvolverá as
habilidades de solução de problemas para uma grande variedade de alturas e
firmezas. Bebês que não praticam a escalagem em diferentes superfícies têm mais
dificuldade na solução de problemas como elevar e voltar de uma superfície. Neste
caso, o bebê precisa de supervisão durante as atividades de escalar.
157

Cócoras: elevando-se para em pé

No 11º mês, muitos bebês estão tentando passar para em pé sem apoio
da mão. O bebê freqüentemente inicia uma seqüência de elevação de quadrúpede.
De quadrúpede, um MI vem adiante para a posição semi-ajoelhada. Então o bebê
desloca o peso sobre as mãos e um pé e traz o outro MI para frente para cócoras. O
bebê pode permanecer nesta posição de cócoras e brincar.
O cócoras é uma posição simétrica durante a qual o bebê mantêm o peso
posteriormente com a mínima dorsiflexão de tornozelo. Esta posição, com esse
marcado deslocamento posterior do peso, coloca um esforço violento no quadríceps
e fortalece o músculo gastrocnêmio. Conseqüentemente, os extensores de quadril,
abdominais, quadríceps e dorsiflexores de tornozelo contraem em sinergia para
promover a estabilidade. Esta posição também coloca a demanda dos tornozelos e
pés para o controle do equilíbrio. As tentativas iniciais para o equilíbrio são
freqüentemente feitas com os dedos curvados (fletidos).
Da posição de cócoras, o bebê pode passar para em pé pela extensão
simétrica dos joelhos e quadris enquanto estabilizam o corpo nos tornozelos e pés.
Elevar-se com simetria e uma base larga reforça a estabilidade do bebê. Forte flexão
dos dedos pode acompanhar esta transição, a qual pode aumentar a estabilidade
dos MMII.

Móveis: elevando-se para em pé

Com uma mão no móvel, o bebê pode facilmente passar para em pé


através da postura semi-ajoelhado. O bebê pode deslocar o peso para frente sobre o
MI fletido e deslocar o peso do corpo com aquele MI. Isso requer força e controle do
quadríceps e extensores de quadril. O tornozelo e pé são usados para o equilíbrio. O
MI de trás estende em sincronia com quadril, joelho e tornozelo. Uma vez em pé, o
bebê pode assumir uma base ampla para assegurar a estabilidade.
Da postura em pé, o bebê pode descer para o cócoras e levantar-se
novamente sem dificuldade. Isto sugere forte controle do quadríceps e extensores
de quadril para ambas contrações concêntricas e excêntricas. O bebê pode agora
usar várias amplitudes no cócoras. Quanto maior a profundidade do cócoras, mais o
quadríceps tem que trabalhar para controlar o movimento e a postura. Durante o
158

cócoras, o peso é mantido posteriormente e mínima dorsiflexão de tornozelo é


usada.
O bebê pode também tentar abaixar-se simetricamente. Esta manobra é
mais difícil devido a posição dissociada dos MMII. No entanto, o apoio da mão é
freqüentemente necessário. Embora os bebês possam levantar-se com a força do
quadríceps de um MI, eles têm dificuldade para abaixar-se com um MI. Durante o
abaixamento, o quadríceps tem que contrair excentricamente. A contração
excêntrica é mais difícil que a contração concêntrica.
O MI de trás assiste durante o abaixamento assimétrico. O peso é
deslocado para os dedos do pé, os quais tornam-se cada vez mais dorsifletido
quando o peso do bebê é abaixado para o chão. O MI de trás sustenta algum peso,
o que significa que o pé tem que promover estabilidade e mobilidade durante o
abaixamento.

Em Pé

Em pé sem apoio externo é uma nova realização para o bebê. Isso


ocorre automaticamente quando o bebê fica muito interessado por um brinquedo e
ele quer segurá-lo ou explorá-lo com ambas as mãos. Ampla abdução de MMII
garante uma larga e estável base de suporte. Esses ajustes posturais ocorrem
automaticamente antes que o bebê venha com as mãos.

Marcha sem Apoio

A independência do bebê na marcha está aumentando rapidamente. A


marcha lateral ao redor dos móveis com uma mão no móvel e marcha livre com uma
mão apoiada permite que o bebê pratique o deslocamento de peso de MI-pelve-
tronco e os ajustamentos posturais. Em adição, o bebê tem usado os ajustes
posturais automáticos nos MMII quando ocupa ambas as mãos com um brinquedo
enquanto está em pé. Todas essas experiências preparam o bebê para dar um
passo no espaço sem apoio.
Tentativas precoces do bebê para o andar independente freqüentemente
emergem do segurar no braço de um adulto. Este suporte um tanto instável, força o
bebê a fazer ajustes posturais que são adequados para permanecer em pé e ainda
159

mover-se. A adução escapular é comumente usada para fixar e limitar os graus de


liberdade no tronco superior. O deslocamento de peso é mais fácil em direção do
lado da mão com apoio permitindo o alongamento daquele lado enquanto o outro MI
balança preferencialmente. O deslocamento de peso no tronco longe do lado com
apoio da mão é difícil se o bebê está contando com o apoio. No entanto o peso será
deslocado nos MMII, mas a pelve e o tronco inclinarão em direção ao lado sem o
peso. Isto pode resultar num passo curto naquele lado.

Marcha sem apoio

Durante as tentativas iniciais da marcha independente, os componentes


do movimento do bebê tendem a regredir para aqueles usados na marcha com
apoio precoce. O bebê assume uma base alargada de apoio nos pés, abdução dos
braços e flexão do cotovelo.
Esse padrão de fixação de tronco superior que o bebê usa depende de
seu objetivo. O padrão mais comum de elevação de ombros, adução escapular e
flexão de cotovelos é usado quando os objetivos do bebê são mais não-específicos.
Quando o bebê está caminhando em direção aos pais, o padrão de fixação inclui
elevação dos ombros, flexão umeral e abdução.
Os movimentos dos MMII retornam para a marcha “steppage” usada na
marcha inicial com apoio nas mãos. O MI de balanço é fletido enquanto abduzido e
rodado externamente. No final da fase de balanço, o bebê pode começar a estender
o joelho.
Forssberg (1992) relata que, durante as tentativas iniciais de marcha sem
apoio, há coativação do tibial anterior e gastrocnêmio lateral durante as fases de
apoio e balanço. Esta coativação tende a diminuir após a primeira semana de
marcha independente. Há também uma coativação de quadríceps e isquiotibiais na
marcha precoce sem apoio. Esta coativação diminui em 2 ou 3 meses após o início
da marcha sem apoio.
Os movimentos de MI são muito rápidos quando o bebê impeli para
frente. A inclinação do tronco em direção ao lado com descarga de peso é comum.
Isto sugere controle incompleto dos abdutores de quadril para controlar o
deslocamento de peso de MI-pelve-tronco.
160

Como o equilíbrio é pobre na marcha precoce, o bebê move-se


rapidamente e freqüentemente cai ou é segurado nos braços do pai. Isso não
desencoraja o bebê ou os pais, e a marcha elaborada é praticada até o bebê estar
independente.
161

O DÉCIMO SEGUNDO MÊS

Muitos dos bebês com 12 meses são muito ativos e independentes. As


habilidades motoras básicas estão presentes. Novos objetos no ambiente tornam-se
um desafio para os bebês e eles experimentam as propriedades dos objetos e suas
próprias habilidades motoras. Eles utilizam os esquemas motores velhos nos novos
objetos e desenvolvem novos esquemas quando os antigos são insuficientes.

Sentado

Durante o tempo em que passa sentado quieto, o bebê está ativamente


entretido com atividades de brincar. O bebê gosta de todos os brinquedo e perde
tempo inspecionando-os e explorando suas propriedades. Brincar com copinhos é
ainda um esforço favorito. O bebê gosta de desafios como colocar pino num buraco,
virar objetos sobre e virar páginas. O posicionamento e movimento das mãos são
dados primariamente pelo cotovelo, utilizando graduada flexão, extensão e rotação.
Os ombros estão mais quietos e participam mais sutilmente no placement da mão.
Homogênea rotação de tronco ocorre quando o bebê alcança além da linha média.
O bebê continua a gostar de imitar as atividades domésticas como vestir-
se e cozinhar. Objetos domésticos, como potes e panelas, são freqüentemente os
brinquedos favoritos. Brincar com esses objetos continua a desafiar e desenvolver
suas habilidades perceptuais e motoras finas.
As atividades bimanuais são desempenhadas com movimentos em
espelho: colocando dois blocos juntos, colocando dois pedaços quebrados de um
lápis juntos, rasgando tecidos. Essas atividades demonstram o aumento das
capacidades do bebê para associar objetos e acentuar o desenvolvimento.
Fagard (1990) relata que entre os 12 e 18 meses, as mãos começam a
desenvolver papéis mais coordenados e assimétricos. Uma das mãos está ativa e a
outra mão mais passiva, promovendo estabilidade. Durante esses meses tardios, a
criança também desenvolve a habilidade para usar as mãos em papéis
complementares assimétricos (por exemplo, uma mão estabiliza a vasilha e a outra
retira sua tampa)
162

O bebê de 1 ano apreende com um padrão de pinça superior fina na qual


os dedos inclinam e o polegar está envolvido. O arco palmar começa a ser
visualizado durante este padrão de preensão. Durante o padrão de preensão, o
punho entende e desvia radialmente para a posição do polegar e do indicar para a
preensão. O soltar está homogêneo e graduado para grandes objetos, mas é ainda
desajeitado para pequenos objetos. O soltar é acompanhado de menos flexão de
punho.

Transição de sentado

O bebê de 12 meses move-se da e para a postura sentada. Essas


transições são facilmente feita para quadrúpede, ajoelhado, cócoras e em pé.
O bebê consistentemente usa a rotação de tronco para passar de sentado
para quadrúpede. Utilizando o aumento no controle de tronco, o bebê sutilmente
roda o tronco e pelve sobre o fêmur e para quadrúpede. Em transições precoces, o
bebê iniciou a transição dos MMII. O bebê pode fletir, abduzir e rodar externamente
os MMII, orientando-os na direção no movimento planejado. Então o tronco move-se
simetricamente sobre o fêmur. Agora o tronco inicia a direção de rotação e
conseqüentemente move-se sobre o MI estável.

Quadrúpede

O bebê freqüentemente assume o quadrúpede com dissociação de MMII.


Desta posição o bebê pode rastejar, semi-ajoelhar ou ficar de cócoras. Esta posição
requer mobilidade da coluna lombar, das articulações do quadril, joelhos e
tornozelos.
Embora o engatinhar seja ainda o meio primário de locomoção do bebê,
ele está começando a substituí-lo pela marcha. Entretanto, o bebê reverterá para o
engatinhar quando desejar mover-se rapidamente.

Ajoelhado

Sentado para o ajoelhado e semi-ajoelhado são transições comuns para o


bebê de 12 meses. O ajoelhado e semi-ajoelhado são freqüentemente combinados
com padrões de alcance. Para o bebê usar as mãos livremente enquanto está
163

ajoelhado e semi-ajoelhado, a postura tem que ser dinamicamente controlada pelos


músculos de quadril e MMII. O quadríceps controla o erguer-se e cair do corpo,
enquanto os músculos pélvico-femural estabilizam o tronco sobre os MMII. Este
controle postural sinergista ocorre automaticamente devido a experiência primária do
bebê de mover–se através e estabilizar-se nessa posição.

Cócoras

Alguns bebês passam para a postura de cócoras para brincar. O cócoras


requer marcada mobilidade de quadril e joelhos. Isso alonga o quadríceps e ao
mesmo tempo requer marcado controle do quadríceps para erguer-se dessa
posição. A atividade nos tornozelos e pés é necessária para o equilíbrio.
O tornozelo é freqüentemente mantido a 90º durante o cócoras devido a
posição posterior de centro de gravidade. Como os bebês deslocam o peso (e o
centro de gravidade) para frente, a dorsiflexão do tornozelo ocorrerá. Quando o peso
é deslocado posteriormente, os músculos dorsiflexores de tornozelo são usados
para o equilíbrio.
O desenvolvimento do controle da tíbia sobre o pé é importante. Os
músculos do tornozelo e do pé são necessários para o controle em pé e na marcha.
Quando as respostas em pé são maduras, os músculos do tornozelo são os
primeiros a responder aos distúrbios posturais e para as respostas aos ajustamentos
posturais antecipados.

Escalar

O escalar continua a ser uma atividade favorita. O bebê escalará sobre ou


dentro de alguma coisa percebida como um affordance ou explorável. Cada objeto
apresenta um novo desafio para o bebê. À medida que essas atrações são
exploradas, os sistemas perceptual e motor do bebê são desafiados e estimulados.
Há um aumento na habilidade de planejamento, organização e execução
de tarefas motoras completas e perceptuais. Enquanto em pé, o bebê tem amplitude
e controle suficientes de MMII para fletir o MI e colocar o pé sobre um degrau. O
bebê pode então usar a força nos MMSS e quadríceps para deslocar o corpo sobre
o degrau. O aumento do controle e dissociação de MMII permitem que o bebê
164

desloque o peso sobre um MI enquanto abduz e flete o outro MI sobre o parapeito


do playpen abaixado enquanto mantém a estabilidade com as mãos.

Erguendo-se para em pé

O bebê pode erguer-se de quadrúpede para em pé sem apoio externo.


Ele usa o mesmo esquema usado no 11º mês. De quadrúpede, o bebê traz um MI
para frente e então o pé é colocado sobre o solo. Enquanto mantém o peso nos
MMSS, o bebê desloca lateralmente o peso no tronco inferior sobre o pé e traz o MI
de trás para frente, então o peso está sobre as mãos e os pés (postura de urso).
Para erguer-se para em pé, o bebê tem que deslocar o peso
posteriormente para deixar os MMSS sem o peso e estabilizar o centro de
gravidade. O deslocamento posterior do peso traz o tornozelo para a posição neutra
(90º) ou leve flexão plantar. Desta posição posterior, o bebê eleva o tronco na
direção ereta pela extensão dos quadris enquanto os joelhos mantêm-se fletidos.
Finalmente, o bebê estende simetricamente ambos os joelhos e quadris para ficar
em pé ereto.

Em Pé

Pelo 12º mês de idade, muitos bebês podem ficar em pé


independentemente, sem suporte. Para promover a estabilidade postural e limitar os
graus de liberdade nos MMII, muitos bebês podem assumir uma base alargada de
suporte com os MMII e podem co-contrair os músculos dos MMII para aumentar
firmar-se nos MMII.
Da postura em pé, o bebê pode baixar o corpo com ou sem apoio externo.
Para fazer isto, o bebê desloca o peso posteriormente, como se fosse sentar. O
bebê flete os quadris e joelhos, mas não os tornozelos. O ângulo entre a tíbia e o pé
permanece a 90º ou levemente em flexão plantar. Durante este marcado
deslocamento posterior do peso, o bebê tem confiança nos músculos do tornozelo e
dorsiflexores do pé para o equilíbrio. O quadríceps, extensores de quadril e
abdominais estão também ativos na manutenção do controle. Se o peso é deslocado
posteriormente sem os joelhos começarem a fletir, o bebê cairá para sentado.
Enquanto conquista o desafio de ficar em pé independentemente, o bebê
começa a organizar o processo de aprendizagem de como brincar com os mesmos
165

brinquedos em pé, que ele utiliza sentado. A postura em pé apresenta novos


desafios posturais para o bebê devido a base de suporte ser diferente. Quando o
bebê está sentado, os quadris são a base de suporte. No entanto, o controle
postural é iniciado nos quadris. Quando o bebê está em pé, os pés são a base de
suporte. No entanto, o controle postural é iniciado nos pés. A estabilidade postural
inicial pode ser alcançada através da flexão dos dedos.
Mudanças nas necessidades posturais resultam em algo que parece ser
uma regressão para os MMSS e habilidades motoras finas. Essa regressão é
transitória e está relacionado com os novos desafios posturais. Como o bebê
experimenta novos músculos posturais nos MMII, os graus de liberdade de tronco
superior estão limitados. Isto produz a fixação nos MMSS e uma temporária
deterioração nas habilidades motoras finas. Como o bebê pratica o novo controle
postural sinergista e desenvolve estratégias de postura, ele aumentará os graus de
liberdade no tronco superior e MMII. Conseqüentemente, o bebê desenvolverá
controle e liberdade de movimento nos MMSS enquanto em pé. O bebê logo
combina este controle postural com manipulações motoras finas.
Uma das atividades favoritas do bebê de 12 meses é brincar com
copinhos, e os bebês continuam essa brincadeira em pé. A postura em pé oferece
muitas novas oportunidades.
O bebê já demonstra a habilidade para deslocar o peso, manter seu
equilíbrio com apoio em um único MI, deslocar o outro MI ...
Como ele procura esses novos desafios de MMII, ele mais uma vez limita
os graus de liberdade de seu tronco superior pela fixação com extensão de tronco,
adução escapular, elevação de ombros, abdução umeral e flexão de cotovelo. Uma
vez que ele tem um pé em um balde, ele tentará colocar o outro pé dentro. Isto
apresenta mais desafios no planejamento motor.
Como um maior controle em pé é adquirido, o bebê experimenta o
alcance com os MMII. O alcance para frente com um MI é um movimento difícil para
o bebê de 12 meses porque é um movimento triplanar (3 planos). O bebê tem que
controlar simultaneamente a flexão, abdução/adução e rotação interna/externa de
quadril no alcance com MI e a extensão, abdução/adução e rotação externa de
quadril no MI com descarga de peso.
Através de vários jogos exploratórios, os bebês se empenham em
atividades para a solução de problemas. Eles estão aprendendo sobre seus corpos,
166

o controle sobre seus corpos e sobre o ambiente e o que ele oferece. Cada desafio
iniciado parece reforçar as habilidades motoras e perceptuais do bebê.
Uma vez que o jogo com o balde tenha iniciado, o bebê freqüentemente
não está contente até que ele tenha explorado todas as capacidades de colocar seu
corpo dentro do balde. Ele coloca suas mãos dentro, suas mãos nos joelhos. O bebê
está analisando as estratégias de movimento, tentando determinar qual combinação
de movimentos o ajudará no alcance de seu objetivo de colocar seu corpo no balde.
Nesse processo, ele está aprendendo sobre espaço e o seu corpo, e o que se
adapta e o que não se adapta.

Marcha

Muitos bebês caminham independentemente durante o 12º mês. A


marcha independente precoce freqüentemente tem as seguintes características:
passos rápidos, de comprimento pequeno, alta cadência, curta fase de balanço,
ampla base de suporte e balanço dos braços não recíprocos.

Tabela 1
Sumário dos dados relatados para marcha inicial sem apoio

A média de idade para a marcha independente é de 11,2 meses

Flexão e extensão de quadril (movimentos no plano sagital)

No início, os bebês mostram excessiva flexão de quadril em todo ciclo da marcha.


A máxima flexão de quadril é vista durante o balanço.
Alguns graus de extensão de quadril (aproximadamente 2º) são vistos no apoio terminal
primariamente para pé-fora.
Outros autores relatam a falta de extensão no apoio terminal.
167

Abdução de rotação externa de quadril (movimentos nos planos


frontal e transverso)

Nesses bebês, o quadril mantém rodado externamente por todo o ciclo da marcha.
O aumento na abdução de quadril contribui para a ampla base de suporte.

Flexão e extensão de joelho

No início da marcha, a flexão ocorre no ponto de contato do pé.


Na deambulação precoce, os joelhos mantêm-se fletidos através do apoio médio; entretanto, o
graus de flexão são gradualmente reduzidos e da extensão, aumentados.
Há uma rápida extensão de joelho após a fase inicial de contato do pé. Isto ocorre durante as
primeiras duas semanas da marcha independente. Na 8ª semana, os joelhos fletem no ponto de
contato do pé.
Se o joelho mantém a extensão durante o apoio médio, o tronco hiperextende para deslocar o
centro de gravidade posteriormente e assim mantém o equilíbrio sobre a base de suporte.
No final do apoio, o joelho mantém-se fletido ou levemente estendido.

Flexão e extensão do tornozelo

No início da marcha, os bebês não batem o calcanhar. Eles freqüentemente entram


em contato com o solo com um pé plano ou com um pé em flexão plantar.
Logo os dedos estendem anteriormente para o contato do pé. Depois, o pé faz a dorsiflexão em direção
ao final do balanço, mas o contato não é feito com o calcanhar. O primeiro aspecto de uma batida do
calcanhar é observada da borda medial do pé. Depois, ela aparece quando vista da borda lateral do pé.
O pé plano ou contato do dedo é seguido pela dorsiflexão do tornozelo
Dorsiflexão do tornozelo continua através do apoio médio.
Dorsiflexão do tornozelo diminui no final da fase de apoio, mas a flexão plantar para impulso não
ocorre.
168

O padrão dos MMSS do bebê varia de acordo com o objetivo. Quando o


bebê está tentando caminhar em direção aos pais, os ombros estão freqüentemente
fletidos, com os braços estendidos para frente. Se o objetivo é menos direcionado, o
bebê freqüentemente reverte para fixar os MMSS com adução de escapula.
A hiperflexão do MI de balanço e a sincronia dos movimentos de quadril,
joelho e tornozelo estão mais uma vez empregadas na marcha independente
precoce. A extensão de quadril, joelho e tornozelo durante a fase terminal pode estar
ampliada pela velocidade do bebê.
O aumento do controle postural nos MMII e a aumentada habilidade para
antecipar e fazer os ajustes posturais resultam na diminuição da fixação com os
MMSS e tronco superior. Uma vez que a fixação de MMSS é reduzida, o bebê pode
mais uma vez carregar brinquedos com as mãos enquanto caminha. Entretanto, o
bebê pode ainda usar um padrão de adução escapular com flexão dos cotovelos
quando o objetivo é menos direcionado.
Como o bebê pratica a marcha com contínuas experiências de
deslocamento e descarga de peso, a estabilidade postural aumenta. Isto é notado
com um maior tempo de apoio no MI e assim, com uma velocidade de marcha mais
lenta. O bebê pode também parar e começar a caminhar como desejar.
Muito em breve após iniciado a marcha sem apoio, o bebê torna-se
independente nas habilidades da marcha. O bebê então substitui o engatinhar pela
marcha como o meio primário de locomoção.

Conclusão

Os bebês estão aprendendo muito sobre seu corpo - o que eles podem
e não podem fazer. Ele tem descoberto e explorado inúmeros affordances em seu
ambiente. Esse fundamento promoverá uma base para continuar a busca para
mover-se, aprender e explorar.

Indicações de possíveis distúrbios no desenvolvimento motor

Bebês que estão se desenvolvendo de forma atípica têm também


aprendido muito sobre seu corpo - o que ele pode e não pode fazer. Este
fundamento promove uma base para o bebê olhar os desafios futuros em seu corpo.
Habilidades motoras limitadas e/ou compensatórias freqüentemente afetam o desejo
169

do bebê em mover-se e explorar. O movimento pode parecer tão difícil e o bebê


pode abandoná-lo, o qual freqüentemente conduz para “aprendizado debilitado”.
Consequentemente eles fazem descobertas limitadas e exploram menos affordances
em seu ambiente.
Intervenção terapêutica tem que ser engrenada para acentuar as
habilidade motoras da criança – para o propósito de exploração, descoberta e
aprendizagem. Em terapia, é importante trabalhar os componentes cinesiológicos, o
alinhamento e a atividade muscular sinergista. No entanto, é interessante a
interação com o ambiente que faz o trabalho e os desafios de mover-se prazerosos.
Mais que isso, a intervenção terapêutica tem que dirigir-se a ambos
simultaneamente.

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