Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São muitos os estudiosos que pesquisam o modo como o Novo Testamento faz uso
do antigo1. Neste ambiente de pesquisa notam-se frequente alusões mesmo diretas ao livro
de Daniel2, inclusive feitas pelo próprio Jesus. De igual modo tem sido amplamente
reconhecido que em muitos momentos Daniel marca presença no Apocalipse o qual
entretém evidenciada correspondência com o ele por diversas alusões3. A exemplo disso, o
modo como Apocalipse 13:1-8 acha-se construído revela com clareza o conteúdo de Daniel
7 como pano de fundo ali implicado4. Neste segmento é valido verificar se de algum modo
há correspondência literária entre o livro de Daniel e Apocalipse capítulo 17. No presente
ensaio estaremos apontando alguns indicadores que sugerem inter-relação linguística e
temática entre Daniel 2 e o capítulo 17 de Apocalipse, fato que aponta esses dois capítulos
se correlacionam quanto chave de interpretação mútua.
1
Beale, Gregory K., and Donald A. Carson. Commentary on the New Testament Use of the Old Testament.
2009; Baker, D. L. Two Testaments, one Bible. Leicester: Inter-Varsity Pr, 1976; Bruce, F. F. The New Testament
Development of Old Testament Themes. Eugene, Ore: Wipf & Stock, 2004.
2
Ferch, Arthur J. The Apocalyptic "Son of Man" in Daniel 7. Ann Arbor: Univ. Microfilm Internat, 1980.
3
Beale, G. K. Handbook on the New Testament Use of the Old Testament: Exegesis and Interpretation. Grand
Rapids, MI: Baker Academic, 2012.
4
Ibid. 102.
5) Em ambos capítulos acha-se presente a linguagem do envolvimento sexual; em
Daniel 2 é dito dos dedos em ferro e barro se misturando por meio de semente
humana (tradução literal) mas não se unindo um ao outro assim como o ferro
não se une ao barro; em Apocalipse 17 temos uma meretriz coma qual se
prostituem os reis da terra, isto é, as dez pontas da besta, envolvimento que
como no caso de Daniel 2 não se perpetua visto que é dito que nalgum momento
os dez chifres se voltarão contra a meretriz fazendo-a desolada e queimada ao
fogo (Ap 17:16);
6) A partir do tópico anterior pode se afirmar seguramente que em ambas
passagens são apresentadas ações ecumênicas frustradas e semelhantemente
ambas possuem múltiplos reis que serão destruídos pela segunda vinda de Jesus,
em Daniel os dez dedos dos pés da estátua e em Apocalipse as dez pontas da
besta;
7) Em ambas se notam o elemento “força e fraqueza; em Daniel 2 expresso verbal e
diretamente, enquanto em Apocalipse 17 esse é um fato que se subentende ao
observar-se a meretriz – elemento religioso – pontualmente sendo a parte fraca,
atacada e subvertida pelo elemento civil – a besta e as dez pontas;
8) Em ambos os textos temos a presença de “monte-montanha” termo que em
Daniel é interpretado expressamente como representado um reino, o de Deus;
9) A estas eventuais correspondências linguísticas e temáticas acrescente-se ainda
uma muito importante: essas são as duas únicas passagens bíblicas em que a
composição de reinos dispostos em sequência são agrupados num único objeto
simbólico. Em Daniel 2 múltiplos reinos são representados numa única estátua
polimetálica, reinos que se levantaria no futuro desde a perspectiva dos dias de
Daniel; por sua vez em Apocalipse 17 temos a outra única incidência deste
fenômeno, novamente múltiplos reinos voltam a se acharem representados num
único elemento simbólico, a besta escarlate. Neste capítulo é dito de cabeças da
besta como uma disposição sequenciada de reinos dos quais cinco caíram um
existe e outro ainda não chegou e quando vier durará pouco tempo;
5
Biblical Research Institute (Washington, D.C.). Daniel and Revelation Committee Series. 1982.