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Do terro i r a o v i n h o
v i g n erons et maisons
Champagne, Do terroir ao vinho
Créditos das fotos: Fotos arquivo do CIVC: capa: Jean-Philippe Baltel/Sipa Press – Páginas 4 e 5: Michel Guillard, Carte Empreinte Studio – Páginas 6 e7: Fulvio Roiter, Philippe Maille, Michel Guillard, Olivier Frimat, Visuel Impact – Páginas 8 e 9: CIVC,
Yvon Monet – Páginas 10 e 11 : Michel Guillard, Alain Cornu – Páginas 12 e 13 : CIVC, Frédéric Hadengue – Páginas 14 e 15 : CIVC, Michel Guillard, John Hodder – Páginas 16 e 17 : John Hodder, Jean-Philippe Kahn, desenhos INAO – Páginas 18 e 19 :
CIVC, John Hodder, Alain Cornu – Páginas 20 e 21 : John Hodder, Fulvio Roiter – Páginas 22 e 23 : John Hodder, Alain Cornu, schéma CIVC – Páginas 24 e 25 : Alain Cornu – Rohrscheid – Páginas 26 e 27 : Alain Cornu, Gérard Rondeau – Páginas 28 e 29 :
Hervé Chevron, Alain Cornu, Patrick Guérin – Páginas 30 e 31 : Alain Cornu, Michel Guillard, Rohrscheid – Páginas 32 e 33 : Alain Cornu, Philippe Maille, Piper Heidsieck – Páginas 34 e 35 : Alain Cornu, Huyghens-Danrigal, Kumasegawa – Páginas 36 e
37 : Visuel Impact, Eric Cuvillier/Jacques de Marcillac • Criação gráfica, paginação e impressão: EMPREINTE Studio em Epernay • Impresso na França em 2011 para o Comitê Interprofessional do Vinho da Champagne. Todos os direitos reservados © CIVC.
vigne rons et maisons
CHAMPAGNE
Do terroir ao vinho
SUMÁRIO
38-39 • Léxico
Situação
geográfica
Situação
4
geográfica
A 26
Situação
geográfica
N2 D18
51
ARDENNES
N
N 31
Aisne
N
44
D
6
Massif de
N Fismes
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Reims
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Ville-en-
Montagne
7
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D
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Tardenois D 386
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Vallée de la Marne de
N 51
Châtillon-
sur-Marne
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51
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N 19 Villenauxe-
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4
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0 5 10 km
D
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CÔTE D'OR
N71
D965
6 A
Os vinhedos da Champagne são plantados entre 90 e 300 metros de altitude. São vinhedos de encostas, expostas em
grande maioria ao sul, sudeste e leste, cuja média de declives é de 12%, alguns podendo atingir quase 60%.
O terroir da Champagne é suficientemente íngreme e acidentado para permitir uma boa insolação da videira e seu declive
facilita o escoamento dos excessos de água.
Clima
Clima
6
Hautvillers no outono
Solo e subsolo
Solo
8
e subsolo
Solo de giz
O giz retém a água por capilaridade. A videira deve então fazer força para
absorvê-la, o que provoca um estresse hídrico moderado no decorrer da
estação vegetativa que favorece o equilíbrio entre os diferentes ácidos da
fruta, o açúcar e os precursores de aromas que serão revelados no vinho
que será elaborado.
Solo e subsolo
da região de Champagne
A 26
Massif de
N4
4
Saint-Thierry
51
Fismes
N
9
Vesle
Reims
Vallée de l'Ardre
N 31
Ville-en-
Montagne
Ar
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Tardenois e
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de Reims
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Vallée de la Marne Châtillon-
N 51
Château- sur-Marne
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Thierry Aÿ
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Côte des Blancs
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4
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N
Côte de Sézanne
Villenauxe-
la-Grande
Giz N 60 N 19
areias calcárias
A5
N
Laign
71
Mussy-sur-Seine
Depósitos de vertentes (rochas compostas) Les Riceys
Variedades de uvas
Variedades
10 de uvas
Vinhedo de Montigny-sur-Châtillon
A Pinot Noir representa 39% dos vinhe A Meunier representa 33% das áreas A Chardonnay ocupa 28% dos vinhe
dos plantados. Perfeita para solos de produção. Essa variedade vigorosa, dos. É a variedade de predileção
calcários e frios, é a variedade domi- menos sensível à geadas graças a uma da Côte des Blancs. Os vinhos de
nante da Montagne de Reims e da Côte brotação mais tardia, convém mais par- Chardonnay se caracterizam por aro-
des Bar. Os vinhos elaborados a partir ticularmente aos terroirs mais argilosos, mas delicados, de notas florais, frutas
dessa variedade distinguem-se pelos tais como aqueles do Vallée de la Marne cítricas, às vezes minerais.
aromas de frutas vermelhas e por sua e se adapta melhor às condições climá- De evolução lenta, é a variedade ideal
personalidade. É a variedade que dá ao ticas mais difíceis para a videira. Ela dá para o envelhecimento dos vinhos.
assemblage corpo e potência. vinhos suaves e frutados que evoluem
um pouco mais rapidamente no tempo
e trazem maciez ao assemblage.
Variedades de uvas
Variedade dominantepor
Variedade dominante pormunicípio
municípiodosdos vinhedos
vinhedos da Champagne
da Champagne
A 26
Massif de
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Bar-sur-Aube
Landion
A5
N
Laign
71
Mussy-sur-Seine
Pinot Noir Les Riceys
Seleções massal
e clonal
Seleções massal
12
e clonal
Desde a crise da filoxera (fim do século XIX começo do século XX), os porta-
enxertos resultam do cruzamento entre as variedades francesas e america-
nas. São selecionados para a melhor adequação possível entre o terroir e a
variedade de uva. O 41B, que se adapta a todas as situações, notadamente
sobre solos calcários, permanece o mais utilizado na Champagne (81% das
áreas plantadas). O SO4 é bastante adaptado aos solos medianamente cal-
cários e o 3309C é a melhor escolha em solos pouco calcários.
Enxertia em Ômega
Videira joven
Plantação
Plantação
13
Plantas em viveiro
Viticultura
14
sustentável
Biodiversidade e paisagens
A região comporta numerosas zonas notáveis de interesse Todo o bagaço de uva é encaminhado a destilarias licencia-
ecológico destinadas a preservar a biodiversidade, mantendo das. Lá ele passa por diferentes processos de separação e
os habitats naturais. extração que permitem obter numerosos compostos apro-
veitáveis por ramos de atividade bem diversos (etanol, para
Para atingir esses objetivos, a ambição da profissão consiste uso industrial ou combustível, óleo de sementes de uva, po-
em desenvolver as infraestruturas agroecológicas (cobertura lifenóis, antioxidantes, corantes naturais, ácido tartárico, po-
vegetal do vinhedo e de seus contornos, desenvolvimento de tencialmente utilizáveis nos ramos agroalimentar, cosmético
cercas vivas), em prosseguir com o manejo hidráulico das en- ou da saúde humana...)
costas e em favorecer sua integração à paisagem.
As atividades ligadas à Champagne geram igualmente cerca
de 10.000 t/ano de resíduos ditos industriais (metais, ma-
Gestão responsável da água, dos deira, vidro, materiais de embalagem como plástico, papel ou
efluentes, dos subprodutos e dos resíduos papelão...). Hoje, 75% desses resíduos industriais são objeto
Gestão da água de triagem seletiva e reaproveitamento. O objetivo é atingir o
Numerosas medidas são tomadas pelos estabelecimentos mais rapidamente possível os 100%.
vinícolas para reduzir seu consumo de água: concepção ini-
cial dos locais (escolha dos revestimentos), aperfeiçoamento O desafio energético e climático
dos procedimentos de limpeza, reciclagem e/ou recuperação É provavelmente o maior desafio da humanidade para os anos
das águas e, certamente, redução do desperdício. As perspecti- e décadas que virão, mas a Champagne não esperou os dis-
vas consistem em continuar a economizar água mantendo um positivos legais para agir: o balanço do carbono em toda a ca-
nível muito alto de higiene nos centros de prensagem, nas ade- deia produtiva foi realizado em 2003 e o plano para o clima na
gas e em seus respectivos setores. Champagne foi lançado em sua esteira com o objetivo de obter
a solidariedade das futuras gerações.
Gestão dos efluentes
A higiene nas adegas exige numerosas limpezas que geram O plano para o clima na Champagne comporta hoje cinco
efluentes carregados de matéria orgânica. Hoje, 92% dos eixos maiores, 16 programas de pesquisa e desenvolvimento,
efluentes e subprodutos líquidos provenientes da atividade são mais uma quarentena de ações em curso ou programadas.
tratados ou reaproveitados. O objetivo atual é de atingir 100%. Os principais eixos e programas referem-se às construções e
instalações, às práticas vitícolas e enológicas, ao frete e aos
Os subprodutos e os resíduos deslocamentos profissionais bem como à compra responsável
Como toda atividade, a produção de uvas e vinhos da região de bens e serviços junto aos fornecedores da cadeia produtiva.
de Champagne gera resíduos e subprodutos que são integral-
mente reaproveitados.
Poda
Poda
16
Primeiro ato dos trabalhos do vinhedo, a poda é uma Em todos os casos, não se deve ter mais de 18 gemas/m2
operação manual objeto de ensinamento e diploma es- em média.
pecíficos. Na Champagne, ela está regulamentada com
grande precisão desde 1938. Na sequência da poda, no fim de março/começo de abril
e obrigatoriamente antes da floração, acontece a amarra-
Os sistemas de poda autorizados na Champagne são: ção, outra operação manual que consiste em amarrar os
- a poda Chablis: poda longa sobre braço longo braços no fio de suporte para evitar o crescimento anár-
- a poda Cordon e Cordon permanente: poda curta sobre quico da videira.
um braço longo único (cordão)
- a poda Guyot: poda longa sobre um braço curto que Assim disciplinada, a videira inicia seu desenvolvimento e
pode ser simples, dupla ou assimétrica os viticultores começam a poda verde.
- a poda Vallée de la Marne: (somente para a Meunier):
poda longa sobre um braço curto.
Poda verde
Poda verde
18
Brotação
Levantamento dos fios
Poda verde
19
Essa melhor repartição da folhagem lhe permite uma insolação máxima e uma
boa aeração que impede o ataque da podridão. É uma operação geralmente
manual, fundamental para a videira da Champagne porque sua densidade de
plantação gera uma importante superfície foliar que necessita ser espalhada
em todo o comprimento entre dois pés e sobre toda a altura (até 1,30m).
Vindima
20
Caixa de 50 quilos
Prensagem
22
A elaboração de um vinho branco, considerando que dois terços das uvas dis-
poníveis têm cascas tintas, deve respeitar cinco grandes princípios: prensagem
logo após a colheita, prensagem dos cachos inteiros, condução suave e progres-
siva da prensagem, baixo rendimento de extração, fracionamento do suco na
saída da prensa.
“Retrousse”
A capacidade das prensas varia de 2.000 a 12.000 quilos de uvas inteiras. Até
o fim dos anos 1980, a Champagne só utilizava prensas tradicionais verticais
controladas manualmente. Elas representam ainda 28% do parque, mas a meca-
nização das operações de “retrousse” (descompactação do bagaço entre cada
sequência de prensagem) contribuiu para dar origem às prensas horizontais
(prensas com membrana lateral, com pratos inclinados, com cilindro giratório)
controladas por consoles automáticos que permitem memorizar diversos pro- Corte de uma baga de Chardonnay
gramas.
Entre cada “marc”, a prensa deve ser esvaziada e lavada com água. Como parte
do processo de viticultura sustentável, na saída da prensagem, os “aignes” Corte de uma baga de Pinot noir
RECEPTOR
(bagaço) devem ser enviados para a destilaria. Já os efluentes vinícolas (águas CILINDRO
DE MOSTO
ROTATIVO
Princípio
utilizadas para a de funcionamento
limpeza de prensa
das prensas, caixas de uvas,horizontal
reservatórios, etc.) são 2 PORTAS DE CARREGAMENTO DRENOS INTERNOS
recuperados e tratados a fim
com membrana de não causarem danos ao meio ambiente.
lateral
MEMBRANA LATERAL PRESSÃO Carregamento vertical Sequência de prensagem
CILINDRO ROTATIVO MEMBRANA LATERAL
CILINDRO RECEPTOR
ROTATIVO DE MOSTO
Desborre
24
Sulfitagem
Os sucos que escoam da prensa são recolhidos em reservatórios que rece-
bem na Champagne a denominação de “belons”. A sulfitagem (adição de ani-
drido sulfuroso ou SO2) é realizada em contínuo e imediatamente, na saída
da prensa, com doses variando entre 6 a 10 g/hl em função da variedade, do
estado sanitário das uvas e do tipo de mosto (“taille” ou “cuvée”).
Desborre
O desborre tem como objetivo colocar em fermentação mostos clarificados a fim
de obter vinhos frutados e francos no plano aromático.
O desborre consiste em uma decantação estática dos sucos. Nas primeiras horas
produz-se uma floculação graças às enzimas naturalmente presentes no suco ou
adicionadas. Os flóculos formados sedimentam no fundo do tanque com as ou-
tras partículas em suspensão no suco (fragmentos de cascas, de sementes, etc.).
Depois de 12 a 24 horas, os mostos clarificados são trasfegados. As borras (entre
1 e 4% do volume) são objeto de uma declaração e envio à destilaria.
Controle da fermentação
Fermentação
alcoólica
Fermentação
alcoólica 25
Tanques
Fermentação alcoólica
A fermentação alcoólica pode ser efetuada em madeira (barricas, tonéis…),
mas a grande maioria dos elaboradores privilegia a utilização de tanques de
aço inoxidável termorregulados com um volume que varia de 25 a várias cen-
tenas de hectolitros. O conteúdo de cada tanque é claramente identificado
pela menção do cru, do tipo de mosto, da variedade, do ano.
Fermentação
26
maloláctica
Clarificação
A fermentação maloláctica
A fermentação maloláctica, quando desejada, ocorre no final da fermentação
alcoólica. Ela é realizada pelas bactérias do gênero Oenococcus que trans-
formam o ácido málico em ácido lático. Essa fermentação forma também
outros compostos que vão modificar o perfil organoléptico do vinho. Sua
primeira função é a de reduzir a acidez do vinho. É uma escolha estratégica
do enólogo em função dos vinhos que ele deseja obter. Certas vinícolas a im-
pedem enquanto outras a realizam total ou parcialmente sobre seus vinhos.
Na Champagne, entretanto, ela é frequentemente buscada.
A clarificação
A clarificação é efetuada seja por cola-
gem, filtragem (kieselguhr, placas, mem-
branas, cartuchos) ou centrifugação.
Livres de suas partículas sólidas, esses
vinhos-base são agora chamados de
“vinhos claros”. Ainda classificados por
variedades de uva, anos, crus e mesmo
quadras, vinhos de “cuvée” e vinhos
de “taille”, eles estão prontos para o
assemblage, também denominado
“cuvée” na Champagne.
Assemblage
Assemblage
27
Nesse estágio, o elaborador escolhe criar um vinho não safrado (utilizando vinhos
de reserva), um safrado (para conservar a expressão única de um ano notável), um
rosé de assemblage (com uma proporção de vinho tinto da Champagne), um blanc
de blancs (com somente uvas brancas), um blanc de noirs (com somente uvas tin-
tas), um monocru (um só cru de origem).
Tirage em
28
garrafa
O tirage não pode ocorrer antes do dia primeiro de janeiro que se segue à
vindima. Para realizar essa fermentação, adiciona-se ao vinho um licor dito
de tirage, composto de açúcar, leveduras e de um coadjuvante de remuage. O
açúcar de beterraba ou de cana, previamente dissolvido no vinho, é adicionado
à razão de 20 a 24 g/l conforme a pressão desejada, ou seja, 5 a 6 kg/cm2 no
fim da fermentação. Os fermentos são uma cultura de leveduras selecionadas
previamente aclimatadas ao vinho. O coadjuvante (bentonite ou mistura de
bentonite e alginato) servirá para aumentar o peso e facilitar o arraste dos
depósitos de leveduras durante a operação de remuage.
Enchedora tradicional
A garrafa da Champagne, que só pode ser de vidro, atende a especificações bem minuciosas porque ela deve resistir a
uma pressão muito alta e a numerosas manipulações.
O fechamento hermético das garrafas, feito após seu enchimento, é feito por um obturador de polietileno denominado
“bidule” e completado por uma tampa corona; a seguir são levadas às cavas onde são dispostas “sur lattes”, ou seja,
deitadas e empilhadas uma sobre a outra. Atualmente, um grande número de produtores armazena as garrafas em
paletes metálicos. Alguns deles utilizam rolhas de cortiça como vedação.
Durante a segunda fermentação, com duração de 6 a 8 semanas, as leveduras consomem o açúcar e liberam no vinho,
além do álcool e do gás carbônico, os ésteres e os alcoóis superiores que contribuirão igualmente para as características
sensoriais do vinho.
Maturação sobre
30
borras de
leveduras
Paralelamente, uma quantidade ínfima de oxigênio penetra na garrafa através da vedação do tirage enquanto um pouco de
gás carbônico escapa. A vedação, portanto, não é absoluta. A escolha do tipo de vedação é um parâmetro determinante
conforme se pretenda uma evolução mais ou menos rápida.
A maturação sobre leveduras conjuga assim dois fenômenos: a autólise das leveduras e a oxidação lenta devida ao oxigênio
que penetra na garrafa através da vedação. Elas participam da formação dos aromas ditos terciários em que as notas florais
e frutadas dos vinhos jovens de Champagne evoluem aos poucos para características de frutos maduros, frutos cozidos e
depois, de frutos secos, de bosque úmido e de torrefação nos vinhos mais envelhecidos.
Remuage
Remuage
32
Remuage manual
Dégorgement
Dégorgement
33
Dégorgement à la volée
Dosage
34
Dosage
Colocação
da rolha
Agitação para
homogeneização
Inspeção visual
Colocação da rolha
Agitação para 35
homogeneização
Inspeção visual
Rolhas com a marca obrigatória da Champagne
Colocação da rolha
Rotulagem
36
• O nome ou a razão social do elaborador, o nome do município de sua sede social e o nome “França” (mais o nome do
município onde o vinho é elaborado se for diferente da sede social).
• Um número de matrícula profissional emitido pelo CIVC precedido das iniciais que informam sobre a categoria profis-
sional do elaborador (RM para viticultor elaborador, NM para negociante elaborador, CM para cooperativa elaboradora,
RC para viticultor cooperativado, SR para sociedade de viticultores, ND para negociante distribuidor, MA para marca de
comprador,
• A identificação do lote (esta menção pode ser colocada diretamente sobre a garrafa),
• A menção dos alérgenos (por exemplo, anidrido sulfuroso, sulfitos ou dióxido de enxofre…),
• A menção da expressão: “o consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação, mesmo em quantidade moderada,
pode ter consequências graves sobre a saúde da criança”, ou do logotipo (esta citação só é obrigatória para alguns
mercados),
• O logotipo do “selo verde” para o viticultor que assinou um contrato com uma empresa licenciada para a recuperação
das embalagens,
• Se for o caso, o ano da safra ou esta ou aquela particularidade da cuvée (blanc de blancs, rosé, blanc de noirs, etc.),
• Informações sobre as variedades de uvas, a data do dégorgement, as características sensoriais, harmonização entre
alimentos e vinhos, etc.
Maturação e envelhecimento
Graças à sua composição e ao seu processo de elaboração, os vinhos da Champagne apresentam uma excelente aptidão para o
envelhecimento. O envelhecimento de um vinho é um processo contínuo que inicia no tanque, após as fermentações alcoólica
e maloláctica, e prossegue em garrafa.
No tanque, o envelhecimento consiste de vinhos de reserva conservados às vezes por até dez
anos. Sua longevidade é maior quando são conservados em baixa temperatura, ao abrigo do
oxigênio e em contato com as leveduras finas de fermentação.
Esses dois tipos de evolução conduzem a vinhos com perfis aromáticos bem diferentes que
o elaborador poderá escolher em função da tipicidade que ele deseja imprimir a seu vinho.
v ignerons et maisons
38
CHAMPAGNE
DO TERROIR AO VINHO
LÉXICO
ADIÇÃO DE LEVEDURAS: Inoculação de uma cultura de COCÓLITO: Micro-organismo marinho. O giz é majorita-
leveduras em um mosto ou em um vinho. riamente constituído de grânulos de calcita oriundos de
esqueletos de cocólitos.
AIGNES: Na Champagne, nome dado aos resíduos da pren- COLAGEM: Processo de clarificação de um vinho por
sagem (cascas, engaços, sementes), ou bagaço. adição de um coadjuvante que arrasta as partículas em
suspensão para o fundo do tanque.
AOC: A denominação de origem controlada identifica
um produto cuja autenticidade e tipicidade provêm de sua COULURE: Acidente de vegetação. Queda das flores ou dos
origem geográfica. frutos que causa a perda da safra.
AROMAS TERCIÁRIOS: Aromas do vinho que se desenvol- CRIPTOGÂMICA: Uma doença criptogâmica é causada por
vem após as fermentações, durante a maturação e o envel- um fungo parasita
hecimento. (exemplos: oídio, míldio).
AUTÓLISE: Autodestruição das células das leveduras após CRU: Na Champagne, um cru corresponde a um município
a fermentação em garrafa. vitícola.
BELEMNITE: Molusco da era secundária cujo fóssil é uma CUVÉE: Na Champagne, a palavra tem dois sentidos.
característica do giz da Champagne. 1. Designa os primeiros 2 050 litros de mosto oriundos da
prensagem de um marc de 4 000 quilos de uva.
BELON: Na Champagne, tanque de recepção dos mostos 2. Designa o resultado do assemblage.
ao sair da prensa.
DESBROTA: Operação manual que consiste em eliminar os
BORRAS DE LEVEDURAS: São majoritariamente compostas brotos não frutíferos.
de leveduras mortas. Elas se sedimentam e vão para o fun-
do dos tanques e das garrafas após a tomada de espuma. ENXERTO: Ramo da videira que sustenta um ou mais
brotos que são implantados, por enxerto, em outro vegetal
CIVC: Comitê Interprofissional do Vinho da Champagne. Or- que serve de sistema radicular resistente à filoxera (porta-
ganismo semi-público que gerencia e defende os interesses enxerto).
comuns dos viticultores e das vinícolas da Champagne.
Léxico
ÉSTER: Composto químico resultante da combinação de RESERVA INDIVIDUAL: Dispositivo introduzido na Cham-
um ácido com um álcool. Os ésteres contribuem para o pagne, controlado pelo CIVC, que obriga cada elaborador
desenvolvimento dos aromas do vinho. a manter uma reserva em caso de colheita excedente de 39
excelente qualidade. Essa reserva pode ser liberada, por
FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA: Processo bioquímico que, decisão do CIVC, para compensar uma colheita ruim. A
sob a ação das leveduras, transforma o açúcar do suco de reserva apresenta três vantagens. Primeiramente, é uma
uva em uma quantidade quase igual de etanol e de gás car- necessidade do viticultor para fazer frente aos caprichos
bônico e também em diversos compostos (alcoóis supe- da viticultura. É também um instrumento de regulação
riores, ésteres) que contribuem para o aroma e o sabor do econômica que visa a reduzir os danos alternativos da
vinho. superprodução e da escassez. A reserva contribui enfim à
melhoria qualitativa dos vinhos guardados em estoque.
FERMENTAÇÃO MALOLÁCTICA: É a transformação de um
diácido (ácido málico) em um monoácido (ácido láctico) RETROUSSE: Entre duas prensadas ou ciclos de prensagem,
sob a ação das bactérias lácticas. a retrousse consiste em remanejar as uvas, manualmente
para a prensa tradicional, ou mecanicamente, para as pren-
FOTOSSÍNTESE: Processo pelo qual um vegetal clorofiliano sas horizontais, a fim de facilitar a extração dos sucos.
sintetiza a matéria orgânica aproveitando a luz do sol.
SELEÇÃO CLONAL: Seleção elaborada a partir da análise
KIESELGUHR: Mineral constituído de sílica pulverizada que científica e permanente da evolução de milhares de refe-
serve para filtrar os vinhos. rências de plantas de videiras que permite dispor de uma
coleção de variedades sadias e de qualidade.
LICOR DE EXPEDIÇÃO (também denominado DE DO-
SAGE): TAILLE: Designa os 500 litros de mosto produzidos após a
Elaborado a partir do vinho da Champagne e de açúcar de extração da cuvée durante a prensagem de um marc.
cana, o licor de expedição é adicionado após o dégorge-
ment. O teor de açúcar atingido determina o tipo de vinho TAMPA CORONA: Tampinha de metal aplicada sobre o
(brut, sec, demi-sec, etc.). gargalo da garrafa e munida de uma junta que assegura a
vedação no contato com o vidro. É utilizada para vedação
LICOR DE TIRAGE: Tradicionalmente composto de levedu- provisória durante a tomada de espuma e maturação e tem
ras, de açúcar e de vinho da Champagne, ele é adicionado por complemento um obturador de plástico que se coloca
para a tomada de espuma. dentro do gargalo, denominado “bidule”.
MAIE: Fundo da prensa onde é recolhido o suco da uva que TERROIR: Combinação de fatores climáticos, geológicos,
escorre durante a prensagem. com práticas culturais características e variedades de uvas
particulares que dá a uma região uma especificidade pró-
MARC: Na Champagne, a palavra tem dois sentidos: pria
1. É a unidade de prensagem correspondente a 4.000 qui-
los de uvas, ou seja, a capacidade de prensagem de uma TIRAGE: Colocação em garrafa do vinho-base juntamente
prensa tradicional. com as leveduras, o licor de tirage e os coadjuvantes de
2. Resíduos da prensagem: cascas, engaços, sementes. remuage.
MÍLDIO: Doença criptogâmica da videira. VASILHAMES: Conjunto das diferentes garrafas dis-
poníveis para a Champagne: quarto (20 cl), meia-garrafa
MILLERANDAGE: Acidente de vegetação. Não desenvolvi- (37,5 cl), garrafa (75 cl), magnum (1,5 litro), jeroboam (3 li-
mento das bagas. tros), mathusalem (6 litros), salmanazar (9 litros), balthazar
(12 litros), nabuchodonosor (15 litros).
MINERAL: Caracteriza um conjunto de aromas que lem-
bram certos minerais (giz, calcário, arenito calcário...). VÉRAISON: Período correspondente a mudança de cor
das bagas durante a maturação (ocorre durante o mês de
OÍDIO: Doença criptogâmica da videira. Agosto na Champagne).
comité interprofessionnel
du vin de champagne