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INTRODUÇÃO
A Espanha é um país único no mundo dos vinhos. Vários são os fatores que justificam essa
afirmativa. Dentre eles, os mais marcantes são: pequena variedade de castas, enorme
variedade de tipos de vinhos e duas regiões climáticas distintas e dominantes (litoral e interior).
Castas como a Tempranillo, Garnacha e Macabei correspondem por boa parte dos vinhos
existentes. A Espanha produz desde excelentes espumantes (Cavas) até magníficos vinhos
fortificados (Jerez), passando pelos deliciosos tintos de Rioja e Ribera del Deuero. Novas
regiões estão despontando internacionalmente, dentre elas, Penedés, Priorato e Navarra.
Devemos ressaltar que a Espanha nunca teve muito cuidado em tentar harmonizar seus vinhos
e culinária. Isso faz dos vinhos espanhóis opção certa para se beber "sozinho". Além disso, nos
desafia a compatibilizar seus vinhos com comidas inusitadas.
Único detalhe desagradável, é ser quase impossível achar bons "espanhóis" a preços
convidativos. Infelizmente, para se beber um belo "espanhol", é necessário gastar alguns reais
a mais do que gostaríamos.
PRINCIPAIS REGIÕES
A exemplo de Portugal, a Espanha inteira produz vinho e quase todas as regiões o fazem com
qualidade. Relacionamos abaixo as principais regiões:
Rias Baixas: Albariño - Vinho branco espanhol (estilo verde português) (Br);
Castela e Leão: Rueda, Toro e Ribera del Duero (Br e Tn);
Navarra: Navarra (Tn e Br);
Rioja: Rioja (Br e Tn);
Catalunha: Costers del Segre, Priorato e Penedés (Br e Tn);
Múrcia: Yecla (Br e Tn);
Castela La Mancha: Valdepeñas (Tn);
Andaluzia: Jerez e Montilla.
PRINCIPAIS UVAS
Cabernet Sauvignon;
Merlot;
Chardonnay;
Malvasia.
Albariño (Br);
Garnacha Branca (Br);
Godello (Br); *
Macabeo (Br); *
Palomino Fino (Br); *
Parellada (Br); *
Pedro Ximénez (Br);
Xerel-lo (Br); **
Cariñena (Tn);
Garnacha Tinta;
Graciano (Tn);
Mazuelo (Tn);
Tempranillo (Tn).
CURIOSIDADES
Espanha
Existem hoje na Espanha 54 regiões D.O.s (Denominación de Origen), e boa parte delas
têm seus vinhos consumidos localmente ou exportados em pequenas quantidades. Nos
últimos anos, tem sido crescente o interesse mundial pelos vinhos espanhóis, levando ao
aumento das exportações, mas, ainda assim, são poucos os melhores vinhos disponíveis
no mercado internacional e especialmente no Brasil.
Aqui são apresentadas D.O.s agrupadas nas regiões Nordeste, Noroeste, Centro, Sudeste,
Sudoeste e Ilhas Canárias, com seus principais vinhos e uvas utilizadas na sua elaboração.
1. Vino de mesa - vinho inferior, cuja produção pode ser feita em qualquer região do
país, e que não se enquadra na categoria Denominación de Origen (D.O.).
2. Vino de la Tierra - vinho de mesa um pouco mais diferenciado, produzido em
região vinícola tradicional do país (Andalucía, Castilla-La Mancha, etc.), e que não
se enquadra na categoria D.O.
3. Vino de Denominación de Origen (D.O.) - vinho de qualidade, produzido em
região delimitada e sujeito a severas regras que regulam as características do solo,
os tipos de uvas utilizadas, o método de vinificação, o teor alcoólico, o tempo de
envelhecimento, etc. equivale a AOC francesa e à DOC italiana.
Outras categorias
Existem categorias baseadas no tempo de envelhecimento dos vinhos que foram utilizadas
inicialmente pela região de Rioja, e são adotadas na maioria das D.O.s, a saber:
Vino joven ou Vino Sin Crianza ou Vino del Año - Vinho jovem, um pouco
envelhecido, mas não o suficiente para ser considerado "crianza".
Vino de Crianza - Vinho (tinto, branco ou rosé) de melhor qualidade, envelhecido
pelo tempo mínimo de 2 anos, dos quais pelo menos 12 meses em barril de
carvalho para os vinhos tintos e 6 meses em barril de carvalho para os brancos e
rosados.
Vino Reserva - Vinho superior feito nas melhores safras. Os tintos devem ser
envelhecidos pelo tempo mínimo de 3 anos, dos quais pelo menos 1 ano em barril
de carvalho, enquanto os brancos e rosés podem envelhecer apenas 2 anos, dos
quais 6 meses em carvalho.
Vino Gran Reserva - Vinho superior feito nas safras excepcionais. Os tintos devem
envelhecer pelo tempo mínimo de 5 anos, dos quais pelo menos 2 anos em barril
de carvalho. Os vinhos brancos e rosés podem envelhecer apenas 4 anos, dos
quais 6 meses em carvalho.
Regiões vinícolas
CENTRO
Esta região situa-se no platô centro-sul do país, nas vizinhanças da cidade de Madrid e
compreende as seguintes D.O.s: La Mancha, Méntrida, Mondéjar, Valdepeñas e Vinos de
Madrid.
La Mancha
Esta D.O. é a mais extensa região vinícola do mundo (170 mil hectares) e situa-se ao sul
de Madrid, entre as cidades de Toledo e Albacete. Produz vinhos simples, ligeiros e de bom
frescor, tanto brancos como tintos varietais e rosés.
Uvas permitidas:
Méntrida
Situa-se entre as cidades de Madrid, Toledo e Ávila e possui vinhos rosés frutados e tintos
jovens, potentes e encorpados, feitos principalmente à base de Garnacha.
Uvas permitidas:
Mondéjar
É a mais nova D.O. (1996) e fica a sudoeste e próxima à cidade de Guadalajara, ao norte
de Madrid. Seus vinhos são tintos de médio corpo e brancos ligeiros.
Uvas permitidas:
Valdepeñas
Fica próxima às D.O.s Méntrida e La Mancha ao sul da cidade de Toledo e seus vinhos
principais são tintos de qualidade, jovens e de crianza, e brancos ligeiros à base de Aíren.
Uvas permitidas:
Vinos de Madrid
Situa-se nos arredores de Madrid e seus vinhos mais importantes são tintos robustos, um
pouco rústicos, elaborados com Tempranillo e Garnacha, brancos saborosos feitos com
Malvar e rosés potentes e frutados à base de Garnacha.
Uvas permitidas:
Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon, Garnacha, Merlot e Tempranillo (Tinto Fino ou Cencíbel)
NORDESTE
Engloba as províncias do País Basco e da Cataluña e está inscrita no polígono formado
pelas cidades de San Sebastian, ao norte, Zaragoza, ao sul, Logroño, a oeste, e Gerona a
leste. Nessa área estão localizadas dezoito regiões D.O.: Alella, Bizkaiko-Txakolina (ou
Txacoli de Vizcaya), Calatayud, Campo de Borja, Cariñena, Cava, Conca de Barberá,
Costers del Segre, Empordà-Costa Brava, Getariako-Txakolina (ou Txacoli de Guetaria),
Navarra, Penedés, Pla de Bages, Priorat, Rioja, Somontano, Tarragona e Terra Alta.
Alella
Está logo acima de Barcelona nas colinas ao longo do litoral mediterrâneo. Produz,
principalmente, vinhos brancos aromáticos, secos ou suaves. Possui também rosés
saborosos e tintos frutados, especialmente os varietais à base de Merlot.
Uvas permitidas:
Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon, Garnacha, Garnacha Peluda, Merlot e Ull de Llebre
(Tempranillo)
Uvas permitidas:
Calatayud
Localiza-se na província de Aragon perto de Zaragoza. Produz, principalmente, vinhos
rosés de qualidade da uva Garnacha, com bela cor, frescos e ligeiros, bem como tintos
típicos da mesma variedade.
Uvas permitidas:
Campo de Borja
Vizinha de Calatayud está entre as cidades de Zaragoza e Logroño. Aqui os vinhos mais
importantes são os tintos de qualidade feitos com a uva Garnacha, semelhantes aos vinhos
de Cariñena, região vizinha. Há também rosés de Garnacha e alguns brancos.
Uvas permitidas:
Cariñena
Vizinha de Campo de Borja no centro-norte, ao sul de Zaragoza e produz tintos robustos,
bons rosés, brancos e fortificados (vinos de licor).
Uvas permitidas:
Cava
Esta D.O. é exclusiva dos melhores vinhos espumantes espanhóis de qualidade. Ela
engloba várias áreas no noroeste do país, de Rioja, a oeste de Gerona, ao sul de Valencia,
mas a maior parte da produção (99%) vem da região da Cataluña no município de San
Sadurní d'Anoia, próximo a Barcelona e a Villafranca de Penedés. Como os outros vinhos
espumantes existentes no mundo, as Cavas foram inspiradas no Champagne francês e
muitas delas são feitas pelo método "tradicional" ou "champenoise", o mesmo utilizado na
elaboração dos Champagnes franceses, com os quais muitas Cavas equivalem-se em
qualidade.
Com relação à sua elaboração, as Cavas podem ser produzidas por três diferentes
métodos:
Além das Cavas, a Espanha produz um outro tipo de vinhos espumantes que não devem
ser com elas confundidos, pois se tratam de vinhos de qualidade inferior, baratos, que
pertencem à categoria vino gasificado e são elaborados mediante a adição do gás CO2 em
vinho tranqüilo.
Uvas permitidas:
Uvas permitidas:
Empordá-Costa Brava
Situa-se no ponto extremo do nordeste do Mediterrâneo nos Pirineus, fazendo fronteira
com a França, perto da cidade de Girona. Os vinhos mais importantes são o Garnatxa
d'Empordà, um vinho doce natural, e os rosés frutados, refrescantes e de bela cor, mas
produz também tinto de médio corpo.
Uvas permitidas:
Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon, Cariñena, Garnacha, Merlot e Ull de Llebre (Tempranillo)
Uvas permitidas:
Navarra
Região vizinha de Rioja ocupa a região centro-norte, entre as cidades de Vitória, Logroño e
Pamplona. É famosa pelos seus bons rosés de Garnacha, mas possui também bons vinhos
brancos, alguns fermentados em barrica, e tintos de Garnacha palatáveis.
Uvas permitidas:
Penedés
Situada na costa nordeste do mediterrâneo, entre Barcelona e Tarragona, forma, junto com
Rioja, Ribera del Duero, Jeréz e Priorat, o grupo de elite das D.O.s espanholas. Produz
tintos macios de qualidade de uvas nativas e estrangeiras com destaque para a Cabernet
Sauvignon. Os brancos são leves e frescos para consumo rápido, mas faz também muitos
Chardonnay fermentados em barrica mais estruturados. Produz também bons rosés
frutados, muitos dos quais de boa qualidade, competindo com os de Navarra.
Uvas permitidas:
Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon, Cariñena, Garnacha, Merlot, Monastrell, Pinot Noir,
Samsó e Ull de Llebre (Tempranillo)
Pla de Bages
Localiza-se na comarca de Bages, ao norte de Barcelona e próxima às cidades de Manresa
e Lleida. Seus vinhos assemelham-se aos da vizinha D.O. Penedés.
Uvas permitidas:
Priorato
Vizinha das duas D.O. anteriores situa-se também na Costa do Mediterrâneo, entre
Barcelona e Tarragona. É a D.O. que mais se tem destacado, sobretudo pela alta qualidade
de seus vinhos tintos. Robustos, elegantes, com aromas complexos e grandes caráter e
estrutura na boca, esses vinhos têm recebido grande consagração dos conhecedores de
todo o mundo. Além dos belos tintos, produz bons brancos e rosés razoáveis.
Uvas permitidas:
Uvas Tintas: Cabernet Sauvignon, Cariñena, Garnacha Tinta, Garnacha Peluda e Mazuela
Rioja
Localizada no norte, compreende a região do vale do rio Ebro, entre as cidades de Haro, a
oeste, Logroño, no centro e Altaro, a leste, e está próxima de Vitoria, a capital do País
Basco. Divide-se nas seguintes sub-regiões: Rioja Alta, a oeste, entre Haro a Logroño;
Rioja Alavesa, pequena sub-região ao norte da anterior; Rioja Baja, a leste, entre Logroño e
Altaro.
Rioja foi a primeira região vinícola a projetar os vinhos espanhóis no mercado mundial e
possui a maior produção do país, produzindo cerca de trezentos e cinqüenta milhões de
quilos de uvas e quase duzentos milhões de litros de vinho! Foi também a primeira região a
adotar as tipificações Crianza, Reserva e Gran Reserva, hoje adotadas na maioria das
regiões.
Recentemente passou a ter a denominação mais diferenciada D.O. Calificada, para a qual
todos os vinhos devem ser engarrafados no distrito de Rioja.
Uvas permitidas:
Somontano
Situada parte central dos Pirineus, nos arredores da cidade de Huesca próxima a
Zaragoza, esta D.O. apresenta tintos bem estruturados, brancos de qualidade e rosés
agradáveis.
Uvas permitidas:
Tarragona
Vizinha da D.O. Penedés, na costa mediterrânea, em torno da cidade de mesmo nome,
esta D.O. produz, além do Tarragona clássico licoroso, tintos potentes e brancos e rosés
ligeiros.
Uvas permitidas:
Uvas Brancas: Garnacha Blanca, Mabaceo, Parellada e Xarel-lo
Terra Alta
Vizinha da D.O. anterior, no nordeste espanhol, Terra Alta elabora principalmente brancos
de razoável complexidade. Além disso, produz também tintos encorpados, rosés ligeiros e
alguns vinhos fortificados.
Uvas permitidas:
Uvas Tintas: Cariñena, Garnacha Negra, Garnacha Peluda, Mazuela e Ull de Llebre
(Tempranillo)
NOROESTE
Essa região situa-se próxima à fronteira com Portugal, estendendo-se da cidade de La
Coruña, ao norte, até Valladolid ao sul, e compreende as seguintes D.O.s: Bierzo, Cigales,
Monterrey, Rias Baixas, Ribeira Sacra, Ribeiro, Rueda, Ribeira del Duero, Toro e
Valdeorras.
Bierzo
Aloja-se na Galicia, no noroeste do país, em área montanhosa entre as cidades de Leon e
Lugo. Faz tintos de qualidade à base de Mencía (um clone de Cabernet Franc), e brancos e
rosés razoáveis.
Uvas permitidas:
Cigales
Localiza-se em uma zona entre Valladolid e Palencia e destaca-se por seus vinhos rosés
pálidos da cor da pele de cebola, frescos e frutados, embora produza tintos apenas
corretos.
Uvas permitidas:
Jerez
É uma das mais famosas regiões vinícolas da Espanha, situada ao sul de Sevilla, mais
precisamente próxima da costa atlântica, nas cercanias das cidades de Jerez de la
Frontera, San Lúcar de Barrameda e El Puerto de Santa María, próximas a Cadiz.
O método de elaboração
O Jerez, como o vinho do Porto, é um vinho fortificado, isto é, que recebe a adição de
aguardente vínica, tornando-se mais alcoólico e "mais forte". No Porto a aguardente é
adicionada durante a fermentação, interrompendo-a e originando um vinho doce, enquanto
no Jerez ela é adicionada após a fermentação ser concluída, dando um vinho seco. O
aroma e gosto especiais e únicos do Jerez se devem à uva, ao método de elaboração
específico e ao envelhecimento pelo sistema de “solera” que comentaremos mais à frente.
O Jerez sempre é um corte (mistura) de vinhos de vários anos diferentes e não de uma só
safra.
O envelhecimento
O Jerez é envelhecido pelo sistema original: o sistema Solera, onde são utilizados barris de
carvalho americano, denominados botas, com capacidade para 600 litros, cheios até 5/6 de
sua capacidade.
As botas são colocadas em, pelo menos, três fileiras superpostas. A primeira, a solera,
colocada no chão, contém o vinho mais velho pronto para ser engarrafado e as que estão
sobre ela denominam-se criaderas. A quantidade de vinho que é retirada da solera é
reposta com o vinho da fileira logo acima, a primeira criadera, que por sua vez é
completada com o vinho da fileira superior, a segunda criadera e assim por diante, até a
criadera superior (mais jovem) que é preenchida com o vinho mais novo daquele ano.
Todos os tipos de Jerez (ver abaixo) precisam envelhecer por pelo menos três anos e este
é o mínimo para os Finos e os Manzanillas. Os Amontillados são envelhecidos por, no
mínimo, cinco anos e os Olorosos sete anos.
Os diferentes tipos
Fino - é pálido da cor da palha, seco, com um aroma delicado de torrefação e de nozes,
seco e leve no paladar e envelhecido sob a "flor". Deve ser servido ligeiramente gelado.
Amontillado - tem cor âmbar, é seco, envelhecido e tem aroma de nozes, porém mais
intenso e mais fresco do que os dois anteriores. Na boca é mais macio e encorpado.
Oloroso – seco, às vezes doce, envelhecido, encorpado, da cor âmbar do mogno e, como
o seu nome sugere, seus aromas são fragrantes e intensos e lembram também a nozes.
Pale Cream - de cor de palha bem pálida e com aromas de torrefação é macio e doce no
paladar.
Pedro Ximenez – doce produzido por poucas vinícolas, equivale ao tipo anterior.
Cream - é um Oloroso muito doce feito com a uva Pedro Ximenez. Tem cor de mogno bem
escuro e aromas de torrefação intensos e delicados. No palato é bem doce, redondo,
aveludado e bem encorpado